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“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas
novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que
sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar
mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a
elas se propõe.”
(Jean Piaget)
CAPÍTULO 1 – Transformadores 2
BIBLIOGRAFIA 46
Generalidades
No capítulo 10 da Apostila de Eletricidade I vimos que quando um condutor (ou uma bobina)
é atravessado(a) por uma corrente elétrica variável é produzido um campo magnético também
variável que, caso suas linhas de força atravessem um outro condutor ou bobina, aparece
neste(a) uma f.e.m. induzida. A este fenômeno, dá-se o nome de Indutância Mútua.
Transformadores são máquinas elétricas muitíssimo importantes, que podem ser usadas para
transformar valores de tensões ou correntes variáveis, para casar impedâncias e para isolar
partes de um circuito elétrico.
Em Eletrotécnica os transformadores são projetados para operar com tensões e correntes
senoidais relativamente grandes; em Eletrônica, os transformadores lidam com formas de onda
complexas de freqüências diversas, geralmente em potências baixas.
Os transformadores são máquinas de grande eficiência, e os de grandes potências apresentam
comumente 99% de rendimento.
Seu funcionamento é baseado no fenômeno da indução mútua. Um transformador é constituído
no mínimo por duas bobinas, dispostas de tal modo que uma delas fica submetida a qualquer
campo magnético produzido pela outra. Estas bobinas geralmente estão enroladas em um
mesmo núcleo de ferro, que é o NÚCLEO DO TRANSFORMADOR. As duas bobinas
constituem os enrolamentos PRIMÁRIO e SECUNDÁRIO do transformador; o enrolamento
primário é aquele no qual é produzido um campo magnético variável, para que apareça uma
força eletromotriz induzida na outra bobina, ou enrolamento secundário.
Na figura abaixo, temos o esquema básico de um transformador monofásico:
O Transformador Ideal
De acordo com o que já estudamos, um transformador apresenta perdas resultantes da
resistência oferecida pelos condutores de cobre (PERDAS NO COBRE ou PERDAS POR
EFEITO JOULE) e também em virtude das Correntes de Foucault e da Histerese (PERDAS NO
NÚCLEO ou PERDAS NO FERRO).
Além disto, deve ser considerado num transformador o fato de que nem todo o fluxo produzido
no primário é aproveitado pelo secundário.
Entretanto, para facilitar a compreensão do funcionamento e do cálculo de um transformador,
consideraremos um TRANSFORMADOR IDEAL, ou seja, um transformador sem perdas e com
coeficiente de acoplamento de 100%.
3 Eletricidade III – Engº. José Roberto Pereira - 3ª Edição - 2011 3
e-mail: jroberto_rio@yahoo.com.br
Pela Lei de Faraday, temos para o primário:
EP = - NP . ∆φP / ∆t
donde
EP / NP = - ∆φP / ∆t
Como estamos considerando um transformador ideal, em que todo o fluxo magnético produzido
no primário é aproveitado pelo secundário, temos
∆φP = ∆φS
EP ES EP NP
NP = NS ou =
ES NS
2 – Que número de espiras deverá ter o secundário de um transformador cujo primário tem 300
espiras, se quisermos elevar uma tensão de 220V para 380V? R: 518 espiras
Transformadores Trifásicos
Os transformadores trifásicos são constituídos pelo agrupamento de três transformadores
monofásicos sobre o mesmo núcleo de três colunas, conforme a figura abaixo:
Exercício:
1 – Um transformador abaixador trifásico tem 9.000 espiras em cada enrolamento do seu
primário, que está conectado em triângulo a uma rede de 13.800V. Qual deverá ser o número
de espiras de cada enrolamento secundário, ligado em estrela, para que a tensão de linha seja
de 220V?
Solução:
Como um transformador trifásico se comporta como três transformadores monofásicos, basta
calcularmos para uma fase e as outras duas serão iguais.
Para que no secundário a tensão de linha seja de 220V, a tensão de fase deverá ser igual a
220 / √ 3 = 127V. Esta será a tensão do secundário de cada transformador monofásico.
Fazendo a regra de três, temos: N2 = N1.V2 / V1 = 9.000 x 127 / 13.800
N2 = 82,8 espiras
Autotransformador Autotransformador
Monofásico Trifásico (estrela)
O Gerador de C.C.
