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Introdução
O presente ensaio, como já pode denunciar a epígrafe, ocupa-se da análise lingüística, perscruta
o sistema da língua portuguesa e o faz através da leitura do conto Tresaventura de Guimarães Rosa,
contido no livro Tutaméia – Terceiras Estórias (5ª ed. José Olympio, 1979), buscando discutir o
universo lingüístico representado na superfície textual. A abordagem adotada orienta-se nos estudos
lexicológicos, lexicográficos, semânticos e estilístico-semióticos. Nessa direção, procura-se apontar
as aventuras lexicais do autor e suas conseqüências na leitura do conto.
Convém esclarecer que a análise dos semas componenciais das unidades léxicas será pautada
pela teoria semântica construída por Pottier (1978).
Nessa ótica, serão eleitas palavras-chave na/da trama textual, cujos semas componenciais serão
examinados, com vistas a construir um sentido para o texto, decifrar-lhe a mensagem básica
emergente do mundo lingüístico captável. As unidades léxicas serão o fio do novelo que conduzirá
nossa leitura pelo labirinto do texto.
A epígrafe do conto já traz à tona uma idéia de que a narrativa vai cuidar de lembranças, de
tempos já vividos, seja na vida real seja na imaginada. São tempos memoráveis.
Um estudo de Tresaventura de Guimarães Rosa (13/09/2002 21:16)
Um levantamento lexical
O mundo de Dja ou Iaí (a menininha) é construído com diminutivos, com neologismos típicos
das experiências lingüísticas infantis na fase de aquisição da língua. Menininha, ideiazinhas,
suspirinhos, coelhinho, mentirinhas, alicercinhos, narizinho, mansinho, vividinho, florinhas,
traseirinha, pouquinho pontinho, perninhas e mãozinha são escolhas léxicas que evocam a fala
infantil — voz menor que uma trova, segundo o narrador.
Os neologismos apuráveis, em sua maioria, representam o tempo do fazi, trazi, di... (analogias
do raciocínio lingüístico infantil). No conto aparecem formas como: destriste, relembramento,
furta-flor, mixordiosos, tremeter-se, enfeitiço, amalucamentos, figuradio, belfazeja, decisa,
direitidão, indominada, deslance, folhuscas, neblinuvens.
1. Neologia mórfica:
2. Neologia fônica: furta-flor (cf. furta-cor); belfazeja (cf. benfazeja); deslance (cf.
desenlace)
Convém lembrar que o neologismo só se consagra como tal quando preenche uma lacuna
expressional. Há, portanto, formações novas na língua que utilizam as disponibilidades do sistema,
Um estudo de Tresaventura de Guimarães Rosa (13/09/2002 21:16)
mas são dispensáveis por estabelecer concorrência com formas coexistentes. Exemplo disso é a
forma amalucamentos, que pode ser considerada um sinônimo de maluquices. O leitor então se
perguntaria: -Por que teria o autor inventado tal termo? As respostas podem ser várias, como: para
representar a fala infantil (que cria palavras em suplência de repertório); para exercitar as
potencialidades da língua; para acentuar a expressividade, etc. Por isso, o neologismo precisa ser
observado com critério. No caso de amalucamentos, a base amalucar está dicionarizada {Houaiss,
s.u. & Aurélio, s.u.} e é datada de 1881 naquele dicionário, logo, não oferece hipótese para ser
tomada como neologismo em sentido restrito.
O mundo pensado do tempo infantil confunde-se com a ficção. É um mundo quase sempre
fantástico, maravilhoso. E as descrições captáveis em Tresaventura conduzem-nos a esse tipo de
mundo. Os neologimos arrolados, além de funcionarem como ícones da fala infantil — na qual o
sistema lingüístico se presta ao uso e ao “abuso2” — também servem de índices para a formulação
de um mundo hipotético, possivelmente existente na mente infantil. Nesse mundo, as coisas se
apresentam mais vivas, mais ricas que as percebidas pelos “olhos adultos”, quase sempre
embaçados pelo desencanto.
aglutinação de idéias → tremeter-se (meter-se em algo com medo, tremendo) enfeitiço (o feitiço
é uma situação que transforma e, na visão infantil, deve transformar enfeitando), neblinuvens
(imagem perfeita da impressão causada pela neblina, como se fossem nuvens de fumaça, por
exemplo)
aproximação fonossemântica →furta-flor (as flores são objetos concretos, portanto, podem ser
furtadas; são coloridas, logo, superam o termo furta-cor) belfazeja (se benfazeja faz o bem,
belfazeja faz o belo, alinda.)
