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OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E DO

PROFESSOR
DO SÉCULO XXI

Prof. Sandro Luiz Bazzanella


A) PARA INÍCIO DE REFLEXÃO
1. Existem desafios para a educação e o professor do século XXI?
2. Os desafios da educação civilizatoriamente desde os gregos não
permanecem os mesmos?
a) A formação integral do ser humano.
b) A formação do cidadão ativo e participativo da cidade
comunidade?
c) Repassar a cosmovisão, o modo de ser e estar no mundo a
comunidade às gerações vindouras?
3. Estaríamos presos a teses milenaristas de que algo novo nos
aguardo na aurora deste novo século?
a) Os problemas e medos humanos seriam outros, não mais o
sentido da vida, o medo da morte, o desafio do bem-viver em
sociedade?
B) PRESSUPOSTOS PARA PENSAR O SÉCULO XXI

1. Quais as marcas determinantes do século XX?


2. O que o diferenciou dos séculos que o antecederam?
3. Que tipo de ser humano e sociedade o século XX produziu?
4. Que problemas e/ou situações ele exportou para o século XXI?
5. Quais as tendências que se apresentam para o século XXI?
6. Que “Escola”, que “Educação”, que “Professor” se faz necessário
para enfrentar os desafios do século XXI em Curso?
7. Quais os desafios à Escola, à Educação e aos Professores no
contexto da sociedade brasileira do Século XXI?
O SÉCULO XX
- O que é um século? Que são cem anos? Que são mil anos, já que um
único instante os faz desaparecer?
- Qual é o instante de exceção que faz desaparecer o século XX?
A) A queda do muro de Berlim? O seqüenciamento do genoma? O
lançamento do euro?
- O século não é ante de tudo unidade histórica?
- A História poderia sensatamente dizer:
a) O Século começa com a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
b) Guerra que inclui a Revolução de Outubro de 1917.
c) Termina com o desmoronamento da URSS e o fim da guerra fria.
d) Um pequeno século – 65 anos – vigorosamente unificado.
e) Parâmetros históricos e políticos completamente reconhecíveis,
clássicos: a guerra e a revolução.
f) Guerra e revolução estão aqui especificadas como mundiais.
- O problema reside no fato de que o século XX não teve tempo suficiente
para gestar os conceitos necessário à interpretação do Séc. XXI.
ELEMENTOS PARA UM DIAGNÓSTICO DO SÉCULO XX

1. Das relações entre povos, países e culturas.


1.1 Produzimos intolerância
a) 1ª Guerra Mundial (1914 a 1918)
b) 2ª Guerra Mundial (1939 a 1945)
c) Guerra do Vietnã
d) Guerra do Golfo
e) Invasão do Iraque
1.2. Do século I ao XV, 4 milhões de pessoas foram mortas em conflitos
bélicos
No século XVI - 2 milhões
No século XVII - 6 milhões
No século XVIII -7 milhões
No século XIX, -19 milhões
No século XX -111 milhões - (até agosto de 2000)
Fonte: The Washington Post.
EDUCAÇÃO APÓS AUSCHWITZ
Theodor Adorno

- “A exigência de que Auschwitz não se repita é a primeira de todas


para a educação. Qualquer debate acerca de metas educacionais
carece de significado e importância frente a essa meta: que
Auschwitz não se repita. Ela foi a bárbarie contra a qual se dirige
toda a educação.