Vimos no capítulo 1 da Apostila de Eletricidade II como uma espira girando em um campo
magnético produz uma f.e.m. alternada e senoidal, como nas figuras abaixo que, recordando,
demonstram o funcionamento de um gerador elementar:
Observemos a ação da chave para converter a C.A. gerada em C.C. variável, no resistor. A
primeira figura mostra o resistor de carga, a chave, as escovas do gerador e os fios de ligação.
A tensão nos terminais do gerador é mostrada no primeiro semiciclo, de zero a 180 graus,
quando a tensão é positiva e, portanto, acima da linha de referência zero. Esta tensão aparece
nas escovas e é aplicada à chave, com a polaridade mostrada. A tensão causa o fluxo de uma
corrente que parte da escova negativa, passa pela chave, pelo resistor de carga e retorna à
escova positiva. A forma de onda da tensão nos terminais do resistor de carga está mostrada.
Observe que é exatamente a mesma que a tensão nos terminais do gerador, já que o resistor
está ligado diretamente às escovas.
Para converter a tensão C.A. gerada em uma tensão C.C. variável, a chave deve ser invertida
duas vezes em cada ciclo. Se o gerador tem uma saída de 60 ciclos de C.A. em cada segundo,
a chave deve ser invertida 120 vezes por segundo, para converter C.A. em C.C. É impossível
manusear a chave com esta alta velocidade. Também não seria prático o projeto de um
dispositivo mecânico que funcionasse com a chave. Embora ela possa, teoricamente, fazer o
seu serviço, tem de ser substituída por algo que consiga trabalhar em alta velocidade.
Os anéis coletores do gerador elementar podem ser alterados de maneira a produzir o mesmo
efeito da chave mecânica. Para tal fim, eliminamos um dos anéis e cortamos o outro
longitudinalmente. Cada uma das extremidades da espira e ligada a um dos segmentos do
anel. Estes segmentos são isolados eletricamente entre si, assim como do eixo ou qualquer
outra parte da armadura. O anel cortado é chamado de "comutador" e seu efeito de converter
C.A. em C.C. é chamado de comutação.
As escovas são agora colocadas em posições opostas, com relação ao comutador. Os
segmentos do anel são dispostos de tal maneira, que são colocados em curto circuito pelas
escovas quando a espira passa nas posições onde a sua tensão é zero.
Quando a espira do induzido gira, o comutador liga automaticamente cada uma das
extremidades da espira de uma escova para a outra, cada vez que a espira completa meia
rotação. Isto tem exatamente o mesmo efeito que a chave inversora.
Embora a saída do gerador com duas espiras seja muito mais próxima de C.C. constante do
que a saída do gerador de uma só espira, ainda há ondulação demais para aplicação nos
equipamentos elétricos. Para tornar a saída verdadeiramente constante, constrói-se o induzido
com um grande número de espiras e o comutador é dividido em um grande número de lâminas.
Da mesma forma que no gerador, a espira única do motor elementar é substituída por um
conjunto de várias bobinas, com várias espiras cada uma. O comutador também tem o seu
número de lâminas aumentado na mesma proporção. O campo magnético do estator ( parte
fixa ) normalmente é fornecido por bobinas chamadas “bobinas de campo” (BC). A parte
giratória, ou rotor, é chamada de “induzido”.
Sendo assim, existem diversas maneiras para se ligar um motor C.C. à linha de alimentação,
sendo as principais a associação em série e a associação em paralelo.
Inversão de rotação
Como a direção de rotação depende da direção do campo magnético e esta, por sua vez,
depende do sentido da corrente elétrica, para invertermos a rotação de um motor C.C. basta
invertermos a ligação de um de seus enrolamentos (campo ou induzido).
Caso sejam invertidas as polaridades de ambos os enrolamentos, a direção da rotação não se
altera. Por esta razão, o motor C.C. série funciona também em C.A. e é chamado também de
Motor Universal. Este tipo motor é muito utilizado em ferramentas portáteis (furadeiras,
esmerilhadeiras, etc.) e eletrodomésticos (liquidificadores, batedeiras, etc.).
O Gerador de C.A.
O princípio de funcionamento do gerador C.A. foi visto no capítulo 1 da Apostila de
Eletricidade II, quando estudamos o comportamento de uma espira girando em um campo
magnético, e no capítulo 2 desta apostila, ao estudarmos o funcionamento do Gerador de C.C.
