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Propriedades Materiais PDF
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ÁREA DE CONSTRUÇÃO
Materiais de Construção I
1. Introdução
Todas as obras de engenharia civil são realizadas com recurso a materiais de construção.
O uso racional dos materiais, do ponto de vista técnico e económico, exige o conhecimento
adequado das suas propriedades e dos processos de fabrico ou de transformação. Só assim será
possível seleccionar, entre várias opções viáveis, aquela que permita melhores desempenhos.
Torna-se, pois, necessário conhecer as propriedades básicas dos materiais, a sua origem e
natureza, assim como o seu processo de fabrico.
Madeira
De origem vegetal
Borracha
Naturais
Pedras naturais
Relativamente à origem De origem mineral
Areia
Plástico
Provenientes de compostos
Tintas
químicos
Colas
Artificiais
Provenientes de metais Ligas metálicas
Provenientes de produtos Gesso
naturais Materiais cerâmicos
Ferrosos:
Aço
Ferro Fundido
Chumbo
Não ferrosos de
baixa densidade:
Alumínio
Materiais Cerâmicos ou São substâncias inorgânicas Tijolo
Inorgânicos não formadas por ligações Azulejo
Metálicos iónicas e/ou covalentes.
São substâncias orgânicas de PVC
estrutura complexa Polipropileno
parcialmente cristalina e
Materiais Poliméricos1
parcialmente amorfa,
predominando a ligação
covalente
1
Há materiais poliméricos naturais como por exemplo a madeira, a borracha e fibras vegetais e materiais poliméricos
sintéticos dos quais o grupo mais importante é o dos plásticos.
Vidros
Vitrocerâmica
Por fusão Esmaltes
Refractários electrofundidos
Fibras cerâmicas
Como foi dito no ponto anterior, podem-se considerar vários critérios para a
classificação dos materiais. No entanto, em engenharia, e por razões de conveniência, é habitual
admitir-se a classificação dos materiais em função da sua natureza. Dada a sua crescente
importância em engenharia, devem considerar-se, nesta classificação os materiais compósitos e
os materiais electrónicos [8]:
1. Metálicos
2. Poliméricos
3. Cerâmicos
4. Compósitos
5. Electrónicos
azoto, carbono e oxigénio). Microscopicamente, os metais têm uma estrutura cristalina, na qual
os átomos se dispõem de forma ordenada. Estes materiais são, na generalidade, dúcteis e
resistentes à temperatura ambiente e apresentam boa condutibilidade térmica e eléctrica. Em
função da quantidade de ferro que contêm, dividem-se em materiais ferrosos (com elevada
percentagem de ferro) e não ferrosos (quando o ferro não entra na sua composição ou surge em
quantidades muito reduzidas). O ferro fundido e o aço são materiais ferrosos, enquanto que o
alumínio, o cobre, o zinco, o titânio e o níquel são materiais não ferrosos. Nas figuras 1 a), b) e
c) apresentam-se algumas obras que utilizam estes materiais na sua construção.
a) b) c)
Figura 1 - Utilização de materiais metálicos na construção: a) Ponte 25 de Abril, em Lisboa; b) Elevador de
Santa Justa, em Lisboa; c) Ponte D. Maria Pia, no Porto.
a) b) c)
Figura 2 - Utilização de materiais poliméricos na construção: a) Tubos para a condução de água; b)
Caixilharias de janelas; c) Abobadilhas para Lajes aligeiradas.
a) b)
Figura 3 - Utilização de materiais cerâmicos na construção: a) Painel de azulejos no Convento de Cristo, em
Tomar; b) Elementos cerâmicos na fachada do edifício da Escola Superior de Tecnologia, em Tomar.
a) b)
Figura 4 - Materiais compósitos: a) Betão; b) Madeira.
a) b)
Figura 5 - Utilização de materiais compósitos na construção: a) Torre do Tombo, em Lisboa; b) Serpentine
galery, Londres (2005).
Para avaliar as propriedades dos materiais de construção recorre-se a ensaios que podem
ser de dois tipos:
- Ensaios de Investigação – são ensaios em que se procede à pesquisa de todas as
propriedades físicas, químicas, mecânicas, etc., dos materiais.
- Ensaios de Recepção – são ensaios mais simples que pretendem apenas determinar
certas propriedades.
