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2ª Promotoria de Justiça de Paragominas

RECOMENDAÇÃO MINISTERIAL N° 001/2020-MP/2PJPGM

Referência: AJUSTAR OS DECRETOS


MUNICIPAIS Nº 148 DE 20 DE MARÇO DE
2020, 149 DE 23 DE MARÇO DE 2020, 150 DE 24
DE MARÇO DE 2020 E 153 DE 27 DE MARÇO
DE 2020, TODOS DE PARAGOMINAS, DIANTE
DA PANDEMIA DA DOENÇA DENOMINADA
COVID19 CAUSADA PELO NOVO
CORONAVÍRUS.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESTADO DO PARÁ, por


intermédio de seu representante infra-assinado, titular da 2ª Promotoria de Justiça de
Paragominas, com fulcro no art. 129, VI, da Constituição Federal e no uso de suas atribuições
legais e de tutela dos direitos Constitucionais individuais indisponíveis, vem expor e
recomendar o seguinte:

CONSIDERANDO que incumbe ao Ministério Público a defesa do patrimônio


público e social, da moralidade e eficiência administrativas e de outros interesses difusos e
coletivos, na forma dos artigos 127, caput, e 129, III, da Constituição Federal e artigo 25, IV,
“a”, da Lei n.º 8.625/93;

CONSIDERANDO, ainda, que ao Ministério Público incumbe prevenir condutas que


violem os princípios constitucionais e defender a correta aplicação das leis;

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CONSIDERANDO o que dispõe o artigo 129, inciso II, da Constituição Federal, ser
função institucional do Ministério Público “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo
as medidas necessárias à sua garantia;

CONSIDERANDO que o art. 37, “caput”, da Constituição Federal estabelece que “a


administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência”;

CONSIDERANDO que a saúde pública é direito social constitucionalmente


reconhecido (art. 6 da CF/88), e são de relevância pública as ações e serviços de saúde (art.
197, CF/88);

CONSIDERANDO ser atribuição do Ministério Público promover as medidas


necessárias para que o Poder Público, por meio dos serviços de relevância pública, respeite os
direitos assegurados na Constituição Federal, como o direito social à saúde e ao irrestrito
acesso aos atendimentos e tratamentos médicos condizentes com a dignidade da pessoa
humana;

CONSIDERANDO que cabe ao Ministério Público expedir recomendações, visando


a melhoria dos serviços de relevância pública, bem como o respeito aos interesses, direitos e
bens cuja defesa lhe cabe promover, fixando prazo razoável para a adoção das providências
cabíveis (LC 75/93, art. 6º, XX);

CONSIDERANDO que o §2º, do art. 53 da Resolução nº 007/2019-CPJ, de 6 de


junho de 2019, do Ministério Público do Estado do Pará, determina que em casos que
reclamam urgência, o Ministério Público poderá, de ofício, expedir recomendação,
procedendo, posteriormente à instrução do respectivo procedimento;

CONSIDERANDO que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas públicas que visem à redução do risco de doença (artigo 196 da
Constituição Federal);

CONSIDERANDO que a Organização Mundial de Saúde – OMS, em 30 de janeiro


de 2020, declarou estado de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional –
ESPII, dado o grau de avanço dos casos de contaminação pelo novo coronavírus;

CONSIDERANDO o Estado de Emergência de Saúde Pública de Importância


Nacional – ESPIN, declarado em 03 de fevereiro de 2020, por meio da edição da Portaria MS
nº 188, nos termos do Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011, definiu o Centro de
Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-nCoV) como mecanismo nacional de
gestão coordenada de respostas à emergência na esfera nacional, cujo controle recai sobre a
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Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS/MS. Além disso, o MS divulgou o Plano de


Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo coronavírus, documento essencial
para a definição das estratégias de atuação;

CONSIDERANDO a necessidade de responder rapidamente a qualquer ameaça real


que o COVID-19 possa oferecer no território Nacional, foi editada a Lei nº 13.979, de 6 de
fevereiro de 2020, com vigência restrita ao período de decretação de Estado de Emergência de
Saúde Pública de Importância internacional pela OMS (art. 1º), esta lei prevê uma série de
mecanismos de atuação para as autoridades em vigilância da saúde, tais como isolamentos,
quarentenas, requisições de bens e serviços, hipótese de dispensa de licitação, etc;

