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Aos alunos:

Queridos alunos, os tempos pelos quais estamos a passar são especiais para todos. Temos, pais, alunos e
professores que reinventar as nossas rotinas, o que não é fácil. Mas somos um povo “nobre” e uma nação valente
e por isso todos juntos vamos ultrapassar isto.

Para registar no caderno diário.

Lições n.os 94 e 95 ?? 23/03/2020

Sumário:

Leitura e análise do capítulo 3 de História de uma gaivota e de um gato que a ensinou a voar de Luís Sepúlveda.

Formação de palavras.

CAPÍTULO IV

O fim de um voo

O gato grande, preto e gordo estava a apanhar sol na varanda, ronronando e meditando acerca de como se
estava bem ali, recebendo os cálidos raios pela barriga acima, com as quatro patas muito encolhidas e o rabo
estendido.

No preciso momento em que rodava preguiçosamente o corpo para que o sol lhe aquecesse o lombo ouviu o
zumbido provocado por um objeto voador que não foi capaz de identificar e que se aproximava a grande velocidade.
Atento, deu um salto, pôs-se de pé nas quatro patas e mal conseguiu atirar-se para um lado para se esquivar à
gaivota que caiu na varanda.

Era uma ave muito suja. Tinha todo o corpo impregnado de uma substância escura e malcheirosa.

Zorbas aproximou-se e a gaivota tentou pôr-se de pé arrastando as asas.

- Não foi uma aterragem muito elegante - miou.

- Desculpa. Não pude evitar - reconheceu a gaivota.

- Olha lá, tens um aspeto desgraçado. Que é isso que tens no corpo? E que mal que cheiras! - miou Zorbas.

- Fui apanhada por uma maré negra. A peste negra. A maldição dos mares. Vou morrer - grasnou a gaivota
num queixume.

- Morrer? Não digas isso. Estás cansada e suja. Só isso. Porque é que não voas até ao jardim zoológico? Não é
longe daqui e lá há veterinários que te poderão ajudar – miou Zorbas.

- Não posso. Foi o meu voo final - grasnou a gaivota numa voz quase inaudível, e fechou os olhos.

- Não morras! Descansa um bocado e verás que recuperas. Tens fome? Trago-te um pouco da minha comida,
mas não morras - pediu Zorbas, aproximando-se da desfalecida gaivota.

Vencendo a repugnância, o gato lambeu-lhe a cabeça. Aquela substância que a cobria, além do mais sabia
horrivelmente. Ao passar-lhe a língua pelo pescoço notou que a respiração da ave se tornava cada vez mais fraca.

- Olha, amiga, quero ajudar-te mas não sei como. Procura descansar enquanto eu vou pedir conselho sobre o
que se deve fazer com uma gaivota doente - miou Zorbas preparando-se para trepar ao telhado.
Ia a afastar-se na direção do castanheiro quando ouviu a gaivota a chamá-lo.

- Queres que te deixe um pouco da minha comida? – sugeriu ele algo aliviado.

- Vou pôr um ovo. Com as últimas forças que me restam vou pôr um ovo. Amigo gato, vêse que és um animal
bom e de nobres sentimentos. Por isso vou pedir-te que me faças três promessas. Fazes? - grasnou ela, sacudindo
desajeitadamente as patas numa tentativa falhada de se pôr de pé.

Zorbas pensou que a pobre gaivota estava a delirar e que com um pássaro em estado tão lastimoso ninguém
podia deixar de ser generoso.

- Prometo-te o que quiseres. Mas agora descansa - miou ele compassivo.

- Não tenho tempo para descansar. Promete-me que não comes o ovo - grasnou ela abrindo os olhos.

- Prometo que não te como o ovo - repetiu Zorbas.

- Promete-me que cuidas dele até que nasça a gaivotinha.

- Prometo que cuido do ovo até nascer a gaivotinha.

- E promete-me que a ensinas a voar - grasnou ela fitando o gato nos olhos.

Então Zorbas achou que aquela infeliz gaivota não só estava a delirar, como estava completamente louca.

- Prometo ensiná-la a voar. E agora descansa, que vou em busca de auxílio - miou Zorbas trepando de um
salto para o telhado.

Kengah olhou para o céu, agradeceu a todos os bons ventos que a haviam acompanhado e, justamente ao
exalar o último suspiro, um ovito branco com pintinhas azuis rolou junto do seu corpo impregnado de petróleo.

A/ Fazer perguntas sobre o conteúdo do texto é uma forma de verificar a sua compreensão.