O gerador de C.A. funciona exatamente como o gerador de C.C., porém sem o sistema de
comutação. O seu campo é gerado através de “Bobinas de Campo”, por meio das quais é
possível regular a tensão de saída, variando-se a tensão a elas aplicada.
Também como nos outros casos, a bobina simples do gerador elementar é substituída por um
conjunto de várias bobinas, assim como o seu número de pólos pode variar. A fórmula para se
calcular a freqüência da C.A. gerada em função do número de pólos e da rotação do gerador
encontra-se abaixo:
f = n . p / 120
O motor síncrono é um alternador funcionando como motor; aplicamos C.A. ao estator e C.C.
ao rotor. O motor de indução difere do síncrono por não ter o seu rotor ligado a qualquer fonte
de alimentação. O motor de indução é muito mais usado que o motor síncrono.
Campo Rotativo
Antes de aprender como um campo magnético rotativo obriga o rotor a girar, quando
alimentado, torna-se necessário que se aprenda como se pode produzir um campo magnético
rotativo. O esquema abaixo mostra um motor trifásico, alimentado por uma fonte de C.A.
trifásica. Os enrolamentos estão ligados em triângulo, como se vê na figura. As duas bobinas
de cada fase estão enroladas na mesma direção. O campo magnético gerado por uma bobina
depende da corrente que por ela circula no momento. Se a corrente for nula, não há campo
magnético. Se a corrente for máxima, o campo será, também, máximo. Como as correntes nos
três enrolamentos estão defasadas de 120°, os campos magnéticos terão a mesma
defasagem. Os três campos individuais combinam-se em um único, para agir sobre o rotor, e
cuja posição varia com o tempo. Ao fim de um ciclo de C.A., o campo magnético terá girado de
360°, ou uma rotação completa.
As figuras a seguir mostram as formas de onda das três correntes aplicadas ao estator. As
correntes estão defasadas de 120o entre si. As formas de onda podem representar tanto as
correntes como os campos gerados por estas correntes. Na figura dá-se às formas de onda
a mesma letra que as fases correspondentes. As formas de onda são usadas para
combinar os campos magnéticos gerados, em cada 1/6 de ciclo, para determinar a direção
do campo magnético resultante.
No ponto 1, a onda C é positiva e a onda B é negativa. Isto significa que a corrente flui em
direções opostas nas fases B e C. É, desse modo, fixada a polaridade dos respectivos
campos magnéticos. Observe que B1 é um pólo norte e B um pólo sul; C é um pólo norte e
C1 é um pólo sul. A fase A não tem campo magnético, por ser nula a sua corrente. Os
campos magnéticos dos pólos B1 e C dirigem-se aos pólos sul mais próximos,
respectivamente C1 e B. Os campos magnéticos de B e C são da mesma amplitude e o
campo resultante terá a direção da seta na figura, entre as dos campos componentes.
No ponto 2, 60o após, as correntes aplicadas variam, sendo iguais e opostas para as fases
A e B, e nula para a fase C. Pode-se verificar que o campo magnético girou de 60o.
No ponto 3 a onda B tem o valor zero, e o campo tornou a girar de mais 60o. Dos pontos 1
a 7 (correspondendo a um ciclo de C.A.), pode-se verificar que o campo magnético gira de
360o, uma rotação completa.
A conclusão é que quando se alimentam os três enrolamentos simetricamente dispostos no
estator, com CA trifásica, produzimos um campo magnético rotativo.
Motor Síncrono
Motores de Indução
O motor de indução é o motor de C.A. de uso mais comum por causa de sua simplicidade,
construção robusta e baixo custo de fabricação. Estas vantagens provêm do fato de ser o rotor
isolado uma unidade auto-suficiente que não necessita de conexões externas. O nome de
motor de indução é derivado do fato de serem induzidas correntes de C.A., no circuito do rotor,
pelo campo magnético rotativo do estator.
A construção do estator é praticamente igual, tanto para os motores síncronos como para os
motores de indução; os rotores, porém, são completamente diferentes. O rotor dos motores de
indução é feito com um cilindro laminado, com ranhuras na superfície. Os enrolamentos
colocados nessas ranhuras podem ser de dois tipos.
