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Ednéia Aparecida Peres Hayashi

Fabiano Koich Miguel


Alexandre Bonetti
Alejandra Astrid Cedeño
Renata Grossi
Silvia Nogueira Cordeiro
Silvia Aparecida Fornazari
(Organizadores)

IV Congresso de Psicologia da UEL e


I Oficina do Pró-Saúde III:
A Psicologia e suas interfaces

Universidade Estadual de Londrina


Londrina – 2013
IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Ficha catalográfica (em preparação)

ISBN: 978-85-7846-210-9

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Resumos
Apresentações

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A Psicologia frente à Internação Compulsória


Raul Aragão Martins
O uso de drogas é paradoxal na sociedade moderna. Por um lado temos um forte combate às drogas
classificadas como ilegais, tais como a maconha, cocaína/crack e mesmo os medicamentos psicotrópicos,
quando utilizados sem receita e acompanhamento médico. No outro lado estão as drogas legais, que tem
permissão para venda e fazem uso de massivas campanhas publicitárias, tais como as bebidas alcoólicas,
em especial as cervejas. Os problemas decorrentes do uso de drogas, independente de serem legais ou não
são conhecidos e afetam mais fortemente crianças e adolescentes, por estas estarem em desenvolvimento
(MARTINS, MANZATO e CRUZ, 2005). Entre estes problemas a questão da dependência ou uso
compulsivo está relacionada com a área psicológica, pois são pessoas que têm suas condutas modificadas
pelo uso das substâncias psicoativas.
A Psicologia, embora desde seu início, no final do século XIX, tenha se interessado por este tema, atuava
de forma complementar a tratamentos médicos (JAFFE, 1992; LEEDS e MORGENSTERN, 1996) e só
recentemente passou a investigar e propor formas de atuação independente da Medicina, especialmente
dentro da linha cognitiva-comportamental. Liese e Najavits (1997) apontam os textos “How to Control
your Drinking” de Miller e Munoz, publicado em 1976, e “Relapse Prevention: Maintenance Strategies in
the Treatment of Addictive Behavior” de Marlatt e Gordon (publicado em 1985), como pioneiros nesta
área. Como forma de compreender a etiologia e o desenvolvimento das droga-dependências surgiram
teorias e modelos. Brickman e associados (data), para a elaboração da sua proposta, partiram de duas
perguntas: 1ª) Em que medida uma pessoa pode ser considerada responsável pelo desenvolvimento inicial
do problema? e 2ª) Em que medida uma pessoa pode ser considerada responsável pela mudança ou
resolução do problema? Respondendo “Sim” ou “Não” para estas duas questões surgem quatro possíveis
modelos.
No primeiro modelo, o Moral, a pessoa é responsável pelo desenvolvimento e mudança do
comportamento de dependência. Esta posição é sustentada pela opinião de que as pessoas devem ser
capazes de se comportarem de um modo moralmente correto e de resolverem, por si só, seus problemas.
O modelo oposto a este é o da Doença, também conhecido como modelo médico. Neste último modelo a
pessoa não é responsável nem pelo desenvolvimento da doença, nem por qualquer mudança no seu curso.
A pessoa tem a sua capacidade de controle de certas substâncias, como o álcool, seriamente afetada,
fazendo com o indivíduo não consiga evitar começar a beber e ou, uma vez começado, não conseguir
parar. O terceiro modelo, o Espiritual – a pessoa é responsável pelo desenvolvimento do problema, mas
não é responsável pela sua mudança, que está fora do seu alcance, por si só. O quarto e último modelo é o
Compensatório. Neste modelo, que tem como exemplo a abordagem cognitiva-comportamental, a pessoa
não é responsável pelo desenvolvimento do problema, que é visto como de múltiplas origens: fatores
orgânicos, psicológicos e sociais, mas é responsável pela sua mudança, sozinho, ou com apoio de
terceiros. O pressuposto deste modelo é que o comportamento de dependência é um padrão mal adaptado
de hábitos adquiridos por meio dos condicionamentos clássico, operante e por observação. A recaída é
vista como um erro ou um retorno temporário a padrões anteriores a decisão de mudança.
Em consonância com o modelo compensatório e a abordagem cognitiva-comportamental temos a política
de redução de danos, que apresenta as seguintes características (DONOVAN e MARLATT, 1998;
MARLATT, 1996; MARLATT et al., 1998; VAISSMAN, 2000; TELLES e BASTOS, 1995): a) É uma
alternativa de saúde pública para os modelos moral, criminal e de doença do uso e da dependência de
drogas; b) Considera a inevitabilidade de uso de drogas e a resistência do usuário em abandonar as
drogas; c) Abstinência como meta final e não inicial; d) Encontrar as pessoas onde estão realmente.
Finalizando, apoiamos a posição do Conselho Federal de Psicologia, que defende o Sistema Único de
Saúde (SUS), a continuação da reforma psiquiátrica, preferencialmente atendimento ambulatorial e os
direitos humanos, os princípios da saúde pública e as deliberações das Conferências Nacionais de Saúde e
de Saúde Mental devem orientar a aplicação e os investimentos públicos na criação das redes e serviços

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de atenção a usuários de crack, álcool e outras drogas (Documento completo do CFP em:
http://drogasecidadania.cfp.org.br).

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Atuação do psicólogo no sistema prisional


Eliane Marçal
Este trabalho se deu dentro de um sistema prisional, onde atuei na área realizando atendimentos clínico e
institucional aos prisioneiros da unidade, assim como desenvolvi alguns projetos para que o ser humano
presidiário, pudesse perceber que existem possibilidades de uma vida digna e honesta e que seu lugar no
mundo existe. Desde que queira fazer parte. Ouvi histórias fantásticas, fiz grandes amizades e até algumas
inimizades. Esse tempo foi como um doutorado, que jamais passarei igual. Convivendo com prisioneiros,
agentes penitenciários, funcionários e outros profissionais, conseguindo penetrar por entre as grades, nos
grandes mistérios da vida emocional e psíquica de todos. Aprendi a lidar com homens perversos,
incrivelmente perversos, mas sensíveis. Não falo ou escrevo para heróis, mas sim para pessoas que sabem
dar valor a vida, pois acredito na vida, mesmo derramando lágrimas, mesmo que esse tenha sido o inferno
da vida. Sabe-se da perda da liberdade, da restrição do espaço físico, das barbáries da perversidade que se
encontra em um presídio, entre tantas outras curiosidades, que só se aprende no dia a dia de um sistema
prisional. Com tudo que pude ver e observar entre os fatos, acontecimentos, relatos e dinamismo
dentro de uma unidade prisional, pode-se perguntar qual é o lugar da bondade no mundo atualmente?
Sabemos que as Instituições Prisionais, sendo resultantes de acúmulo de conhecimentos, tentativas e
erros, evoluem lentamente. Percebe-se que raramente se questiona sobre o que é a maldade, essa
perversidade que perdura, como se materializa e de onde vem o direito de coibi-la. Entretanto em contato
com a realidade, participando dela, pode-se refletir sobre em que consiste todo trabalho desenvolvido,
como avaliar e em quais circunstâncias poder-se-á contribuir para as mudanças procuradas, quando
enfrentamos dificuldades que por vezes são paralisantes. A busca de alternativas é grande e certamente
viável aos fatos, pois nada existe de mutável, estando diante de um sistema aberto à mudanças, que evolui
com a sociedade no seu contexto histórico. Aprendemos que devemos ensinar as pessoas a serem livres,
e que devemos fazer isso a qualquer custo, pois as mudanças dependem de nós, a verdadeira
transformação do ser humano. Contudo, diante de todo aprendizado, a felicidade torna-se identificada
com o que se pode chamar paradoxalmente de hedonismo estoico: gozar ao máximo a vida e assumir com
dignidade o sofrimento e a morte!

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Avaliação e intervenção comportamental na saúde infantil: Atenção à criança e ao adolescente com


doença crônica
Márcia Cristina Caserta Gon, Cláudia Razente Cantero, Cibely Francine Pacífico
Nas dermatoses crônicas infantis (por exemplo, dermatite atópica, psoríase, vitiligo) assim como em
qualquer doença de caráter crônico, o diagnóstico, a evolução da doença, os tipos de cuidados requeridos
e a visibilidade da condição da pele são fatores que afetam toda a família. Geralmente, além do
desconforto físico provocado pela própria doença, as crianças sofrem discriminações em diversos
contextos sociais e precisam estabelecer rotinas de tratamento que nem sempre produzem efeitos
imediatos e que concorrem com outras atividades consideradas mais reforçadoras. A desfiguração da pele
pode influenciar o desenvolvimento emocional das crianças, que é diretamente afetado pelo
comportamento da família, professores e amigos. Muitas pessoas, que se comportam de modo
estigmatizante em relação a estas crianças e adolescentes pode contribuir diretamente para a apresentação
de dificuldades de relacionamento, auto-estima baixa, falta de assertividade e de confiança, ansiedade e
depressão. Além disso, em determinadas situações, observa-se correlação entre o aparecimento ou piora
dos sintomas com situações de estresse agudo ou prolongado. Ao mesmo tempo, os pais, como
cuidadores primários, sofrem física e emocionalmente com a rotina de tratamento, principalmente quando
a criança resiste em fazê-lo adequadamente. O objetivo do minicurso é o de mostrar aos alunos do curso
de Psicologia uma proposta de intervenção comportamental para crianças com dermatose crônica e seus
pais e materiais educativos elaborados para esta população. Para este fim, serão inicialmente apresentados
os seguintes tópicos: Psicologia da Saúde, Análise do Comportamento e Saúde, Psicologia da Saúde
Infantil e Doença Crônica. Na segunda parte do curso serão mostradas partes das cartilhas, uma elaborada
para as crianças e outra para os pais. Na terceira parte será apresentada a proposta de intervenção
comportamental desenvolvida pelas autoras tendo por base a Análise do Comportamento.