CONSIDERANDO divulgação pelo Ministério da Saúde no dia 26 de fevereiro de


2020, a confirmação do primeiro caso de infecção pelo COVID-19 em território nacional,
evidenciando a necessidade de atuação conjunta, interinstitucional, e voltada a atuação
preventiva, extrajudicial e resolutiva, em face dos riscos crescentes da epidemia instalar-se no
território nacional, o Conselho Nacional do Ministério, editou a Nota Técnica referente a
atuação dos membros do Ministério Público brasileiro, em face da decretação de Emergência
de Saúde Pública de Importância Nacional para o coronavírus COVID-19;

CONSIDERANDO que no dia 20/03/2020 o Ministério da Saúde declarou a


transmissão comunitária do coronavírus em todo o território nacional;

CONSIDERANDO que no dia 30/03/2020 o Governador do Estado, Helder Barbalho,


declarou a existência de transmissão comunitária no Estado do Pará;

CONSIDERANDO a CONFIRMAÇÃO que na data de hoje já há 40 (quarenta) casos


de contaminação pelo coronavírus no Estado do Pará, segundo informações da SESPA, datada
de 1º de abril de 2020;

CONSIDERANDO que no dia de hoje o Estado do Pará registrou o primeiro óbito


por Covid-19, ocorrido na cidade de Santarém segundo informações da SESPA, datada de 1º
de abril de 2020;

CONSIDERANDO que até o dia de hoje existem 6 (seis) casos suspeitos de covid-19
na cidade de Paragominas (informação retirada de publicação feita no instagram oficial da
Prefeitura de Paragominas - @prefeituraparagominas);

CONSIDERANDO as recomendações de autoridades sanitárias para que sejam


evitadas aglomeração de pessoas;

CONSIDERANDO que a Justiça Federal, no dia 27/03/2020, proibiu o Presidente da


República, Jair Bolsonaro, de adotar medidas contra o isolamento social como forma de
prevenção da covid-19, suspendendo a validade de dois decretos editados pelo Presidente, nos

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quais classificava igrejas e casas lotéricas como serviços essenciais e que tal decisão foi
tomada em razão de ajuizamento de ação por parte do Ministério Público Federal.

CONSIDERANDO que de acordo com informações e estudos científicos amplamente


divulgados na rede mundial de computadores, redes sociais e demais meios de comunicação,
o coronavírus é extremamente contagioso e, ao circular livremente, o vírus tem a capacidade
de infectar cerca de 80% da população geral, em um período muito curto. Das pessoas
infectadas, cerca de 20% precisam de hospitalização, 5% dos casos são críticos e precisam de
UTI e suporte respiratório, e cerca de metade dos casos críticos vêm a óbito;

CONSIDERANDO que o Imperial College, de Londres/Inglaterra, publicou um


estudo recentemente sobre os cenários do avanço do Coronavírus no Brasil, o qual
demonstrou que no melhor cenário, quando há intenso isolamento social, ocorrerão no Brasil
cerca de 44.000 (quarenta e quatro mil) mortes. Caso haja isolamento apenas de idosos, as
mortes podem ultrapassar a marca de 529.000 (quinhentos e vinte e nove mil). Se houver
isolamento social leve, os óbitos ultrapassarão o número de 627.000 (seiscentos e vinte e sete
mil). No entanto, caso não haja qualquer ação de isolamento, a quantidade de pessoas mortas
vítimas do coronavírus no Brasil pode chegar a marca assustadora de mais de 1.000.000 (um
milhão) de pessoas (os diversos relatórios estão disponíveis no site do Imperial College of
London: https://www.imperial.ac.uk/mrc-global-infectious-disease-analysis/news--wuhan-
coronavirus/?fbclid=IwAR0GeexFNu6ezOVclPBVW5x3Z3yOn5N1X6siDO5P7ezUOm_Uw
OUu31RBoAY).