- Fala-se da ameaça de uma regressão à bárbarie. Mas não se trata


de uma ameaça, pois Auschwitz foi a regressão; a bárbarie
continuará existindo enquanto persistirem no que têm de
fundamental as condições que geral esta regressão.”
2. Do ponto de vista econômico.
2.1 Escala produtiva de bens de consumo em série – fordismo.
2.2 Desenvolvimento de métodos produtivos temporalizados – toyotismo.
2.3 Divisão e especialização social do trabalho.
2.4 Capacidade produtiva em escala sem igual na história da humanidade.
2.5 Estamos em plena era da globalização, marcada pela intensificação da
relações econômicas, das trocas comerciais entre países.
2.6 Grandes corporações internacionais que determinam a o ritmo da
produção e do consumo em escala planetária.
2.7 Estamos diante de uma economia financeira mundializada que
desconhece fronteiras, povos e países. A economia tornou-se um fim
em si mesmo. As crises econômicas agora são globais.
2.8 Cresce a necessidade de pensarmos estratégias de desenvolvimento
local e regional.
2.7 Apesar do aumento da capacidade produtiva permanecem as diferenças
e as desigualdades sociais na distribuição da riqueza.
3. Do ponto de vista ambiental
-- Num planeta de recursos finitos numa escola de
produção e consumo ad infinitum , estamos diante do
esgotamento ambiental.
4. Do ponto de vista político
4.1 Afirma-se a democracia representativa.
4.2 Afirmação do estado democrático de direito que pressupõem a
afirmação dos direitos civis, sociais, políticos, individuais.
4.3 Porém, apresenta-se paradoxal neste contexto:
4.3.1 A descrença na classe política diante de seus acordos na
manutenção do poder.
4.3.2 A descrença nas instituições, sobretudo nos partidos políticos.
4.3.3 A manifestação do estado de exceção.
4.3.4 A multiplicação dos direitos não garante a efetividade do direito aos
cidadãos, aos indivíduos. O direito à vida é marcado pela intensa
agressão à vida.
4.3.5 Apresenta-se o fenômeno das manifestações de rua (massa)
desprovidos de lideranças e com uma difusa pauta de reivindicações.
5. Do ponto de vista científico e tecnológico.
5.1 O desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação
transformou o mundo numa “aldeia global”.
5.2 As categorias existenciais de tempo e espaço foram comprimidas.
5.3 Avanços no campo da engenharia genética, da biotecnologia e da
nanotecnologia passam a interferir em nossa cosmovisão.
5.4 A facilidade tecnológica de comunicação (satélites, computadores,
celulares) nos desafiam a novas definições de tempo: “real e
virtual”.
5.5 Os avanços na medicina potencializam o aumento da
longevidade.
5.6 Temos vergonha de morrer de alguma enfermidade... Preferimos
morrer de falência múltipla dos órgãos.
5.7 Vivemos na expectativa diária do anúncio de novas descobertas
científicas e médicas que garantam a eterna juventude.
6. Do ponto de vista cultural.

6.1 Facilidade de acesso e conhecimento a práticas culturais de


países e povos distantes.
6.2 Aumentam os discursos, a legislação e prática de respeito às
diferenças culturais de todas ordem, étnicas e sexuais.
6.3 Crescimento vertiginoso da indústria do turismo.
6.4 Somos partícipes da “Sociedade em rede”, da “Sociedade da
informação”, da “Sociedade em rede”.
6.5 Acessibilidade aos bens culturais produzidos pela humanidade.
6.6 Convivemos com os riscos de um processo de homogenização
cultural.
6.7 Práticas de valorização, preservação de aspectos culturais
locais como fator diferencial na dinâmica do desenvolvimento
local e regional.
7. Do ponto de vista social.
7.1 Declínio do homem público.
7.2 Crise das instituições: Família, Igreja, Escola.
7.3 Amplia-se a sociedade dos indivíduos, ou individualizada. (Baumam)
7.4 Potencializam-se os experimentos na mesma proporção da
diminuição das experiências socialmente constituídas. (Agamben)
7.5 “Modernidade Líquida”, “Tempos Líquidos”, “Vida Liquída”, “O que há
de errado com a felicidade”. (Zygmunt Bauman)
7.6 - Para Bauman nossas:
a) Comunidades - b) Identidades
c) Instituições todas socialmente construídas, tem se tornado cada
vez mais precárias e fugazes.
d) Espaço para identidades líquidas, num mundo no qual o
declínio do Estado e a diluição das fronteiras nacionais são
irreversíveis.
e) A identidade incluindo a de gênero tem um caráter provisório e
fugaz.
Manifestações da Crise Ética de nosso tempos.
- Perplexidades em que estamos imersos atualmente.
a) Ausência de clareza a respeito do nosso futuro como espécie.
b) Ausência de sentido existencial.
c) Absolutidade e efemeridade do presente.
d) Mundo transformado numa aldeia global de consumidores.
e) Derrota do pensamento – o que importa é fazer.
f) Perda da dimensão pública da existência, cada vez mais as pessoas se
privatizam.
g) Globalização econômica - o aumento do fosso na distribuição da riqueza
mundial.
h) Sociedade da informação X Sociedade do conhecimento.
i) Sociedade do espetáculo e do controle em tempo real.
a) A busca desesperada por segurança, mesmo que isto sinalize a
perda da liberdade.
j) Mundo marcado por fundamentalismos: religiosos, de mercado,
democráticos, de consumo.
QUESTÕES COTIDIANAS

-Se as propostas apresentadas são apenas de sobrevivência porque


deveria me preocupar com os outros seres humanos?

