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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA

CURSO DE ENGENHARIA QUIMICA

GABRIEL GRIMM ACUÑA

Séries Numéricas

CURITIBA
2019
1 Séries Numéricas

1.1 Séries

Série infinita, ou simplesmente série, é aquela obtida quando da soma de termos de


uma sequência de números reais (an) e representada por:

𝑎 = 𝑎 + 𝑎 + 𝑎 + ⋯+ 𝑎 + ⋯

Podemos também representar uma série por ∑ 𝑎 , onde an é denominado termo


geral. Uma soma infinita só se torna aceitável quando teoricamente fundamentada pelo
conceito de limite de uma sequência, onde :

Definição 1.1. O número real será dito limite da sequência (xn )de números reais se,
para cada 𝜖 > 0, for possível encontrar um natural n0 ∈ ℕ tal que |xn - a| < 𝜖 sempre
que n > n0.

Consideremos a sequência formada pelas somas parciais ou reduzidas:

s1 = a1 ,

s2 = s1 + a2 = a1 + a2 ,

s3 = s2 + a3 = a1 + a2 + a3,

Sn = sn-1 + xn = a1 + a2 + ⋯+ an-1 + an .

Assim, essas somas parciais formam uma nova sequência denotada por (Sn), que
pode ou não convergir.

Se existir o limite

𝑠 = lim 𝑠 = lim[a + a + ⋯ + a + a ],

a série ∑ 𝑎 será convergente e o limite 𝑠 será denominado soma da série. Assim


chegamos na segunda definição:
1.2 Convergência e divergência

Definição 1.2. Dada uma série ∑ 𝑎 = 𝑎 + 𝑎 + 𝑎 + ⋯ + 𝑎 + ⋯, denotemos por Sn


sua n-ésima soma parcial:

𝑆 = 𝑎 = 𝑎 + 𝑎 + 𝑎 + ⋯+ 𝑎

Se a sequência (Sn) for convergente e lim sn= s, então a série ∑ 𝑎 será dita
convergente e escrevemos ∑ 𝑎 = 𝑠. O número s é denominado soma da série. Caso
contrário, a série será dita divergente.

Teorema 1.1. Se ∑ 𝑎 for uma série convergente, então lim 𝑎 = 0.

Uma série pode divergir por dois motivos: -Sequência das reduzidas Sn não é limitada
ou oscilam em torno de alguns valores. Esta última não ocorre quando os termos da
série tiverem todos o mesmo sinal.

Teorema 1.2. Seja (an) uma sequência tal que 𝑎 ≥ 0 para todo 𝑛 ∈ ℕ. A série ∑ 𝑎
convergirá se, e somente se, as reduzidas 𝑠 formarem uma sequência limitada, isto é,
se, e somente se, existir 𝑘 > 0 tal que 𝑎 + ⋯ + 𝑎 < 𝑘, para todo 𝑛 ∈ ℕ.

Exemplo 1.1. Uma série particularmente importante é a série geométrica definida por

𝑎 + 𝑎𝑟 + 𝑎𝑟 + 𝑎𝑟 + ⋯ + 𝑎𝑟 + ⋯ = 𝑎𝑟 , 𝑎 ≠ 0.

Aqui observamos que cada termo é obtido da multiplicação do anterior por um real r,
chamado de razão. Se||𝑟| ≥ 1, o termo geral 𝑎𝑟 não convergerá para 0 e, assim, a
série geométrica divergirá. Agora, assimilando a soma com a razão:

𝑎(1 − 𝑟 )
𝑠 =
1−𝑟

( )
Se −1 < 𝑟 < 1 então lim𝑟 = 0; assim lim 𝑠 = lim = . Então, se |𝑟| < 1,

a série geométrica convergirá e sua soma será .


Fica assim registrado o teorema:

Teorema 1.3. A série geométrica ∑ 𝑎𝑟 , 𝑎 ≠ 0, será convergente se |𝑟| < 1 e


sua soma será

𝑎
𝑎𝑟 =
1−𝑟

Se |𝑟| ≥ 1 , a série geométrica será divergente.

