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N' Os Maias podemos distinguir DOIS NÍVEIS DE ACÇÃO: a crónica de

costumes - acção aberta (cada episódio pode continuar); e a intriga - acção fechada
(não há possibilidade de continuação: Pedro suicida-se, Maria Monforte já morreu, Maria
Eduarda e Carlos suicidam-se psicologicamente perdendo a capacidade de amar, e
Afonso morre) , que se divide em intriga principal e intriga secundária. Há, no romance,
várias acções secundárias, sendo a mais importante a história de amores, c____________
e separação de __________ da Maia e Maria _____________, que cria condições para que
seja possível a relação incestuosa dos dois ________.
São, aliás, estes dois níveis de acção, que justificam a existência de título e subtítulo nesta obra. O
título - Os Maias - corresponde à intriga, enquanto que o subtítulo - Episódios da Vida Romântica -
corresponde à crónica de costumes.

TÍTULO indica a intenção de contar a história de uma _______________ ao longo de


várias g___________:

- a de ___________ da Maia, representante do período histórico do A________________;


- a de ___________ da Maia, representante do L__________________;
- a de ____________ da Maia, representante do R_________________;
- a de ___________ da Maia, que ilustra o Portugal da R_________________. Esta personagem vai
ocupar, na obra, o papel fulcral, tanto em termos de inserção social, como em relação à
i___________.

Episódios da ________ ______________ que indica uma segunda intenção, a de


SUBTÍTULO descrever certo tipo de vida, o r_____________, e criticá-lo através da crónica de
c___________ da sociedade lisboeta da Regeneração (a________________ e alta
b_____________ da década de ______ do séc. XIX).

CAPÍTULO I
2. Relembre as causas que levaram Afonso da Maia a emigrar para a Inglaterra.
A ideologia do jovem Afonso, leitor da cartilha revolucionária, de Rousseau e apoiante da Constituição de 1822, provocava a ira
de seu pai, C____________ da Maia, m____________ ferrenho, beato, sofrendo de g_______ e odiando o
"j_____________"(liberal). Daí a zanga com o filho, que pretende expulsar de casa sem m__________ e sem b_________,
mas as lágrimas da mulher e as razões da tia F_______, i______________ culta que ensinara inglês a Afonso e vivia com eles
em B_________, fazem-no substituir tão dura decisão pelo desterro do filho em _________ __________. Finalmente,
parte para a I___________, após mostras de arrependimento junto do pai emocionado, o encanto de um viver confortável,
esquecido dos correligionários m______________ que D. ________ perseguia nos dias da Abrilada. (1824)
A morte repentina do ______ trá-lo a Lisboa, onde casa com Maria _____________ _______, de quem tem um
filho, _______. Faz obras em Benfica, preparando o viver futuro, mas o tumulto das transformações por que passava o
p______, juntamente com a bestialidade de um povo beato e feroz, fazem-no soltar afirmações menos respeitosas, que
provocam a i______________ da sua casa em busca de papéis e armas escondidas. Por este motivo, exila-se em Inglaterra,
(2º exílio) com a mulher e o filho, _________, tomando contacto, para sua f______________, com a sociedade e cultura
b_____________.
6. Retrato de Maria Monforte. Maria _______________ é uma bela desconhecida na sociedade _______________, que
frequentava o S. C________ com belíssimos vestidos cobertos de f_________, chapéus com grandes a________ e
deslumbrante de jóias, com o p_________ Monforte seguindo atrás. Feita a devassa às suas origens, sabe-se que o pai
enriquecera no tráfico de n_______ e logo as senhoras de Lisboa, i____________ da beleza loira e do l________ da filha,
lhe começaram a chamar "______________". Maria, com a f_______ grave, pura e rosada, belos olhos azuis e cabelo
_________, era dona de uma beleza excepcional, não sendo portanto de admirar que Pedro se tenha deixado encantar e
s_____________ por ela, escolhendo o seu amor por ela em detrimento do amor pelo _____. Ela é o protótipo da mulher fatal
r_____________, que arrasta o homem para o abismo da perdição.

CAPÍTULO II

1. Trace o percurso existencial de Pedro da Maia até ao seu suicídio, mostrando as características desta personagem.
Pedro da Maia, entretanto, crescia pequeno, n_____________ e indiferente a quaisquer interesses, apesar da sua inteligência
viva, com grande paixão pela _________, cuja morte provoca nele longos dias de prostração e apatia, seguidos de outros de
dissipação e b________ para afogar a dor, e, novamente, de uma fase de abatimento e devoção religiosa - bom representante,
aliás, da exaltação sentimental de toda uma geração r_____________. Dessa fase o libertará a __________ por Maria
Monforte, que avista pela primeira vez no Marrare, descendo da sua caleche azul, acompanhada pelo _______, velho de chapéu
branco e de barba g__________ na face tisnada.
Fruto da _____________ que recebera e do meio romântico onde está inserido, o carácter instável de Pedro
conduziu-o à paixão exacerbada e o___________ por Maria, filha de um ______________ (pessoa que se dedicava ao
tráfico de _________). Ele deixou-se seduzir pela b__________ dela, que desperta o seu excessivo sentimentalismo e o
a_________ como um íman. Apesar da recusa do ________ para se casar com ela, Pedro desafia a sua
a_________________, para enveredar numa relação muito precipitada, instável e, veremos mais tarde, fatal. Com uma
educação c_____________ e tradicional, herdando da mãe o carácter d________ e vivendo na época ___________, Pedro
nada mais podia fazer senão deixar-se arrastar por uma p________ obsessiva e fatal. Foram todos estes condicionantes que o
tornaram incapaz de encontrar uma solução para a sua __________ quando Maria foge com o napolitano T_________,
optando, cobardemente, pelo suicídio, destino este totalmente condicionado pelos factores naturalistas: h_____________,
meio e e__________. Pedro torna-se, então, num herói romântico sem heroísmo mas com uma s___________ romântica.
SUICÍDIO DE PEDRO

1. Refere-te à importância deste excerto no contexto da obra.


- constitui um momento crucial da primeira parte da narrativa (que tem como função narrar, em a_____________, a
história da família Maia), precedendo o período dedicado a ___________ da Maia, o protagonista do ______________.
Note-se que a partida para a ____________ de Santa Olávia, referida no episódio, remete para a i___________ e
educação de Carlos (segundo o modelo educativo britânico defendido pelo _______);
- serve de conclusão ao período que, na obra, corresponde à história de ___________ da Maia (infância e juventude,
c___________, retorno á casa p___________, s____________);
- confere relevo à personagem de ___________ da Maia, na medida em que aponta quer para a sua capacidade de resistira
ao _____________ quer para o facto de vir a ser ele o educador do _____, ocupando o duplo lugar de pai e ______;
- pode ser interpretado como uma crítica implícita aos princípios (r______________) que regeram a educação de Pedro,
conferindo-lhe um carácter f_______ e condicionando-o a agir em função das suas e________.