O tipo mais comum é o de "gaiola de esquilo". O enrolamento consiste de barras, normalmente
de alumínio, de seção avantajada, unidas em cada extremidade por um anel também de
alumínio. Não há necessidade de isolamento entre o núcleo e as barras de cobre, pois as
tensões geradas nas barras do rotor são muito baixas.
120 . f
N=
p
Exemplo:
Calcular a velocidade de um motor de 4 pólos alimentado por uma rede de 60Hz e que possui
um escorregamento de 2%:
A velocidade síncrona será:
n = 120 . 60 / 4 ⇒ n = 1.800 R.P.M.
Como o deslizamento é de 2%, a velocidade do rotor será (100% - 2%) 98% da velocidade
síncrona:
N = 1.800 . 98 / 100 ⇒ N = 1.764 R.P.M.
Variação da Velocidade
Em um motor de indução do tipo “rotor bobinado”, a variação da velocidade é possível
inserindo-se resistências no seu circuito do rotor, que limitam sua corrente e,
conseqüentemente, o conjugado. Em um motor do tipo “gaiola”, isso somente pode ser
conseguido mudando-se o número de pólos (existem motores de duas velocidades), ou
variando-se a freqüência de alimentação. Com o desenvolvimento da eletrônica, a utilização
dos chamados “Inversores de Freqüência”, que são dispositivos que permitem um controle e
ajuste contínuo da velocidade de um motor “gaiola”, tornou-se cada vez mais popular, simples
e de baixo custo.
26 Eletricidade III – Engº. José Roberto Pereira - 3ª Edição - 2011 26
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Sentido de Rotação de um Motor de C.A.
Como o rotor acompanha o campo do estator, o seu sentido de rotação é o mesmo do estator.
Este, por sua vez, depende da seqüência das fases de alimentação. Assim, para se inverter a
rotação de um motor de indução C.A., basta inverter qualquer par de conexões entre o motor e
a rede, para que isso aconteça. Um motor de indução trifásico trabalhará em qualquer sentido.
Vemos abaixo, as partes que compõe um motor de indução trifásico do tipo “gaiola” típico:
(1) – Carcaça
(2) – Núcleo laminado do estator, composto de chapas de aço magnético
(3) – Núcleo do rotor – chapas com as mesmas características das chapas do estator
(4) – Tampa
(5) – Ventilador
(6) – Tampa defletora
(7) – Eixo
(8) – Enrolamento trifásico
(9) – Caixa de ligação
(10) – Terminais
(11) – Rolamentos
(12) – Barras e anéis de curto-circuito
Este tipo de ligação exige seis terminais no motor (motor de 6 pontas) e serve para quaisquer
tensões nominais duplas, desde que a segunda seja a primeira multiplicada por √ 3 .
Exemplos: 220 / 380V - 380 / 660V - 440 / 760V
Nos exemplos 380 / 660V e 440 / 760V, a tensão maior declarada só serve para indicar que o
motor pode ser acionado através de uma chave de partida estrela-triângulo. Motores que
possuem tensão nominal acima de 660V deverão possuir um sistema de isolação especial apto
a esta condição.
Uma outra forma de associação característica de qualquer sistema elétrico é a ligação em série
ou em paralelo. Neste caso, a tensão maior é sempre o dobro da tensão menor, como por
exemplo: 220 / 440V.
Podemos ainda combinar os dois casos anteriores: neste caso o enrolamento de cada fase é
dividido em duas metades para ligação série-paralelo. Além disso, todos os terminais (12) são
acessíveis para podermos ligar as três fases em estrela ou triângulo. Deste modo, temos
quatro combinações de tensão nominal:
Obs: Como a tensão no caso 4 seria maior que 660V, é indicada apenas como referência para
partida em estrela-triângulo.
Caso a partida direta não seja possível, devido aos problemas citados acima, pode-se usar um
sistema de partida indireta para reduzir a corrente de partida:
- chave estrela-triângulo
- chave compensadora
- chave série-paralelo
- partida eletrônica (soft-starter)
É fundamental para a partida que o motor tenha a possibilidade de ligação em dupla tensão, ou
seja, em 220/380V, em 380/660V ou 440/760V. Os motores deverão ter no mínimo seis bornes
de ligação. A partida estrela-triângulo poderá ser usada quando a curva de conjugado do motor
é suficientemente elevada para poder garantir a aceleração da máquina com a corrente
reduzida. Na ligação estrela, a corrente fica reduzida para 25 a 33% da corrente de partida na
ligação triângulo. O conjugado resistente da carga não poderá ultrapassar o conjugado de
partida do motor (figura 2.9), nem a corrente no instante da mudança para triângulo poderá ser
de valor inaceitável. Existem casos onde este sistema de partida não pode ser usado.
