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INTRODUÇÃO
Neste trimestre teremos a grata oportunidade de estudar o livro de Atos. Olhar as páginas deste livro
é como olhar o DNA da fé pentecostal. Veremos a narrativa que apresenta o início da Igreja cristã,
que tem como marca, o direcionamento de seus passos pelo Espírito Santo. É a história de uma
pequena comunidade de pessoas que impulsionados por uma promessa dada por Jesus (At 1.8)
levarão o Evangelho de modo impactante para regiões longínquas do mundo de então.
Esta comunidade será marcada pela fé, esperança e poder. A fé na promessa de Jesus, a esperança
de alcançar “toda a Judeia, Samaria e até os confins da terra” com a mensagem do Reino. E por fim,
era uma comunidade marcada pelo poder do Espírito Santo que se materializava através de “sinais e
maravilhas” que eram realizados através dos apóstolos e dos demais cristãos. Atos dos apóstolos é
bem mais que um simples relato. Nestas páginas Sagradas encontramos um paradigma a ser seguido
por todas as Igrejas que almejam ser fieis a causa de Cristo. Desta forma, precisamos urgentemente
conhecer mais deste livro, seus relatos e suas aplicações para a Igreja do século XXI.
2
BARCLAY, S/D, p. 6
Por fim é relevante apresentar dados que reafirmem que autoria do livro de fato é lucana. Se você
observar bem, verás que não há uma referência direta para a autoria de Lucas. Contudo, a história
da Igreja considera que o Evangelho de Lucas e o livro de Atos fazem parte de um mesmo volume
escrito pela mesma pessoa, destinado ao mesmo leitor inicial (Teófilo - Lc 1.3; At .1.1). Além
destes fatos é importante observar os seguintes itens que confirmam a autoria llucana. Vejamos o
que Kistemaker fala sobre esta questão,
Vemos que a tradição cristã é inquestionável sobre a autoria de Lucas, o médico amado
(CL 4.14). Finalizamos apresentando um rápido relato apresentado pela tradição exposta pelo
prologo antimarcionista escrito entre 160 e 180 relata: “Lucas é sírio, natural de Antioquia, por
profissão um médico. Foi discípulo dos apóstolos e mais tarde acompanhou Paulo até o seu
martírio. Serviu ao Senhor sem distrações, sem esposa, sem filhos. À idade de 84 anos adormeceu
na Beócia, cheio do Espírito Santo4”
Iniciaremos este ponto apresentado uma verdade revelada ainda nos escritos mosaicos: Deus não é
homem para mentir (Nm 23.19). Se o Senhor não mente, então podemos ter certeza que suas
promessas se cumprem na vida daqueles que se mantem fieis. A Palavra de Deus nos mostra com
muita clareza promessas maravilhosas de um tempo em que o Espírito Santo seria derramado sobre
toda carne (Jl 2.28), de modo que ficasse claro que Deus estava restaurando o seu povo e o
capacitando para novos patamares de intimidade. Vemos prenúncios neste derramamento através
das páginas do Antigo Testamento quando Deus pede a Moisés que escolha 70 anciões para ajudá-
lo na obra que o Senhor o havia entregado. Neste momento, o Senhor afirma que derramaria do seu
Espírito sobre eles (Nm 11) capacitando-os para auxiliar Moisés naquela difícil tarefa de guiar o
povo de Deus. Nesta cena vemos um “proto-pentecostes”, onde aqueles anciões cheios do Espírito
Santo pronunciaram Palavras proféticas de modo a deixar claro que eles estavam cheios do Poder
3
KISTEMAKER, 2003, p.39
4
Idem, p. 40
de Deus. Tal episódio pode ser considerado como uma demonstração em escala reduzida de tudo
que o Senhor ainda faria, tanto que séculos depois profetas como Jeremias (Jr 31.31-33), Ezequiel
(Ez 11.19,20; 36.26,27; 37.1-14; 39.29) e Joel (Jl 2.28) e outros (Isaías 32.15; 44.3-5; Zacarias
12.10) falariam de algo mais intenso que viria não mais sobre um grupo restrito de pessoas, mas
agora o Espírito seria derramado sobre toda carne. O teólogo pentecostal estadunidense doutor
Edgar R. Lee nos apresenta um dado interessante, pois para ele tanto Jeremias como Ezequiel
abordam o caráter soteriológico da Vinda do Espírito Santo, ou seja, o Espírito que “convence o
homem do pecado, da justiça e do Juizo”(Jo 16.8), bem como, o Espírito que concede Fruto que
demonstra o aperfeiçoamento moral do cristão (Gl 5.22). Contudo, para Lee, o profeta Joel destaca
outra característica desta promessa. Um aspecto que está cabalmente ligado ao que foi visto no dia
de Pentecostes. Ele fala da vinda do Espírito com “poder” para o testemunho, evidenciados por
“sinais e maravilhas”(profecia, visões e sonhos), uma antevisão do que vemos claramente
acontecendo com a Igreja apostólica (At 2.17). Assim nos fala o doutor Edgar Lee,
No caso do profeta Joel, existe uma notável continuidade entre suas palavras e
aquelas usadas por Moisés. Conscientemente ou não, Joel pegou o motivo profético
encontrado na oração de Moisés quando ele soube que Eldade e Medade estavam
profetizando no acampamento: “Quem dera todo o povo do Senhor fosse profeta e
que o Senhor pusesse o seu Espírito sobre eles!” (Números 11.29). Olhando para o
tempo de cumprimento, Joel proferiu estas palavras do Senhor, “E, depois disso,
derramarei do meu Espírito sobre todos os povos. Os seus filhos e as suas filhas
profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. Até sobre os servos e
as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias” (Joel 2.28,29). Embora Joel
certamente não estivesse indiferente sobre a mudança espiritual entre o povo da
aliança, ele previu uma doação profética universal para eles. A ênfase desse texto
crucial, o texto fundamental para o discurso profético inicial de Pedro para a nova
aliança, é carismática – todo o povo de Deus está para se tornar profeta 5.