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Corpos marcados: adolescência e criminalidade


Flávia Fernandes de Carvalhaes
Vivemos em uma sociedade marcada pela violência e obcecada por segurança, sendo que, diariamente,
somos invadidos por notícias, imagens e relatos de ações criminosas. Estruturada na inter-relação entre
sistemas políticos, científicos e culturais, a criminalidade se organiza em meio a processos como
desigualdade social, incitamento ao consumo, violência policial, espetacularização e virtualização da
vida, entre outros elementos que impregnam o cotidiano, em especial o dia a dia de moradores das
periferias brasileiras. Apesar da criminalidade se constituir como um fenômeno social complexo, pessoas
envolvidas em crimes são comumente descritas a partir de concepções individualizantes (psiquiátricas
e/ou morais), que encontram aportes em noções como “desvio”, “psicopatia” e “distúrbio de caráter”. Tais
prerrogativas implicam que criminosos sejam posicionados nos discursos estatais e midiáticos como
ameaças constantes à sociedade, o que “justifica” que estes estejam à mercê de estratégias
normalizadoras, que se materializam em aprisionamentos, internações, tratamentos, exclusões, e, por
vezes, extermínios. No intuito de contribuir no debate proposto no Simpósio “Psicologia e Direitos
Humanos”, buscou-se problematizar as diversas violências (institucionais, midiáticas e simbólicas)
vivenciadas diariamente por adolescentes em conflito com a lei. Outro objetivo desta comunicação foi o
de analisar as implicações dos diferentes posicionamentos de psicólogos que atuam com esta população,
na reafirmação de perspectivas excludentes e moralizantes e/ou na articulação de práticas e saberes que,
de modo crítico, tentam desconstruir eixos de dominação que circulam em torno desta temática.

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Dançar para potencializar a vida e os encontros: experimentações, vivências e percursos pela


psicologia social e pela arte na Oficina de Dança e Expressão Corporal
Tatiana Alves Cordaro Bichara
O objetivo desta apresentação é o de compartilhar a experiência de trabalho desenvolvida e coordenada
por mim, ao longo de 12 anos, na Oficina de Dança e Expressão Corporal, na interface da arte e da
psicologia social. Vinculada ao Movimento de Luta Antimanicomial e ao Projeto Coral Cênico Cidadãos
Cantantes, a Oficina de Dança atua a partir de três princípios: 1. Ser um grupo informal, aberto
(constantemente, a todos que queiram dançar, com ou sem experiência prévia em dança, com diferentes
condições sociais e de saúde, com mais de 18 anos), gratuito (sem ficha de inscrição) e heterogêneo
(visando a convivência com a diferença, na pele); 2. Pela ocupação e uso do espaço público de cultura,
por todos (realizamos os encontros da Oficina na sala Vitrine da Dança, na Galeria Olido - Secretaria de
Cultura da Prefeitura Municipal de São Paulo), e, 3. Pela arte da dança e da expressão corporal (contato e
improvisação), visando construir uma estética da inclusão, ou seja, uma arte em que todos cabem, de
formas singulares e não discriminatórias, daqueles que possuem mais e daqueles que possuem menos
habilidades ou contato com seus corpos. Entre o duro, o mole, o flexível e o rígido, o leve e o pesado,
todos permitem descobertas estéticas e possibilidades de movimentações diversas no contexto da criação
artística e no processo grupal, com o intuito de ampliar pesquisas de movimentos e de consciência
corporal dos participantes, bem como a convivência entre as pessoas de diferentes classes sociais e
condições de saúde, com objetivo artístico e alcance terapêutico. Os ensaios semanais da oficina
acontecem em uma sala totalmente envidraçada, localizada no centro da cidade, voltada para a rua.
Construímos uma exploração estética, ética e política e criamos uma arte provocativa e interventiva na
cidade, que permite ao grupo transitar, fazer ponte e abrir passagens, para além das polarizações
contemporâneas, do público e do privado, da arte e da psicologia, de si e do outro, do dentro e do fora, da
sanidade e da loucura, entre outros. Esse movimento é dado pelo processo grupal de compor os espaços
com gestos e movimentos dançados, okupando a cidade (León Cedeño, 2006), criando, o que chamamos
de lugar ponte (Spink, 2004; Deleuze e Guattari, 2008) no trajeto de territorializar e desterritorializar a
terra, cavando nela novas possibilidades para poder ser sujeito e potencializar a vida, recriando-a e
resistindo a morte (Espinosa, 2009) na atualidade neoliberal. Inventamos “dispositivos espaço-temporais
de um outro estar-junto.” (Rancière, 2002) na arte mobilizada pelas forças da criação e da resistência.
Pensada como um lugar-ponte, a Oficina de Dança pode ser entendida como promotora de saúde porque
permite, aos seus participantes e aos que a assistem, a vivência de encontros intensivos (Deleuze e
Guattari, 2010), o que possibilita a criação de laços de perseveração da vida pela potência de
experimentar bons encontros (Espinosa, 2009).

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Ecologia da paisagem. Um convite aos psicólogos ambientais


Veronica Sabatino
A busca por um maior conhecimento relacionado ao comportamento humano vem se tornando cada vez
mais importante na pesquisa da paisagem. Com base nessa idéia, o objetivo deste artigo é evidenciar
como o avanço desse conhecimento representa um convite aos psicólogos ambientais. Para tanto,
buscamos localizar algumas contribuições da psicologia ambiental dentro de uma estratégia de análise
baseada na ecologia da paisagem. A ecologia da paisagem possui como principal preocupação o
reconhecimento de possíveis caminhos para promover a recuperação e/ou conservação ambiental. Assim
como a psicologia ambiental, trata da problemática ambiental. Ambas as disciplinas partem da idéia de
que as pessoas são os agentes fundamentais para alcançar uma melhor qualidade ambiental, visam
compreender a interação delas com a paisagem, dentro de uma abordagem multidisciplinar. Com foco na
observação de elos entre os elementos e aspectos materiais e imateriais da paisagem visam explicar a
complexidade envolvida com os processos ecológicos, relacionados ao comportamento humano e as
iterações de ambos. Para alcançar os seus objetivos a ecologia da paisagem funciona como uma
ferramenta de planejamento ambiental, envolvendo etapas de observação, análise e tomada de decisão.
No momento da tomada de decisão é importante considerar um envolvimento das pessoas que utilizam a
paisagem, visto que evidencias empíricas demonstram que as pessoas apresentam diferentes sensos de
responsabilidade e preocupações sobre a paisagem e seus recursos. É importante salientar que muitos
trabalhos demonstram que o reconhecimento dessas variações é determinante para as chances de sucesso
das propostas de planejamento. Além disso, reconhecer a variação de interesses e sensos de
responsabilidade das pessoas também pode auxiliar a interpretação de prioridades e o reconhecimento de
diferentes preocupações em cada porção da paisagem. Nesse sentido, teorias sobre os processos
motivacionais, emocionais e cognitivos das pessoas envolvidas com a paisagem são cada vez mais
associados às pesquisas empíricas da paisagem, contribuindo com a definição das direções e focos de
observação multidisciplinar sobre a paisagem. Nesse sentido, a adoção de linhas de interpretação
baseadas na psicologia das pessoas, especificamente, aquelas que visem explicar padrões de
comportamentos, podem ser utilizados não apenas para alcançar uma maior objetividade na escolha e
apresentação das propostas, como também para ponderar os objetivos do levantamento e análise dados.
Evidencias empíricas cada vez mais enfatizam a importância de se adotar conceitos e ferramentas de
análise comumente utilizadas na psicologia ambiental na pesquisas da ecologia da paisagem, visto que
existe uma grande dependência das atitudes humanas para solucionar a problemática ambiental.
Palavras-chave: ecologia da paisagem, psicologia ambiental, planejamento ambiental.

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Elaboração de materiais para capacitação de pais e profissionais em análise do comportamento


Silvia Aparecida Fornazari, Nádia Kienen, Raquel Akemi Hamada, Victor Hugo Bassetto
O objetivo do curso é apresentar a elaboração de dois materiais para capacitação de pais e profissionais
em Análise do Comportamento: um material didático destinado a pais de pessoas que apresentam
comportamentos aberrantes; e o software ENSINO, um material educativo informatizado. O material
didático destinado a pais de pessoas que apresentam comportamento aberrante, ainda em fase de
elaboração, irá contemplar alguns princípios básicos da Análise do Comportamento e especificamente
alguns procedimentos para lidar com pessoas que apresentam comportamento aberrante e visam atender
às necessidades especiais que essa população apresenta. O material será avaliado e validado socialmente,
pelas famílias de pessoas que apresentam comportamento aberrante. Este estudo tem como contribuições
a possibilidade de fornecer um material didático de acordo com a literatura analítico comportamental que
atenda a demanda da população em questão com o objetivo de redução de comportamentos aberrantes.
Em relação ao segundo material a ser apresentado, o software ENSINO é um instrumento informatizado
interativo utilizado para a capacitação de pais, profissionais e professores na mudança de seus
comportamentos enquanto em interação com crianças que apresentam comportamentos socialmente
inadequados, por meio da aprendizagem de conceitos e princípios da Análise do Comportamento, em
especial os conceitos de Análise Funcional e Reforço Diferencial de Comportamentos Alternativos
(DRA). O conteúdo do software foi desenvolvido para ensinar conceitos e princípios da Análise do
Comportamento em 3 etapas. A Etapa 1 ensina os princípios básicos (comportamento, estímulo
antecedente, consequência, reforço, punição, extinção, discriminação, generalização, etc.), a Etapa 2
ensina especificamente os procedimentos de análise funcional e DRA e a Etapa 3 ensina conceitos básicos
para desenvolvimento de habilidades sociais. Serão apresentados alguns estudos já realizados com o
instrumento, seu funcionamento e uma atividade prática, que inclue a realização de partes de uma
possível capacitação pela audiência.
Palavras-chave: elaboração de materiais para capacitação, capacitação de pais, capacitação de
profissionais, análise do comportamento.

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Interseções entre Psicologia e Arte no campo da Saúde Mental


Maíra Bonafé Sei
Compreende-se que as práticas em Saúde Mental demandam uma interlocução entre diferentes áreas,
incluindo medicina, psicologia, artes, educação, trabalho e outras, em um trabalho de base intersetorial.
Com isso, mais do que uma oferta de cuidados centrada em consultas e prontuários, é importante que a
pessoa em sofrimento psíquico possa encontrar meios para a vivência de autonomia e efetiva inserção no
meio social. A partir destes apontamentos, entende-se que intervenções que proponham um diálogo com a
Cultura, com o campo das artes, podem contribuir para o proposto processo de reabilitação psicossocial.
Neste sentido, quando se observa a organização da rede de atenção em Saúde Mental, percebe-se a
existência de equipamentos - como os CAPSs, os Centros de Convivência (CECOs), as oficinas de
trabalho, os serviços de internação breve. Quanto aos CECOs, estes são serviços, cujo foco centra-se no
estabelecimento de laços sociais, que podem acolher práticas artísticas em sua grade de atividades,
operando a partir de uma lógica que justamente se distancia dos modelos tradicionais de cuidado. Foi a
partir desta compreensão que se propôs o Ateliê de Livre Expressão no Centro de Convivência Casa dos
Sonhos, serviço que integra a rede de atenção em Saúde Mental do município de Campinas. Esta oficina
era ofertada semanalmente, contando com a participação de quaisquer interessados em atividades no
campo das Artes Visuais, incluindo moradores de serviços residenciais terapêuticos e demais usuários de
serviços de Saúde Mental. Durante os encontros eram feitas propostas para o desenvolvimento da
criatividade dos participantes e experimentação de novas técnicas, além da promoção da convivência a
partir da diversidade, possível naquele espaço mediado pela linguagem artística. Eram também realizadas
visitas a exposições e espaços de Arte para maior aproximação com este campo e ampliação do repertório
expressivo dos participantes, além da montagem de exposições artísticas com as produções do Ateliê de
Livre Expressão. Por meio da experiência, pode-se considerar que interseções entre Psicologia e Arte
mostram-se profícuas no campo da Saúde Mental, se configurando como um fértil instrumento de
inserção social e promoção de saúde. Desta forma, entende-se ser interessante o estímulo, por parte dos
espaços de formação em Psicologia, de uma aproximação com as Artes de maneira a se desenvolver um
olhar mais amplo para as possibilidades de oferta de cuidado, favorecendo o desenvolvimento de práticas
que possam acolher a diversidade e complexidade do ser humano.

