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O que é a exclusão social?

A exclusão social é definida como um fenómeno que


provoca desigualdade no que se refere ao acesso dos
indivíduos ao mercado de trabalho, a uma pensão de
reforma que permita a subsistência a quem a aufere, a um
rendimento para cobrir todas as despesas essenciais a uma
habitação condigna e com o mínimo de condições.

Os factores, ou causas, que estão na origem deste


fenómeno são, essencialmente, o funcionamento da cultura
e das estruturas sociais existentes, na sociedade em que se
insere o indivíduo excluído. A sua existência está
relacionada com o modelo de desenvolvimento, pelo
processo de integração económica, pela cultura dominante
e ainda pelo sistema de poder político, em vigor nessa
sociedade. Por outro lado o fenómeno manifesta-se através
de uma precariedade económica na qual o rendimento
familiar é insuficiente para a satisfação de todas as
necessidades essenciais. Isto verifica-se a nível individual
devido a factores que podem ir desde a situação de
desigualdade face ao emprego, diferenças salariais, níveis
das pensões ou taxa de inflação que quanto mais elevada
se encontra mais penalizada a nível do poder de compra os
indivíduos que auferem um baixo rendimento. Para além
disto, as mudanças na estrutura familiar são também
origem da exclusão. Isto porque, esta também pode-se
dever ao enfraquecimento dos vínculos da solidariedade

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familiares às referidas mudanças na estrutura da família,


derivadas das elevadas taxas de divórcio ou separações,
número de famílias monoparentais, ao abandono das
crianças, ao número de idosos isolados ou internados em
instituições para terceira idade, entre outras. Para além do
mais, a precariedade dos rendimentos nas grandes cidades,
e não só, força as famílias de francos recursos a habitarem
em zonas degradadas dado que são poucas, ou nenhumas,
as opções habitacionais, devido às rendas elevadas ou às
dificuldades de obtenção de um empréstimo.

Os níveis de pobreza podem ser observados através


de unidades que são constituídas ou pelos indivíduos, pelas
famílias ou ainda pelos alojamentos. Actualmente, a
unidade familiar é a mais utilizada pois é nesse plano, que
os rendimentos e as despesas, são mais eficazmente
medidos.

A pobreza verifica-se então em vários domínios entre


os quais estão as condições de habitação, com falta de
conforto devido ao elevado grau de insalubridade, a
superlotação e inadequação dos alojamentos, de saúde em
que existe uma esperança de vida dos indivíduos mais
curta, e ainda ao nível da educação dado que, os indivíduos
jovens tendem a abandonar relativamente cedo a escola, a
par de um insucesso escolar que se verifica nas elevadas
taxas de reprovação. A população adulta é caracterizada
por uma elevada taxa de analfabetismo e baixa
escolaridade.

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Tipos de exclusão social

Alfredo Bruto da Costa identifica cinco tipos de exclusão


social, nomeadamente:

1- Tipo económico: Quando se trata fundamentalmente

de pobreza, ou seja, quando existe uma situação de


privação múltipla devido á falta de recursos. Este tipo
de exclusão é caracterizado por más condições de
vida, baixos níveis de instrução e de qualificação,
emprego precário entre outros.

2- Tipo Social: Quando a exclusão ocorre ao nível dos

laços sociais, ou seja, é uma privação de tipo


relacional, caracterizada pelo isolamento. Como
exemplo podemos considerar os idosos, deficientes, ou
seja, indivíduos com falta de autonomia pessoal e de
auto- suficiência. Este tipo de exclusão não tem a ver
directamente com a falta de recursos, apesar de por
vezes este tipo de exclusão ser decorrente do tipo
económico.

3- Tipo Cultural: A exclusão pode dever-se a factores

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culturais, como por exemplo o racismo, a xenofobia, as


minorias étnicas, o que dificulta mais vezes a
integração social dos indivíduos.

4- Origem Patológica: Diz respeito a factores de natureza

psicológica ou mental que muitas vezes podem gerar


situações de exclusão.

5- Comportamentos Auto-destrutivos: Que por vezes


levam a uma auto-exclusão. São comportamentos
relacionados com a toxicodependência, alcoolismo,
prostituição, entre outros. Muitas vezes este tipo de
exclusão tem por trás problemas de pobreza.

No que se refere aos factores de exclusão social,


podemos referir que estes estão associados as dimensões
que ela exprime, ou seja, há factores ambientais, culturais,
económicos, políticos e sociais na origem das diversas
formas de exclusão social.

Podemos dividir os factores em três grandes grupos:

1- Factores de ordem macro – Estes factores são


de ordem estrutural e estão relacionados com
o funcionamento global das sociedades;

2- Factores de ordem meso – De ordem


estrutural, mas que também podem resultar de
incidências conjunturais. São normalmente de
ordem mais local, situando-se no quadro das
relações e das condições de proximidade que

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regulam e interferem no quotidiano dos


indivíduos;

3- Factores de ordem micro – Situam-se a nível


individual e familiar e dependem, de lacunas e
fragilidades nos percursos sociais, de
capacidades frustradas ou não valorizadas, de
incidências negativas.

Pobreza e Exclusão Social que


relação…?

A pobreza e a exclusão social são vistas no mundo


actual como uma das situações mais intoleráveis mais
injustas e como uma das maiores ameaças a paz e ao
desenvolvimento. Este facto levou, e continua a levar a
uma panóplia de estudos e investigações que se
destinaram a compreender estes fenómenos em toda a sua
complexidade.

Os aspectos relacionais que caracterizam a pobreza e


a exclusão social bem como a crescente complexidade das
vertentes e factores considerados, “têm dificultado as
fronteiras de conceptualizaçao”. (Amaro, e tal,;in:Formar nº.
40;2001:10)

Estes fenómenos são geralmente confundidos ao nível


do discurso político e da própria formulação e avaliação da
Politica Social, tendo o conceito de exclusão social vindo a
ganhar importância em relação ao conceito de pobreza.

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Este facto pode ser explicado devido ao conceito de


exclusão social ser cada vez mais abrangente segundo
Amaro (2000:33);” a exclusão social pode implicar privação,
falta de recursos ou de uma forma mais abrangente a
ausência de cidadania se, por esta, se entender a
participação plena na sociedade, aos diferentes níveis em
que esta se organiza e se exprime: ambiental, cultural,
económico, politico e social.

A pobreza e entendida como uma “privação,


resultante de falta de recursos”. Assim sendo, a pobreza diz
respeito a uma das dimensões da exclusão social, ou seja,
ao rendimento, ao poder de compra, ao acesso a níveis de
consumo médios da sociedade, a capacidade aquisitiva, o
que levara a vários tipos de exclusão.

Assim podemos concluir que a pobreza é a dimensão


mais importante e marcante dos processos de produção e
reprodução de exclusão social, e que apesar de distintos,
estes conceitos, na generalidade, verificam-se
conjuntamente.

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Definição de violência

Do ponto de vista etimológico, violência deriva do


latim “violência”, que significa violência, carácter violento
ou bravio, força. Os dicionários contemporâneos definem
violência como: “facto humano de força ou brutalidade
normalmente visando, através do constrangimento ou
ameaça, a consecução de certo objectivo que não seria
possível sem estes”. (Enciclopédia Luso-brasileira da
cultura, 1988)

Podemos também dizer que não existe efectivamente


uma definição universal de violência. A sua definição varia
consoante os contextos e em função de normas. Além
disso, tem-se assistido a uma variação espacial e temporal
do seu significado.

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Este conceito nasceu nos anos 70, devido à


investigação sobre as mulheres maltratadas. Este conceito
integra e liga diferentes tipos de abuso cometidos sobre os
membros da família dependendo também do contexto em
que ela ocorre.

A violência doméstica é um problema que atinge


milhares de pessoas que muitas das vezes sofres de forma
silenciosa e dissimulada. É um problema que acomete
ambos os sexos e não costuma obedecer a nenhum nível
social, económico, religioso ou cultural específico, como
algumas pessoas podem pensar.

Violência doméstica – o que é?

Numa concepção alargada a violência doméstica


abarcará a violência física, psicológica e a violência sexual
que ocorre no espaço doméstico ou por causa dele,
exercida por um dos seus membros sobre o outro ou outros
ou, fora desse espaço, entre pessoas que com ele tenham
alguma relação.

Giddens define este conceito como um


comportamento violento de um membro da família contra
outro, onde a forma mais grave de violência doméstica é a
perpetuada por homens contra mulheres.

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A violência doméstica, quando assume a forma de


violência conjugal (por parte do marido contra a mulher) é
um fenómeno geograficamente generalizado e que afecta
todas as classes sociais, daí que seja difícil a sua analise.

Para entender a violência doméstica, deve-se ter em


conta alguns conceitos sobre a dinâmica e diversas faces
da violência doméstica, como por exemplo a violência
física, violência psicológica e violência verbal.

• Violência física
Sobre a violência física pode-se dizer que esta é o uso da
força com o objectivo de ferir, deixando ou não marcas
evidentes. É comum o uso de murros e “chapadas”,
agressões com diversos objectos ou líquidos quentes.
Quando a vitima é uma criança, além da agressão activa
e física são também considerados como violência os
actos de omissão praticados pelos pais ou responsáveis.

Quando as vitimas são homens, normalmente a


violência física não é praticada directamente, tendo em
conta a habitual maior força física dos homens. Quando
existe intenção de agredir, o acto pode partir de parentes
da mulher ou então a mulher pratica a violência durante
o sono, apanhando assim o homem de surpresa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 10 a


34% das mulheres do mundo foram agredidas

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fisicamente pelos seus parceiros.

• Violência psicológica
A violência psicológica pode ser também denominada
de agressão emocional, e é às vezes tão ou mais
prejudicial que a violência física. É caracterizada por
rejeição, depreciação, discriminação, humilhação,
desrespeito e punições exageradas. Trata-se de uma
agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas
que deixa cicatrizes emocionais para toda a vida.

Um tipo de agressão emocional é aquela que se dá sob


comportamentos histéricos. O objectivo desta agressão é
mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a
necessidade de atenção, carinho e de importância. A
intenção do agressor histérico é mobilizar outros
membros da família tendo como chamariz alguma
doença, dor, problema de saúde, resumindo algum
estado que exija atenção, cuidado, compreensão e
tolerância.

Torna-se muito importante falar na violência emocional


praticada por pessoas de personalidade histérica, porque
esta ocorre principalmente das mulheres.

Outra forma de violência emocional é fazer com que o


outro se sinta inferior, dependente, culpado ou omisso.
Este é um tipo de agressão emocional mais comum. O
agressor, nestes casos, tem prazer quando o outro se

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sente inferiorizado, diminuído e incompetente.

As ameaças de agressão física (ou de morte), bem


como as crises de quebra de utensílios, mobílias e
documentos pessoais são também consideradas
violência emocional, pois não existe ainda agressão física
directa.

Quando o companheiro(a) é impedido(a) de sair de


casa, ficando trancado(a) em casa também se considera
violência psicológica, bem como o controle excessivo (e
ilógico) dos gastos da casa impedindo atitudes do dia-a-
dia, como por exemplo, o uso do telefone.

• Violência verbal
A violência verbal normalmente dá-se paralelamente à
violência psicológica. Alguns agressores verbais dirigem as
suas criticas contra outros membros da família, incluindo
quando estes estão na presença de outras pessoas
estranhas ao lar. Em decorrência da sua menor força física
e da expectativa da sociedade em relação à violência
masculina, a mulher tende a se especializar na violência
verbal, mas este tipo de violência não é de facto monopólio
das mulheres.

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A violência doméstica como facto


histórico

Os factos históricos demonstram que o fenómeno da


violência doméstica não é novo e que as famílias de hoje
não são mais violentas do que as famílias tradicionais.

As mulheres situam-se no grupo de pessoas


historicamente mais agredidas no seio da família (ver
anexo nº1 e nº2). Estas agressões têm sido sobretudo

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praticadas pelo homem ao longo dos tempos. Desde a


Roma antiga que “o marido podia castigar, divorciar-se ou
matar por motivos de adultério, embriaguez ou por
frequentar jogos públicos.” (Gelles, 1995, p.452).

Ao longo da história da violência praticada sobre a


mulher foram desenvolvidos vários esforços de modo a
obter o seu reconhecimento como um problema social
grave, através da consciência pública e de um maior alerta
por parte dos profissionais.

No princípio dos anos 70, o movimento feminista


chamou a atenção para a violência doméstica enquanto
problemática que abrange a sociedade.

Esta situação foi conseguida através de uma


campanha de sensibilização pública e por uma luta por
implementar politica e medidas sociais de prevenção,
assistência e intervenção na família para protecção dos
membros mais vulneráveis (mulheres e crianças), e
também por avançar com uma adequação das leis vigentes
às necessidades específicas de protecção da mulher na
família.

A violência doméstica como problema

A violência doméstica não constitui um fenómeno


novo, nem tão pouco é exclusivo da família moderna, uma
vez que esta já existia desde os tempos da família

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tradicional, apesar de não colocar em causa o seu


funcionamento. A autoridade do marido assegurava ao
homem a obediência e o respeito da sua família. Embora a
violência doméstica não fosse considerada um problema
social, era utilizada como um meio para estabelecer a
autoridade do marido, mantendo assim uma imagem de
estabilidade.

«O marido podia bater na sua mulher impiedosamente, mas


a lei, na sua equidade, negava à mulher o direito de
processá-lo porque tal, assim alegava, poderia destruir a
tranquilidade do lar» (Pagelow, 1984, p.15).

Contudo a violência doméstica não foi logo denunciada


permanecendo muito tempo em silêncio.

No que se refere à família moderna a situação alterou-


se, sendo esta hoje vista como um lugar de
companheirismo e de afectos. Deste modo a violência
doméstica deixou de ser encarada como algo normal e
comum e passou a ser encarada como um problema social.

Cada vez mais se admite que o espaço doméstico


«constitui um espaço perigoso ocorrendo alguns crimes
violentos dentro das suas portas e entre os membros da
família» (Pagelow, 1984, p.03).

Com excepção da polícia, do exército e de outras


forças militares, a família é na nossa sociedade considerada
um grupo social violento, onde as acções violentas são
praticadas pelos seus membros.

Na família moderna existem dimensões contraditórias:

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a dimensão afectiva e a dimensão conflitual e violenta.

Relação Entre Exclusão Social


/Violência Doméstica

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Na nossa opinião a violência doméstica está


relacionada com exclusão social ou vice-versa, uma vez que
a exclusão social esta relacionada com a pobreza que é a
privação ao emprego, acesso ao atendimento das
necessidades básicas. E muitas vezes estes fenómenos
levam à violência em geral e doméstica principalmente.

A violência começa com algum tipo de exclusão. "A


sociedade deixa fragilizadas as pessoas que estão sem
emprego, que não têm acesso a uma série de
oportunidades e que são bombardeadas todos os dias pelos
meios de comunicação com propagandas de uma sociedade
de consumo para a qual poucos têm acesso.

Como a realidade é bem diferente da propaganda, o


resultado é a revolta e os desequilíbrios emocionais",
complementou, acrescentando que a violência acontece em
primeiro lugar na família, especialmente contra mulheres e
crianças, mais fracos.

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Conclusão
Por fim podemos concluir que a nossa problemática é
um assunto bastante delicado, e que estamos a gostar cada
vez mais. Falando da exclusão também é um tema
delicado, pois a exclusão está presente na nossa sociedade
e bem visível, é necessário estarmos atentos a esta
realidade, e uma vez que somos agentes de mudança
temos que olhar para esta realidade com um olhar critico e
nunca indiferente.

A exclusão está dentro de cada um assim como


a violência, pois é necessário saber dizer não.

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Bibliografia
- www. Google. Com

- Costa, Alfredo Bruto, “Exclusões sociais”, Edição Gradiva,


Lisboa.1998

- Revista Intervenção Social nº 28

- Artigo “Pobreza”

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