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Jogos para a Valorização da História e

Cultura Afro-Brasileira
Apresentação
Este material é resultado do projeto de extensão Valorização da História e Cultura Afro-
Brasileira, cujo objetivo principal foi articular ensino, pesquisa e extensão de modo a promover um
aprofundamento do conhecimento da comunidade interna e externa do câmpus Chapecó do Instituto
Federal de Santa Catarina (IFSC) sobre essa temática. Obrigatória pela lei 10.639/2003, a inserção da
história e da cultura africana e afro-brasileira nos currículos de todos os níveis de ensino nas escolas
públicas e particulares ainda enfrenta muitas dificuldades, relacionadas à visão eurocêntrica que
predomina nas Ciências Humanas e nas Linguagens; ao racismo estruturante e, muitas vezes,
invisibilizado que perpassa a sociedade brasileira e à formação deficitária da maioria dos professores
quanto a esse aspecto. Em Santa Catarina, essa situação é agravada pelo fato de que a presença
africana e afrodescendente foi reiteradamente invisibilizada neste estado, que preferiu construir uma
memória atrelada aos imigrantes europeus (açorianos, alemães, italianos), escondendo e
menosprezando as contribuições africanas e indígenas.
De modo geral, os africanos e afrodescendentes se veem pouco representados no currículo
escolar. Aparecem estereotipados principalmente como escravos, seres igualados por sua cor de pele,
submissos e inferiores, quando deveriam ser apresentados como pessoas escravizadas, diversificadas
em suas origens culturais, crenças e línguas, que resistiram e ocuparam diversas funções e espaços na
construção da América. Como afirma o antropólogo Kabengele Munanga, “Parece que os negros
não têm passado, presente e futuro no Brasil. Parece que sua história começou com a escravidão,
sendo o antes e o depois dela propositalmente desconhecidos.” No entanto, a sua história e cultura é
variada e rica e, mesmo no Brasil escravocrata, não é feita apenas de submissão, mas também de
resistências, lutas e vitórias.
A própria lei 10.639/2003 é uma vitória do Movimento Negro, tanto quanto o estabelecimento
do dia 20 de novembro como Dia da Consciência Negra. Marca uma conquista na luta antirracista,
contra as intolerâncias e as discriminações sociais, culturais e religiosas, bem como se configura como
uma transformação na política educacional brasileira. Compreende-se que essa temática é
fundamental para a construção da cidadania e de uma educação inclusiva e que vise à tolerância e ao
respeito ao “outro”, fortalecendo a percepção de que o mundo é plural, as pessoas são diferentes e as
culturas, diversas. Valorizar a cultura, a história e a luta da população negra é uma forma de reduzir
os preconceitos sociais, combater o racismo (ainda muito presente) e estimular um comportamento
ético, consciente e inclusivo.
Para tanto, percebe-se necessário que mais materiais sobre a temática estejam disponíveis
aos professores, principalmente porque os estudos que acompanham a aplicação da lei têm
demonstrado que sua abordagem em sala de aula ainda depende mais da iniciativa pessoal do
professor do que de ações promovidas pelas secretarias municipais e estaduais de educação. Diante
deste cenário, o projeto de extensão Valorização da História e Cultura Afro-Brasileira, dentre outras
ações, pretendeu compilar e fornecer algum material didático, na forma de jogos, que pudesse servir
de apoio para o ensino desse conteúdo em sala de aula, fugindo da imediata associação de africanos
com escravos e demonstrando uma variada gama de personagens que participaram ativamente da
construção da história, da identidade e da cultura brasileiras, em diversos momentos e condições.
Esse projeto só foi possível pelo financiamento do Edital APROEX n.02/2016 da Pró-
Reitoria de Extensão do Instituto Federal de Santa Catarina e pelo empenho da bolsista Laura
Rodrigues Fialho dos Santos. Esperamos que esse material, composto pelas biografias, as cartas
do jogo da memória e as perguntas do jogo das personalidades possa ser útil aos professores e aos
alunos. E que sirva à construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Emy Francielli Lunardi


Coordenadora do projeto
Jogo da Memória – Personagens Negros da História Brasileira
Este material, composto pelas cartas e pelas biografias de personagens africanos ou
afrodescendentes da história brasileira, tem por intenção favorecer o ensino da história e da cultura
africana e afro-brasileira, de acordo com a lei n.10.639/2003. Ressalta-se que, enquanto as cartas
foram uma produção própria, as biografias se configuram como material compilado de diversos sites
na internet, cujo propósito é subsidiar os docentes das áreas de Ciências Humanas e de Linguagens
em sua tarefa de ensinar essa temática e de promover discussões e reflexões sobre o papel
desempenhado por africanos escravizados e seus descendentes ao longo da história brasileira como
parte decisiva da construção da identidade e da cultura nacional.
Trata-se, portanto, de uma seleção de sessenta biografias variadas de homens e mulheres,
africanos escravizados ou seus descendentes, que viveram em território brasileiro como escravos,
fugidos, libertos ou livres, nascidos em classe pobre, média ou abastada, instruídos ou não, de diversas
épocas e lugares e com trajetórias de vida ora semelhantes, ora divergentes. Em comum, sua origem
étnica que lhes impôs diversas formas de luta contra a escravidão e suas consequências e de busca
por igualdade de condições e direitos. Foram pessoas reais que enfrentaram o racismo e outros
preconceitos de cor e gênero, que organizaram quilombos, que participaram de movimentos de
resistência diversos, que criaram o Movimento Negro, que expuseram a cultura e a religião africanas
e afro-brasileiras. Personagens africanos e afrodescendentes que participaram de momentos decisivos
da história nacional, mas que muitas vezes tiveram sua trajetória, sua cor e mesmo a sua existência
apagadas ou invisibilizadas. E, por isso, promovem o resgate e a disseminação de práticas culturais,
crenças, histórias e trajetórias que destacam a importância da contribuição africana para a construção
do Brasil, da cultura e da identidade nacional.
As biografias estão organizadas em ordem alfabética, conforme segue:
1- Abdias do Nascimento
2- Adhemar Ferreira da Silva
3- Afonso Henrique de Lima Barreto
4- Alberto Guerreiro Ramos
5- Alfredo da Rocha Vianna Filho (Pixinguinha)
6- Ana Leopoldina dos Santos (Ana das Carrancas)
7- Escrava Anastácia
8- André e Antônio Rebouças
9- Angenor de Oliveira (Cartola)
10- Antônia Alves Feitosa (Jovita Feitosa)
11- Antonieta de Barros
12- Antônio Francisco da Costa Lisboa (Aleijadinho)
13- Aqualtune Ezgondidu Mahamud da Silva Santos (princesa Aqualtune)
14- Arthur Bispo do Rosário
15- Auta de Souza
16- Cândido da Fonseca Galvão (Dom Obá II)
17- Carlos Marighela
18- Carolina Maria de Jesus
19- Clementina de Jesus da Silva
20- Cosme Bento das Chagas (negro Cosme)
21- Dandara dos Palmares
22- Edison de Souza Carneiro
23- Escolástica Maria da Conceição Nazaré (mãe Menininha)
24- Eugênia Ana dos Santos (mãe Aninha)
25- Francisca da Silva de Oliveira (Chica da Silva)
26- Francisca Edwiges Neves Gonzaga (Chiquinha Gonzaga)
27- Francisco de Paula Brito
28- Francisco José do Nascimento (Dragão do Mar)
29- Francisco Solano Trindade
30- Hemetério José dos Santos
31- Hilária Batista de Almeida (tia Ciata)
32- João Cândido Felisberto (Almirante Negro)
33- João da Cruz e Souza
34- Joaquim Cândido Soares de Meirelles
35- Joaquim Maria Machado de Assis
36- Joel Rufino dos Santos
37- José Carlos do Patrocínio
38- Juliano Moreira
39- Laudelina de Campos Melo
40- Lélia Almeida González
41- Leônidas da Silva (Diamante Negro)
42- Luiz Gonzaga Pinto da Gama
43- Luiza Mahin
44- Manoel dos Reis Machado (mestre Bimba)
45- Manoel Raimundo Querino
46- Maria Beatriz Nascimento
47- Maria Bibiana do Espírito Santo (mãe Senhora)
48- Maria Felipa de Oliveira
49- Maria Firmina dos Reis
50- Mariana Crioula
51- Mário Raul Moraes de Andrade
52- Milton Almeida dos Santos
53- Oliveira Ferreira Silveira
54- Raimundo de Souza Dantas
55- Teodoro Fernandes Sampaio
56- Tereza de Benguela
57- Thereza Santos
58- Zeferina da Bahia
59- Zózimo Bulbul
60- Zumbi dos Palmares
Essas biografias podem ser usadas de diversas formas: no formato do jogo da memória, como
material de pesquisa para os alunos, como parte das propostas de aula, como base para apresentações
variadas (cartazes, dramatizações, discussões orais) ou de qualquer outra forma que a criatividade do
professor desejar. Sua aplicação pode ocorrer em eventos relacionados à Semana da Consciência
Negra, apenas nas aulas de História ou interdisciplinarmente com Artes, Língua Portuguesa e
Educação Física. Além disso, podem ser usadas na íntegra ou divididas por épocas (períodos
históricos), formas de resistência (quilombo, organização de revoltas ou abolicionismo, por exemplo)
ou áreas de atuação (artistas, advogados, médicos...). Podem ser usadas sozinhas ou associadas ao
jogo das personalidades (apresentado após as biografias).
Com relação ao período histórico, adotando a periodização tradicional, pode-se dividir as
biografias da seguinte forma:
 Brasil Colonial – Escrava Anastácia, Aleijadinho, Aqualtune, Dandara dos Palmares, Chica
da Silva, Maria Felipa de Oliveira, Tereza de Benguela, Zeferina da Bahia e Zumbi dos Palmares;
 Brasil Império – André e Antônio Rebouças, Jovita Feitosa, Auta de Souza, Dom Obá II,
Negro Cosme, Chiquinha Gonzaga, Francisco de Paula Brito, Dragão do Mar, Hemetério José dos
Santos, tia Ciata, Cruz e Souza, Joaquim Cândido de Meirelles, Machado de Assis, José do Patrocínio,
Juliano Moreira, Luiz Gama, Luiza Mahin, Manoel Querino, Maria Firmina dos Reis, Mariana
Crioula e Teodoro Sampaio;
 Brasil República – Abdias do Nascimento, Adhemar Ferreira da Silva, Lima Barreto,
Guerreiro Ramos, Pixinguinha, Ana das Carrancas, Cartola, Antonieta de Barros, Bispo do Rosário,
Carlos Marighela, Carolina de Jesus, Clementina de Jesus, Edison de Souza Carneiro, mãe
Menininha, mãe Aninha, Solano Trindade, João Cândido, Joel Rufino, Laudelina de Campos Melo,
Lélia González, Leônidas da Silva, mestre Bimba, Maria Beatriz Nascimento, mãe Senhora, Mário
de Andrade, Milton Santos, Oliveira Ferreira Silveira, Raimundo de Souza Dantas, Thereza Santos e
Zózimo Bulbul.
As biografias são complementadas pelas cartas do jogo da memória. Estas compõem-se de
120 cartas, duas para cada biografado, de modo que uma delas mostra a imagem e as datas de
nascimento e morte do personagem, enquanto a outra traz as principais informações sobre ele: nome,
época e área em que se destacou. Assim, ao jogar, os alunos devem associar as imagens com as
características do personagem. Todas as cartas têm a mesma imagem como verso. Então, sugere-se
que sejam feitos dois grupos de cartas, distinguindo as imagens das características dos personagens.
Os dois grupos de cartas podem ser expostos e os alunos desafiados a correlacioná-las. Ou apenas as
imagens são mostradas e os alunos ficam livres para identificar os personagens que lembram. Ou
ainda cada aluno fica responsável por apresentar um personagem. Também pode-se distribuir as
cartas viradas e cada aluno coloca a sua na testa e os demais devem dar dicas sobre quem ele é (ou
seja, que personagem ele é) até que ele diga seu nome. Fica a critério de cada professor a forma mais
adequada de utilização deste material.
As cartas são apresentadas quatro por folha, sempre com o lado das informações encima e o
verso embaixo. Para facilitar a montagem do jogo, o corte deve ser feito apenas nas laterais e o meio
deve ser dobrado. Depois cola-se a parte interna de cada carta. Sugere-se que após coladas, coloque-
se um peso sobre elas e deixe-as descansar até o dia seguinte, para garantir uma boa adesão. As cartas
podem ser impressas em preto e branco ou coloridas, em papel A4 normal ou com uma gramatura
mais elevada, conforme a disponibilidade de cada escola e professor.
Nome: Abdias do Nascimento
Nascimento: 14 de março de 1914
Falecimento: 24 de maio de 2011
Destaque: artista, escritor, político e ativista da luta contra o racismo no Brasil

Neto de escravos, Abdias do Nascimento nasceu em 14 de março de 1914 em


Franca, município no interior do estado de São Paulo. Ainda pequeno, aprendeu a se
queixar dos xingamentos que ouvia na escola por ser preto e entendeu que afirmar a sua
diferença – essa que faziam questão de cuspir-lhe com adjetivos ofensivos – era motivo
de orgulho e de força.
No início da década de 1930, alistou-se no Exército na capital de São Paulo.
Como soldado, participou das revoluções de 1930 e 1932. Participou da Frente Negra
Brasileira, considerada uma das primeiras organizações do século XX a reivindicar
igualdade de direitos para os negros na sociedade. Ainda na década de 1930, mudou-se
para o Rio de Janeiro, com o objetivo de dar continuidade aos estudos. Na segunda
metade da década de 1930, foi preso por protestar contra a ditadura do Estado Novo de
Vargas.
Em 1938, diplomou-se em Economia pela Universidade do Rio de Janeiro. Sua
história de vida confunde-se com as raízes do Movimento Negro no Brasil. Político, ativista social brasileiro, artista
plástico, escritor, poeta, escultor, ator e dramaturgo, influenciou gerações com sua vivência e longa e produtiva trajetória,
sendo reconhecido como um dos maiores defensores da cultura e da igualdade para a população afrodescendente no
Brasil. Ainda em 1938, organizou, juntamente com um grupo de militantes negros em Campinas/SP, o Congresso Afro-
Campineiro, com o objetivo de discutir e organizar formas de resistência à discriminação racial.
Em 1944, juntamente com outros militantes, ele concebeu o que pode ser considerado um dos maiores laboratórios
de diversidade e autoafirmação nas artes cênicas do Brasil. Foi o Teatro Experimental do Negro (TEN), que revolucionou
a vida de centenas de pretos, pardos, pobres. Abdias alfabetizava o elenco, preparava os atores e incentivava a
conscientização deles como cidadãos. O palco virou espaço para os negros marginalizados terem voz e exercitarem seu
talento. Eles aprendiam sobre as próprias origens, aceitavam as raízes africanas, orgulhavam-se de ser quem eram. Neste
mesmo período, Abdias, juntamente com um grupo de militantes, fundou o Comitê Democrático Afro-Brasileiro, que
lutava pela anistia dos presos políticos.
Dramaturgo, poeta e pintor, é autor de obras como “Sortilégio”, “Dramas para Negros e Prólogo para Brancos”,
“O Negro Revoltado” e o “Genocídio do Negro Brasileiro”, relatando em seus livros as realidades quilombolas,
levantando temas como o pensamento dos povos africanos, combate ao racismo, democracia racial e o valor dos orixás
nas religiões de matriz africana.
Identificando a necessidade de atuação em diversas frentes, vislumbrou a Assembleia Nacional Constituinte como
possibilidade de intervenção. Neste contexto, Abdias organizou a Conferência Nacional do Negro, juntamente com
Édison Carneiro e Guerreiro Ramos, preparatória do 1º Congresso do Negro Brasileiro. No final da década de 1960,
fundou o Museu de Arte Negra. Para Abdias, o fim do racismo no país passava pela mobilização da sociedade civil e
também pela esfera política. Promoveu inúmeras ações nesta linha, e articulou a luta brasileira pela igualdade racial com
movimentos de libertação na África e com movimentos pelos direitos civis e humanos nos Estados Unidos.
Assim como outros militantes de direitos humanos, foi perseguido durante o regime civil-militar e exilado por 13
anos, vivendo nos Estados Unidos, onde atuou como palestrante e professor, e na Nigéria. Abdias retornou ao Brasil em
1978, quando participou de atos públicos e das reuniões para a fundação do Movimento Negro Unificado contra o
Racismo e a Discriminação Racial. Três anos depois, fundou o Ipeafro (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros).
Após o fim do Regime Militar, se dedicou à carreira política, atuando como deputado federal (1983-1987), senador
(1997-1999) e secretário da Defesa e Promoção das Populações Afro-brasileiras do governo do estado do Rio de Janeiro.
Propôs o primeiro projeto de lei de políticas públicas afirmativas do Brasil e liderou o movimento de criação do dia 20
de novembro como dia oficial da Consciência Negra, conseguindo, em 2006, em São Paulo, instituí-lo. Em
reconhecimento a sua história, recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Brasília.
Ele faleceu em 24 de maio de 2011, aos 97 anos.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/abdiasnascimento
http://www.geledes.org.br/quando-um-heroi-nacional-e-negro-centenario-de-abdias-nascimento-e-historia-que-nao-
aprendemos/#gs.3ke9w90
http://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-23-de-maio-5-anos-morria-abdias-nascimento/#gs.null
Nome: Adhemar Ferreira da Silva
Nascimento: 29 de setembro de 1927
Falecimento: 12 de janeiro de 2001
Destaque: bicampeão olímpico e tricampeão pan-americano de salto triplo

Adhemar Ferreira da Silva nasceu em 29 de setembro de 1927, na cidade de


São Paulo. Foi bicampeão olímpico e tricampeão dos Jogos Pan-Americanos, tendo
estabelecido cinco vezes o recorde mundial do salto triplo.
De família pobre, começou a trabalhar muito cedo para auxiliar no orçamento
familiar. Trabalhando de dia e estudando à noite, o jovem Adhemar só iria conhecer
o atletismo aos 18 anos, quando começou a treinar em sua hora de almoço. Em seu
primeiro salto, considerado excepcional para um iniciante, conseguiu a incrível
marca de 12,90 m. Competiu pelo São Paulo e pelo Vasco, sempre treinado por
Dietrich Gerner.
Ao saltar 15 m, conseguiu se classificar para as Olimpíadas de Londres em
1948, onde alcançou um modesto 14º lugar. Esta situação se reverteria no
campeonato sul-americano de atletismo de 1949, quando estabeleceu seu primeiro
recorde de 15,51 m. A partir daí, por cinco vezes foi campeão olímpico sul-americano, consagrando-se nos
Jogos Pan-Americanos, nos quais foi tricampeão em Buenos Aires (1951), Cidade do México (1955) e Chicago
(1959), sendo o primeiro atleta do Brasil a conquistar tal proeza – feito que demorou 40 anos para ser igualado.
Entre 1948 e 1952, além de bater o recorde sul-americano que já perdurava por 25 anos, Adhemar bateria
o recorde mundial que pertencia a Naoto Tajima desde 1936. Os 16 m para o triplo eram consideramos uma
espécie de limite para as possibilidades humanas. Mas Adhemar estava desafiando esse conceito. Nas
Olimpíadas de Helsinque, já campeão mundial (com 16,01 m), ele quebrou seu próprio recorde em quatro das
seis tentativas de salto a que tinha direito, consagrando-se campeão olímpico com 16,22 m. Ao subir ao pódio
para receber a medalha de ouro, muito emocionado, Adhemar teria dado uma volta completa na pista para
agradecer a ovação, criando assim a famosa volta olímpica, até então inexistente.
Em Melbourne, em 1956, ele voltaria a ganhar a medalha de ouro, estabelecendo o novo recorde para a
modalidade: 16,35 m. Sua maior marca ocorreu no Pan-Americano do México, em 1955, quando saltou os
incríveis 16,56 m. Sua última participação olímpica foi em Roma em 1960.
Adhemar Ferreira da Silva foi um grande esportista, bicampeão olímpico, dez vezes campeão brasileiro,
pentacampeão sul-americano, tricampeão pan-americano, acumulando ao longo de sua carreira mais de 40
títulos e troféus internacionais. Segundo Nei Lopes, foi o maior campeão olímpico brasileiro do século XX.
Ao lado deste gigante do atletismo, existiu um Adhemar que poucos conhecem. Ele completou a Escola
Técnica de Belas Artes em São Paulo, tornando-se escultor, e fez Educação Física, Direito e Relações Públicas.
Falava fluentemente inglês, alemão, italiano e espanhol. Por estas qualidades, foi Adido Cultural na Embaixada
Brasileira em Lagos, na Nigéria, entre os anos de 1964 e 1967. Foi colunista do jornal “Última Hora” e
participou como ator da peça “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes, e no posterior filme “Orfeu Negro”
que acabou ganhando o Oscar de melhor filme estrangeiro. Até o ano de 2000, trabalhou para o estado de São
Paulo, sempre no setor de esportes. Em 1996, ele se tornaria coordenador da área de esportes da Faculdade de
Santana em São Paulo.
Adhemar Ferreira da Silva faleceu em 12 de janeiro de 2001, aos 73 anos, vítima de parada cardíaca.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/adhemarferreirada-silva
http://www.cbat.org.br/atletas/adhemar.asp
Nome: Afonso Henrique de Lima Barreto
Nascimento: 13 de maio de 1881
Falecimento: 1 de novembro de 1922
Destaque: funcionário público, cronista e romancista, hoje é considerado um dos maiores escritores da
literatura brasileira.

Afonso Henrique de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, em 13


de maio de 1881, filho de um tipógrafo e de uma professora, ambos
afrodescendentes. Ainda menino, foi viver no entorno do hospício da Ilha
do Governador, onde o pai João Henriques trabalhou muitos anos. Optou
inicialmente pela carreira de engenheiro, sendo o único negro na classe, mas
teve que abandonar o curso em 1902, para assumir a chefia e o sustento da
família – órfão de mãe desde os sete anos, naquele ano viu seu pai
desenvolver uma enfermidade mental. A família mudou-se então para o
subúrbio do Engenho de Dentro, para a casa de Todos os Santos.
Trabalhou como amanuense concursado na Secretaria de Guerra, o
que lhe deu relativa estabilidade financeira. Foi neste período que começou
a escrever na imprensa, colaborando com o “Correio da Manhã”, “Jornal do
Comércio”, “Gazeta da Tarde” e “Fon-Fon”.
Funcionário público, cronista e romancista, Lima Barreto viveu
intensamente sua condição de pobre e mestiço na sociedade carioca. Na
secretaria onde trabalhou, sempre foi preterido em função de sua participação no julgamento que condenou
militares, envolvidos no assassinato de uma estudante. Era vítima de preconceitos e experimentou todas as
contradições do início do século, entregando-se à depressão e ao álcool. Esteve duas vezes internado no
Hospício Nacional devido à bebida, em 1914 e 1919.
Lima Barreto foi visto pela crítica como sucessor de Machado de Assis. Pioneiro do romance social, sua
obra é uma crônica autêntica dos subúrbios cariocas, retratando de um lado sua população pobre e oprimida e,
de outro, o universo simbólico da classe dominante. Consciente de sua condição, refletia em suas obras o
preconceito racial, a pobreza, a truculência militar e a hipocrisia que cercavam as relações da sociedade
republicana no início do século. Candidatou-se à Academia Brasileira de Letras sem sucesso. Na primeira vez,
seu pedido não foi sequer considerado. Na segunda, não conseguiu ser eleito. Posteriormente, recebeu menção
honrosa da Academia, pela publicação da obra “Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá”, em 1919.
Em seu primeiro romance, de 1909, “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” fez uma crítica ferrenha,
cheio de sarcasmo, sátira e ironia aos jornalistas, críticos literários, à elite intelectual branca, que o escritor via
como medíocres e “pomposos” racistas. Depois desse romance publicado, ele recebeu muitas críticas: desde
contestarem a qualidade literária, de chamarem de mau panfleto sua obra, até de tentarem colocá-lo num lugar
intelectualmente inferior por ser negro. Entre suas principais obras estão ainda “Triste Fim de Policarpo
Quaresma” (1915) e “Clara do Anjos” (1948), todos inicialmente publicados em folhetins nos jornais e
posteriormente transformados em livros.
Foi aposentado em dezembro de 1918, em função de sua doença. Mudou-se com a família para Todos
os Santos, onde morou até morrer de colapso cardíaco, em 1° de novembro de 1922. Morreu pobre, somente
sendo reconhecido por seu talento como escritor anos mais tarde.
Em 1956, sob a direção de Francisco de Assis Barbosa, com a colaboração de Antônio Houaiss e M.
Cavalcanti Proença, toda a obra de Lima Barreto foi publicada em 17 volumes que abarcavam romances
(inclusive o inacabado “Cemitério dos vivos”), contos, crônicas e editoriais, mas também escritos de origem
diversa, como o “Diário do hospício”, transcrito do original manuscrito, e o “Diário íntimo”, compilado a partir
de cadernetas variadas. Nas décadas seguintes, seus livros foram traduzidos para o inglês, francês, russo,
espanhol, tcheco, japonês e alemão, e foram tema de teses de doutorado nos Estados Unidos e na Alemanha.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/limabarreto
http://www.geledes.org.br/o-lima-barreto-que-nos-olha/#gs.EuLiuPk
http://www.geledes.org.br/lima-barreto-um-genio-negro-e-o-reconhecimento-tardio-por-davi-
nunes/#gs.Z=vhXYc
Nome: Alberto Guerreiro Ramos
Nascimento: 13 de setembro de 1915
Falecimento: 1982
Destaque: advogado, político e intelectual de relevo nas ciências sociais

Alberto Guerreiro Ramos nasceu em Santo Amaro (BA) no dia 13


de setembro de 1915, filho de Vítor Juvenal Ramos e de Romana
Guerreiro Ramos. Em 1942 diplomou-se em ciências pela Faculdade
Nacional de Filosofia do Rio de Janeiro, no então Distrito Federal,
bacharelando-se um ano depois pela Faculdade de Direito.
Alberto Guerreiro Ramos foi uma figura de grande relevo da
ciência social no Brasil. Em 1956, Sorokin, analisando a situação da
sociologia na segunda metade do século XX, incluiu Guerreiro Ramos
entre os autores eminentes que contribuíram para o progresso da
disciplina. Foi Professor Visitante da Universidade Federal de Santa
Catarina, professor da Escola Brasileira de Administração Pública da
FGV e dos cursos de sociologia e problemas econômicos e sociais do
Brasil promovidos pelo Departamento Administrativo do Serviço
Público (DASP), e na Escola Brasileira de Administração Pública
(EBAP), no Rio de Janeiro, em 1957.
Pronunciou conferências em Pequim, Belgrado e na Academia de Ciências da União Soviética. Em
1955, foi conferencista visitante da Universidade de Paris. Em 1966, radicou-se nos Estados Unidos, onde
passou a lecionar na Universidade do Sul da Califórnia. Nos anos de 1972 e 1973 foi visiting fellow da Yale
University e professor visitante da Wesleyan University.
Assessorou o presidente Getúlio Vargas durante seu segundo governo, atuando em seguida como diretor
do departamento de sociologia do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB). Gozando de autonomia
administrativa e de plena liberdade de pesquisa, de opinião e de cátedra, o ISEB destinava-se ao estudo, ao
ensino e à divulgação das ciências sociais, cujos dados e categorias seriam aplicados à análise e à compreensão
crítica da realidade brasileira, além da elaboração de instrumental teórico que permitisse o incentivo e a
promoção do desenvolvimento nacional. Constituiu um dos núcleos mais importantes de formação da ideologia
"nacional-desenvolvimentista" que impregnou todo o sistema político brasileiro no período compreendido
entre a morte de Vargas, em 1954, e a queda de João Goulart, em 1964.
Guerreiro Ramos defendeu o intervencionismo econômico, o monopólio estatal do petróleo, a
nacionalização da indústria farmacêutica e dos depósitos bancários, bem como considerou necessária a reforma
constitucional. Para promover a reforma agrária defendia o pagamento das desapropriações em títulos da dívida
pública. Defendeu também as reformas eleitoral (voto para os analfabetos e soldados e elegibilidade de todos
os eleitores), bancária e administrativa.
Ingressou na política partidária em 1960, quando se filiou ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), a
cujo diretório nacional pertenceu. No pleito de outubro de 1962 candidatou-se a deputado federal pelo então
estado da Guanabara, na legenda da Aliança Socialista Trabalhista, formada pelo PTB e o Partido Socialista
Brasileiro (PSB), obtendo apenas a segunda suplência. Ocupou uma cadeira na Câmara dos Deputados de
agosto de 1963 a abril de 1964, quando teve seus direitos políticos cassados pelo Ato Institucional nº 1.
Também foi Secretário do Grupo Executivo de Amparo à Pequena e Média Indústrias do BNDE,
assessor da Secretaria de Educação da Bahia, técnico de administração do Departamento Administrativo do
Serviço Público (DASP), assim como do Departamento Nacional da Criança. Atuou também como delegado
do Brasil junto à Organização das Nações Unidas.
Como jornalista, colaborou em “O Imparcial”, da Bahia, “O Diário”, de Belo Horizonte,
e “Última Hora”, “O Jornal” e “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro. Como autor, escreveu dez livros e
numerosos artigos, que têm sido disseminados em inglês, francês, espanhol e japonês.
Casou-se com Clélia Guerreiro Ramos, com quem teve dois filhos. Faleceu em Los Angeles, Califórnia,
no ano de 1982.