Palavras-chave: Psicologia; Arte; Saúde Mental.

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O desenvolvimento e a identificação de comportamentos autísticos


Silvia Murari
Estudos sobre avaliação e tratamento de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) sempre foi uma realidade para analistas do comportamento. Na atualidade, o tema autismo assume
importância mundial e no Brasil já existe Lei (168/2012) que institui uma Política Nacional de Proteção
dos Direitos da Pessoa com TEA na qual uma de suas diretrizes estabelece “a atenção integral às
necessidades de saúde da pessoa com transtorno do espectro autista, objetivando o diagnóstico precoce e
o atendimento multiprofissional”. O acúmulo de resultados científicos suporta, há algum tempo, que o
tratamento comportamental, principalmente quando iniciado precocemente, produz resultados excelentes.
Dessa forma, um dos desafios atuais para profissionais da psicologia é a identificação precoce de sinais
autísticos. O presente curso tem por objetivo apresentar a caracterização do TEA a partir do DSM-V, as
possíveis variáveis (biológicas e comportamentais) envolvidas no seu estabelecimento, os principais
sinais de alerta, já nos primeiros meses de vida e os elementos que compõem o processo de rastreamento
e avaliação. Espera-se que com este curso que os estudantes de psicologia possam estabelecer um
primeiro contato com tema e ter acesso aos elementos básicos envolvidos no desenvolvimento e
identificação precoce do TEA.

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Oficina de documentos periciais forenses


Rodrigo Soares Santos
A Revista Contato do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, edição de maio/junho de 2013,
informa que as Avaliações Psicológicas elaboradas por Psicólogos das Varas de Família do Estado, são o
principal conteúdo das denúncias dos processos éticos contra psicólogos. Nesse sentido é importante
indagar o que acontece com a formação de alguns profissionais que atuam na área da Psicologia Forense?
Seria a Universidade a única responsável pela atuação profissional? É dever do Psicólogo se manter
atualizado e algumas resoluções que norteiam o trabalho nesta área, possuem 10 anos, como a Resolução
007/2003 que define as regras para a escrita de documentos oriundos do processo de Avaliação
Psicológica. O surpreendente é que são encontradas perícias desqualificadas realizadas, tanto por
profissionais recém formados, quanto por profissionais antigos que possuem doutorado e dão aula em
graduações e pós graduações strictu senso. Algumas avaliações na área forense são de, tal forma,
negligentes, que são emitidos documentos em que apontam para abuso sexual de infantes sem que o
profissional Psicólogo tenha visto, entrevistado e avaliado a criança. Em outro processo específico a
Psicóloga Perita da Vara de Família sugere que a criança seja mantida afastada por pai, pois isso pode ser
prejudicial a ela e, neste caso também, a Perita optou por não avaliar a criança com a justificativa de
preservar a infante. De todo modo é fato que uma Avaliação Psicológica cuidadosa e técnica pode
contribuir para uma decisão judicial com a finalidade de esclarecer fatos processuais. Assim a Avaliação
Psicológica Forense será, muitas vezes, a única prova dentro de um processo e sua consequência, que
deveria ser contribuir com justiça, poderá ser desastrosa e injusta para as partes e à sociedade.

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Organização e motivação para estudar: Como e por quê


Nádia Kienen, Fernanda Torres Sahão, Raquel Akemi Hamada, Silvia Aparecida Fornazari, Tanisa
Prieto
Muitos estudantes ingressam no ensino superior com repertório de comportamentos de estudar
incompatível com as exigências desse nível de ensino. Isso produz impacto direto sobre sua qualidade de
vida, uma vez que a inabilidade para o estudo pode produzir uma série de prejuízos à saúde e ao
desempenho do estudante. Oferecer aos estudantes possibilidades para aprimorar seu comportamento de
estudar pode ser uma medida preventiva para diminuir a ocorrência de problemas de saúde apresentados
por estudantes e que sejam decorrentes da pouca habilidade para o estudo. Além disso, estudar é um
comportamento que permanece como fundamental mesmo depois de os indivíduos deixarem os bancos
escolares, por isso, a necessidade de ser desenvolvido de modo efetivo. Estudar é um processo
comportamental complexo que envolve vários outros comportamentos, dentre os quais: gerir o tempo de
estudo, manejar condições do ambiente que interferem no processo de estudo, manejar as próprias
estratégias de estudo a serem utilizadas, avaliar e manejar os aspectos que envolvem a motivação para os
estudos, além de avaliar os resultados do processo de estudo. Objetivando auxiliar na organização e
motivação para o estudo, este trabalho teve como objetivos capacitar os participantes a identificar
estratégias para organizar o tempo e o ambiente de estudo e a identificar aspectos que interferem na
motivação para os estudos. Para alcançar esses objetivos, algumas atividades foram propostas: 1)
exposição oral acerca de aspectos envolvidos com a organização do tempo e do ambiente de estudo e com
a motivação para os estudos; 2) atividades práticas de avaliação do impacto do tempo e do ambiente sobre
o processo de estudar, feita por meio de observação e vivências de estudo em ambientes inadequados; 3)
disponibilização de material que viabiliza diagnosticar o tempo e o ambiente de estudo com vistas a
fornecer alternativas de modificação dos aspectos que podem aumentar a eficácia no estudo; 4) avaliação
da relação entre tempo, ambiente de estudo e motivação para os estudos; 5) exame de aspectos envolvidos
com a procrastinação no estudo e identificação de alternativas para manejo da mesma. Haja vista a
complexidade dos comportamentos envolvidos com o estudar em contexto acadêmico e as escassas
capacitações para o desenvolvimento desse processo comportamental, várias outras capacitações são
ainda necessárias para o aperfeiçoamento do mesmo.
Palavras-chave: comportamento de estudo; ensino superior; capacitação.

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Prevenção da violência e do uso de drogas em crianças


Maria Luiza Marinho-Casanova
A Psicologia clínica comportamental tem publicado inúmeros estudos indicando intervenções baseadas
em evidências para diversos problemas de comportamento. Apesar disso, a conclusão apresentada na
literatura internacional é que o tratamento clínico é um improvável candidato para reduzir a prevalência
de um problema social como a delinquência. Os estudos indicam que o comportamento agressivo na
primeira infância é um relevante preditor de envolvimento com a violência e a criminalidade mais tarde, e
deve ser prevenido ou sofrer intervenção, já que em muitos casos não há remissão espontânea (melhora
sem intervenção clínica). A indicação, então, é focalizar esforços em desenvolver estratégias preventivas.
Os estudos de prevenção de problemas de comportamento em crianças apresentaram o conceito de fatores
chamados de risco ao desenvolvimento infantil adequado. Risco tem sido definido como condições
biológicas e ambientais que aumentam a probabilidade de resultado negativo no desenvolvimento. Fatores
que têm sido considerados riscos incluem variáveis biológicas, econômicas, familiares e de contexto.
Alguns exemplos são pobreza, desemprego, pouca habilidade parental materna, nível educacional dos
pais, saúde mental parental, ausência do pai, famílias numerosas, vizinhança adversa, sistema de saúde
inadequado, etc. Tem-se contatado que o maior número de fatores de risco a que uma criança é exposta
está relacionado à ocorrência de mais problemas cognitivos e comportamentais. Além disso, há resultados
que indicam que intervenções que promovem fatores protetores têm demonstrado benefícios de
prevenção. Em geral, os programas preventivos com melhores resultados atuam de forma a proteger as
crianças contra fatores de risco e aumentar a frequência ou fortalecer o efeito dos fatores de proteção. Os
principais fatores de proteção, com base em evidências, são: desenvolver comportamento pró-social
infantil, em especial habilidades sociais e autocontrole; melhorar o vínculo com a escola, melhorar os
resultados acadêmicos e, finalmente, atuar para melhorar as práticas parentais de educação infantil e a
qualidade da interação afetiva pais-criança. O curso tem por objetivo apresentar dados científicos sobre a
prevenção da violência e do uso de drogas. Além disso, apresentará dados de um projeto de extensão que
realiza intervenção preventiva com crianças e adolescentes de bairros pobres da cidade de Londrina.
Palavras-chave: prevenção, drogas, análise do comportamento.

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Psicologia ambiental e sustentabilidade: Contribuições para a gestão ambiental nas organizações de


trabalho
Rosângela Rocio Jarros Rodrigues
A Psicologia Ambiental estuda a relação entre indivíduo(s) e ambiente. Considera essa relação como
bidirecional e imbricada, no sentido de não haver supremacia de nenhum dos dois, pois ambos são ativos
e reagem às ações do outro, assim há um entrelaçamento entre eles. A Psicologia Ambiental, a partir de
1980, também tem se voltado para as questões ligadas ao movimento “verde”, conforme Pol (1993). O
uso dos recursos naturais nos remete então ao tema do desenvolvimento sustentável, que segundo Câmara
(2009, p. 79) é “aquele que atende às necessidades das gerações presentes sem comprometer a
possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”, essa definição é a mais
conhecida e utilizada e foi apresentada no Relatório de Brundtland em 1987. A preocupação com a
preservação ambiental é uma demanda urgente e implica em mudança de comportamento e compreensão
dos recursos naturais como finitos. Os estudos ligados à sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável
tem orientado as organizações de trabalho a fim de minimizarem o impacto ambiental dos processos
frente o uso de matérias primas e o destino dos resíduos produzidos. Desse modo, faz-se necessário a
gestão ambiental nas organizações, sejam elas privadas, públicas ou mistas, conforme preconiza as
normas da ISO 14001. A gestão ambiental incorpora princípios do desenvolvimento sustentável aplicados
em políticas ambientais que visam tanto os recursos humanos quanto os recursos ambientais, conforme
Campos (2011). Nosso objetivo nesse simpósio é apresentar como a Psicologia Ambiental e os princípios
da sustentabilidade contribuem para a gestão ambiental nas organizações de trabalho, reconhecendo que é
uma área interdisciplinar e que necessita do comprometimento e envolvimento direto dos gestores para
que os resultados sejam alcançados. Concluímos que todos nós precisamos nos envolver no cuidado com
o meio ambiente incorporando valores sustentáveis e adotando comportamentos pró-ecológicos.
Palavras chave: Psicologia ambiental; sustentabilidade; gestão ambiental.