A chave estrela-triângulo em geral só pode ser empregada em partidas da máquina em vazio,
isto é, sem carga. Somente depois de ter atingido pelo menos 90% da rotação nominal, a carga
poderá ser aplicada.
O instante da comutação de estrela para triângulo deve ser criteriosamente determinado, para
que este método de partida possa efetivamente ser vantajoso nos casos em que a partida
direta não é possível.
Na figura abaixo, é mostrado o diagrama de uma chave estrela-triângulo.
1) Estrela triângulo
Vantagens
a) A chave estrela-triângulo é muito utilizada por seu custo reduzido.
b) Não tem limite quanto ao seu número de manobras.
c) Os componentes ocupam pouco espaço.
d) A corrente de partida fica reduzida para aproximadamente 1/3.
Desvantagens
a) A chave só pode ser aplicada a motores cujos seis bornes ou terminais sejam acessíveis.
b) A tensão da rede deve coincidir com a tensão em triângulo do motor.
2) Chave compensadora
Vantagens
a) No tap de 65% a corrente de linha é aproximadamente igual à da chave estrela-triângulo,
entretanto, na passagem da tensão reduzida para a tensão da rede, o motor não é desligado e
o segundo pico é bem reduzido, visto que o auto-transformador por curto tempo se torna uma
reatância em série com o motor.
b) É possível a variação do tap de 65 para 80% ou até para 90% da tensão da rede, a fim de
que o motor possa partir satisfatoriamente com cargas maiores.
Desvantagens
a) A grande desvantagem é a limitação de sua freqüência de manobras. Na chave
compensadora automática é sempre necessário saber a sua freqüência de manobra para
determinar o auto-transformador conveniente.
b) A chave compensadora é bem mais cara do que a chave estrela-triângulo, devido ao auto-
transformador.
c) Devido ao tamanho do auto-transformador, a construção se torna volumosa, necessitando
quadros maiores, o que torna o seu preço elevado.
Se, porém, o rotor estiver girando, ele continuará girando na direção inicial, pois o
conjugado será ajudado pela inércia do rotor.
Não é conveniente, porém, partir o motor girando-o manualmente.
É necessário, portanto, introduzir no estator um dispositivo elétrico que dê origem a um campo
rotativo, por ocasião da partida. Assim que o motor estiver girando, o dispositivo pode ser
eliminado do circuito, pois o rotor e o estator juntos produzirão o campo rotativo necessário ao
funcionamento do motor.
Um dos tipos que possui dispositivo para a partida é o "motor de indução de fase dividida". Os
motores deste tipo usam combinações de indutância, capacitância e resistência para produzir
um campo rotativo.
O tipo de motor de fase dividida, que estudaremos aqui, é o tipo de partida por capacitor, que é
o mais utilizado. A figura a seguir mostra o diagrama esquemático de um motor típico com
partida por capacitor. O estator possui um enrolamento principal e um enrolamento de partida.
Este é ligado em paralelo e perpendicularmente ao principal. A defasagem de 90o elétricos,
entre os dois enrolamentos, é obtida com o uso de um capacitor em série com o enrolamento
de partida e um interruptor, geralmente centrífugo, de partida.
Para a partida, o interruptor é ligado e o capacitor fica em série com o enrolamento auxiliar. O
valor do capacitor é tal que nós temos, em realidade, um circuito RC, no qual a corrente está
avançada de cerca de 45o sobre a tensão. O enrolamento principal tem resistência suficiente
para que a corrente fique atrasada de quase 45o em relação à tensão da linha.
As duas correntes e, portanto, os campos magnéticos por elas gerados, estão defasados de
90o. O efeito resultante é um campo rotativo, necessário à partida do motor.
Tensões de Alimentação
Normalmente, todo motor elétrico é fabricado para diversas tensões de alimentação, que são
informadas na placa do motor. Suas formas de ligação foram descritas nas páginas 23 e 24.