CAPÍTULO III

A educação n'Os Maias é abordada de forma a evidenciar duas mentalidades diferentes: uma, a p______________,
arreigada a uma visão católica, decadente e t_____________, avessa a inovações e "modernices". Carlos é submetido a uma
educação tipicamente i____________, caracterizada pelo desprezo pela c___________ e por todo o conhecimento
exclusivamente teórico, pelo estudo de línguas m________ (l_________) e pela apologia da cultura física, da aprendizagem
de línguas vivas (i________), do contacto com a ________________ e da vida ao ____ livre. São estes os princípios
educativos com que se depara _________ ao chegar a _________ ____________, para grande desgosto da família e
amigos, que viam no abade C____________ o pedagogo ideal (porque tradicional) para Carlos.
O ensino das c__________ deveria ter o "latinzinho" por base, devia valorizar a m___________, descuidar o corpo e
as capacidades de reflexão e de crítica. A outra, a b____________, defende uma educação moderna, aberta ao futuro,
apologista da cultura f__________, da defesa da ética e do respeito pelos outros.
Pedro da Maia e ______________ são os s____________ da educação portuguesa, enquanto ________ tipifica o
modelo britânico. De crianças n___________ e frágeis a adultos f__________, abúlicos e fracassados, assim será o
percurso de Pedro (obcecado pela paixão pela ______ e depois por _______, optando pelo __________ face a uma situação
de carência afectiva) e de ____________ (aventuras com espanholas de porte duvidoso, submisso à violência da mulher). Esta
figura, pertencente à g__________ de Carlos, com ele mais abertamente contrasta neste(e noutros) aspectos. Com efeito, é
notório o contraste f_______ verificado entre as duas crianças: enquanto Carlos evidencia uma forma física invejável,
Eusebiozinho apresenta-se como uma criança molengona, débil, d______e flácido. Para além da já citada debilidade física,
patenteada também numa intrusão do n____________ em que os d___________ (craniozinho, crescidinho, perninhas )
significam sobretudo f____________, estão em causa os defeitos fundamentais de que enferma esta educação:
o primado da c_________ e com ela uma concepção essencialmente punitiva da devoção r____________; o l_______ como
prática pedagógica fossilizada e não criativa; e sobretudo a fuga ao contacto directo com a ___________ e com as realidades
práticas da ______.
Ora, em função de tudo isto, como estranhar que, também quando a_________, Carlos e Eusebiozinho continuem a ser
personagens contrastivas? Como estranhar que ____________ mergulhe numa vida de corrupção e decadência? E como
estranhar que _______, pelo contrário, venha a desfrutar de um estatuto de privilégio no espaço social em que opera?
Comparativamente, Pedro, ______________ e Carlos têm um traço comum: todos eles falharam na v______. Pedro
falhou no amor, na paixão e na vida; o prodígio ______________ acaba por não ter o f__________ brilhante e digno que
aparentemente se previa, antes mostrou a sua moleza de c_________; Carlos falhou igualmente na vida e no amor. Embora,
em adultos, Carlos e _________________ contrastem vivamente na figura (o primeiro é alto, esbelto, elegante e o segundo
tem um aspecto reles, fato preto fúnebre e unhas sujas), feito o balanço ao resultado e_____________, pouco diferem: os
amores de _____________ com espanholas pelos antros de perdição e os amores i____________ de Carlos, subvertendo as
leis da m_______. Através da educação ___________ fez tudo para evitar que a desgraça do filho se repetisse no
_______, mas não o conseguiu. Contudo, Afonso não falha: antes morre com d___________, vítima da incompatibilidade dos
valores que representa com a realidade imoral que se lhe sobrepõe: a desgraça de ________. Carlos, afinal, também falhou
apesar da e_____________? Ou Carlos superou a tragédia final, devido à sua educação? Com efeito, embora Carlos não
realize nenhum dos seus projectos iniciais, consegue sobreviver (sem dúvida devido à ____________ que recebeu), de uma
forma digna, à descoberta do seu p____________ com Maria _______________ e à morte do ____. Parece, pois, evidente,
que a tese sobre a educação e a defesa da perspectiva b____________ saem reforçadas com o percurso de ________.

CARLOS EUSEBIOZINHO
 Mestre inglês - _______.  a sua alegria era estar embrulhado num
 Faz ladear a Brígida, a é________; _____________, folheando in-fólios; passava dias a
 Fortalecimento do corpo e do espírito através do contacto traçar algarismos;
com a ____________:  Fuga ao contacto com a natureza:

- rema como um barqueiro; - Eusebiozinho, a um repelão mais forte, rolara no chão,


- T_________: habilidades de palhaço; soltando _______ medonhos;
 Aprendizagem de línguas _______: o ___________  e a mamã prometeu-lhe que se dissesse os v______,
 A base da c____________ e do espírito crítico. dormia com ela essa noite; (o excesso de ______ da
- A instrução não é recitar, é saber factos, coisas úteis, mamã e da ______)
coisas p___________;  aprendizagem de línguas ____________: o ________;

 Desvalorização da educação religiosa (a c___________);  A base da m_____________ (abolição da criatividade)

- quando lhe pediram para dizer o Acto de C__________, - Recita "A Lua de Londres", do poeta ultra-
respondeu que nunca em tal ouvira falar; r_________ João de Lemos - influência nefasta da
- Afonso quer que Carlos seja virtuoso por amor à p_________ ultra-romântica);
v________ e não por m______ do Inferno ou com o  Primado da c____________
engodo de ir para o reino do C_____.
CONSEQUÊNCIAS
 Conhecimento prático  Conhecimento t___________;
 Formatura em _____________;  Bacharel em Direito;
 A elegância e a destreza.  Decadência f___________ e covardia.
 Educação deficiente para o meio social em que irá mover-se -  O falhanço;
_________;  A prostituição;
 Imoralidade - ____________  A corrupção (a deslealdade, a falsidade, a
calúnia).
INSERÇÃO NA ESTRUTURA INTERNA E EXTERNA DA OBRA

Quanto à estrutura externa, o excerto transcrito situa-se no capítulo VI da obra, e quanto à estrutura interna corresponde ao
primeiro episódio da c_________________ de costumes, o Jantar no Hotel Central, organizado por ________ para
homenagear ____________. Durante o jantar, a conversa recai sobre a literatura, as f________________ nacionais e a
política, sendo o excerto referente ao primeiro tema. É neste momento que Carlos penetra no meio social l______________,
e é antes de entrar no hotel que ele vê pela primeira vez Maria Eduarda, a deusa, dando início à intriga principal.

 INTERVENIENTES
 ___________________, promotor da homenagem e representante do Realismo/Naturalismo;
 _____________, o homenageado, representante das finanças;
 ________________, o poeta ultra-romântico;
 ________________, o novo-rico, representante dos vícios do novo-riquismo burguês, “a catedral dos vícios”;
 __________________, o médico e observador crítico, a quem será confiado o “ponto de vista interno” do romance;
 _________, o britânico, o representante da cultura artística e britânica.

 TEMAS DISCUTIDOS
1. A LITERATURA E A CRÍTICA LITERÁRIA
TOMAS DE ALENCAR JOÃO DA EGA
• opositor do R__________/N___________
• i____________, pois condena no presente o que cantara no passado: o estudo • defensor do R________ /
dos vícios da sociedade. N________________
• falso m_________: refugia-se na moral por não ter outra arma de defesa; acha • exagera, defendendo o aspecto
o realismo/naturalismo __________ . c_____________ da literatura
• desfasado do seu tempo. • não distingue c___________ de
• preocupa-se com aspectos f________ em detrimento da dimensão temática literatura
• preocupa-se com o p_________.
CARLOS E CRAFT
• recusam o Ultra-Romantismo de ________________
• Recusam o exagero de _________
• Craft defende a arte como i________________ do que de melhor há na natureza, defendendo a teoria da arte pela arte.
• Carlos acha intoleráveis os ares c___________________________ do realismo
A opinião de Carlos e Craft é possivelmente a do autor, nesta fase da sua evolução literária. Vê-se como se vai afastando do
Naturalismo e aproximando do I__________________________ (Culto das impressões imediatas sem recorrer à reflexão) e
Simbolismo ( a obra de arte vale por si mesma e não enquanto expressão fiel da realidade exterior.
2. AS FINANÇAS
JACOB COHEN JOÃO DA EGA
• O país tem absoluta necessidade dos e__________________. • “À bancarrota seguia-se uma revolução,
• é calculista: tendo responsabilidades pelo cargo que desempenha evidentemente. Um país que vive da’ inscrição’, em
(director do B_______ N_________), lava as mãos e aceita que o país não lha pagando, agarra no cacete […]. E, passada a
vá direitinho para a b_______________, como diz Carlos. crise, Portugal, livre da velha dívida, da velha gente,
• A ocupação dos ministérios é ”cobrar o ____________” e “fazer o dessa colecção grotesca de bestas…”
e_______________”.
3. A HISTÓRIA POLÍTICA
JOÃO DA EGA TOMAS DE ALENCAR
• Aplaude as afirmações do C__________ . • Teme a invasão e________________: é um perigo para
• Delira com a bancarrota como determinante da agitação voluntária. a i_________________ nacional.
• Defende a invasão e_________________. • Defende o r_______________ político : uma república
• Defende o afastamento violento da M_______________. governada por génios e a fraternização dos povos.
• A raça portuguesa é a mais c__________ e miserável da Europa.
• “Lisboa é P_____________! Fora de Lisboa não há nada.”
JACOB COHEN DÂMASO SALCEDE
• Há gente ______________ nas camadas políticas dirigentes. • Se acontecesse a invasão espanhola, ele
• Ega é um ______________. “_____________” para fora do país.
• Toda a gente fugiria como __________________.
CONCLUSÕES A RETIRAR DAS DISCUSSÕES
Deste jantar sobressai:
• a falta de p _________________de:
- Ega e Alencar, que mudam de opinião quando Cohen quer (saliente-se que Ega era amante da sua esposa),
- Dâmaso, que, apesar de se armar em forte, aponta o caminho fácil da fuga, caso Portugal fosse invadido por Espanha..