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Psicologia ambiental: Possibilidade de atuação do profissional de psicologia


Solange Mezzaroba
Inicialmente gostaria de contextualizar minha participação nesta mesa. Minha aproximação com a
Psicologia Ambiental ocorreu no período em que estive afastada da UEL. Neste período, fui chamada
para desenvolver um trabalho numa instituição escolar, minha área de formação, que apresentava sérias
dificuldades em sua comunidade acadêmica. Diante dos problemas encontrados, alguns se referiam às
instalações da escola: precárias, adaptadas e que propiciava fugas constantes dos alunos, bem como a
entrada, na mesma de pessoas estranhas, conturbando a rotina escolar e interferindo na aprendizagem dos
estudantes. Instigada com estas questões deparei-me com meu desconhecimento das interferências do
ambiente construído no comportamento das pessoas. Como não saber as coisas, nunca foi problema para
mim, pois sei que, por mais que estude ou procure por informações nunca conseguirei abarcar tudo – há
muito tempo Paulo Freire me ensinou isso – fui em busca de respostas para minhas indagações. Esta
busca resultou no contato com a Psicologia Ambiental – disciplina existentes em algumas universidades
tanto na Psicologia como na Arquitetura, como era o caso da UnB e Federal do Rio Grande do Norte.
Parti para o estudo. Apresentarei algumas questões levantadas. Esta disciplina recente, mais recente que a
Psicologia mãe, possui 3 grandes momentos históricos: Início Século XX – efeitos da mudança
tecnológica (Revolução Industrial) gerando mudança de relação da pessoa com sua vizinhança, seja
habitacional ou natural, a qual tem que adaptar-se e dar resposta a novas necessidades geradas; Anos 60
- emerge em função da reconstrução física e social da Europa do pós guerra, as grandes migrações do
campo para cidade e a nova forma de reestruturação do habitat e moradia com a incorporação de novas
tecnologias; A partir dos anos 80 – surge em função da adaptação à novas tecnologias, o desequilíbrio
demográfico mundial, mudanças na habitação, velocidade das mudanças, ameaça de escassez de recursos
com deterioração dos ecossistemas, devido a estilos de vida ocidentais – globalização.
Segundo Gabriel Moser (1998), P.A. é uma disciplina que trata do “psicológico” quer dizer, do individuo
enquanto ser que pensa, que sente e que age, de um lado, e do ambiente, de outro. Portanto, psicologia
que lida com a pessoa em sua relação com o ambiente. Psicologia, na medida em que analisa as
percepções, as atitudes e os comportamentos da pessoa em sua relação explícita com o contexto físico e
social no qual ele evolui. Então, tratava-se de psicologia, desta forma me senti mais confortável, pois iria
encontrar conteúdos que me eram familiares. Cavalcante e Elali (2011) definem a P.A. como área ou
campo de conhecimento que tem como preocupação central o estudo das relações recíprocas entre pessoa
e o ambiente, tento como objetivo “compreender a construção de significados e os comportamentos
relativos aos diversos espaços de vida, bem como as modificações e influências suscitadas por nossa
subjetividade nestes ambientes. Em busca da compreensão das motivações que levam as pessoas a se
comportarem espacialmente de determinada forma, a PA enfatiza as relações entre os comportamentos
socioespaciais humanos e os diversos processos psicossociais nos quais os comportamentos se baseiam.
O ambiente – aqui é entendido como o entorno subjetivamente significativo de uma pessoa ou grupos.
Algo que real ou potencialmente tem um efeito sobre uma pessoa ou grupo – seja como um impacto
percebido abertamente, seja como influências mais sutis. Carvalho, Cavalcante e Nóbrega(2011) definem
ambiente, como sendo tudo o que estiver presente em um determinado contexto – o meio físico concreto
em que se vive - natural ou construído – vinculado às condições sociais, econômicas, politicas, culturais e
psicológicas do entorno específico. A reciprocidade se estabelece, pois qualquer alteração que possa
ocorrer em um de seus elementos provoca mudanças nos demais, levando a um novo contexto.
Moser (2011) aponta quatro níveis de análise que a PA pode realizar: 1) micro ambiente (espaços
privados, moradias, escolas, local de trabalhos); 2) ambientes de proximidade (bairro, praças, parques);
3) ambientes coletivos públicos (cidades); 4) ambiente global.
Mesmo se tratando de Psicologia, para dar conta de todos estes aspectos, a PA alia-se a várias disciplinas
que trazem no bojo de suas preocupações e discussões a relação do homem com seu entorno ambiental,
construindo portanto, um modelo de relação inter, trans, muti disciplinar. Dentre elas destacam-se a

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Arquitetura, Planejamento Urbano, Geografia Humana, Paisagismo, Sociologia, Educação, entre outras.
Estas disciplinas passam a serem parceiras e não clientes. Diante da complexidade das questões
ambientais possíveis de análise pela PA, a mesma exige uma pluralidade de métodos de investigação, o
que não é sinônimo de ecletismo, mas a busca de abarcar a amplitude da relação pessoa-ambiente, nas
diferentes visões de uma mesma realidade. A variedade de questões inerentes ao estudo exige que para
cada grupo de indagações, escolha-se uma modo especifico de apreensão da realidade ou vários havendo
a necessidade de realizar a triangulação dos dados. Podemos citar: situações experimentais; observação
(walk-around-the-block, walk-through), entrevistas, questionários, auto-relatos. Mapeamento
comportamental. Castello (2005), afirma que, estamos frente a severos problemas ambientais que
interferem nas condições da existência humana no planeta. Atualmente, no Brasil 80% da população vive
em ambiente urbano construído, isto significa em muitos casos uma ocupação desordenada, não planejada
que por consequência resultam em condições de vida e moradia precárias. Especificamente em Londrina,
vivemos hoje o encerramento do Plano Diretor das áreas da cidade. Este Plano visa adequar ou readequar
as zonas habitacionais da cidade. Bem, quem é londrinense ou há muito vive aqui sabe que a cidade teve
uma ocupação não planejada e sem expectativas de que se transformasse numa metrópole, diferentemente
de outras cidades paranaense como Maringá, Cascavel, entre outras. Tal falta de planejamento resultou
no que vivenciamos hoje. Áreas históricas e tradicionais sendo transformadas em regiões hiper edificadas.
Possivelmente no grupo gestor de planejamento não possui um psicólogo ambiental. Até mesmo nós
psicólogos desconhecemos esta possibilidade de atuação. Mas, imbuídos dos conhecimentos necessários à
esta atuação poderíamos muito contribuir na elaboração deste Plano Diretor. Como contribuições
podemos destacar: formulação de objetivos de uma Politica Ambiental; estimular a participação
comunitária; organizar as oportunidades de realização da vida, para morar melhor na casa, para viver
melhor nessa nossa casa TERRA; observar o uso e a ocupação dos espaços para entender os fenômenos
que estão em pauta num dado ambiente contribuem para explicar sua configuração e forma; levar uma
sociedade a se conhecer para dai tirar lições de seu contexto, incorporar as eventuais atitudes benéficas e
corrigir aquelas que são necessárias; buscar visibilidade junto à opinião pública, inserir-se com maior
ênfase nas ações públicas que envolvem planejamento. Para realizar estas atividades, o psicólogo, deve
saber comunicar a que vem, para que serve, porque existe, divulgar suas possibilidades – estudar.