- Por que respeitar os outros, a não ser que me sirvam exclusiva-


mente de meio para satisfazer meus interesses?

CRISE ÉTICA E DA ÉTICA

- A crise ética contemporânea tem haver diretamente com a experiência


humana atual, em que todos somos diariamente instados a nos
convertermos a um individualismo cínico. “Tenho que tirar vantagem de
tudo e de todos”.

- Nós educadores somos cotidianamente empurrados para a produtividade


e para o consumo.
- A preocupação ética se tornou central para todos nós, pois nela
está envolvido o próprio sentido da existência humana, além do
sentido daquilo que fazemos profissionalmente.

-Neste contexto desafiador impõe-se a necessidade de:

1º Nos reconhecermos que não conseguimos deixar de ser éticos.

2º Estamos condenados a sermos “seres humanos”

3º Estamos condenados porque não nos é possível nos devencilharmos dos


outros
- Nossa humanidade depende da humanidade do outro.
- Não conseguimos ser humanos sozinhos.
O DRAMA ÉTICO CONTEMPORÂNEO
- Estamos sem chão firme e comum.
- É necessário reconhecer que não é no plano econômico ou estético, ou
político que se resolverá o problema, mas no plano ético.
- Torna-se necessário situar a questão ética no contexto do que nos atinge
de perto;
a) De um modelo de relações entre seres humanos marcado pela
exclusão.
b) De um número cada vez maior de pessoas desprovidas de dignidade
em sua vida biológica e cultural.
c) Esta em jogo como vamos fundar um novo modelo de vida humana em
que nos defendamos do risco de termos que nos eliminar mutuamente
para poder sobreviver.
d) O que deve ser evitado é a aceitação como fato “normal” as
barbaridades econômicas, a violência física, os desmandos políticos, o
grande princípio da competição permeando todas as esferas da vida
humana.
- “A tarefa quase insolúvel consiste em não nos deixar imbecilizar nem
pelo poder dos outros, nem por nossa própria impotência.”(Theodor
Adorno).

- “O problema da condição humana de nossa civilização moderna é que


ela parou de se questionar (...), o preço do silêncio é pago na dura
moeda corrente do sofrimento humano” (Cornélius Castoriadis)

- É preciso estar ciente de que não basta estar preocupado com uma ética
profissional específica, mas é conveniente nos situarmos como seres
humanos que juntos terão que tomar decisões e assumir as
responsabilidades na definição de quem somos e do que faremos e
como queremos conviver.
OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E DO PROFESSOR NO SÉC. XXI – I
-Edgar Morin – “O objetivo da educação do conhecimento não é
descobrir o segredo o segredo do mundo numa palavra mestra. É
Dialogar com o mistério do mundo.”
-Esta em jogo a capacidade de mantermos vivo a ludicidade, o
prazer e a alegria de penetrar no desconhecido em busca de
resposta, sempre parciais, mantendo o elã de viver.
-É preciso caminhar na busca de soluções para os problemas que
nos atropelam e ameaçam a condição humana, a dignidade da vida
humana.
-Para que isto ocorra:
- a) É preciso ter clareza onde estamos.
a) É necessário sabermos aonde queremos ir.
b) Que caminho escolher.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI (II)

Estamos no mesmo impasse de Alice no “Páis das Maravilhas” quando


encontro o gato de Cheshire:
- Podia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?
- Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o gato.
- Não me importa muito onde... – disse Alice.
- Nesse caso não importa por onde você vá – disse o gato.
.... Contato que eu chegue a algum lugar – acrescentou Alice
- É claro que isso acontecerá – disse o gato.
desde que você ande durante algum tempo.

- Para quem não sabe para onde vai qualquer caminho serve.
- É preciso escolher algum. Escolher é sempre um risco.
- Nada nos assegura o resultado do caminho escolhido... Depende de nós.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI (III)
1. Neste contexto pensar a educação seus limites e possibilidades
é crucial não apenas para a própria educação.

2. Para todas as atividades humanas e para o conjunto todo da


sociedade, das nações, da própria humanidade.

3. O rumo que a educação tomar será o grande rumo que o novo


século e o novo milênio tomarão.

4. Talvez mais que em outros contextos a educação ocupa


atualmente um locus estratégico.