Relação com a intriga principal:


Carlos vê pela ___________________ vez a deusa, Maria Eduarda

Neste jantar, Ega pretender homenagear Jacob Cohen, marido de ____________, sua amante. É neste momento que
Carlos penetra no meio social l______________, embora adopte uma atitude distante; é neste momento também que ele vê
pela primeira vez Maria Eduarda, mas não lhe presta a devida atenção ficando só com uma ideia pouco pormenorizada da figura
dela. Este jantar é a radiografia de Lisboa no que respeita à l_______________, às finanças e à p___________. Alencar
opõe-se ao Realismo/Naturalismo, refugiando-se na moral, que ele próprio não seguiu no passado, e constata-se que para Ega
não é muito clara a distinção entre Realismo e Naturalismo, defendendo o cientificismo na literatura.
O Realismo/Naturalismo, movimento artístico de meados do século XIX, fundamenta-se na contestação do idealismo
romântico e na tendência para privilegiar a observação e a análise de tipos humanos e de costumes sociais, através da
representação objectiva da realidade e da ocultação da subjectividade susceptível de interferir nessa representação.
Em contrapartida, o Ultra-Romantismo regia-se por valores saudosistas, egocêntricos, suspirosos, desligados
do mundo e limitado à expressão hiperbólica de sentimentalismos e vivências amorosas.
Através desta reunião da sociedade, Eça retrata uma cidade num esforço para ser civilizada, mas que não resiste e
acaba por mostrar a sua impressão, a sua falta de c____________________. As limitações ideológicas e culturais acabam
por estalar o verniz das aparências quando Ega e Alencar depois de usarem todos os argumentos possíveis partem para ataques
p______________ que culminam numa cena de pancadaria, mostrando o tipo de educação desta “alta” sociedade
l____________ que tanto se esforça por ser (ou parecer) digna e requintada, mas que no fundo é grosseira.
Capítulo VII – Preparativos para o Baile de Máscaras em casa dos _____________. Segunda visão da ________. Com o
pretexto de ter o ________ doente, a Condessa de Gouvarinho vai ao c_____________ de Carlos.
Capítulo VIII – Passeio de Carlos e ______________ a _______________, com o objectivo de rever Maria Eduarda.
Capítulo IX – Visita médica de Carlos a ______________ no Hotel ________. ____________ descobre o caso adúltero da
esposa com _______, expulsando este último do baile. Para fugir ao escândalo, Ega decide refugiar-se em _______________.
Capítulo X – Corridas de Cavalos no ______________________

As corridas de cavalos são uma sátira ao esforço de cosmopolitismo que se espelha no desejo de i_______________
do que se faz no estrangeiro e era considerado sinal de progresso, e ao provincianismo do acontecimento. O comportamento da
assistência feminina, “que nada fazia de útil”, e a sua vida são totalmente caricaturados. O traje escolhido pela maioria da
assistência não se adequava à o____________, daí alguns cavalheiros se sentirem embaraçados com o seu chique, e muitas
senhoras trazerem “vestidos sérios de m_______”, acompanhados por grandes chapéus emplumados da última moda, mas que
não se adequavam nem ao evento, nem à restante toilette. Assim, o ambiente que deveria ser requintado, mas também ligeiro
como compete a um acontecimento desportivo é deturpado, traduzindo a falta de gosto e o ridículo da situação que se quer
requintada sem o ser. Critica-se ainda a falta de à-vontade das senhoras da tribuna que não falavam umas com as outras e que
para não desobedecerem às regras de etiqueta – como fez D. Maria da C________ ao abandonar a tribuna – permaneciam no
seu posto, mas constrangidas. Os homens surgem desmotivados “numa pasmaceira tristonha”. A assistência não revela qualquer
e_______________ pelo acontecimento e comparece somente por desejar aparecer no “High L_____” dos jornais e/ou para
mostrar a extravagância do vestuário. Fisicamente o espaço é degradado: o recinto parece uma q___________, as bancadas
são improvisadas, besuntadas de tinta com palanques de arraial. O b___________ fica debaixo da tribuna “sem sobrado, sem
um ornato”, onde os empregados sujos achatavam sanduíches com as mãos húmidas de c______________. As corridas
terminam de forma algo grotesca e caricatural, pondo a nu a contradição entre o ser e o parecer: a imitação servil do que se
fazia lá fora, em __________ e em _____________, acaba em desordens que fazem estalar o verniz postiço de civilização.
No meio desta mediocridade, destacam-se Carlos e _______ pelo seu à-vontade e pela sua familiaridade com este tipo de
acontecimentos sociais. _______________, ávido de copiar Carlos, destaca-se também pela negativa, “pelo seu p______ de
chique” bem representado na indumentária escolhida: sobrecasaca branca e véu ________ no chapéu.
RELAÇÃO COM A INTRIGA PRINCIPAL

Este episódio (a que Carlos assiste com o único objectivo de rever _____________________, o que não acontece)
constitui mais uma visão caricatural da sociedade _____________________, que num desesperado esforço de

Capítulo X I– Carlos, na sua consulta a Miss ____________, conhece finalmente Maria Eduarda e, com a desculpa da
doença, convive diariamente com ela.
cosmopolitização resolve promover um espectáculo que nada tem a ver com a tradição cultural do país, como
_______________ sublinha: “O verdadeiro patriotismo, talvez – disse ele – seria, em lugar de corridas, fazer uma boa
t_______________. (…)

Regresso de Ega de Celorico. Carlos declara-se a Maria Eduarda. Carlos compra a Quinta dos
________________ a _______
O Jantar dos Gouvarinho, surge numa altura em que Carlos, já desinteressado da c____________, passa grande parte
das manhãs na Rua de S. F_______________, em casa de Maria Eduarda. Este permite através da falas das
personagens, observar a degradação dos valores sociais, o atraso intelectual do país, a mediocridade mental de
algumas figuras da alta ___________________ e da aristocracia, dando especial atenção ao Conde de Gouvarinho e
sobretudo a Sousa __________. São aí abordados os seguintes temas:
• A educação das mulheres
Salienta-se o facto de ser conveniente que “uma senhora deve ser prendada”, ainda que as suas capacidades não
devam permitir que ela saiba discutir, com um homem, assuntos de carácter intelectual ( o próprio _________,
provocador, defende que “A mulher só devia ter duas prendas: c_________________ bem e amar bem”)

• A falta de cultura dos indivíduos que são detentores de cargos que os inserem na esfera social do
poder:

Sousa Neto, oficial superior da Instrução P_____________, desconhece Proudhon (fundador do socialismo utópico),
começando por responder a Ega que não se recordava “textualmente”, depois, “que Proudhon era um autor de
muita n____________e finalmente, perante a insistência de Ega, sintetiza a sua ignorância, afirmando que não sabia
que “esse f____________ tivesse escrito sobre assuntos escabrosos”, como o a________, acrescentando, porém, que era
seu hábito aceitar as “opiniões a_________, pelo que dispensava discussões”; posteriormente, perguntará a Carlos se
existe literatura em I__________, revelando-se ainda mais ignorante.

• O deslumbramento pelo Sousa Neto manifesta a sua curiosidade em relação aos países estrangeiros, interrogando
estrangeiro __________, o que revela o seu aprisionamento cultura, confinado às terras portuguesas.

Capítulo XIII – ____________________ começa a difamar Carlos e Maria Eduarda no seio da alta sociedade lisboeta. Os
dois amantes praticam ________________ inconscientemente. Carlos termina o caso com a ___________________.
Capítulo XIV – Carlos e Maria Eduarda encontram-se diariamente na Quinta dos Olivais (T_______). _____________
__________ comunica a Carlos que não é casado com ela. Esta última revela a Carlos toda a verdade e este, emocionado,
pede-a em _______________.
Capítulo XV – Ega vai jantar com Carlos e Maria Eduarda e o tema da conversa é a criação de um C_________________ e
de uma revista que dirigisse a literatura, elevasse a política, renovasse P_______________,

Os episódios dos jornais criticam a decadência do jornalismo português que se deixa corromper, motivado por
interesses económicos (é o caso de Palma C______________, do jornal A Corneta do Diabo) ou evidenciam uma parcialidade
comprometedora de feições políticas (é o caso de N____________, o director do jornal A Tarde.)

A Corneta do Diabo
Carlos dirige-se, com _________, a este jornal, que havia publicado uma carta escrita por _____________ que insultava
Carlos e expunha, em termos degradantes, a sua relação com Maria Eduarda; Palma Cavalão revela o nome do autor da carta e
mostra aos dois amigos o original, escrito pela letra de _____________, a troco de “_________ mil réis”.
A Tarde
Neves, director do jornal A Tarde, aceita publicar a carta na qual Dâmaso se confessava e_______________
ao redigir a carta insultuosa, mencionando a relação de Carlos e de Maria Eduarda, por concluir que, afinal, não
se tratava do seu amigo político Dâmaso G_____________, o que o teria levado a rejeitar a publicação.
Capítulo XVI – Ega e Carlos vão ao Sarau no Teatro da T_______________. Guimarães é apresentado por
A_________________ a Ega., que toma conhecimento da verdadeira identidade de _______________. (Anagnórisis)
Capítulo XVII – Carlos vai ter com Maria Eduarda a fim de lhe contar a desastrosa descoberta sobre as suas origens mas,
irresistivelmente, comete incesto c______________. ______________ apercebe-se da fraqueza do neto e morre de
d________________. Depois do funeral, Carlos encarrega ______ de revelar toda a verdade a Maria Eduarda e pedir-lhe que
parta _________.
Capítulo XVIII – Carlos e Ega fazem uma viagem pelo mundo , durante uma ano e meio. ______ regressa a Portugal mas
____________ instala-se em Paris. Em ___________, Carlos regressa a Portugal.