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Psicologia do trânsito
Eliane Marçal
O que é Trânsito? Você utilizou o trânsito hoje? Pretende utilizar amanhã? E depois? Participar do
trânsito é compulsório, inevitável. O trânsito é o maior palco social que existe e deveria interessar a todos:
como o outro percebe e atua no trânsito. Vemos os problemas no Trânsito como a violência; as
estatísticas no mundo e no Brasil e as responsabilidades. Pelas estatísticas no Brasil, o Trânsito mata uma
pessoa a cada 11 min; atropela uma pessoa a cada 7 min; fere uma pessoa a cada 2,8 min; produz um
acidente a cada 31 seg; faz 30 mil vítimas fatais/ano (local); FENASEG - Federação Nacional das
Empresas de Seguros; Privados e de Capitalização indeniza 40 mil/ano - 1 avião/dia.
Segundo o Anuário Estatístico DETRAN/Pr 2005, os acidentes de trânsito nas vias municipais do Estado
do Paraná: crianças até 1 ano = 2ª causa de morte; entre 1 e 4 anos = atropelamentos são a 2ª causa de
morte; entre 5 e 14 anos = causa líder de morte. Nos acidentes aéreos x carros temos: 06/09/89: Boeing
737 Varig - São José do Xingu/MT. 54 pessoas a bordo. 8 mortos; 12/02/90: Fokker 100 TAM cai perto
aeroporto. Bauru/SP. Atinge casas e um carro. 36 passageiros e três tripulantes sobrevivem. Motorista do
veículo e filho de 4 anos morrem: 2 mortos.; 31/10/96: Fokker 100 TAM cai após decolar.
Congonhas/SP. Morrem 3 pessoas atingidas em solo e 9 passageiros e tripulação; 09/07/97: Explode
bomba caseira em Fokker 100 TAM. Congonhas/SP. 9 pessoas se feriram; 18/11/99: Fokker 100 TAM
derrapa ao pousar. Aeroporto Santos Dumont/RJ. Pára a 100 m da baía da Guanabara. Não houve feridos;
09/08/06: Fokker 100 TAM, ia de São Paulo ao Rio. Uma porta se soltou. Ninguém ferido; 29/09/06:
Boeing 737 Gol. Serra do Cachimbo; MT. Caiu após chocar-se no ar com um jato Legacy. Morreram 154
pessoas; 13/10/06: Sêneca particular Espírito Santo: 6 mortos. Com esses dados temos em 17 anos = 8
acidentes aéreos. Então com 8 acidentes aéreos x 100 mortos (exagero) = 800 mortes : 800 mortes em 17
anos = 47 mortos/ano. Mortes do trânsito – 30.000 (subestimado) e Mortes da aviação 47
(superestimado). Então temos: 30.000 / 47 = 638,29 .Com isso o trânsito mata 638,29 vezes mais que os
desastres aéreos.
Considerando dados do IPEA e Denatran 2006 (base 2004/2005) Projeto Impactos Sociais e Econômicos
dos Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras o custo total dos acidentes em rodovias: R$ 24,6 bi /
ano; acidente com vítima fatal: R$ 421 mil; prejuízos diretos = US$ 4 bilhões / ano (IPEA 2004); é o
2º.lugar no ranking de problemas de saúde (IPEA 2004); 50% leitos hospitalares ocupados (IPEA
2004). U$S 10.000/dia para determinados politraumatizados; IPEA – Estudo sobre o Impacto Social dos
Acidentes de Trânsito (2006). Qual é o custo social de uma criança que perde sua mãe ou pai num
acidente? de um homem ou mulher que adquiriu uma doença grave?
Conclusão do estudo: acidentes afetam a saúde da família, comprometendo ou fortalecendo a rede social
para o enfrentamento do problema; a vítima, a família, os atendentes, precisarão de suporte psicológico
para ajudar a reestabelecer “o sentido de suas vidas”. Seletividade às avessas: estamos perdendo nosso
melhor potencial – diferenças entre as nações.
Soluções: Os três “E”s do trânsito: EDUCAÇÃO: Adultos - Jovens - Crianças; ENGENHARIA :
Responsabilidade - Fiscalização de projetos e obras Manutenção - * Educação para os “engenheiros”*;
ESFORÇO LEAL : Legislação – Fiscalização - * Educação para os administradores*
Trânsito na Escola: Trabalhar com a criança para atingir a família. A criança pode ser como agente
multiplicador: não há agente multiplicador mais eficiente do que a criança. Sensibilizando a criança, com
certeza atingimos a família
A Avaliação Psicológica é um processo que envolve a integração das informações provenientes de
diversas fontes, dentre elas, testes, entrevistas, observações, análise de documentos. Para essa avaliação
temos a testagem psicológica que pode ser considerada uma etapa da avaliação psicológica, que implica a
utilização de teste(s) psicológico(s) de diferentes tipos como o levantamento dos objetivos da avaliação e
particularidades do indivíduo ou grupo a ser avaliado; da escolha dos instrumentos/estratégias mais

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adequados para realização da avaliação psicológica; coleta de informações pelos meios escolhidos
(entrevistas, dinâmicas, testes...); integração das informações; indicação das respostas à situação que
motivou o processo de avaliação.
Resolução CFP nº002/2003: Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes
psicológicos e revoga a Resolução CFP nº 025/20
Objetivo da Avaliação Psicológica no Trânsito é Prevenir o Comportamento de Risco no Trânsito e
consequentemente evitar acidentes; tendo como Foco o Fator Humano. Esclarecendo a Avaliação
Psicológica ao candidato: ter uma boa noite de sono; alimentar-se adequadamente; chegar a clínica com
no mínimo 15 min. de antecedência; manter-se tranquilo e calmo; manter-se concentrado às orientações
do psicólogo. Para realização psicotécnica de Trânsito temos 03 tipos de atenção (dividida, alternada,
discriminativa, sustentada, concentrada, etc); inteligência (através do instrumento de Raciocínio Lógico);
memória; traços de personalidade; comportamento; orientação espacial. Na realização desta avalição
ocorre obrigatoriamente em duas etapas: Entrevista individual, com duração média de 30min.; Avaliação
Coletiva, com aplicação de testes, que tem duração média de duas horas; Ambos os exames, ocorrem no
mesmo dia e com o mesmo profissional.

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Psicologia forense
Rodrigo Soares Santos
A Psicologia Jurídica ou Forense possui uma abrangência significativa e seu campo de atuação tem se
expandido cada vez mais. O Psicólogo Forense pode atuar como Perito - indicado pelo Juiz - ou como
Perito Assistente Técnico – contratado pelas partes ou pelo Ministério Público. Na área de Família existe
a maior demanda, pois os trabalhos se estendem desde consultoria às partes, adoção, regulamentação de
visitas, disputa ou modificação da guarda, suspenção e destituição do Poder Familiar. Mesmo na área da
Família existe uma vertente criminal significativa, pois as acusações de abuso físico, sexual, psicológico e
negligência, surgem muitas vezes nos processos da Vara de Família. Na área Cívil, podemos atuar em
casos de interdição, sucessões, testamento, entre outros. Na área do Direito Penal ainda temos um vasto
campo a ser explorado como elaboração de perfil criminal, questões sobre testemunho, pesquisas em
relação ao comportamento desviante e nos programas de atendimento dentro do Sistema Penitenciário.
Infelizmente alguns mitos permeiam nossa profissão como a inferência direta de revitimização infanto-
juvenil no caso de testemunhos de crianças e adolescente envolvidos em situações de violência, nos
exames criminológicos e exames de cessação de periculosidade. Senão não o Psicólogo treinado e
qualificado, qual seria o melhor profissional para avaliar os atores jurídicos nestas situações. Certamente
isso é consequência de uma cultura forte de que a ciência do comportamento, a psicometria e a
subjetividade são questões distintas quando não incompatíveis e nos põe na contramão da Psicologia
mundial. Podemos abranger ainda mais nossa profissão, mas para isso quem norteia o trabalho da
Psicologia e em específico da Psicologia Jurídica, deveria pautar sua atuação baseado na ciência do
comportamento e focar na defesa da profissão e não na numa cultura do “eu acho” em detrimento da
pesquisa científica.

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Psicologia forense e análise do comportamento: Trabalhos realizados


Alex Eduardo Gallo
Os trabalhos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa têm sido variados e relacionados a diversos campos
de atuação da psicologia forense. Os trabalhos se iniciaram com o estudo dos processos comportamentais,
buscando responder como o comportamento criminoso de adolescentes é adquirido, mantido e
modificado. Foram identificadas variáveis relacionadas ao desenvolvimento do comportamento
antissocial, dentro da criminologia e elaborado estratégias de intervenção. A partir desse estudo,
desenvolvido no interior de São Paulo, uma replicação foi feita na cidade de Londrina, chegando a
resultados semelhantes, com o envolvimento em crimes relacionados a frequência escolar. A partir desses
resultados, estudos envolvendo o desenvolvimento de habilidades parentais foram conduzidos, com
objetivo de ensinar pais a lidarem com comportamentos antissociais dos filhos, quando esses problemas
ainda são em menor escala. Foi desenvolvido um programa de intervenção, de curta duração, com
resultados efetivos em ensinar habilidades parentais e reduzir comportamentos disruptivos dos filhos, em
famílias de adolescentes em conflito com a lei, em famílias com crianças e adolescentes com problemas
de comportamento e em crianças abrigadas em instituições. A partir desses estudos, um programa de
intervenção foi desenvolvido para atender famílias em descumprimento de condicionalidades do
programa bolsa família. Este foi uma modificação devido as características específicas dessas famílias.
Um outro estudo vem sendo desenvolvido para ensino de comportamentos de autocontrole com
adolescentes em conflito com a lei, combinando características dos estudos anteriores. Uma outra vertente
tem sido os trabalhos envolvendo abuso sexual infantil. Nesse sentido, um estudo foi desenvolvido para
ensinar professores da rede municipal a identificar sinais de abuso e fazer os devidos encaminhamentos.
No momento um estudo vem sendo desenvolvido para ensinar essas mesmas habilidades para
conselheiros tutelares. Um outro estudo que vem sendo conduzido é a análise das contingências
envolvidas na homofobia. A partir dos resultados dos estudos sobre abuso sexual, uma avaliação do
depoimento especial vem sendo realizado.
Palavras-chave: práticas parentais, criminologia, abuso sexual, problemas de comportamento, análise do
comportamento, psicologia forense.

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Psicologia social e mídias comunitárias


Elis Teles Caetano Silva, Herbert de Proença Lopes, Mariana de Oliveira Barbosa
Este minicurso tem como objetivo problematizar a relação entre mídias comunitárias, a produção de
subjetividade e suas fronteiras com a mídia hegemônica. Para além disso, trazer o modo como as mídias
populares e alternativas atuam no processo de visibilização, pertencimento e expressão política de grupos
que se opõem a ordem social vigente. A partir desse debate, posicionar as práticas psi na contribuição e
fortalecimento de potencialidades e formas contrahegemônicas de comunicação e produção de
subjetividades rebeldes que emergem no cotidiano: lutas, resistências e novos modos de existir. Por fim,
relatar as experiências no projeto de pesquisa "Psicologia Social e Mídia Comunitária na América Latina:
Um estudo junto a TVs comunitárias do Brasil, Venezuela, Bolívia e Argentina" (UEL) com o coletivo
das feministes indignades (Barcelona, Espanha), CatiaTve (Caracas, Venezuela) e a Associação Ciranda
da Cultura (Londrina-PR). Essas experiências com as mídias comunitárias que repercutiram em nossas
práticas em psicologia, com outras vozes, outras estéticas e modos de pensar a intervenção em políticas
públicas. Como no coletivo "Feministes Indignades" que na Praça de Catalunya, durante o Movimento
dos Indignados, feministas de diversos coletivos se encontram e tiravam dúvidas dos manifestantes sobre
feminismo pela rádio CONTRABANDA FM. Assim, possibilitou o incluir o debate sobre a luta feminista
dentro do contexto da crise econômica e reunir atualmente 150 mulheres, marcadas pela heterogeneidade
de idades, de coletivos e modos de exercer a sua sexualidade.

