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ALBERTO VIEIRA

Junho de 2004
P Provérbio Chinês:
os portugueses são como os peixes que
morrem quando se lhes tira a água

P Prof.Luís de Albuquerque :

Império anfíbio assente ilhas e litoral


A HISTORIOGRAFIA E AS ILHAS

- O Atlântico afirma-se como unidade


de análise da historiografia europeia e
americana a partir da década de 40 do
século XX.

- O Atlântico define-se, a partir do


século XV, como um espaço
privilegiado dos impérios europeus
onde as ilhas assumem uma função
privilegiada no cruzamento de rotas,
circulação de pessoas e produtos.
A HISTORIOGRAFIA E AS ILHAS
O Atlântico: realidade de análise a
partir da década de quarenta do
século XX, com a historiografia
norte-americana, preocupada em
rastrear as origens europeias.

- Historiografia norte-americana
define a existência de uma unidade
atlântica entre os inícios de
expansão europeia no século XV, e
a abolição da escravatura, em 1888.
A HISTORIOGRAFIA E AS ILHAS

- historiografia insular deverá


romper as peias do egocentrismo

-valorização da dimensão atlântica

- as ilhas fazem parte de uma


unidade de análise histórica, que é
o Atlântico.

- Os colóquios como momento


privilegiado desta realização
ROTAS OCEÂNICAS - O ATLÂNTICO :

ROTAS:
Navegação e Descobrimento
Diáspora
Migração
Escravos

Plantas e produtos: vinho e açúcar


Tecnologia
Comercio
Ciência/descoberta mundo natural
Turismo
ROTAS OCEÂNICAS - O ATLÂNTICO

P FACTORES:
P -conhecimento das condições de
navegação oceânica: ventos e
correntes: diários de bordo e
roteiros
P -definição de uma estrutura e
roteiros de navegação assente em
escalas de apoio e protecção.
ROTAS OCEÂNICAS - Navegação e Descobrimento

< 1422-1460-descobrimentos
henriquinos
< 1469-75 -contrato de Fernão
Gomes
< 1482-1488. D. João II e a
rota do índico

As grandes viagens:
< 1492 -C.Colombo
< 1497- Vasco da Gama
os portugueses ousaram cometer o grande oceano. Entraram
por ele sem nenhum receio. Descobriram novas ilhas, novas
terras, novos povos e o que mais é, novo céu e novas estrelas.
Pedro Nunes. 1537
ROTAS OCEÂNICAS - Navegação e Descobrimento
A
T P Viagens de descobrimento
L aliam-se às comerciais
P O conhecimento adquirido
 conduz à definição das rotas
N P Iniciativa privada(1433-1477)
P Monopólio dos descobrimentos
T e comércio(1446)
I P Definição de uma rede de rotas
e escalas de apoio
C
O
As ilhas foram terras descobertas e também de descobridores.
viagens para
Ocidente:

1452: Diogo de Teive e castelhano Pero Vasquez de la Frontera aos bancos da


Terra Nova
1486. Fernão Dulmo
A curta permanência de Colombo no Porto
Santo e, depois, na Madeira possibilitou-lhe
um conhecimento das técnicas de navegação
usada pelos portugueses e abriu-lhe as portas
aos segredos, guardados na memória dos
marinheiros, sobre a existência de terra a
Ocidente
ROTAS OCEÂNICAS -diáspora

P S. Tomé em 1470: 2000 crianças


judias, arrancadas do seio da
família para as terras inóspitas
do Golfo da Guiné
P 1492. Expulsão de Castela
P 1497 - início da diáspora da
comunidade judaica portuguesa:
Norte de África, às ilhas, Costa
da Guiné e Brasil .
ROTAS OCEÂNICAS -migração

P "Deus deu aos portugueses um berço estreito para


nascer e um mundo inteiro para morrer" Pe António
Vieira
P "...porque a ilha da Madeira meu bisavô a povoou, e
meu avô a de São Miguel, e meu tio a de São Tomé, e
com muito trabalho, e todas do feito que vê..."João de
Melo da Câmara, 1532.
ROTAS OCEÂNICAS -migração