O desencantado passeio final de Carlos e Ega situa-se ______ anos após a partida de Carlos, para a viagem à volta do
mundo e consequente instalação em P_______. Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços
históricos e ideológicos. Os aspectos relativos à sociedade portuguesa dos finais do séc. XIX presentes neste episódio são:

A sensação de total imobilismo da sociedade portuguesa “Estavam no Loreto; e Carlos parara, olhando, reentrando
na intimidade daquele velho coração da c___________.
Nada mudara.” (p. 697, cap. XVIII)

O provincianismo da sociedade
“(…) o rapaz recolheu ao seu rancho – onde todos, já calados, com uma
lisboeta
curiosidade de província, examinavam aquele homem de tão alta e___________
(…) (p. 699, cap. XVIII)
A aceitação do fracasso e do desencanto por parte dos dois amigos: o
vencidismo
Em que tudo ficou! Mas r__________
bastante!” (p. 700, cap. XVIII)

A imitação acrítica do
“ (…) desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna: mas, sem originalidade, sem
estrangeiro
força, sem c_____________ para criar um feitio seu, um feitio próprio, manda vir
modelos do estrangeiro – modelos de ideias, de calças, de costumes, de leis, de arte, de
c______________… Somente, como lhe falta o sentimento da proporção (..). exagera o modelo, deforma-o, estraga-o até à
c______________________ .” (p. 703, cap. XVIII)

A intenção de Eça de Queirós é a de criticar a ______________ e a alta burguesia portuguesas dos fins do século

XIX. Essa intenção concretiza-se através da antinomia entre a educação e cultura de Carlos e a mediocridade duma sociedade

r______________ acéfala e monótona. Isto não invalida, no entanto, que o próprio ____________ venha a deixar-se

embrulhar e corromper pela podridão que o rodeava. Com efeito, a sociedade romântica, representada, por exemplo, pelo ultra-

romantismo pernicioso de ______________, pela educação retrógrada de Pedro e ____________________, pelo adultério

de ____________ Cohen e da Condessa de Gouvarinho, pela incompetência do Conde Gouvarinho e pela mediocridade cínica e

provinciana de ____________, somente com uma preocupação na vida: o “chique a valer”. não podia deixar de contrastar com

a educação moderna (b____________), a cultura e o gosto de Carlos da Maia. _____________ sonhara fazer dele um

cidadão “útil ao seu país” e não um “vadio”.

Mas entre o sonho e a realidade vai uma grande distância. Carlos, por nascimento e formação tem, de facto, um grande

ascendente sobre todos os que o rodeiam. Mas, paulatinamente, o meio l__________, povoado de medíocres janotas, ociosos e

parasitas, encarregar-se-á de o transformar num d________ ( indivíduo detentor de uma superioridade e distanciamento

elitistas, irónico, narcisista, com um gosto exagerado pelo l_________ e pelo culto da imagem e com um dia-a-dia votado ao

ócio). e num d_____________ (indivíduo incapaz de um empenhamento profissional sério e útil que se dispersa por diversas

actividades – b_____________, cavalos, luxo, literatura…). Carlos da Maia e João da Ega são diletantes à nascença, infectados
pelo meio, sem qualquer projecto socialmente útil .

Os dois amigos seriam os representantes da Geração de _________ que se insurgiu contra as velhas concepções com
a Questão __________ e as Conferências do Casino. Em princípio, esta geração, que era também a do autor, estaria destinada
ao sucesso, mas não foi isso que aconteceu: o fracasso de Carlos e João da Ega, patente no capítulo final o romance, é o
fracasso da Geração de 70, mais tarde denominada, Os Vencidos da Vida. De facto, a o________________ crónica dos
portugueses acabaria por contagiá-lo, levando-o a viver para a satisfação dos sentidos e a renunciar ao trabalho e aos
projectos que o dominavam quando chega a _________, no Outono de 1875. Assim, estas personagens representam os males
de Portugal e o fracasso sucessivo das diferentes correntes estético-literárias. A impressão geral que nos fica é a de uma
sociedade d______________, despersonalizada, apática e sem vontade de progredir. Será esta visão muito diferente da que
alguns cronistas actuais têm do Portugal o dealbar do século XXI

Carlos da Maia
É o protagonista, segundo filho de _____________________ e Maria

________________________. Após o suicídio do pai vai viver com o avô para Santa

_____________________, sendo educado à inglesa pelo preceptor, o inglês

______________. Sairá de Santa Olávia para tirar o curso de _________________________ em Coimbra. Descrito como

um belo jovem da Renascença com olhos negros e líquidos próprios dos Maias, alto, bem feito, de ombros largos, com uma testa

de mármore sob os anéis dos cabelos pretos, era admirado pelas mulheres, elegante na sua toilette e nos carros que guia.

Durante o seu período de estudos vive um caso amoroso com Hermengarda, que abandona por sentir compaixão do marido e do

filho, e mais tarde com uma p________________________ espanhola. Depois do curso acabado, viaja pela Europa, indo

visitar os Lagos escoceses com Mme. Rughel, uma holandesa separada. Regressando a Lisboa traz planos grandiosos de pesquisa

e curas médicas, que abandona ao sucumbir à inactividade, pois, em Portugal, um aristocrata da sua posição social não é suposto

trabalhar, e, ainda porque por ser um belo jovem desencadeava a desconfiança dos maridos que não lhe queriam confiar as

m__________________ doentes. Apesar do entusiasmo e das boas intenções fica sem qualquer ocupação e acaba por ser

absorvido por uma vida social e amorosa que levará ao fracasso das suas capacidades e à perda das suas motivações. É um

diletante que se interessa por imensas coisas, demonstrando um comportamento dispersivo. Carlos transforma-se numa vítima

da h_________________________________ (visível na sua beleza e no seu gosto exagerado pelo luxo, herdados da mãe e

pela tendência para o sentimentalismo, herdada do pai) e do meio em que se insere. Será absorvido pela inércia do

p___________, assumirá o culto da imagem, numa atitude de dândi. A sua superioridade e distância em relação ao meio

lisboeta é traduzida pela i_________________________ e pela condescendência. A sua verdadeira paixão nascerá em

relação a Maria Eduarda, que compara a uma d____________________ e jamais esquecerá. Por ela dispõe-se a renunciar a

preconceitos e a colocar o amor no primeiro plano. Ao saber da verdadeira identidade de Maria Eduarda consumará o

i____________________________ voluntariamente por não ser capaz de resistir à intensa atração que Maria Eduarda

exerce sobre ele. Acaba por assumir que falhou na vida, tal como Ega, pois a ociosidade dos portugueses acabaria por contagiá-

lo, levando-o a viver para a satisfação do prazer dos sentidos e a renunciar ao t_______________________ e às ideias

pragmáticas que o dominavam quando chegou a Lisboa, vindo do estrangeiro. Simboliza a incapacidade de regeneração do país a

que se propusera a própria Geração de _________________.

No final da obra afirma-se partidário do “fatalismo muçulmano”, ou seja, “nada desejar e nada recear... não se

abandonar a uma esperança, nem a um desapontamento.” Eça terá querido personificar em Carlos o ideal da sua juventude, a

que fez a Questão C_________________________ e as Conferências do C_________________________, e que acabou


no grupo dos Vencidos da V__________________, de que Carlos é um bom exemplo. É uma personagem modelada.
Maria Eduarda é apresentada como uma deusa (Juno), completa e talvez demasiado

idealizada. Ignorando a sua verdadeira identidade, entra na sociedade lisboeta pela mão

de Castro G___________________, com quem partilhava a sua vida, havia três anos.