Os ensaios de recepção dos materiais podem ser classificados como destrutivos e não
destrutivos. Os ensaios de recepção destrutivos inviabilizam o material para o uso (o ensaio de
resistência à tracção de um provete de aço e o ensaio de resistência à compressão do betão
inutilizam os respectivos materiais para o uso). Quando se realizam estes ensaios, não se
determina a verdadeira resistência do material, mas os valores comparativos dos esforços
exercidos pelo equipamento de ensaio no material, dado que os resultados dos ensaios
dependem de vários factores, tais como:
- forma e dimensões do provete;
- velocidade de realização do ensaio;
- modo de aplicação das cargas;
- tipo de máquina;
- condições de realização do ensaio
Os ensaios de recepção não destrutivos utilizam métodos em que não há destruição das
peças a ensaiar. Estes ensaios têm a vantagem de se poderem realizar na própria peça e portanto
sem necessidade de recorrer a provetes, permitindo também acompanhar a resistência da peça
ao longo do tempo. Seguidamente apresentam-se alguns ensaios de recepção não destrutivos:
Esclerómetro de Schmidt – os métodos esclerométricos aferir a resistência do betão
à compressão, com base no recuo de um pistão depois deste colidir com a superfície
da peça a ensaiar, estimando, desta forma, a resistência a partir da dureza superficial
do betão. O esclerómetro de Schmidt (figura 6) é constituído por um pequeno
cilindro maciço de aço junto ao qual existe uma mola que recua ao fazê-lo chocar
com a superfície da peça. Este recuo é tanto maior quanto maior for a resistência à
compressão da peça. Este método é útil para determinar a evolução do
endurecimento do betão ou comparar a sua qualidade em diferentes zonas da
mesma obra, mas não para controlar a resistência do betão já que a dispersão dos
diferentes valores obtidos é bastante grande e além disso a parte ensaiada é apenas a
camada superficial do betão. Os valores obtidos dependem de alguns factores como
por exemplo, a posição do esclerómetro, o estado da superfície, a humidade do
betão, a rigidez da peça e a concentração de grãos à superfície.
Para a aplicação deste método pode-se usar um aparelho designado por PUNDIT –
“Portable Ultrasonic Non-Destructive Digital Indicating Tester” (figura 7). Este
equipamento produz ondas ultra sónicas que são transmitidas ao material através de
uma sonda que é colocada numa das faces do material. No extremo oposto é
posicionada outra sonda que recebe o sinal propagado através do material. Desta
forma é possível detectar defeitos no interior da peça, tais como cavidades, fendas e
fissuras.
a) b)
Figura 7 – Pundit.
Volume absoluto, Vr (ou volume real): corresponde ao volume ocupado pela matéria,
não se considerando o volume de vazios desse corpo;
Vr=V - Vv (2)
a) Barra
b) Tracção
Compressão
c) Esforço transverso
d) Momento de flexão
e) Momento de torção
Figura 8 – Deformações causadas por várias acções exercidas sobre uma barra.
Em cada secção o esforço distribui-se pela área. Se a área da secção transversal é pequena, o
esforço será grande; se a área aumentar, o esforço diminuirá. A relação entre as forças aplicadas
numa determinada secção e a sua área designa-se por tensão, σ.
Força
σ= (3)
Superfície
Cada material reage de forma diferente às tensões instaladas, isto é, para uma mesma tensão
poderá haver uma deformação diferente, em diferentes materiais. No entanto, a uma acção
aplicada num determinado elemento corresponde sempre uma variação das suas dimensões
(deformação). As variações dimensionais para além de serem proporcionais às tensões
instaladas, também variam em função das dimensões lineares dos elementos onde os esforços
estão a ser exercidos, pelo que devem ser expressas em função do comprimento unitário. É desta
forma que se definem as deformações unitárias ou extensões.
A extensão, ε, é expressa através da relação entre a variação dimensional provocada pelo
carregamento relativamente ao comprimento inicial, medido antes da aplicação da força (figura
9).
A Lei de Hooke estabelece a seguinte relação entre a tensão e a deformação sofrida por um
determinado material:
Tensão
= Constante (4)
Deformação
Os valores das tensões aplicadas e das respectivas deformações podem ser relacionados
através do designado diagrama de tensão-deformação (figura 11).