Fechemos o parêntese.
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O mundo infantil que ela mentava não assustava nem a sustava. Mesmo em se tratando do
imaginado, do não visto, Iaí na se deixava frear pelo medo.
Observe-se:
Iaí psiquepiscava. Arrenegava. apagava aquilo: avesso, antojo. Sapos, cobras, rãs, eram pa ser
de enfeite, de paz, sem amalucamentos, de modo são, figuradio. (§13, l. 2-3)
A deformação das imagens projetada para o mundo adulto, segundo Maria Euzinha, se
materializa no texto em passagens como:
Opunha o de-cor de si, fervor sem miudeio, contra o tintim de tintim. (§7, fl.1)
descrição da água na ótica adulta: “A água é feia, quente, choca, dá febre, com lodo de meio
palmo...” (§3, fl.2)
descrição da água na ótica de Dja Iaí: A água é fria, clara, dada da luz, viva igual à sede da
gente.. Até o sol nela se refrescava. (§4, fl.2)
Para apoiar nossa análise, elaboramos um quadro demonstrativo dos semas componenciais das
unidades léxicas levantadas, para que se possa acompanhar a constituição dos campos semânticos
por elas construídos. Chamamos de campos semânticos os núcleos significativos que podem ser
interpretados como subunidades temáticas que se entrelaçam no engendramento da história e na
tessitura textual.
LEXEMAS PERIGOSO
1. destriste + + + + + + + _ _
2. mixordiosos + + + + + + + _ +
3. enfeitiço - + - + + + + - -
4. figuradio - + + + + + + - -
5. belfazeja - + + + + + + - -
6. direitidão + + _ _ + + + - -
7. indominada + + + + + + + + _
8. deslance - + + + + + + - -
9. folhuscas - + - - - - + - -
10. neblinuvens - + - + + - + - -
11. gente + + + + + + + + -
12. perturbação + - - - - - - + +
13. longe - - - - - - - - -
14. baixa - - - - - - - - -
15. molhada - - - - - - - - -
16. ralhavam- + - - - + + - + -
lhe
17. perigos - - - - - - - + -
18. feia - - - - - - - + -
19. febre - - - - - - - + -
Observação: O sinal (+) indica a presença do sema; (-) indica a ausência do sema.
Observe-se:
Lá não a levavam: longe de casa, terra baixa e molhada, do mato onde árvores se assombram...
(§5º, l. 2) [grifamos]
Vejam-se:
LEXEMAS ↓
cobrir-se de sombra virtuema virtuema semantema virtuema assombrar-se
admirar-se semantema virtuema semantema virtuema
assustar-se virtuema semantema semantema semantema
Lembrando-se que, na classificação de Pottier (1978: 71-75), semantema é o signo resultante
do conjunto de semas específicos (os que definem uma significação). Logo, se o sema proteção é a
interseção das traduções para assombrar-se, constata-se a possibilidade semântica na língua de
conotação para assombrar-se como cobrir-se de sombra. Acrescente-se ainda que a distribuição —
meio a meio — dos semas discutidos entre semantema e virtuema corrobora a potencialidade da
conotação construída por G. Rosa em Tresaventura para o arquilexema (lexema que recobre o sema
básico de um conjunto de unidades léxicas) e que, neste caso (o de assombrar-se) coincide com o
arquissemema (semema genérico constituído pelo denominador comum da série dos sememas mais
específicos que recobre — Dubois et al, 1978; Galisson & Coste, 1983).