Dizendo-se v____________ de Mac Green, sabia apenas que a sua mãe abandonara

Lisboa, levando-a consigo para Viena, quando contava apenas um ano e meio de idade. Da

sua união com Mac Green, que durara quatro anos, tivera uma filha,

R____________________, a quem amava com desvelo e por quem sacrifica a sua felicidade aliando-se a Castro Gomes a fim

de lhe dar estabilidade e_____________________. Mónaco, Londres e Paris foram cidades onde viveu antes de vir para

Lisboa, onde se dá o infortunado encontro com Carlos que consuma a desgraça predita por V___________________, quando

Afonso resolve habitar de novo o R____________________, ignorando as suas lendas e agouros. À sua perfeição física alia-

se a faceta moral e social que tanto deslumbram Carlos. A sua dignidade, a sensatez, o equilíbrio e a santidade são

características fundamentais da sua personagem. Salienta-se ainda a sua faceta humanitária e a compaixão pelos socialmente

desfavorecidos, motivando a comparação que Carlos entre ela e o a______________. A súbita revelação da verdadeira

identidade da sua deusa vai provocar em Carlos estupefação e compaixão, posteriormente o incesto

c_____________________, e depois deste a repugnância. A separação é a única solução para esta situação caótica a que se

junta a morte de A_________________, consumando as predições de Vilaça. A sua apresentação cumpre os modelos realista

e naturalista, é o exemplo acabado de que o indivíduo é um produto do m______________, pelo que coincidem no seu carácter

e no espaço físico que ela ocupa duas vertentes distintas da sua educação: a dimensão culta e moral, construída aquando da sua

estadia e educação num c_____________, e a sua faceta demasiado vulgar, absorvida durante o convívio com sua

m_____________, proprietária de uma casa de jogo onde toma contacto com uma realidade sórdida que se manifesta na jóia

de cocotte e no “Manual de Interpretação dos Sonhos”. Ela é o último elemento feminino da família Maia e simboliza, tal como

as outras mulheres da família, a desgraça e a fatalidade. É a terceira figura feminina na panóplia de três gerações da família

Maia apresentadas na obra. Simbolicamente o número três é o número da t______________________e implica a conjugação

de três momentos temporais: o passado, o presente e o futuro, ou seja a mulher surge na obra como um fator de

transformação do mundo masculino, conduzindo à esterilidade e à estagnação;. É de uma enorme dignidade, principalmente

quando não quer gastar o d________________ de Castro Gomes por estar ligada a Carlos. Adivinha-se bondosa e terna, culta

e requintada no gosto. Talvez seja a figura feminina que mais na obra, pela dignidade que assume e a tragédia que a atinge. No

final da obra, parte para Paris onde mais tarde se casa com Mr. de Trelain, casamento considerado por Carlos o de dois seres

desiludidos.

Ega, filho de uma viúva rica e beata de Celorico de Basto, escandalizava e chocava esse pequeno meio

com o seu espírito sacrílego. Amigo inseparável de Carlos, que conhece em Coimbra, onde se licenciou

em D___________________, fala por ele, sofre por ele, aprecia em Carlos as qualidades a que ele lhe

faltam; comparsa no drama de Carlos, seu confidente, sua consciência, seu companheiro nas angústias e

nos prazeres. Alter-ego de Eça, que ao nível físico brinca com a sua magreza, com o seu monóculo e com

o bigode arrebitado, e ao nível intelectual revela a sua dualidade romântica e regeneradora. Partidário

do Naturalismo opõe-se ao poeta ultra-r_______________, Alencar. Embora defensor dos valores

realistas, revela-se um r____________________, no pior sentido, incapaz de fazer fosse o que fosse. Irreverente,

revolucionário, boémio, excêntrico, exagerado, caricatural, provocador, cínico, sarcástico, crítico, anarquista sem moral e sem

Deus, satânico, positivista e romântico, um pobre diabo apaixonado, que interpretará o mensageiro funesto dos amores

incestuosos de Carlos e Maria Eduarda, ao tornar-se depositário dos papéis que confirmam os laços de sangue entre ambos.
Assume-se como um dândi, mas também como um literato falhado, começa a escrever “Memórias de um Átomo”, história das

grandes fases da Humanidade e do Universo, “O Lodaçal” para se vingar de Jacob C_______________, mas nunca os acaba,

mostra ainda vontade de escrever “As Jornadas da Ásia”, não chegando sequer a iniciá-lo, bem como uma revista que

revolucionasse o ambiente cultural português; o intelectual das grandes ideias, das revoluções facínoras, das grandes

alterações sociais, porém nada faz, vivendo num amplo parasitismo, refugiando-se por detrás de Carlos. Cultiva a sua própria

imagem, excêntrica e exuberante, o que se evidencia na decoração da Vila B_________________. O seu discurso demolidor

serve a Eça para atingir as instituições e os valores que pretendia denunciar. No final da obra assume grande importância na

intriga por ser o depositário da c________________ reveladora da identidade de Maria Eduarda.

Alencar é o poeta r_________________________ à portuguesa que exerce


grande influência na geração de Pedro, aconselhando a Maria
___________________________ o tipo de novelas a ler. É o autor de “Vozes
d’Aurora”, “Elvira” e “Flor de Martírio”. Era frequentador assíduo das
soirées de Arroios. Identificado com os valores do romantismo hiper-
sentimental, tem uma paixão literária por Maria Monforte. É caricato e
exagerado e denuncia uma feição sentimental e pessimista do ultra-romantismo. Tem uma
atitude poética declamatória e teatral, cheio de tiques, os seus versos são caricatos,
condizendo com a sua atitude melancólica. “Muito alto, todo abotoado numa sobrecasaca
preta, com uma face escaveirada, olhos encovados, e sob o nariz aquilino, longos, espessos,
românticos bigodes grisalhos; já todo calvo na frente, os anéis fofos de uma grenha muito seca
caíam-lhe inspiradamente sobre a gola; e em toda a sua pessoa havia alguma
coisa de antiquado, de artificial e de lúgrube.”, tinha uma voz grossa e
macilento.. Serve a Eça para figurar as discussões de escola entre
n________________________ e românticos, numa visão caricatural da Questão
Coimbrã. Não se lhe conhecem defeitos e tem um grande e generoso
coração, é bondoso e sentimental, idealista e sincero.
Castro Gomes, um fidalgo b____________________, é o elemento catalisador da catástrofe ao desvendar o passado

de Maria Eduarda, de quem fora a_______________ em Paris durante três anos. É o responsável pela entrada dela na

sociedade lisboeta. Após a descoberta do romance de Maria Eduarda com Carlos abandona Portugal sem grande pesar.

Craft é filho de um clérigo de uma igreja inglesa, facto que o aproxima de Carlos e da sua forma de

estar no mundo, pelo que entre eles nascerá uma amizade espontânea. De diminuta importância, de

temperamento byroniano, dedica o seu tempo a viajar e a colecionar obras de a_________________

juntando-as na casa que possuía nos Olivais, passatempos deverás em conformidade com a sua fortuna

herdada de um tio. É um gentleman que herdou da sua cultura britânica, a bravata a defesa de ideias,

a retidão de carácter e a correção; é o arquétipo do que deve ser um homem, e Eça não esconde as suas

simpatias por ele. É marcado pelo d____________________ e desocupação que, à semelhança de

Carlos, o irão vitimar. Tem uma posição de nítida s__________________ e desdém face aos demais. A última menção ao seu

nome é para, implicitamente, conduzir o leitor à conclusão de que este amante do Belo e do xadrez

acabará os seus dias em Richmond, sucumbindo ao álcool.

Cruges é uma personagem secundária que simboliza o m___________________ idealista, que sucumbe

à mediocridade cultural do p________. O seu objetivo é compor uma ópera que o imortalizasse, mas
falta-lhe a motivação, devido ao meio em que se insere, e que pode ser comprovado pela sua afirmação “Se eu fizesse uma

ópera, quem é que ma representava?”, demonstrando-se sem génio criativo, esmagado pelo m____________ que o rodeia.

Guimarães é um antigo trabalhador do j_______________ Rappel, fundado por Victor Hugo e Rochefort, e

t_______ de Dâmaso. É o portador da d_______________ da família Maia, tendo conhecido Maria Monforte em Lisboa,

encontrando-a posteriormente em Paris, onde recebe a caixa que encerra o segredo da verdadeira identidade de Maria

Eduarda, caixa essa que mais tarde entregará a E____________. É uma encarnação do D______________, assumindo o

papel de destinador pela sua ação meramente casual, recusando o êxito a Carlos, a quem inviabiliza os seus amores com Maria

Eduarda, ferindo também A______________, que aliás morre na sequência da revelação por Guimarães proporcionada.

Vilaça (pai e filho) são os procuradores da família Maia. Apesar de empregados da casa dos Maias, foram sempre

tratados com familiaridade. Vilaça é o arauto da fatalidade que ensombra a família e o Ramalhete. Após a morte do pai, Manuel

Vilaça assume a função de procurador, com escritório na Rua da Prata, desejando ser vereador, ou talvez deputado. Embora de

condição subalterna, este burguês diligente e empreendedor, mas calmo, torna-se o mensageiro da fatalidade ao revelar a

Carlos a identidade de Maria Eduarda, função que lhe fora incumbida por Ega, que não tivera coragem. Ambos são de uma

lealdade sincera à família Maia. É uma personagem-tipo representando o burguês típico e conservador, honesto e prudente.