Regime elástico
Ocorre durante a fase inicial do ensaio, em que a tensão nominal, σ, é proporcional à
deformação nominal, ε. A tensão limite de proporcionalidade, σp, corresponde ao ponto
em que deixa de haver proporcionalidade entre as tensões e as deformações. A tensão
limite de elasticidade, σe, isto é, a tensão para além da qual o material apresenta, após
a descarga, deformações permanentes, é ligeiramente superior a σp. Usualmente
considera-se σe ≡ σp. A área triangular situada abaixo do diagrama, desde zero até σp,
Cedência plástica
A cedência plástica é atingida quando a força aplicada, F, passa a manter-se
estacionária. A tensão correspondente designa-se por tensão de cedência, σc. O trecho
do diagrama que corresponde à cedência é sensivelmente horizontal e designa-se por
patamar de cedência. A partir desta fase e até à rotura, o material apresenta sempre
deformações permanentes após a descarga, o que caracteriza o comportamento
plástico.
Endurecimento
Na fase de endurecimento, a tensão nominal atinge o valor máximo, σr, a que se dá o
nome de tensão de rotura do material, ainda que a rotura do provete não ocorra nesta
fase. No entanto, esta designação justifica-se pelo facto do valor máximo da tensão
nominal coincidir com a rotura no caso dos materiais frágeis. Observa-se que até ao
final da fase de endurecimento, a deformação é sensivelmente uniforme ao longo do
provete.
Estricção
A estricção ocorre após o endurecimento e caracteriza-se por a deformação deixar de
ser uniforme ao longo do provete, concentrando-se numa determinada zona – zona de
estricção - facilmente identificável por um acentuado estrangulamento da secção
transversal do provete. O provete rompe finalmente pela secção mais reduzida na zona
de estricção. Durante esta fase, ao decréscimo da tensão nominal corresponde um
acréscimo da deformação nominal.
Os materiais também se podem deformar devido a outras causas, tais como o acréscimo de
temperatura: se um material sofrer um aumento de temperatura dilatar-se-á. Para um estudo
mais pormenorizado, pode-se classificar essa dilatação em três tipos: dilatação linear (que
ocorre apenas numa dimensão), dilatação superficial (ocorre em duas dimensões) e dilatação
volumétrica (ocorre em três dimensões).
Todos os materiais são caracterizados por um coeficiente de dilatação térmica linear, α.
Este parâmetro permite prever as deformações sofridas pelos materiais devido à acção da
temperatura.
A variação do comprimento da barra, ∆L, da figura 12, pode ser calculada pela expressão
(7):
∆L = α × ∆T × L 0 (7)
∆A = β × ∆t × A 0 (9)
Em que
β = 2α (10)
Em que.
γ = 3α (13)
V = V0 (1 + γ × ∆t ) (14)
R eacção ao
F ogo
N ão In flam ável
inflam ável
M1
M2 M3 M4
Classes de
Descrição Exemplos
reacção ao fogo
- Pedra
- Gesso
M0 São incombustíveis
- Betonilha
- Metais
Submetidos ao calor, decompõem-se sem - Reboco com pintura
chama, sem emissão sensível de calor, sem - PVC rígido
M1
libertação apreciável de gases combustíveis - Espuma de
ou nocivos. poliestireno ignifugado
- Papel reforçado com
A sua combustão ou incandescência termina juta
M2
após a supressão da fonte de calor. - Reboco ou estuque
com pintura espessa
- Tacos de madeira
A sua combustão ou incandescência
- Mosaicos vinílicos
M3 prossegue mesmo após o afastamento da
- Aglomerado
fonte de calor.
composto de cortiça
- Derivados de madeira
A sua combustão ou incandescência
envernizados
M4 prossegue e propaga-se até à destruição
- Aglomerado negro de
total.
cortiça
Quadro 1 – Características das classes de reacção ao fogo dos materiais.
Outra característica dependente dos materiais, tem a ver com a manutenção das funções
dos elementos estruturais e de compartimentação durante um determinado tempo. Designa-se
por resistência ao fogo e avalia o tempo que decorre entre o início do processo térmico a que o
A transmissão do calor entre dois elementos ocorre sempre que se verifique uma
diferença de temperatura entre eles, dando-se o fluxo no sentido das menores temperaturas. O
fluxo de calor, φ, é a quantidade de calor que passa através de uma determinada superfície por
unidade de tempo. A transmissão de calor pode ocorrer por:
Alguns materiais conduzem melhor o calor que outros. Esta propriedade é expressa pela
condutibilidade térmica, λ , que é uma propriedade térmica do material. A condutibilidade
térmica de um material corresponde ao fluxo de calor que percorre 1 m2 de uma parede com 1 m
de espessura desse material, quando a diferença de temperatura entre as duas faces da parede é
de 1ºC (figura 16) e exprime-se em W/m ºC.
e
R= (15)
λ
Em que
e – espessura do material (m)
λ – coeficiente de condutibilidade térmica do material [W/(mºC)]
No quadro 2 apresentam-se os valores dos coeficientes de condutibilidade térmica de
alguns materiais.