Texto retirado dos sites:


http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/guerreiro_ramos
http://www.geledes.org.br/alberto-guerreiro-ramos/#gs.null
Nome: Alfredo da Rocha Vianna Filho, Pixinguinha
Nascimento: 23 de abril de 1897
Falecimento: 17 de fevereiro de 1973
Destaque: flautista, saxofonista, compositor e arranjador brasileiro, divulgador do choro

Alfredo da Rocha Vianna Filho nasceu em 23 de abril de 1897, no


bairro de Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro. De família numerosa e
amante da música, cedo conheceria vários instrumentos – aos 11 anos, já
tocava cavaquinho com seus parentes.
O apelido Pixinguinha foi grafado já em sua primeira composição
registrada, em 1914. Assim era chamado desde criança, numa derivação da
palavra “pizindin”, originária da língua de sua avó africana. O apelido
podia significar menino bom, mas a interpretação mais conhecida, segundo
Nei Lopes, quer dizer comilão, provavelmente a tradução mais correta do
termo.
Pixinguinha estudou no tradicional colégio São Bento, de onde
fugia, segundo Sérgio Cabral, para tocar naquele que seria o seu primeiro
emprego, a casa de chope La Concha. Depois disso, apresentou-se em
cassinos, cabarés e bares, tornando-se rapidamente muito conhecido nas
noites da Lapa, reduto da boemia carioca.
Também se apresentava nos cinemas, com as orquestras que tocavam durante a projeção dos filmes
mudos, e em peças do teatro. Fez sua primeira gravação na Favorite Record (1911) com a música “São João
debaixo d’água”. Nesta gravadora ficou por três anos e passou a integrar o Grupo do Caxangá (1913), conjunto
organizado por João Pernambuco, de inspiração nordestina, tanto no repertório, como na indumentária.
Em 1919, o gerente do Cinema Palais, Isaac Frankel, contratou Pixinguinha e seu grupo Oito Batutas
para tocar na sala de espera do cinema. A banda caiu no gosto do público, apesar de alguma restrição da
imprensa que fazia críticas de caráter racista. O repertório era composto de modinhas, choros, canções
regionais, desafios sertanejos, maxixes, lundus, corta-jacas, batuques e cateretês. Conquistaram rapidamente a
fama de melhor conjunto típico da música brasileira, empreendendo excursões por São Paulo, Minas Gerais,
Paraná, Bahia e Pernambuco. Depois embarcaram para Paris, patrocinados pelo milionário Arnaldo Guinle,
em 1922 e, no ano seguinte, foram para uma temporada na Argentina. Porém divergências entre os integrantes
durante a permanência em terras portenhas, levaram a dissolução do grupo brasileiro.
Casou-se em 1927 com Albertina da Rocha, a D. Betty, então estrela da Companhia Negra de Revista,
e adotou uma criança em 1935 dando-lhe o nome de Alfredo da Rocha Vianna Neto, o Alfredinho. Pixiguinha
era funcionário da prefeitura desde 1930 e, em 1951, passou a ser professor de música e canto orfeônico,
nomeado pelo então prefeito João Carlos Vital. Até se aposentar, foi professor em várias escolas, além de
maestro da Companhia Negra de Revista.
Pixinguinha foi o primeiro maestro-arranjador contratado por uma gravadora no Brasil. Ele criou o que
hoje são as bases da música brasileira. Por ser um excepcional arranjador, compositor e instrumentista,
dominava com rara sensibilidade a música dos primeiros chorões, ritmos africanos, estilos europeus e música
negra americana. Pixinguinha arranjou os principais sucessos da chamada época de ouro da MPB, orquestrando
de marchas de carnaval a choros. Escreveu cerca de duas mil músicas, consagrando-se como um dos
compositores mais férteis de nossa cultura. Sua canção “Carinhoso” é a mais conhecida.
Sua genialidade musical foi reconhecida em vida: recebeu cerca de 40 troféus, a rua onde morava em
Ramos ganhou o seu nome e, a convite de Juscelino Kubitschek, almoçou com Louis Armstrong. Segundo Nei
Lopes, Pixinguinha foi o fundador da moderna linguagem musical brasileira. Como homenagem por sua
genialidade, seu aniversário passou a marcar o Dia Nacional do Choro.
Em 17 de fevereiro de 1973, Pixinguinha teve seu segundo enfarte, durante um batizado no qual era
padrinho. Apesar de ter sido socorrido às pressas, faleceu aos 74 anos.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/pixinguinha
http://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-23-de-abril-de-1897-nascia-pixinguinha/#gs.lvk65uk
Nome: Ana Leopoldina dos Santos, a Ana das Carrancas
Nascimento: 18 de fevereiro de 1923
Falecimento: 01 de outubro de 2008
Destaque: artesã e artista plástica popular

Artesã, Ana Leopoldina dos Santos, a Ana das Carrancas,


nasceu no dia 18 de fevereiro de 1923, em Santa Filomena, distrito
de Ouricuri, no sertão do Araripe, divisa de Pernambuco com o
Piauí. Foi filha de Joaquim Inácio de Lima, agricultor, e Maria
Leopoldina dos Santos, artesã louceira. Desde menina criou
intimidade com a arte de moldar o barro que lhe servia de sustento.
No ano de 1932, dona Maria Leopoldina, mãe de Ana,
migrou com a família para o Piauí. Instalaram-se em Picos onde,
aos 22 anos, Ana casou-se com Luiz Frutuoso da Silva, que exercia
o ofício de pedreiro. Após terem duas filhas – Maria da Cruz e Ana
Maria Santos Lopes – o marido faleceu. Um ano depois, Ana
contraiu novo matrimônio com José Vicente de Barros, jovem deficiente visual que cantava na feira.
De Picos, a família resolveu migrar para Petrolina, município do estado de Pernambuco, onde
vislumbraram melhores oportunidades, tendo em vista a cidade ser maior e, consequentemente, também a feira
da região, onde vendiam os utensílios de barro. Em meados dos anos 60, sofreram com a escassez do barro
nessa região. Assim, Ana vislumbrou no rio São Francisco a solução da escassez de matéria-prima.
Às margens do rio São Francisco, quando foi pegar matéria-prima, Ana teve uma inspiração para fazer
carrancas. Ao cavar profundamente, encontrou barros de várias espécies, branco, verde e amarelado. Foi
exatamente com esse material que, por volta de 1963, iniciou o trabalho com as carrancas. Inicialmente, suas
obras nas feiras foram ridicularizadas, porém com a inauguração da Biblioteca Municipal, Ana foi convidada
a produzir novas unidades de peças em tamanhos maiores.
Relatou que – “Eu botei o nome de carranca porque carranca é um bicho feio. Eu fazia peça feito um
animal com aquela cara feia. A lenda diz que é para espantar os espíritos. Mas faço como um símbolo do São
Francisco”. Segundo alguns críticos de arte e admiradores da artesã, o ano de 1973 foi um marco em sua
carreira, tendo em vista que Ana inseriu em suas figuras o furo nos olhos, em homenagem a seu marido
deficiente visual.
A partir da década de 1970, Ana começou a ganhar notoriedade ao ser descoberta pelos técnicos em
turismo da Empresa Pernambucana de Turismo (Empetur). Aos poucos, a fama da artista foi aflorando, com
participações nos encontros nacionais e internacionais: Recife, Caruaru, Rio de Janeiro, Brasília, entre muitas
outras cidades. Cabe salientar que suas peças também são encontradas em galerias de artesanato popular da
Europa e dos Estados Unidos.
Ana das Carrancas conquistou espaço na cena do artesanato pernambucano, sendo considerada um de
seus maiores patrimônios. Em reconhecimento a seu trabalho, Ana é Patrimônio de Pernambuco e, em
consequência disso, recebeu das mãos de um chefe da Nação a medalha de Honra ao Mérito Cultural em
reconhecimento à trajetória de uma mulher negra que nunca perdeu a sutileza e a simplicidade. Com sua fala
mansa e sorriso sincero, venceu diversos obstáculos expostos pela vida. Nesse cenário, a Dama do Barro é
considerada uma das grandes expressões artísticas da cultura popular. Ana faleceu em 1º de outubro de 2008,
aos 85 anos, deixando um legado de perseverança e paixão pela vida.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/anacarranca
https://anadascarrancas.wordpress.com/ana-das-carrancas/
Nome: Escrava Anastácia
Nascimento: 12 de maio de 1741
Falecimento:
Destaque: personalidade religiosa de devoção popular brasileira que representa a resistência negra

Escrava Anastácia é uma personalidade religiosa de devoção popular


brasileira, adorada informalmente pela realização de supostos milagres. A própria
existência da Escrava Anastácia é colocada em dúvida pelos estudiosos, já que não
existem provas materiais e sua história se baseia na oralidade.
Pelo pouco que se sabe desta mártir negra, ela foi uma das inúmeras vítimas
do regime de escravidão no Brasil. Em virtude da escassez de dados disponíveis,
pode-se dizer que sua trajetória teve início em 9 de abril de 1740, por ocasião da
chegada no Rio de Janeiro de um navio negreiro chamado Madalena, que vinha da
África com carregamento de 112 negros bantos, originários do Congo, para serem
vendidos como escravos no Brasil.
Delmira, mãe de Anastácia, era uma jovem formosa e muito atraente, que
ainda no cais do porto, foi arrematada por um mil réis. Acabou sendo estuprada,
ficando grávida de um homem branco, provavelmente um capataz, motivo pelo qual sua filha Anastácia
possuiria “olhos azuis”, cujo nascimento se verificou em Pompeu, em 12 de maio de 1741, no centro-oeste
mineiro.
Antes do nascimento de Anastácia, a sua mãe teria vivido, algum tempo, no estado da Bahia, onde
ajudou muitos escravos fugitivos a irem em busca da liberdade. A história se repetiu: Anastácia, por ser muito
bonita, terminou sendo, também, sacrificada pela paixão de um dos filhos de um senhor, não sem antes haver
resistido bravamente o quanto pôde a tais assédios. Depois de ferozmente perseguida e torturada, a violência
sexual aconteceu.
Por sua resistência, que chegou a machucar o rosto do senhor, provocou o ódio nos seus dominadores,
que resolveram castigá-la ainda mais colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro, que lhe impedia de falar e
restringia sua alimentação. Consta que a máscara só era retirada na hora de se alimentar, suportando este
instrumento de supremo suplício por longos anos de sua dolorosa, mas heroica existência.
Anastácia já muito doente e debilitada foi levada para o Rio de Janeiro onde veio a falecer, sendo que
os seus restos mortais foram sepultados na Igreja do Rosário que, destruída por um incêndio, não teve como
evitar a destruição também dos poucos documentos que poderiam oferecer maiores informações referente à
“Escrava Anastácia”. Só resta uma litogravura de Étienne Victor Arago que reproduz uma escrava do século
XVIII que usava máscara de ferro, método empregado nas minas de ouro para impedir que os escravos
engolissem o metal. Apesar das poucas provas materiais, a crença popular sobre sua existência e santidade
cresceu a partir da década de 1960, tornando-a um mito religioso. Segundo seus devotos, “A Santa” (como é
cultuada dentro das religiões afro-brasileiras) é capaz de realizar milagres. Anastácia colocava as mãos no
doente e os males desapareciam. Descrita como uma das mais importantes figuras femininas da história negra,
escrava Anastácia é venerada como santa e heroína em várias regiões do Brasil. Atualmente, muitas entidades
estão unidas no propósito de solicitar ao Papa, a beatificação da escrava Anastácia.
Na década de 1980, no contexto da valorização da negritude e do movimento negro, sua lenda se ampliou
e atingiu o carnaval e as produções artísticas, virando minissérie na TV Manchete e tendo construídos museu,
templos/igrejas em sua devoção e estátuas em praças públicas. Ao perfil de santa milagrosa, somou-se o de
guerreira que lutou contra a escravidão e a tornou modelo de liderança e resistência, reforçando a identidade
negra apesar de todos os questionamentos à sua existência.
“É notório que as histórias sobre a escravidão [verdadeiras ou não] participam da construção da
identidade afro-brasileira e, como afirmamos anteriormente, foram elementos de grande importância na
elaboração da memória e identidade, digamos, ‘oficial’, aquela promovida sobretudo por movimentos
políticos. No entanto, histórias orais transmitidas nas famílias, nos bares, nos agrupamentos festivos ou
religiosos, propagam outras versões historiográficas (...)” (SOUZA, 2007, p.17).

Texto retirado dos sites:


http://www.revistaafro.com.br/destaques/quem-foi-a-escrava-anastacia/
http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/3526/anastacia-resistencia-negra-santificada
SOUZA, Mônica Dias de. Escrava Anastácia e pretos velhos: a rebelião silenciosa da memória popular. In:
SILVA, Vagner Gonçalves da. (org.). Imaginário, cotidiano e poder: Memória afro-brasileira. São Paulo:
Selo Negro Edições, 2007. p.15-42
Nome: André e Antônio Rebouças
Nascimento: 13 de janeiro de 1838 e 13 de junho de 1839, respectivamente
Falecimento: 9 de maio de 1898 e 26 de maio de 1874, respectivamente
Destaque: foram dois das maiores autoridades brasileiras em engenharia ferroviária e hidráulica, além de
lutarem pela abolição da escravidão

Antônio Pereira Rebouças Filho nasceu na Cidade


do Salvador em 13 de junho de 1839, enquanto André
Pinto Rebouças nascera em 13 de janeiro de 1838.
Ambos e mais seis irmãos, eram filhos do advogado
autodidata, deputado negro baiano e conselheiro do
Império Antônio Pereira Rebouças – que, por sua vez, era
filho de uma escrava alforriada e de um alfaiate
português. A mãe deles, dona Carolina Pinto Rebouças,
era filha de comerciante. Alguns de seus tios tornaram-
se famosos no recôncavo: José tornou-se maestro da
orquestra do Teatro de Salvador, Mauricio foi catedrático
da Escola de Medicina da Bahia e, Manuel, alto
funcionário da Justiça.
Diante das atribulações políticas da época, a família foi obrigada a mudar-se para o Rio de Janeiro no
ano de 1846. Na capital imperial os meninos tiveram educação exemplar e estudaram na Escola Militar onde
são matriculados em março de 1854 e depois na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Antônio e André
dedicaram-se por dois anos – 1861 e 1862 – aos estudos de Engenharia em Caminhos de Ferro e Portos de
Mar, na França e na Inglaterra. Voltam para o Brasil em fins de 1862 e, no mesmo ano, Antônio foi nomeado
para inspecionar as obras das fortificações de Santos, Paranaguá e Santa Catarina. De 1865 a 1866, André
Rebouças serviu como engenheiro na Guerra do Paraguai, desenvolvendo o projeto de um torpedo.
Os irmãos André e Antônio foram os autores do projeto da estrada de ferro Antonina-Curitiba – que
serviu de base para a difícil obra do trecho serrano da ferrovia Paranaguá-Curitiba. Fazendo a ligação da cidade
de Curitiba com o porto de Paranaguá, a ferrovia serpenteia por entre túneis, sobre profundos abismos e
cortando uma belíssima reserva de Mata Atlântica, vencendo a imponente Serra do Mar, conjunto de
montanhas que limita o planalto paranaense do litoral. Juntos fizeram também os projetos da ponte de ferro
sobre o rio Piracicaba e da avenida Beira-Mar, no Rio de Janeiro.
Na cidade do Rio de Janeiro, André realizou várias obras que lhe conferiram projeção como engenheiro
civil, a exemplo do plano de abastecimento de água para a cidade, a construção das docas da Alfândega e das
docas D. Pedro II, sendo criador das empresas Docas do Rio de Janeiro, Maranhão, Cabedelo, Recife e Bahia.
Escreveu ainda diversos artigos de cunho técnico, ligados aos diversos ramos da engenharia.
Antônio Rebouças ao inspecionar as obras do Caminho de Ferro de Campinas a Limeira e São João do
Rio Claro foi acometido por febre tifoide vindo a falecer em 26 de maio de 1874, contando apenas 34 anos de
idade. Após a morte do irmão, muito abalado, André resolveu tomar parte de sociedades empenhadas na luta
contra o trabalho escravo no país. Engajado na campanha abolicionista, ao lado de Machado de Assis e Olavo
Bilac, foi um dos representantes da classe média brasileira com ascendência africana e uma das vozes mais
importantes em prol da abolição. Participou da fundação de algumas dessas sociedades, tais como a Sociedade
Brasileira Contra a Escravidão e a Sociedade Abolicionista, criadas juntamente com seus alunos da Escola
Politécnica. Escreveu inúmeros artigos no jornal “Gazeta da Tarde” e redigiu com José do Patrocínio o
“Manifesto da Confederação Abolicionista”. Ajudou também a redigir os estatutos da Central Emancipadora.
Defendia a emancipação do escravo e sua total integração social por meio da aquisição de terras.
Rebouças foi amigo e admirador do músico Carlos Gomes e incentivou a carreira do autor de “O
Guarani” na Europa. Muito amigo de D. Pedro II, já que era monarquista convicto, André Rebouças
acompanhou o Imperador em sua viagem para o exílio. Entre 1889 e 1891, Rebouças permaneceu em Lisboa,
trabalhando como correspondente do jornal “The Times”, de Londres. Em 1892, arruinado financeiramente,
aceitou um emprego em Luanda, Angola. Em 1893, fixou-se na Ilha da Madeira. Ali, deprimido, jogou-se de
um penhasco no dia 9 de maio de 1898, aos 60 anos.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/andrerebouca
http://www.geledes.org.br/saga-dos-engenheiros-reboucas/#gs.null
Nome: Angenor de Oliveira, Cartola
Nascimento: 11 de outubro de 1908
Falecimento: 30 de novembro de 1980
Destaque: cantor, compositor, violonista e um dos fundadores do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação
Primeira de Mangueira.

Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola,


nasceu no bairro do Catete, no Rio de Janeiro em 11 de outubro
de 1908. Filho de Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes
de Oliveira Cartola era o mais velho dos oito filhos do casal.
Muito jovem aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão.
Ainda na infância, mudou-se com a família para o bairro das
Laranjeiras onde entrou em contato com os ranchos União da
Aliança e Arrepiados.
Alguns anos após a mudança para Laranjeiras,
dificuldades financeiras obrigaram a família a se mudar para o
Morro da Mangueira, onde então começava a despontar uma
incipiente favela. Ali, após a morte da mãe, iniciou-se na
boemia, no samba e na malandragem e conheceu um de seus parceiros mais assíduos, o sambista Carlos
Cachaça.
Por volta dos 15 anos de idade, abandonou os estudos e passou a trabalhar como servente de obra. Foi
nesse cenário que adquiriu o apelido de Cartola, pois tinha o hábito de proteger a cabeça com um chapéu-coco
contra o cimento.
Em 1925, junto com um grupo de amigos sambistas, Cartola criou o Bloco dos Arengueiros. A
ampliação e a fusão do bloco com outros existentes no morro gerou, em 1928, a G.R.E.S Escola de Samba
Estação Primeira de Mangueira, segunda escola de samba carioca.
No início da década de 1930, Cartola conseguiu emplacar alguns sucessos, na voz de Francisco Alves e
Arnaldo Amaral. No início da década de 1940, Cartola foi convidado pelo maestro e compositor erudito Heitor
Villa-Lobos a formar um grupo de sambistas, para fazer algumas gravações de música popular brasileira para
o maestro norte-americano Leopold Stokowski. Nesse período, seus sambas foram popularizados em vozes
ilustres como as de Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Sílvio Caldas. No
rádio, atuou como cantor, apresentando músicas suas e de outros compositores. Na Rádio Cruzeiro do Sul,
ainda em 1940, criou, com Paulo da Portela, o programa “A Voz do Morro”, no qual apresentavam sambas
inéditos, cujos títulos deviam ser dados pelos ouvintes, sendo premiado o nome escolhido.
Com a morte de sua primeira esposa Deolinda, Cartola deixou o Morro da Mangueira, afastando-se do
cenário musical carioca por cerca de 10 anos. Nesse período, exercia trabalhos modestos, como de lavador de
carros e de vigia de edifícios. Na década de 1950, Cartola foi reconhecido pelo cronista Sérgio Porto, que
assinava com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. O reencontro rendeu algumas apresentações em rádios
cariocas, restaurantes e matérias de jornais e revistas. Sérgio Porto também conseguiu para Cartola um trabalho
de contínuo no jornal “Diário Carioca”, e em seguida no Ministério da Indústria e Comércio. Nesse período,
já vivia com Dona Zica, sua inseparável companheira. Em 1964, o casal abriu o restaurante Zicartola, espaço
antológico do cenário musical do Rio de Janeiro ao promover encontros de samba e boa comida.
Na década de 1960, Cartola participou em dois discos, de Elizeth Cardoso e de Clementina de Jesus e,
somente no início da década de 1970, gravou seu primeiro disco solo, fazendo com que sua carreira retomasse
impulso. No final da década foi diagnosticado com câncer na tireoide, tendo morrido em 30 de novembro de
1980. É considerado um dos maiores compositores do Brasil.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/cartola
http://www.cartola.org.br/cartola.html
Nome: Antônia Alves Feitosa, Jovita Feitosa
Nascimento: 8 de março de 1848
Falecimento: 9 de outubro de 1867
Destaque: Lutou na Guerra do Paraguai

Antônia Alves Feitosa (Jovita Feitosa) nasceu em 08 de março


de 1848, em Tauá (CE), filha de Maximiano Bispo de Oliveira e Maria
Alves Feitosa. Afrodescendente, de feições índias e estatura mediana,
se mudou para Jaicós, região sul do Piauí, após a morte da mãe
vitimada pela cólera.
No contexto da Guerra contra o Paraguai liderado por Francisco
Solano Lopez, a cidade e o campo mobilizavam-se para que lutar pela
pátria. Atendendo ao apelo do Imperador, as mães ofereciam os filhos
para a luta, as damas doavam suas joias e Jovita, aos 17 anos de idade,
alistou-se para as forças militares da campanha da Guerra do Paraguai.
Para isso, disfarçou-se de homem: cortou o cabelo no estilo “alemão”
ou “militar”, amarrou os seios, usou chapéu de couro e foi à procura
da guarnição provincial. Misturou-se com os soldados, desprezando
todos os preconceitos da época. Conseguiu enganar os olhos dos
policiais, porém, ao visitar o mercado público foi delatada por uma
mulher que logo lhe reconheceu os traços femininos e os furos de
brincos nas orelhas. Ao ser levada para interrogatório policial, chorou
copiosamente e manifestou o desejo de ir lutar nas trincheiras, com a
mão no bacamarte.
Foi aceita no efetivo do estado, após o caso chamar a atenção de Franklin Dória (1836-1906), o Barão
de Loreto, então presidente da Província do Piauí, que lhe incluiu no Exército Nacional como segundo
sargento. Recebeu fardamento que deveria ser parcialmente recoberto por uma saia e embarcou com o Corpo
de Voluntários para Parnaíba, litoral piauiense.
No navio a vapor que saiu de Teresina, a história registra que eram 335 voluntários que seguiram até
Parnaíba onde recebeu o reforço de outros combatentes. A viagem seguiu pelo Maranhão, por Pernambuco e
chegou ao Rio de Janeiro, em 9 de setembro de 1865.
Ao chegar ao Rio, Jovita ficou famosa. Todos queriam conhecer a mulher do Piauí que corajosamente
queria ir à guerra. Na capital imperial foi entrevistada. Jovita chegou ao posto de primeiro-sargento, e recebeu
homenagens e presentes por sua intenção de participação no conflito da Tripla Aliança.
No entanto, teve seu embarque negado, no final de 1865, pelo ministro da guerra, por ser mulher. Foi
expedido um ofício imperial, negando-lhe permissão para ir à frente de combate, dando-lhe apenas o direito
de agregar-se ao Corpo de Mulheres que iria prestar serviços compatíveis com a “natureza feminina”, como a
enfermagem, por exemplo.
Jovita resolveu permanecer no Rio de Janeiro, decepcionada com o acontecido. Caiu em profunda
depressão e foi abandonada pelo marido, o engenheiro inglês, Guilherme Noot. Tinha 19 anos de idade, em
1867, quando cometeu suicídio com uma punhalada no coração.

Texto retirado dos sites:


https://asminanahistoria.wordpress.com/2016/10/10/15-mulheres-brasileiras-que-deveriamos-ter-conhecido-
na-escola/
http://academiatauaense.blogspot.com.br/2007/06/jovita-alves-feitosa.html
Nome: Antonieta de Barros
Nascimento: 11 de julho de 1901
Falecimento: 18 de março de 1952
Destaque: professora, escritora e primeira deputada estadual negra do Brasil

Educadora, jornalista e política, Antonieta junta em sua


trajetória, na primeira metade do século XX, três bandeiras caras ao
Brasil do século XXI: educação para todos, valorização da cultura
negra e emancipação feminina.
Antonieta nasceu no dia 11 de julho de 1901, em
Florianópolis, Santa Cantarina. Oriunda de família pobre e humilde,
ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe, uma
lavadeira analfabeta que transformou a casa em pensão de
estudantes para sustentar as filhas.
Dedicou-se desde cedo às letras. Desde os seus primeiros
estudos já lecionava para o Magistério e em 1921 concluiu o Curso
Normal na Escola Normal Catarinense. Ainda neste ano, fundou o
Curso Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população
carente. Professora de português e literatura, exerceu o magistério
durante toda a sua vida, inclusive em cargos de direção. Foi
professora do atual Instituto de Educação entre os anos de 1933 e
1951, assumindo sua direção de 1944 a 1951, quando se aposentou.
Em 1922, fundou o Jornal “A Semana”, que circulou até
1927 e também dirigiu o periódico “Vida Ilhoa”. Seus artigos,
crônicas, poesias e seu livro “Farrapos de Ideias” eram assinados
com o pseudônimo de “Maria da Ilha”. Assim veiculava suas ideias, principalmente aquelas ligadas às questões
da educação, dos desmandos políticos, da condição feminina e do preconceito racial.
Sua mãe, escrava liberta, trabalhou como doméstica na casa do político Vidal Ramos, pai de Nereu
Ramos, que viria a ser vice-presidente do Senado e chegou a assumir por dois meses a Presidência da
República. Por intermédio dos Ramos, Antonieta entrou na política e foi eleita para a Assembleia Catarinense
em 1934, dois anos depois de o voto feminino ser permitido no país. Nesse papel enfrentou diversas batalhas.
Numa delas, um opositor acusou-a de estar fazendo “intriga de senzala” – ela respondeu assumindo sua
condição de mulher e educadora negra.
Eleita pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935, cabendo-lhe relatar os capítulos
Educação e Cultura e Funcionalismo. Atuou na Assembleia Legislativa catarinense até 1937, quando teve
início a ditadura do Estado Novo.
Com o fim do regime ditatorial, ela se candidatou pelo Partido Social Democrático e foi eleita
novamente em 1947, desta vez como suplente. Antonieta continuou lutando pela valorização do magistério,
exigindo concurso para o provimento dos cargos docentes, sugerindo formas de escolhas de diretoras e
defendendo a concessão de bolsas para cursos superiores a alunos carentes.
Ao longo de sua vida, Antonieta atuou como professora, jornalista e escritora. Como tal, destacou-se,
entre outros aspectos, pela coragem de expressar suas ideias dentro de um contexto histórico que não permitia
às mulheres a livre expressão; por ter conquistado um espaço na imprensa e por meio dele opinar sobre as mais
diversas questões; e principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos, visando sempre a educação da
população mais carente.

Texto retirado dos sites:


https://asminanahistoria.wordpress.com/2016/10/10/15-mulheres-brasileiras-que-deveriamos-ter-conhecido-
na-escola/
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160226_primeira_deputada_negra_fe_ab
http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/antonietadebarros
Nome: Antônio Francisco da Costa Lisboa, o Aleijadinho
Nascimento: provavelmente 27 de agosto de 1730
Falecimento: 18 de novembro de 1814
Destaque: principal escultor barroco brasileiro

Mesmo que tenha sido um dos maiores artistas do Brasil, restam apenas
fragmentos biográficos da vida do Aleijadinho, a maioria deles envolta em
lendas. Antônio Francisco da Costa Lisboa nasceu em Ouro Preto, Minas
Gerais, em 1730, filho da escrava Isabel com seu senhor, o mestre de obras
português Manuel Francisco Lisboa. Aprendeu a ler e escrever, noções de
música e latim, além de empenhar-se desde cedo na oficina do pai e do tio,
onde praticava desenho, arquitetura e ornamentos, demonstrando especial
interesse por escultura e entalhes. Lá aprendeu o ofício que o imortalizou com
o pai, o tio Antônio Francisco Pombal e outros profissionais como o desenhista
João Gomes Batista e o escultor José Coelho de Noronha. Na ocasião do
falecimento do pai, ele já era um profissional reconhecido na sociedade.
Seu trabalho era disputado entre as várias irmandades religiosas da
região. Aleijadinho fazia projetos de igrejas, imagens, púlpitos, portas e vários
outros trabalhos, alguns mais complexos, contando com o auxílio de operários.
Destacou-se principalmente nas esculturas com pedra-sabão.
Em 1777, a misteriosa doença degenerativa, da qual foi vítima, começou a se manifestar. Os médicos
de então supunham tratar-se de escorbuto, sífilis ou da propalada zamparina. Sem diagnóstico preciso na época,
hoje existem apenas hipóteses sobre a terrível enfermidade. Em 1929, o médico Renê Laclette optou por "lepra
nervosa" como diagnóstico "menos improvável", visto que no quadro clínico do escultor se encontravam
também sintomas específicos da hanseníase. Outra hipótese citada com frequência é a da zamparina (doença
advinda de um surto gripal que irrompeu no Rio em 1780, responsável por alterações no sistema nervoso). As
demais especulações, citadas em mais de 30 estudos, incluem escorbuto, encefalite e sífilis. Outros médicos
que estudaram sua vida e as características de suas lesões consideram tratar-se de tromboangeíte obliterante.
Como resultado da doença misteriosa, aos poucos, o artista perdeu o vigor físico, os dedos das mãos e
dos pés, teve deformações na face, ficou quase cego no fim da vida, além de sofrer dores terríveis. Por conta
delas, ele mesmo amputou partes de seus dedos em momentos de crise. Andava de joelhos ou carregado, mas
mesmo assim não deixou de trabalhar e passou a utilizar estratégias para continuar esculpindo, como reforços
de couro nos joelhos e adaptações para prender o cinzel e o martelo no punho. O mal lhe rendeu o apelido pelo
qual é conhecido até hoje.
Devido às deformações, Aleijadinho passou a evitar o contato público: ia para o trabalho de madrugada
e só voltava para casa com a noite alta. Quando viajava para longe, usava um burro; quando ia para perto, ia
nas costas de seu escravo Januário. Havia três escravos que o auxiliavam em sua enfermidade – no transporte,
cuidados pessoais e adaptação das ferramentas aos seus membros deformados.
A doença dividiu em duas fases nítidas a obra do Aleijadinho. A fase inicial, de Ouro Preto, se
caracterizou pela serenidade equilibrada. Após ser vitimado pela doença, surgiu um sentimento mais gótico e
expressionista. O ressentimento tomou a expressão de revolta social contra a exploração da metrópole. As
figuras de "brancos", "senhores" e "capitães romanos" são deformadas. Ele vivenciou o período histórico
turbulento da Conjuração ou Inconfidência Mineira em Vila Rica (atual Ouro Preto), transformando-a em arte.
Atualmente, Aleijadinho é considerado um dos maiores expoentes do Barroco Mineiro e o maior artista
brasileiro do século XVIII. Foi escultor, arquiteto e entalhador. Sua obra se distribui por cidades como Ouro
Preto, São João del Rey, Mariana, Tiradentes e Congonhas do Campo. Seus mais importantes trabalhos – como
os 12 profetas esculpidos em pedra sabão e as 66 figuras em cedro que reproduzem os passos da Paixão de
Cristo, ficam na Igreja de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo.
Apesar de não ter se casado, teve um filho a quem deu seu nome. Foi sua nora Joana que cuidou dele no
fim de sua vida. Aleijadinho faleceu em 18 de novembro de 1814, em Ouro Preto, com 84 anos.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/aleijadinho
https://educacao.uol.com.br/biografias/aleijadinho-antonio-francisco-da-costa-lisboa.jhtm
Nome: Aqualtune Ezgondidu Mahamud da Silva Santos, princesa Aqualtune
Nascimento:
Falecimento: provavelmente 1677
Destaque: princesa do Congo escravizada, mãe de Ganga Zumba e avó de Zumbi dos Palmares

Aqualtune Ezgondidu Mahamud da Silva Santos, conhecida por


Aqualtune, era uma princesa africana filha do importante Rei do Congo.
Seu rastro histórico começa no ano de 1665, quando, segundo a história,
liderou cerca de 10 mil guerreiros congoleses, no que ficou conhecido
como “a Batalha de Mbwila”. Essa batalha ocorreu quando a sua tribo foi
atacada por outra de nome “Wachagas”. É possível que o conflito tenha
sido provocado pelos portugueses, interessados em cativos para o
comércio de escravos. O fato é que a tribo de Aqualtune perdeu o
combate, e a cabeça do pai dela, o rei de Manicongo, foi cortada e exibida
em uma igreja, enquanto ela foi presa com seus companheiros,
escravizada e vendida. Então, teria sido enviada em um navio negreiro
para o forte de Elmina, em Gana, onde teria sido “batizada” por um bispo
católico e, como prova de seu batismo, foi marcada uma flor com ferro
quente em cima do seu seio esquerdo. Daí, completou a travessia no navio
negreiro para o Brasil, onde desembarcou em Recife, principal centro
produtor de açúcar e entreposto comercial da América Portuguesa.
Foi comprada como escrava reprodutora e obrigada a manter relações sexuais com um escravo, para fins
de reprodução. Já grávida foi vendida para um engenho de Porto Calvo, no sul de Pernambuco, onde pela
primeira vez conheceu a trajetória de Palmares, um dos principais quilombos negros durante o período colonial,
e as histórias de resistência dos negros à escravidão. Nos últimos meses de gestação organizou a sua fuga e a
de alguns escravos para aquele quilombo. Lá teve sua ascendência reconhecida, recebendo então o governo de
um dos territórios quilombolas, onde as tradições africanas eram mantidas e cada mocambo organizava-se de
acordo com suas próprias regras.
Começou ali, ao lado de Ganga Zumba, seu filho, a organização de um Estado Negro, que abrangia
povoados distintos, confederados sob a direção suprema de um chefe. Dois de seus filhos, Ganga Zumba e
Gana Zona tornaram-se chefes dos mocambos mais importantes do quilombo dos Palmares. Aqualtune também
teve filhas, a mais velha das quais, chamada Sabina, deu-lhe um neto, nascido quando Palmares se preparava
para mais um ataque holandês. Por isso, os negros cantaram e rezaram muito aos deuses, pedindo que o
Sobrinho de Ganga Zumba, e, portanto, seu herdeiro, crescesse forte. Para sensibilizar o deus da guerra, deram-
lhe o nome de Zumbi.
O final da vida de Aqualtune é controverso. Alguns dizem que uma das várias expedições enviadas pelo
governo português e por donos de fazenda teria queimado a vila onde ela vivia junto com outros idosos da
comunidade. Outros alegam que ela teria conseguido fugir. Outros ainda afirmam que ela simplesmente morreu
de doenças da velhice. O fato é que em 1677, a aldeia onde Aqualtune, que já estava idosa, vivia foi queimada
pelas expedições coloniais. Não se sabe se Aqualtune morreu nesse episódio, mas os quilombolas de Palmares
permaneceram lutando até serem finalmente derrotados, em novembro de 1695, pela bandeira do paulista
Domingos Jorge Velho.

Texto retirado dos sites:


http://aqualtunecorponegro.blogspot.com.br/2010/05/quem-foi-aqualtune.html
http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/12428/conheca-aqualtune-avo-de-zumbi-dos-palmares
http://www.geledes.org.br/aqualtune-princesa-no-congo-mas-escrava-no-brasil/#gs.yXUrn2E
Nome: Arthur Bispo do Rosário
Nascimento: 1909 ou 1911
Falecimento: 5 de julho de 1989
Destaque: artista plástico de arte contemporânea

Arthur Bispo do Rosário nasceu em Japaratuba, em Sergipe.