UNIDADES LÉXICAS
1. destriste (adj.) + + + +
2. mixordiosos (adj.) + + + +
3. enfeitiço (s.) + + + +
4. figuradio (adj.) + + + +
5. belfazeja (adj.) + + + +
6. direitidão (s.) + + + +
7. indominada (adj.) + + + +
8. deslance (s.) + + + +
9. gente (s.) + + + +
QUADRO Nº 4 - CAMPO SEMÂNTICO 2 → NEGATIVO →NÃO-VIDA
CAMPOS SEMÂNTICOS NÃO-VIDA ESTATICIDADE DESNECESSIDADE PERIGO
LEXEMAS
1. longe (adv.) + + + +
2. baixa (adj.) + + + +
3. molhada (adj.) + + + +
4. perigos (s.) + + + +
5. feia (adj.) + + + +
6. febre (s.) + + + +
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Como se pode ver, das 19 unidades léxicas discutidas no Quadro nº 1, apenas 6 indicam noções
negativas. No Quadro nº 4 figuram 3 adjetivos, 2 substantivos e 1 advérbio, em contraponto com o
Quadro nº 3 onde aparecem 5 adjetivos e 4 substantivos.
No quadro dos campos semânticos negativos — da não-vida (modelo repudiado por Dja Iaí) —
prevalece a aparência (adjetivo, elemento descritivo) sobre a essência (substantivo, elemento
nomeador) e ainda se vê a intervenção da circunstância (advérbio).
Ainda sobre freqüência de classes gramaticais nos quadros, verifica-se que os adjetivos
destriste, mixordiosos, figuradio, belfazeja, indominada são todos vocábulos derivados, o que pode
representar iconicamente que o mundo infantil é construído a partir do que se mostra disponível no sistema
que o mundo adulto lhe disponibiliza. Em outras palavras: a criança aprende a comunicar-se verbalmente, via
de regra, seguindo instruções dos adultos que, por sua vez, submetem-se aos ditames do sistema lingüístico,
pelo menos a princípio.
Tais adjetivos podem criar uma imagem do mundo infantil, um mundo idealizado, sem as perturbações
do mundo adulto. A iconicidade dos adjetivos se faz não só pela escolhas das bases, mas sobretudo pela
opção pela neologia. As unidades léxicas adjetivas em discussão foram consideradas ícone-símbolo (Simões,
2002) uma vez que representam vida como qualidade, na ótica da protagonista.
Os substantivos-chave também são excelentes cicerones para nossa leitura. No Quadro nº 3, temos 4
substantivos no campo semântico vida. São eles: enfeitiço, direitidão, deslance e gente. Os três primeiros
nomes, representam idéias abstratas que se materializam a partir da designação. O quarto — gente — é
substância propriamente dita; é nome que designa algo palpável, que se contém a si, de existência autônoma.
Em contraponto, o Quadro de nº 4 apresenta dois substantivos que representam idéias abstratas — perigos e
febre. Como estão no campo da não-vida, é possível inferir que a não-vida é a identificação de um mundo
trabalhoso (sic), contraditório, desconfortável. Tanto perigos quanto febre indica desequilíbrio. Conclui-se
então que se está diante de um símbolo-índice (Simões, 2002). É símbolo porque generaliza o mundo
adulto. É índice porque indica perda da estabilidade, desequilíbrio.
Interessante notar que, do ponto de vista da estruturação vocabular, perigos e febre são
vocábulos primitivos. Isto pode ser interpretado como ícone da substância problemática de um
mundo diferente do idealizado pela criança. A opção pela forma primitiva gera a imagem de um
“pecado original”: o mundo adulto é desequilibrado por natureza, em essência, em substância.
Quanto a advérbio-chave, identificamos a opção por longe. Este aparece na terceira margem do
texto, construindo um contraponto triangulante: há um mundo adulto que se contrasta com o infantil
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e há um terceiro, longe, que pode ser a saída para a equilibração (Psic.) desejada pelas crianças
quando brincam de faz-de-conta. É uma tresaventura que está sendo lida. A protagonista desafia as
limitações do mundo adulto e
Virou para um lado, para o outro, para o outro — lépida, indecisa, decisa. Tomou direitidão.
(§16 l. 5-6)
parte em direção ao seu sonho, desbravando o mundo proibido pela voz adulta.