5. Estamos vivendo uma transição civilizacional, uma mudança de


“Paradigma”.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI - (IV)
1. Estamos entrando numa era intitulada pós-industrial – também
chamada de “era do conhecimento.”
a) Era altamente tecnologizada.
b) Robôs e máquinas inteligentes.
c) Desenvolvimento da formas de inteligência artificial.
d) Grande parte do esforço cerebral humano esta sendo substituído por
máquinas.
e) Novas categorias existenciais de tempo e espaço virtual. Teremos
mais tempo ou menos tempo?
f) Estamos diante de formas de produção, acumulação e distribuição
do conhecimento.
g) Novas necessidades humanas surgem nesta configuração de
mundo em que estamos inseridos.
h) Há cada vez mais demandas por atividades de entretenimento.
g) O período da educação agora é para a vida toda.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI - (V)

- Educar é a mais avançada tarefa social emancipatória.

- A educação é o caminho determinante na criação de


sensibilidade social necessária para reorientar a humanidade.

- A educação tem o desafio de conjugar de forma inovadora,


criativa, experiências efetivas de aprendizagem com criação de
sensibilidade solidária.

- A educação tem o desafio de potencializar a sociedade do


conhecimento, ocupando criativamente os acessos ao
conhecimento disponível, direcionando os processos cognitivos
dos indivíduos e das instituições.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI - (VI)

- Talvez a educação possa intensificar as relações entre o potencial


inovador do conhecimento com a própria essência criativa da vida.

- Talvez a educação possa potencializar a razão ético-comunicativa que


permita aos seres humanos construir consensos políticos fortalecendo
processos democráticos e intensificar suas predisposições à
solidariedade social.

- Talvez a educação possa contribuir com a disseminação da sabedoria de


saber conviver nas diferenças.

- “Uma sociedade onde caibam todos só será possível num mundo no


qual caibam muitos mundos. A educação se confronta com essa
apaixonante tarefa: formar seres humanos para os quais a criatividade e
a ternura sejam necessidades vivenciais societariamente estabelecidos.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI - (VII)

- Prazer, ternura, estética e conhecimento.


a) O ambiente pedagógico tem que ser um lugar de fascinação e
inventividade.
b) Um ambiente de reviravolta e potencialização dos sentidos com os
quais sensoriamos corporalmente o mundo.
c) O conhecimento tem uma inscrição corporal e como tal é estratégico
que venha acompanhada de sensação de prazer.
d) É preciso pensar a Escola como um tempo e espaço de intensidade
cognitiva, estética e ética.
e) Um tempo e um espaço de constante apropriação e reinvenção do
conhecimento.
f) Pensar a Escola a partir de uma visão educativa pautada na
produção de experiências de aprendizagem.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI - (VIII)

- Unificar instrução qualificada e criatividade.


- A arte suprema do mestre consiste em despertar o gozo da expressão
criativa e do conhecimento. (Einstein).
a) Outro desafio de nossos tempos é compreender a indissociabilidade da
melhoria pedagógica e do compromisso social da educação.
b) A educação consegue bons “resultados” quando se preocupa com gerar
experiências de aprendizagem, criatividade pra construir conhecimentos
e habilidade para saber “acessar” fontes de informação sobre os mais
variados assuntos.
c) Três analfabetismos à serem enfrentados em nossos dias:
1. O da lecto-escritura (Saber ler e saber escrever)
2. O sócio-cultural (Saber em que tipo de sociedade se vive).
3. O tecnológico (saber interagir com máquinas complexas).
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI - (IX)
- A escola necessita transcender o fato de ser uma agência repassadora de
conhecimentos prontos, mas como contexto e clima organizacional e
propício à iniciação personalizadas do aprender a aprender.
- Na sociedade do conhecimento a escola necessita decodificar criticamente
o desafio pedagógico expressado a partir de novas linguagens.
- A escola pode e é desejável que privilegie a capacidade de acessar,
decodificar e manejar conhecimentos.
- Toda proposta educacional implica fortes doses de instrução, entendimento
e manejo de regras e reconhecimento de saberes já acumulados pela
humanidade.

- Talvez seja urgente substituir a pedagogia das certezas e dos saberes pré-
fixados por uma pedagogia da pergunta, da capacidade de fazer uma boa
pergunta e do acesso as informações.
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI - (IX)
- Os desafios que a educação necessita enfrentar requer a união entre
sensibilidade social e eficiência pedagógica. O compromisso ético e
político do educador deve manifestar-se na excelência pedagógica e na
colaboração para um clima propositivo no contexto escolar.