Dâmaso Salcede é o personagem mais caracterizado por Eça, tornando-se um cabide de

d_____________: defeitos de origem (filho de um agiota); presumido; cobarde; não tem dignidade

(porta-se como uma rafeiro sabujo); mesquinho; enfatuado e gabarola; provinciano e tacanho,

somente com uma preocupação na vida: o “c_____________ a valer”. Fisicamente é baixote,

g_______________, frisado como um noivo de província, mas a quem não falta pretensiosismo.

Aproxima-se de Carlos, que admira e i____________, por interesse e desejo de condição social.

Tenta convencer-se e convencer os outros do seu fascínio irresistível face ao sexo oposto, não

obstante as suas conquistas estarem confinadas a espanholas de r______________ muito duvidosa. Possuidor de grande

bazófia e sendo um enorme cobarde, difama pública e anonimamente C____________, mas retrata-se logo em seguida. Nada

tem de inteligente, de honrado ou de nobre. Consegue casar com uma filha dos Condes de Águeda que se apressa a traí-lo.

Condensa toda a estupidez, futilidade e ausência de valores da sociedade. Imita qualquer comportamento importado do

e_________________, principalmente de França.

Eusebiozinho, vizinho de Carlos, é inicialmente o negativo de Carlos no que toca à e____________________. Leva

uma existência doentia, mergulhado nos alfarrábios, sem qualquer contacto com a n________________. Tornou-se “molengão

e tristonho”, com as perninhas flácidas. Depois de viúvo procurava os b_________ para se distrair. Fidalgo de província sem

vontade própria. É uma personagem-tipo representando a educação retrógrada portuguesa.

A ADJECTIVAÇÃO
Adjectivação Dupla Note -se que no primeiro exemplo, o primeiro adjectivo exprime
- "os seus dois olhos redondos e uma característica física e o segundo, psíquica e no segundo
agoirentos" exemplo verificamos o contrário. Com este recurso Eça pretende
- “Aquela mulher (…) fácil e nua” exprimir as vertentes objectiva e _______________ da realidade.
Adjectivação Imprópria (ligada à sinestesia
No primeiro exemplo, é visível a associação de sensações
e à hipálage) v____________ (luz) e t_________________ (macia) e no segundo de
- luz macia; /escarlate estridente sensações visuais (_____________________) e ______________________
(sinestesias) (estridente). Nos terceiro e quarto exemplos os adjectivos
-cidade preguiçosa; /adro pensativo e preguiçosa e pensativo e grave têm a intenção de atingir não a
grave (hipálages) cidade ou adro em mas os h____________ da cidade e os
frequentadores do adro.
Adjectivação Hiperbólica Este exagero dá-nos uma imagem caricatural, satírica.
“…as suas digestões monstruosas”
Adjectivação Antitética O adjectivo doloroso associado ao nome riso exprime a
“…ri num doloroso riso deste mundo c_______________ de ideias existente entre os dois vocábulos, o
burlesco e sórdido” primeiro associado ao sentimento de dor e o segundo ao de
alegria.
Adjectivação Anteposta e Posposta O adjectivo anteposto (rica) tem um valor __________________, com
- “Ponha-lhe o nome de Carlos Eduardo, função conotativa (o adjectivo neste contexto significa não
minha rica senhora” abastada mas sim magnífica, admirável). O adjectivo posposto
- “E apareceu um indivíduo muito alto, …” (alto) tem um valor restritivo, com função ________________ (é
apresentado no seu sentido literal, indicando um indivíduo de
estatura elevada)
A ADVERBIAÇÃO (O advérbio de modo serve admiravelmente o ritmo e a musicalidade da frase. Tem além
disso, como o adjectivo, um grande poder sugestivo.)
Adverbiação dupla Os advérbios são empregues com função de intensificar o
-"… vendo-se rir simples e sentido do v_____________.
limpidamente"
Adverbiação tripla Este recurso serve o propósito e acentuar a g_________________
"…ambos insensivelmente, crescente do aproximar de Carlos da mulher amada.
irresistivelmente, fatalmente,
marchando um para o outro..."
Adverbiação ligado à ironia A ironia reside no facto do advérbio gulosamente (que se refere
“Beatas (…) enfiavam gulosamente para sempre a coisas materiais, à comida) estar aqui ligado ao
a igreja.” espiritual (I_______________)
Adverbiação antitética em relação ao verbo O advérbio majestosamente, que sugere a ideia de
“… mamava majestosamente um d________________, liga-se à forma verbal mamava que, no
imenso charuto” contexto, aponta para uma atitude cómica.
O VERBO
Emprego do gerúndio O tempo verbal mais importante em Eça é o gerúndio, que lhe
"O marquês ainda se demorou permite evitar as orações r_______________, esses "ques" aos quais
preguiçando no sofá, enchendo tinha aversão.
lentamente o cachimbo, dando um
olhar..."
Verbo Expressivo A forma verbal remete para a f____________ de Ega.
“Assim atacado entre dois fogos, Ega
trovejou…”
Verbo de tom cómico e caricatural A forma verbal associa, comicamente a personagem a um animal
“A tia Patrocínia uivou de furor” (________).
Verbo Hiperbólico A forma verbal tem um valor c__________, remetendo para a
“Uma formidável moça (…) entrou estrutura corporal da moça.
esmagando o soalho”
FIGURAS DE ESTILO
Hipálage A hipálage (atribuição a um nome de uma qualidade que pertence
"O poeta ... passou os dedos pelos a outro nome), neste contexto, pretende indicar que não são os
anéis fofos da grenha inspirada..." cabelos do poeta que são I_________________, mas sim a sua própria
pessoa.
Ironia Através deste recurso realiza-se a crítica à mediocridade do povo
português, servindo a construção da crónica de c________________.

"É possível - respondeu a inteligente A sinestesia aponta para a associação de sensações _____________
Silveira." (claro) e ___________________ (repique)
Sinestesia
"...o claro repique de um sino."

O DISCURSO INDIRECTO LIVRE Este tipo de discurso permitiu a Eça libertar a frase dos detestados
verbos declarativos e da correspondente c_________________ que os completa ("disse que...") e
impersonalizar o relato, confundindo-se a voz do narrador com a da personagem, dando-lhes uma
aparente independência, o que satisfazia o seu realismo. Este tipo de construção assimila as
características próprias do discurso directo, nomeadamente as exclamações, as i_____________________,
as reticências, as
i_________________ e os vocativos, coisa impossível no discurso indirecto normal. ("Zás!"; "Credo!";
"Meus caros senhores!")

OS NEOLOGISMOS lambisgonhice, pensabudo, gouvarinhar,

OS ESTRANGEIRISMOS (G__________________ e A____________________) - soirée, cache-nez, break,


whist,

O DIMINUTIVO Este pode ter um valor irónico/caricatural e d_________________________ ("O


homenzinho não está bom da cabeça"), de pequenez ("Deu-lhe um livrinho para ler.") e familiar /
a___________________ ("Está-se fazendo tarde, Carlinhos.")

PRESSÁGIOS DE DESGRAÇA

1. Alusão de Vilaça a uma lenda, “segundo a qual eram sempre f_________ aos Maias as paredes do
R________________...” (cap. I)
2. Durante as corridas de cavalo, Carlos que apostara em Vladimiro, uma pileca, acaba por ganhar várias apostas, quando vai
cobrar a dívida à ministra da B_____________ que lhe diz, em tom de presságio “ Vous connaissez le proverbe: heureux au
jeau...” azar no amor. De facto, Carlos pode ter sorte ao jogo, mas acaba por falhar no amor ao se apaixonar pela própria
__________. (cap. VIII)
3. Carlos, em diálogo com Craft diz-lhe: “A gente, Craft, nunca sabe se o que lhe sucede é, em definitivo , bom ou mau”, ao
que Craft acrescenta: “Ordinariamente é ________”. (Cap. X)
4 Carlos achava que Maria Eduarda era psicologicamente parecida com o _____ (“Foi um encanto para Carlos quando Maria o
associou às suas caridades, pedindo-lhe para ir ver a irmã da sua engomadeira, que tinha reumatismo (…). E nestas piedades
achava-lhe semelhanças com o avô.”) (cap. XI)
5 A T____________ é o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o carácter animalesco do
relacionamento amoroso entre Carlos e Maria Eduarda. Carlos introduz a chave no portão da Toca com todo o prazer,
sugerindo não só poder mas também o prazer das relações incestuosas (é de lembrar que a chave é um símbolo fálico). Da
segunda vez que se alude à chave, os dois amantes experimentam-na o que passa a simbolizar a aceitação e entrega mútua.