Coeficiente de condutibilidade
Material
térmica, λ (W/mºC)
Granito 3.0
Mármore 2.9
Xisto 2.2
Betão normal 1.75
Betão cavernoso 1.4
Estuque projectado 0.5
Gesso cartonado 0.35
Quadro 2 – Condutibilidade térmica de alguns materiais de construção.
6.3 Transmissão do calor através dos elementos construtivos da envolvente dos edifícios
A transmissão do calor numa construção, faz-se através dos elementos que separam
ambientes térmicos distintos, nomeadamente paredes, pavimentos e coberturas. Estes elementos
podem ser constituídos por um único material, ou por um conjunto de camadas de diversos
materiais que podem ter uma distribuição homogénea ou heterogénea.
O fluxo de calor que passa através de 1m2 de parede simples de um material homogéneo
será tanto maior, quanto:
- maior for a diferença de temperaturas entre os dois ambientes;
- menor for a espessura da parede;
- menor for a resistência do material à passagem do calor (isto é, quanto maior for
λ).
A resistência térmica global, U, de uma parede constituída por várias camadas contíguas
(figura 18), calcula-se somando as resistências correspondentes a cada camada, incluindo as
resistências térmicas superficiais (exterior e interior) junto a cada um dos paramentos, como é
expresso através da expressão (16).
Em que:
Rsi - resistência térmica superficial do interior [(m2ºC)/W]
K i Si
Kp = (18)
Si
Na expressão (18):
Ki – condutibilidade térmica do elemento i
Si – área do elemento i
O fluxo de calor, φ, que atravessa um elemento de construção pode ser determinado em
função da condutância térmica global, K, desse elemento e das temperaturas dos dois ambientes
separados pelo elemento, como se indica na expressão (19).
φ = K (θ i − θ e ) (19)
Nesta expressão:
θi – temperatura no ambiente interior (ºC)
θe – temperatura no ambiente exterior (ºC)
A expressão (19) permite determinar o fluxo de calor por unidade de superfície (m2)
atravessada. O fluxo de calor é constante ao longo de todas as camadas atravessadas.
ainda que com a mesma quantidade de vapor de água (8,8 g/kg). A temperatura correspondente
a uma humidade relativa de 100% é designada por ponto de orvalho, isto é, a temperatura a
partir do qual a condensação, nas paredes do ambiente considerado, se inicia.
No entanto, a condensação pode ocorrer à superfície (condensação superficial) dos
elementos de construção - paredes, pavimentos ou tectos - ou no interior dos materiais
(condensação interna) que constituem esses elementos. Tanto a condensação superficial como a
interna devem ser sempre evitadas, porque a primeira causa desconforto aos ocupantes do
compartimento em que ocorre e a segunda porque altera o desempenho esperado dos materiais e
provoca a sua deterioração.
O cálculo das temperaturas nas superfícies interiores das paredes exteriores, pavimentos
em contacto com o exterior, ou coberturas, faz-se de acordo com a expressão (19), sendo,
depois, necessário verificar se existe condensação na superfície dos elementos de construção.
6.5 Transmissão de vapor de água através dos elementos construtivos da envolvente dos
edifícios
Se uma parede é permeável ao vapor de água e separa dois ambientes em que a pressão
de vapor é muito diferente, então haverá fluxo de vapor do ambiente de maior pressão para o
ambiente de menor pressão.
e
Kπ = (22)
π
π 1
Rπ = = (23)
e Kπ
No caso de uma parede múltipla, o fluxo de vapor é calculado através da fórmula (24):
p1 - p0 p2 - p1 p3 - p2 p4 - p3 p4 - p0
φv = = = = = (24)
e1 e2 e3 e4 e1 e2 e3 e4
+ + +
π1 π2 π3 π4 π1 π2 π3 π4
P0 π1 π2 π3 π4
P4
e1 e2 e3 e4
P0 P1 P2 P3 P4
Figura 20 – Traçado da curva de pressões.