Há divergências quanto à data específica de seu nascimento, pois
alguns pesquisadores consideram o dia 14 de maio de 1909 e
outros o dia 16 de março de 1911. Filho de Adriano Bispo do
Rosário e Blandina Francisca de Jesus, era descendente de
escravos africanos.
Bispo do Rosário foi marinheiro na juventude e dedicou-se
ao boxe. Após deixar a Marinha, trabalhou na Viação Excelsior e
na companhia de eletricidade Light. Depois morou na casa da
família Leoni até sofrer um surto psicótico. Na noite 22 de
dezembro de 1938, despertou com alucinações. Perambulou pelas
ruas do Rio de Janeiro, segundo ele, guiado por um exército de
anjos que o conduziria a apresentar-se na igreja da Candelária, no
centro. Dias depois, foi detido e fichado pela polícia como negro,
sem documentos e indigente, e conduzido ao Hospício Pedro II (Hospício da Praia Vermelha) – situação
comum aos “indesejados” da época. Um mês depois de ter sido conduzido ao Hospício Pedro II, sob o
diagnóstico de esquizofrênico-paranoico, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá.
Bispo do Rosário chegou à Colônia Juliano Moreira muito agressivo. Ficou um tempo preso, mais logo
descobriria uma estratégia para sobreviver. Tendo em vista seu porte e o fato de ter praticado boxe na Marinha,
tinha habilidade e força para conter os pacientes mais violentos. Isso assegurou-lhe posição privilegiada na
instituição e lhe permitiu diálogo mais próximo com os funcionários. Assim, em algumas situações, conseguiu
recusar eletrochoques e medicações. Porém, quando os sinais da esquizofrenia se apresentavam, ele mesmo
pedia para um enfermeiro de sua confiança trancafiá-lo.
Entre 1940 e 1960, alternou momentos no hospício e períodos em que exerceu alguns ofícios em
residências cariocas. No começo da década de 1960, inicia seus trabalhos, realizando com materiais
rudimentares diversas miniaturas e vários bordados. Em 1964, regressou à Colônia, onde permaneceu até a sua
morte. Tendo em vista a falta de material, Bispo do Rosário desfiava o próprio uniforme azul do manicômio e
confeccionava suas obras. Em determinado momento, passou a produzir objetos com diversos tipos de
materiais oriundos do lixo e da sucata que, após a sua descoberta, seriam classificados como arte vanguardista.
Segundo especialistas, Arthur Bispo do Rosário transitava entre a genialidade e a loucura e produzia em
conformidade com o que se apresentava e se discutia sobre arte contemporânea mundial. As sucatas foram
reutilizadas e preparadas com a preocupação estética dos grandes mestres das artes plásticas. Cabe salientar
que Bispo do Rosário vivia em isolamento, portanto pressupõe-se que não tivesse nenhum contato com
influências exteriores que pudessem imprimir o estilo que genialmente desenvolveu.
Em seu repertório constam diversas obras consideradas de alto valor artístico. Como temas frequentes
destacam-se navios, estandartes, objetos domésticos, colagens, pinturas, tapeçarias, bordados, dentre outros.
O “Manto da apresentação” é uma de suas obras mais belas e mais conhecidas, sendo uma indumentária
sagrada de luxo, que bordou durante muito tempo, para vestir no dia do Juízo Final, na data de sua “passagem”.
E nesse manto estão bordados os nomes das pessoas que ele julgava merecedoras de subir aos céus. Outro
destaque entre suas obras é o estandarte que demonstra a importância conferida à palavra, pois é nela que
registra a frase síntese de sua vida: “Eu preciso destas palavras – Escritas”.
Em 1982, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro expôs algumas de suas obras, juntamente com a
produção de outros artistas, tais como presidiários, menores infratores e idosos, com o título “À margem da
vida”. Faleceu em 5 de julho de 1989, no Rio de Janeiro, vitimado por um infarto. Meses após sua morte, em
18 de outubro de 1989, foi inaugurada sua primeira mostra individual, “Registros de minha passagem pela
Terra”, atraindo quase 10 mil pessoas à escola de artes visuais do Parque Lage. Após essa exposição, suas
obras foram apresentadas em vários estados do Brasil e em países como Suécia, França e Estados Unidos, entre
outros. Em 1995, sua arte representou oficialmente o Brasil na prestigiosa Bienal de Veneza, na Itália.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/bisporosario
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10811/arthur-bispo-do-rosario
Nome: Auta de Souza
Nascimento: 12 de setembro de 1876
Falecimento: 7 de fevereiro de 1901
Destaque: poetisa brasileira da segunda geração romântica, com influência simbolista

Auta de Souza nasceu em 1876, no município de Macaíba, Rio Grande


do Norte. Seus pais Elói Castriciano de Souza e Henriqueta Leopoldina
Rodrigues morreram de tuberculose quando ela era criança e Auta foi criada
pelos avós maternos numa chácara em Recife. Sua avó Dindinha, Silvina
Maria da Conceição de Paula Rodrigues, embora analfabeta, conseguiu
proporcionar boa educação aos netos.
Com 12 anos, uma nova tragédia marcou sua vida: seu irmão mais
novo morreu queimado em uma explosão, provocada acidentalmente por um
candeeiro.
Educada em colégio católico, Auta rapidamente aprendeu francês,
literatura, inglês, música e desenho. Em razão do diagnóstico de tuberculose,
aos 14 anos, Auta teve que deixar o colégio, mas continuou sua formação
intelectual sozinha, tornando-se autodidata. A doença, que já havia atingido
seus familiares, não impediu que ela começasse a escrever e a declamar,
hábito muito comum em reuniões sociais na época.
Em 1894, ela passou a escrever para a revista “Oásis”, de circulação restrita, pois era veículo do grêmio
literário Le Monde Marche. Dois anos depois, passaria a colaborar no jornal “A República”, periódico com
maior visibilidade, não só porque era o mais lido, mas por estabelecer permuta com a imprensa de outras
regiões. Assim, mesmo vivendo fora do circuito de maior efervescência intelectual, Auta passaria a ser
conhecida e ter seus poemas divulgados no jornal “O Paiz”, do Rio de Janeiro
Por volta de 1895, Auta conheceu João Leopoldo da Silva Loureiro, promotor público de sua cidade
natal, com quem namorou durante um ano e de quem foi obrigada a se separar pelos irmãos, que se
preocupavam com seu estado de saúde. Pouco depois da separação, ele também morreria vítima da tuberculose.
Esta frustração amorosa se tornaria o quinto fator marcante de sua obra, junto à religiosidade, à orfandade, à
morte trágica de seu irmão e à tuberculose. A poetisa, então, encerrou seu primeiro livro de manuscritos,
intitulado “Dálias”, que mais tarde seria publicado em 1900 sob o título de “Horto” – com prefácio do mais
consagrado poeta brasileiro da época, Olavo Bilac.
A partir de 1897, Auta passaria a publicar seus versos assiduamente em “A Tribuna”, de Natal, um jornal
de prestígio, com participação de vários escritores famosos do Nordeste. Entre 1899 e 1900, ela usaria os
pseudônimos de Ida Salúcio e Hilário das Neves para assinar seus poemas. Vários deles foram musicados por
compositores regionais e transmitidos oralmente, desde o final do século XIX.
Sua poesia possuía leves traços simbolistas e circulou nas rodas literárias do país, despertando sempre
muita emoção e interesse. Venceu a resistência dos círculos literários masculinos e escrevia profissionalmente
em uma sociedade em que este ofício era quase que exclusividade dos homens, já que a crítica ignorava as
mulheres escritoras.
Em 7 de fevereiro de 1901, com 24 anos, Auta sucumbiu à tuberculose. Em 14 de novembro de 1936, a
Academia Norte-Rio Grandense de Letras instalou a poltrona 20, dedicada a Auta de Souza, em
reconhecimento à sua poesia.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/autadesouza
http://www.geledes.org.br/auta-de-souza/#gs.zF5f6bE
Nome: Cândido da Fonseca Galvão, Dom Obá II
Nascimento: 1845
Falecimento: julho de 1890
Destaque: militar brasileiro, abolicionista e defensor da monarquia

Cândido da Fonseca Galvão, mais conhecido por Obá II D’África ou Dom


Obá. Nasceu possivelmente em 1845 em Lençóis, na Bahia. Filho de Benvindo
da Fonseca Galvão, africano forro da nação iorubá. Possivelmente neto de
Aláàfin Abiodun, último soberano do Império de Oyo.
No Império, assim como na Colônia, o serviço militar não era obrigatório.
Havia na prática, um recrutamento forçado das camadas mais humildes,
mormente negros, índios e mestiços. Com a emergência da Guerra do Paraguai,
o Brasil Império, a partir de 1865, cria um sistema de recrutamento e alistamento
para guerra.
Dias antes da assinatura do decreto que criaria os Voluntários da Pátria,
Cândido da Fonseca Galvão, jovem negro de família abastada, provavelmente
adquirida nas lavras dos diamantes, movido por sentimento nacionalista, alistou-
se voluntariamente no exército. A Guerra do Paraguai constituiu-se em
oportunidade para o jovem negro exercitar suas qualidades de liderança. E neste
cenário, devido a sua grande bravura, foi condecorado como oficial honorário do
Exército brasileiro, com a patente de alferes.
Após seu retorno, fixou-se na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império. Ali, Dom Obá tornou-
se uma figura folclórica, e para alguns, um tanto quanto caricata da sociedade carioca. Independente das
contradições em relação a este personagem, efetivamente era reverenciado como um príncipe real por vários
afro-brasileiros, escravizados ou livres que viviam nos subúrbios da capital do Império.
Neste cenário, em fins do século XIX, Dom Obá transformou-se em um dos pioneiros na luta pela
igualdade racial no Brasil, sendo a ponte entre o palácio imperial e as ruas. Passou a escrever artigos nos jornais
da corte, em que defendia a monarquia brasileira, o combate ao trabalho escravo, dentre outros assuntos
relevantes para época. Participava fervorosamente dos debates intelectuais do período. Tinha admiração por
D. Pedro II e era um dos primeiros a chegar às suas audiências públicas. Falava diretamente com o imperador
sobre suas inquietações, sonhos e perspectivas. Nestas oportunidades, procurava o apoio de D. Pedro II para
seus projetos.
Dom Obá atuou na campanha abolicionista e andava com farda de gala, cartola elegante, luvas brancas
e chapéu de alferes, em um período em que poucos negros andavam calçados. E neste contexto, era considerado
referência para os escravizados que buscavam liberdade ao mesmo tempo em que era considerado meio
“amalucado” por aqueles que achavam seus hábitos extravagantes.
Tendo em vista sua admiração pelo imperador, com a queda do Império em 1889, os republicanos
cassaram seu posto de alferes. Meses depois morreu, em julho de 1890.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/domoba
http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/zumbi_32.htm
Nome: Carlos Marighella
Nascimento: 5 de dezembro de 1911
Falecimento: 4 de novembro de 1969
Destaque: político, guerrilheiro e poeta

Político, guerrilheiro e poeta, Carlos Marighella vivenciou a repressão


de dois regimes autoritários: o Estado Novo (1937-1945), de Getúlio Vargas,
e a ditadura civil-militar (1964-1985). Foi um dos principais organizadores da
resistência contra o regime militar e chegou a ser considerado o inimigo
número um da ditadura. Teve quatro passagens pela prisão, onde sofreu
espancamentos e torturas. Militou durante 33 anos no Partido Comunista e
depois fundou o movimento armado Ação Nacional Libertadora (ANL).
Carlos Marighella nasceu em 5 de dezembro de 1911, na cidade de
Salvador, Bahia. Era filho do operário imigrante italiano Augusto Marighella
e de Maria Rita do Nascimento, negra e filha de escravos. Teve sete irmãos e
irmãs. Fez os estudos iniciais no Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central.
Contrariando as expectativas reservadas a famílias de poucas posses, em 1929,
Carlos começou a cursar engenharia civil na Escola Politécnica da Bahia.
Nessa época, com 18 anos, Carlos despertou para as lutas sociais e entrou no
Partido Comunista Brasileiro (PCB), na época dirigido por figuras históricas como Astrojildo Pereira e Luís
Carlos Prestes. Em 1932, foi preso pela primeira vez, por escrever um poema com críticas ao interventor da
Bahia, Juracy Magalhães.
Em 1936, abandonou o curso de engenharia e mudou-se para São Paulo, com a tarefa de reorganizar o
Partido Comunista, que se encontrava esfacelado, após as lutas de 1935, na chamada Intentona Comunista.
Durante a ditadura na Era Vargas, foi preso por subversão e torturado pela polícia de Filinto Müller duas vezes.
Ficou na prisão até 1945, quando foi beneficiado com a anistia pelo processo de redemocratização do país.
Elegeu-se deputado federal constituinte pelo PCB baiano em 1946, como um dos mais bem votados da
época. Mas, nesse mesmo ano, Marighella voltou a perder o mandato porque o governo de Eurico Gaspar
Dutra, por orientação do governo estadunidense, cassou todos os políticos filiados a partidos comunistas.
Na clandestinidade, de 1949 a 1954, em São Paulo, Marighella atuou na área sindical do partido, mas
incomodava a direção partidária, pois era considerado excessivamente esquerdista. Sua atuação aproximou o
partido da classe operária e juntos promoveram uma greve geral, conhecida como a “Greve dos Cem Mil”, em
1953. Também participou da campanha “O petróleo é nosso” e foi à China e à União Soviética, retornando em
1954. Após a morte de Getúlio Vargas e no início do governo de Juscelino Kubistchek, os comunistas, ainda
na ilegalidade, começaram a atuar com mais visibilidade. Com João Goulart, o Partido Comunista voltou à
legalidade aproximando-se do governo. Carlos Marighella passou a divergir da linha adotada pelo partido,
divergências que em 1962, deram origem ao Partido Comunista do Brasil (PC do B).
Em 1964, o golpe de Estado, que estabeleceu a ditadura civil-militar, proporcionou uma nova
perseguição aos comunistas. Marighella foi baleado e preso num cinema da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Conseguiu sobreviver e ficou encarcerado por 80 dias, e em seguida, foi solto pela atuação do advogado Sobral
Pinto. Em 1966, publicou “A Crise Brasileira” onde discorreu sobre sua opção por organizar os trabalhadores
brasileiros contra a ditadura e a luta pelo socialismo. Nesse livro pregava a luta armada, com base numa aliança
entre operários e camponeses. Em 1968, seguindo essa proposta, fundou a ANL. A organização participou de
diversos assaltos a banco e do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em setembro de
1969, numa ação conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). Depois, o embaixador foi
trocado por 15 presos políticos. A organização também teve fortes influências no meio estudantil. Para orientar
as ações da ANL, Marighella escreveu o “Mini-manual do Guerrilheiro Urbano”.
Com o recrudescimento do regime civil-militar, os órgãos de repressão concentraram esforços em sua
captura. Na noite de 4 de novembro de 1969, Marighella foi surpreendido por uma emboscada na alameda
Casa Branca, na capital paulista. Foi morto a tiros por agentes do DOPS, em uma ação gigantesca coordenada
pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. A ANL continuou em atividade até 1974.
Sua situação de combatente contra a ditadura foi reconhecida pelo governo brasileiro em 1996 e sua
esposa Clara Charf passou a ser indenizada, a partir de 2008.

Texto retirado dos sites:


http://memoriasdaditadura.org.br/biografias-da-resistencia/carlos-marighella/
http://www.geledes.org.br/carlos-marighella/#gs.null
Nome: Carolina Maria de Jesus
Nascimento: 14 de março de 1914
Falecimento: 13 de fevereiro de 1977
Destaque: uma das escritoras brasileiras mais expressivas, traduzida para mais de dez idiomas

Carolina Maria de Jesus, nasceu em Sacramento,


Minas Gerais, numa comunidade rural onde seus pais
eram meeiros.
Aos sete anos, a mãe de Carolina forçou-a a
frequentar a escola depois que a esposa de um rico
fazendeiro decidiu pagar os estudos dela e de outras
crianças pobres do bairro. Carolina parou de frequentar
a escola no segundo ano, mas aprendeu a ler e a escrever.
Após a morte de sua mãe, Carolina mudou-se para
São Paulo. Na favela do Canindé, construiu sua própria
casa, usando madeira, lata, papelão e qualquer coisa que
pudesse encontrar. Ela saía todas as noites para coletar
papel, a fim de conseguir dinheiro para sustentar a família.
Quando encontrava revistas e cadernos antigos, guardava-os para escrever em suas folhas. Começou a
escrever sobre seu dia-a-dia, sobre como era morar na favela. Isto aborrecia seus vizinhos, que não eram
alfabetizados, e por isso se sentiam desconfortáveis por vê-la sempre escrevendo, ainda mais sobre eles.
Em seu diário ela detalha o cotidiano dos moradores da favela e, sem rodeios, descreve os fatos políticos
e sociais que via. Carolina refletia sobre o cenário de desigualdade e escrevia sobre as pequenas coisas que
compõem a condição humana. A preocupação com o que vai se comer no dia. A repetição da busca da água
todas as manhãs. A brutalidade do ambiente: a cidade, a favela, as pessoas.
Ela foi descoberta pelo jornalista Audálio Dantas, em abril de 1958. Dantas cobria a abertura de um
pequeno parque municipal. Imediatamente após a cerimônia uma gangue de rua chegou e reivindicou a área,
perseguindo as crianças. Dantas viu Carolina de pé na beira do local gritando “Saiam ou eu vou colocar vocês
no meu livro!” Os intrusos partiram. Dantas perguntou o que ela queria dizer com aquilo. Ela se mostrou tímida
no início, mas levou-o até o seu barraco e mostrou-lhe seus 35 diários. Ele pediu uma amostra pequena e correu
para o jornal. Inicialmente, um deles foi publicado como folhetim, depois virou livro lançado em agosto de
1960 com o título “Quarto de Despejo”.
O quarto de despejo surge como uma metáfora para a desigualdade que estabelece seu papel e sua
posição nessa história: ela aponta que, enquanto o centro da cidade é a sala de visitas, a favela é o quarto onde
se joga o indesejável, o entulho, tudo aquilo que se quer esconder. Sua escrita, no entanto, é sua forma de se
recusar a ser “despejo”, a ser “resto”.
Sua voz é marcante não pelos “erros” gramaticais preservados pela edição, mas sim pela sensibilidade
para os detalhes normalmente desprezados pelo nosso olhar. O olhar apurado de Carolina, de quem estava
acostumada a olhar para o lixo e ver o que tem valor ali, ou de quem procurava catar as luzes distantes das
estrelas quando todos ao seu redor já estavam de olhos fechados, convida o leitor a ver humanidade nos lugares
onde a cidade e a sociedade só nos ensinaram a ver miséria.
“Quarto de despejo: Diário de uma favelada” vendeu mais de 100 mil exemplares em 40 países e foi
traduzido em 13 línguas. Além desse sucesso, Carolina foi muito prolífica: escrevia romances, contos, poemas,
e, além daqueles que foram publicados – inclusive depois de sua morte, como “Diário de Bitita” –, ainda há
milhares de páginas de material inédito de Carolina, entre eles, seis romances, mais de cem poemas e cerca de
67 crônicas. Destes, em 1961 lançou “Casa de alvenaria: Diário de uma ex-favelada” e, no ano seguinte,
publicou o romance “Pedaços da Fome”.
Depois de desentendimentos com editores, em 1969, a escritora saiu de São Paulo e mudou-se para um
sítio. Morreu em 1977, aos 62 anos, de volta à pobreza.

Texto retirado dos sites:


https://asminanahistoria.wordpress.com/2016/10/10/15-mulheres-brasileiras-que-deveriamos-ter-conhecido-
na-escola/
http://www.cartacapital.com.br/cultura/carolina-maria-de-jesus-a-catadora-de-letras
http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/carolinamariadejesus
Nome: Clementina de Jesus da Silva
Nascimento: 7 de fevereiro de 1901 ou 17 de fevereiro de 1902
Falecimento: 19 de setembro de 1987
Destaque: cantora brasileira de samba

Clementina de Jesus da Silva, ou como os amigos


carinhosamente a chamavam Quelé, nasceu,
provavelmente, no bairro de Carambita, em Valença,
município no Sul do estado do Rio de Janeiro. Há
divergências quanto à data de seu nascimento. Nasceu
em uma família que pulsava ritmo e musicalidade. Seu
pai foi mestre de capoeira e violeiro. Com sua mãe,
lavadeira, aprendeu cantos de trabalho, partido-alto,
ladainhas, jongos, pontos de macumba, lundus, corimas,
modas e chulas.
Em torno dos 8 anos de idade, mudaram-se para o
bairro de Oswaldo Cruz, na cidade do Rio de Janeiro. Quando tinha aproximadamente 12 anos, saía como
pastorinha no bloco carnavalesco Moreninha das Campinas. Possivelmente com 15 anos, passou a cantar no
coro da igreja e começou a frequentar as rodas de samba. Em 1940, casou-se com o mangueirense Albino Pé
Grande e, consequentemente, foi morar no Morro da Mangueira.
Inicialmente, costumava cantar somente para os amigos. Conciliava o trabalho doméstico, que exerceu
por mais de 20 anos, com as rodas de samba. Seu canto rouco e quase falado estava fora de qualquer padrão
estético e até hoje sem qualquer paralelo entre as cantoras brasileiras. Almas gêmeas, não pelo repertório, mas
pela forma selvagem e pela maneira que integrava voz e corpo, que se soltava com todo o tipo de dança, pode
se comparar a cantoras afro-norteamericanas como Bessie Smith.
Dessa forma sua ancestrialidade africana permitiu que ela estabelecesse uma ponte do riquíssimo
folclore dos terreiros com a linguagem urbana e contemporânea. Clementina foi o retrato do sincretismo
brasileiro: das rezas em gegê e nagô e cantos em iorubá que ouvia de sua mãe e dos hinos católicos que cantava
no coro da igreja; dos pontos de candomblé e dos sambas de roda das festas das quais participava.
No início da década de 1960, em uma dessas rodas de samba, conheceu o poeta e compositor Hermínio
Bello de Carvalho, que, fascinado por sua voz melodiosa, a convidou a participar do show “O menestrel”,
iniciativa que ambicionava integrar as músicas popular e erudita. Seu lançamento para o grande público
aconteceu meses depois, ao participar do musical “Rosa de Ouro”, também organizado por Carvalho, contando
com a presença de vários artistas. Clementina tinha provavelmente 64 anos. Em 1965, o musical “Rosa de
Ouro” foi transformado pela Odeon em LP, constituindo-se, portanto, na estreia de Clementina em disco.
Desde então, a cantora, com sua voz grave e melodiosa de partideira, passou a ser convidada para tomar parte
em vários espetáculos, inclusive no exterior, assim como a participar em gravações de diversos LPs.
Gravou ao longo de sua carreira 9 LPs e 3 compactos e participou de discos de outros artistas, como por
exemplo Milton Nascimento e Clara Nunes. Essa afro-brasileira apresentou-se também na África e na Europa.
Não foi grande vendedora de discos e, como disse Carlos Calado, crítico musical “Irônico e triste, mas em
certos países as bijuterias valem mais que os diamantes brutos.” Incansável, Clementina atuou em shows até
maio de 1987, quando fez sua última apresentação no Teatro Carlos Gomes. Clementina faleceu em 19 de
setembro de 1987, no Rio de Janeiro, deixando um legado de uma das mais finas expressões da música afro-
brasileira.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/clementinajesus
http://www.geledes.org.br/clementina-de-jesus-2/#gs.ruFVo=M
Nome: Cosme Bento das Chagas, negro Cosme
Nascimento: cerca de 1800
Falecimento: setembro de 1842
Destaque: quilombola maranhense, líder da insurreição negra da Balaiada e defensor do fim da escravidão

Cosme Bento das Chagas nasceu em Sobral, CE, por volta de


1800. Nasceu livre e vivia de pequenos expedientes, sabia ler e
escrever. Foi preso em 22 de setembro de 1830, por ter assassinado
Francisco Raimundo Ribeiro em Itapecuru-Mirim, sendo enviado à
capital São Luís. Cosme fugiu da cadeia em 1° de maio de 1833, depois
de liderar um levante de presos. Ficou foragido até 1838, quando foi
capturado em Codó. Neste tempo ficou escondido em vários quilombos
da região de Itapecuru-Mirim.
Na época, havia uma intensa mudança nas divisões e rivalidades
da elite dominante maranhense, o que gerou a revolta da Balaiada, entre
1838 e 1841, e opôs “bentevis” (membros ou simpatizantes do Partido
Liberal) e “cabanos” (membros ou simpatizantes do Partido
Conservador e do governo).
A província do Maranhão era, nesse período, o terceiro estado com maior número de escravos, ficando
atrás apenas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, além de ultrapassar percentualmente São Paulo e Minas
Gerais, regiões economicamente mais prósperas e importadoras de escravos naquela altura, como revela o
estudo “Espaço, cor e distinção social em São Luís (1850-1888)”, do sociólogo Matheus Gato de Jesus, mestre
e doutor em Sociologia. Na primeira metade do século XIX, excetuando os índios, a proporção de escravos
negros estava na casa de dois para cada “homem livre”. Nas cidades, vilas, povoações e fazendas, além da
existência de negros escravos, havia os negros livres, fato este que poderia, certamente, elevar o número de
afrodescendentes. As grandes concentrações de escravos no interior com pouca vigilância facilitavam as fugas
e a constituição de diversos quilombos, onde os ex-escravos mantinham casas, plantações e criações.
Quando a Balaiada estourou em dezembro de 1838, negro Cosme se encontrava preso na capital, não
participando do início da insurreição. Ele fugiu da prisão em outubro de 1839, e em novembro já se tinha
notícias dele liderando os escravos nas várias fazendas às margens do Rio Itapecuru. No final de 1839, Cosme
já era conhecido como Imperador da Liberdade. Organizou um grande quilombo em Lagoa Amarela e nele
fundou uma escola. Negro Cosme contava com um exército de aproximadamente três mil homens.
A insurreição de milhares de negros liderados por Cosme Bento das Chagas tornou-se o fermento mais
explosivo durante a Balaiada. Aquele acontecimento revelou um aumento do nível de amadurecimento dos
negros escravos pois, através da insurreição buscaram superar a escravidão (após sucessivas fugas e a
constituição de diversos núcleos quilombolas) impondo uma forma mais incisiva de resistência àquela
sociedade escravista. A insurreição escrava teve continuidade mesmo após o fim da revolta dos balaios (1841).
Antigos quilombos se mantiveram e novos foram criados, alguns concentrando entre 400 e 500 quilombolas.
Entre fevereiro e setembro de 1840, Luís Alves de Lima e Silva havia praticamente derrotado todos os
rebelados, com exceção dos negros sob o comando de Cosme, que foram os últimos a capitularem. Negro
Cosme foi fugindo e resistiu até onde conseguiu. Mas um dia essa batalha chegou ao fim: foi aprisionado no
“Combate do Calabouço”, na região de Vitória do Mearim, e levado a São Luís, a 170 km para o norte. Na
repressão à Balaiada o exército matou mais de dez mil pessoas, inclusive crianças, idosos e mulheres.
Preso, seu processo foi aberto em março de 1841, arrastando-se por mais de um ano: somente em 5 de
abril de 1842, realizou-se o seu julgamento. Negro Cosme foi condenado à forca por liderar no Maranhão uma
das mais temidas insurreições do povo negro já ocorridas no Brasil. À frente dos quilombolas, lutava para pôr
fim à escravidão, junto com líderes como o índio Matroá, o vaqueiro Raimundo Gomes e Manoel Ferreira dos
Anjos, o Balaio.
Cosme foi enforcado em Itapicuru Mirim entre os dias 19 e 25, provavelmente em 20 de setembro de
1842, transformando-se em símbolo da luta contra escravidão.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/negrocosme
http://www.geledes.org.br/negro-cosme-bento-das-chagas-e-balaiada/#gs.ZuETu2c
http://brasileiros.com.br/2016/11/governo-maranhao-homenageia-negro-cosme-lider-da-luta-negra-pela-
liberdade/
Nome: Dandara dos Palmares
Nascimento:
Falecimento: 06 de fevereiro de 1694
Destaque: líder quilombola em Palmares

Dandara além de esposa de Zumbi dos Palmares, com quem teve


três filhos, foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o
sistema escravocrata do século XVII. Não há registros do local do seu
nascimento, tampouco da sua ascendência africana. Relatos nos levam
a crer que nasceu no Brasil e estabeleceu-se no Quilombo dos Palmares
ainda menina.
Não realizava apenas os serviços domésticos da comunidade:
plantava como todos, trabalhava na produção da farinha de mandioca,
aprendeu a caçar, mas, também aprendeu a lutar capoeira e empunhar
armas. Quando adulta, liderava as falanges femininas do exército
negro palmarino. Dandara sobretudo, não se encaixava nos padrões de
gênero que ainda hoje são impostos às mulheres e é uma das provas da
inverdade do conceito de que a mulher é um sexo frágil.
Quando os primeiros negros se rebelaram contra a escravidão
no Brasil e formaram o Quilombo de Palmares, na Serra da Barriga,
em Alagoas, Dandara lutava ao lado de Ganga-Zumba. Participou de
todos os ataques e defesas da resistência palmarina. Na condição de
líder, Dandara chegou a questionar os termos do tratado de paz assinado por Ganga-Zumba e pelo governo
português de Pernambuco em 1678. Posicionando-se contra o tratado, por não acordar o fim da escravidão,
opôs-se a Ganga-Zumba, ao lado de Zumbi, com quem se casou e teve três filhos.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando estavam em jogo a
segurança de Palmares e a eliminação do inimigo. Chegando perto da cidade do Recife, depois de vencer várias
batalhas, Dandara pediu a Zumbi que tomasse a cidade, isso é uma prova da valentia e mesmo um certo
radicalismo dessa mulher. Sua posição era compartilhada por outras lideranças palmarinas. À paz em troca de
terras no Vale do Cacau que era a proposta do governo português, ela preferiu a guerra constante, pois via
nesse acordo a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Dandara foi morta, com outros
quilombolas, em 06 de fevereiro de 1694, após a destruição da Cerca Real dos Macacos, que fazia parte do
Quilombo de Palmares. Há relatos de que ela teria se suicidado, atirando-se no abismo de uma pedreira, para
não retornar à condição de escrava.
Assim como a maior parte da sua história é envolta em grande mistério, também não se sabe como era
seu rosto, nem como ela era exatamente.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/dandara-a-face-feminina-de-palmares/#gs.niUIBRE
http://www.revistaforum.com.br/questaodegenero/2014/11/07/e-dandara-dos-palmares-voce-sabe-quem-foi/
Nome: Edison de Souza Carneiro
Nascimento: 12 de agosto de 1912
Falecimento: 2 de dezembro de 1972
Destaque: antropólogo, escritor, folclorista e intelectual voltado para ações afirmativas e políticas culturais de
afirmação do negro no Brasil

Escritor, historiador, etnógrafo, jornalista e folclorista, o baiano Edison


Carneiro dedicou-se aos estudos sobre a cultura popular e o negro brasileiro e
tornou-se uma das maiores autoridades nacionais sobre cultos afro-brasileiros e os
problemas de aculturação dos africanos no Brasil. Mas a trajetória desse intelectual,
a despeito do relevante papel que desempenhou na história das ciências sociais no
Brasil, sobretudo na história dos estudos das relações raciais, ainda é pouco
estudada e conhecida.
Edison de Souza Carneiro nasceu em Salvador, em 12 de agosto de 1912,
filho de Antonio Joaquim de Souza Carneiro e Laura Coelho de Souza Carneiro.
Estudou na capital baiana, diplomando-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Faculdade de Direito da Bahia em 1935, participou do grupo literário Academia
dos Rebeldes, juntamente com Jorge Amado, que publicou com ele e com Dias da
Costa a novela “Lenita” n’O Jornal, em 1929.
Frustrado em sua tentativa de se firmar como literato, passou a investir na carreira jornalística,
escrevendo sobre ritos e festas dos candomblés baianos para diferentes periódicos, tornando-se um dos maiores
defensores da liberdade da prática dessas atividades. Em 1937, fundou a federação das casas de candomblé
baianas, sob a denominação de União das Seitas Afro-Brasileiras da Bahia e, com Arthur Ramos, organizou o
II Congresso Afro-Brasileiro. Neste evento, além dos intelectuais e membros do movimento negro, foram
convidados: Mãe Aninha e Martiniano do Bonfim inaugurando, assim, um caminho de afirmação entre a
tradição popular e o campo erudito.
Nessa área dos estudos afro-brasileiros também conviveu com pretensões frustradas de estudos e
especializações no exterior, com confrontos com Arthur Ramos e Gilberto Freire, com penúria financeira, com
projetos de pesquisa sobre folclore e cultura afro-brasileira não financiados, e com prisões, perseguições e
cassações devido a sua militância comunista. “Resta dizer também que havia sempre a possibilidade concreta
de, em muitos dos episódios em que se envolveu, a ‘raça’ de Édison ter funcionado como fator de exclusão,
preterimentos ou interdições veladas às posições e aos postos por ele pleiteados”, enfatiza Gustavo Rossi.
Viveu no Rio de Janeiro a partir de 1939, onde trabalhou como jornalista, sempre voltado para as
questões que tocavam a brasilidade e o popular. Em 1959, iniciou sua carreira de professor, com o ensino da
disciplina Bibliografia do Folclore, no Curso de Biblioteconomia da Biblioteca Nacional. Mais tarde passou a
ministrar, na condição de professor visitante, cursos em várias universidades brasileiras, dentre as quais Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul. Dentre as instituições em que atuou, destacam-se o
Conselho Nacional de Folclore, a Comissão Nacional de Folclore, vinculada à Unesco, e entidades
internacionais como as Sociedades de Folclore do México, Argentina e Peru.
Edison Carneiro foi um dos inspiradores da Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro (CDFB), criada
em 1958. Em sua gestão como diretor-executivo da Campanha, no período de 1961-64, foi inaugurada a
Biblioteca Amadeu Amaral e iniciada a aquisição de peças para o Museu do Folclore, cuja criação se deu em
1968, sob sua inspiração. A transformação da CDFB em órgão de caráter permanente foi concretizada pela
criação do Instituto Nacional de Folclore (1978), atual Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.
Em 1969, foi agraciado pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis, também
foi condecorado com a Medalha Sílvio Romero pelo Governo da Guanabara e com a Medalha Euclides da
Cunha, pela cidade de São José do Rio Preto.
Intelectual militante especializou-se em temas voltados à história do negro e a valorização de sua cultura,
inclusive indo à África em 1961 para pesquisar a cultura iorubá e assim dimensionar sua influência entre os
afrodescendentes brasileiros. É autor das seguintes obras, entre outras: “Religiões Negras” (1936); “Negros
Bantos” (1937); “Candomblés da Bahia” (1948); “O Quilombo dos Palmares” (1947) e “Antologia do Negro
Brasileiro” (1950).
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, em 2 de dezembro de 1972, de uma trombose cerebral.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/edison
http://www.unicamp.br/unicamp/ju/550/o-intelecutal-feiticeiro-sai-enfim-do-limbro
Nome: Escolástica Maria da Conceição Nazaré, mãe Menininha do Gantois
Nascimento: 10 de fevereiro de 1894
Falecimento: 13 de agosto de 1986
Destaque: ialorixá do Ilê Ìyá Omi Àse Ìyámasé e defensora da legalização e do fim do preconceito contra o
candomblé

