Beatriz Brum
curadoria Mário Caeiro
Lagoas de Luz
Beatriz Brum
curadoria Mário Caeiro
Lagoas de Luz
Beatriz Brum
curadoria Mário Caeiro
Em suma, qualquer teoria das cores – e a Brum tem vindo a construir a sua,
ou pelo menos um conceito de investigação-acção pautado por um rigor
laboratorial – é fruto de uma paixão pelo mundo enquanto experiência
estética e simultaneamente cognitiva, como se a arte pudesse, neste caso
através de uma investigação sobre a(s) cor(es), ser uma formativa
aprendizagem da imagem do real – das imagens conforme as quais o
mundo se dá a conhecer. É verdade que esse mundo é hoje todo ele violentas
cores digitais em écrans que não nos dão descanso – o espectáculo – e
lâmpadas economizadoras que deterioram o nosso sentido visual e por
conseguinte empobrecem a nossa experiência dos objectos mais quotidianos.
Algo de muito essencial se perdeu ou está a perder-se.
É por isso que artistas como a Beatriz Brum são importantes, senão
fundamentais para que regressemos a uma paixão pela cor do mundo.
A poucos meses da defesa da sua Tese de Mestrado em Artes Plásticas
na ESAD.CR, a Brum traz à Caparica um excepcional acervo de obras
recentes – todas inéditas –, que são simultaneamente autónomas na sua
presença-vibração cromática e elementos móveis – peças de um jogo –
de um radioso discurso sobre a cor. Como não poderia deixar de ser para
quem se interessa não apenas pela sua arte, mas pelo contexto geográfico
e cultural em que se insere, esta série de trabalhos é finalmente das
mais objectivas e ao mesmo tempo afectivas homenagens ao arquipélago
dos Açores. Pensando retrospectivamente, poderíamos ter chamado a
esta exposição ‘Lagoas de Luz’.
Lagoas de Luz
Em suma, aqui na Caparica, onde a Biblioteca tem por tradição reivindicar
um espaço de liberdade plástica, que ora ‘namora’ o discurso científico, Sem luz não há cor, a cor é criada através da luz. A cor de um objeto
ora dele se afasta ‘amuada’, esta exposição contribui decisivamente para altera-se consoante a luz que recebe (luz natural ou artificial). E cada um
que um velho diálogo se vá tornando finalmente entusiasmante conversação. recebe e reflete essa luz de forma diferente. Nesta exposição podemos ver
Afinal, a cor é um grau da escuridão. Goethe dixit. a luz em a ser explorada em duas vertentes, a luz natural que ao ser pro-
jetada nos desenhos de parede cria uma imagem atrás dessas imagens,
Mário Caeiro formando assim, caixas de luz natural. No chão, encontramos caixas de luz
Caparica, Dezembro de 2018. artificial, em que a luz completa a forma desenhada no acrílico.
A luz tem um papel muito importante enquanto objeto de criação, porque
a vejo como desbloqueadora de formas. Tem me interessado bastante as
formas que são provocadas através da luz/sombra, as formas que encontramos
diariamente em objetos do quotidiano. São formas que não têm
propriamente uma cor associada, assim como, os recortes das lagoas.
Lagoas são formas preenchidas com água, e não tem cor, são apenas su-
perfícies refletoras, que captam as cores envolventes. O mesmo acontece
com a luz (luz natural), não há uma cor associada, há sim uma superfície
onde essa luz se projeta. Nesta exposição, exploro de uma forma muito
particular a apropriação das formas criadas por objetos “incolores”
(luz e àgua) que depois são trabalhados sob uma superfície transparente
(acetato e acrílico), onde voltam a ganhar cor.
Beatriz Brum
FICHA TÉCNICA
BIBLIOTECA FCT NOVA
José Moura, coordenação (diretor)
Ana Roxo, coordenação
Luisa Jacinto, colaboração
Isabel Pereira, colaboração
Rui Olavo, design
TEXTOS
Beatriz Brum
Mário Caeiro
FOTOGRAFIA
Diogo Sousa
IMPRESSÃO DE CATÁLOGO
Puck Produções