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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA

VARA _________ DA COMARCA DE_____________ - ESTADO___________

MARCELO SOUZA, brasileiro, casado, engenheiro, portador da


CI nº 2222 (CREA-PA) e do CPF n. xxxx-xxxx, residente e domiciliado nesta
cidade (endereço completo com CEP), por um de seus advogados, ao final
assinado, consoante incluso instrumento de mandato em anexo, VEM, perante
V. Exª., com fulcro nos art. 319 e seg. do CPC C/C os arts. 1.521, VI, 1.548, II e
seg. do CC/02, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INVALIDADE -
POR NULIDADE ABSOLUTA - DE CASAMENTO, sob o rito ordinário, contra
MÁRCIA SILVA, brasileira, casada, médica, CI nº 2222 (CRM-PA) e do CPF n.
, fone xxxx-xxxx, residente e domiciliado nesta cidade (endereço completo com
CEP), aduzindo, para tanto, as razões que passa a expor:

I – DA INEXISTÊNCIA DE E-MAIL.

O autor informou não possuir endereço eletrônico, destarte, não há


infringência ao inciso II, na forma do § 3º do art. 319 do Código de Processo
Civil/2015.

II – DA AUSÊNCIA DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS.

À luz do que dispõe o art. 976 do Código de Processo Civil/2015, vale


afirmar ao Douto Julgador que o caso em tela não se trata de uma demanda
repetitiva, nem configura um risco de ofensa à isonomia e nem à segurança
jurídica.

III – DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO/MEDIAÇÃO.

O autor pleiteia, com fulcro no art. 319, inciso VII, do Diploma Adjetivo,
que seja realizada audiência de autocomposição, comprometendo-se a parte
autora a comparecer na referida assentada.
IV – DOS FATOS
1- O autor contraiu matrimônio civil com a ré em 05.01.2014, sendo que
durante a habilitação para o casamento, a ré entre os documentos necessários,
juntou certidão de nascimento.

2- Ocorre Excelência, que nos dias de hoje, o autor tomou conhecimento que
a ré é casada em Rio Branco, AC, sendo tão somente separada judicialmente.
O autor juntou cópia da certidão de casamento, com a averbação da separação
judicial, no cartório de casamento de Rio Branco.

3- Ante o conhecimento desse fato, até atualmente omitido pela ré, tornou-
se impossível a manutenção da vida conjugal, não restando outra alternativa ao
autor senão requerer a este douto juízo a nulidade do casamento, ante a
infringência dos impedimentos.

V – DO DIREITO

1- O Diploma Civil brasileiro de 2002 estabelece que é NULO


o casamento de pessoa anteriormente casada, enquanto não ocorrer a ruptura
do vínculo precedente. Assim sendo aquele que, não tendo se libertado do
vínculo conjugal anterior, se casa novamente, sob a falsa declaração de que se
encontra livre de qualquer impedimento, além de cometer ilícito civil, comete
crime de bigamia, sendo nulo o segundo casamento.

Art. 1.521 do CC/2002 - Não podem casar:


(...)
VI - as pessoas casadas; (GRIFO NOSSO)

Art. 1.548 do CC/2002 - É nulo o casamento


contraído:
(...)
II - por infringência de impedimento. (GRIFO NOSSO)

2- Maria Berenice Dias, em seu magistério acerca do tema de nulidade


em face da bigamia, leciona que:

A validade do casamento está condicionada também à


inexistência de impedimentos. Diz a lei quem não pode
casar(CC 1.521). As vedações está ligadas à interdição
do incesto e à proibição à bigamia, princípios
norteadores da vida em sociedade. Quando é
contrariada a proibição legal, o casamento é nulo (CC
1548 II). A desobediência a uma das proibições legais
afeta a higidez do casamento, torna-o nulo. “(DIAS,
Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 6ª Ed.
São Paulo: RT, 2010. Pág. 276)
3- Nesta mesma ordem de raciocínio são as lições de Cristiano
Chaves de Farias e Nelson Rosenvald:

Também não podem casar as pessoas já casadas, em


face da vedação da bigamia, acolhida pelo
ordenamento brasileiro, perfilhando-se à maioria das
legislações ocidentais. (...) Lembre-se, in fine, a
necessidade de proteger a boa-fé subjetiva (falta de
conhecimento do cônjuge que veio a casar sem saber
que o seu consorte já era casado. É o chamado
casamento putativo (CC, art. 1.561), permitindo-se ao
juiz emprestar efeitos jurídicos concretos a este
matrimônio que, por força da violação de impedimento,
será reputado nulo.” (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nelson. Direito das Famílias. 2ª Ed. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2010. Págs. 142-143)

4- No presente caso, a ré é casada em Rio Branco, AC, sendo tão


somente separada judicialmente. Tal fato nunca foi revelado ao autor, que veio
a descobri-lo recentemente, após contrair núpcias com a ré. A jurisprudência dos
Tribunais pátrios são unânimes em aplicar a literalidade dos artigos Art. 1.548,
II do CC/02 e Art. 1.521, VI do CC/02 no que tange a nulidade do casamento e
impedimento para as pessoas casadas.

CIVIL E PROCESSO CIVIL . APELAÇÃO . AÇÃO DE


NULIDADE DE CASAMENTO . BIGAMIA . NULIDADE
DO SEGUNDO MATRIMÔNIO . ART. 183, VI, DO
CC/1916 . ALTERAÇÃO DE DOCUMENTOS PESSOAIS .
MÁ FÉ DA ESPOSA . RECONHECIMENTO DE UNIÃO
ESTÁVEL . IMPOSSIBILIDADE . IMPROVIMENTO . I -
Comprovada a existência de casamento anterior, há
que ser mantida a sentença que declarou nulo o
segundo matrimônio, ante a ocorrência de
impedimento absolutamente dirimente previsto no art.
183, VI, do CC, afastando-se a putatividade da esposa,
por ocorrência de má-fé, demonstrada pela alteração
de documentos pessoais; II - constitui-se
processualmente incabível, no bojo de ação
declaratória, cujo pleito se limita à declaração de
nulidade do casamento e seus efeitos, o
reconhecimento de suposta união estável entre os ora
litigantes, a qual possui fundamentos e requisitos
específicos, a ser alvo de ação própria, mormente
quando sequer houve oposição de reconvenção; III -
apelo não provido. (TJ-MA - AC: 250042009 MA,
Relator: CLEONES CARVALHO CUNHA, Data de
Julgamento: 11/11/2009, SAO LUIS)
AÇÃO RESCISÓRIA - SENTENÇA NULA - VIOLAÇÃO À
LITERAL DISPOSIÇÃO DE LEI - ART. 485, V, CPC -
IMPEDIMENTO MATRIMONIAL - NÃO PODEM CASAR
AS PESSOAS CASADAS - NULIDADE DO SEGUNDO
MATRIMÔNIO - PUTATIVIDADE - BOA-FÉ
PRESUMÍVEL DOS CÔNJUGES - EFEITOS EX-NUNC -
PEDIDO JULGADO PROCEDENTE. 1. É nulo o
casamento contraído com infração ao artigo 183, inciso
VI do Código Civil. 2. Em se tratando de casamento
putativo, em que se presume a boa-fé dos cônjuges, eis
que não alegada a má-fé nos autos, aplicam-se os seus
efeitos até a data da sentença declaratória de nulidade.

(TJ-PR - APL: 8926203 PR 892620-3 (Acórdão), Relator:


Antonio Loyola Vieira, Data de Julgamento: 24/04/2013,
12ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 1099
14/05/2013)

VI– DA CONCLUSÃO

ANTE TODO O EXPOSTO, o autor, respeitosamente, requer SEJA JULGADA


TOTAMENTE PROCEDENTE A PRESENTE AÇÃO, no sentido de que seja
DECRETADA e DECLARADA a NULIDADE do CASAMENTO celebrado entre
as partes, devendo a ré ser condenada, ainda, ao pagamento de custas
processuais e honorários de advogados.

Provas: todas admitidas em direito.

Dá- se a causa o valor de: R$- .............

Nestes termos, pede deferimento.

Belém, PA, de de 2017.

RENATA DA SILVA FIGUEIREDO

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