Escolástica Maria da Conceição Nazaré foi o nome de batismo


de Mãe Meninha do Gantois. Neta de escravos, ela nasceu em 10 de
fevereiro de 1894, na cidade de Salvador. A casa de candomblé Ilé Ìyá
Omi Àse Ìyámasé, no bairro do Gantois, foi fundada por sua bisavó, a
nigeriana Maria Júlia da Conceição Nazaré, em 1849.
Foi iniciada nos rituais pela tia Pulquéria, sua antecessora, que
lhe cunhou o apelido “Menininha”. Ela dançava o candomblé desde os
seis anos e foi iniciada para Oxum aos oito. Quando assumiu a liderança
do terreiro, escolhida pelos orixás, ainda não tinha 30 anos completos
e, inicialmente, sua juventude não foi bem vista pelos adeptos mais
antigos. Porém, com sua doçura, carisma e diplomacia, Mãe Menininha
mudou esta situação. Nos 62 anos em que liderou o Terreiro do Gantois, como relações públicas de sua religião,
sempre se mostrou disponível para explicar o candomblé a quem se interessasse. Além disso, sempre teve um
ótimo relacionamento com governantes, artistas e intelectuais e também conquistou o respeito de líderes de
outros terreiros e até de sacerdotes católicos.
Antes e durante o exercício da liderança da casa, Menininha trabalhou como costureira, bordadeira e
também quituteira. Naquele tempo não era nada fácil comandar uma casa de candomblé. Como ialorixá, ela
enfrentou o preconceito que a sociedade tinha em relação aos adeptos dessa religião. Não havia liberdade de
culto e os terreiros eram frequentemente invadidos pela polícia, sofrendo muitas perseguições e violência. Na
década de 1930, a Lei de Jogos e Costumes era mais tolerante ao candomblé, mas ainda assim as festas só
podiam ser realizadas em determinados horários e mediante autorização por escrito.
Menininha, no entanto, soube valorizar a religião e integrá-la na sociedade baiana, obtendo a licença
para o culto aos orixás em 1930. O marido, Álvaro MacDowell, advogado, também teve forte influência e
prestou grandes contribuições à luta pela defesa do candomblé e dos membros da comunidade. Apesar de não
possuir um cargo religioso na casa, auxiliava no terreiro e atuava como ponte entre o Gantois e a sociedade.
Mãe Menininha do Gantois foi a ialorixá mais famosa do país. Sob seu comando, o Terreiro do Gantois
logo se tornou um dos mais procurados e respeitados da Bahia. Para muitos pesquisadores, a popularidade e o
reconhecimento que Mãe Menininha alcançou foram de fundamental importância para aumentar a aceitação
do candomblé na sociedade.
Para o diretor do Centro de Estudos Afro Orientais da Universidade Federal da Bahia (UFBA), professor
Lívio Sansone, a importância de Mãe Menininha extrapola a religiosidade e reflete a luta que ela mesma teve
em defesa do candomblé. “O carnaval é feito de festa e celebração e é bom que sejam celebradas também as
pessoas que tiveram o grande mérito de preservar as tradições africanas no Brasil e aprenderam a apresentá-
la de maneira interessante a um público muito amplo. Mãe Menininha teve esse grande mérito, era uma
mensageira entre dois mundos: o mundo da casa de santo e o mundo da sociedade mais ampla”.
Mãe Menininha recebeu muitos títulos, homenagens e medalhas. Uma das que mais gostava era a dos
Filhos de Gandhy, que a nomearam madrinha do afoxé. Em 1972, Dorival Caymmi compôs a famosa música
“Oração a Mãe Menininha”. Além dele, Jorge Amado, Antônio Carlos Magalhães, Vinícius de Moraes, Maria
Bethânia e Caetano Veloso eram algumas das inúmeras personalidades que se aconselhavam com Mãe
Menininha. Ela morreu em 13 de agosto de 1986, aos 92 anos, na cidade de Salvador.
Sobre a mãe, a filha Carmem, atual mãe-de-santo do Gantois, disse: “Ela queria que fôssemos batizados
e fizéssemos a primeira comunhão na Igreja Católica. Então, dentro do candomblé, não se proíbe nada que é
bom. Não há justificativa [para a intolerância religiosa]. Por que essa intolerância? Só porque é de preto e
pobre? Não pode ser”.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/menininhadogantois
http://www.geledes.org.br/mae-menininha-do-gantois-sera-tema-da-vai-vai-no-carnaval-do-ano-que-
vem/#gs.ddzL_b0
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/historia-e-
memoria/2014/07/17/m%C3%A3e-menininha
Nome: Eugênia Ana dos Santos, mãe Aninha
Nascimento: 13 de julho de 1869
Falecimento: 3 de janeiro de 1938
Destaque: ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá e defensora da liberdade de culto

Filha de africanos, Eugênia Ana dos Santos, a ialorixá Obá Biyi,


nasceu em Salvador em 1869, filha de Sérgio José dos Santos e Leonídia
Maria da Conceição. Mais conhecida como Mãe Aninha, ela foi instruída no
candomblé do Engenho Velho – a casa de Mãe Nassô – fundado por volta de
1830 e o primeiro a funcionar regularmente na Bahia. Saiu de lá para formar
uma nova casa, o Ilê Axé Opô Afonjá, fundado em 1895 no Rio de Janeiro e
em 1910 em Salvador, hoje considerado Patrimônio Histórico Nacional.
Em 1935, Martiniano do Bonfim sugeriu a Mãe Aninha que criasse o
Corpo dos Obás de Xangô, que deveria ser integrado por amigos e protetores
do terreiro. Martiniano era uma das personalidades mais respeitadas da
comunidade afro-baiana. Havia retornado da Nigéria em 1883, portando
altos títulos da hierarquia sacerdotal iorubana. Sua ideia tornou-se real,
quando, em 1936, foi instituído o corpo de obás, ou 12 ministros de Xangô
do Axé Opô Afonjá. Até hoje são escolhidas pessoas de grande prestígio
social para ocupar esse corpo.
A função principal dos obás é a sustentação do axé, tanto do ponto de
vista material quanto do seu status. No Ilê Axé Opô Afonjá ainda hoje os obás formam uma seleta hierarquia,
abaixo somente da mãe-de-santo e da mãe pequena, eventual substituta da mãe-de-santo. Na Bahia, a criação
dos obás trouxe ao culto de Xangô um importante exército de reforço. Nas últimas décadas, já ocuparam esse
posto os escritores Jorge Amado e Antônio Olinto, os compositores Gilberto Gil e Dorival Caymmi, o artista
plástico Carybé e os pesquisadores Vivaldo da Costa Lima e Muniz Sodré, entre outros.
Mãe Aninha sempre lutou para fortalecer o culto do candomblé no Brasil e garantir condições para o
seu livre exercício. Segundo consta, por intermédio do ministro Osvaldo Aranha, que era seu filho de santo,
Mãe Aninha provocou a promulgação do Decreto Presidencial nº 1202, no primeiro governo de Getúlio
Vargas, pondo fim à proibição aos cultos afro-brasileiros em 1934.
Em sua época, foi uma personalidade importante, muito respeitada e popular nos candomblés da Bahia.
Foi ela quem revelou ao pai Agenor sua vocação para candomblé quando ele ainda era criança. Falecida em
1938, Mãe Aninha foi sucedida por Mãe Bada de Oxalá (1939 a 1941) e depois por Maria Bibiana do Espírito
Santo, Oxum Muiuá, popularmente conhecida como Mãe Senhora de Oxum (1942 a 1967).
O antropólogo Vivaldo da Costa Lima, professor da Universidade Federal da Bahia, diz que “Mãe
Aninha participava com devoção dos ritos e sacramentos da igreja católica – atitude dominante nas antigas
mães-de-santo da Bahia: era Priora das Irmandades do Senhor Bom Jesus dos Martírios e de Nossa Senhora
do Rosário, Provedora Perpétua de Nossa Senhora da Boa Morte, da Barroquinha, e Irmã Remida da
Irmandade de São Benedito, nas Quintas”.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/maeaninha
http://ilustresdabahia.blogspot.com.br/2014/01/mae-aninha.html
Nome: Francisca da Silva de Oliveira, Chica da Silva
Nascimento: cerca de 1731-35
Falecimento: 16 de fevereiro de 1796
Destaque: escrava alforriada que se tornou uma das mulheres mais ricas do Arraial do Tijuco

Francisca da Silva de Oliveira, conhecida por Chica da Silva, foi uma


escravizada, registrada em meados dos anos de 1730 (não se sabe a data precisa),
no Arraial Milho Verde, no estado de Minas Gerais. Era filha do português Antônio
Caetano de Sá e da escrava Maria da Silva, por meio de um relacionamento
extraconjugal – situação comum na época. Segundo a maior parte dos autores, sua
mãe era africana da Costa da Mina, embora outros digam que era crioula da Bahia.
Chica da Silva foi escrava da fazenda do sargento-mor Manoel Pires
Sardinha, no Arraial do Tijuco (atual Diamantina). Nessa época, teve pelo menos
um filho, Simão Pires Sardinha, nascido em 1751. Manoel Pires o alforriou e
nomeou-o como um de seus herdeiros no seu testamento. Cabe salientar que Simão
Pires Sardinha recebeu formação esmerada, foi educado na Europa e veio a ocupar
cargos importantes no governo de Portugal.
Em seguida, Chica da Silva foi doada ou vendida para o padre José da Silva
e Oliveira Rolim. Este personagem foi, posteriormente, condenado a prisão pela importante participação que teve na
Inconfidência Mineira. Em 1753, João Fernandes de Oliveira chegou ao Arraial do Tijuco para assumir a função de
contratador dos diamantes, que vinha sendo exercida por seu pai desde 1740. No ano seguinte, adquiriu e/ou alforriou
Chica da Silva, passando a viver maritalmente com ela, embora nunca tenham se casado oficialmente. “Houve muitas
iguais a ela, que ascenderam socialmente graças ao concubinato, mas nenhuma outra teve união estável com figura tão
poderosa nem deixou herdeiros que tiveram tanta importância na formação da elite brasileira. Por essas e outras razões,
sempre foi alvo de preconceito”, explica o historiador Fábio Ramos.
Entre 1755 e 1770, João Fernandes e Chica da Silva habitaram a edificação existente na atual praça Lobo de
Mesquita, em Diamantina, onde, como era costume da época, Chica passou a ser dona de vários escravos que cuidavam
das atividades domésticas. Os dois viveram juntos por mais de quinze anos e tiveram treze filhos, nove mulheres e quatro
homens. Todos foram registrados no batismo como sendo filhos de João Fernandes, ato incomum na época. A regra
corrente era que os filhos bastardos de homens brancos com escravizadas fossem registrados sem o nome do pai.
A união com o contratador deu a Chica status privilegiado. Mesmo após a partida dele para Portugal, em 1770,
para prestar contas de sua administração de contratador, receber os bens deixados pelo pai e garantir a educação dos
quatro filhos homens, Chica já havia se consolidado como figura eminente e respeitada na região. Possuía visão política
e uma análise de cenário invejável. Possivelmente por causa dessas habilidades, tenham se originado muitos mitos em
torno de sua personalidade, em geral tentando depreciá-la.
Como estratégia de negros e negras enriquecidos, era prática comum participar de irmandades religiosas,
normalmente agregando indivíduos de mesma origem e condição econômica e social de modo a constituir-se como
distinção e reconhecimento social. Então, estrategicamente, Chica associa-se a irmandades diversas: as irmandades das
Mercês – composta por mulatos – e do Rosário – reservada aos negros, mas também as irmandades de São Francisco e
do Carmo, até então exclusivas de brancos. Portanto, circulava em diversos espaços, consolidando seu poder, sendo aceita
como parte da elite local, composta quase exclusivamente por brancos, assim como mantinha laços sociais com negros.
Tinha renda mais que suficiente para realizar doações a quatro irmandades diferentes.
Com a partida de João Fernandes, Chica da Silva ficou no Arraial do Tijuco com as filhas. Passou, então, a
administrar sozinha as posses deixadas pelo contratador. Comportava-se como qualquer senhora abastada do Tijuco. Suas
filhas receberam uma educação de famílias aristocráticas, enviadas para o Recolhimento de Macaúbas em Minas Gerais
de onde saíram apenas para casar, embora algumas tenham seguido vida religiosa.
João Fernandes morreu em 1779 e, 17 anos depois, Chica, mais exatamente no dia 16 de fevereiro de 1796. Como
era costume na época, tinha o direito de ser sepultada dentro da igreja de qualquer uma das quatro irmandades a que
pertencia. Foi sepultada dentro da igreja de São Francisco de Assis, pertencente a mais importante irmandade local, um
privilégio quase que exclusivo dos brancos ricos, o que demonstra sua habilidade em manter seu prestígio e condição
social, mesmo após vários anos da partida do contratador para Portugal, bem como que ela era uma mulher que se portava
de acordo com os padrões morais e sociais da época. “Caso contrário, seria impossível que Chica tivesse esses
privilégios”, reforça a pesquisadora Júnia Ferreira Furtado.
O fato de uma escrava alforriada ter atingido posição de destaque na sociedade local durante o apogeu da
exploração de diamantes deu origem a diversos mitos. De acordo com a imaginação popular e várias obras de ficção em
poesia, enredo de escola de samba, canção filme e novela, Xica da Silva (na vida real com “Ch” e na ficção com “X”) foi
uma escrava que se fez rainha utilizando sua beleza e apetite sexual invulgares para seduzir pessoas poderosas, entre as
quais João Fernandes, cuja fortuna dizia-se ser maior do que a do rei de Portugal.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/xicasilva
http://www.geledes.org.br/chica-da-silva/#gs.g0ENujs
http://www.geledes.org.br/documentario-e-livros-revivem-historia-de-chica-da-silva/#gs.n6lvIjE
Nome: Francisca Edwiges Neves Gonzaga, Chiquinha Gonzaga
Nascimento: 17 de outubro de 1847
Falecimento: 28 de fevereiro de 1935
Destaque: compositora, precursora da música popular brasileira e primeira maestrina do Brasil

Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro,


em 17 de outubro de 1847. Seus pais – uma afrodescendente solteira
e o Marechal José Basileu Neves Gonzaga, na época primeiro tenente
– só viriam a se casar quando Chiquinha tinha três anos. Por conta da
família paterna, Francisca teve a educação esmerada dada às moças de
boa estirpe no século XIX: aprendeu a escrever, ler e fazer cálculos,
estudou o catecismo e outras prendas femininas, dedicou-se a tocar
piano. Sua família gozava de certo prestígio, pois era parente distante
do Duque de Caxias.
Educada para ser dama de salão, Chiquinha casou-se aos 16
anos com o promissor empresário Jacinto Ribeiro do Amaral,
escolhido por seu pai. A independência e o amor à música foram
motivos de desentendimentos desde o início de sua relação. Seu casamento durou pouco, mas resultou em três
filhos. Mais tarde, Chiquinha se envolveu com João Batista de Carvalho Junior, com quem teve uma filha. Em
1899, conheceu João Batista Fernandes Lage, jovem português de apenas 16 anos. Nasceu então um romance
que durou até o fim de sua vida, apesar da diferença de idades.
Francisca foi uma mulher pioneira em vários aspectos. Primeiro porque não agiu de acordo com os
preceitos de sua classe social ao se separar, fato incomum que causou escândalo. Depois, por escolher uma
profissão que pertencia essencialmente ao universo masculino: tornou-se musicista e compositora para o teatro
de revista e, mais tarde, se transformaria numa grande regente. A Chiquinha Gonzaga que emergiu no cenário
musical do Rio de Janeiro em 1877, após desilusão amorosa, maldição familiar, condenações morais e
desgostos pessoais era uma mulher que precisava sobreviver do que sabia fazer: tocar piano. Mantinha-se como
professora em casas particulares e pianista no conjunto do flautista Joaquim Callado.
Atuando no rico ambiente musical do Rio de Janeiro do Segundo Reinado, no qual imperavam polcas,
tangos e valsas, Chiquinha Gonzaga não hesitou em incorporar ao seu piano toda a diversidade que encontrou,
sem preconceitos. Assim, terminou por produzir uma obra fundamental para a formação da música brasileira.
Enfrentando preconceitos machistas, compôs músicas para 77 peças teatrais e assinou cerca de 2 mil
composições. Chiquinha é autora de “Ó, abre alas”, a primeira marchinha de carnaval do país. Mais tarde, para
espanto geral, seu maxixe “Corta-Jaca” foi tocado pela primeira-dama, numa recepção no Palácio do Catete.
Defensora dos direitos autorais dos músicos, foi uma das fundadoras da Sociedade Brasileira de Autores
Teatrais (SBAT). Ao mesmo tempo em que era engajada em defesa de sua profissão, tinha uma visão social
mais ampla: lutou pelo fim da escravidão, tendo usado parte do dinheiro que ganhava com a música para
comprar alforrias de escravos, e apoiou a causa republicana.
Chiquinha começou sua carreira de maestrina em 1885, com a revista “A Corte na Roça”. Suas duas
primeiras peças não foram aceitas pelo fato dela ser mulher. Ainda assim, Chiquinha seria celebrizada como
primeira maestrina brasileira. Em 1912, foi encenada a peça “Forrobodó”. Seus personagens eram tipos
populares, característica inusitada na época, e caíram no gosto do público. As músicas do espetáculo, de autoria
de Chiquinha, eram cantadas por toda a cidade. Foi seu maior sucesso teatral e um dos maiores êxitos de toda
a história do teatro de revista do Brasil.
Chiquinha Gonzaga viveu até os 87 anos, compondo até os 85. Faleceu no dia 28 de fevereiro de 1935,
no Rio de Janeiro.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/chiquinhagonzaga
http://chiquinhagonzaga.com/wp/biografia/
Nome: Francisco de Paula Brito
Nascimento: 2 de dezembro de 1809
Falecimento: 15 de dezembro de 1861
Destaque: tipógrafo, poeta, editor, ativista político e precursor da imprensa negra no Brasil

Tipógrafo, ativista político, poeta, tradutor e um dos primeiros contistas


brasileiros. Precursor da imprensa negra no Brasil, sendo fundamental como editor
na difusão do movimento literário do romantismo brasileiro a ponto de Machado de
Assis ter dito que ele foi “o primeiro editor digno deste nome que houve entre nós”.
Inaugurou uma vertente histórica e uma linhagem de editores ou casas editoriais que
se constituíram em ponto de encontro da elite cultural e de incentivo à produção
literária (assim o foram posteriormente, por exemplo, a paulistana Casa Garraux, a
Livraria de B.L. Garnier, a Livraria Francisco Alves e a Livraria José Olympio
Editora). Defendia a imprensa livre e foi o primeiro a inserir no debate político a
questão racial; atuou na valorização de um olhar étnico no cenário cultural com a
Sociedade Petalógica – espaço para apresentação e discussão literária e artística,
reunindo todo o movimento romântico de 1840-60.
Francisco de Paula Brito nasceu na Rua do Piolho (hoje Rua da Carioca), no centro do Rio de Janeiro em 2 de
dezembro de 1809, apenas um ano após a chegada da família real portuguesa ao Brasil. Filho do carpinteiro Jacinto
Antunes Duarte e de Maria Joaquina da Conceição Brito, ambos de origem modesta. Dos seis aos 15 anos, morou em
Magé (RJ) voltando ao Rio de Janeiro em 1824, em companhia do avô, o sargento-mor e artesão Martinho Pereira de
Brito. Trabalhou em uma farmácia e, posteriormente, foi aprendiz de tipógrafo na Imprensa Nacional. Mais tarde,
empregou-se no “Jornal do Commercio”, onde foi diretor das prensas, redator, tradutor e contista.
Em 1831 abriu uma tipografia no Largo do Rossio (hoje Praça Tiradentes) que publicou o primeiro jornal brasileiro
dedicado ao público feminino: “A fluminense exaltada” (1832-1846) e também o primeiro a lutar contra o preconceito
racial e a escravidão: “O homem de cor” (1833).
Durante a Regência, sua pequena loja tornou-se uma fábrica de pasquins. Foram muitos os que recorreram a seu
trabalho para terem seus jornais impressos. Ao manter em sigilo o nome dos autores dessas folhas, assumindo a
responsabilidade e o risco de ser punido, segundo a legislação vigente que buscava reprimir abusos em relação a liberdade
de imprensa, Paula Brito tornava-se cúmplice daqueles que o procuravam para terem seus trabalhos impressos.
Embora sempre contasse com poucos recursos financeiros e durante toda a sua vida lutasse com dificuldades, o
talento de Paula Brito o levou à construção da primeira verdadeira casa editorial do Brasil, que passou a ser a mais
destacada de sua época – a Empresa Tipográfica Dous de Dezembro. Paula Brito lançou ao todo 372 publicações, das
quais 214 foram edições literárias ficcionais, 100 delas “dramas”, 43 libretos de ópera, 47 traduções do italiano e do
francês, e 24 edições de originais brasileiros. A literatura brasileira então era bastante incipiente, praticamente não existia:
Paula Brito foi o primeiro editor a incentivá-la, o primeiro a publicar trabalhos de literatos brasileiros como
“empreendimento de risco” e não mediante pagamento por parte do autor, como se praticava na época. Pela primeira vez,
um romancista ou um poeta brasileiro era publicado em livro e pago por isso.
As publicações de Paula Brito, ao contrário do comum na época, que eram concentradas em administração, política
e informações práticas para os homens de negócios, dirigiam-se muito mais para o “leitor comum”, fruto das marcantes
mudanças ocorridas no Brasil entre a Independência e a maioridade de Pedro II que resultaram na criação de um público
leitor feminino, ávido por literatura romanesca, influenciada pelos franceses, suficientemente numeroso para alterar as
características do mercado. A livraria/editora de Francisco de Paula Brito esteve associada ao movimento romântico, não
só pelos autores que editou, como José de Alencar, Gonçalves Dias e Joaquim Manuel de Macedo, mas principalmente
por tê-lo difundido amplamente. Paula Brito foi o primeiro editor de Machado de Assis. Além de editar livros, seu
estabelecimento passou a ser ponto de reunião de intelectuais e músicos da época. Foi ele próprio quem sugeriu aos
participantes dessas reuniões que criassem uma sociedade, a Sociedade Petalógica do Rossio Grande, uma entidade onde
reinava o humor, muita música e poesia, a começar pelo título, pois peta significa mentira.
Esse afrodescendente de origem humilde, que se tornara editor, poeta, contista, jornalista, tradutor e intelectual,
soube se cercar e conviver com outros intelectuais, artistas viajantes, poetas, e até o próprio D. Pedro II, tendo se tornado
impressor da casa imperial. Paula Brito foi também um dos primeiros contistas brasileiros, escritor múltiplo produziu
textos de teatro, contos e poesia. Entre seus contos e novelas publicados a partir de 1839 estão "O triunfo dos indígenas",
"Os sorvetes e o Fidalgo Fanfarrão", "A revelação póstuma", "A mãe-irmã" e "O enjeitado".
Faleceu em sua residência, no Campo de Sant'Anna, nº 25 em 15 de dezembro de 1961. Seu cortejo fúnebre foi
um dos maiores já presenciados na Corte, já que era personagem popularíssimo entre os intelectuais, músicos e artistas.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/franciscobrito
https://www.bbm.usp.br/node/69
http://www.geledes.org.br/paula-brito/#gs.uBETtVc
Nome: Francisco José do Nascimento, Dragão do Mar
Nascimento: 15 de abril de 1839
Falecimento: 1914
Destaque: organizou a 2ª Greve dos Jangadeiros que levou à abolição da escravidão no Ceará

Francisco José do Nascimento nasceu em 15 de


abril de 1839, em Canoa Quebrada, Ceará. De família de
pescadores, foi criado pela mãe, a rendeira Matilde, e
ficou conhecido por muitos anos como o Chico da
Matilde. Seu pai morreu tentando a vida num seringal na
Amazônia, quando Francisco José ainda era garoto.
Obrigado a trabalhar muito cedo, começou como
menino de recados a bordo do navio Tubarão. Depois
passou à profissão de prático, para chegar a prático-mor
da barra do Porto de Fortaleza. Francisco José só
aprenderia a ler aos 20 anos de idade.
A seca que assolou o Ceará entre os anos de 1877 e 1879 desorganizou a produção do estado e matou
de fome, de varíola e de cólera mais de um quarto da população. Durante a tragédia, foi organizada uma
campanha de socorro às vítimas e Francisco, ao participar do esforço de ajuda à população, conheceria João
Cordeiro, o então comissário-geral dos Socorros Públicos. O laço entre os dois se estreitaria com a participação
de ambos na causa abolicionista, especialmente na Sociedade Cearense Libertadora.
Arrasados pela seca e pela cólera, os grandes proprietários escravistas do Ceará, para minimizar seus
prejuízos, procuravam vender seus escravos aos fazendeiros do Sudeste, onde havia grande demanda de mão-
de-obra em função do cultivo do café. O preço era favorável. Mas, para isto, era preciso embarcá-los no Porto
de Fortaleza, dependendo do trabalho dos jangadeiros. Estes vão realizar duas greves, negando-se a embarcar
os escravos, para demonstrar que não aceitavam mais esse tipo de exploração.
A primeira greve ocorreu no final de janeiro de 1881, quando o negro liberto, chefe da capatazia do
porto, José Luiz Napoleão, com a ajuda de sua esposa Preta Simoa, encabeçaram uma greve de três dias que
paralisou o Porto de Fortaleza. “Ele (José Napoleão), enquanto trabalhador do mar, e negro liberto, não era
integrado ao Movimento Abolicionista, mas fez uma greve que envolveu catraieiros, condutores de pequenas
navegações, jangadeiros, para ninguém fazer o deslocamento de escravos”, destaca o professor doutor
Gleudson Passos.
Mais tarde, no mesmo ano, sob o slogan de “no Ceará não se embarcam escravos”, os jangadeiros
então liderados por Francisco José novamente impediram o embarque de cativos, bloqueando o porto.
Francisco foi ameaçado com perseguições e com uma ação judicial por crime de sedição. Mas graças à sua
vigilância e ação firme, o porto se manteve inviolável. Sem alternativa, os senhores de escravos acabaram
concordando com a liberdade de seus cativos.
A notícia espalhou-se rapidamente em todas as cidades, sendo decretado o fim da escravidão no estado
do Ceará. Em 1884, o estado foi o primeiro a abolir a escravidão, quatro anos antes do restante do Brasil. O
jangadeiro Francisco José do Nascimento foi herói da abolição no Ceará. Sua bravura no bloqueio do porto de
Fortaleza, impedindo o embarque de escravos, rendeu-lhe o apelido de Dragão do Mar.
“Mas é válido ressaltar que aqui tínhamos poucos cativos. Grande parte eram trabalhadores urbanos,
negros de ganho. Na verdade, grande parte da mão de obra explorada, naquele momento, era de descendentes
indígenas que trabalhavam nas lavouras de algodão, nas atividades agropecuaristas desde o ciclo do gado,
no século XVIII, já frutos de mestiçagem” ressalta o professor Gleudson Passos.
Com o advento da República, João Cordeiro assumiu brevemente a presidência do estado. Nessa
ocasião, entregou ao Dragão do Mar a patente de Major-Ajudante de Ordens do Secretário-Geral do Comando
Superior da Guarda Nacional do estado do Ceará, em reconhecimento de sua bravura. A Guarda Nacional era
uma das corporações mais importantes do Estado brasileiro e com grande visibilidade social.
O Dragão do Mar faleceu em 1914 em Fortaleza.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/francisco-josedonascimento
http://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-1881-o-dragao-do-marq-lidera-o-movimento-de-jangadeiros-no-
ceara-impedindo-o-transporte-de-escravos-nas-jangadas/#gs.null
Nome: Francisco Solano Trindade
Nascimento: 24 de julho de 1908
Falecimento: 19 de fevereiro de 1974
Destaque: poeta, artista múltiplo e ativista político pela valorização da estética negra

Poeta, ativista político e artista, a trajetória de Solano


Trindade foi marcada pela valorização da estética negra e da
cultura afro-brasileira. Politicamente sempre se colocou ao lado
da população negra mais pobre, denunciando através de sua arte,
principalmente, a discriminação e o racismo.
Filho do sapateiro afrodescendente Manuel Abílio e da
operária e quituteira descendente de negros e indígenas Dona
Emerenciana, Francisco Solano Trindade nasceu em Recife (PE),
em 24 de julho de 1908, e desde criança, acompanhava as danças
de pastoril e bumba-meu-boi da região. O contato com as
manifestações culturais fez aflorar a paixão pela poesia e arte.
No Recife, Solano estudou até o ensino médio e chegou a participar, por um ano, do curso de desenho
do Liceu de Artes e Ofícios. Viveu em um lar católico, apesar de seu pai incorporar entidades às escondidas.
No final da década de 1920 tornou-se protestante, chegando a ser diácono presbiteriano. Nesta mesma época
começou a publicar seus primeiros poemas. Foi neste período que conheceu sua primeira esposa, Margarida,
com quem casou-se em 1934 e teve quatro filhos.
Durante sua vida, Solano teve as mais variadas profissões. Foi operário, comerciário, funcionário
público, jornalista, ator, pintor e teatrólogo. Morou no Rio de Janeiro na década de 1940, depois em São Paulo.
Solano se tornou um dos mais influentes poetas negros. Além dos versos, Solano também se dedicou a defender
a liberdade e o resgate da cultura negra no país. Um de seus poemas mais conhecidos, “Tem Gente com Fome”,
foi musicado em 1975 pelo grupo Secos & Molhados. A canção foi proibida pela censura, sendo resgatada e
gravada em 1980 por Ney Matogrosso, no álbum “Seu Tipo”. Mas, por causa do poema, em 1944, Solano foi
preso e teve o livro “Poemas de uma Vida Simples” apreendido.
Foi um dos organizadores e idealizadores do I Congresso Afro-Brasileiro, realizado em 1934 na cidade
de Recife e liderado por Gilberto Freyre. Solano também participou em 1937 do II Congresso Afro-Brasileiro,
realizado em Salvador.
Solano impulsionou a criação de vários grupos artísticos em Recife, Pelotas, São Paulo e Rio de Janeiro,
dentre eles o Teatro Experimental do Negro, junto a Abdias do Nascimento, e o Teatro Popular Brasileiro,
fundado com sua esposa Margarida e o sociólogo Edison Carneiro. Com as artes cênicas Solano levou para a
Europa a música, as cores, a poesia e apresentou danças populares afro-brasileiras. O elenco era basicamente
formado por operários, domésticas, comerciários e estudantes. Nos espetáculos o grupo apresentava
manifestações populares de batuques, congadas, caboclinhos, capoeira e coco. O grupo adaptava para o teatro
números de dança e música da cultura popular afro-brasileira e indígena. Ainda com sua esposa ajudou Haroldo
Costa a montar o Teatro Folclórico, rebatizado posteriormente de Brasiliana.
No teatro, foi Solano Trindade quem primeiro encenou a peça “Orfeu”, de Vinícius de Morais, em 1956.
Como ator, trabalhou nos filmes “Agulha no Palheiro”, “Mistérios da Ilha de Vênus” e “Santo Milagroso”,
além de ser coprodutor do filme “Magia Verde”, premiado em Cannes, e diretor do documentário “Brasil
Dança”, realizado em Praga.
Na volta do exterior, em 1961, juntamente com Claudionor Assis Dias, Tadakio Sakai e Cássio M’Boy,
transforma Embu, pequena cidade de São Paulo, num grande centro cultural. Lançaria, em 1958, o livro “Seis
Tempos de Poesia” e “Cantares ao Meu Povo”, em 1961. Trabalhou também como artista plástico, pintando
quadros a óleo, sendo que um quadro do artista hoje faz parte do acervo do Museu Afro Brasil.
Na década de 1960 ficaria doente, mudando-se de Embu para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro.
Em 1964, um dos seus quatro filhos, Francisco, morreu assassinado num presídio carioca durante a ditadura
civil-militar, debilitando ainda mais seu estado de saúde. Solano Trindade faleceu de pneumonia em uma
clínica em Santa Teresa, no Rio de janeiro, em 19 de fevereiro de 1974, aos 66 anos.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/personalidade-negras-solano-trindade/#gs.null
http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/franciscotrindade
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/historia-e-
memoria/2014/12/30/solano-trindade
Nome: Hemetério José dos Santos
Nascimento: 3 de março de 1858
Falecimento: 1939
Destaque: gramático, filólogo e literato, primeiro professor negro do Colégio Militar e do Instituto de
Educação

Hemetério José dos Santos nasceu a 03 de março de 1858 em Codó, no


estado do Maranhão. Conforme consta no livro de batismo, que se encontra no
Arquivo Público do Maranhão, seu pai o Major Frederico dos Santos Marques
Baptisei, proprietário da fazenda Sam Raymundo, quando registrou Heméterio,
filho natural de sua escrava Maria, ele já tinha 5 anos de idade. Na mesma ocasião,
foram registrados mais dois filhos do referido Major, Graciliano, irmão de
Hemetério e Theophilo, filho natural da escrava Dominga.
De formação rebuscada foi gramático, filólogo e literato que escreveu obras
de poesia, contos e gramática. Quanto os seus estudos, primário e secundário,
possivelmente ele o fez no Colégio da Imaculada Conceição. Nessa fase da vida
escolar, Heméterio tornou-se discípulo dos padres Castro, Fonseca e Purificação e
encontram-se referências em sua memória de que ele foi colega do ilustre
personagem da educação e da política maranhense Benedito Leite.
Não há registros conhecidos de quando migrou para a capital do país.
Possivelmente foi nos primeiros anos da década de 1870 pelas referências que faz na “Carta aos Maranhenses”.
Entretanto, já era professor do Colégio Pedro II em 1878. Em 20 de abril de 1890 foi nomeado professor
adjunto do curso secundário do Colégio Militar do Rio de Janeiro e, em 1898, designado professor “para a
aula de português do curso de adaptação” desse mesmo Colégio. Posteriormente, foi nomeado professor
vitalício e recebeu a patente de Major do Exército, indo servir na Escola de Estado Maior, Escola de Artilharia
e Engenharia e Colégio Militar. Em 1920 ainda era professor do Colégio Militar e havia obtido a patente de
tenente-coronel honorário.
Na Escola Normal do Distrito Federal foi também professor a partir de 1912 e teve o seu “Compêndio
de Grammatica Portugueza” adotado pela escola em substituição ao compêndio do dr. Alfredo Gomes. Na
ocasião ambos desenvolveram uma calorosa discussão pela imprensa sobre diversas questões de gramática e
divergências acerca da direção e do programa do Ensino Municipal no Rio de Janeiro. Foi também professor
do Pedagogium, instituição que exerceu na época a função de coordenar e controlar as atividades pedagógicas
do país. O Pedagogium foi criado por Manoel Bomfim para ser um centro impulsionador e estimulador de
reformas e melhorias para o ensino público. Amigo de Manoel Bonfim, desde o tempo da Escola Normal,
Hemetério exerceu, a partir de 1906, o cargo de subdiretor do Pedagogium, e ensinou nesse centro inovador.
Devido a sua condição de professor negro num universo acadêmico predominantemente branco, o
professor Hemetério José dos Santos foi uma figura histórica no combate ao racismo e em defesa da educação
na época em que viveu. Queria fazer-se ouvir como um homem de letras e como negro, lutando contra o
racismo com as mesmas armas e com muita coragem, carregando na tinta da sua escrita nos jornais, nos livros
e poemas para desmascarar a falsidade do racismo e do preconceito imperantes no Brasil das primeiras décadas
da República. O preço da sua posição foi o seu silenciamento, por muito tempo, na escrita da história da
educação do Brasil.
À época, Hemetério era uma figura proeminente, se relacionava com pessoas da elite brasileira e
aparecia nos jornais. E que, juntamente ao professor Manuel Bonfim, tinha ideias e iniciativas progressistas
que destoavam da elite pois defendiam que a educação tinha que chegar até a população pobre, por isso
idealizaram essa Escola Normal Livre. A própria ideia de um curso normal à noite na Escola Normal do Distrito
Federal já tinha esse propósito.
Faleceu no Rio de Janeiro em 1939.