Constrói e regista as perguntas que poderiam obter as respostas seguintes.

1.………………………………………..? O gato estava na varanda.

2.……..………………………………..? A gaivota estava muito suja e com o corpo coberto de uma substância
malcheirosa porque tinha sido apanhada pela maldição dos mares.

4.……..………………………………..? O gato sugeriu-lhe que voasse até ao Jardim Zoológico, porque lá havia
veterinários que cuidariam dela.

5.……..………………………………..? Em sinal de amizade, o gato lambeu-lhe a cabeça. 6.……..


………………………………..? O gato prometeu que não comeria o ovo, que cuidaria dele até nascer a gaivotinha e que a
ensinaria a voar.

7………………………………………..? O gato não fez tais promessas convictamente porque, como a gaivota estava
doente, por um lado, ele pensou que ela estava a delirar e que não iria morrer. Por outro lado, achou que devia ser
generoso, fazendo-lhe a vontade para não a preocupar ainda mais.
B/ Segundo o autor da História da Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar, esta obra é uma fábula.
Pretende-se através dos animais, dar um exemplo aos homens. 18

HISTÓRIA DE UMA GAIVOTA E DO GATO QUE A ENSINOU A VOAR: Guião de Leitura

Tenho um grande carinho pelos animais, mas não escrevi o livro (História de uma Gaivota e do Gato que a
Ensinou a Voar) na perspectiva das sociedades protectoras dos animais. A fábula segue a velha escola grega: o seu
objectivo é transmitir a prática da tolerância, o respeito pela diversidade. Sobretudo aprender a respeitar a diferença
e aquilo que nos rodeia. Luis Sepúlveda, in «Forum Ambiente»

1. Baseando-te no que já conheces da obra e nesta afirmação do autor, responde às seguintes questões:

1.1. Explica de que forma a obra cumpre o objectivo de transmitir o respeito pela diversidade.

1.2.Consideras que o gato deu um exemplo de altruísmo (dar, sem esperar nada receber em troca)? Justifica
a tua resposta.

1.3.Qual a personagem que demonstra ser um exemplo de tolerância, respeitando a diferença?

2. Sabes que o gato Zorbas existiu realmente? Lê o que nos conta o seu dono.

2.1.Infelizmente, quando escreveu este texto, estava muito emocionado e esqueceu-se de todos os sinais de
pontuação. Por isso, para perceberes bem o texto, terás de recopiá-lo e pontuá-lo devidamente.

De manhã o carteiro entregou-me um pacote abri-o era o primeiro exemplar de um romance que escrevi a
pensar nos meus três filhos pequenos Sebastián que tem onze anos e os gémeos Max e Léon que têm oito escrevê-lo
foi um acto de amor por eles por uma cidade onde fomos intensamente felizes Hamburgo e pela personagem central
o gato Zorbas um gato grande preto e gordo que foi nosso companheiro de sonhos histórias e aventuras durante
muitos anos justamente quando o carteiro estava a entregar-me aquele primeiro exemplar do romance e eu a sentir
a felicidade de ver as minhas palavras na ordem meticulosa das suas páginas estava Zorbas a ser examinado por um
veterinário queixoso de uma doença que começou por lhe tirar o apetite e o fez andar triste e murcho e que acabou
por lhe dificultar dramaticamente a respiração fui buscá-lo à tarde e ouvi a terrível sentença lamento mas o gato tem
um cancro pulmonar muito avançado(…) os parágrados finais do romance falam dos olhos de um gato nobre de um
gato bom de um gato de porto porque Zorbas é tudo isso e muito mais com o tempo passou de nosso gato a ser
mais um companheiro um querido companheiro de quatro patas e melódico ronronar amámos aquele gato e em
nome desse amor tive de reunir os meus filhos para lhes falar da morte

C/ Zorbas ronronava enquanto apanhava sol na varanda.

1. O verbo assinalado nesta frase foi formado a partir de “ronrom”, uma palavra que imita o som produzido
pelos gatos quando estão felizes.

1.1.Procura no texto mais duas palavras cuja origem seja a mesma, isto é, palavras de origem onomatopaica.

1.2. Estabelece a relação entre os sons produzidos pelos animais (coluna A) e os verbos de origem
onomatopaica (coluna B).
lobo zurrar
rato
coaxar
cão chiar
galinha
cacarejar
pinto burro uivar rosnar

piar

Processos de Formação de palavras

Afixação Composição

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