Os insulares e o Novo Mundo


1. Comércio

2. Trato de escravos

3. Emigração

- sécs. XVI-XVIII- colonos, técnicos,


soldados e funcionários
-sécs. XIX-XX- emigrantes
ROTAS OCEÂNICAS -migração

Historiografia insular: emigração


ROTAS OCEÂNICAS -escravos

Expansão ultramarina europeia assente na trilogia:


povoamento-colonização-escravatura

Escravatura sec. XVI a


XVIII ligada a culturas:
açúcar tabaco, algodão
ROTAS OCEÂNICAS -escravos

Sec. XVI
ROTAS OCEÂNICAS -escravos

Sec. XVII
ROTAS OCEÂNICAS -escravos

Sec. XVIII
ROTAS OCEÂNICAS -escravos

Sec. XIX
ROTAS OCEÂNICAS -escravos

Mercados de Escravos:

séc. XVI: Costa da Guiné


séc. XVII: Angola e Congo
até 1770: S. Jorge da Mina
1770-1850: Benim
ROTAS OCEÂNICAS -plantas

P "todas as sementes e plantas e


outras coisas com quem esperava
de povoar e assentar na terra"
.João de Barros

As ilhas assumiram um papel fundamental como


viveiros de aclimatação das plantas e culturas em
movimento.
A tradição diz-nos que foi na Papua/Nova Guiné que o homem há
12.000 anos iniciou a domesticação desta planta[Saccharum
Officinarum], dando-lhe um uso industrial-alimentar.,
A rota do açúcar, na sua transmigração do Mediterrâneo
para o Atlântico, tem na Madeira a principal escala
MADEIRA: os primeiros contornos sociais (a escravatura),
técnicos (engenho de água) e político-económicos (trilogia rural)
que materializaram a civilização do açúcar.
A cana-de-açúcar foi um dos primeiros e principais produtos que a
Europa legou e definiu para as novas áreas de ocupação no
Atlântico
Canela
Cravo Moscada

"ao cheiro desta canela


o reino se despovoa".

Garcia de Resende
Gengibre
Mango
Coco
ROTAS OCEÂNICAS - Comercio

P Factores:
< Complementaridade económica
< Colónias e feitorias
P Formas de exploração
< Directa pela coroa
< Arrendatários
< Povoadores
P Fiscalização, apoio e defesa
< 1520. Regimento naus Índia nos Açores
< 1527. Provedoria das Armadas
< Armada das ilhas e da costa
< Estruturas portuarias: Miseridordias
P A partir da Madeira cria-se uma rede de negócios e rotas com
áreas

< ribeirinhas metropolitanas,


< insulares (Canárias, Açores, Cabo Verde)
< continentais(Costa de Marfim-Magreb-Arguim-Fez- Brasil-
ROTAS OCEÂNICAS - Comercio
AP Rotas:
< Ilhas: madeiras, cereais, gado, pastel e
T açúcar
L < Marroquina: abastecimento e apoio
militar das praças
 < Guiné: com centro em Santiago
< Mina(1482). Concorrente das
N caravanas saarianas do ouro e ligação a
T S. Tomé para trato escravos
< Brasil: madeiras, açúcar
I – Com derivação a S. Tiago e S.
Tomé para resgate escravos do
C Benim e Angola
O < Cabo ou carreira da Índia. Especiarias
"A ilha da Madeira... que Deus pôs no mar ocidental para escala, refúgio,
colheita e remédio dos navegantes, que de Portugal e de outros regnos
vão, e de outros portos e navegações vêm para diversas partes, além dos
que para ela somente navegam, levando-lhe mercadorias estrangeiras e
muito dinheiro para se aproveitar do retorno que dela levam para suas
terras..."Gaspar Frutuoso
Gaspar Frutuoso, ANGRA
"universal escala do mar do poente
ROTAS OCEÂNICAS -tecnologia

A história Tecnológica evidencia que a expansão europeia condicionou


a divulgação de técnicas e permitiu a invenção de novas que
revolucionar a economia mundial.

Os homens que circularam no espaço atlântico foram portadores de


uma cultura tecnológica que divulgaram nos quatro cantos e adaptaram
às condições dos espaços de povoamento agrícola.

P Agrícola:
< Sistemas de cultivo
< fabrico vinho e açúcar

P Navegação
"...com sua pouca ciência e menos experiência, saiu aquele
assuqre assim tão bom e tão fino."Gaspar Frutuoso
engenho de três cilindros. Japão séc. XVIII.
A tecnologia era usada na China desde o
século XVII
Engenho de cilindros verticais. China. 1637.Surgem
na China desde 1590, sendo trazido da Índia.
Trapiche em Santiago(Cabo Verde)
Trilogia rural
Lombada de J. Esmeraldo. 1474
LEVADAS: sistema de regadio e
aproveitamento força motriz
as ilhas do vinho -- Açores, Canárias e Madeira--
na documentação oficial norte-americana
Borracho ou odre
ROTAS OCEÂNICAS - Ciência

P Etapas do descobrimento do
atlântico:

-sec. XV. Revelação dos espaços


agrícolas, mercados, rotas, portos
e produtos.
P Sec.XVIII-XIX: descoberta do
quadro natural desfrutar das
belezas e clima: Ciência e
Turismo
ROTAS OCEÂNICAS - Ciência

P As ilhas como campos


experimentação
ciência
P Expedições científicas
ligam-se rotas
comerciais e afirmação
colonial
ROTAS OCEÂNICAS -turismo

P Grand tour da Europa do séc. XVII dá lugar ao


turismo terapeutico do séc. XVIII

P Forasteiros:
< 1. Viajantes: andarilho, percorre local e regista
tudo
< 2. Cientista: estudo
< 3. Invalids: doente
< 4. Turista: prefere bonomia das quintas egoista nas
impressões não partilha
ROTAS OCEÂNICAS -
PIRATAS E CORSARIOS

1443 ao infante D. Henrique do


controlo exclusivo das
navegações e o direito de fazer
guerra a sul do mesmo cabo
- 1479 em Alcáçovas e depois
confirmado a 6 de Março do ano
seguinte em Toledo
1494. junho. 7 Tordesilhas: linha
divisória do oceano, a trezentos e
setenta léguas de Cabo Verde.
Estavam definidos os limites do mar
ibérico
SANTIAGO Las Palmas

GRANDES ASSALTOS:

1566: Funchal B. Montluc


1585: Santiago- Drake
1599: Las Palmas - Van Der Does
espaços de permanente intervenção -
Açores, Costa da Guiné e da Malagueta.

incursões inglesas no oceano: W.


Hawkins (1530), John Hawkins (1562-
1568) e Francis Drake (1578, 1581-
1588).

Franceses fixaram-se na América,


primeiro no Brasil (1530, 1555-1558),
depois em San Lorenzo (1541) e Florida
(1562-1565).

Os huguenotes de La Rochelle
afirmaram-se como o terror dos mares,
tendo assaltado em 1566 a cidade do
DRAKE
Funchal
P 1580-1640: fim domínio peninsular
P 1744 a 1736 afrontamento de Inglaterra com a França
e Espanha.
P -a proclamação da independência das colónias
inglesas da América do Norte e Revolução Francesa
(1779)
P Nos últimos cinco séculos às ilhas
foram atribuídos diversos papeis.
P De espaços económicos rapidamente
avançaram para faróis do Atlântico
que acompanhavam as inúmeras
embarcações que sulcavam o vasto
oceano atlântico.
P As ilhas foram escalas
imprescindíveis para abastecimento
de víveres frescos, água, carvão, e
paulatinamente se transformaram em
espaços aprazíveis, primeiro, para a
cura da tísica pulmonar e, depois,
para repouso e deleite de aristocratas
e aventureiros.
ALBERTO VIEIRA

LA LAGUNA 2003

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