A acústica é uma disciplina cujo objecto de estudo é o som. Do ponto de vista físico, pode-
se definir som como uma sucessão de ondas com diferentes comprimentos e amplitudes. Do
ponto de vista fisiológico trata-se de um fenómeno acústico que produz uma sensação auditiva.
Esta sensação sonora é causada pela existência de uma fonte sonora que emite o som sendo este,
por sua vez, transmitido ao ouvido humano.
As ondas sonoras podem-se transmitir da fonte até ao ouvido de forma directa, através do
ar, ou de forma indirecta por condução nos materiais (por exemplo através das paredes e dos
pavimentos). A velocidade de propagação das ondas sonoras depende do meio através do qual
se transmitem. No quadro 5 apresentam-se alguns valores da velocidade de propagação do som
em função do meio de transmissão.
Velocidade de propagação
Meio de propagação
(m/s)
Ar 340
Aço 5800
Água 1500
Quadro 5 – Velocidade de propagação vs. meio de propagação.
Uma fonte sonora produz uma quantidade de energia sonora, E, por unidade de tempo,
ou seja, a fonte tem uma determinada potência sonora, W, como indica a expressão (25). A
potência de uma fonte sonora expressa-se em Watt (1 Watt = 1 Joule/s). A potência sonora serve
fundamentalmente para classificar, em termos quantitativos, as fontes de ruído.
E
W = (25)
∆t
Quando o som é produzido por uma fonte sonora com uma potência sonora, W, dá-se
uma transferência de energia da fonte para as moléculas de ar adjacentes, segundo uma
propagação radial, ou seja, existe uma variação da pressão no ar (figura 21).
A pressão sonora num dado pode ser determinada através da fórmula (26):
Na expressão anterior:
t – tempo (s)
A potência (W), pressão (p) e intensidade (I) sonoras são parâmetros básicos (figura 22)
que se podem relacionar através da expressão (27):
W p2
I= = (27)
4πr 2 ρc
Em que
r – distância do ponto à fonte sonora
ρ – densidade do ar
c – velocidade de propagação do som
p
L p = 20 log (28)
p0
Em que
p – valor de pressão medido (Pa)
p0 – valor de referência de pressão sonora (2×10-5 Pa)
W
L w = 10 log (29)
W0
Na expressão anterior:
W – potência sonora, em Watt
W0 – potência sonora de referência (W0= 10-12 W)
I
L I = 10 log (30)
I0
I – intensidade sonora, em W/m2
I0 – intensidade sonora de referência (I0= 10-12 W/m2)
As ondas sonoras que radiam de uma fonte propagam-se através do meio adjacente a
uma velocidade constante, c. A velocidade de propagação do som (expressa em m/s) no ar é
aproximadamente 344 m/s. A frequência, f, é um fenómeno periódico que corresponde ao
número de ciclos de pressão por segundo e exprime-se em Hertz (Hz).
1
f= (31)
T
em que T representa o tempo de duração de cada ciclo, em segundos.
O timbre é outro parâmetro que permite caracterizar o som, para além da intensidade
(sons fracos/sons fortes) e da frequência (sons agudos e sons graves). O timbre permite
distinguir dois sons com a mesma intensidade e frequência, mas provenientes de fontes
distintas.
A gama de frequência do som vai desde valores inferiores a 1 Hz até várias centenas de
KHz. No entanto, a gama audível, para os humanos, varia entre 20 Hz e 20 KHz. Os valores de
frequência abaixo da gama audível designam-se por infrasons, enquanto que os valores acima
desta gama se designam por ultrasons (figura 27).
A propagação dos sons nos edifícios faz-se principalmente por via aérea e por via
sólida. Os sons que utilizam predominantemente o ar como meio de propagação são designados
sons aéreos. Os sons que se propagam através dos meios sólidos são denominados sons de
percussão ou de impacto.
Os sons aéreos resultam da excitação do meio gasoso que envolve a fonte de excitação
(por exemplo, aparelhos de rádio e televisão, conversação) os quais, por norma, alteram de
forma dominante o campo sonoro nos compartimentos circunvizinhos ao compartimento onde
tem origem a excitação (figura 29 a)).
Os sons de percussão resultam da excitação directa de um elemento de
compartimentação qualquer e podem, devido à rigidez das ligações existentes, propagar-se com
grande facilidade através de toda a malha estrutural do edifício estabelecendo campos sonoros,
eventualmente intensos, em compartimentos bastante distantes do local da fonte sonora. Por este
motivo, os sons de percussão podem ter um carácter mais “incomodativo” no comportamento
acústico de um edifício relativamente aos sons aéreos (figura 29 b)).