CONCLUSÃO
A intriga principal é de índole trágica, apresentando, como se viu, alguns elementos que fogem às leis do
n____________. O factor meio não funciona como condicionante, pois os protagonistas foram criados em
meios totalmente diversos; o factor educação não funciona porque foram alvos de educação diferente; o factor
_____________________ não funciona como condicionante porque só descobriram que havia muitas
semelhanças entre os seus pais e que eram irmãos num momento já avançado da acção.

1. Comentário de Ega: “Ela virá. Cada um tem a “sua mulher”, e necessariamente tem de a encontrar. Tu estás aqui, na Cruz
dos Quatro Caminhos, ela está talvez em Pequim: mas (…) estais ambos insensivelmente, irresistivelmente,
f_______________, marchando um para o outro!”(cap. VI)
2. A semelhança de nomes entre os irmãos (Carlos Eduardo e Maria Eduarda). Carlos diz mesmo, falando dessa semelhança:
"Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus d_____________!" - pressagiava, de facto, mas de forma trágica;
(cap. XI)
3. “Ega escutava-o sem uma palavra, enterrado no fundo do sofá. Supusera um romancezinho, desses que nascem e morrem
entre um beijo e um bocejo: e agora, só pelo modo como Carlos falava daquele grande amor, ele sentia-o profundo, absorvente,
eterno, e para bem ou para mal tornando-se daí por diante, para sempre, o seu i__________________ destino.” (cap. XII)
4. “E afastou-se, todo dobrado sobre a bengala, vencido enfim por aquele i__________________ destino que, depois de o
ter ferido na idade da força com a desgraça do filho – o esmagava ao fim da velhice com a desgraça do neto.” (cap. XVII)

Localize este excerto na estrutura externa e interna da obra.

Quanto à estrutura externa, o excerto transcrito situa-se no capítulo VI da obra, e quanto à estrutura
CONCLUSÃO
Todos estes excertos apontam claramente o dedo subtil de uma entidade transcendente a Carlos e a Maria
Eduarda que os aproxima e que os há-de destruir. E neste aspecto a intriga escapa aos postulados dos
cânones da estética naturalista que submetia todos os processos a um feroz racionalismo.
O Sr. Guimarães mensageiro do Destino, aparece vestido de negro, anunciando também o luto da família.
interna corresponde ao primeiro episódio da c_________________ de costumes, o Jantar no Hotel Central,
organizado por ________ para homenagear ____________. Durante o jantar, a conversa recai sobre a
literatura, as f________________ nacionais e a política, sendo o excerto referente ao primeiro tema. É neste
momento que Carlos penetra no meio social l______________, e é antes de entrar no hotel que ele vê pela
primeira vez Maria Eduarda, a deusa, dando início à intriga principa
I
Faz uma leitura atenta do texto que se segue e responde, com precisão e clareza, às questões
formuladas.

Na Lawrence o jantar prolongou-se até às oito horas, com luzes: - e o Alencar falou sempre. Tinha esquecido nesse dia
as desilusões da vida, todos os rancores literários, estava numa veia excelente:. E foram histórias dos velhos tempos de
Sintra, recordações da sua famosa ida a Paris, coisas picantes de mulheres, bocados da crónica íntima da Regeneração...
Tudo isto com estridências de voz, e "filhos isto! E "rapazes aquilo!" e gestos que faziam oscilar as chamas das velas, e
grandes copos de Colares emborcados de um trago. Do outro lado da mesa, os dois ingleses, correctos nos seus fraques
negros, de cravos brancos na botoeira, pasmavam, com um ar embaraçado a que se misturava desdém, para esta
desordenada exuberância de meridional.
A aparição do bacalhau foi um triunfo: - e a satisfação do poeta tão grande, que desejou mesmo, caramba, que ali
estivesse o Ega!
- Sempre queria que ele provasse este bacalhau! Já que me não aprecia os versos, havia de me apreciar o cozinhado,
que isto é um bacalhau de artista em toda a parte!... Noutro dia fi-lo lá em casa dos meus Cohens; e a Raquel, coitadinha,
veio para mim e abraçou-me... Isto, filhos, a poesia e a cozinha são irmãs! Vejam vocês Alexandre Dumas... Dirão vocês que o
pai Dumas não é um poeta... E então D'Artagnan? D'Artagnan é um poema!... É a faísca, é a fantasia, é a inspiração, é o
sonho, é o arrobo! Então, poço, já vêem vocês, que é poeta!... Pois vocês hão-de vir um dia destes jantar comigo, e há-de vir o
Ega, hei-de-vos arranjar umas perdizes à espanhola, que vos hão-de nascer castanholas nos dedos!... Eu, palavra, gosto do
Ega! Lá essas coisas de realismo e romantismo, histórias... Um lírio é tão natural como um percevejo... Uns preferem fedor
de sarjeta; perfeitamente, destape-se o cano público... Eu prefiro pós de marechala num seio branco; a mim o seio, e, lá vai
à vossa. O que se quer é coração. E o Ega tem-no. E tem faísca, tem rasgo, tem estilo...
Pois, assim é que eles se querem, e, lá vai à saúde do Ega. Pousou o copo, passou a mão pelos bigodes , e
- E se aqueles ingleses continuam a embasbacar para mim, vai-lhes um copo na cara, e é aqui um vendaval, que há-de a
Grã-Bretanha saber o que é um poeta português!...
Mas não houve vendaval, a Grã-Bretanha ficou sem saber o que é um poeta português, e o jantar terminou num café
tranquilo. Eram nove horas, fazia luar, quando Carlos subiu para a almofada do break.
Alencar, embuçado num capote, um verdadeiro capote de padre de aldeia, levava na mão um ramo de rosas.: e agora
guardar o seu panamá na maleta, trazia um boné de lontra. O maestro, pesado do jantar, com um começo de spleen,
encolheu-se a um canto do break, mudo, enterrado na gola do paletó, com a manta da mamã sobre os joelhos. Partiram.
Sintra ficava dormindo ao luar.
Algum tempo o break rodou em silêncio, na beleza da noite. A espaços, a estrada aparecia banhada de uma
claridade quente que faiscava. Fachadas de casas, caladas e pálidas, surgiam, de entre as árvores, com um ar de melancolia
romântica. Murmúrios de águas perdiam-se na sombra; e, junto dos muros enramados, o ar estava cheio de aroma, Alencar
acendera o cachimbo, e olhava para a Lua.
Mas, quando passaram as casas de São Pedro, e entraram na estrada, silenciosa e triste, Cruges mexeu-se, tossiu,
olhou também para a Lua, e murmurou de entre os seus agasalhos:
- Ó Alencar, recita para aí alguma coisa...
O poeta condescendeu logo - apesar de um dos criados ir ali ao lado deles, dentro do break. Mas, que havia ele de
recitar, sob o encanto da noite clara? Todo o verso parece frouxo, escutado diante da Lua! Enfim, ia dizer-lhe uma história
bem verdadeira e bem triste... Veio sentar-se ao pé de Cruges, dentro dos seu grande capotão, esvaziou os restos do
cachimbo, e, depois de acariciar algum tempo os bigodes começou, num tom familiar e simples:

Era o jardim de uma vivenda antiga


Sem arrebiques d'arte ou flores de luxo;
Ruas singelas d'alfazema e buxo,
Cravos, Roseiras...

- Com mil raios! - exclamou de repente o Cruges, saltando de dentro da manta, com um berro que emudeceu o poeta, fez
voltar Carlos na almofada, assustou o trintanário.
O break parara, todos o olhavam suspensos; e, no vasto silêncio da charneca, sob a paz do luar, Cruges, sucumbido,
exclamou:
- Esqueceram-me as queijadas!

Localize o excerto na estrutura da obra.


3. Identifica as duas escolas literárias presentes no excerto, referenciando os ideais
que preconizam, bem como as personagens que as representam. (20)

4. Explicita as atitudes de desprezo de Cruges em relação a Alencar. (30)

5. Identifica as marcas do estilo queirosiano presentes no excerto. (35)

6. Num texto de 80 a 100 palavras, refira-se ao modo como os modelos educacionais de

Carlos e Eusebiozinho condicionaram a vida adulta destas personagens.