Esta promessa descrita por Joel seria endossada por João Batista ao prenunciar a vinda de Jesus e
que Ele seria o que “batizaria com Espírito Santo” (Lc 3.21, 22). É preciso entender que este
Batismo é uma efusão, é o mergulhar no Espírito. Conforme o próprio Lucas afirma posteriormente,
seria um “revestimento de poder” (Lc 24.49) dado pelo Espírito Santo e disponível à todos os
cristãos, em todos os tempos (At 2.39). É importante destacar que o próprio Jesus também destaca o
cumprimento desta promessa. Jesus afirmou que tinha uma promessa a ser cumprida na vida
daqueles que cressem nEle. Para os que creem no Cristo a promessa era a de que “rios de águas
5
Edgar R. Lee. Batismo no Espírito Santo: uma promessa no Antigo Testamento. Disponível em: <
https://teologiapentecostal.blog/2016/07/18/o-batismo-no-espirito-santo-uma-promessa-do-antigo-testamento/>
acesso em 01 de outubro de 2019.
vivas fluirão do seu interior” (Jo 7.38)). Estes rios torrenciais era o próprio Espírito Santo que viria
com poder sobre a vida de todos os crentes em Jesus. Por fim, Jesus reafirma tal promessa durante
seu discurso final no Monte das Oliveiras, antes de ascender aos céus. Ali, juntos aos discípulos
Jesus afirma que “Não muito depois daqueles dias eles seriam batizados (imersos) com Espírito
Santo”(At 1.5). Uma promessa que se cumpriu literalmente na vida dos discípulos cerca de 10 dias
depois destas palavras profetizadas por Jesus (At 2.1-4).
Deus não é homem para que minta. Se existe uma promessa, inquestionavelmente Ele cumprirá!
Desta feita, a promessa era que os discípulos receberiam em plenitude o Espírito Santo, o que de
fato aconteceu. Esta promessa se estende para todos inclusive para você que está lendo agora estas
páginas. Por isso, apenas creia e espere que o SENHOR irá cumprir esta promessa em sua vida!
Conforme já apresentado, Jesus enfatizou aos seus discípulos uma promessa especial, esta promessa
implicava que eles seriam batizados com Espírito Santo (At 1.4,5) e portanto, estariam revestidos de
poder sobrenatural para testemunharem de Jesus a todas as nações, pois: “Mas recebereis a virtude
do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8). O termo virtude ( gr dynamin) tem
origem no vocábulo grego “dynamis” de onde se origina a palavra portuguesa dinamite, que pode
significar “energia, força e poder”. Acredito que para o propósito apresentado por Lucas, que seria o
testemunho vibrante da Igreja a ideia que melhor se encaixa é “energia e força” sobrenatural dada
pelo Espírito Santo, que impulsionaria os cristãos a levarem a mensagem por toda a terra. Assim,
um dos primeiros e grandes propósitos desta promessa é sem dúvidas o testemunho de Cristo,
mostrando que agora somos autorizados por Ele a fazer as obras dEle e que portanto, Jesus está vivo
e o seu Espírito ativo em sua Igreja.
Não obstante, já tendo citado acima o primeiro grande proposito desta promessa, quero agora expor
mais um propósito que considero indispensável: a potencialização dos milagres na vida da Igreja.
Este propósito expus primeiramente em meu livro Escudo Pentecostal (2017, Reflexão) e pretendo
reproduzi-lo a seguir, pois como a própria revista de EBD sugere, Atos dos apóstolos apresenta uma
comunidade marcada pelo “poder, cura e salvação”, neste caso, os milagres estão diretamente
incluídos. Assim,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na lição desta semana aprendemos sobre a importância do estudo detalhado do livro e como esta
obra é modelo para as Igrejas em todos tempos. No início do segundo tratado Lucano é apresentada
uma promessa, a promessa do Batismo no Espírito Santo. Esta promessa é destacada no Antigo
Testamento e reafirmada por Jesus, sendo confirmada no dia de Pentecoste (At 2.1-4). Não obstante
ter sido confirmada a cerca de dois mil anos atrás, esta promessa não tem prazo de validade e ainda
está disponível para todos aqueles quanto nosso Senhor Jesus chamar (At 2.39). Isto inclui você e
eu! Que possamos esperar ardentemente por esta promessa!
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
6
RODRIGUES, 2017, p. 99
KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: exposição de atos dos Apóstolos.
1.ed. São Paulo: Editora cultura cristã, 2003. Vol. 1.
LEE, Edgar R. Batismo no Espírito Santo: uma promessa no Antigo Testamento. Disponível em:
< https://teologiapentecostal.blog/2016/07/18/o-batismo-no-espirito-santo-uma-promessa-do-
antigo-testamento/> acesso em 01 de outubro de 2019.
MENZIES. Robert P. Pentecostes: essa é a nossa história. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.
RODRIGUES, Jefferson. Escudo Pentecostal: uma visão panorâmica das principais doutrinas
pentecostais. 1ª Ed. São Paulo: Editora Reflexão. 2017