Texto retirado dos sites:


http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/08-%20IMPRESSOS-
%20INTELECTUAIS%20E%20HISTORIA%20DA%20EDUCACAO/HEMETERIO%20JOSE%20DOS%
20SANTOS-%20EDUCADOR%20HOMEM%20DE%20LETRAS.pdf
http://www.geledes.org.br/hemeterio-jose-dos-santos-o-primeiro-professor-negro-do-instituto-de-educacao/
http://200.129.241.116/mafro/?p=410
Nome: Hilária Batista de Almeida, tia Ciata
Nascimento: 1854
Falecimento: 1924
Destaque: transmissora da cultura baiana, mãe-de-santo e dona da casa que é considerada o berço do samba

Hilária Batista de Almeida nasceu em Santo Amaro da Purificação,


na Bahia em 1854. Há controvérsias sobre sua data de nascimento, sendo
que alguns pesquisadores afirmam que seria 23 de abril, dia de São Jorge.
Bem jovem participou da fundação da Irmandade da Boa Morte, em
Cachoeira, outra cidade do Recôncavo baiano.
Aos 22 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, no êxodo que ficou
conhecido como diáspora baiana. Por essa época, começavam a chegar à
capital grande número de ex-escravos baianos, que tinham saído da terra
natal levados para trabalhar nas lavouras de café do Vale do Paraíba, na
província do Rio de Janeiro. Essa migração foi aumentando conforme se
aproximava o fim do regime escravocrata e continuou após a assinatura da
Lei Áurea (1888). Perto do final do século XIX, baianos e nordestinos que haviam sido soldados nas
expedições enviadas contra Canudos também se fixaram no Rio. A maioria escolhia a região central da cidade
– indo morar nas casas de cômodos, também chamadas cortiços ou cabeças-de-porco – e também na área
portuária (Saúde, Gamboa, Santo Cristo, Morro da Providência ou da Favela), incluindo inicialmente os morros
do Castelo e Santo Antônio (demolidos mais tarde) e avançando depois do “bota abaixo” (1904) em direção à
Zona Norte (morros da Mangueira, Salgueiro e Santos Rodrigues, hoje mais conhecido como Estácio).
No Rio, formou família ao se casar com João Baptista da Silva, funcionário público com quem teve 14
filhos. Como todas as baianas da época, tirava seu sustento da cozinha típica baiana e era grande quituteira.
Começou a trabalhar colocando o seu tabuleiro entre as ruas Uruguaiana e Sete de Setembro, além do Largo
da Carioca, sempre vestida de baiana. Com tino comercial, também alugava roupas típicas para o teatro e para
o carnaval e, posteriormente, montou uma equipe de vendedoras de doces a seu serviço nas esquinas do Centro.
Mãe-de-santo respeitada, Hilária foi iniciada no Engenho Velho da Bahia e foi confirmada como Ciata
de Oxum, no terreiro de João Alabá, o Ilê Axé Opô Afonjá (criado por mãe Aninha), na Rua Barão de São
Felix, onde também ficava a casa de Dom Obá II. Em sua casa, as festas eram famosas. Sempre celebrava seus
orixás, sendo as festas de Cosme e Damião e de Nossa Senhora da Conceição as mais prestigiadas. Mas também
promovia festas profanas, dentre as quais se destacavam as rodas de partido-alto. Era nessas rodas que se
dançava o miudinho, uma forma de sambar de pés juntos, na qual Ciata era mestra.
A Praça Onze ganhou o apelido de Pequena África porque era o ponto de encontro dos negros baianos
e dos ex-escravos radicados nos morros próximos ao centro da cidade. Lá se reuniam músicos amadores e
compositores anônimos. A casa de Tia Ciata, na rua Visconde de Itaúna 117, era a capital da Pequena África.
Dos seus frequentadores habituais, que incluíam Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, João da Baiana,
Sinhô e Mauro de Almeida, nasceu o samba. A música “Pelo telefone” foi o primeiro samba registrado, no
final de 1916, e virou sucesso no carnaval de 1917. As festas na casa de tia Ciata serviam ainda para a
divulgação de sambas novos, pois o rádio ainda não existia, as festas da Penha aconteciam apenas nos
domingos de outubro e era difícil o acesso dos compositores mais humildes aos empresários do teatro de revista
para colocar suas músicas.
As chamadas "tias" baianas tiveram um papel preponderante no cenário de surgimento do samba no Rio
de Janeiro, no final do século XIX e início do XX. Além de transmissoras da cultura popular trazida da Bahia
e sacerdotisas de cultos e ritos de tradição africana, eram grandes quituteiras e festeiras, reunindo em torno de
si a comunidade que inundava de música e dança suas celebrações – as festas chegavam a durar dias seguidos.
Nessa época, viviam Tia Amélia (mãe de Donga), Tia Prisciliana (mãe de João de Baiana), Tia Veridiana (mãe
de Chico da Baiana) e Tia Mônica (mãe de Pendengo e Carmen do Xibuca). Mas a mais famosa de todas foi
Tia Ciata, em cuja casa, segundo o radialista e pesquisador Almirante, nasceu o samba.
Os ranchos que deram origem às escolas de samba, sem horário nem percurso fixo, normalmente
passavam pelas casas das “tias” baianas. Elas eram consideradas mães do samba e do carnaval dos pobres. A
casa de Tia Ciata era parada obrigatória, pois era a mais famosa e muito respeitada pela comunidade.
Tia Ciata morreu em 1924, mas até hoje é parte fundamental da memória do samba.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/tiaciata
http://www.geledes.org.br/tia-ciata/#gs.null
Nome: João Cândido Felisberto, o Almirante Negro
Nascimento: 24 de junho de 1880
Falecimento: 1969
Destaque: líder da Revolta da Chibata que procurava acabar com os castigos físicos na Marinha

João Cândido Felisberto nasceu no município de Rio Pardo, na


província do Rio Grande do Sul, em 1880. Filho dos ex-escravos João
Felisberto Cândido e Inácia Felisberto, aos 14 anos entrou para a
Escola de Aprendizes Marinheiros com uma recomendação de
“atenção especial” do capitão de fragata Alexandrino de Alencar. A
Marinha naquela época era composta por 50% de negros, 30% de
mulatos, 10% de caboclos e 10% de brancos (em geral, os oficiais).
A maioria dos marinheiros, assim, era composta por homens pobres,
geralmente filhos de escravos ou libertos, que recebiam salários
irrisórios e eram constantemente humilhados, tendo sido recrutados
normalmente a força pela polícia.
Embora os castigos físicos estivessem abolidos por lei na
Marinha desde 16 de novembro de 1889 e no Exército desde 1890, a
aplicação das chibatadas persistia na Armada, sendo aplicada pelos
oficiais brancos nos marujos negros e pardos que ocupavam a base da hierarquia militar. Entre os marinheiros,
insatisfeitos com os baixos soldos, com a má alimentação e, principalmente, com os degradantes castigos
corporais, crescia o clima de tensão.
Em 1908, para acompanhar o final da construção de navios de guerra encomendados pelo governo
brasileiro, João Cândido foi enviado para a Inglaterra, onde tomou conhecimento do movimento realizado
pelos marinheiros britânicos entre 1903 e 1906, reivindicando melhores condições de trabalho. Ao retornarem
ao Brasil, iniciaram um movimento conspiratório com vistas a tomar uma atitude mais efetiva no sentido de
acabar com a chibata na Marinha de Guerra.
Esgotadas as tentativas pacíficas dos marinheiros, incluindo uma audiência de João Cândido no gabinete
do presidente Nilo Peçanha, decidiram que iriam fazer um motim pelo fim da chibata em 25 de novembro de
1910. Entretanto, logo após a posse do novo presidente marechal Hermes da Fonseca, o marinheiro Marcelino
Rodrigues de Menezes foi punido com 250 chibatadas, que não se interromperam nem mesmo com seu
desmaio. Este fato antecipou a revolta para 22 de novembro.
A insurreição, liderada por João Cândido, começou a bordo do Minas Gerais, mas atingiu outros navios
– os mais novos e melhores navios de guerra brasileiros – que tiveram seus comandantes destituídos. Horas
depois, cerca de dois mil marinheiros tinham sob seu comando os principais navios de guerra, mantendo os
canhões apontados para o Rio de Janeiro, então capital da República. Por conta deste evento, João Cândido foi
apelidado de Almirante Negro.
Por quatro dias, os navios de guerra Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Deodoro apontaram os seus
canhões para a Capital Federal. No ultimato dirigido ao presidente, os revoltosos declararam: “Nós,
marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podemos mais suportar a escravidão na Marinha
brasileira”. Embora a rebelião tenha terminado com o compromisso do governo federal em acabar com o
emprego da chibata na Marinha e de conceder anistia aos revoltosos, quase mil marinheiros foram expulsos e
João Cândido e os demais líderes foram detidos. Dezoito deles foram para uma solitária na Ilha das Cobras.
Apenas João Cândido e um companheiro saíram vivos. João Cândido foi banido da Marinha e chegou a ser
internado em um hospício. Foi absolvido, mas nunca deixou de ser vigiado pela polícia, até mesmo em seu
enterro. Teve 12 filhos, em quatro casamentos. Nunca mais conseguiu arrumar emprego fixo e passou o resto
da vida trabalhando como estivador na Praça XV, no Rio de Janeiro, e fazendo biscates. Morreu em 1969, aos
89 anos, no anonimato.
No começo da década de 1970, João Bosco e Aldir Blanc homenagearam João Cândido Felisberto com
o samba “O Mestre-sala dos mares”. A música acabou sendo vetada pela censura por trazer à tona um assunto
proibido pelas Forças Armadas.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/joaocandido
http://www.geledes.org.br/joao-candido/#gs.null
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_almirante_negro_gloria_a_uma_luta_ingloria.html
Nome: João da Cruz e Souza
Nascimento: 24 de novembro de 1861
Falecimento: 19 de março de 1898
Destaque: poeta e um dos pioneiros do movimento simbolista no Brasil

Em 24 de novembro de 1861, nasceu João da Cruz e Souza, na antiga


Desterro, hoje Florianópolis, capital de Santa Catarina. Também ficou
conhecido como Dante Negro ou Cisne Negro. Filho de um casal de forros
do Marechal Guilherme Xavier de Souza, nasceu livre e cresceu sob a tutela
dos ex-patrões de seus pais, dos quais adquiriu seu sobrenome. A esposa
de Guilherme, Clarinda, não tinha filhos, e, por isso, passou a cuidar de
Cruz e Sousa. Teve uma educação esmerada, tendo aprendido francês,
latim e grego, matemática e ciências naturais.
Frequentou as melhores escolas de Desterro, tornando-se jornalista
e professor. Publicou seus primeiros versos, em 1877, em jornais da
província e, em 1881, fundou o jornal literário “Colombo”, que durou
quatro números. No mesmo ano partiu em viagem pelo Brasil com a
Companhia Dramática Julieta dos Santos, auxiliando os atores em suas
falas. Aproveitou-se das viagens para fazer campanha abolicionista por onde passou. No ano seguinte, redigiu
artigos abolicionistas, envolvendo-se em polêmicas literárias no jornal “Tribuna Catarinense”. Realizou
conferências abolicionistas em várias capitais do Brasil até 1883, quando retornou à sua cidade natal. Foi
nomeado promotor de Laguna (SC), em 1884, mas não assumiu o cargo, pois os políticos locais não o
aceitaram, por ser negro.
Sua poesia, naquele momento, refletia suas posições políticas. Com “Tropos e Fantasia”, livro de 1885
em parceria com Virgílio Várzea, Cruz e Souza se notabilizou por denunciar a acomodação da Igreja Católica
à causa da escravidão. Sua poesia explicitava o conflito de ter tido uma sólida educação europeia, ao mesmo
tempo em que portava a bagagem cultural de origem africana. Segundo Nei Lopes, esse dilema lhe permitiu
criar uma poética singular.
Após a abolição da escravatura, mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1890. Publicou os livros “Missal”
(prosa) e “Broqueis” (versos), lançados simultaneamente em 1893, inaugurando o simbolismo no país. No
mesmo ano em que se casou com Gavita Rosa Gonçalves, negra e pobre como ele, Cruz e Souza foi nomeado
funcionário arquivista da Estrada de Ferro Central do Brasil, colaborando também com os jornais “Folha
Popular” e “A cidade do Rio”. Tiveram quatro filhos, todos mortos prematuramente.
Em 1897, com tuberculose, concluiu os livros “Evocações” e “Faróis”, entregando seu espólio literário
ao amigo Nestor Vítor. Cruz e Souza faleceu em decorrência de sua enfermidade em 19 de março de 1898, na
cidade de Sítio (atual Antônio Carlos), em Minas Gerais, onde estava para tratamento.
Nestor Vítor, um grande incentivador de Cruz e Souza, promoveu postumamente a edição de
“Evocações”, ainda no mesmo ano da morte do autor. Em 1900 foi a vez de “Faróis”. “Últimos Sonetos” foi
publicado em Paris em 1905 sendo que a crítica francesa o considerou um dos mais importantes simbolistas
da poesia ocidental. A primeira edição da obra completa do poeta sairia em 1923. Cruz e Souza não chegou a
gozar de grande prestígio em vida, mas foi considerado o maior expoente do simbolismo brasileiro, uma escola
que abriu os caminhos para o Modernismo da Semana de 1922.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/cruzesouza
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2567/cruz-e-sousa
https://www.ebiografia.com/cruz_e_sousa/
Nome: Joaquim Cândido Soares de Meirelles
Nascimento: 5 de novembro de 1797
Falecimento: 13 de julho de 1868
Destaque: médico cirurgião-mor e político brasileiro, fundador da Academia Imperial (hoje Academia
Nacional de Medicina) e Patrono do Serviço de Saúde da Marinha do Brasil

Joaquim Cândido Soares de Meirelles nasceu em 5 de novembro de


1797, na freguesia de Congonhas do Sabará ou de Santa Luzia de Sabará,
situada na antiga capitania de Minas Gerais. Era filho e neto de médicos,
tendo sido seu pai o cirurgião Manoel Soares de Meirelles e sua mãe Anna
Joaquina de São José Meirelles.
Veio ao Rio de Janeiro para estudar no seminário de São José. Em 10
de março de 1817, matriculou-se na Academia Médico-Cirúrgica do Rio de
Janeiro e em 16 de agosto do mesmo ano foi admitido como estudante de
medicina no Hospital Militar da Corte, como praticante de cirurgia, onde
ficou até 21 de julho de 1819.
Em 1822, o jovem médico concluiu seus estudos, no mesmo ano em
que organizou o hospital de Cavalaria de Ouro Preto. Foi elevado à posição
de médico da Câmara Imperial e, em 1825, viajou para França na intenção
de aperfeiçoar-se. Meirelles defendeu duas teses na Faculdade de Medicina
de Paris, uma para doutorar-se em medicina e outra em cirurgia, ambas em 1827.
Após seu retorno ao Brasil, em 8 de novembro de 1827 solicitou o cargo de inspetor dos hospitais
militares, que lhe foi negado, levando-o a encaminhar um pedido de exoneração do Serviço de Saúde do
Exército, que lhe foi concedido em 14 de julho de 1828. Nesta época estabeleceu-se definitivamente no Rio
de Janeiro, indo trabalhar em uma enfermaria do Hospital da Santa Casa da Misericórdia, que era chefiada por
Luís Vicente de Simoni. Ainda nesta instituição lecionou, tendo sido responsável por um curso livre de
medicina prática
Em 30 de junho de 1829, ele, juntamente com os médicos José Francisco Xavier Sigaud, José Martins
da Cruz Jobim, Jean Maurice Faivre e Luiz Vicente De Simoni, fundaram a Sociedade de Medicina do Rio de
Janeiro (posteriormente Academia Nacional de Medicina), tendo sido eleito seu primeiro presidente. No ano
seguinte, publicou o plano de organização das escolas de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia. Em 21 de
dezembro de 1833, conseguiu elevar a Sociedade de Medicina à categoria de Academia, sendo seu presidente
mais duas vezes.
Em 1845, foi eleito para a Assembleia Legislativa Fluminense pelo estado de Minas Gerais e,
posteriormente, em 1849, foi nomeado Cirurgião-Mor da Armada Nacional Imperial. Além disso, foi patrono
do Serviço de Saúde da Marinha do Brasil e chefiou o Serviço de Saúde da Marinha do Brasil entre 1849 e
1868. Também foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, comendador da Imperial Ordem da
Rosa e conselheiro do Imperador.
Casou-se em primeiras núpcias com Rita Maria Pereira Reis, filha do cirurgião Paulo Rodrigues Pereira
e irmã do médico Jacintho Rodrigues Pereira Reis, com quem teve quatro filhos. Em segundas núpcias casou-
se com Maria Cândida Marianna Vahya, tendo tido uma filha, Luisa Cândida Soares de Meirelles.
Faleceu no Rio de Janeiro em 13 de julho de 1868 aos 71 anos.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/joaquim-candido-soares-de-meireles/#gs.null
http://www.ccms.saude.gov.br/hospicio/text/bio-meirelles.php
http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/pdf/meirejocaso.pdf
Nome: Joaquim Maria Machado de Assis
Nascimento: 21 de junho de 1839
Falecimento: 29 de setembro de 1908
Destaque: jornalista, contista, cronista, poeta e romancista, considerado o maior escritor brasileiro

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no dia 21 de junho de 1839,


no Rio de Janeiro. Filho do pintor afrodescendente Francisco José de Assis e
da lavadeira portuguesa Maria Leopoldina Machado de Assis, muito pobres.
Foi criado pela madrasta também afrodescendente após a morte de sua mãe e,
posteriormente, de seu pai. A madrasta era doceira em um colégio do bairro e
Machado a ajudava como vendedor de doces na rua, quando pequeno. Era um
afrodescendente, naquele momento em que negros não valiam nada.
Machado de Assis entra no mundo das letras pelos fundos, como
balconista de uma padaria e depois de uma livraria e também como operário
gráfico, aqueles que juntavam as letrinhas uma por uma, trabalhando para
imprimir os textos. Esse trabalho começou aos 16 anos, como aprendiz de
tipógrafo de Paula Brito, ao mesmo tempo em que publicou seu primeiro poema
“Ela”, na revista “Marmota Fluminense”. A partir daí, passou a colaborar
regularmente com a imprensa carioca, inicialmente como tipógrafo, logo em
seguida ele foi revisor e passou a corrigir o português dos outros. Ele se tornou
tradutor, cronista e ao longo de 50 anos publicou na imprensa de sua época.
Autodidata, ele foi contista, dramaturgo, jornalista, cronista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta,
consagrando-se como um dos mais conceituados escritores brasileiros. Machado de Assis foi o fundador, primeiro
presidente e presidente perpétuo da Academia Brasileira de Letras (ABL). Por sua importância, a ABL passou a ser
chamada de Casa de Machado de Assis.
Ele escrevia sobre a vida fluminense da época, com um estilo sutilmente irônico que se tornou sua marca. O escritor
passou pelo Romantismo e pelo Realismo, assimilando características de ambos os movimentos literários. Seu interesse
central era a sondagem psicológica dos personagens. Aos 25 anos, notabilizou-se como poeta com a obra “Crisálidas”;
aos cinquenta, era denominado como o único, o primeiro de todos.
A obra deste extraordinário autor abrangeria, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, a fase romântica
foi representada por “Crisálidas” (1864) e “Falenas” (1870). Já o período indianista ficou explícito com “Americanas”
(1875) e, o parnasiano, com “Ocidentais” (1901). Ao mesmo tempo, apareceriam as coletâneas de “Contos Fluminenses”
(1870) e “Histórias da meia-noite” (1873); além dos romances “Ressurreição” (1872), “A mão e a luva” (1874), “Helena”
(1876) e “Iaiá Garcia” (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico.
A partir de então, Machado de Assis entraria na fase das grandes obras-primas, que fogem a qualquer denominação
de escola literária e que o tornaram o maior escritor das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua
portuguesa. De sua maturidade intelectual, vêm as obras “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881), “Dom Casmurro”
(1899) e “Quincas Borba” (1891), entre outras. Estes livros são considerados universais pela originalidade da concepção,
pela agudeza dos conceitos, pela penetrante análise das paixões humanas e pela perfeição de seu estilo.
O professor dr. Eduardo de Assis Duarte, autor do livro “Machado de Assis Afrodescendente” ressalta que por
muito tempo, “o Machado que circulava era esse Machado que fez uma literatura de brancos, uma literatura para os
brancos” e que, portanto, era acusado por não tocar na questão social do negro. Contudo, seu livro recolhe trechos, contos,
crônicas e poemas que tratam da questão do negro, da escravidão e o pós-escravidão. “Não é uma literatura de palanque,
é uma literatura muito sofisticada, muito refinada em que essas questões vão aparecendo de uma forma muito sutil, muito
dissimulada, umas mais outras menos, mas estão sempre aparecendo”. Aparecem dissimuladas sob sua fina ironia ou
sob o resguardo de um de seus muitos pseudônimos, uma vez que dependia do seu cargo público para viver.
Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Nessa época, o escritor já era um homem bem-
sucedido, com um bom cargo público. Ao longo de sua vida, Machado assumiria diversos postos: primeiro como oficial
da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, depois como oficial de gabinete, diretor
geral e secretário de alguns ministros. Seu casamento durou 35 anos. Carolina seria sua companheira, secretária, ajudante
na revisão de seus manuscritos e sua enfermeira, ao cuidar de sua saúde (Machado tinha epilepsia). Com a morte da
esposa, em 1904, o escritor dedicou-lhe o soneto “Carolina”.
Machado de Assis faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/machadodeassis
http://www.geledes.org.br/machado-de-assis-e-classico-duas-vezes-e-classico-da-literatura-brasileira-e-e-classico-da-
literatura-negra/#gs.yMp0=7o
http://www.machadodeassis.org.br/
Nome: Joel Rufino dos Santos
Nascimento: 19 de junho de 1941
Falecimento: 4 de setembro de 2015
Destaque: historiador, professor e escritor brasileiro

Joel Rufino dos Santos é historiador, professor e escritor


brasileiro, cujo nome é referência sobre cultura africana no país.
Seja como historiador ou literato, seu papel foi fundamental no
desenvolvimento da consciência negra – ele dizia acreditar mais
na literatura que na história como instrumento capaz de contar
a saga do povo brasileiro, especialmente das minorias.
Nascido no subúrbio carioca de Cascadura, em 19 de
junho de 1941, era filho de um operário naval e uma costureira,
pernambucanos descendentes de negros e índios fulni-ô. Joel
Rufino cresceu apreciando a leitura de histórias em quadrinhos
e tornou-se escritor ainda criança, mas seu primeiro livro só
seria publicado em 1963. Desde então, escreveu romances, histórias para crianças e jovens, ensaios históricos
e livros didáticos.
Graduou-se em História e lecionou, nas faculdades de Letras e de Comunicação da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Ele começou sua carreira de historiador nos anos 1960, como estagiário do Instituto Superior
de Estudos Brasileiros (ISEB), que ganhou força com a eleição de JK e foi extinto pela ditadura civil-militar.
O convite do historiador Nelson Werneck Sodré para participar da coleção “História Nova do Brasil”, em
1963, foi seu batismo de fogo. A coleção começou a sair no fim desse ano e, em 1964, foi apreendida, sendo
depois proibida. Aberto um inquérito, seus autores foram acusados de subversivos por um conselho que alegou
ser a edição uma tentativa de “comunizar” o ensino da história.
Na época, Joel Rufino e os outros estagiários do ISEB estavam, de fato, impressionados
com “Capitalismo e Escravidão”, do historiador afrodescendente Eric Williams. Como Williams, a visão do
historiador brasileiro sobre a abolição foge da interpretação canônica sobre esse processo e enfatiza a perda de
identidade do africano em nosso país. Os militares não gostaram nada dessa história, ainda mais interpretada
por um autor filiado ao Partido Comunista.
Entre 1964 e 1965, perseguido pela ditadura civil-militar, esteve exilado na Bolívia, Chile e Argentina.
Regressando em 1966, viveu em São Paulo por dez anos, onde adotou um codinome ganhando a vida como
professor de cursinho enquanto militava na Aliança Nacional Libertadora. Foi preso três vezes e torturado. Na
última delas, cumpriu pena de 1972 a 1974, no Presídio do Hipódromo, em São Paulo.
Com a aprovação da Lei da Anistia (1979), foi reintegrado ao MEC e convidado a dar aulas na UFRJ.
Recebeu, do Ministério da Cultura (MinC), a comenda da Ordem do Rio Branco pelo trabalho com a cultura
brasileira. Foi presidente da Fundação Cultural Palmares e diretor do Museu Histórico do Rio.
Autor de mais de 50 livros, dedicou-se principalmente à literatura infanto-juvenil, na qual a presença de
livros escritos por Joel Rufino fez a diferença. Primeiramente, porque muitos dos títulos de sua autoria ofertam
o modelo de humanidade negra para o leitor em formação, especialmente num momento em que os
personagens negros eram raros e estereotipados. Notam-se suas tentativas de ultrapassar temáticas tão somente
vinculadas à identidade negra. Sem perder de vista a complexidade humana como presente da vida, Joel
recupera a procedência negro-africana como uma presença particular. Ele a torna visível, mas jamais restrita.
Além dos livros infanto-juvenis e de não-ficção – entre eles a história de Zumbi (1985) e da escritora
negra Carolina Maria de Jesus (2009) – ele colaborou em duas minisséries para a TV: “Abolição” (1988)
e “República” (1989). No âmbito do reconhecimento pela crítica literária, o escritor foi premiado duas vezes
com o Jabuti, além de ser a indicação brasileira ao troféu Hans Christian Andersen – o mais importante prêmio
internacional de literatura infanto-juvenil.
Joel Rufino dos Santos morreu de complicações cardíacas, em decorrência de uma cirurgia realizada no
dia 1º de setembro de 2015, no Rio de Janeiro.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/joel-rufino-dos-santos/#gs.8zXu3Nw
http://www.geledes.org.br/o-protagonista-invisivel/#gs.null
http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,morre--no-rio--o-escritor-e-historiador-joel-rufino-dos-
santos,1756627
Nome: José Carlos do Patrocínio
Nascimento: 9 de outubro de 1853
Falecimento: 30 de janeiro de 1905
Destaque: farmacêutico, jornalista, escritor, orador e ativista político brasileiro abolicionista

José Carlos do Patrocínio nasceu em Campos dos Goytacazes, no


estado do Rio de Janeiro, em 9 de outubro de 1853. Era filho natural do padre
João Carlos Monteiro, orador sacro de grande fama na capela imperial,
membro da maçonaria, vereador e deputado de sua cidade. Sua mãe era
Justina Maria do Espírito Santo, uma escrava de 15 anos, cedida ao padre por
uma rica proprietária de terras. Embora sem reconhecer a paternidade, o
religioso encaminhou o menino como liberto para uma fazenda na Lagoa de
Cima, onde pôde observar, desde cedo, a crueldade da escravidão.
Aos 14 anos, tendo recebido a educação primária, foi para o Rio de
Janeiro, onde trabalhou como servente de pedreiro na Santa Casa de
Misericórdia, para pagar o próprio estudo. Formou-se em Farmácia em 1874,
mas, como os colegas com quem dividia a casa voltavam para suas cidades
de origem, ele viu-se sem moradia. Seu amigo João Rodrigues Pacheco
Vilanova convidou-o a morar em São Cristóvão, na casa da mãe, então casada
com o Capitão Emiliano Rosa Sena. Em troca da hospedagem, lecionaria aos filhos do casal. Passou também
a frequentar o “Clube Republicano” que funcionava na residência, do qual faziam parte Quintino Bocaiúva,
Lopes Trovão, Pardal Mallet e outros. Não tardou que Patrocínio se apaixonasse por Maria Henriqueta de
Sena, Bibi, filha do capitão, e com ela se casasse.
Em 1875, começou sua carreira jornalística, escrevendo no jornal satírico “Os Ferrões”. Dois anos
depois, Patrocínio estava na “Gazeta de Notícias”, onde escrevia a “Semana Parlamentar”. Em 1879 iniciou
ali a campanha pela Abolição. Em torno dele formou-se um grande coro de jornalistas e de oradores, entre os
quais Ferreira de Meneses, Joaquim Nabuco, Lopes Trovão, Ubaldino do Amaral, Teodoro Sampaio e Paula
Ney, todos da Associação Central Emancipadora. Por sua vez, Patrocínio começou a tomar parte nos trabalhos
da associação, sendo que em 1880, juntamente com Joaquim Nabuco, fundou a Sociedade Brasileira Contra a
Escravidão.
Em 1881, com dinheiro emprestado de seu sogro, comprou o jornal “Gazeta da Tarde”. Em maio de
1883, fundou a Confederação Abolicionista e lhe redigiu o manifesto, assinado também por André Rebouças
e Aristides Lobo. Por intermédio da Confederação, promovia debates públicos sobre o fim da escravidão.
Também preparou e auxiliou a fuga de escravos e coordenou campanhas de angariação de fundos para adquirir
alforrias, com a promoção de espetáculos ao vivo, comícios em teatros, manifestações em praça pública, etc.
A Confederação ajudou a manter o Quilombo do Leblon, que cultivava camélias e acolhia os escravos fugidos.
Por essa atuação, ficou famoso em todo o país como o Tigre do Abolicionismo e o patrono da abolição.
Em 1886 e 1887 foi eleito para a Câmara Municipal. Deixou a “Gazeta da Tarde” em setembro de 1887,
para dirigir a “Cidade do Rio”, vibrante órgão abolicionista. Ali circulavam os melhores nomes das letras e do
jornalismo brasileiro da época. Foi de sua tribuna da “Cidade do Rio” que ele saudou, em 13 de maio de 1888,
o advento da Abolição, pelo qual tanto lutara.
Em 1889, Patrocínio não teve parte na República e, em 1891, opôs-se abertamente a Floriano Peixoto,
sendo desterrado para Cucuí, no Alto Rio Negro e tendo a publicação da “Cidade do Rio” suspensa. Quando
retornou em 1893, foi obrigado a refugiar-se para evitar agressões. Nos anos seguintes, a sua participação
política foi inexpressiva, concentrando-se a sua atenção no moderno invento da aviação. Numa homenagem a
Santos Dumont, realizada no Teatro Lírico, quando discursava saudando o inventor, foi acometido de uma
hemoptise, sintoma da tuberculose que o vitimou. Faleceu pouco depois, aos 51 anos de idade. José do
Patrocínio também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, sentando-se na cadeira 21, que
tem como patrono Joaquim Serra. Patrocínio escreveu três romances: “Mota Coqueiro”, “Os Retirantes” e
“Pedro Espanhol”.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/josedopatrocinio
http://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-ha-110-anos-morria-o-abolicionista-jose-do-patrocinio/#gs.null
http://www.academia.org.br/academicos/jose-do-patrocinio/biografia
Nome: Juliano Moreira
Nascimento: 6 de janeiro de 1873
Falecimento: 2 de maio de 1933
Destaque: médico e o primeiro psiquiatra brasileiro a receber reconhecimento internacional

Juliano Moreira nasceu em uma família pobre, no dia 6 de janeiro


de 1873, em Salvador. Foi filho do português Manoel Moreira do Carmo
Júnior, inspetor de iluminação pública, e da empregada doméstica negra
Galdina Joaquim do Amaral.
A condição de negro seria um entrave em sua trajetória acadêmica,
principalmente, considerando que a abolição da escravatura só viria em
1888. Ainda assim, Juliano matriculou-se na renomada Faculdade de
Medicina da Bahia (FAMEB) aos treze anos, graças ao vínculo que sua
mãe tinha como doméstica na casa do Barão de Itapoã, seu padrinho. Após
cinco anos (1891) formou-se com a apresentação de uma tese sobre sífilis.
Aos 23 anos, Juliano Moreira passou num concurso para o cargo de
professor na mesma faculdade. Durante o exame, estudantes e curiosos
acompanharam atentamente a realização de todas as provas, já que os
membros da banca examinadora, em sua maioria, eram escravocratas que
não viam com bons olhos o ingresso de um mestiço. Quando finalmente
Juliano Moreira foi aprovado, a comoção foi geral.
Enquanto esteve na Bahia, Juliano Moreira criou, em 1894, juntamente com Nina Rodrigues (1862-
1906) e outros médicos, a Sociedade de Medicina e Cirurgia do Estado. Atuou também como médico da
Inspetoria de Higiene, atendendo a população carente em cidades próximas a Salvador. Entre 1895 e 1902,
participou de diversos cursos sobre doenças mentais de renomados médicos e psiquiatras. Fez estágio em
anatomia patológica e frequentou as principais clínicas psiquiátricas e manicômios da Alemanha, da Inglaterra,
da França, da Itália e da Áustria.
De 1903 a 1930, dirigiu o Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro. Ele se alinhava às
correntes que representavam a modernização teórica da Psiquiatria e da prática asilar. Uma das suas primeiras
medidas foi a separação das crianças dos pavilhões de adultos, colocando-as num local especial para elas.
Durante sua gestão, conseguiu humanizar o tratamento dos pacientes, propondo que no lugar de camisas de
força e grades, fosse adotada a klinoterapia (terapia pelo repouso), além do trabalho em oficinas.
Na área de Saúde Pública, o psiquiatra trabalhou a favor da lei de assistência a alienados (1930) que
garantia, entre outros direitos, o da internação dos cidadãos com alienação. Defendeu a necessidade de criação
de diferentes tipos de hospitais para tratamento, inclusive um manicômio judiciário, o que foi concretizado em
1921. Uma das medidas mais importantes defendidas por Juliano Moreira foi a criação de uma colônia agrícola,
inaugurada em 1924 como Colônia de Psicopatas-Homens, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, e em 1935
denominada Colônia Juliano Moreira.
Um aspecto importante em sua obra foi sua explícita discordância quanto à atribuição da degeneração
do povo brasileiro em função da miscigenação racial. Moreira, ao contrário de Nina Rodrigues, defendia que
as doenças nervosas e mentais eram causadas por fatores como o alcoolismo, a sífilis, as verminoses e as
condições sanitárias e educacionais adversas. Além de aumentar a abrangência da Psiquiatria no país, Juliano
iniciou uma nova abordagem da loucura. Ele foi o primeiro no Brasil a atribuir características físicas (lesões
dos nervos e do cérebro) e psicológicas (desordens intelectuais e afetivas) às doenças mentais. Foi grande
divulgador das ideias de Freud.
Juliano Moreira foi o primeiro psiquiatra brasileiro a receber reconhecimento internacional. Participou
de muitos congressos médicos e várias vezes representou o Brasil no exterior. Foi membro de diversas
sociedades médicas e antropológicas internacionais e fundou, em colaboração com outros médicos diversos
periódicos na área médica. Foi fundador da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal
em 1907, e da Academia Brasileira de Ciências, em 1917. Faleceu em 2 de maio de 1933, no Rio de Janeiro.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/julianomoreira
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/historia-e-
memoria/2014/07/17/juliano-moreira
http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/morjul.htm
Nome: Laudelina de Campos Melo
Nascimento: 12 de outubro de 1904
Falecimento: 12 de maio de 1991
Destaque: ativista sindical e trabalhadora doméstica que lutou contra o preconceito e a exploração