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Qualidade de vida no trabalho e gestão de pessoas


Rosângela Rocio Jarros Rodrigues, Gheovana Carla Brites
A Psicologia como área de conhecimento volta-se para a promoção da saúde e nesse sentido busca
estudar a relação do homem com a atividade laboral considerando sob quais condições ela ocorre, a fim
de compreender o impacto sobre a qualidade de vida no trabalho. Segundo Morin (2001) o trabalho pode
mobilizar valorações negativas como uma atividade desagradável ou que não é agradável, que deve ser
realizada em um lugar específico, sob as ordens de outra pessoa e que comporta exigências físicas e
mentais. Dessa maneira, o trabalho seria uma atividade obrigatória para ganhar a vida. Contudo, o
trabalho pode apresentar-se como uma atividade satisfatória contribuindo para a saúde mental do
trabalhador. Portanto, é fundamental ao psicólogo conhecer os critérios que envolvem a qualidade de vida
no trabalho que são oito: 1) compensação adequada e justa; 2) condições de segurança e saúde no
trabalho; 3) oportunidade imediata para utilização e desenvolvimento da capacidade humana; 4)
oportunidade futura para crescimento contínuo e segurança profissional; 5) integração social na
organização de trabalho; 6) direito dos trabalhadores; 7) espaço total de vida no trabalho e fora dele; 8)
relevância social. Cada um desses critérios se divide em diversos indicadores que, por sua vez, são
atendidos por meio de políticas de gestão de pessoas instituídas pelas organizações. Essas políticas
referem-se às maneiras pelas quais a organização pretende lidar com seus membros e, por intermédio
deles, atingir os objetivos organizacionais, permitindo condições para que os objetivos individuais sejam
alcançados conforme Chiavenato (2005). Os processos de gestão devem estar em consonância com os
critérios de qualidade de vida no trabalho. Nesse sentido, o objetivo central desse mini curso é a
exposição dos critérios de qualidade de vida no trabalho e com isso contribuir para a atuação de alunos e
psicólogos, que pretende ou já trabalha na área de gestão de pessoas nas organizações. O método de
ensino será a exposição oral e o emprego de dinâmicas de grupo. O resultado esperado é a assimilação do
conteúdo programático visando a sua aplicação e investigação pelos interessados a fim de melhorar a
qualidade de vida no trabalho.
Palavras chave: Psicologia organizacional e do trabalho; qualidade de vida no trabalho; gestão de pessoas.

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Racismo: o que a psicologia tem a ver com isso?


Eduardo Baroni Borghi, Márcia Figueiredo Tokita
Tendo em vista que a temática racial é pouco discutida dentro da formação de psicologia, a proposta da
oficina é pensar sobre o sofrimento psíquico causado pelo racismo, questão que atravessa tanto a
formação profissional dxs psicólogxs, quanto sua atuação. Temos por objetivo discutir também a questão
do mito da democracia racial no Brasil, bem como seus reflexos em nosso cotidiano, falas e atitudes,
explorando ainda, a construção do imaginário sobre os corpos e cabelos negros. Atravessando a temática,
o conceito de branquitude, será abordado buscando discutir o legado de privilégio da população não-negra
no Brasil, legado de uma tradição escravocrata. A oficina será iniciada com a leitura da letra de uma
música do rapper GOG, intitulada “Carta a mãe África”, em seguida exibiremos algumas imagens do
projeto Wapi Brasil, que busca dar visibilidade a personalidades negras do país e discutir o genocídio da
população negra, através da campanha “Eu pareço suspeito?”. Na sequencia das imagens iremos fazer
uma pergunta geradora: “O que essas imagens provocam em você?”, para saber de onde os participantes
da oficina se situam no debate. A partir da síntese desse primeiro momento, iremos trazer o debate mais
teórico, através de uma roda de conversa, para provocar um diálogo maior e um espaço de troca de
experiências. Num segundo momento, exibiremos o documentário: “Somos todas elas: mulheres negras e
suas lutas”, afim de estabelecer uma conexão entre o aporte teórico e o cotidiano, para finalizar faremos a
leitura do poema “Mulata Exportação”, de Elisa Lucinda. Pensamos que a contribuição desta oficina pode
ser no sentido de propor uma discussão que possibilite ao psicólogx um olhar mais atento às
singularidades da construção do ser negro. Assim, seguimos construindo sentido e dando corpo à luta
antirracista.

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TDAH e a medicalização na infância e adolescência


Carolina Caires Motta, Ana Priscila Christiano, Juliana Brum
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de
causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.
Dentre as causas possíveis e inconclusivas destacamos as disfunções em neurotransmissores
dopaminérgicos e noradrenérgicos que atuam na região cortical do lobo frontal do cérebro (região
relacionada à inibição de comportamentos inadequados, a capacidade de prestar atenção, ao autocontrole
e ao planejamento), um comprometimento do lobo frontal e a uma predisposição genética. Ainda que
exista uma série de controvérsias a respeito, o TDAH é reconhecido oficialmente por vários países e pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e se caracteriza como o transtorno mais comum em crianças e
adolescentes encaminhados para serviços especializados. Os sintomas incluem graus inadequados no
desenvolvimento da atenção, da atividade motora e da impulsividade, com comprometimento
significativo das funções sociais, acadêmicas ou profissionais. Sua manifestação ocorre geralmente antes
dos sete anos de idade, com persistência por mais de seis meses em pelo menos dois ambientes diferentes
(casa/escola). No que se refere ao diagnóstico, vale ressaltar que nem toda criança que apresenta sintomas
de agitação, desatenção ou impulsividade, necessariamente possui TDAH. A desatenção, a hiperatividade
ou a impulsividade, principalmente quando não associadas, podem ocorrer em crianças sem TDAH ou ser
resultado de diversos problemas na relação das crianças com seus pais e/ou colegas, de sistemas
educacionais inadequados ou mesmo estarem associadas a outros transtornos comuns na infância e
adolescência. O tratamento do TDAH deve ser uma combinação de psicoterapia, orientação aos pais e
professores. A medicação, na maioria dos casos, faz parte do tratamento e os psicoestimulantes são
bastante eficazes. Por fim, conclui-se que o diagnóstico precoce pode auxiliar e ampliar as possibilidades
de atuação que deve ser composta de abordagens multidisciplinares.

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Teatro e Psicologia: Fazendo arte “com a deficiência” – sem barreiras e sem exclusão
Solange Leme Ferreira
Propiciar a expressão da Arte, sem barreiras e sem exclusão, é o que temos feito nas duas últimas
décadas, utilizando a linguagem teatral para evidenciar o potencial de jovens e adultos que possuem
deficiência intelectual. O trabalho se realiza mediante laboratórios, cujo propósito vai muito além do
desenvolvimento psicomotor e da percepção estética dos participantes, pois se estende também ao âmbito
cognitivo e sócio-afetivo de suas vidas. Assim, esses atores vão refinando habilidades tais como:
observação e interpretação de informações textuais e imagéticas, atenção dirigida e espontânea, expressão
de idéias, planejamento para a ação, improvisação, criatividade, entre outras. Concomitantemente, é um
ensejo para a identificação de referenciais de vida, a expressão de estados subjetivos pela comunicação
verbal e não-verbal, o auto reconhecimento de qualidades pessoais, assim facilitando o desenvolvimento
do autoconceito e auto-estima, da independência e autonomia e de habilidades relevantes para a sua vida
social. O que é desenvolvido nos laboratórios contretiza-se num texto cênico criado pelos próprios
participantes, o qual é, então, gradualmente, formatado pela equipe coordenadora até transformar-se num
espetáculo teatral, cujas apresentações também tem cumprido o seu propósito. Este poderia ser traduzido
pelo compromisso de levar à sociedade: a. compreensão e humanização da pessoa com deficiência
intelectual, ao mostrar ser ela capaz de representar uma personagem criada a partir de seus próprios
conceitos e idealizações sobre o mundo; b. informações acerca deste tipo de deficiência, bem como o
contato e interação com pessoas que apresentam esta condição de diversidade humana. Enfim, aportes
oriundos das áreas de Teatro e Psicologia tem embasado este trabalho, cujos resultados nos permitem
afirmar que pessoas com déficits na área cognitiva podem também se beneficiar da aprendizagem
mediada por outras vias de ensino - a experiência teatral. Seja nas construções artísticas, cognitivas,
sociais e afetivas durante os laboratórios, seja nas apresentações públicas e debate livre com os
espectadores, o teatro é um esplêndido recurso que torna possível ao ator com deficiência intelectual
revelar aspectos pessoais muitas vezes inimaginados ou depreendidos a partir de sua aparência e contatos
superficiais com o outro não deficiente – suas reais competências, limitações, expectativas e emoções.

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Resumos
Comunicação Oral

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A atuação da Psicologia Comportamental frente às demandas da Terceira-Idade: construção de


repertórios alternativos para a melhoria da qualidade de vida e bem-estar emocional.
Roberta Seles da Costa, Camila Carvalho Faria Andrade, Carolina Ribas, Deivid Regis dos Santos,
Jamille Mansur, Raissa Roberti Benevides, Stephanie Magri; Edmarcia Manfredin Vila
A velhice é uma fase da vida caracterizada por muitas transformações, tanto em nível biológico, quanto
psicossocial, o que por sua vez tende a favorecer o desenvolvimento de quadros depressivos nos idosos,
uma vez que ele pode deixar de fazer as atividades que antes eram prazerosas, diminuindo a probabilidade
de engajamento em atividades potencialmente reforçadoras. Nesse sentido, a literatura aponta que a
habilidade de interagir socialmente é fundamental para o idoso, aumentando a probabilidade de receber
apoio social e de ampliar diversos repertórios relevantes, além de melhorar a qualidade de vida, como
também lidar ou prevenir a depressão. Desse modo, a partir da relevância de intervenções na área de
Habilidades Sociais com a população idosa, bem como devido às demandas da Clínica Psicológica da
UEL em relação ao atendimento solicitado para tal faixa etária, desenvolveu-se uma proposta de
intervenção em grupo com idosos. Tal programa de intervenção está vinculado ao projeto de extensão
“Ensinando repertório alternativo em grupo para clientes com dificuldades interpessoais: uma proposta
para agilizar os atendimentos na Clínica Psicológica da UEL” e tem como foco o atendimento de idosos
que apresentam, direta ou indiretamente, queixas que envolvam relacionamentos interpessoais. Para a
formação do grupo, inicialmente entrou-se em contato com idosos que aguardavam em fila de espera. Em
um segundo momento, o projeto foi divulgado para a comunidade interna, a fim de preencher as vagas
disponíveis. Com o intuito de avaliar o perfil para o grupo, entrou-se em contato com 30 idosos. Desse
total 16 apresentaram interesse em realizar a entrevista de triagem, sendo que 10 aceitaram a modalidade
de intervenção em grupo. Na etapa pré-intervenção foram realizadas duas sessões individuais, para a
confirmação das dificuldades interpessoais, levantamento de antecedentes históricos e aplicação de
instrumentos: Inventário de Habilidades Sociais (IHS Del Prette, 2001), Escala de Depressão Geriátrica
(GDS-15) e WHOQOL-OLD que avalia a qualidade de vida da população idosa. O grupo conta com 7
participantes e teve início em Maio de 2013, de modo que já foram realizadas 8 sessões. O programa de
intervenção terá 20 sessões, sendo 14 semanais, três espaçadas quinzenalmente, duas com intervalo
mensal e a última após seis meses. Serão utilizados procedimentos do Treinamento de Habilidades
Sociais (THS), com ênfase em análise funcional, atrelado ao uso de vivências e técnicas
comportamentais. Na fase pós-intervenção, será realizada uma avaliação individual com as participantes
para reaplicação dos instrumentos. Ao final do programa, espera-se que diminua a frequência de
comportamentos depressivos, além da aquisição e/ou ampliação de comportamentos socialmente
habilidosos e generalização das mudanças comportamentais para o ambiente natural, contribuindo para a
manutenção de relacionamentos interpessoais saudáveis e bem estar emocional.
Palavras-chave: Treinamento de Habilidades Sociais, Idosos, Análise Funcional.