A opção pela construção derivada é também icônica. No conjunto das formas atualizadas, tem-
se a iconicidade da produtividade do vernáculo e da potencialidade da transformação: da língua e do
mundo. É também icônica, e duplamente, a forma figuradio: do ponto de vista semântico,
interpretamos essa unidade como plasticamente construído e estabilizado; do ponto de vista
mórfico, vê-se que a base figur- traz em si os semas configuração, representação, que se mantêm
ativo na formação neológica figuradio. Por sua vez, o sufixo nominal –dio, variante de –io e
representante das noções de 'ação', 'referência'; 'modo de ser', 'tendência'; 'aproximação';
'semelhança {Aurélio, s.u.}, reitera a imagem evocada pela palavra, ou seja, tanto a base quanto o
sufixo significam a descrição de um modo de ser. Ao lado disso, vê-se que no mundo idealizado até
as qualidades se materializam, convolando em essência. A iconicidade do texto que representa a
fala de Dja Iaí desenha um mundo figuradio, onde as coisas são o que são, sem mais nem menos.
Por isso, o advérbio-chave levantado foi único: longe. E contendo o classema localizador, o
advérbio longe é, a seu turno, ícone da distância entre o mundo real e o imaginado por Dja Iaí. No
mundo real, vive-se a dicotomia adulto & criança; no mundo inventado, surge o signo de três em
que o circuito se fecha numa terceira margem, num terceiro lado, que é o mundo ideal onde tudo
está em tudo, onde crianças e adultos, enfim, pessoas, animais e plantas se resumem numa palavra:
natureza. Para a protagonista do conto, Maria Euzinha, o mundo é a imagem da paz:
Sapos, cobras, rãs, eram para ser de enfeite, de paz, sem amalucamentos, de modo são,
figuradio. (§13, l. 2-3) [grifamos]
Seguindo o fio das palavras, verifica-se o desafio posto em linha: Precisava de ir, sem limites.
(§7, l.2-3). GR desafia o sistema lingüístico na proporção do desejo de Dja Iaí que não cedia desse
desejo, de quem me dera. (§7, l. 3-4). Mas o autor mostra que na linguagem (ou pela linguagem)
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todos os mundos são possíveis e representa o mundo figuradio da menininha de forma inteligível e
possível:
Dja tornou sobre si, de trabuz, por pau ou pedra, cuspiu na cobra. Atirou-lhe uma pedrada
paleolítica, veloz com o amor. Aquilo desconcebeu-se. O círculo ab-rupto, o deslance: a cobra
largara o sapo, e fugia-se assaz, às moitas folhuscas, lefe-lefe-lhepte, como mais as boas cobras
fazem. (§20, l. 1-6)
O mundo desenhado por Maria Euzinha (ela era muito ela) era um mundo de amor. Este tanto
concebe a vida como desconcebe o mal-assombro, a violência. E o neologismo designando processo
pode ser lido como símbolo da necessidade de ação em prol da mudança das coisas. Aquilo
desconcebeu-se.
Neste ponto da leitura, nos surpreendemos com nossas próprias palavras que agora são ícone de
que está na hora de concluir este estudo. É hora do desfecho da leitura.
A interpretação é um novo signo. É também um novo texto. A chave de entrada que elegemos
para desbravar o mundo construído em Tresaventura é uma chave mágica: a palavra.
Desbravando uma aventura tríplice, por isso, uma aventura extraordinária, seguimos com GR a
rota das palavras por meio das quais a astúcia e a pureza de Dja Iaí construíram um mundo com três
lados: o mundo trabalhoso dos adultos, o mundo limitado para a criança e o mundo infantil
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figuradio. Com essa imagem ternária de mundo, vemos em GR a consciência semiótica traduzida
em linguagem e re-colorida com as nuanças da arte de dizer.
Vemos no conto, os campos semânticos demarcados pelas vozes materiais presentes no conto:
Dja Iaí como representante do mundo infantil; o irmão, do mundo adulto. Eis que surge uma outra
voz, na contra-mão dos raciocínios, desconstruindo a língua e construindo a terceira margem: o
mundo intato das ideiazinhas. E aí se inaugura Maria Euzinha. A terceira fac(s)e da menininha que
desejava ir ao arrozal e que, dona em mãozinha de chave dourada, acena para um mundo pleno de
alegria.
Atravessamos o labirinto do texto. Encontramos a saída. De fato a palavra conduz, e com ela se
pode depreender um guia-mapa inscrito no texto.
Bibliografia citada:
BALDINGER, Kurt (1977) Teoría semántica. Hacia una semántica moderna. Madrid: Ediciones Alcalá.
DUBOIS, J. et al. (1978) Dicionário de Lingüística. São Paulo: Cultrix.
GALISSON, R & D. COSTE (1983) Dicionário de didáctica das línguas. Coimbra: Livraria Almedina.
HALLIDAY, M. A. K. (1985). An introduction to functional grammar. London: Edward Arnold.
HALLIDAY, M. A. K., & Ruqaiya HASAN. (1991) Language, context and text: aspects of language in a social-
semiotic perspective. London: Oxford University Press.
POTTIER, Bernard, (1978) Lingüística geral – Teoria e descrição. Rio de Janeiro: Presença/USU.
ROSA, João Guimarães (1979) Tutaméia: terceiras estórias. 5ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio.
SIMÕES, Darcilia (2002) “Ícones e índices na superfície textual”. Comunicação apresentada na XIX Jornada de Estudos
Lingüísticos do Nordeste. UFC/CE. (setembro)
1
ter(s) V. trans- [Do lat. trans.]Pref 1 = 'movimento para além de', 'através de'; 'posição para além de'; 'posição ou movimento
de través'; 'intensidade': transumância, transecular; transplatino; transverso (< lat.); transfazer. (Aurélio s.u.)
2
Aspeamos o termo para indicar que se encontra conotado, ou seja, despido dos semas negativos. No contexto dado, abuso quer dizer
exploração inusitada, extravagante.
3
-usco2 . Suf. nom. 1. = 'aproximação', 'um tanto'; 'depreciação': velhusco, farrusco. (Aurélio, s.u.) Verifica-se a desconstrução da noção
de depreciação em folhuscas, onde o sufixo passa a representar abundância, uma vez que as moitas folhuscas seria correspondente a
moitas folhosas; cheias de folha suficientemente para dar cobertura à retirada da cobra que se arrependera da investida contra o sapo.
4
Dja > já – ref. o aqui-agora; Iaí = e aí..., o depois, o sonho ou a realidade?
5
antojo2 (ô). [De entejo.] S. m. 1. Repugnância, nojo, entejo. 2. Tédio, fastio, aborrecimento, nojo. 3. Aquele ou aquilo que provoca
asco, irritação ou antipatia, nojo.
6
Observe-se o valor do sufixo: -mento [Do lat. -mēntum, i.] Suf. nom. 1. = 'ação ou resultado da ação'; 'coleção': ferimento; fardamento.
(Aurélio, s.u.)
7
io2 - Suf. nom. 1. tônico = 'ação', 'referência'; 'modo de ser', 'tendência'; 'aproximação'; 'semelhança': lavradio; doentio. [Equiv.: -dio, -
(d)iço2: escorregadio; enfermiço, fugidiço. Alternam-se entre si, às vezes, as formas -dio e -(d)iço2: escorregadio, escorregadiço; fugidio,
fugidiço.] (Aurélio s.u.)
8
[Do fr. travestir.] V. transobj. 1. Colocar fantasia em; fantasiar: Travestiu-a de colombina. V. p. 2. Disfarçar-se; dissimular-se:
Travestiu-se de mendigo para desvendar um crime. (Aurélio, s.u.)
A nosso ver, o autor reúne as duas idéias ao predicar de forma outra o verbo travestir — nem transobjetivo nem pronominal. Empregou-o
como objetivo direto, aproximando-o de transvestir.
[De trans- + vestir.] V. t. d. e i. Bras. 1. Transformar, transmudar, transmutar, metamorfosear: Eça de Queirós transvestiu seu conto
"Civilização" no romance A Cidade e as Serras; Transvestiram o rapazinho em velho, para a representação da peça. [Irreg. Conjug.: v.
aderir.] (Aurélio, s.u.)
9
V. p. 8. Cobrir-se de sombra: As encostas da colina assombram-se. 9. Admirar-se, maravilhar-se. 10. Assustar-se, espantar-se,
sobressaltar-se. (Aurélio, s.u.)
10
Desenredo é o título de outro conto da coletânea Tutaméia, de Guimarães Rosa.