Ativista sindical e trabalhadora doméstica. Sua trajetória foi marcada pela


luta contra o preconceito racial, subvalorização das mulheres e exploração da
classe trabalhadora. Combateu a discriminação da sociedade em relação às
empregadas domésticas, exigindo melhor remuneração e igualdade de direitos
sociais. Sua atuação permitiu a regulamentação do emprego doméstico como
fundadora do Sindicato das empregadas domésticas.
Laudelina de Campos Melo nasceu em 12 de outubro de 1904, em Poços de
Caldas, Minas Gerais, filha de uma escrava doméstica. Aos sete anos de idade,
começou a trabalhar como empregada doméstica e aos 9 anos, partiu para cima de
um capataz que ameaçou chicotear sua mãe. Aos 16 anos deu início à sua atuação
em organizações de cunho cultural, sendo eleita presidente do Clube 13 de Maio,
agremiação que promovia atividades recreativas e políticas entre os negros de sua
cidade.
Aos 18 anos, Laudelina mudou-se para São Paulo, onde se casou e, em 1924, para Santos. Somente
depois da separação (1938), e já com dois filhos, ela passaria a agir de forma atuante em movimentos populares.
Sua militância ganhou conteúdo político e reivindicatório com sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro,
em 1936. Ainda nesse ano, fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada
durante o Estado Novo, que voltou a funcionar em 1946. Trabalhou para a fundação da Frente Negra Brasileira,
militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter 30 mil filiados ao longo da
década de 1930.
A graciosa mineira, que adorava colares de pérolas, dedicou sua vida à realização de um sonho: fazer
com que as empregadas domésticas, muitas vezes tratadas como escravas, conquistassem direitos trabalhistas.
Debochada e valente, mesmo com pouco estudo, não se intimidou diante de nomes como Juscelino Kubitschek,
Jarbas Passarinho e Orestes Quércia. Guerreira, Laudelina tornou-se uma das mulheres negras
mais importantes da história contemporânea do Brasil. Muitas das conquistas que as empregadas domésticas
desfrutam hoje têm relação direta com a luta dessa mineira.
Mudou-se para Campinas em 1955, onde participou de atividades culturais e sociais, especialmente o
Teatro Experimental do Negro (TEN), cujo objetivo era elevar a autoestima e a confiança da juventude negra,
através de grupos de teatro e dança. Criou uma escola de música e de balé na cidade que também atendia
crianças moradoras das ruas do centro. Em 1957, promoveu um baile de debutantes (Baile Pérola Negra) para
jovens negras, no Teatro Municipal de Campinas.
Durante décadas, ela não se apequenou diante das ameaças machistas e desafiou a elite de Campinas,
nos anos 1950 e 1960. Suas ações, como reunir mulheres negras para fazer piqueniques em praças onde apenas
brancos costumavam frequentar, atraíram a atenção dos jornais; tanto que Laudelina ficou conhecida como “O
terror das patroas”. Fundou, com o apoio do Sindicato da Construção Civil do município de Campinas, o
sindicato/associação das domésticas em Campinas. À frente da associação, apoiou dois tipos de ações: a
alfabetização, pois considerava que seria o primeiro passo para conscientização e entendimento da legislação
trabalhista e consequentemente reivindicação dos direitos da classe; e atividades que tinham como objetivo
estimular a solidariedade entre as trabalhadoras.
Durante o regime civil-militar (1964-1985), ela passou a atuar no interior da igreja progressista, nas
comunidades eclesiais de base. Entre 1968 e 1979, as atividades da associação de Campinas ficaram
paralisadas. Mesmo assim, seguiu em defesa das domésticas e virou uma referência nacional na batalha pela
regulamentação dos direitos das trabalhadoras domésticas. A atuação de Laudelina foi fundamental na década
de 1970 para a categoria conquistar o direito à Carteira de Trabalho e à Previdência Social. Em 1982, ela
auxiliou a reestruturação da associação de Campinas, possibilitando a transformação da associação em
sindicato, em 20 de novembro de 1988.
Laudelina faleceu em 12 de maio de 1991, deixando sua casa para o sindicato de Campinas.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/laudelina
http://www.geledes.org.br/negros-herois-historias-que-nao-estao-no-gibi/#gs.mCubTZE
http://criola.org.br/?page_id=460
Nome: Lélia Almeida González
Nascimento: 1 de fevereiro de 1935
Falecimento: 10 de julho de 1994
Destaque: professora, pensadora e militante negra e feminista, introduziu o debate sobre o racismo nas
universidades brasileiras

Nasceu em Belo Horizonte em 1935, filha do negro ferroviário


Acácio Joaquim de Almeida com a indígena Urcinda Seraphina de
Almeida. Era a penúltima de 18 irmãos. Com a mãe indígena, que era
doméstica, recebeu as primeiras lições de independência. Mudou-se
com a família em 1942 para o Rio de Janeiro, acompanhando o irmão
Jaime, jogador de futebol do Flamengo. No Rio de Janeiro, cidade que
amava, seu primeiro emprego foi de babá.
Graduou-se em História e Filosofia, exercendo a função de
professora da rede pública. Posteriormente, fez mestrado em
Comunicação Social, doutorado em Antropologia política e social em
São Paulo e dedicou-se às pesquisas sobre a temática de gênero e etnia.
Professora universitária atuou em diversas instituições de ensino e
lecionou Cultura Brasileira na PUC do Rio de Janeiro. Seu último
cargo na instituição foi de chefe do departamento de Sociologia e
Política. Dedicou sua carreira acadêmica ao estudo das relações raciais
no país, sendo a responsável pela introdução do debate sobre o racismo nas universidades brasileiras. Foi uma
militante constante da causa da mulher e do negro no Brasil.
Entre 1976 e 1978, ministrou de forma pioneira cursos de Cultura Negra no Brasil, na Escola de Artes
Visuais, no Parque Lage, um importante espaço cultural do Rio de Janeiro. Em 1976, aderiu ao Grêmio
Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, um exemplo de sua busca para eliminar a oposição
entre cultura e o fazer político. O enredo da Quilombo, em 1978, foi escrito por Antônio Candeia Filho,
baseando-se no trabalho de Lélia e de outros nomes reconhecidos nos estudos sobre o negro – o tema
desenvolvido pela escola foi os noventa anos de abolição.
Foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), participou da criação do Instituto de
Pesquisas das Culturas Negras (IPCN-RJ), do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras-RJ e do Olodum-BA. Sua
importante atuação em defesa da mulher negra rendeu a Lélia a indicação para membro do Conselho Nacional
dos Direitos da Mulher (CNDM), onde atuou de 1985 a 1989.
Lélia candidatou-se a deputada federal nas eleições de 1982 pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio
de Janeiro, alcançando a primeira suplência. Militou no PT entre 1981 e 1986. Nesse ano, filiou-se ao Partido
Democrático Trabalhista (PDT), disputando a eleição para deputada estadual, conquistando novamente a
suplência.
Até a metade dos anos 1980, Lélia talvez tenha sido a militante negra que mais participou de seminários
e congressos dentro e fora do Brasil. Suas contribuições de maior impacto foram as que buscaram articular as
questões de gênero e racismo. Um de seus textos mais emblemáticos é “Racismo e Sexismo na Cultura
Brasileira”. Nos últimos anos, estudava os “negros da diáspora”, dando origem ao conceito de amefricanidade.
Escreveu “Festas populares no Brasil”, premiado na Feira de Frankfurt, e “Lugar de negro”, em coautoria com
Carlos Hasenbalg, além de diversos artigos para revistas científicas e obras coletivas. Faleceu vítima de
problemas cardíacos no Rio de Janeiro no dia 10 de julho de 1994.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/leliagonzalez
http://www.geledes.org.br/hoje-na-historia-1935-nascia-lelia-gonzalez/#gs.mbZkLYE
http://www.projetomemoria.art.br/leliaGonzalez/
http://www.geledes.org.br/livros-e-textos-de-lelia-gonzalez/#gs.null
Nome: Leônidas da Silva, Diamante Negro
Nascimento: 6 de setembro de 1913
Falecimento: 24 de janeiro de 2004
Destaque: precursor do marketing e da “bicicleta”, foi uma das primeiras estrelas do futebol brasileiro

Filho de uma cozinheira com um marinheiro português, Leônidas da Silva


nasceu em 6 de setembro de 1913, na cidade do Rio de Janeiro e teve uma infância
simples. Estudante do colégio Epitácio Pessoa, frequentemente escapava das aulas
para jogar futebol. Em 1922, com a morte do pai, Leônidas foi adotado pelos
patrões de sua mãe. Seu pai adotivo montou um bar perto do campo do São
Cristóvão, onde o menino Leônidas passou a jogar nas categorias de base. Depois
jogou em vários clubes do subúrbio carioca, até ser contratado, aos 17 anos, pelo
Sírio Libanês.
Em 1931, começou a jogar pelo Bonsucesso, impressionando os dirigentes
cariocas, que o convocaram para disputar o Campeonato Brasileiro de Seleções.
Em 1932 foi a grande estrela da Seleção Brasileira na conquista da Copa Rio
Branco, no Uruguai, onde recebeu o apelido de “Diamante Negro” e executou pela
primeira vez a jogada “bicicleta” que o imortalizou. Em 1933, o sucesso na Seleção
rendeu-lhe contrato com um clube uruguaio, o Peñarol. Mas em pouco tempo
Leônidas voltaria ao país, indo jogar no Vasco da Gama. Leônidas integrou a seleção brasileira na Copa do
Mundo de 1934, mas o time foi desclassificado na primeira partida.
Em 1935, foi campeão carioca pelo Botafogo. No ano seguinte, quando foi para o Flamengo, tornou-se
o maior ídolo da torcida rubro-negra. Lá, disputou 179 jogos, com 142 gols, e foi campeão carioca em 1939.
Leônidas da Silva foi o primeiro negro a assumir a condição de astro do futebol brasileiro. O jogador foi um
profissional, numa época em que o futebol era marcado pelo amadorismo.
Leônidas disputou 37 jogos na Seleção Brasileira, nos quais marcou 37 gols, média maior que a de Pelé
(0,83 gols por partida). Artilheiro da Copa de 1938, com sete gols (originalmente eram oito, mas a Fifa retirou
um, marcado contra a Tchecoslováquia), na França, virou ídolo nacional, apesar da Seleção Brasileira ter
ficado em 3º lugar. Fez um histórico gol descalço na vitória por 6 a 5 contra a Polônia, na prorrogação. No
jogo contra a Tchecoslováquia, ganhou definitivamente o torcedor europeu ao executar uma bicicleta, levando
os franceses a chamarem-no de Homem de Borracha.
No Brasil, o empresário das comunicações, Assis Chateaubriand, que também era dono da fábrica de
chocolates Lacta, lançou o chocolate Diamante Negro em homenagem ao craque, antecipando o sucesso que
produtos aliados à imagem de jogadores poderiam fazer. Na época, foi criado também o cigarro Leônidas, pela
Companhia Sudan, a maior fabricante do país, e um relógio de grife com o nome do jogador.
Considerado o maior craque brasileiro, em 1941 Leônidas passou meses preso no quartel do Realengo,
devido à descoberta de uma falsificação em seu certificado de alistamento militar. Em 1942, o craque deixou
o Flamengo para jogar no São Paulo, na negociação mais cara do futebol sul-americano da época. Em seu jogo
de estreia, mais de 70 mil pessoas lotavam o Pacaembu no recorde do estádio. Foi o auge de sua carreira. Lá
disputou 211 jogos, com 140 gols marcados, e venceu cinco campeonatos paulistas entre 1943 e 1949. Em
1949 encerrou sua carreira de jogador. "Ele ainda era o melhor jogador do Brasil quando parou. Anos depois,
conversei com o Flávio Costa (técnico da seleção brasileira) e ele admitiu: 'errei por não ter levado Leônidas
para a Copa do Mundo em 1950'", conta André Ribeiro.
Depois disso, tentou ser auxiliar do técnico do São Paulo, mas desistiu e tornou-se comentarista
esportivo, carreira em que se aposentou em 1976, depois dos primeiros sintomas do mal de Alzheimer, doença
degenerativa que o faria perder completamente a memória. Leônidas da Silva faleceu em 24 de janeiro de 2004
em São Paulo, aos 90 anos.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/leonidas
http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,maior-do-que-pele-leonidas-da-silva-o-diamante-negro-
completaria-100-anos,1071909
https://educacao.uol.com.br/biografias/leonidas-da-silva.htm
Nome: Luiz Gonzaga Pinto da Gama
Nascimento: 21 de julho de 1830
Falecimento: 24 de agosto de 1882
Destaque: jornalista, advogado e escritor considerado “precursor do Abolicionismo”

Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 21 de julho de 1830.


Era filho de um fidalgo português e da ex-escrava Luiza Mahin,
acusada de se envolver com a Revolta dos Malês (1835) e também
com a Sabinada (1837), importantes movimentos contra a escravidão
na Bahia. Aos 10 anos, tornou-se cativo, vendido pelo próprio pai.
Luiz Gama morou com a mãe em Salvador até os oito anos.
Quando a líder rebelde teve que fugir para o Rio de Janeiro,
buscando escapar da forte perseguição policial, Luiz foi entregue ao
pai. Jogador compulsivo e afogado em dívidas, seu pai lhe vendeu a
um traficante e Luiz Gama virou escravo doméstico em São Paulo.
Aos 18 anos, sabendo ler e escrever, conseguiu provas
irrefutáveis da ilegalidade de sua condição, pois era filho de uma
mulher livre. Já liberto, em 1848 assentou praça na Força Pública da Província. Em 1854 teve baixa da Força
Pública por insubordinação e em 1856 foi nomeado escrevente da Secretaria de Polícia.
Foi nesse período, como escrevente, que Luiz teve acesso à biblioteca do delegado, então professor de
Direito. Autodidata e dono de uma memória excepcional, Luiz Gama se tornaria um grande advogado. Foi um
dos abolicionistas mais atuantes de São Paulo. Com seu trabalho nos tribunais, conseguiu a libertação de
centenas de negros mantidos injustamente em cativeiro ou acusados de crimes contra os senhores.
Especializou-se nessa área.
Foi um “jornalista nato, de grandes recursos intelectuais, pena vibrante, estilo combativo e satírico,
destemido, sempre fiel ao fato e à notícia como convém ao verdadeiro profissional de imprensa”, diz Câmara,
“mas sem deixar de ministrar sua opinião política e filosófica”, explica. O advogado utilizava como
expediente publicar anúncios de seu trabalho em jornais para quem desejasse ser livre e não tivesse como pagar
por isso. Também colaborou com diversos periódicos, escrevendo para jornais satíricos de São Paulo.
Em 1880, já tinha se transformado em um líder do movimento abolicionista da cidade. Lutou nas cortes
provincianas para estabelecer o princípio de que todos os escravos ingressos no país após a proibição do tráfico
negreiro, em 1850, eram livres por lei. Considerava legítima a defesa dos crimes cometidos por escravos contra
seus senhores.
Publicou um único livro de poesias. Como poeta, Gama deixou em suas “Primeiras Trovas Burlescas”
poesias com temas sociais e de maneira irônica mostrava as mazelas dos poderosos da época. Seu célebre
poema “A Bodarrada” ironizava os que tentavam negar a influência africana na formação da nossa identidade
nacional. Ao admitir no poema que também era bode – termo pejorativo usado para ridicularizar os negros –,
Gama tornou-se o primeiro escritor brasileiro a assumir explicitamente sua identidade negra, sendo assim o
fundador da literatura de militância dos negros no Brasil. Gama “escancarou faces da discriminação” e usou
de todas as armas de que dispunha para libertar escravos, como advogado, jornalista e escritor.
Após longo período de doença, Luiz Gama morreu no dia 24 de agosto de 1882, em São Paulo. Seus
biógrafos destacam a importância desse homem que dedicou seus 52 anos de vida a causa da liberdade, da
igualdade e da fraternidade. Venceu o racismo, a escravidão, a perseguição política e tornou-se “o negro mais
importante do século XIX”, nas palavras de Miguel Reale Júnior.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/luizgama
http://www.geledes.org.br/luiz-gama-quanto-vale-um-homem/
Nome: Luiza Mahin
Nascimento: início do século XIX
Falecimento:
Destaque: participou da organização da Revolta dos Malês e da Sabinada e foi mãe do abolicionista Luiz
Gama

Nascida em Costa Mina, na África, no início do século XIX,


Luiza Mahin foi trazida para o Brasil como escrava. Pertencia à tribo
Mahin, da nação africana Nagô, de onde vem seu sobrenome. Os Mahin
eram adeptos do Islamismo e, no Brasil, ficaram conhecidos como
malês. Esses negros escravizados como os Mahin, Hauçás, Tapas,
Bornus, entre outros, haviam sido trazidos do Golfo do Benin, no
noroeste da África, região colonizada pelos muçulmanos.
Luiza esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e
levantes de escravos que sacudiram a então província da Bahia nas
primeiras décadas do século XIX. Também foi mãe do abolicionista
Luiz Gama.
Foi alforriada em 1812 (conta-se que ela comprou sua liberdade),
e passou a viver de seu ofício de quituteira pelos largos/praças de
Salvador. Uniu-se a um fidalgo português e dessa união nasceu o poeta
abolicionista e jurista Luiz Gama, que foi criado, até a primeira
infância, sob a batuta da retidão e da justiça materna, traços que
marcaram sobremaneira sua vida. Seu negligente pai dissipou seus bens e vendeu, ilegalmente, Luiz Gama
como escravo aos dez anos de idade, para quitação de uma dívida de jogo.
A atuação política e social de Luiza serve de inspiração na medida em que ensina a analisar a falsa ideia
da abolição como um presente, uma concessão generosa. A libertação foi fruto de uma intensa história de
árduas lutas. Luiza esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que aconteceram
na Bahia imperial.
Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, contendo as
informações sobre os motins escravos que estavam sendo organizados, através dos meninos que pretensamente
com ela adquiriam quitutes. Dessa forma, articulava uma rede de solidariedade e comunicação que servia para
espalhar as mensagens das revoltas e para aglutinar irmandades que tinham por missão juntar dinheiro para a
compra de alforrias. Assim, esteve envolvida diretamente na articulação da Revolta dos Malês (1835) e da
Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos malês tivesse sido vitorioso, Luiza teria sido reconhecida como
Rainha da Bahia.
Sua atuação política foi descoberta e Luiza foi perseguida. Fugiu para o Rio de Janeiro onde foi
encontrada, detida e, possivelmente, degredada para Angola. Outra face possível da história é a de que tenha
sido, aí, assassinada. Outra via defende que a negra tenha ido, de fuga, para o Maranhão e fundado o Tambor
de Crioulas. Quem melhor definiu a valente Luiza Mahin foi o poeta e abolicionista Luiz Gama, seu filho:
“Sou filho natural de negra africana, livre, da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou
o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto sem lustro, os
dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa”.

Texto retirado dos sites:


http://www.xapuri.info/etniagenero/consciencianegra/para-alem-do-genero-meia-duzia-de-mulheres-negras-
que-valem-por-mil/
http://www.geledes.org.br/luisa-mahin/#gs.sTjU09s
Nome: Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba
Nascimento: 23 de novembro de 1899
Falecimento: 5 de fevereiro de 1974
Destaque: criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de Capoeira Regional

Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba, nasceu no dia 23 de


novembro de 1899, no bairro Engenho Velho, freguesia de Brotas, Salvador-
BA. Filho de Luiz Cândido Machado, ex-escravo, descendente de banto e
mestre do batuque, e Maria Martinha do Bomfim, descendente de índios. Seu
apelido derivou de uma aposta feita entre a parteira e a sua mãe: a mãe dizia
que seria uma menina e a parteira, convicta pelo seu conhecimento, dizia ser
menino. Na hora do nascimento, surgiu a expressão: “Ganhei a aposta o cabra
tem bimba e cacho!”
Aos doze anos, foi iniciado na capoeira antiga pelo Africano Bentinho
(Nozinho Bento), capitão da Companhia de Navegação Baiana, durante
aproximadamente quatro anos. Com essa experiência, começou a ensinar a
capoeira antiga aos 18 anos, ofício que exerceu durante dez anos. O local das
aulas era conhecido como “Clube União em Apuros”, no bairro da Liberdade,
habitado majoritariamente por negros de classes populares. Não existiam
academias e treinava-se nas esquinas, nas portas dos armazéns e até no meio do mato. Possuía também alguns
alunos de classe privilegiada. Para estes, as aulas eram nos quintais e varandas de suas casas.
No final da década de 1920, Mestre Bimba, considerando a capoeira de Angola pouco eficaz devido aos
movimentos serem extremamente disfarçados, começou a misturá-la com elementos do batuque (luta do
Nordeste brasileiro, na qual seu pai era grande lutador), desenvolvendo, assim, um novo estilo, com
movimentos mais rápidos e acompanhado de música. Com a junção do batuque com a capoeira de Angola,
surgiu a Capoeira Regional, considerada arte genuinamente brasileira. No decorrer do tempo, transformou a
capoeira numa luta com método de ensino próprio e com rituais como: Batizado, Formatura e Especialização.
Na década de 1930, Getúlio Vargas tomou o poder e, procurando apoio popular para a sua política, que
incluía a “retórica do corpo”, permitiu a prática (vigiada) da capoeira: somente em recintos fechados e com
alvará da polícia. Mestre Bimba aproveitou a brecha e abriu à primeira “academia”, dando início a um novo
período – o das academias – após o período de escravidão e de marginalidade. Mas somente em 1937 obteve,
na Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública, o registro de diretor de curso de Educação Física, que
estrategicamente o levou a redefinir o seu local de treinamento como Centro de Cultura Física Regional,
inserindo então a Capoeira Regional no campo do esporte. Nesse mesmo ano, fez a primeira apresentação do
seu trabalho para o interventor general Juracy Magalhães, quando estiveram presentes autoridades civis e
militares, entre outros convidados ilustres.
Em 23 de julho de 1953, exibiu-se no Palácio do Governo, para o governador Juracy Magalhães e para
o presidente Getúlio Vargas, que, tendo ficado impressionado, declarou que a capoeira era o único esporte
verdadeiramente nacional. Vargas terminaria revogando a lei que criminalizava tanto o candomblé como a
capoeira, muito embora com limitações para as práticas do candomblé.
Mestre Bimba foi um exímio lutador e grande educador. Colocava regras para os participantes da
Capoeira Regional, tais como não beber, não fumar, ter boas notas na escola, dentre outras. Com seu método,
foi responsável por tirar a capoeira da marginalidade. Por sua criação, foi inserido pelo estudioso Muniz Sodré
como fazendo parte do “Ciclo heroico dos negros da Bahia”.
Em 1973, Mestre Bimba, por motivos financeiros, mudou-se da Bahia para Goiânia, e em 5 de fevereiro
de 1974 veio a falecer vitimado por um derrame cerebral. Em 12 de junho de 1992, a Universidade Federal da
Bahia lhe concedeu o título de Doutor Honoris Causa.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/mestrebimba
http://www.efdeportes.com/efd133/mestre-bimba-o-fundador-e-rei-da-capoeira-regional.htm
http://minhacapoeira.blogspot.com.br/2012/02/biografia-do-mestre-bimba.html
Nome: Manoel Raimundo Querino
Nascimento: 28 de julho de 1851
Falecimento: 14 de fevereiro de 1923
Destaque: desenhista, jornalista e escritor que apontou a contribuição africana à cultura brasileira

Manuel Raimundo Querino nasceu no 28 de julho de 1851, em Santo


Amaro (BA) filho do carpinteiro José Joaquim dos Santos Querino e Luzia da
Rocha Pita. A epidemia de 1855, em Santo Amaro, levou-lhe os pais, sendo
confiado aos cuidados de um tutor, o professor Manoel Correia Garcia, que o
iniciou nas primeiras letras.
Aos 17 anos (em 1868), Manuel Querino alistou-se como recruta,
viajando pelos sertões de Pernambuco e Piauí, e aí unindo-se a um contingente
que se destinava ao Paraguai. Não foi para a guerra por motivos de saúde, indo
para o Rio de Janeiro onde trabalhou no escritório do quartel. Em 1870, foi
promovido a cabo de esquadra e logo depois teve baixa do serviço militar.
Voltando à Bahia, começou a trabalhar como pintor e decorador durante o dia
e, à noite, estudava francês e português no Colégio 25 de Março e no Liceu de
Artes e Ofícios. Com as suas inclinações para o desenho, matriculou-se na Escola de Belas Artes, onde se
distinguiu entre os alunos, obtendo o diploma em 1882. Seguiu depois o curso de arquiteto. Obteve várias
medalhas em concursos e exposições promovidos pela Escola de Belas Artes e o Liceu de Artes e Ofícios.
Interessou-se pela política. Foi republicano, liberal, abolicionista. Com outros do grupo da Sociedade
Libertadora Sete de Setembro, assinou o manifesto republicano de 1870. Fundou os periódicos “A Província”
e “O Trabalho”, onde defendeu os seus ideais republicanos e abolicionistas. Escreveu para a “Gazeta da Tarde”
uma série de artigos sobre a extinção do elemento servil.
Em 1875, Manuel Querino participou ativamente das diversas reuniões entre operários da construção
civil, que resultaram na fundação de uma das primeiras cooperativas de trabalho do Brasil, a Liga Operária
Baiana. Mais tarde, tornou-se um dos membros do diretório geral do Partido Operário, criado em 1890. No
entanto, o partido não teve vida longa e dissolveu-se dando origem a um movimento de classe sem finalidades
eleitoreiras, batizado Centro Operário da Bahia. Ainda ao longo da década de 1890, Querino tomou parte no
Conselho Municipal de Salvador (atual Câmara Municipal) por duas ocasiões, entre 1890 e 1891 e
posteriormente entre 1897 e 1899, antes de abdicar da política em favor da carreira de intelectual.
Com o abandono da política, Manuel Querino voltou seus olhos para a pesquisa das manifestações
populares e da cultura afro-brasileira, tendo escrito inúmeros livros sobre o tema, com ênfase na história da
Bahia, em artes e costumes. Foi seguramente o primeiro intelectual a reconhecer e divulgar a contribuição das
culturas africanas à cultura brasileira. Esses estudos tinham dois objetivos: por um lado, ele queria mostrar a
seus irmãos de cor a contribuição vital que deram ao Brasil; e por outro desejava lembrar aos brasileiros da
raça branca a dívida que tinham com a África e com os afro-brasileiros. Ao voltar sua atenção para a história,
esperava reequilibrar a ênfase tradicional na experiência europeia no Brasil. Querino surgiu como o primeiro
brasileiro – afro ou branco – a detalhar, analisar e fazer justiça às contribuições africanas ao Brasil. Apresentou
suas conclusões num clima na melhor das hipóteses indiferente, e na pior racista e até hostil.
Existem provas de que além de escrever sobre os afro-brasileiros, Querino também ajudava a defendê-
los. Chamou a atenção dos oficiais municipais às perseguições existentes aos praticantes das religiões afro-
baianas. A polícia frequentemente aparecia nos terreiros onde haviam as cerimônias destruindo propriedades
e ferindo os participantes. A intervenção de Querino defendendo esta comunidade junto ao governo local
revelou mais uma vez sua realização original em criar uma ponte entre culturas e classes sociais diferentes.
Querino preservou um considerável montante de informações sobre as artes, artistas e artesões da Bahia.
Ninguém pode efetuar uma pesquisa sobre esses assuntos sem consultar seus trabalhos. Além disso, ele é uma
fonte excelente para o estudo de História Social. Em seu “As Artes na Bahia”, por exemplo, estão incluídos
trechos de biografias de trabalhadores, artesões e mecânicos. Estas biografias originais fornecem uma
perspectiva inestimável das vidas dos humildes, que foram os que mais contribuíram para o crescimento do
Brasil. Ele também oferece em seus ensaios informações abundantes sobre costumes, cultura e religião.
Faleceu na Bahia no 14 de fevereiro de 1923.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/manuel-querino/#gs.null
http://www.museuafrobrasil.org.br/pesquisa/hist%C3%B3ria-e-mem%C3%B3ria/historia-e-
memoria/2014/07/17/manuel-querino
Nome: Maria Beatriz Nascimento
Nascimento: 12 de julho de 1942
Falecimento: 28 de janeiro de 1995
Destaque: historiadora, intelectual, pesquisadora e ativista negra

Maria Beatriz Nascimento nasceu em Aracaju, Sergipe, em 12 de julho


de 1942, filha da dona de casa Rubina Pereira do Nascimento e do pedreiro
Francisco Xavier do Nascimento. Ela e seus dez irmãos migraram com a família
para o Rio de Janeiro no final da década de 1940.
Com 28 anos iniciou o curso de graduação em História, na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formando-se em 1971. Durante a graduação
fez estágio no Arquivo Nacional com o historiador José Honório Rodrigues.
Passou a trabalhar como professora de História da rede estadual de ensino do
Rio de Janeiro, articulando ensino e pesquisa. Simultaneamente esteve à frente
da criação do Grupo de Trabalho André Rebouças, em 1974, na Universidade
Federal Fluminense (UFF), compartilhando com estudantes negros/as
universitários/as do Rio e São Paulo a discussão da temática racial na academia
e na educação em geral, a exemplo da Quinzena do Negro realizada na USP em
1977. Concluiu a Pós-graduação lato sensu em História na Universidade
Federal Fluminense, em 1981, com a pesquisa “Sistemas alternativos
organizados pelos negros: dos quilombos às favelas”.
Seu trabalho mais conhecido e de maior circulação trata-se da autoria e narração dos textos do filme
“Ori” (1989), dirigido pela socióloga e cineasta Raquel Gerber. Essa película documenta os movimentos
negros brasileiros entre 1977 e 1988, passando pela relação entre Brasil e África, tendo o quilombo como ideia
central e apresentando, dentre seus fios condutores, parte da história pessoal de Beatriz Nascimento.
Ao longo de vinte anos, tornou-se estudiosa das temáticas do racismo, abordando a correlação entre
corporeidade negra e seus espaços permanentes (como quilombos e outros dedicados à religiosidade de matriz
africana) ou transitórios (como os bailes black, os clubes sociais negros e as escolas de samba) e as
experiências diaspóricas de longos deslocamentos socioespaciais de africanos/as e descendentes, por meio das
noções de “transmigração” e “transatlanticidade”. Seus artigos foram publicados em diversos periódicos. Há
também registros dela em entrevistas a jornais e revistas de grande circulação nacional a exemplo do
“Suplemento Folhetim da Folha de São Paulo” e “Revista Manchete”.
Segundo Rattz, Beatriz, junto com outros pesquisadores como Eduardo Oliveira, Lélia González e
Hamilton Cardoso, trabalharam para que a temática étnico-racial ganhasse visibilidade social na universidade
e fortalecesse o discurso político do movimento negro. Além da militância intelectual, Beatriz era poetisa. Sua
poesia traz à cena a experiência de ser mulher negra. Ela fez parte de uma trajetória de mulheres que
combateram frontalmente o sexismo, o machismo e as violências domésticas. Essa sensibilidade se traduziu
em toda sua escrita.
Estava fazendo mestrado em comunicação social, na UFRJ, sob orientação de Muniz Sodré, quando sua
trajetória foi interrompida. Pagou com a própria vida a solidariedade de abrigar, em sua casa, uma amiga,
vítima de violência doméstica. Beatriz foi assassinada em 28 de janeiro de 1995 pelo ex-companheiro violento
de uma amiga, um presidiário beneficiado pelo indulto de Natal, que não retornou à prisão na data determinada.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/beatriz-nascimento/#gs.null
http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/mariabeatriz
http://raca.digisa.com.br/especiais/em-busca-de-igualdade/2009/
Nome: Maria Bibiana do Espírito Santo, mãe Senhora
Nascimento: 31 de março de 1900
Falecimento: 1967
Destaque: ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá que restabeleceu as relações religiosas com a África

Maria Bibiana do Espírito Santo nasceu em 31 de março de 1900,


na Ladeira da Praça, em Salvador. Filha de Félix do Espírito Santo e
Claudiana do Espírito Santo, ela descendia da nobre e tradicional
família Asipá, originária de Oyo (Nigéria) e Ketu (Benin), importantes
cidades do império iorubá. Sua trisavó, Sra. Marcelina da Silva, Oba
Tossi, foi uma das fundadoras da primeira casa da tradição nagô no
Brasil o Ilê Axé Aira Intile, Candomblé da Barroquinha, depois Casa
Branca do Engenho Velho, que deu origem aos terreiros do Gantois (Ilê
Axé Omi Iyamassê) e o Ilê Axé Opô Afonjá, do São Gonçalo do Retiro.
Iniciou suas obrigações aos sete anos, pelas mãos de Mãe Aninha,
fundadora do Axé Opô Afonjá, sendo preparada por ela para sucedê-la
no comando da casa. Em 1938, com a morte de Mãe Aninha, passou por
uma fase de transição, sob supervisão de mãe Bada de Oxalá, tornando-
se ialorixá definitiva em 1942. Continuando a tradição de Mãe Aninha,
Mãe Senhora recebeu durante anos, no Opô Afonjá, personalidades de todo o país: cientistas, escritores e
artistas, colocando-os em contato com a cultura milenar de raízes africanas, que a cada ano que passava se
tornava mais popular na Bahia, e que futuramente se espalharia pelo estado do Rio de Janeiro e daí para outros
estados.
Durante um evento em 1959, o escritor Jorge Amado saudou os convidados, em nome do terreiro e de
sua ialorixá, dizendo “Estais em vossa casa porque este terreiro de Xangô, este candomblé de Senhora, tem
sido – permanentemente e sempre – uma casa da cultura e da inteligência baiana… somos orgulhosos deste
templo e de seu significado.”
Em 2 de dezembro de 1917, casou-se com Arsênio dos Santos com o qual teve um filho único,
Deoscórides Maximiliano dos Santos, conhecido como Mestre Didi. Mãe Senhora manteve uma barraca na
rampa do antigo Mercado Modelo, conhecida como “A Vencedora”. Ali chegava bem cedo, entre 8 e 9 horas
da manhã, para vender frutas, bolachinhas de goma, manuês, cocada e doces diversos. Às 2 ou 3 horas da
tarde Mãe Senhora deixava a barraca e voltava para casa levando as compras do dia.
Pierre Verger, que desde 1946 fixara residência na Bahia e, a partir de 1948, fazia frequentes viagens à
África, já desenvolvendo pesquisas, tornou-se um interlocutor interessado na retomada das relações entre afro-
brasileiros e africanos. Foi assim, que em agosto de 1952, o rei Alafin de Oyo, rei dos iorubás, na Nigéria
concedeu-lhe o título honorífico de Iyá Nassô, que em Oyo, se refere às sacerdotisas encarregadas do culto de
Xangô. Assim, reiniciou as antigas relações religiosas entre a África e o estado da Bahia.
Dona Maria Bibiana do Espírito Santo comungava do entusiasmo de Pierre Verger de verem reatadas
as relações culturais com a África e recebia com frequência a visita de intelectuais e embaixadores de países
africanos como Daomé, Gana e Senegal. O governo senegalês conferiu-lhe, em 1966, a comenda do
“Cavalheiro da Ordem do Mérito”, pelos relevantes serviços prestados na preservação da cultura africana no
Novo Mundo.
Mãe Senhora morreu em 1967.

