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Resumo. Este artigo tem como objetivo apresentar reflexões sobre as contribuições
e desafios de se desenvolver e promover o fortalecimento da gestão democrática e
das Instâncias Colegiadas no uso dos recursos públicos destinados à escola.
Constitui-se como objetivo, também, estimular a consciência da participação
democrática e colegiada na escola, bem como promover e incentivar a gestão
participativa, em seus aspectos pedagógicos e financeiros, buscando caminhos para
a melhoria na qualidade de ensino. Assim, apresenta propostas de superação e de
transformação da realidade educacional e da comunidade em que a escola está
inserida, possibilitando ao sujeito a participação e preparação para a cidadania
plena, tornando-se histórico, ativo e consciente de seu papel frente às mudanças de
paradigmas do contexto sócio-econômico-político-histórico e cultural. Para tanto, traz
alguns itens que são imprescindíveis para a efetivação da gestão democrática da
escola pública desde a construção coletiva do Projeto Político Pedagógico, a
participação efetiva das Instâncias Colegiadas e a gestão democrática dentro da
gestão de recursos financeiros, considerando principalmente que a gestão
democrática é uma postura ética e desafiadora para os educadores de todo o país,
em que o diálogo e a comunicação devem ser os instrumentos do processo coletivo
de busca de um conhecimento profundo sobre a participação na gestão escolar.
1 INTRODUÇÃO
1
Professor PDE, Graduado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá, com Pós-
Graduação em Administração, Supervisão e Orientação Educacional pela Universidade Norte do
Paraná (Unopar), Diretor do Colégio Estadual Helena Kolody de 2009 a 2017.
2
Orientador. Professor Titular da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Departamento de
Fundamentos da Educação. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEM
(2016-2018). Pós-Doutor pela Universidade de Bristol, Inglaterra. Pesquisador do CNPq.
Assim, encontra-se neste artigo resultados e achados de pesquisa, bem como
registros da implementação do projeto de intervenção pedagógica que foi
desenvolvido na área de gestão escolar do PDE, cujo tema de estudos refere-se à
Gestão Participativa de Recursos Financeiros nas Escolas Públicas do Estado do
Paraná. Procuramos, outrossim, mostrar fragmentos do contexto do período de
redemocratização do Brasil, apresentando alguns conceitos através dos quais
podemos entender a democracia atual.
Por meio de um breve histórico sobre a gestão democrática e as leis que a
instituíram, enfatizamos sua importância para a escola pública e as maneiras de
participação efetiva via instâncias colegiadas. Neste trabalho, fazemos referência às
instâncias colegiadas que precisam atuar na escola e destacamos a relevância de
cada uma delas para o fortalecimento da gestão democrática, defendendo que as
mesmas existem não apenas para cumprir meras necessidades burocráticas, mas
para reforçar atitudes que devem ser tomadas para que os membros da comunidade
escolar, principalmente os pais, sejam estimulados a participar mais ativamente e
com conhecimento das atribuições das instâncias colegiadas.
Em termos práticos, com a finalidade de servir de referencial metodológico,
organizamos um curso de 32 horas, ou seja, a própria aplicação da produção
didático-pedagógica, por meio do qual aconteceram encontros, palestras, estudos e
discussões relativos à gestão democrática. Esta unidade didático-pedagógica, no
decorrer das 32 horas de curso, procurou desenvolver conceitos de maneira que os
participantes pudessem entender a importância das instâncias colegiadas e a
compreenderem a necessidade de se colocar em prática suas atribuições,
esperando, com isso também, propiciar a melhoria na qualidade de ensino.
A problemática que estimulou a elaboração do projeto de intervenção e a
posterior organização da produção didática está relacionada com as seguintes
perguntas: ‘As instâncias Colegiadas Associação de Pais, Mestres e Funcionários,
Conselho Escolar e Grêmio Estudantil estão devidamente informadas de seu papel
na Gestão Participativa de Recursos Financeiros?’; ‘As Instâncias Colegiadas
conhecem as fases da Gestão dos Recursos Financeiros dentro da escola?’. A partir
dessas indagações é que encaminhamos a aplicação da produção didático-
pedagógica, que se constituiu em um instrumento de reflexão e formação para as
instâncias colegiadas do Colégio Estadual Helena Kolody, Ensinos Fundamental e
Médio, localizado no município de Sarandi, PR.