Categoria
Conforme as suas características de conjugado em relação à velocidade e corrente de partida,
os motores são classificados em categorias, cada uma adequada a um tipo de carga. Estas
categorias são definidas em norma, e são as seguintes:
Categoria A - Conjugado de partida normal; corrente de partida alta; baixo escorregamento
(cerca de 5%). Motores usados onde não há problemas de partidas nem limitações de corrente.
Categoria B - Conjugado de partida normal; corrente de partida normal; baixo escorregamento.
Constituem a maioria dos motores encontrados no mercado e prestam-se ao acionamento de
cargas normais, como bombas, máquinas operatrizes, etc.
Categoria C - Conjugado de partida alto; corrente de partida normal; baixo escorregamento.
Usados para cargas que exigem maior conjugado na partida, como peneiras, transportadores
carregados, cargas de alta inércia, etc.
Categoria D - Conjugado de partida alto; corrente de partida normal; alto escorregamento
(mais de 5%). Usados em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, onde a carga
apresenta picos periódicos. Usados também em elevadores e cargas que necessitam de
conjugados muito altos e corrente de partida limitada.
Categoria F - Conjugado de partida baixo; corrente de partida baixo; baixo escorregamento.
Pouco usados, destinam-se a cargas com partidas frequentes, porém sem necessidade de
altos conjugados e onde é importante limitar a corrente de partida.
Classe de isolamento
A classe de isolamento, indicada por uma letra normalizada, identifica o tipo de materiais
isolantes empregados no isolamento do motor. As classes de isolamento são definidas pelo
respectivo limite de temperatura; são as seguintes, de acordo com a ABNT:
Classe A = 105ºC
Classe E = 120ºC
Classe B = 130ºC
Classe F = 155ºC
Classe H = 180ºC
As classes B e F são as comumente usadas em motores normais.
Regime
O regime é o grau de regularidade da carga a que o motor é submetido. Os motores normais
são projetados para regime contínuo, isto é, um funcionamento com carga constante, por
tempo indefinido, desenvolvendo potência nominal. São previstos, por norma, vários tipos de
regimes de funcionamento.
Corrente de Partida
Os motores elétricos são construídos obedecendo normas, segundo o uso a que se destinam,
que os padronizam conforme definições da NEMA ou da ABNT. (Deverá constar na plaqueta
de identificação a letra correspondente ao seu padrão construtivo).
Para a ABNT, 5 códigos são definidos, conforme a tabela seguinte:
IP - Corrente de partida direta
Letra Código
(Motores com enrolamento tipo gaiola)
A ALTA Acima de 6 x IN
B NORMAL 3,80 a 6,00 x IN
C NORMAL 3,80 a 6,00 x IN
D NORMAL 3,80 a 6,00 x IN
F BAIXA Até 4 x IN
Obs.: A letra “W”, colocada entre as letras “IP” e os algarismos indicativos do grau de proteção,
indica que o motor é protegido contra intempéries.
Exemplo:
IPW55 significa motor com grau de proteção IP55 quanto a penetração de poeiras e água,
sendo, além disso, protegido contra intempéries (chuva, maresia, etc.).
Os motores com grau IPW são também chamados motores de uso naval.
Introdução
A elaboração de um esquema completo de proteção para uma instalação elétrica industrial
envolve várias etapas, desde o estabelecimento de uma estratégia de proteção, selecionando
os respectivos dispositivos de atuação, até a determinação dos valores adequados para a
calibração destes dispositivos.
Para que um sistema de proteção atinja a finalidade a que se propõe, deve responder aos
seguintes requisitos básicos:
a) Seletividade
É a capacidade que possui o sistema de proteção de selecionar a parte danificada da rede e
retirá-Ia de serviço sem afetar os circuitos sãos.
b) Exatidão e segurança de operação
Garante ao sistema.uma alta confiabilidade operativa.
c) Sensibilidade
Representa a faixa de operação e não operação do dispositivo de proteção.
Todo projeto de proteção de uma instalação industrial deve ser feito globalmente e não
setorialmente. Projetos setoriais Implicam numa descoordenação do sistema de proteção,
trazendo, como conseqüência, interrupções desnecessárias de setores de produção, cuja rede
nada depende da parte afetada do sistema.
Basicamente, um projeto de proteção é feito com dois dispositivos: fusível e relé. E para que os
mesmos sejam selecionados adequadamente é necessário se proceder à determinação das
correntes de curto-circuito nos vários pontos do sistema elétrico.
