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“PERGUNTAÇÃO”
A pesquisa com crianças as reconhece com uma vida própria inserida numa cultura
infantil sempre em movimento, com necessidades e desejos, desmitificando as como
essa figura que pode ameaçar a sociedade atual e futura como sustenta Corsaro (2011).
Falando de Corsaro, não nos somamos a uma ideia de reprodução do mundo, pois
acreditamos em sua reelaboração criativa (Vigotski diversas obras), daí a autoria, a voz,
o reconhecimento e a participação. Por isso, nessa vivência e experiência, buscou-se
uma pesquisa de tipo etnográfico com crianças na escola, que pudesse dar conta da
convivência nos acontecimentos que se apresentaram, concordando com a proposta de
Corsaro apud Müller; Carvalho (2011): “A resposta de Bill é sua proposta de adaptação
do método etnográfico ao universo da criança, ou seja, a sua proposta para a entrada e
aceitação do pesquisador no grupo de crianças” (p. 44).
Nesse sentido, adotamos a etnografia como método, mas se convertem todos os
protagonistas em autores-criadores da pesquisa, como conceituado por Bajtín (diversas
obras) citado por Faraco (2005), definindo autor-criador como:
Neste caso, somos todos autores, todos protagonistas, criando assim uma polifonia.
Reunindo ao anterior a perspectiva Histórico-cultural de Vigotski (diversas obras), se
abre a discussão entre o protagonismo e a participação das crianças na construção de
metodologias que permitam dar-lhes as autorias correspondentes. Reconhecem-se as
crianças como sujeitos ativos em seus processos de conhecimento do mundo, sobretudo
na relação que têm com o outro sendo “estrangeiro”, permitindo entender essa lógica
infantil através do olhar desse outro a partir de nós, olhado a partir de mim.
Nessa relação com o mundo e a vivência nele, Bruner apud Vigotski (1998, p.20)
argumenta:
Para VIGOTSKI, a mente mediava entre o mundo externo e a
experiência individual. Concebeu a mente como um processo que dá
significado à experiência. Para ele, a construção de significados não só
necessitava da linguagem, mas também do contexto cultural no qual a
linguagem é usada (grifo do autor, tradução nossa)
Portanto, se reconhecerá o sujeito não como uma coisa, mas como um sujeito
cognoscente e falante (linguagem), o primeiro denominado contemplativo e o segundo
enunciador, provocando uma polifonia, como argumenta Bajtín (1999, p. 383) “la
participación del que está conociendo una cosa carente de voz y la participación del
que está conociendo otro sujeto, esto es, la participación dialógica del sujeto
cognoscente”. Em consequência, a polifonia, o diálogo e o conhecimento se reconhecem
em várias vias para poder entender os participantes dentro de seus contextos e para
entender como se dá esta convivência do estranho com o outro: “estou em uma posição
singular para dar voz às crianças e a suas culturas devido ao sucesso que obtive em
penetrar em seus mundos” (Idem, p. 45). Cada acontecimento em que se encontram os
atores protagonistas dessa pesquisa será fundamental para construção de saberes
propostos desde o início. Por isso, nos interessa a construção coletiva: “(…) en la vida
real no nos interesa la totalidad de la persona sino actos aislado suyos, que de una u
otra manera nos importan” (BAJTÍN, 1999, p.13). Em concordância com Bajtín (1999),
esses atos isolados ou acontecimentos em seu conjunto nós permitiram compreender e
caracterizar o todo, com respeito à problemática abordada. Quando falamos de uma
totalidade em seu conjunto, não pretendemos generalizar para todas as crianças de
idades iguais as mesmas características. Assim como Bajtín (1999), nos referimos a
uma totalidade estética: “recoge todas las definiciones y valoraciones cognoscitivas y
éticas y las constituye en una totalidad única, tanto concreta y especulativa como
totalidad de sentido” (p. 14). Em nossa vivência em pesquisa, muitas das atividades são
propostas pelas próprias crianças, outras pela professora e algumas pelos pesquisadores,
mas todas devem ser acordadas e permitidas pelas crianças. Ditas atividades entravam
na roda de conversa e iam se materializando pouco a pouco, sempre com o temor de que
parecesse um processo linear e programado sistematicamente, mas comprovamos que
na pesquisa com crianças não é assim. As atividades propostas foram rodas de
conversas, as quais já estavam acordadas entre a professora e as crianças. Fomos
adaptando, criando contos como parte do processo de organização estética dos
acontecimentos, socializando esses contos nas rodas de conversa, contando outras
historinhas que achávamos interessantes, fizemos desenhos desses contos, nós
reconhecemos nos desenhos, nos contos, no mundo para vivenciar o tema em questão.
A maneira de conclusão
Referências Bibliográficas
FARACO, Carlos Alberto. Autor e autoria. In: BRAIT, Beth. (Org.) Bakhtin.
Conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2005, p.37-60
VIGOTSKI, Lev. El desarrollo cultural del niño y otros textos inéditos. Buenos
Aires: ALMAGESTO, 1998.