Os impactos provocam sons de curta duração mas cuja potência vibradora se propaga
frequentemente a uma grande distância, apoiando-se nos componentes sólidos dos edifícios que
facilitam a sua transmissão. Por isso, há que diminuir a quantidade de energia fornecida. Os
sons aéreos são geralmente menos potentes mas de maior duração, criando condições sonoras
ambientais em zonas vizinhas do seu ponto de origem, com níveis de ruído que serão
certamente perturbadores. Relativamente à transmissão de sons aéreos, há uma atenuação de 6
dB, cada vez que se duplica a distância da fonte, em espaço livre.
Quando as ondas sonoras “chocam” com uma superfície (por exemplo, uma parede ou
um pavimento), uma parte da energia reflecte-se, outra transmite-se e outra parte é absorvida
pela superfície. A parcela transmitida é função da frequência do som incidente e da massa por
unidade de superfície da parede. A eficácia de um material de revestimento de uma superfície é
quantificável através do coeficiente de absorção sonora, α, que se determina através do
quociente entre a energia absorvida e a energia incidente (0<α<1). Este parâmetro varia com a
frequência, como se demonstra no quadro 6 onde se indicam alguns valores que os coeficientes
de absorção podem assumir.
que numa sala de aula o mesmo parâmetro deve estar compreendido entre 0,6 e 0,9 s. A fórmula
empírica de Sabine - expressão (33) - permite avaliar o tempo de reverberação de um
compartimento.
V
Tr = 0,163 (33)
A
Nesta expressão:
Tr – Tempo de reverberação, em segundo
V – volume do compartimento, em m3
A – área de absorção equivalente, que se pode determinar pela soma de várias
áreas equivalentes elementares:
n
A= α × Si
i
(34)
i =1
Em que:
αi – coeficiente de absorção do material de revestimento, pessoa ou
equipamento
Si – área da superfície revestida com o material de coeficiente αi, ou o número
de pessoas, ou de determinados equipamentos.
Os materiais porosos ou fibrosos são eficazes nas altas frequências: 1600 Hz a 6400 Hz
(figura 30). O movimento do ar contido nos pequenos orifícios do material permite, por efeito
da viscosidade, a dissipação da energia cinética em calor. Aplicam-se como revestimentos de
superfícies. Podem ainda aplicar-se como atenuadores suspensos.
Os materiais ressoadores são eficazes nas médias frequências, 400 Hz a 1600 Hz (figura
31). Consistem em painéis perfurados colocados a alguma distância de um elemento de suporte,
vertical ou horizontal rígido. As vibrações no ressoador, por atrito, dissipam parte da energia
sonora existente.
7.9.3 Membranas
As membranas são mais eficazes nas baixas frequências, 100 Hz a 400 Hz (figura 32).
A membrana é constituída por uma placa flexível separada de uma base de suporte, vertical ou
horizontal, através de apoios.
A absorção do som é conseguida através da dissipação da energia sonora no movimento da
placa (membrana).
Figura 32 – Membranas.
8. Bibliografia
[1] ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DA INDÚSTRIA DE CERÂMICA, “Manual de
Alvenaria de Tijolo”, Coimbra, 2000
[2] BAUER, L. A. Falcão, Materiais de Construção, Editora Pedagógica Universitária,
Lda, S. Paulo, Brasil, 1978
[3] COUTINHO, Joana S.; “Materiais de Construção I – parte 1: metais e ligas metálicas”,
FEUP, 2003
[4] PATTON, W.J.; “Materiais de Construção”, Editora Universidade de S. Paulo, 1978,
São Paulo
[5] PETRUCCI, Eládio G.R.; “Materiais de Construção”; Editorial Globo, Porto Alegre,
1976
[6] QUARESMA, Celestino F., “Classificação e Comportamento dos Materiais de
Construção”, Coimbra, 1993
[7] Regulamento das características de comportamento Térmico dos Edifícios, Decreto-Lei
80/2006 de 4 de Abril
[8] SAMPAIO, Joaquim C.; “Materiais de Construção”; AEFEUP, Universidade do Porto,
1978
[9] SMITH, William F.; “Princípios de Ciência e engenharia dos Materiais”, Mc Graw-Hill,
1998
[10] TADEU, A. J. B.; Mateus; Diogo; “Acústica de Edifícios”, FCTUC, 2003