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A prática de uma equipe de Psicologia no Núcleo de Estudos e Direitos da Infância e da Juventude


NEDDIJ - Possibilidades de atuação
Aline Cristina Monteiro Ferreira; Daniela Pesarini; Jamille Mansur Lopes; Patrícia Cossa Brandão;
Raissa Roberti Benevides; Edmarcia Manfredin Vila e Claudete Carvalho Canezin
A violência contra crianças e adolescentes é um grave problema mundial, que atinge e prejudica esta
população durante importante período de desenvolvimento. Por situação de risco entende-se a condição
de crianças que, por suas circunstâncias de vida, estão expostas à violência, ao uso de drogas e a um
conjunto de experiências relacionadas às privações de ordem afetiva, cultural e socioeconômica que
desfavorecem o pleno desenvolvimento biopsicossocial. Estas situações acabam contribuindo para
dificuldades na frequência e no aproveitamento escolar, nas condições de saúde, em comportamentos pró-
sociais e de outros relevantes para a interação com a família e para o ajustamento psicossocial aonde vive.
O projeto Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude - NEDDIJ sendo assim, o
Núcleo objetiva prestar assistência jurídica e psicológica gratuita a crianças e seus familiares,
assegurando a esta população, condições de pleno desenvolvimento, seja no âmbito da família biológica
ou quando afastados do convívio desta, prestar-lhes cuidados alternativos temporários. As ações
desenvolvidas no NEDDIJ são pautadas na doutrina jurídica que considera crianças e adolescentes como
“sujeitos de direitos”. O trabalho desenvolvido multidisciplinariarmente com o Direito contribui para o
efetivo atendimento dos clientes. Deste modo, o presente trabalho pretende apresentar as ações
desenvolvidas pela equipe de Psicologia no NEDDIJ. Os objetivos gerais da equipe são: contribuir para o
arranjo de uma rede de apoio social para a criança e o adolescente em situação de risco, oferecendo
suporte psicológico para que maneje as situações de estresse e aspectos emocionais relacionados. Ainda,
oportunizar que a criança e o adolescente aprendam comportamentos alternativos que se caracterizem em
fatores de proteção e resiliência para a melhoria da qualidade de vida e para o ajustamento psicossocial
em geral. A metodologia é pautada na Análise do Comportamento e na filosofia do Behaviorismo
Radical. São realizadas entrevistas iniciais com os responsáveis e as crianças, observação direta,
aplicação de instrumentos, entre outros procedimentos pertinentes para levantar prováveis
comportamentos alvos de intervenção, são oferecidas orientações a familiares, psicoterapia breve e
encaminhamentos para um processo de psicoterapia propriamente dito, elaboração de laudos e
disseminação dos resultados no âmbito acadêmico.
Palavras Chave: Psicologia Jurídica, Interdisciplinaridade, crianças em situação de risco.

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A relação entre níveis de ansiedade e desempenho no teste prático do DETRAN para obtenção da
carteira nacional de habilitação
Arthur Basilio Alves Ribeiro, Angela Cândida da Costa, Ana Paula Shinaide, Bruna Daniele Coelho
Amano da Mota, Bruna Maria Schiavinatto, Bruna Rodrigues, Camila Nunes Mendes, Camila Soares
Bortoli, Caroline Vaz de Lima, Lucilla Maria Moreira Camargo Simões
Objetivo: O presente trabalho teve como objetivo verificar a influência do nível de ansiedade, obtido pelo
Inventário de Ansiedade de Beck (BAI), no desempenho de indivíduos no exame prático para obtenção da
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do Departamento de Trânsito (DETRAN). Método: Participaram
da pesquisa 47 indivíduos, de ambos os sexos, vinculados a dois Centros de Formação de Condutores
(CFC) da cidade de Londrina. O BAI foi aplicado nos participantes no mesmo dia do exame prático, com
antecedência de aproximadamente uma hora. Posteriormente, os dados de aprovação/reprovação no
exame prático foram relacionados aos níveis de ansiedade apresentados no BAI, para se averiguar se
havia uma correlação entre o nível de ansiedade e o desempenho no exame prático. Resultados: De
acordo com os dados obtidos, verificou-se que 74% dos participantes não foram aprovados no exame
prático do DETRAN. Com relação ao sexo dos participantes, foi possível observar que 86% das mulheres
foram consideradas inaptas no exame prático, enquanto o índice de inaptidão nos homens foi de 56%. Os
resultados obtidos no BAI demonstraram que 83% apresentaram ansiedade mínima ou leve e apenas 17%
apresentaram ansiedade moderada ou grave. Dentre os participantes, apenas os que apresentaram nível
moderado de ansiedade no BAI obtiveram índice de aptidão superior à inaptidão no exame prático,
enquanto os que apresentaram nível mínimo, leve e grave obtiveram índices de inaptidão superiores aos
de aptidão. Considerações finais: A análise dos dados mostrou que 100% dos participantes que
apresentaram ansiedade grave não foram aprovados no exame prático do DETRAN, embora este dado
seja pouco significativo, já que representa apenas 4% dos participantes. Um dado interessante foi que os
que apresentaram ansiedade moderada (13% da amostra) tiveram maiores índices de aprovação,
corroborando dados da literatura sobre estresse e ansiedade, que demonstram que níveis médios de
estresse/ansiedade são necessários para o bom desempenho de atividades em geral. No entanto, a
correlação entre ansiedade e desempenho na prova prática do DETRAN parece ser negativa, tendo em
vista que a grande maioria (83% da amostra) apresentou níveis mínimos e leves de ansiedade e que 74%
foram reprovados no exame prático. A abrangência deste estudo será aumentada, inserindo-se novos CFC
de diversas regiões de Londrina.
Palavras-chave: ansiedade, Carteira Nacional de Habilitação, Inventário de Ansiedade de Beck.

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Adoção por Casais Homoafetivos e a Opinião de Participantes de Diferentes Orientações Religiosas


Juliana Demarchi, Gustavo Shigaki, Jéssica Faganello, Homero Belloni Silva e Giovana Barão;
Margarette Matesco Rocha
A adoção de crianças é uma das práticas sociais mais antiga da sociedade bem como as uniões afetivas
entre pessoas do mesmo sexo. Entre empecilhos legais e recentes conquistas destes casais, paira a opinião
pública que, de certa forma, influencia mudanças e tomadas de decisão por parte de magistrados. Assim,
o objetivo do trabalho foi comparar como praticantes de diferentes religiões (católica, espírita e
evangélicos) e ateus se posicionam frente a questão da adoção por casais homoafetivos. Para tanto, foram
entrevistadas 48 pessoas, selecionadas e distribuídas em 4 grupos de 12 participantes cada, segundo
orientação religiosa (católica, evangélica e espírita), assim como ateísta. Cada grupo foi dividido em
adolescentes (12 a 18 anos), adultos (19 a 59 anos) e idosos (acima de 60 anos), e gênero (masculino e
feminino). Os questionários foram aplicados individualmente aos participantes, em ambientes diversos
como a Universidade Estadual de Londrina e grupos religiosos de Londrina e Cambé e teve duração
aproximada de 15 a 20 minutos. Constatou-se que os espíritas posicionaram como mais favoráveis (83%),
seguido de ateus (66%), católicos (25%) e evangélicos (0%). Entre os jovens os mais favoráveis são os
espíritas e evangélicos os mais contrários. Entre os adultos, ateus se posicionam mais favorável quando
comparados a evangélicos e católicos. Entre os idosos houve maior aceitação pelos ateus e maior rejeição
pelos evangélicos. Todos os ateus disseram conhecer e conviver com homossexuais, enquanto apenas
17% dos evangélicos responderam sim a esta questão. Maior justificativa dos favoráveis foi que
homossexuais devem ter os mesmos direitos de héteros e que têm a mesma capacidade em educar. Os
contrários justificaram mais que a criança adotada sofreria preconceito, e que sofreria a falta da figura
paterna ou materna. Para evangélicos - os que mais rejeitam - homossexualismo é algo condenável e o
resultado confirmou isso, mostrando que o controle da prática cultural é de fato eficaz em certos
comportamentos individuais. Espíritas – os que mais aprovam - não se fixam em regras, não crêem em
céu e inferno e investem mais em sentimentos do que atitudes socialmente concebidas pela maioria.
Parecem ter maior liberdade por ficarem mais sob controle positivo. Apesar de católicos rejeitarem, eles
foram menos inflexíveis que evangélicos. Ateus estão mais sob o controle de aspectos legais e como estes
evoluíram, sendo que a opinião deles segue o mesmo curso. As diferenças de opiniões constatadas
demonstram os diferentes controles impostos por cada orientação religiosa e o ateísmo.
Palavras-chave: religião; homossexuais; adoção.

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Análise das propagandas utilizadas pela mídia televisiva: suas influências no modo de ser e agir do
telespectador
Tanisa Prieto, Tayla Cristina Manccini, Thais Yurie Zamoner, Tania Santos Bernardes, Vanessa
Aparecida De Oliveira Pereira, Shimeny Michelato Yoshiy, Beatriz Rall Daró, Taciana De Souza,
Roberta Seles da Costa; Alexandre Bonetti Lima
Na sociedade contemporânea a construção da identidade está intimamente atrelada à nova ordem social
regida pelo capitalismo, em que o modo de vida é fortemente permeado pela necessidade de consumo.
Consumo este, em grande parte derivado de influencias midiáticas e que exerce influencia na maneira
como os indivíduos se vêem e se mostram na sociedade. As pessoas passam uma grande parte do seu dia
ouvindo rádios, frequentando cinemas, assistindo televisão, lendo revistas e jornais, isto é trata-se de uma
cultura que passou a dominar a vida cotidiana. Nessa perspectiva a cultura midiática coloca a disposição
figuras e imagens com as quais seu público possa se identificar e reproduzir, desempenhando importantes
efeitos socializantes e culturais por meio de suas representações, nas quais tendem a valorizar certas
atitudes, enquanto desvalorizam e denigrem outras. Assim, a mídia mostra o que é considerado desejado,
correto e perfeito pela sociedade e com esses conceitos o sujeito olha para si e deseja se construir a partir
de um modelo utópico transmitido pela cultura midiática. Com o intuito de ilustrar a influência midiática
na construção identidade do sujeito contemporâneo - com recorte na estética – foi realizado um trabalho
de pesquisa, no qual buscou investigar como a mídia através das propagandas televisivas, apresentadas
pelas emissoras Band, Globo, Record, SBT, utilizam os mais diversos recursos para persuadir e
convencer o telespectador a seguir os padrões ditados por elas. Ao analisar as propagandas divulgadas na
televisão pôde-se perceber como a mídia estabelece formas e normas sociais, fazendo com que um grande
número de pessoas enxergue o mundo por suas lentes e se comporte em função das mesmas.
Palavras-chave: mídia televisiva, cultura midiática, identidade.