1.3. Testes de Convergência

Não é fácil determinar a soma exata de uma série, e em alguns casos, pode ser até
mesmo impossível. Para casos como Σ 1/[𝑛(𝑛 + 1)] podemos encontrar uma fórmula
simples para a n-ésima soma parcial sn, mas geralmente tal fórmula é mais complexa de
ser encontrada.

Por isso, passamos a analisar as hipóteses que garantem a convergência (ou


divergência) de uma série, mesmo sem se determinar o valor da soma no caso da
convergência. Dessa forma, explicitaremos um teste de convergência conhecido como
Teste de Comparação.

Para primeiro realizar qualquer comparação, devemos primeiro estabelecer um teste de


divergência.

Teorema 1.4. (Teste de Divergência). Se lim a não existir ou se lim a ≠ 0 então a


série ∑ 𝑎 será divergente.

Exemplo 1.2. Mostremos que ∑ é divergente usando o teorema 1.4.:

6
𝑛 −6 1− 1
lim = lim 𝑛 = ≠ 0.
10𝑛 10 10

Agora sim, um vez estabelecida a convergência (ou divergência) de uma érie, podemos
utilizá-la para provar a convergência (ou divergência) de outra série mediante uma
simples comparação dos termos gerais, desde que sejam satisfeitas hipóteses
convenientes.
Teorema 1.5. (Teste de Comparação). Suponhamos que ∑ 𝑎 e ∑ 𝒃𝒏 sejam séries de
termos positivos. Se existirem 𝑐 > 0 𝑒 𝑛 ∈ ℕ tais que an ≤ cbn para todo n > n0, então
a convergência de ∑ 𝒃𝒏 implicará a de ∑ 𝑎 enquanto a divergência de ∑ 𝑎 implicará
a de ∑ 𝒃𝒏 .

Exemplo 1.3. A série ∑ é convergente. De fato, para todo 𝑛 ≥ 1,

5 5
3 +2>3 ⟹ <
3 +2 3

Mas, ∑ é uma série geométrica convergente. Portanto, pelo Teste de

Comparação,a série ∑ é convergente.

1.4. Série de Taylor

Definição 1.3. Sendo f uma função real que admite uma expansão em série de potências
em torno de 𝑎 ∈ ℝ, então

𝑓 (𝑎)
𝑓(𝑥) = (𝑥 − 𝑎)
𝑛!

é a Série de Taylor da função f em torno de a.

A série de Taylor de uma função f pode ser convergente ou divergente. Para


funções elementares (trigonométricas e exponenciais) , a convergência da série de
Taylor para a função f está assegurada, pois todas elas são funções analíticas.

( )
A Série de Taylor 𝑓(𝑥) = ∑ !
(𝑥 − 𝑎) quando a = 0 é também

denominada Série de Maclaurin.

Exemplo 1.4. A série da função trigonométrica real f: ℝ ⟶ ℝ f(x) = senx é dada por

(𝑥)
(−1)
(2𝑛 + 1)!
Para todo 𝑥 ∈ ℝ. Para obter a expressão acima, basta notar que

𝑓(𝑥) = 𝑠𝑒𝑛𝑥 ⟹ 𝑓(0) = 0

𝑓′(𝑥) = 𝑐𝑜𝑠𝑥 ⟹ 𝑓′(0) = 1

𝑓′′(𝑥) = −𝑠𝑒𝑛𝑥 ⟹ 𝑓′′(0) = 0

( ) ( )
𝑓 = −𝑐𝑜𝑠𝑥 ⟹ 𝑓 = −1

e, a seguir, os valores voltam a se repetir. Assim, a Série de Maclaurin da função seno é


dada por

𝑓 (0) 𝑓 (0) 𝑓 (0)


𝑓(0) + + + +⋯
1! 2! 3!

𝑥 𝑥 𝑥 (𝑥)
=𝑥− − − +⋯ = (−1)
3! 5! 7! (2𝑛 + 1)!

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