Os dispositivos de proteção contra correntes de curto-circuito devem ser sensibilizados pelo
valor mínimo desta corrente.
A proteção é considerada ideal, quando reproduz a imagem fiel das condições do circuito para
o qual foi projetada, isto é, atua dentro das limitações de corrente, tensão e tempo para as
quais foram dimensionados os equipamentos e materiais da instalação.
A capacidade de um determinado circuito ou equipamento deve ficar limitada ao valor do seu
dispositivo de proteção, mesmo que isto represente a sub-utilização da capacidade dos
condutores ou da potência nominal do equipamento. .
Os dispositivos de proteção devem ser localizados e ligados adequadamente aos circuitos,
segundo regras gerais estabelecidas por normas e a seguir resumidamente abordadas:
a) Os dispositivos devem ser ligados em cada condutor não aterrado do circuito a ser
protegido.
b) Nos circuitos em que há derivação de ramal com seção inferior ao circuito principal,
protegido por um dispositivo de corrente nominal adequado aos condutores de menor
seção, não há necessidade de se aplicar nenhuma proteção adicional no ponto de
derivação.
Fusíveis
São dispositivos destinados à proteção dos circuitos elétricos e que se fundem quando são
percorridos por uma corrente de valor superior àquele para a qual foram projetados.
Os fusíveis operam dentro de suas características próprias de tempo x corrente, conforme pode
ser observado pela figura abaixo, para fusíveis NH:
Quando instalados em circuitos onde existem motores instalados, deve-se garantir que o
fusível não atue com a corrente de partida do motor.
Em geral, são tropicalizados, isto é, podem operar em ambientes cuja temperatura esteja
compreendida numa faixa de - 25°C a + 55°C (característica dos relés térmicos, tipo 3UA, de
fabricação SIEMENS). Para outros fabricantes, deve ser consultado o catálogo
correspondente.
Os relés de sobrecarga, quando aquecidos à temperatura de serviço, têm, nas suas curvas
características de disparo, os tempos reduzidos, em geral, a 25% ou a 50% dos tempos
indicados.
Os relés de sobrecarga devem ser protegidos contra as elevadas correntes de curto-circuito.
Normalmente, os fabricantes fornecem a capacidade máxima dos fusíveis que devem ser
empregados no circuito para garantir a integridade do relé e que em nenhuma hipótese deve
ser superada.
Curto-Circuito
Como vimos, ao dimensionarmos dispositivos de proteção, um dos parâmetros decisivos para
sua correta escolha é sua capacidade de interrupção de corrente. É de suma importância que
esta seja maior que a máxima corrente de curto-circuito calculada para o trecho a ser protegido
pelo dispositivo, sob pena do dispositivo não cumprir corretamente sua função.
Por esta razão, a determinação das correntes de curto-circuito nas instalações elétricas é
fundamental para elaboração do projeto de proteção e coordenação dos seus diversos
elementos.
Os valores destas correntes são baseados no conhecimento das impedâncias, desde o ponto
de defeito até a fonte geradora.
As correntes de curto-circuito adquirem valores de grande intensidade, porém, com duração
geralmente limitada a frações de segundo. São provocadas, mais comumente, pela perda de
isolamento de algum elemento energizado do sistema elétrico. Os danos provocados na
instalação ficam condicionados à intervenção correta dos elementos de proteção. Os valores
de pico estão, normalmente, compreendidos entre 10 e 100 vezes a corrente nominal do ponto
de defeito da instalação e dependem da localização deste.
Além das avarias provocadas pela queima de componentes da instalação, as correntes de
curto-circuito geram solicitações de natureza mecânica, atuando, principalmente, sobre os
barramentos, chaves e condutores, ocasionando o rompimento dos apoios e deformação na
estrutura dos quadros de distribuição, caso o dimensionamento destes não seja adequado.