(Imagem retirada de publicação no site do Jornal Estadão.)

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CONSIDERANDO ainda que infração de medida sanitária pode configurar crime,


nos termos do Código Penal Brasileiro:

DECRETO-LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940.

(...)

Infração de medida sanitária preventiva

Art. 268. Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou


propagação de doença contagiosa:

Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde


pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

CONSIDERANDO que o Código Penal é bastante claro ao estabelecer que se


configura crime contra a saúde pública o fato do agente propagar germes patogênicos que
possam causar epidemia ou agir com conduta que impeça o poder público de adotar medidas
efetivas de contenção e mitigação da doença contagiosa, no caso, o alastramento do
coronavírus, condutas puníveis com penas de detenção e até mesmo de reclusão (de até 15
anos) consideradas as gravidades;

CONSIDERANDO que com o controle do fluxo de pessoas nos comércios e


transportes se garantirá a diminuição da propagação do vírus Covid-19;

CONSIDERANDO que o Decreto Federal nº 10.282 que regulamenta a Lei 13.972


para definir as atividades e serviços essenciais;

CONSIDERANDO que serviços essenciais são definidos como aqueles


indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, assim
considerados aqueles que, se não atendidos, colocam em perigo a sobrevivência, a saúde ou a
segurança da população, tais como:

I - assistência à saúde, incluídos os serviços médicos e hospitalares;

II - assistência social e atendimento à população em estado de vulnerabilidade;

III - atividades de segurança pública e privada, incluídas a vigilância, a guarda e a custódia de


presos;

IV - atividades de defesa nacional e de defesa civil;

V- transporte intermunicipal, interestadual e internacional de passageiros e o transporte de


passageiros por táxi ou aplicativo;
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VI - telecomunicações e internet;

VII - serviço de call center;

VIII - captação, tratamento e distribuição de água;

IX - captação e tratamento de esgoto e lixo;

X - geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, incluído o fornecimento de


suprimentos para o funcionamento e a manutenção das centrais geradoras e dos sistemas de
transmissão e distribuição de energia, além de produção, transporte e distribuição de gás
natural; (Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XI - iluminação pública;

XII - produção, distribuição, comercialização e entrega, realizadas presencialmente ou por


meio do comércio eletrônico, de produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas;

XIII - serviços funerários;

XIV - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, de equipamentos e de materiais


nucleares;

XV - vigilância e certificações sanitárias e fitossanitárias;

XVI - prevenção, controle e erradicação de pragas dos vegetais e de doença dos animais;

XVII - inspeção de alimentos, produtos e derivados de origem animal e vegetal;

XVIII - vigilância agropecuária internacional;

XIX - controle de tráfego aéreo, aquático ou terrestre;

XX - serviços de pagamento, de crédito e de saque e aporte prestados pelas instituições


supervisionadas pelo Banco Central do Brasil; (Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de
2020)

XXI - serviços postais;

XXII - transporte e entrega de cargas em geral;

XXIII - serviço relacionados à tecnologia da informação e de processamento de dados (data


center) para suporte de outras atividades previstas neste Decreto;

XXIV - fiscalização tributária e aduaneira;

XXV - transporte de numerário;

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XXV - produção e distribuição de numerário à população e manutenção da infraestrutura


tecnológica do Sistema Financeiro Nacional e do Sistema de Pagamentos Brasileiro;
(Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XXVI - fiscalização ambiental;

XXVII - produção de petróleo e produção, distribuição e comercialização de combustíveis,


gás liquefeito de petróleo e demais derivados de petróleo; (Redação dada pelo Decreto nº
10.292, de 2020)

XXVIII - monitoramento de construções e barragens que possam acarretar risco à segurança;

XXIX - levantamento e análise de dados geológicos com vistas à garantia da segurança


coletiva, notadamente por meio de alerta de riscos naturais e de cheias e inundações;

XXX - mercado de capitais e seguros;

XXXI - cuidados com animais em cativeiro;

XXXII - atividade de assessoramento em resposta às demandas que continuem em andamento


e às urgentes;

XXXIII - atividades médico-periciais relacionadas com a seguridade social, compreendidas


no art. 194 da Constituição; (Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XXXIV - atividades médico-periciais relacionadas com a caracterização do impedimento


físico, mental, intelectual ou sensorial da pessoa com deficiência, por meio da integração de
equipes multiprofissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de direitos
previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015 - Estatuto da Pessoa com
Deficiência; (Redação dada pelo Decreto nº 10.292, de 2020);

XXXV - outras prestações médico-periciais da carreira de Perito Médico Federal


indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade; (Redação dada
pelo Decreto nº 10.292, de 2020);

XXXVI - fiscalização do trabalho; (Incluído pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XXXVII - atividades de pesquisa, científicas, laboratoriais ou similares relacionadas com a


pandemia de que trata este Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XXXVIII - atividades de representação judicial e extrajudicial, assessoria e consultoria


jurídicas exercidas pelas advocacias públicas, relacionadas à prestação regular e tempestiva
dos serviços públicos; (Incluído pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

XXXIX - atividades religiosas de qualquer natureza, obedecidas as determinações do


Ministério da Saúde; e (Incluído pelo Decreto nº 10.292, de 2020)
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XL - unidades lotéricas. (Incluído pelo Decreto nº 10.292, de 2020)

§ 2º Também são consideradas essenciais as atividades acessórias, de suporte e a


disponibilização dos insumos necessários a cadeia produtiva relativas ao exercício e ao
funcionamento dos serviços públicos e das atividades essenciais.

CONSIDERANDO que o Decreto Municipal n° 153, de 27 de março de 2020 que


revogou o Decreto Municipal nº 149, de 23 de março de 2020, e alterou o Decreto Municipal
nº 148 de 20 de março de 2020;

CONSIDERANDO que o Decreto Municipal nº 149, de 23 de março de 2020,


interrompia as atividades e serviços não essenciais da cidade de Paragominas, bem como as
celebrações religiosas, com o fim de evitar aglomerações e consequentemente o contágio das
pessoas na cidade de Paragominas pelo coronavírus;

CONSIDERANDO que o Decreto Municipal nº 150 de 24 de março de 2020,


declarou a SITUAÇÃO DE CALAMIDADE PÚBLICA no Município de Paragominas, em
razão da pandemia da doença infecciosa coronavírus (COVID-19) até 31 de dezembro de
2020;

CONSIDERANDO o Decreto Municipal n° 153, de 27 de março de 2020 está em


desconformidade com os parâmetros mundiais de combate ao Coronavírus, podendo gerar
sérios agravos à saúde pública no município de Paragominas;

CONSIDERANDO o princípio da autotutela no qual a administração pode revogar


seus atos quando inconvenientes ou inoportunos;

CONSIDERANDO que diante da escalada de casos confirmados do novo coronavírus


no Brasil e no Estado do Pará, além da recomendação de sanitaristas de que a redução do
contato social é medida efetiva para reduzir a contaminação, governadores e prefeitos têm
adotado medidas para restringir a circulação de pessoas;

CONSIDERANDO que o Ministério Público é “instituição permanente, essencial à


função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” (Constituição Federal, artigo
127, caput), sendo-lhe dada legitimação ativa para a defesa judicial e extrajudicial dos direitos
difusos, sendo, ainda, sua função institucional zelar pelo efetivo respeito ao meio ambiente e
proteção à coletividade (art. 1º, incisos I e IV, Lei n. 7.347/85),

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RESOLVE recomendar IMEDIATAMENTE:

1) AO PREFEITO MUNICIPAL DE PARAGOMINAS QUE:

a) REVOGUE o Decreto Municipal n° 153, de 27 de março de 2020, uma vez que não
interromper o funcionamento dos serviços que não se enquadram como serviços essenciais,
pode acarretar agravos a saúde pública, uma vez que tal medida de contenção objetiva evitar
aglomeração de pessoas, de forma a prevenir o contágio por COVID-19, cooperando para a
proteção da saúde pública;

b) TORNE SEM EFEITO A REVOGAÇÃO do Decreto Municipal nº 149, de 23 de


março de 2020, usando do seu poder de autotutela administrativa, para que volte à vigência;

b) ESTABELEÇA a INTERRUPÇÃO DE TODOS OS SERVIÇOS NÃO


ESSENCIAIS DA CIDADE DE PARAGOMINAS, salvaguardando o funcionamento dos
estabelecimentos na modalidade de entrega delivery ou retirada da mercadoria no local, para
se evitar aglomerações e contágio pelo coronavírus, protegendo desta maneira a integridade
física e a saúde das pessoas da cidade de Paragominas;

2) AOS SINDICATOS DOS COMERCIÁRIOS E ASSOCIAÇÃO COMERCIAL


DE PARAGOMINAS QUE:

a) DIVULGUEM e ORIENTEM seus sindicalizados e/ou associados sobre o


cumprimento dos Decretos Municipais, esclarecendo sobre as normas sanitárias a serem
observadas, quanto à higiene do estabelecimento, uso obrigatório de EPI´s, bem como sobre
as normas trabalhistas aplicáveis em cada caso;

3) AOS EMPRESÁRIOS:

a) Cumpram integralmente as disposições contidas nos Decretos Municipais,


observando a natureza de seu estabelecimento empresarial, especialmente quanto às regras de
higienização sanitárias, equipamentos de proteção individual para funcionários, evitando
aglomeração de pessoas, de forma a prevenir o contágio por COVID-19, cooperando para a
proteção da saúde pública;

b) Em caso de dúvidas quanto às disposições do Decreto, busquem o suporte


orientativo da Secretaria Municipal de Saúde, bem como de seu respectivo sindicato ou
associação.

c) Cientes de que o descumprimento da norma em referência ensejará a aplicação das


sanções legais devidas.

4) À DIVISÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA QUE:

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a) PROMOVA ampla divulgação dos Decretos Municipais em vigor, orientando a


população a respeito de seus termos, mantendo canal de comunicação aberto para sanar as
dúvidas dos munícipes;

b) ORIENTE no âmbito de sua atribuição os empresários a respeito da observância


das questões sanitárias atuais de acordo com cada ramo empresarial, objetivando evitar
aglomerações de pessoas, de forma que sejam cumpridas as medidas protetivas e
recomendações legais, inclusive Planos de Contingenciamento de Controle do Contágio por
COVID-19, observando as diretrizes normativas que visem à proteção da saúde pública;

c) ADVIRTA que o descumprimento dos Decretos Municipais e das Recomendações


acima descritas, responderão por CRIME CONTRA A SAÚDE PÚBLICA, uma vez que o
fato do agente propagar germes patogênicos que possam causar epidemia ou agir com conduta
que impeça o poder público de adotar medidas efetivas de contenção e mitigação da doença
contagiosa, no caso, o alastramento do coronavírus, são condutas puníveis com penas de
detenção e até mesmo de reclusão (de até 15 anos) consideradas as gravidades.

5) ÀS EMPRESAS DE RÁDIO E DIFUSÃO DE PARAGOMINAS:

a) PROMOVAM ampla divulgação da Recomendação Ministerial, visando informar


o maior número de pessoas possível, a fim de garantir o direito constitucional à saúde dos
munícipes de Paragominas.

Registre-se que, em caso de não acatamento desta Recomendação, serão adotadas


as medidas legais necessárias, inclusive o ajuizamento da AÇÃO CIVIL PÚBLICA,
além, das medidas criminais e correlatas de responsabilização do ente público ou
privado se for o caso.

Remetam-se cópias aos destinatários, para cumprimento. Requisite-se, no mesmo


expediente, que informem, em 24 (vinte e quatro) horas, sobre o acatamento das orientações
aqui Recomendadas, bem como, as providências adotadas.

Publique-se e Cumpra-se. CARLOS Assinado de forma


digital por CARLOS
LAMARCK LAMARCK MAGNO
Paragominas, 1º de abril de 2020.
MAGNO BARBOSA:319410952
BARBOSA:3194 91
Dados: 2020.04.01
1095291 15:02:53 -03'00'
CARLOS LAMARCK MAGNO BARBOSA

2º Promotor de Justiça Titular

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