- Ainda algumas considerações...


a) Acima de tudo necessitamos de uma escola contra toda forma de
barbárie que potencialize:
a) O desenvolvimento da autonomia.
b) O poder para a reflexão.
c) À sensibilidade estética.
d) À recusa a toda forma de imposição e de controle.
e) À toda forma de manipulação.
f) Á toda impossibilidade de fazer experiências humanas tendo como
princípio o homem como fim em si mesmo.
DESAFIOS DO PROFESSOR DO SÉCULO XXI
- As mudanças de valores, de comportamentos e concepções de vida e de
mundo em jogo, que se apresentam em nossos dias, bem como as
redefinições institucionais que compõem o tecido social contemporâneo,
requerem mudanças e atualizações na forma como os professores se
posicionam e desenvolvem suas atividades letivas.

- “(...) não é possível dar aulas apenas com o que foi aprendido na
graduação. Ou achar que a tecnologia é coisa para especialistas. Trabalhar
sozinho, sem trocar experiências com os colegas, e ignorar as didáticas de
cada área são outras práticas condenadas pelos especialistas quando se
pensa no professor do século 21. Planejar e avaliar constantemente,
acreditando que o aluno pode aprender, por outro lado, é essencial na
rotina dos bons profissionais.
MARTINS, Ana Rita; MOÇO, Anderson. O novo perfil do professor. (In) Revista Nova Escola.
Outubro de 2010, p. 47.
DESAFIOS DO PROFESSOR DO SÉCULO XXI

1. O DESAFIO PROFISSIONAL.
A) O professor é um profissional da educação. Ser professor não é vocação,
muito menos missão.

B) O que move o professor é sua capacidade e vontade de desempenhar


adequadamente sua atividade professoral.

C) Um bom profissional caracteriza-se pelo domínio de sua atividade


específica, bem como pela dedicação que imprime em sua execução,
tendo como meta o alcance da excelência no produto final de sua
atividade.

D) Do professor se requer que desempenhe adequadamente sua função


educativa, tendo presente que o amor, o zelo e a dedicação na relação
ensino-aprendizagem são imprescindíveis, porém situados no âmbito do
desenvolvimento e da busca de excelência profissional.
2. BOA FORMAÇÃO.

A) O alcance da condição profissional no exercício da docência requer que o


professor seja detentor de uma formação, sólida, consistente desde a
graduação.

B) A autoridade profissional, advém de público e notório domínio de sua área


de conhecimento em que atua.

C) É preciso que o profissional da educação continue estudando, se


possível alcançando os degraus da pós-graduação. Porém, toda esta
caminhada não dispensa o professor de conduzir periodicamente um
plano pessoal de estudos e atualizações.

D) Acesso a jornais locais, estaduais e um circulação nacional, sem falar de


acesso a internet e outras fontes de informação disponíveis
cotidianamente.
3. ATIVIDADE INTELECTUAL.

A) O novo perfil do professor solicita-lhe que, além de ser autoridade em sua


área específica de conhecimento, de desenvolver um plano de estudos
pessoal e outros elementos acima apresentados, que se desafia ao
exercício da atividade intelectual para além da sala de aula.

B) Como profissional da educação urge que desenvolva e se envolva no


debate educacional.

C) Talvez, até se possa dizer que a atividade professoral é uma das poucas
atividades que requer que o profissional a pense, repense, questione seus
pressupostos epistemológicos, metodológicos, políticos e éticos.

D) Compete-lhe ocupar os fóruns de discussão temática, posicionar através


de artigos de jornais, de revistas, conferindo visibilidade às suas idéias
educacionais.
4. USO DE NOVAS TECNOLOGIAS.

A) Num mundo em que novas pesquisas, conhecimentos e informações são


produzidos em escala vertiginosa, o acesso e domínio das novas
tecnologias pode ser um interessante instrumento do potencialização de
ensino e aprendizagem.

B) Cada vez mais o uso da internet vem se popularizando, o que significa


dizer que crianças, adolescentes e jovens transitam com facilidade e
agilidade neste meio, tornando-se importante educacionalmente
contribuir na formação destes para com o melhor uso possível de tais
ferramentas tecnológicas.

C) É necessário pensar o uso pedagógico possível das redes sociais e


outras formas de interação disponíveis através das multimídias.
5. ATUALIZAÇÃO EM NOVAS DIDÁTICAS.
A) Ministrar uma boa aula requer alguns pré-requisitos:
B) Conhecimento e domínio do programa de conteúdos da disciplina.
C) Planejamento da disciplina - objetivos consistentes para os conteúdos.
D) Cronograma de desenvolvimento dos conteúdos mensal, bimestral, semestral,
anual.
E) Atualização em torno de novas didáticas, métodos, recursos tecnológicos para
cada conteúdo específicos.
F) Fazer levantamento de especialistas e pesquisadores, museus, bibliotecas,
universidades, empresas e outros que se aproximam da temática e, que podem
ser consultados e visitados.
G) Explorar as possibilidades disponíveis na internet em torno do assunto a ser
abordado.
H) Trocar experiências com outros educadores, se possível publicar as
experiências que você considera.
I) E, sobretudo, mantenha-se atualizado, lendo, investigando, avaliando e
colocando em jogo idéias, conceitos e experiências didático-metodológicas que
você considera pertinentes.
6. CAPACIDADE DE DIÁLOGO INTERDISCIPLINAR.

A) No contexto de mundo em que estamos inseridos, a capacidade


de diálogo interdisciplinar, de disposição para trabalhar em
equipe, de trocar idéias, experiências, visões de mundo sobre
temáticas e campos conceituais comuns é uma atitude
imprescindível para o professor desenvolver sua carreira
profissional, bem como suas atividades de ensino-aprendizagem
na cotidianidade de um ano letivo, contribuindo de forma efetiva
e eficaz na promoção de uma educação de qualidade, exigência
e necessidade de um país que necessita crescer e desenvolver
suas potencialidades e, isto se faz com crianças, adolescentes e
jovens bem formados.
7. CAPACIDADE DE OBSERVAÇÃO E DE REDEFINIÇÃO DOS PLANOS
DE TRABALHO.
A) Neste contexto é fundamental ao professor exercitar a capacidade
de observação, análise e interpretação dos resultados de sua
ação.
B) Os desafios ao profissional da educação do século XXI, requer
alguém que tenha a capacidade de se auto-avaliar
constantemente em seu grau de conhecimento específico, em seu
envolvimento dialógico com outras áreas do conhecimento, em
torno dos temas que envolvem a educação e as políticas públicas
em curso em torno da mesma.
C) O professor do século XXI é um profissional que planeja sua ação
pedagógica, observa e avalia os resultados obtidos a partir do
conjunto das variáveis colocadas em curso naquele contexto,
entre eles: objetivo geral, objetivos específicos, conteúdos,
metodologias e instrumentos de avaliação.
8. Ter atitude e postura profissionais.
A) É crucial que o professor se envolva com a educação em seus aspectos
qualitativos, com a relação comunidade escola, a relação entre mundo
da vida e mundo da escola, e necessariamente em tono das políticas
públicas implementadas na área.
B) Compromisso do professor consigo, com a qualidade de seu
conhecimento em sua área específica, com sua capacidade e
disponibilidade intelectual para participar dos debates de interesse
educacional e publicar seus posicionamentos em torno das questões em
jogo.
C) Comprometer-se com a busca das melhores condições para o
desenvolvimento do seu trabalho. Isto implica em questões que
envolvem a escola e seus recursos e instalações, mas anterior a isto,
implica na continua exigência de um plano de carreira, de alcance de um
salário condizente com o esforço característico da atividade
Professional.
C) Evitar na medida do possível adentrar em áreas conceituais, para a qual
não se dispõem de habilidades e conhecimentos suficientes para conduzir
um bom trabalho de ensino-aprendizagem. Os imperativos da
composição de cargas horárias, associadas ao apelo de um maior ganho
salarial conduzem o professor a esta condição deprimente e prejudicial
para o desenvolvimento de uma educação de qualidade.
D) Cultivar a capacidade de diálogo com outras áreas do conhecimento, a
capacidade de observação, análise e interpretação em torno do próprio
fazer pedagógico.
E) Os desafios que povos e nações enfrentam, os desafios do meio
ambiente, os desafios dos diversos brasis no interior do Brasil requer
muita gente inteligente, com capacidade em matemática, física, química,
português, história, geografia, filosofia, sociologia, com sensibilidade para
a dimensão artística do mundo. Enfim, com capacidade intelectual e, esta
é a contribuição inestimável que o novo professor pode dar ao Brasil,
senão ao mundo.

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