Tipos de Curto-Circuito
Os defeitos nas instalações elétricas podem ocorrer em uma das seguintes formas:
a) Curto-circuito trifásico
Quando as tensões nas três fases se anulam no ponto de defeito. Na maioria das instalações
industriais, o máximo valor da corrente de curto-circuito é obtido durante a ocorrência de uma
falha trifásica. É utilizado na seleção dos dispositivos de proteção e manobra e no
dimensionamento dos barramentos.
b) Curto-circuito bifásico
Este defeito pode ocorrer em duas situações distintas, ou seja: na primeira, há o contato
somente entre dois condutores de fases diferentes e na segunda, além do contato direto entre
os citados condutores, há a participação do elemento terra.
c) Curto-circuito fase-terra
À semelhança do anterior, o defeito monopolar pode ocorrer em duas situações diversas: na
primeira, há somente o contato entre um condutor fase e a terra e na segunda, há o contato
simultâneo entre dois condutores fase e a terra.
A base de qualquer sistema de proteção está calcada no conhecimento dos valores das
correntes de curto-circuito da instalação. Deste modo são dimensionados os fusíveis e
disjuntores, e determinados os valores nominais dos dispositivos e equipamentos a serem
utilizados, em função dos limites da corrente de curto-circuito indicados pelos fabricantes dos
mesmos.
100 . In
IK3 =
Z%
Exemplo:
Calcular a corrente de curto-circuito na saída de um transformador com as seguintes
características:
Potência = 1.000 kVA
Tensão primária = 25 kV
Tensão secundária = 380 V
Impedância = 4,63%
IK3 = 32.815 A
Aterramento
Toda instalação elétrica de alta e baixa tensão, para funcionar com desempenho satisfatório e
ser suficientemente segura contra risco de acidentes vitais, deve possuir um sistema de
aterramento dimensionado adequadamente para as condições particulares de cada projeto.
Um sistema de aterramento visa:
a) Segurança de atuação da proteção;
b) Proteção das instalações contra descargas atmosféricas;
c) Proteção do indivíduo contra contatos em partes metálicas da instalação energizadas
acidentalmente;
d) Uniformização do potencial em toda área do projeto, prevenindo contra tensões
perigosas que possam surgir durante um curto fase-terra.
Resistência de Terra
Para um perfeito funcionamento de um sistema de aterramento, sua resistência de terra deverá
estar dentro de certos limites, que são estabelecidos por normas específicas. De uma maneira
geral, considera-se como resistência de terra o efeito de três resistências, a saber:
a) A resistência relativa às conexões existentes entre os eletrodos de terra (hastes e
cabos);
b) A resistência relativa ao contato entre os eletrodos de terra e a superfície do terreno em
torno dos mesmos;
c) A resistência relativa ao terreno nas imediações dos eletrodos de terra, denominada
também, de “resistência de dispersão”.
Generalidades
Normalmente as concessionárias de serviço público de eletricidade, estabelecem limites de
carga para o fornecimento de energia elétrica aos consumidores em tensão secundária, ou
baixa tensão. A partir desses limites, há necessidade de instalação de uma subestação
abaixadora a qual deve obedecer aos padrões estabelecidos pela concessionária, para que
possa ser aprovada. A entrada será em média tensão em 13,8 kV, 25kV ou mesmo em alta
tensão, como 138kV.
Por se tratar de uma instalação de alta tensão, devem ser tomadas todas as medidas exigidas
pelas normas específicas. Além disso, todos devem estar cientes de que se trata de uma
instalação perigosa, exigindo medidas e procedimentos de segurança.
Veremos a seguir, de uma forma sucinta, os componentes básicos de uma subestação
abaixadora, de forma a permitir que tenhamos uma visão global do assunto.
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13 13
Barramento de A.T.
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14 14
Barramento de B.T.
Aterramento
Devido à presença de altas tensões, é importante garantir que todos os pontos que possam ser
tocados estejam devidamente aterrados a fim de proteger os indivíduos que estiverem na
subestação. Para reduzir a “Tensão de Toque” e a “Tensão de Contato”, todas as partes
metálicas da subestação devem estar aterradas, incluindo estruturas, equipamentos, painéis,
etc. Para reduzir a “Tensão de Passo”, uma malha de aterramento deve ser instalada no piso
da subestação.
Mais detalhes sobre aterramento e outras proteções podem ser encontrados no capítulo 5 da
norma NBR 14039 – Instalações Elétricas de Média Tensão (de 1 kV a 36,2 kV).
Uma vez que estamos lidando com níveis de tensão e corrente elevados e que apresentam
riscos para a vida humana, são necessários diversos cuidados e procedimentos de segurança
ao executarmos serviços em subestações ou em eletricidade em geral. Lembraremos aqui
alguns desses procedimentos básicos, porém fundamentais: