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HISTÓRIA DO HOSPITAL ULYSSES PERNAMBUCANO

O médico Ulysses Pernambucano de Mello Sobrinho, primo de Gilberto


Freyre, formou-se em medicina aos 21 anos e começou cedo sua experiência
na área da psiquiatria. Em 1917 chega ao Hospital da Tamarineira e em 1924
torna-se diretor.

O hospital psiquiátrico Ulysses Pernambuco está localizado em


importantes avenidas no bairro da Tamarineira, que são elas, Av. Rosa e Silva,
Av. Cônego Barata e Av. Norte na cidade do Recife, do qual o faz tornar-se o
mais antigo e maior que já existiu. Além disso, o hospital carrega em si uma
verdade histórica que o faz ser tão significativo.

Com o progresso científico na segunda metade do século XIX, as teorias


são difundidas com o intuito de procurar soluções arquitetônicas destinadas a
hospitais. Dessa forma, iniciativas sobre ventilação e insolação passam a ser
exigências em um projeto hospitalar, assim como espaços sem agitação,
ruídos e com fácil acesso a transporte.

Sua história teve início no ano de 1874, com o início das obras, onde a
inauguração somente ocorreu em 1883, de forma privada, com a administração
da Santa Casa de Misericórdia, foi financiado pelo governador da época e a
população teve participação direta através de doações de recursos financeiros
e de materiais para a construção.

Inicialmente chamado “Hospital de Alienados”, o projeto arquitetônico foi


desenvolvido pelo engenheiro Victor Fourier, do qual segue a normativa do que
é mais avançado para a época e se tornando percursor no Brasil. A
implantação do hospital se dá através da utilização de blocos com o sistema de
formato pavilhonar que, por sua vez, é constituído de várias edificações que
abrigam entre si diversas partes de uma estrutura clínica, possibilitando, entre
as edificações, áreas livres que asseguram boa iluminação e ventilação para os
edifícios, como podemos observar na figura 1.
Figura 1 – Vista aérea do Hospital Ulysses Pernambucano

Fonte: Google Earth (2020)

No ano de 1924 é passado para nova gestão estadual, tornando-se um


hospital público. E em 1930, sob o comando do então médico Ulysses
Pernambucano, o hospital passa por um processo de restauração. Durante a
gestão do secretário estadual de saúde, Djana Oliveira (1979 a 1983), o antigo
hospital de Alienados ganhou o atual nome, visando o reconhecimento da
importância do Doutor Ulysses para a saúde mental.

O hospital Ulysses Pernambucano (HUP) é patrimônio vivo e histórico da


psiquiatria de Pernambuco, possui uma área de nove hectares, das quais cinco
são cobertos por plantação. Sendo o primeiro hospital psiquiátrico do norte e
nordeste e o segundo do Brasil, ele se destaca das demais unidades
psiquiátricas de longa permanência, por estar localizado em uma vasta área
verde, como podemos observar na figura 2, oferecendo aos pacientes internos
um ambiente apropriado as atividades terapêuticas e de lazer. Além disso,
tornou-se marco referencial ao bairro onde está inserido, o hospital tem sua
volumetria no estilo eclético consolidando assim, sua posição dentro da
paisagem urbana do Recife.
Figura 1 – Mapa da massa vegetativa do entorno

Fonte: Os autores (2020)

O tombamento do hospital da Tamarineira, hoje hospital Ulysses


Pernambucano, foi solicitado em 1991 pela secretaria de estado da saúde, e
ocorreu em 1992 com unanimidade de votos, não só do hospital como também
todo seu entorno. Porém, no início dos anos 2000 surge uma proposta da
construção de um grande centro empresarial e um Shopping Center, a ideia
parte de um grupo de construtoras com apoio da cúria metropolitana de Recife
e Olinda, privatizando assim, esse espaço de grande importância social,
ambiental e cultural e desrespeitando totalmente a parte histórica e
arquitetônica do edifício.

Nesta época, a Santa Casa de Misericórdia passou a apoiar a


construção do Shopping Center, a partir de então, cria-se um paradoxo, onde
de um lado o tombamento que visa à conservação e preservação do bem
público, e de outro, o interesse das construtoras de privatizar o espaço,
desconstruindo todo o trabalho quem vem sendo prestado pela instituição de
saúde, desativando não só a assistência psiquiátrica, mas também o centro de
tratamento de alcoolismo e hospital pediátrico Heleno Moura, do qual teria
como proposta transferir os pacientes para manicômios no interior do estado.
Diante disso, houve uma grande mobilização em defesa do hospital, e o então
prefeito do Recife, desapropriou o terreno para transformá-lo em um parque
público, porém, isso não ocorreu.

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