 Preencha os espaços em branco de acordo com o que leu n” Os Maias”. Transcreva os números
para a sua folha de resposta. (30 p)

a. A acção d’Os Maias tem início no Outono de (1) ______.


b. O nome da residência da família Maia em Lisboa provém de um painel de azulejos com um ramo de (2)
______.
c. Maria Monforte trocou Pedro da Maia pelo napolitano (3) _______.
d. Vilaça era o (4) _______ da família Maia.
e. A (5) _______ localizava-se nas margens do rio Douro.
f. O grande projecto literário de Ega é a publicação do livro intitulado (6) ______.
g. A residência de Ega em Lisboa era conhecida como (7)______.
h. A profissão do pai de Dâmaso Salcede (8) ________.
i. A (9) _______ é filha de um rico comerciante do Porto.
j. Jacob Cohen descobriu a traição da esposa e do amigo no dia do Baile de (10) ______.
k. Após o baile, Ega refugia-se em (11) ______, onde planeia escrever uma comédia satírica sobre a sociedade
lisboeta, intitulada (12) ______.
l. Segundo (13) ______, as touradas deveriam ser gratuitas e obrigatórias.
m. No Jantar dos Gouvarinho tece-se uma crítica à ignorância da classe política, destacando-se o representante
da Instrução Pública, (14) ______.
n. Rosicler era filha de Maria Eduarda e de (15) ______.
o. O poeta naturalista (16) ________ dedicou um epigrama a Alencar.
p. Carlos decide comprar ao amigo (17) ______ a (18) ______ para aqui instalar Maria Eduarda e a
família.
q. Maria Eduarda, durante a visita à Toca, é particularmente sensível a vários objectos carregados de simbologia.
Entre eles encontrava-se uma representação da cabeça degolada de (19) ______ e uma tapeçaria onde
desmaiavam os amores de (20) ______ e (21) ______.
r. (22) _______ revela a Carlos que Maria Eduarda não é sua esposa legítima.
s. Dâmaso manda publicar um artigo no jornal (23) _______, do director (24) _______, a difamar a relação de
Carlos e Maria Eduarda.
t. João da Ega publica a carta onde Dâmaso se declara um bêbado incorrigível no jornal (25) _______, do
director (26) ______.
u. (27) _______ é o portador da desgraça.
v. Maria Eduarda toma conhecimento do grau de parentesco que a une a Carlos por intermédio de (28) ________.
w. Após a tragédia, Carlos instalou-se em (29) ________.
x. Carlos regressa a Portugal dez anos após a tragédia, em (30) ______.

B .Identifique as personagens às quais se referem os seguintes excertos: (24 p)

1. “ (…) disse numa meia voz grave a sua frase, a frase definitiva com que julgava todos os acontecimentos que
aparecem em telegrama:
- É grave… É eqsessivemente gràve.”
2. “ (...) e nada havia mais melancólico que a sua facezinha trombuda a que o excesso de lombrigas dava uma
moleza e uma amarelidão de manteiga, os seus olhinhos vagos e azulados, sem pestanas como se a ciência lhas
tivesse já consumido (...)”

3. “(…) era um português antigo e fiel e fiel que se benzia ao nome de Robespierre, e que, na sua apatia de fidalgo
beato e doente, tinha só um senti8mento vivo – o horror, o ódio ao Jacobino (…)

4. “ (…) era decerto um formoso e magnífico moço, alto, bem feito, de ombros largos, com uma testa de mármore
sob os anéis dos cabelos pretos e os olhos (…) de um negro líquido (…) Trazia a barba toda, muito fina,
castanho-escura, rente na face, aguçada no queixo – o que lhe dava, com o bonito bigode arqueado aos cantos
da boca, uma fisionomia de belo cavaleiro da Renascença.”

5. “ Com o jaquetão de veludilho, os seus grossos sapatos brancos, (...) parecia mais forte e maior, na sua rigidez,
sobre o leito estreito: entre o cabelo de neve cortado à escovinha e a longa barba desleixada, a pele ganhara
um tom de marfim velho, onde as rugas tomavam a dureza de entalhadura a cinzel: as pálpebras engelhadas, de
pestanas brancas, pousavam com a consolada serenidade de quem enfim descansa; e ao deitarem-no, uma das
mãos ficara aberta e posta sobre o coração, na simples e natural atitude de quem pelo coração tanto vivera.”

6. “ (…) no entanto, impassível, bebia aos goles a sua chartreuse. Já presenciara duas literaturas rivais
engalfinhando-se, rolando no chão, num latir de injúrias: a torpeza do Alencar sobre a irmã do outro fazia
parte dos costumes de crítica em Portugal: tudo isso o deixava indiferente, com um sorriso de desdém.”
CORRECÇÃO DO TESTE DE AVALIAÇÃO
Quanto à estrutura externa, o excerto transcrito situa-se no final do capítulo VIII da obra, e quanto à estrutura interna

retrata a ida de Carlos e Cruges a Sintra. Contudo, em vez da Madame Castro Gomes que já tinha partido para

Mafra, os dois amigos encontram o poeta ultra-romântico Tomás de Alencar, que os convida para um jantar na

Lawrence. Durante o jantar, a conversa recai sobre a literatura, nomeadamente sobre as duas escolas literárias

rivais, o Realismo/Naturalismo e o Ultra-Romantismo. Triste, desiludido, mais obcecado, regressa a Lisboa,

onde voltará a procurá-la.


1. As duas escolas literárias presentes no excerto são o Ultra-Romantismo, defendido por Alencar e o Realismo/Naturalismo,
representado por Cruges e por João da Ega que, apesar de ausente, é frequentemente referido pelo próprio Alencar como
defensor de valores opostos aos seus.
O Realismo/Naturalismo, movimento artístico de meados do século XIX, fundamenta-se na contestação do idealismo
romântico e na tendência para privilegiar a observação e a análise de tipos humanos e de costumes sociais, através da
representação objectiva da realidade e da ocultação da subjectividade susceptível de interferir nessa representação.
Em contrapartida, o Ultra-Romantismo regia-se por valores saudosistas, egocêntricos, suspirosos, desligados do mundo
e limitado à expressão hiperbólica de sentimentalismos e vivências amorosas.
2. As atitudes de desprezo que Cruges assume em relação a Alencar são visíveis, por exemplo, nas expressões " Ó Alencar,
recita para aí alguma coisa...", no vocativo utilizado e na utilização da expressão "...para aí alguma coisa...", reveladora da
indiferença do maestro, e "Com mil raios!", sendo que a interrupção repentina e as razões fúteis que a originaram são
igualmente indiciadoras de desprezo pela declamação de Alencar. A interrupção intempestiva de Cruges “Com mil raios!” e as
razões fúteis que a originaram indiciam igualmente o desinteresse de Cruges pela emocionada declamação do poeta das "Vozes
da Aurora", revelando o pouco valor que a estética romântica tem para si.
3. Constituem marcas do estilo queirosiano o uso do discurso indirecto livre ("...a satisfação do poeta tão grande, que desejou
mesmo, caramba, que ali estivesse o Ega!") , que permitia a Eça impersonalizar o seu relato, dando às suas personagens aparente
independência, o que satisfazia o seu realismo, a expressividade verbal, visível nas formas "pasmavam", "rosnou" e
"embasbacar", formas estas ligadas à ironia, o diminutivo com valor familiar/afectivo ("coitadinha") e os estrangeirismos
(anglicismos) spleen e break, recurso este explicável pela influência pessoal dos hábitos, costumes e modos de viver que
também foram os de Eça em Inglaterra e França.
Relativamente aos recursos expressivos, verificamos neste excerto que Eça privilegiou a adjectivação dupla ("tom
familiar e simples"), de forma a dar clareza e individualidade ao substantivo, a adverbiação com valor superlativante ("bem
verdadeira e bem triste"), a personificação ("Sintra ficava dormindo ao luar") e a metáfora ("ar de melancolia romântica"), de
forma a humanizar a cidade de Sintra, a sinestesia ("claridade quente"), associando sensações visuais e tácteis, a hipálage
("estrada silenciosa e triste"), transferindo para a estrada a tristeza de quem a atravessa, a apóstrofe ("Ó Alencar..."),
traduzindo a indiferença de Cruges relativamente à figura do poeta, a repetição anafórica ("É a faísca, é a fantasia, é a
inspiração..."), transmitindo a admiração de Alencar pela literatura romântica e, finalmente, a comparação, ("Um lírio é tão
natural como um percevejo."), onde Eça estabelece um contraste entre a literatura romântica e a naturalista.
4. Os modelos educacionais condicionaram gravemente a vida adulta das personagens Carlos e Eusebiozinho. Carlos, porque foi
educado à inglesa, com rigor e vitalidade, enfrenta a vida de uma forma mais natural, fugindo a alguns preconceitos da época e
querendo trabalhar como médico. É esta mesma educação rigorosa, com destaque para o físico, que lhe permite voltar à Toca e
cometer incesto conscientemente. Por outro lado, a educação religiosa oitocentista com base na cartilha e na memorização,
origina fragilidades e deformações de carácter, que podem ser observadas, inclusivamente, nas saídas de Eusebiozinho com as
prostitutas espanholas.

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