2 A REFORMA DO ESTADO NA DÉCADA DE 1990
3
A teoria da burocracia de Max Weber popularizou-se por volta do ano de 1940, já após a morte do
autor. Max Weber, está entre os principais pensadores da teoria administrativa (WALTTER JÚNIOR,
2015).
necessárias novas classificações das atividades do Estado. O Ministro afirmou
também que:
Nesse sentido, junto com Deitos, compreendemos que o Estado não age com
benevolência para com seus cidadãos e sim que tudo se articula para garantir a
hegemonia do capital. Complementa o autor que
[...] a política educacional como uma política social que emerge desses
processos e é concebida e dirigida pelo Estado Capitalista, gerando um
processo que medeia às tensões e as contradições socialmente produzidas
e hegemonicamente determinadas pela luta de classes (DEITOS, 2006,
p. 105).
[...] autonomia é uma construção que se dá nas lutas diárias que travamos
com os nossos pares nos espaços em que atuamos. Por isso, a construção
da autonomia, especialmente da autonomia escolar, requer muita luta,
dedicação e dedicação daqueles que estão inseridos nos processos
educativos.
Nesse sentido, Silva (2005) destaca que essa “liberdade relativa” para a
execução das despesas se faz necessária, visto tratar-se de recursos públicos, de
uma política pública de descentralização voltada a escolas públicas e que o
Programa possibilita que o controle e a fiscalização da execução podem ser
realizados internamente, diretamente pela própria comunidade escolar e não mais
de forma única e centralizada nos órgãos fiscalizadores. Assim, tais programas de
financiamento descentralizado servem para possibilitar
[...] que a escola não fique à mercê de procedimentos demorados de
liberação de recursos. O importante é que a escola possa responder
rapidamente a demandas simples, mas de grandes reflexos no seu
funcionamento, como a realização de reparos e conservação de suas
dependências físicas, de seus móveis e equipamentos, e possa efetuar a
compra de determinados bens, inclusive materiais didático-pedagógicos,
bem como contratar certos serviços, fundamentais para que sua proposta
pedagógica possa ser cumprida (POLO, 2001 apud YANAGUITA, 2010, p. 5).
Portanto, vemos que, apesar de discussões sobre até que ponto vai a
autonomia da escola e os entraves legais que não propiciam ampla liberdade às
escolas, tais programas são de suma importância para as escolas, que possuem
demandas urgentes e que ficariam vulneráveis caso dependessem apenas do poder
público para as compras/serviços necessários ao seu funcionamento. Para tanto, se
faz necessário fortalecer as instâncias colegiadas da escola de modo a estimular a
maior participação popular na tomada de decisões escolares.
No decorrer da implementação da produção didático-pedagógica, foi possível
identificar que no contexto atual é preciso analisar e refletir sobre o papel social da
escola e o comprometimento coletivo com o Projeto Político-Pedagógico para o
alcance dos objetivos e da missão da instituição de ensino. Em uma perspectiva
democrática, o Projeto Político-Pedagógico deve ser elaborado garantindo a
participação de todos os profissionais da escola, coletivamente, em que possam se
sentir sujeitos do processo de transformação da realidade, visando a uma sociedade
mais justa, igualitária e cidadã. No entanto, muitos ajustes precisam ser feitos para
que a efetiva participação e a gestão democrática aconteçam.
Afirmar a participação de todos na elaboração do Projeto-Político-Pedagógico
não significa exatamente que a gestão democrática esteja acontecendo, porém se
houver envolvimento, esclarecimento, e significativa participação, o processo de
apropriação dos preceitos democráticos ocorrem de maneira prática e se
consolidam. Desse modo, a gestão escolar deve ser compartilhada e participativa,
em que o Grêmio Estudantil, o Conselho Escolar, a APMF, os líderes da
comunidade devem fazer parte e contribuir com o Estabelecimento de Ensino.
Portanto, a gestão escolar tem papel fundamental na formação de cidadãos
conscientes, que tenham visão da realidade e que participem dos acontecimentos
que dizem respeito à realidade em que estão inseridos, sendo sujeitos ativos de sua
história individual e coletiva.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS
DUARTE, A.; OLIVEIRA, D. A. Política educacional como política social: uma nova
regulação da pobreza. Perspectiva, Florianópolis, v. 23, n. 2, p. 279-301, jul./dez.
2005. Disponível em: <http://www.ced.ufsc/nucleos/nup/perspectiva.html>. Acesso
em: 22 out. 2017.
MELLO, C. A. B. de. Curso de Direto Administrativo. 10. ed. São Paulo: Malheiros,
1998.