Texto retirado dos sites:


http://www.uniafro.xpg.com.br/biografia_mae_senhora.htm
https://jeitobaiano.wordpress.com/2010/03/31/mae-senhora-%E2%80%93-110-anos-do-nascimento/
http://ilustresdabahia.blogspot.com.br/2014/01/mae-senhora.html
Nome: Maria Felipa de Oliveira
Nascimento:
Falecimento: 4 de janeiro de 1873
Destaque: Lutou pela independência em Salvador, BA

Mulher negra e pobre, Maria Felipa de Oliveira quase nunca


é lembrada por seus feitos, embora seja reconhecida como
“Heroína Negra da Independência” pela população da Ilha de
Itaparica. É descrita como uma negra alta e forte, que vestia saias
rodadas, bata, torso e chinelas.
Moradora da Ilha de Itaparica, Maria queria um Brasil livre
dos portugueses, responsáveis pela escravização do povo africano
e da sua família. Os portugueses resolveram atacar com armas, e
Maria decidiu participar em defesa da Independência. Primeiro
espiava a movimentação das caravelas e depois tomava uma
jangada para Salvador, onde passava as informações para o
Comando do Movimento de Libertação.
Liderando um grupo de mulheres e homens de diferentes
classes e etnias, fortificou as praias com a construção de
trincheiras, organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo
e as chamadas “vedetas” que eram vigias nas praias, feitas dia e noite, a fim de prevenir o desembarque de
tropas inimigas, além de participar ativamente de vários conflitos.
Cansada do papel de vigia, resolveu entrar no combate. Ela sabia que uma frota de 42 embarcações se
preparava para atacar os lutadores na capital baiana. Então, Maria convidou mais 40 companheiras para a ação.
Ela e as outras mulheres seduziram a maioria dos soldados e comandantes. Após levá-los para um lugar
afastado, esperavam até que começassem a tirar as roupas. Quando finalmente os homens ficavam pelados,
elas davam uma surra de cansanção (planta que dá uma terrível sensação de ardor e queimadura na pele), para
depois incendiar todas as embarcações com tochas feitas de palha de coco e chumbo. Essa ação foi decisiva
para a vitória sobre os portugueses em Salvador, permitindo que as tropas vindas do Recôncavo entrassem sob
os aplausos do povo, no dia 2 de julho de 1823.
Diferente das outras heroínas do panteão do 2 de julho, Maria Felipa transgrediu os padrões impostos
pela sociedade por ser mulher e liderar um grupo armado e, sendo negra e pobre, reivindicar direitos mesmo
após o fim da guerra. Mulher, pobre, negra, marisqueira, essas são características não só de Maria Felipa, mas
de um grupo que teve participação significativa no processo de libertação da Bahia, mas que permanece, sob
vários aspectos, ignorado.
Ela é um símbolo de resistência, de uma população que mesmo notificada para deixar a ilha pelo governo
de Cachoeira, preferiu permanecer e lutar pela sua liberdade. Mesmo sem comprovação documental sobre
Maria Felipa, sua existência já está registrada pela população itaparicana, através da memória que lhe confere
diferentes significados. Maria Felipa faleceu no dia 4 de janeiro de 1873.

Texto retirado dos sites:


http://osheroisdobrasil.com.br/herois/maria-felipa-a-heroina-negra-da-independencia/
https://asminanahistoria.wordpress.com/2016/10/10/15-mulheres-brasileiras-que-deveriamos-ter-conhecido-
na-escola/
Nome: Maria Firmina dos Reis
Nascimento: 11 de outubro de 1825
Falecimento: 11 de novembro de 1917
Destaque: educadora e escritora do século XIX, considerada a primeira romancista brasileira

Maria Firmina dos Reis nasceu na ilha de São Luís do Maranhão, em


11 de outubro de 1825. Filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos
Reis, era bastarda e pobre, tendo sofrido muitos preconceitos. Em 1830,
mudou-se para a Vila de São José de Guimarães, município de Viamão.
Viveu parte de sua vida na casa de uma tia materna. Esse acolhimento teria
sido crucial para a sua formação. Como parte dessa formação, foi
incentivada pelo escritor e gramático Sotero dos Reis, seu primo por parte
de mãe, a dedicar-se na busca pelo conhecimento.
Maria Firmina não tinha posses, mas não vivia na pobreza. Ocupava
um lugar intermediário, porém mais próximo da pobreza do que da riqueza.
Em 1847, concorreu à cadeira de instrução primária no município de
Viamão, sendo aprovada. Nessa região, exerceu a profissão como professora
de primeiras letras, de 1847 a 1881. Denunciou as injustiças ocorridas no
campo da educação, de difícil acesso no século XIX. Ao se aposentar, no
início da década de 1880, fundou a primeira escola mista gratuita do estado do Maranhão. Essa iniciativa
causou escândalo no povoado de Maçaricó, e a escola foi fechada.
Em 1859, publicou o que é considerada sua principal obra e um dos primeiros romances abolicionistas
da literatura brasileira: “Úrsula”, em que narrou a condição da população negra no Brasil. A obra retrata os
horrores da escravidão e desenvolve as camadas psicológicas dos personagens negros, de grande importância
no enredo, apesar de ter no plano principal o amor impossível entre dois personagens brancos. Essa obra é
classificada como um dos primeiros escritos de uma mulher negra brasileira e com forte imersão em elementos
da tradição africana.
Maria Firmina viveu em um contexto de extrema segregação social e racial. Tendo em vista esse cenário,
pode-se considerar o romance “Úrsula” um ato de coragem. No entanto, como era comum numa época em que
as mulheres viviam submetidas a inúmeras limitações e preconceitos, principalmente as mulheres negras, a
educadora e escritora omitiu seu nome como autora, utilizando apenas a designação “Uma Maranhense”. As
questões da população negra e sua condição na sociedade inquietava e mobilizava a educadora. Então, em
1887, escreveu um conto sobre o mesmo tema, “A escrava”, e, compôs o “Hino à Libertação dos
Escravos” com ideais antiescravistas e republicanos.
Em outro romance, “Gupeva”, de 1870, a autora abordou o indianismo, com a história de um chefe
indígena que se apaixona por uma moça vinda da Europa, sem saber que se trata de sua meia-irmã. São histórias
bem novelescas, com um pano de fundo que retrata a sociedade de maneira ferrenha. Em 1871, publicou a obra
de poesias “Cantos à beira-mar”. Além disso, foi colaboradora de jornais literários, publicando poesias, contos,
ficção e crônicas.
Mãe adotiva de dez crianças, solteira toda a vida, morreu pobre, cega e esquecida em sua casa, em
Guimarães, em 11 de novembro de 1917. Felizmente, alguns autores e pesquisadores da atualidade resgataram
sua importância, comentando sua vida e obra. Tanta ousadia não poderia ter sido em vão.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/mariafirmina
http://www.geledes.org.br/maria-firmina-dos-reis-sofreu-muito-preconceito-mas-foi-a-primeira-romancista-
brasileira/#gs.dvhLp2k
Nome: Mariana Crioula
Nascimento: início do século XIX
Falecimento:
Destaque: líder, junto com Manuel Congo, da maior rebelião negra do Rio de Janeiro

Mariana Crioula viveu em Paty do Alferes, distrito da Vila de Vassouras,


região do Vale do Paraíba (RJ). No período do Brasil Império, nessas cercanias
do Rio de Janeiro, haviam prósperos municípios que impulsionavam a economia
baseada nas plantações de café. Na época, Paty do Alferes era a mais rica das
freguesias da Vila de Vassouras.
Em Paty do Alferes, o capitão-mor Manuel Francisco Xavier era um rico
proprietário de fazendas de café e açúcar. Para desenvolver a atividade investira
em um grande número de escravos, em torno de 500, cuja maioria eram homens.
Casado com Francisca Elisa Xavier, posteriormente Baronesa de Soledade, eram
donos das fazendas cafeeiras Maravilha e Freguesia. Mariana Crioula era
mucama e costureira de Francisca Xavier e embora fosse casada com o negro
José, escravo que trabalhava na lavoura, vivia na casa-grande.
Em 5 de novembro de 1838 se deu a maior fuga de escravos da história fluminense e o foco principal
estava nas fazendas Freguesia e Maravilha. A fuga fora liderada pelo ferreiro Manuel Congo, que conduzindo
os escravos da senzala, arrombou a porta e saiu no meio da noite. Levou consigo também escravos das fazendas
vizinhas. Mariana cuidou da missão de conseguir as armas de fogo, armas brancas, alimento e água para a
escapada e inevitável embate, o que fez com a ajuda de outras escravas da casa grande. Este grupo de mais de
400 escravos era liderado também por Pedro Dias, Vicente Moçambique, Antônio Magro e Justino Benguela.
Fugiram nas matas da Serra da Estrela, a caminho da Serra da Taquara, onde encontrariam a definitiva
liberdade. Situaram-se nas matas de Santa Catarina, nas fraldas da serra da Mantiqueira. Mas tão grande afronta
não seria permitida e Manuel Francisco Xavier pediu ajuda às autoridades competentes na figura do Juiz de
Paz José Pinheiro. O juiz imediatamente enviou mensagem ao Coronel-Chefe da Legião de Valença, Francisco
Peixoto de Lacerda Werneck, que viria a acionar a Guarda Nacional. Apenas 48 horas após o levante, Lacerda
Werneck já havia reunido 160 homens armados e prontos para a luta, que entrariam na densa mata, dispostos
a caçar os negros aquilombados. O coronel relatou nos autos da época que a negra Mariana, de 30 anos estava
a frente dos revoltosos, resistindo ao cerco da polícia sob os gritos de “Morrer Sim, entregar não!”. Escreveu
ainda que os escravos “fizeram uma linha”, e pegaram as armas, “umas de fogo, outras cortantes”, e
gritaram: “Atira caboclo, atira diabos”. “Este insulto foi seguido de uma descarga que matou dois dos nossos
e feriu outros dois. Quão caro lhes custou! Vinte e tantos rolaram pelo morro abaixo à nossa primeira
descarga, uns mortos e outros gravemente feridos, então se tornou geral o tiroteio (...)”.
No dia 12 de novembro, Mariana Crioula e Manuel Congo foram feitos prisioneiros, juntamente com
outros líderes da revolta e o grupo se dispersou. Dos mais de 300 fugitivos, somente 16 foram levados a
julgamento: sete mulheres e nove homens, todos escravos do capitão-mor Manuel Francisco Xavier, que assim
foi indiretamente punido pelos outros fazendeiros por não ter controlado seus escravos. Os escravos de outros
fazendeiros não foram julgados, nem mesmo aqueles que tiveram participação importante.
Dentre os indiciados, estavam Mariana Crioula e Manuel Congo. Mariana, que havia demostrado
valentia na mata, quando interrogada, procurou dissimular seu verdadeiro papel nos acontecimentos e alegou
que havia sido induzida à fuga. Mesmo tendo sido delatada por outros réus, Mariana foi inocentada por um
pedido de alta clemência de sua dona. Já Manuel Congo foi o único acusado de homicídio e condenado a pena
de morte, enforcado e decapitado sem sepultamento no início do mês de setembro de 1839. Os demais escravos
homens viriam a receber 650 chicotadas cada um além dos gonzos no pescoço durante 3 anos.
Conta ainda a tradição oral que, a partir desta data, a escrava Mariana Crioula voltando aos afazeres da
antiga fazenda da Freguesia, hoje Aldeia de Arcozelo, enlouqueceu, dizendo estar vendo Manuel Congo pela
fazenda como rei coroado.
Em 01 de junho de 2010, os deputados e vereadores do estado do Rio de Janeiro, decretaram por
unanimidade que Manuel Congo e Mariana Crioula recebessem o título de heróis do estado do Rio de Janeiro.

Texto retirado dos sites:


http://criola.org.br/?page_id=438
https://erickfigueiredo.wordpress.com/2009/12/12/um-amor-uma-resistencia-a-escravidao-manuel-congo-e-
marianna-crioula/
http://patydoalferes.rj.gov.br/historia/manoel-congo/
Nome: Mário Raul Moraes de Andrade
Nascimento: 9 de outubro de 1893
Falecimento: 25 de fevereiro de 1945
Destaque: poeta, romancista, folclorista, músico e líder do movimento Modernista no Brasil

Mário Raul Moraes de Andrade nasceu em 9 de outubro de 1893, em São


Paulo, filho de Carlos Augusto de Andrade e Maria Luisa Leite de Moraes. De
família abastada, era afrodescendente por parte de pai e mãe. Suas avós, Manuela
Augusta de Andrade e Ana Francisca de Andrade, eram primas entre si.
Mário de Andrade foi poeta, romancista, folclorista, crítico de várias artes,
músico e pesquisador musical. Durante três décadas, foi o maior símbolo da
vanguarda brasileira e um dos maiores renovadores da vida cultural e intelectual
de nosso país. Liderou o movimento modernista brasileiro, participou ativamente
da Semana de Arte Moderna de 1922 e trabalhou como diretor do Departamento
Municipal de Cultura de São Paulo entre 1934 e 1937, sendo reconhecido pelos
críticos como o mais importante intelectual brasileiro do século XX.
Formado em música no conservatório de São Paulo, tornou-se professor
catedrático na mesma área. Ao mesmo tempo, estudou história, arte,
especialmente poesia, e a língua francesa. Em 1920, já era integrante do grupo modernista de São Paulo. Nessa
época, Oswald de Andrade publicou um artigo no qual se referia a Mário como meu poeta futurista, após ler
os originais de “Paulicéia Desvairada”. Publicado no ano seguinte, este foi o primeiro livro de poemas
modernistas brasileiro.
Mário de Andrade foi o teórico do Modernismo, com destaque para o livro de ensaios “A escrava que
não é Isaura”, e um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, em 1922 – o maior evento da história
artística brasileira até então. A marca de sua carreira foi a busca constante de uma expressão artística
genuinamente brasileira, de forma a ultrapassar o meramente pitoresco para criar uma identidade nacional na
arte. Para tanto, buscou pesquisar e valorizar as raízes culturais do país.
Sua obra gira em torno de música, arte, literatura, etnologia e folclore, além da poesia, das crônicas e
romances, como o famoso “Amar, verbo intransitivo”. Destaca-se também com “Macunaíma”, o herói sem
nenhum caráter, um dos romances mais comentados da literatura brasileira no século XX.
Em 1924, faria com outros modernistas a excursão que ficou denominada como a Viagem da Descoberta
do Brasil, pelas cidades históricas de Minas. Além de diversas expedições para pesquisar as raízes culturais e
folclóricas do interior do país. As expedições resultaram em um vasto acervo registrado em vídeo, áudio,
imagens e anotações musicais dos lugares percorridos pela Missão de Pesquisas Folclóricas, o que pode ser
considerado como um dos primeiros projetos multimídia da cultura brasileira.
Na década de 1930, criou o Departamento Municipal de Cultura, onde sua atuação política estava
voltada para a disseminação de bibliotecas públicas e a produção de uma arte verdadeiramente nacional.
Depois de ser demitido, em 1938, com o Estado Novo, Mário entra em um período de depressão. Enquanto
esteve à frente do órgão, viu-se perto de concretizar seu credo modernista de uma arte social que servisse a
interesses coletivos do país. A reforma proposta por ele visava criar canais entre cultura erudita e popular,
nacional e estrangeira, fundar uma arte para estabelecer vínculos comunitários. Mudou-se para o Rio de Janeiro
e, nomeado por Gustavo Capanema, passou a ocupar cargos menores no Ministério da Educação e Cultura –
incompatíveis com quem já tivera uma centralidade na vida cultural do país. Mesmo assim, ele ajudou a fundar
as bases do que hoje é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). E sua visão de
conservação do patrimônio cultural é usada até hoje. Para seu biógrafo Eduardo Jardim, apesar de tudo que
conquistou, Mário de Andrade não foi um vencedor, mas um homem que dedicou sua existência a um projeto
artístico e de nação – para vê-lo derrotado no fim da vida. No dia 25 de fevereiro de 1945, Mário morreu em
sua casa, vítima de um enfarte.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/mariodeandrade
http://www.geledes.org.br/nos-70-anos-de-sua-morte-mario-de-andrade-ganha-primeira-biografia/
http://www.geledes.org.br/mario-de-andrade/
Nome: Milton Almeida dos Santos
Nascimento: 3 de maior de 1926
Falecimento: 24 de junho de 2001
Destaque: maior geógrafo brasileiro e primeiro negro a obter o título de professor-emérito da USP

Milton Almeida dos Santos nasceu em Brotas de


Macaúbas, na Bahia, em 3 de maio de 1926. Ainda criança,
migrou com sua família para outras cidades baianas, como
Ubaituba, Alcobaça e, posteriormente, Salvador. Em Alcobaça,
com os pais e os avós maternos (todos professores primários),
foi alfabetizado e aprendeu álgebra e a falar francês.
Aos 13 anos, Milton dava aulas de matemática no ginásio
em que estudava, o Instituto Baiano de Ensino. Aos 15, passou
a lecionar geografia e, aos 18, prestou vestibular para Direito em
Salvador. Enquanto estudante secundário e universitário marcou
presença na militância política de esquerda. Formado em
Direito, não deixou de se interessar pela Geografia, tanto que fez concurso para professor catedrático no
Colégio Municipal de Ilhéus. Nesta cidade, além do magistério, desenvolveu atividade jornalística, estreitando
sua amizade com políticos de esquerda. Nesta época, escreveu o livro “Zona do Cacau”, posteriormente
incluído na Coleção Brasiliana, já com influência da Escola Regional francesa.
Em 1958, concluiu seu doutorado na Universidade de Strasburgo, na fronteira da França com a
Alemanha. Ao regressar ao Brasil, criou o Laboratório de Geomorfologia e Estudos Regionais, mantendo
intercâmbio com os mestres franceses. Após seu doutorado, teve presença marcante na vida acadêmica, em
atividades jornalísticas e políticas de Salvador. Em 1960, acompanhou o presidente Jânio Quadros em viagem
a Cuba, como jornalista, e foi nomeado representante da Casa Civil na Bahia. Na época do golpe de 1964, foi
despedido da Universidade Federal da Bahia e passou três meses preso em um quartel de Salvador. As
agressões físicas sofridas na ocasião quase lhe custaram um olho. Só foi libertado após um princípio de infarto.
Em exílio voluntário, partiu para o exterior a convite de amigos franceses. Por 13 anos lecionou na
França, Canadá, Reino Unido, Peru, Venezuela, Tanzânia e Estados Unidos, sendo um dos poucos intelectuais
exilados a retornar ao Brasil, no ano de 1977. Foi consultor da ONU, da Unesco, da Organização Internacional
do Trabalho e da Organização dos Estados Americanos. Também foi consultor em várias áreas junto aos
governos da Argélia, Guiné-Bissau e Venezuela. Fez pesquisas e conferências em mais de 20 países, como
Japão, México, Índia, Tunísia, Benin, Gana, Espanha e Cuba, entre outros.
Milton Santos é considerado o maior geógrafo brasileiro. Recebeu mais de 20 títulos de doutor honoris
causa, escreveu mais de 40 livros e cerca de 300 artigos científicos. Lecionou nas mais conceituadas
universidades da Europa e das Américas e foi o único estudioso fora do mundo anglo-saxão a receber a mais
alta premiação internacional em sua especialidade, o Prêmio Vautrin Lud (1994), considerado o Nobel da
Geografia. Milton Santos também foi o primeiro negro a obter o título de professor-emérito da Universidade
de São Paulo. Destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da Geografia, em especial nos estudos de
urbanização do Terceiro Mundo. Foi um dos grandes nomes da renovação da geografia no Brasil ocorrida na
década de 1970.
Esquerdista convicto, criticava o caráter desumano das práticas globalizantes do capitalismo. Afirmava
que o mercado não resolve tudo e via na população pobre o ator social capaz de promover uma outra
globalização, fundamentada em princípios mais solidários. Consciente da situação do negro na sociedade
brasileira, analisava com acuidade quando dizia: “tenho instrução superior, creio ser personalidade forte, mas
não sou um cidadão integral deste país. O meu caso é como o de todos os negros brasileiros, exceto quando
apontado como exceção. E ser apontado como exceção, além de ser constrangedor para aquele que o é,
constitui algo de momentâneo, impermanente, resultado de uma integração casual.”
Morreu aos 75 anos, no dia 24 de junho de 2001, na cidade de São Paulo, em decorrência de um câncer
de próstata diagnosticado em 1994. Seu último livro, escrito com a professora Maria Laura Silveira, foi
publicado em 2001 com o título de “O Brasil: território e sociedade no início do século XXI”. Na ocasião do
lançamento, Milton afirmou que considerava essa obra a síntese de suas ideias.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/miltonsantos
http://www.geledes.org.br/milton-santos/#gs.null
http://miltonsantos.com.br/site/
Nome: Oliveira Ferreira Silveira
Nascimento: 1941
Falecimento: 1 de janeiro de 2009
Destaque: pesquisador, historiador, poeta e um dos idealizadores do Dia da Consciência Negra.

Oliveira Ferreira Silveira nasceu na área rural de Rosário do Sul, no Rio


Grande do Sul, em 1941. Era filho de Felisberto Martins Silveira, branco
brasileiro de pais uruguaios, e de Anair Ferreira da Silveira, negra brasileira de
pais gaúchos. Formado em letras Português-Francês pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professor de português e literatura da rede
pública de ensino. Além de poeta, desenvolveu atividades jornalísticas e
políticas no Movimento Negro.
Vivia em constante inquietação em relação a situação da população negra
no Brasil. Estudioso deste tema, tornou-se ativista fervoroso. Lutou pela
inclusão do negro nos diversos espaços da sociedade, dentre suas estratégias
consta a publicação de artigos, reportagens, contos e crônicas. A participação
na “Revista Tição” teve grande importância na vida intelectual de Oliveira
Silveira, pois constituiu-se em oportunidade para o ativista, desenvolver
trabalhos que tinham por características abordagens de qualificação positiva da
população negra, tendo por perspectiva dominante a valorização da cultura negra e seu protagonismo na
História do Brasil.
Teve vida política intensa, sendo um dos criadores do Grupo Palmares, de Porto Alegre, um dos
fundadores do Movimento Negro Unificado (MNU-RS) e integrante do Conselho Nacional de Promoção da
Igualdade Racial.
Como pesquisador e historiador, questionava, junto a outros ativistas, a data de 13 de maio como
referência festiva para os negros no Brasil. Vislumbrava a necessidade de haver uma data que unificasse o
pensamento/sentimento do povo negro brasileiro. A partir desta inquietação, durante a década de 1970, no
auge da popularidade da ditadura civil-militar no Brasil, Oliveira Silveira ousou romper paradigmas.
Mergulhou em uma pesquisa profunda e detalhada sobre a história do negro no Brasil e o processo de
resistência ao processo de dominação. Neste contexto, se deparou com a história do Quilombo dos Palmares e
seu líder Zumbi e com a data de seu assassinato, 20 de novembro. O desenrolar deste fato histórico aconteceu
em um processo de resistência, luta e bravura. Reconheceu-se nos acontecimentos e considerou que a data da
morte de Zumbi dos Palmares era efetivamente uma data que tinha requisitos que apresentavam objeto de
orgulho para a população negra. Foi então que juntamente com os membros do Grupo Palmares iniciaram a
mobilização para divulgar a data. Sete anos depois, em 1978, o ativista Paulo Roberto dos Santos sugeriu,
numa assembleia do Movimento Negro Unificado, o nome de Dia Nacional da Consciência Negra.
Oliveira Silveira escolheu a palavra como uma de suas ferramentas de resistência e, tendo em vista sua
habilidade, era considerado o “Poeta da Consciência Negra”. Como escritor, publicou até 2005 dez títulos
individuais de poesia: “Pêlo escuro”, “Roteiro dos tantãs”, “Poema sobre Palmares”, entre outros, e participou
de antologias e coletâneas no país e no exterior.
Em reconhecimento a seu trabalho, recebeu várias distinções como a menção honrosa da União
Brasileira de escritores, do Rio de Janeiro, pelo livro “Banzo Saudade Negra”, em 1969; medalha ao Mérito
Cruz e Souza, da Comissão Estadual para Celebração do Centenário da Morte de Cruz e Souza em
Florianópolis (SC), em 1998, dentre diversas outras honrarias.
Morreu em 01 de janeiro de 2009 aos 68 anos, vítima de câncer. Deixou um extenso trabalho de
valorização da luta do povo negro do Brasil.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/oliveirasilveira
http://www.geledes.org.br/oliveira-silveira/#gs.null
http://www.geledes.org.br/oliveira-silveira-um-dos-idealizadores-do-20-de-novembro/#gs.nHiL7u4
Nome: Raimundo de Souza Dantas
Nascimento: 11 de fevereiro de 1923
Falecimento: 8 de março de 2002
Destaque: escritor, jornalista e primeiro embaixador negro do Brasil

Raimundo de Souza Dantas nasceu em Estância, interior de Sergipe, em


11 de fevereiro de 1923. Foi filho de família humilde e com pais analfabetos: a
mãe Porfíria Conceição Dantas, lavadeira, e o pai Reis Café Souza Dantas,
pintor de parede. Raimundo permaneceu na escola por poucos meses devido às
dificuldades financeiras da família. Por isso, desde muito cedo teve de trabalhar,
aprendendo vários ofícios. Foi aprendiz de ferreiro e de marceneiro, e
entregador de embrulhos de uma casa comercial. Aos dezesseis anos, mudou-se
para Aracaju e começou a trabalhar na tipografia do “Jornal de Sergipe”, onde
eram publicados os jornais de Estância e da própria capital sergipana. Foi nessa
tipografia que começaria o seu processo de alfabetização tardio.
Já nas oficinas do “Correio de Aracaju”, ouvindo várias leituras de textos
de Jorge Amado, Machado de Assis e Marques Rebelo, feitas com o auxílio do
amigo Barbosa, um amante da literatura moderna, consolidou seu letramento.
Com a ajuda do amigo Armindo Pereira, passaria a escrever no periódico
“Símbolo”.
Aos dezoito anos (1941), chegou ao Rio de Janeiro onde começou a trabalhar em uma banca de frutas,
mas como não sabia fazer contas foi despedido. É graças a essa demissão que Souza Dantas pôde se aproximar
da literatura. Em 1942 contribuiu no semanário “Diretrizes”, depois passou a colaborar nos periódicos “Vamos
Ler”, “Carioca” e “Diário Carioca”, onde atingiu o posto de redator. Era também revisor de uma editora de
livros infantis. Em 1944 publicou seu primeiro livro, o romance “Sete Palmos de Terra”, com uma linguagem
simples e repleta de recordações de Estância.
Como jornalista, Raymundo integrou ainda as redações dos jornais “A noite”, “Jornal do Brasil”, “O
Estado de São Paulo”, dentre outros. Também atuou como jornalista na Rádio Nacional e como assessor
especial e debatedor no programa “Sem Censura” da TV Educativa.
No Rio, tornou-se amigo de grandes escritores, como Graciliano Ramos. Em 1945, lançava seu livro
“Agonia”, de cunho autobiográfico, e fundava o Comitê Democrático Afro-brasileiro, com Solano Trindade,
Aladir Custódio e Corsino de Brito. Essa associação lutava pela inserção da população afro-brasileira no
processo de redemocratização, através da luta pela melhoria das condições de trabalho e de educação.
Já como jornalista consagrado casou-se com Idoline com quem teve seu primeiro filho, Roberto. Em
1949 publicaria “Um começo de Vida” para a Campanha de Educação de Adultos do Ministério da Educação
e Saúde, onde relatava toda a sua trajetória de vida.
Foi nomeado oficial de gabinete do governo de Jânio Quadros em 1961, para em seguida ser designado
a Gana como o primeiro, e único (até então) embaixador negro do Brasil. Em 1976, assumiu a embaixada da
Argentina. Entre as duas nomeações, trabalhou no serviço público federal como técnico de assuntos
educacionais, cabendo-lhe organizar no MEC o Setor de Relações Públicas. Foi membro do Conselho Nacional
de Cinema e integrou a comissão para criação de serviços educacionais nos Museus; participou também do
Conselho Estadual de Cultura, no Rio de Janeiro.
De sua experiência como embaixador em Gana, escreveu o diário “África Difícil: missão condenada”
(1965), refletindo sobre a cultura africana e sua influência na sociedade brasileira. Nele encontra-se o registro
de suas pesquisas e contato com os descendentes de escravos repatriados do Brasil, bem como descreve as
dificuldades na carreira diplomática. Essa obra foi responsável por divulgar os estudos sobre uma comunidade
fundada por brasileiros em Acra, viabilizando um importante trabalho de documentação sobre aspectos da
história afro-brasileira.
Dantas integrou em 1966 o I Festival de Artes Negras, em Dakar, representando o Brasil e, em 1967,
participou do II Congresso das Comunidades Negras de Cultura Portuguesa realizado em Moçambique. O
escritor, jornalista e diplomata faleceu em 8 de março de 2002, no Rio de Janeiro, aos 79 anos e foi condecorado
com a Medalha do Pacificador, Oficial da Ordem Nacional do Senegal, Medalha Silvio Romero e Medalha
Santos Dumont

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/raimundodantas
http://150.164.100.248/literafro/data1/autores/116/dados1.1.pdf
Nome: Teodoro Fernandes Sampaio
Nascimento: 7 de janeiro de 1855
Falecimento: 11 de outubro de 1937
Destaque: engenheiro, geógrafo e historiador brasileiro

Um dos maiores engenheiros do país, além de geógrafo e historiador,


Teodoro Sampaio foi o primeiro a mapear a região da Chapada Diamantina.
Suas anotações ajudaram Euclides da Cunha a escrever “Os Sertões”. Foi
também um dos homens públicos de maior importância nos debates e
projetos urbanísticos do país, no final do século XIX e início do XX. Hoje,
municípios em São Paulo e na Bahia carregam seu nome, além de escolas,
túnel, ruas e travessas em cidades como Salvador, Feira de Santana, Curitiba,
Londrina, Rio de Janeiro e Santos, entre outras.
Teodoro Fernandes Sampaio nasceu em 7 de janeiro de 1855 na
cidade de Santo Amaro da Purificação, Bahia. Era filho da escrava
Domingas da Paixão do Carmo do engenho Canabrava e, supostamente, do
sacerdote Manoel Fernandes Sampaio, que o alforriou no batismo. Há quem
registre, no entanto, que seu pai era o senhor de engenho Francisco Antônio
da Costa Pinto. O próprio Teodoro, porém, jamais revelou publicamente a
verdadeira identidade de seu pai.
Aos dois anos de idade foi entregue a uma senhora da sociedade, D. Inês Leopoldina, que o criou até os
nove anos. Aos 10, foi levado para o Rio de Janeiro pelo padre e internado no colégio São Salvador, onde mais
tarde se tornou professor de matemática, filosofia, história, geografia e latim. Logo depois de formado na
Escola Politécnica, em 1877, voltou à Bahia e negociou a alforria de sua mãe e de seus dois irmãos, que ainda
eram escravos.
Em 1879, foi criada a Comissão Hidráulica do Império, para melhorar os portos e a navegação dos
grandes rios do interior brasileiro. Teodoro Sampaio fez parte da equipe, como engenheiro de 2ª Classe, mas
seu nome não apareceu no Diário Oficial junto dos demais integrantes, por ser o único negro e brasileiro entre
engenheiros estadunidenses. Somente após interferência do senador Viriato de Medeiros é que ele foi incluído
no Diário. Em 1881, foi nomeado engenheiro de 1ª Classe.
Na Comissão, participou de uma expedição pelo Rio São Francisco e suas anotações serviram de base
para seu livro “O Rio São Francisco e A Chapada Diamantina”, de 1905. Em 1883 integrou a Comissão de
Melhoramentos do Rio São Francisco, como 1º Engenheiro-Ajudante. Lá colaborou nas obras de barragem e
desobstrução dos trechos encachoeirados do rio.
Em 1886, Teodoro integrou a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, como 1º Engenheiro e
Chefe de Topografia. No governo de Prudente de Morais (1890), assumiu a chefia dos Serviços de Água e
Esgoto da cidade de São Paulo. A partir da década de 1890, Teodoro ganhou reconhecimento intelectual cada
vez maior, devido, entre outros fatores, à sua participação na comissão que organizou a Escola Politécnica de
São Paulo. Também foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Em 1901, lançou o livro “O Tupy na Geografia Nacional”, obra reconhecida como referência
fundamental no estudo do tupi e de sua influência na formação cultural do país. Em 1904, mudou-se para
Salvador, onde se dedicou à execução do Serviço de Água e Esgoto da cidade, entre outras obras. Em 1913,
foi eleito orador oficial e membro da comissão de publicação da Revista do Instituto Histórico Geográfico da
Bahia, na qual teve uma grande produção. De 1922 até 1936, foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico
da Bahia e, em 1927, foi eleito Deputado Federal.
A vida profissional de Teodoro Sampaio pode ser dividida em duas grandes fases. A primeira foi
desenvolvida sobretudo em São Paulo, entre 1873 e 1903, e a segunda se deu principalmente em Salvador, de
1905 a 1935. Nos últimos anos de sua vida, dedicou-se ao livro “História da Fundação da Cidade da Bahia”,
obra publicada postumamente em 1949. Teodoro morreu antes de completar o último capítulo, em 11 de
outubro de 1937, no Rio de Janeiro, onde residia.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/teodorosampaio
http://www.geledes.org.br/teodoro-sampaio/#gs.null
Nome: Tereza de Benguela
Nascimento:
Falecimento: 1770
Destaque: líder quilombola no Mato Grosso

“Rainha Tereza”, como ficou conhecida em seu tempo,


viveu no século XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso. Ela
liderou o Quilombo de Quariterê após a morte de seu
companheiro, José Piolho, morto por soldados.
Tereza desafiou a Coroa e o sistema escravocrata português
por mais de 20 anos, comandando a maior comunidade de
libertação de negros e indígenas da capitania de Mato Grosso. Ela
coordenava a estrutura administrativa, econômica e política da
comunidade, garantindo a segurança e a sobrevivência de mais de
100 pessoas, dos quais 79 negros e 30 indígenas.
Sua liderança se destacou pela criação de uma espécie de
Parlamento e de um sistema de defesa. Ali, era cultivado o
algodão, que servia posteriormente para a produção de tecidos.
Havia também plantações de milho, feijão, mandioca, banana,
entre outros.
O quilombo resistiu da década de 1730 ao final do século
XVIII. Tereza foi morta após ser capturada por soldados em 1770
– alguns dizem que a causa foi suicídio, para evitar se submeter ao
domínio dos brancos; outros que foi execução ou doença. Após
ser capturada, o anal de Vila Bela de 1770 afirma que: “em poucos dias expirou de pasmo. Morta ela, se lhe
cortou a cabeça e se pôs no meio da praça daquele quilombo, em um alto poste, onde ficou para memória e
exemplo dos que a vissem”. Alguns quilombolas conseguiram fugir ao ataque e o reconstruíram. Mas em 1777
foi novamente atacado pelo exército, sendo finalmente extinto em 1795.
A trajetória dessa mulher, preservada por quase 250 anos através da oralidade, começou a ser resgatada.
Em 2014, o 25 de julho foi instituído no Brasil como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher
Negra. No projeto de criação deste dia, Tereza é afirmada como um exemplo que “serve de espelho para as
mulheres negras que continuam a lutar contra um contexto adverso e discriminatório”.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/tereza-de-benguela-uma-heroina-negra/#gs._cVhqX4
https://www.brasildefato.com.br/2016/07/25/tereza-de-benguela-uma-rainha-que-desafiou-a-escravidao/
http://gshow.globo.com/TV-Centro-America/E-Bem-MT/noticia/2015/03/conheca-historia-de-tereza-de-
benguela-um-heroina-negra.html
Nome: Thereza Santos
Nascimento: 7 de julho de 1930
Falecimento: 19 de dezembro de 2012
Destaque: teatróloga, atriz, professora, filósofa, carnavalesca e militante pelas causas dos povos africanos da
diáspora e dos afro-brasileiros

Registrada com o nome de Jaci dos Santos, escolheu o nome artístico de


Thereza Santos. Nasceu no dia 7 de julho de 1930 em uma família numerosa.
Quinze anos depois, Thereza estreava no cinema, no filme “O Cortiço”, de
Luiz de Barros. Depois de quatro anos, lá estava ela, também, em “Orfeu
Negro”, de Marcel Camus, o único filme brasileiro a conquistar o Oscar de
melhor filme estrangeiro.
Participou do Teatro Experimental do Negro (TEN), do Rio e de São
Paulo e sua voz, então forte, ecoou em diversos espetáculos. Atuou também
em novelas da TV Tupi nos anos de 1960 e 1970, como “Nino, o Italianinho”,
“A Fábrica” e a primeira versão de “Mulheres de Areia”.
Ingressou na Faculdade Nacional de Filosofia (atual UFRJ) e tornou-se
integrante da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nessa efervescência
intelectual, começou a fazer teatro de rua, com perspectiva no engajamento
político. No final da década de 1960, participou como cofundadora do Centro
de Cultura e Arte Negra (Cecan). Durante a ditadura civil-militar, juntamente
com o sociólogo Eduardo de Oliveira, escreveu e encenou a peça “E agora falamos nós”, iniciativa considerada
uma das primeiras peças teatrais para um grupo exclusivamente formado por atores e atrizes negros.
O grande palco para Thereza Santos, porém, era a passarela dos cordões e escolas de samba, tendo criado
enredos, sempre baseados na história e na cultura afro-brasileiras para várias agremiações, principalmente a
Camisa Verde e Branco e a Unidos do Peruche.
Percebeu muito cedo os efeitos da discriminação racial. Impactada por essa descoberta, vislumbrou a
participação na Juventude e depois no Partido Comunista como alternativas para resolução de questões como
miséria e discriminação. Porém, teve dificuldades em tratar a questão racial e sempre recebia a resposta dos
integrantes de que a questão era social e não racial. Por sua relação com o PCB, foi presa nos anos 1970. Ao
ganhar liberdade em 1977, Thereza deixou o Brasil e optou por morar no continente africano, durante
aproximadamente cinco anos, onde trabalhou como educadora, contribuindo para a reconstrução cultural de
Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau.
Na década de 1980, foi a primeira negra a ser nomeada para o Conselho Estadual da Condição Feminina
de São Paulo. Foi assessora de Cultura Afro-Brasileira da Secretaria de Estado da Cultura do estado de São
Paulo entre 1986-2002, quando ajudou a implantar o Projeto Negro Consciência e Liberdade, do qual faziam
parte o Perfil da Literatura Negra, o Encontro Internacional de Música Negra e o Kizomba, um festival anual
multimídia que enegrecia a cidade de São Paulo.
Thereza, ativista e estudiosa dos temas raciais e de gênero, foi autora de diversos artigos sobre a cultura
e a mulher negra. Em 2008, publicou o livro “Malunga Thereza Santos: a história de vida de uma guerreira”,
no qual apresenta aspectos da história de sua vida: a família numerosa, a infância, a militância. Thereza militou
no Movimento Negro por mais de 50 anos e sua trajetória de luta não deixa dúvidas de que é um dos nomes
mais importantes e influentes no Movimento Negro Brasileiro.
Thereza faleceu em 19 de dezembro de 2012. Lutava contra um câncer de bexiga e insuficiência renal
crônica.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/therezasantos
http://www.geledes.org.br/thereza-santos-teatrologa-professora-filosofa-e-militante-negra/#gs.EUFSGRU
http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/176/artigo279475-1.asp/
Nome: Zeferina da Bahia
Nascimento:
Falecimento: 1826
Destaque: líder do quilombo do Urubu que participou do movimento de libertação da Bahia

Zeferina, segundo Maria Inês Cortes de Oliveira, tinha origem angolana e


foi trazida criança num navio negreiro, na primeira metade do século XIX,
encolhida nos braços da sua mãe Amália, para Salvador. Jovem, foi vítima de
castigo que lhe rendeu o pelourinho e uma coroa de espinhos. Meteu-se então em
busca de seus ideais libertários.
De acordo com a oralidade, Zeferina fundou o Quilombo do Urubu e uma
sociabilidade baseada em modelos africanos para se proteger e salvaguardar seu
povo da escravidão. Viveu num lugar denominado Matas do Urubu, na periferia
de Salvador, hoje região do Parque São Bartolomeu, Pirajá, parte de Cajazeiras e
Cabula, redutos de resistência quilombola no século XIX. Segundo Nina
Rodrigues, o quilombo se mantinha com a ajuda da casa de candomblé do pardo
Antonio.
Seus maiores atributos foram a destreza com o arco e flecha e sua liderança
nata. Era uma mulher que enfrentava os soldados e animava seu bando compelindo-o a investir contra o
inimigo através de palavras de ordem e de atitudes destemidas. Entre os rebeldes era conhecida por “rainha”.
Possuía grande eloquência e era estrategista de guerra. Os componentes de seu grupo devotavam a Zeferina da
Bahia uma obediência leal e consideravam-se súditos da “rainha”. Seu grupo era composto por negras e negros
nagôs, escravos fugidos ou libertos e indígenas.
Zeferina tinha ambições grandiosas, sabia que a liberdade no quilombo poderia ruir, haja vista o
quilombo do Cabula que foi destruído em 1807. Por isso, compreendia que era necessário se unir com os nagôs,
invadir a cidade e matar os brancos escravocratas para constituir uma liberdade plena para todo o povo negro.
O planejamento do levante estava organizado para ocorrer no dia 25 de dezembro de 1826, no natal,
como a própria Zeferina afirmou quando se encontrava aprisionada no Forte do Mar. No entanto, no dia 17 de
dezembro alguns capitães do mato tentaram surpreender, pensando que havia poucas pessoas na mata do
Urubu, e se depararam com cinquenta mulheres e homens aquilombados com espingardas, facas, arcos e
flechas e facões que derrotaram os capitães do mato, matando três e ferindo gravemente outros três. Nas matas
do Cabula, os sobreviventes encontraram o comandante de tropa, Jose Baltazar da Silveira, com doze soldados
e um cabo, vindo de Salvador para sufocar o levante. A eles se juntaram mais de vinte soldados das milícias
de Pirajá e foram atacar o Quilombo do Urubu. Com arco e flecha na mão, Zeferina confrontou toda a guarnição
que abriu fogo contra os aquilombados que resistiram motivados pelo grito de guerra: “Morra branco e viva
negro! Morra branco e viva negro! Morra branco e viva negro!” Foram intrépidos e corajosos na luta, mesmo
estando em desvantagem. No final, uma mulher e três homens do quilombo foram mortos, alguns fugiram e
outros foram presos juntamente com a rainha Zeferina. Foi presa no Forte do Mar, onde faleceu, sem abandonar
seus ideais e teve, segundo a tradição oral da região, perpassada pelos vários terreiros de candomblé, o seu
corpo enterrado nas terras do Cabula.
Zeferina também é referência no combate à violência doméstica e na redução de abusos contra crianças.
A rainha era taxativa em punir os homens que batiam em suas esposas, e os infantes, em geral, eram seus
protegidos. A negra Zeferina devotava, ainda, especial atenção aos anciãos de sua comunidade Urubu. Ela foi
protagonista e agente ativa de mobilizações em prol dos direitos fundamentais das comunidades da periferia
de Salvador. Foi a mais inclusiva das “rainhas” negras.

Texto retirado dos sites:


http://www.xapuri.info/etniagenero/consciencianegra/para-alem-do-genero-meia-duzia-de-mulheres-negras-
que-valem-por-mil/
http://dialogandocomdaiane.blogspot.com.br/2013/08/zeferina-rainha-do-quilombo-do-urubu.html
http://www.ceert.org.br/noticias/historia-cultura-arte/11273/zeferina-rainha-quilombola-que-lutou-contra-a-
escravidao-em-salvador-ba
Nome: Zózimo Bulbul
Nascimento: 21 de setembro de 1937
Falecimento: 24 de janeiro de 2013
Destaque: ator, cineasta e roteirista, um dos maiores expoentes do cinema novo

Nascido como Jorge da Silva em 21 de setembro de 1937 no Rio de


Janeiro, passou a chamar-se Zózimo Bulbul, nome com o qual se popularizou
como modelo e ator de cinema e televisão além de ser um dos grandes
personagens da produção cinematográfica afro-brasileira. Iniciou carreira
nos anos 1960, nos áureos anos do Cinema Novo no Brasil. A estreia no
cinema aconteceu no filme “Cinco Vezes Favela”. No final da década de
1960, tornou-se o primeiro negro a ser protagonista de uma novela brasileira,
em “Vidas em Conflito”, na extinta TV Excelsior, fazendo par romântico
com Leila Diniz. A novela foi tirada do ar pela censura.
Atuou em filmes importantes na história do cinema brasileiro, como
“Terra em Transe” (Glauber Rocha), “Compasso de Espera” (Antunes Filho),
“Pureza Proibida” (Alfredo Sternheim) e, mais recentemente, em “Filhas do Vento” (Joel Zito Araújo), entre
outros. Na televisão, destacou-se sua participação na novela “Xica da Silva”, dirigida por Walter Avancini, na
extinta Rede Manchete, no ano de 1996; e na minissérie “Memorial de Maria Moura”, uma adaptação do
romance de Raquel de Queiroz, na TV Globo, no ano de 1996.
Zózimo estreou como diretor em 1974, com o curta-metragem em preto e branco “Alma no Olho”. O
título foi inspirado no livro do líder dos Panteras Negras Eldridge Cleaver, “Alma no Exílio”. O livro tornou-
se leitura corrente entre os intelectuais negros brasileiros, quase todos, naquele momento, antenados com os
movimentos políticos que ocorriam na África e nos EUA. Nesse sentido, refletia totalmente o ideário da
negritude afro-americana na história e na trilha sonora: a música “Kulu Se Mama”, de Julian Lewis, executada
por John Coltrane entra em “off”, enquanto o ator Bulbul, através de pantomimas, conta a história da diáspora
negra, desde a África até os dias atuais. No final o personagem, vestido de roupa africana quebra a corrente
branca que o prende pelos punhos. A mensagem não poderia ser mais política: a liberdade definitiva só virá
com a assunção da negritude cujo símbolo é a África.
Ainda em 1974, sentindo-se acuado pela repressão desencadeada com o golpe civil-militar, Bulbul parte
para um autoexílio europeu retornando somente em 1977.
A afirmação da cultura e da história do negro foi fundamental para o ativismo negro desde o final da
década de 1980. Nessa perspectiva, Bulbul realizou o seu primeiro longa-metragem, o documentário
“Abolição”, lançado em 1988, durante as comemorações do centenário da Abolição. Ousado, o filme pretende
contar a história do negro desde a abolição, a partir de entrevistas com artistas, ativistas, historiadores, políticos
e intelectuais negros. O dado político percorre todo o filme na base da denúncia de que nada mudou desde a
abolição até aquele momento. No entanto, há um discurso mais interno que se manifesta quando aparece uma
equipe de cinema formada por negros montando os sets e filmando. “Uma mudança e tanto! O que vemos está
mediado pelo olhar dessa equipe. Assim, não se trata apenas de contar a história do negro, mas de um ponto
de vista negro sobre a história”.
Em 1997, participou do Fespaco – Festival Pan-Africano de Cinema de Ouagadodou, considerado por
ele “A Cannes Africana”, para o qual prestou uma homenagem neste encontro no Brasil. Em 2007, fundou o
Centro Afro-Carioca de Cinema, onde desenvolveu o que é chamado de uma cinematografia afro-brasileira.
Nesse Centro são realizadas mostras de filmes, oficinas, debates, seminários e outras estratégias que objetivam
valorizar a compreensão do mundo através da arte cinematográfica que tenha por tema ou seja produzida por
afrodescendentes.
Zózimo faleceu em 24 de janeiro de 2013, em consequência de um câncer no colo do intestino. Em 50
anos de carreira, deixou um legado de atuação em 30 filmes, tendo dirigido cerca de 10 filmes focados nas
questões pertinentes à população negra. Ganhou 20 prêmios nacionais e internacionais.

Texto retirado dos sites:


http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/zozimobulbul
http://www.geledes.org.br/morre-o-ator-e-cineasta-zozimo-bulbul-aos-75-anos/#gs.MXjFuQE
http://www.geledes.org.br/tributo-a-zozimo-bulbul/#gs.3lLP2iA
Nome: Zumbi dos Palmares
Nascimento: 1655
Falecimento: 20 de novembro de 1695
Destaque: líder quilombola em Palmares

O Quilombo dos Palmares (localizado na Serra da Barriga,


entre os estados de Pernambuco e Alagoas, ocupando uma área
aproximada ao tamanho de Portugal) foi fundado por negros
escravizados fugidos dos engenhos de açúcar no início do século
XVII. Tratava-se de uma comunidade autossustentável – que
produzia sua alimentação e realizava trocas com as cidades
próximas – formada por libertos, escravos negros fugidos e
resgatados, além de indígenas e desertores. Ao longo de sua
existência, os dados oficiais indicam que chegou a ter mais de 20
mil pessoas, distribuídas em 11 povoados ou mocambos. Esse
número pode ter sido ampliado para justificar as diversas incursões
militares contra o quilombo – no total, 16 expedições oficiais da
Coroa Portuguesa.
Zumbi nasceu em Palmares, como um homem livre, no ano
de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português
quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado ‘Francisco’,
Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa.
Apesar destas tentativas de aculturá-lo, escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem.
De volta a Palmares, adotou o nome Zumbi, que significa “espectro, fantasma ou deus” no idioma quimbundo.
Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando
chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o
quilombo, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade
para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa. A proposta foi
aceita, mas Zumbi, juntamente com sua companheira Dandara, rejeitou a proposta do governador e desafiou a
liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa e a luta contra o
sistema escravista, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi
chamado para organizar a décima sexta expedição ao quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de
Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido
pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resistiu, mas foi
morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Diz-se que o negro
Zumbi foi morto com 15 ferimentos a bala e mais de 100 golpes de armas brancas. Um de seus olhos teria sido
arrancado, assim como a mão direita. O pênis foi cortado e enfiado em sua própria boca. A cabeça foi cortada,
salgada e levada para o governador Melo e Castro no Recife para ser exposta em praça pública, visando
desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Zumbi dos Palmares, hoje herói nacional, representa um marco de resistência e superação da ordem
escravocrata em nosso país. Segundo Edison Carneiro, “Zumbi é considerado um dos grandes líderes de nossa
história. Símbolo da resistência e luta contra a escravidão, lutou pela liberdade de culto, religião e prática
da cultura africana no Brasil Colonial. O dia de sua morte, 20 de novembro, é lembrado e comemorado em
todo o território nacional como o Dia da Consciência Negra”.

Texto retirado dos sites:


http://www.geledes.org.br/zumbi-dos-palmares/#gs.uao9d7E
http://www.geledes.org.br/como-os-bandeirantes-paulistas-destruiram-o-quilombo-dos-palmares-e-mataram-
zumbi/#gs.dIfnVqs
Jogo das Personalidades Negras
Esse jogo traz perguntas sobre personalidades negras nacionais e internacionais em algumas
áreas representativas como as artes, as ciências, a política e o esporte. Seu objetivo é destacar a
presença, embora por vezes limitada, de afrodescendentes nessas áreas e refletir sobre o conhecimento
dos alunos (e dos professores) sobre a existência dessas pessoas. Pode ainda levantar discussões sobre
a representatividade negra (ou a falta dela) nesses setores e sobre os estereótipos a respeito de que
papéis sociais costumam ser atribuídos a cada etnia ou do que é ser cientista ou do que é ser belo, por
exemplo.
A intenção do jogo é ser usado como uma mobilização inicial que detecte os conhecimentos
prévios dos alunos sobre a temática. Contudo, pode também servir como uma forma de averiguar a
compreensão do conteúdo após as discussões em sala de aula. Pode ser usado na íntegra ou apenas as
questões que interessem ao professor no momento. Pode ser aplicado em conjunto com o jogo da
memória ou separadamente.
O jogo em si é bastante simples: há vários tópicos que direcionam a pesquisa ou a memória
dos alunos em busca de representantes negros para determinada área, por exemplo “um presidente
negro”. Alguns são mais específicos como “uma atriz negra internacional”, outros mais gerais caso
de “um/uma artista plástico negro”. Além das questões, são fornecidas algumas possíveis respostas.
Para facilitar o trabalho do professor e a impressão, o jogo é apresentado em duas versões: uma apenas
com as perguntas, outra também com possíveis respostas.
As regras para sua aplicação podem ser negociadas entre professor e alunos e adaptar-se aos
objetivos de aprendizagem propostos. Em sua concepção, pensou-se em organizá-lo como um quizz,
dividindo os estudantes em equipes. A cada rodada um participante de cada equipe viria à frente da
sala e seria feita uma pergunta. Quem respondesse mais rápido, ganharia uma pontuação. Se
consultasse os colegas da equipe, a pontuação seria menor. E se utilizasse o celular para uma pesquisa
online, menor ainda. Por exemplo, 10, 5 e 2 pontos, respectivamente. Ao final, a equipe com mais
pontos ganharia um prêmio. Outra possibilidade, seria imprimir as perguntas e entregar
individualmente ou para cada equipe, estipulando um tempo para preencher a folha. Seria
interessante, após o prazo, averiguar quais itens não conseguiram ser preenchidos por nenhuma
equipe ou aluno (por exemplo, cientistas negros) e promover uma discussão a esse respeito. A
atividade pode incluir também uma pesquisa sobre alguns personagens que são respostas possíveis
(no caso, listar os cientistas negros e pedir que os alunos descubram qual a área de atuação e quais as
principais invenções ou descobertas realizadas por essas pessoas).
Jogo das Personalidades Negras - Perguntas

Pesquise e cite o nome de:


 um homem negro que fez história no mundo –
 uma atriz negra de sucesso no mundo –
 um esportista negro –
 um/uma intelectual negro brasileiro –
 uma mulher negra na política brasileira –
 um medalhista negro no esporte olímpico –
 um cantor negro na música internacional –
 uma modelo negra –
 um presidente negro no mundo –
 uma escritora negra africana –
 um homem negro na história nacional –
 um movimento de luta por direitos negros –
 uma cientista negra –
 uma mulher negra da história mundial –
 um ator negro nacional –
 uma apresentadora negra –
 um homem negro na política nacional –
 uma mulher negra da história brasileira –
 um escritor negro brasileiro –
 uma esportista negra brasileira –
 um escritor negro internacional –
 uma cantora negra nacional –
 um conjunto musical negro –
 uma atriz negra brasileira –
 um movimento de valorização da estética negra –
 uma medalhista negra no esporte olímpico –
 um/uma artista plástico negro –
 um cantor negro na música nacional –
 uma escritora negra brasileira –
 um ator negro internacional –
 uma cantora negra internacional –
 um cientista negro –
Jogo das Personalidades Negras – Respostas

Pesquise e cite o nome de:


 um homem negro que fez história no mundo – Martin Luther King, Malcom X, Nelson
Mandela, Koffi Annan;
 uma atriz negra de sucesso no mundo – Viola Davis, Josephine Baker, Issa Rae, Hattie
McDaniel, Whoopi Goldberg, Halle Berry, Jennifer Hudson, Ruby Dee, Queen Latifah, Taraji
P., Mo’Nique, Gabourey Sidibe, Octavia Spencer, Lupita Nyong’o, Angela Basset, Alfre
Woodard, CCH Pounder, Kerry Washington, Zoe Saldaña, Thandie Newton;
 um esportista negro – Muhammad Ali, Robson Caetano, Michael Jordan, Magic Johnson,
Pelé, Leônidas, Garrincha, George Weah, Tiger Woods, Lewis Hamilton;
 um/uma intelectual negro brasileiro – Abdias do Nascimento, Clóvis Moura, Lélia
Gonzáles, Beatriz Nascimento, Jurema Werneck, Sueli Carneiro, Edison Carneiro, Guerreiro
Ramos, Manoel Querino, Milton Santos, Oliveira Silveira, Teodoro Sampaio, Thereza Santos;
 uma mulher negra na política brasileira – Antonieta de Barros, Theodosina Rosário
Ribeiro, Benedita da Silva, Maria do Rosário, Marielle Franco, Marina Silva, Janete Pietá,
Jurema Batista, Leci Brandão, Olívia Santana, Claudete Alves, Rosângela Gomes, Rosário
Bezerra, Cristina Almeida, Fátima Santiago;
 um medalhista negro no esporte olímpico – Jesse Owen, Usain Bolt, Adhemar Ferreira da
Silva, João do Pulo, Teddy Rinner, Robson Caetano;
 um cantor negro na música internacional – Michael Jackson, Prince, Lionel Richie, John
Legend, B. B. King, Ray Charles, Louis Armstrong, John Coltrane, Bob Marley, James
Brown, Chuck Berry, Stevie Wonder, Usher;
 uma modelo negra – Naomi Sims, Naomi Campbell, Beverly Bond, Beverly Johnson,
Iman Mohamed Abdulmajid, Grace Jones, Lais Ribeiro, Jasmine Tookes, Maria Borges,
Janaye Furman, Leomi Anderson, Mariane Calazan;
 um presidente negro no mundo – Barack Obama, Nelson Mandela, Nilo Peçanha;
 uma escritora negra africana – Paulina Chiziane, Chimamanda Ngozi Adichie, Luvvie
Ajayi, Ana Paula Tavares, Djaimilia Pereira de Almeida, Marguerite Abouet, Noémia de
Sousa, Scholastique Mukasonga, Rutendo Tavengerwei, Yaa Gyasi, Ken Bugul, Ama Aita
Aidoo, Buchi Emecheta;
 um homem negro na história nacional – Ganga Zumba, Zumbi dos Palmares, Manoel
Congo, Negro Cosme, Dragão do Mar, Dom Obá, João Cândido, José do Patrocínio, Luiz
Gama, Aleijadinho, Teodoro Sampaio, André Rebouças;
 um movimento de luta por direitos negros – antiapartheid, direitos civis, pan-africanismo,
panteras negras, diáspora, movimentos decoloniais;
 uma cientista negra – Mae Jamison (medicina e engenheira), Jane Cooke Wright (medicina),
Katherine Johnson (matemática e engenharia), Alice Ball (química), Patricia Bath (medicina),
Sônia Guimarães (física), Maria Augusta Arruda (biociências nucleares), Simone Maia
Evaristo (biologia e citotecnologia), Viviane dos Santos Barbosa (química);
 uma mulher negra da história mundial – Ella Baker, Daisey Bates, Mary McLeod Bethune,
Elaine Brown, Rosa Parks, Shirley Chisholm, Septima Clark, Anna Julia Copper, Angela
Davis, Marian Wright Edelman, Any Ashwood Garvey, Fannie Lou Hamer, Dorothy Height,
Claudia Jones, Flo Kennedy, Pauli Murray, Diane Nash, Jo Ann Robinson, Josephine Saint
Pierre Ruffin, Maria Stewart, Mary Church Terrell, Sojouner Truth, Harriet Tubman, Ida Bell
Wells-Barnett, Maya Wiley, Majora Carter, Michelle Obama;
 um ator negro nacional – Lázaro Ramos, Érico Brás, Antonio Pitanga, Sérgio Menezes,
Milton Gonçalves, Norton Nascimento, Emanuel Araújo, Alexandre Moreno, Wilson Rabelo,
Maurício Gonçalves, Toni Tornado, Flávio Bauraqui, Oscarito, Grande Otelo, Tião Macalé,
Mussum, Jorge Lafond, Zózimo Bulbul;
 uma apresentadora negra – Oprah Winfrey, Franchesca Ramsey, Tiffany Haddish, Janet
Mock, Glória Maria, Zileide Silva, Aline Prado, Fernanda Carvalho, Adriana Couto, Maria
Julia Coutinho, Joyce Ribeiro, Luciana Barreto;
 um homem negro na política nacional – Abdias do Nascimento, Guerreiro Ramos, Joaquim
Cândido Soares de Meirelles, Nilo Peçanha, Alceu Collares, Celso Pitta, Francisco Glicério
de Cerqueira Leite, João Alves Filho, Paulo Paim;
 uma mulher negra da história brasileira – Aqualtune, Dandara dos Palmares, Tereza de
Benguela, Jovita Feitosa, Preta Simoa, Chica da Silva, Mariana Crioula, Luiza Mahin, Maria
Felipa de Oliveira, Zeferina da Bahia;
 um escritor negro brasileiro – Machado de Assis, Cruz e Souza, Lima Barreto, Mario de
Andrade, Solano Trindade, Joel Rufino, Paula Brito, Abdias do Nascimento, Adão Ventura,
Carlos Machado, Milton Santos, Paulo Colina;
 uma esportista negra brasileira – Fabiana Claudino (vôlei), Daiane dos Santos (ginástica),
Marta (futebol), Rosângela Santos (atletismo), Adriana Araújo (boxe), Ana Beatriz Bulcão
(esgrima), Erika Miranda (judô), Rosane dos Reis (levantamento de peso), Joice Silva (luta
olímpica), Etiene Medeiros (natação);
 um escritor negro internacional – Pepetela, James Baldwin, Colson Whitehead, Marlon
James, Wole Soyinka, Naguib Mahfouz, Chinua Achebe, Ralph Ellison, Ron Stallworth,
Solomon Northup, Touré, Cornel West, Richard Wright, Langston Hughes, Alex Haley,
Frederick Douglass;
 uma cantora negra nacional – Alcione, Elza Soares, Mart’nália, Ivone Lara, Clementina de
Jesus, Sandra de Sá, Elizeth Cardoso, Beth Carvalho, Negra Li, Leci Brandão, Luciana Mello,
Margareth Menezes, Paula Lima, Vanessa da Mata, Zezé Motta, Mahmundi, Nara Couto,
Gabi Amarantos;
 um conjunto musical negro – Fifth Harmony, OutKast, Destiny’s Child, Jackson 5, The
Temptations, The Supremes, Cheetah Girls, Boyz Il Men, Cidade Negra, Commodores, Nação
Zumbi, Só pra Contrariar, Ara Ketu;
 uma atriz negra brasileira – Elisa Lucinda, Taís Araújo, Camila Pitanga, Thalma de Freitas,
Ruth de Souza, Léa Garcia, Zezeh Barbosa, Sheron Menezes, Zezé Motta, Chica Xavier, Lucy
Ramos, Cris Vianna;
 um movimento de valorização da estética negra – black power, black is beautiful,
negritude;
 uma medalhista negra no esporte olímpico – Simone Biles, Ketleyn Quadros, Rafaela Silva,
Mireya Luis, Maria Suelen Altheman, Gabby Douglas, Sarah Menezes, Tiki Gelana, Fernanda
Garay;
 um/uma artista plástico negro – Ana das Carrancas, Bispo do Rosário, Aleijadinho, Mestre
Valentim, Arthur Timótheo, Benedito José Tobias, Benedito José de Andrade, Emmanuel
Zamor, Estevão Silva, Firmino Monteiro, João Timótheo, Horácio Hora, Antonio Rafael Pinto
Bandeira, Wilson Tibério, Floriano Teixeira, Waldomiro de Deus, Emanuel Araújo;
 um cantor negro na música nacional – Gilberto Gil, Djavan, Milton Nascimento, Dorival
Caymi, Tim Maia, Wilson Simonal, Pixinguinha, Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, João
do Vale, MV Bill, Chico César, Toni Garrido, Carlinhos Brown, Aniceto do Império, Paulo
da Portela, Jamelão, Neguinho da Beija-Flor, Bezerra da Silva, Donga, Sinhô, Ataulfo Alves,
Diogo Nogueira, Tiaguinho, Paulinho da Viola, Nelson Cavaquinho, Martinho da Vila,
Cartola, Antonio Candeia Filho, João Nogueira, Zé Keti;
 uma escritora negra brasileira – Maria Firmina dos Reis, Auta de Souza, Carolina de Jesus,
Conceição Evaristo, Elisa Lucinda, Mel Adún, Fátima Trinchão, Elizandra Souza, Miriam
Alves, Nina Rizzi;
 um ator negro internacional – Morgan Freeman, Samuel L. Jackson, Sidney Poitier, Denzel
Washington, Cuba Gooding Jr., Jamie Foxx, Forest Whitaker, Danny Glover, Eddie Murphy,
Will Smith, Don Cheadle, Chiwetel Ejiofor, Djimon Hounsou, Harry Lennix, Idris Elba,
Laurence Fishburne, Michael Clarke Duncan, Wesley Snipes, Terrence Howard;
 uma cantora negra internacional – Beyoncé, Rihanna, Jennifer Lopez, Mariah Carey, Alicia
Keys, Whitney Houston, Donna Summer, Tina Turner, Aretha Franklin, Billie Holiday, Nina
Simone, Bessie Smith, Josephine Baker, Diana Ross, Ella Fitzgerald, Chaka Khan, Cesária
Évora, Miriam Makeba;
 um cientista negro – Juliano Moreira (medicina), Charles Drew (medicina), George
Washington Carver (agronomia), Ernest Everett Just (zoologia), Charles E. Anderson
(meteorologia), David Blackwell (matemática), Clarence Ellis (computação), Neil deGrasse
Tyson (astrofísica).

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