Data:15/04/2020
Nome: Ema Ribeiro Miguel
Docente: Dr.Divala
Tema: Rui de Noronha e o texto”Quenguelequeze” e “Surge et Ambula”
Bibliografia:
SOUZA, Ubirata Roberto Bueno de. A gravitação das formas: géneros literários e a vida social em Moçambique (1977/1987) Ubirata Roberto
Bueno de Souza: orientadora rejane Vecchia da Rocha e Silva. – São Paulo, 2018.
MIAMBO, Elisio .Periodização Da Literatura Moçambicana: Sábado, 28 De Abril De 2012.
http://allpoetry.com/poem/8624151-Surge-et-Ambula-by-Antonio-Rui-de-Noronha.
Género Período Doutrina Continuidade com a Ruptura Com a
colonialidade Colonialidade
Segundo Rui de Noronha, Os Segundo Rui de Noronha, Segundo Rui de Segundo Rui de Noronha, Segundo Rui de
géneros, acumulam-se em Diz que também se plasmou Noronha, As perguntas A Continuidade Trata-se da Noronha, A Ruptura, ela
factores de ordem cultural, em formas mais libertas de que R. Knopfli faz a si figura mítica do Imperador não rompe como muitas
linguística editorial social ou constrangimentos e versou mesmo quanto à sua Ngungunhane, o mesmo vezes as pessoas
politica se conjugariam para temas relacionados com moçambicanidade e as de Gungunhana do livro de confundem – com a
alguns genereros fossem tradições nativas de Rui Nogar quanto à João Dias (1952), cuja ação, literatura portuguesa, mas
largamente praticados Moçambique, como no caso maneira como utiliza o invocada direta ou sim com a literatura que se
enquanto outros não do celebrado poema pequeno-português. indiretamente, faz com que fazia na Colônia pelos
ultrapassem a existência de «Quenguelequêzê». Comecemos por R. as diferentes histórias portugueses, que era a
poucas obras. Nota-se também a inversão Knopfli: «Europeu, me isoladas funcionem como literatura colonial; que era
de certa mitologia dizem/eivam-me de independentes e, ao mesmo uma literatura que
Os géneros ocorrem com uma propagandística da história literatura e doutrina/ tempo, dependentes. obviamente
alta desenvoltura e descarte é colonial que Rui de europeias/e europeu me O que o romance tematiza é sobrevalorizava o homem
feita em moçambique. Para Noronha operou chamam. / Não sei se o o passado recente de branco, sobrevalorizava o
deixar a abordagem abstrata do poeticamente, desfazendo a que escrevo tem a raiz de Moçambique, numa português, a sua presença e
assunto: refere-se precisamente versão de um Mouzinho de algum pensamento perspectiva tipicamente as suas ações, em África. E
a questão da predominância do Albuquerque como herói europeu. / É pós-moderna, porque surge muita dessa ruptura vai ser
texto petico na literatura destemido e de um provável...Não. É certo / reescrito, reinventado, curiosamente
moçambicana de um Ngungunhane, imperador, Mas africano sou. / reformulado, enfim, protagonizada também por
desenvolvimento orgânico e derrotado, dominado e Pulsa-me o coração ao questionado à luz do filhos de colonos – estou a
fluido da prosa, que subsiste humilhado. ritmo dolente / desta luz presente. Esses fatos pensar no Rui Knopfli,
com dificuldade em poucas e deste quebranto. / remontam à figura de estou a pensar no Orlando
obradas de contos antes da Trago no sangue uma Ngungunhane, personagem Mendes. Eles acabam por
independencia, ainda assim amplidão de coordenadas de origem nguni, que invade assumir uma espécie de
com quase nenhum romance. geográficas e mar o sul de Moçambique e um sentido telúrico, de que
Índico./ Rosas não me coloniza os tsongas, faziam parte deste espaço,
dizem nada, /caso-me tornando-se Imperador das deste espaço físico, deste
mais à agrura das micaias terras de Gaza. O relato espaço cultural, com todas
/ e ao silêncio longo e épico que exalta a bravura as suas diversidades, com
roxo das tardes/com guerreira dos africanos cede todas as suas
gritos de aves estranhas. / lugar, em alguns momentos, especificidades. E algo que
Chamais-me europeu? a dúvidas e incertezas que pude observar também é
Pronto, calo-me. / Mas se depreendem de situações que, aliado a esta ideia de
dentro de mim há de injustiça e opressão, um certo nacionalismo,
savanas de aridez/e corroboradas por situações segundo as pesquisas que
planuras sem fim/com de terror, barbárie, fiz até essa altura, é que
longos rios langues e arbitrariedades e abusos de nessa mesma década de
sinuosos, /uma fita de poder da parte do último 1940 começa a circular o
fumo vertical, /um imperador moçambicano. adjetivo “moçambicano”.
negro e uma viola
estalando».
Na poesia de Rui Knopfli
(e utilizando a sua
própria maneira de
encarar o «africano», ou
antes, o
«moçambicano»), não
seria difícil apontar a
expressão «aves
estranhas» para constatar
que a sua educação
(familiar e escolar) e as
formas de tradição a que
obedece (familiar,
escolar e ambiental).