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Análise de propagandas relacionadas à beleza e estética divulgadas em revistas impressas:


influências da mídia na construção da identidade do indivíduo.
Shimeny Michelato Yoshiy, Beatriz Rall Daró, Taciana De Souza, Tania Santos Bernardes, Tanisa Prieto,
Tayla Cristina Manccini, Thais Yurie Zamoner, Vanessa Aparecida De Oliveira Pereira, Roberta Seles
da Costa; Alexandre Bonetti Lima
Na sociedade contemporânea o discurso do corpo perfeito e saudável veiculado pelos canais midiáticos
tem apresentado grande influência na construção da identidade do indivíduo. A partir desse ponto, a
identidade passa a se atrelar a individualidade, a aparência pessoal e a criação de uma imagem modelada
pela própria lógica do consumo. Nesse contexto, as propagandas representam um significativo papel, na
medida em que atingem as mais variadas camadas da população, de forma direta ou indireta. Os
conteúdos trazidos por elas são compostos por imagens, cores, títulos, textos, sons e luzes específicos,
que são escolhidos a fim de seduzir seu respectivo público alvo. Partindo desses elementos, realizou-se
uma pesquisa qualitativa, na qual foram analisadas algumas propagandas relacionadas à questão da beleza
e estética. Utilizaram-se como material de análise as seguintes revistas do primeiro semestre de 2012:
“Caras”, “Veja”, “Capricho”, “Atrevida” e “Viva!”. Dentre os resultados encontrados, é possível apontar
que as diferentes revistas destinam-se a públicos específicos, de modo que as propagandas tendem a ser
construídas de acordo com as faixas etárias, classes sociais e gênero distintos. Em contrapartida, notou-se
também que as propagandas apresentaram elementos comuns entre si, como por exemplo, a imagem de
celebridades, que geralmente são pessoas magras, bonitas e com expressão de felicidade, bem-estar,
autonomia e por vezes de sedução. Além disso, vale ressaltar que a imagem das celebridades, na maioria
das peças publicitárias, estava em evidência no anúncio, enquanto o produto aparecia em segundo plano.
Tal estratégia permite a atribuição de aspectos subjetivos aos produtos, de modo a instigar o consumidor a
adquirir a mercadoria e assim conquistar o mesmo status representado pela figura. Dessa forma, o papel
da mídia não é de comunicar, mas de excitar o consumidor, usando-se de estereótipos e clichês para fazer
um apelo emocional e vender um modelo falsificado e hipnótico de felicidade e beleza.
Palavras-chave: Propaganda impressa, Identidade, Beleza.

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Análise funcional de respostas verbais em ambiente virtual com ênfase no senso de presença: um
estudo exploratório
Marcela Roberta Jacyntho Zacarin, Verônica Bender Haydu
A Realidade Virtual (VR) é uma tecnologia que tem se destacado atualmente. A VR pode proporcionar
condições para que o usuário sinta-se presente naquele ambiente simulado (senso de presença). Uma
tecnologia que envolve o senso de presença é o vídeo game. O senso de presença é difícil de ser
mensurado por ser algo subjetivo, mas pode ser acessado pelo comportamento verbal. O presente estudo
teve como objetivo classificar e analisar funcionalmente os comportamentos verbais emitidos por uma
jogadora imersa em um ambiente virtual com o uso do Kinect®, identificar se esses verbais estavam sob
controle de estímulos do ambiente real ou virtual bem como identificar possíveis relações entre senso se
presença e a emissão de respostas verbais e não verbais. Participou da pesquisa uma jovem de 25 anos. O
estudo foi realizado em uma sala com uma TV52”, um Xbox 360® com Kinect®, duas câmeras
filmadoras, um sofá, uma cadeira, uma cópia da tradução do questionário ITC-SOPI, canetas e notebooks.
Primeiramente, foram determinados os momentos do jogo em que seria perguntado à participante sobre
seu nível de presença. Depois, o ITC-SOPI foi solicitado aos autores e, após o envio do material, o
questionário foi traduzido. Ao finalizar a tradução, a participante foi convidada a participar da pesquisa,
por contato pessoal. A sessão consistiu em montagem do avatar da participante e jogo de quatro fases de
três estágios cada. A última fase foi filmada e analisada, sendo que nas ocasiões especificadas era
perguntado sobre o senso de presença da participante e essa o relatava numa escala de 1 a 10. Ao terminar
a sessão, foi entregue uma cópia do ITC-SOP à participante. Os resultados principais foram: os momentos
em que a participante relatou um maior nível de presença coincidiram com aqueles em que ela emitiu
respostas verbais e, também, uma quantidade maior de respostas não verbais. O envolvimento (74%) e a
presença espacial (76%) da participante foram altos. A naturalidade da experiência foi consideravelmente
alta (60%) e os aspectos negativos foram baixos (37%). A partir dos resultados, observou-se que os
momentos em que a participante relatou altos níveis de presença foram os mesmos em que ela emitiu
respostas verbais e, também, uma maior variabilidade de comportamentos não verbais. conclui-se que há
possibilidade de se fazer análise funcional de comportamentos em ambientes virtuais, o que pode ser fieto
levnado em consideração a correspondência entre as diferentes variáveis como os comportamentos
verbais e não verbais emitidos pelo usuário.
Palavras-chave: senso de presença, vídeo games, análise funcional, respostas verbais, análise do
comportamento.

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Apelo sexual e propaganda


Amanda Castilho de Mattos, Adriana Cristina Flausino, Aline Senegalha de Souza, Allan Patrick de
Souza Domingos, Ednéia Peres Hayashi
O presente trabalho teve como objetivo identificar se a imagem do nu na propaganda impressa é um
estímulo discriminativo para o comportamento do consumidor de prestar atenção ao produto, tanto
referente a homens como a mulheres. A pesquisa foi realizada com vinte alunos de cursos diversos, 10
homens e 10 mulheres, com idades entre 18 e 25 anos, da Universidade Estadual de Londrina. Os
participantes responderam a um questionário antes da exibição de propagandas impressas com modelos
em vários graus de nudez e uma propaganda sem modelo (questionário pré-exibição), e após esta
exibição, responderam a outro questionário (pós-exibição). Aos participantes eram entregue um envelope
contendo 4 imagens de propagandas impressas e 1 questionário referente às imagens no qual o
participante teria que responder e os pesquisadores saiam da sala por período de 1:30min enquanto o
envelope era aberto e o questionário respondido. Após o período programado, os pesquisadores
retornavam à sala, caso o questionário ainda não estivesse respondido, era esperado até o participante
acabar, dentro da sala, se já estivesse respondido, o material usado era devolvido ao envelope e guardado.
Após isso, o segundo envelope era entregue com as imagens da propaganda e o questionário do sexo
oposto, os pesquisadores saiam novamente da sala por 1:30min seguindo o procedimento descrito com o
primeiro envelope. Ao término, as imagens eram devolvidas ao envelope e guardadas, e encerrada a
coleta com aquele participante. No questionário de pré-exibição, foi observado que metade dos
entrevistados do sexo masculino afirmaram que tem sua atenção dirigida à utilidade do produto diante de
uma propaganda, enquanto metade dos entrevistados do sexo feminino afirmaram que as cores lhes
chamam atenção. Mulheres rejeitaram propagandas com modelo nu e seminu feminino, mas elas acharam
interessantes as propagandas com modelo nu e seminu masculino, enquanto que entre os homens não foi
encontrada diferença entre os que rejeitaram e os que acharam interessante as propagandas com modelo
nu e seminu masculino, porém a maioria dos homens acharam interessantes as propagandas com modelo
nu e seminu feminino. Observou-se também que as propagandas com modelo nu foram classificadas por
metade dos participantes como algo que não atrai ou é ofensivo, tanto para os homens como para as
mulheres. Mulheres relataram no questionário de pré-exibição que a imagem do seminu não aumenta a
atenção ao produto, porém, no questionário de pós-exibição, foi observado mais relatos de atenção por
parte das mulheres às propagandas com modelo seminu, tanto masculino como feminino. Pode-se
constatar, pelos resultados obtidos com os questionários, que as propagandas com modelos seminus
chamam mais a atenção do que com modelos nus, tanto para os homens como para as mulheres, sendo
uma variável relevante à área do marketing, quando se propõe à construção da propaganda impressa.
Palavras-chave: análise do comportamento, propaganda, consumo.

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Atendimento clínico de um jovem adulto com esclerose múltipla: uma abordagem analítico
comportamental
Talyta Lima, Vania Galbes, Iury Florindo, Marcelle Bertini, Estefani Barcellos, Bárbara Miras, Jenifer
Pavan, Raiana Bonatti, Renata Grossi
Na população em geral há uma grande incidência de doenças crônicas, entre elas pode-se citar a Esclerose
Múltipla (EM), caracterizada como uma doença imuno-mediada por uma série de interações complexas
entre a genética e fatores ambientais ainda não identificados. Conhecer as variáveis de contexto que
acomete o individuo com esta doença pode possibilitar a identificação de fatores que auxiliam ou
dificultam aspectos como: desenvolvimento, adesão ao tratamento, vida social, entre outros. O presente
trabalho tem como objetivo apresentar o estudo de caso de um jovem adulto de 26 anos diagnosticado
com EM. As queixas iniciais do cliente foram: dores esporádicas e mancar constante da perna esquerda,
dificuldade de ganhar massa corporal, estresse, dificuldades em manter-se em um emprego, passividade,
desânimo e relatou ser “pavil curto”. Diante dessas informações é possível dividir didaticamente o
atendimento em 3 fases: 1) Antes do diagnóstico: se hipotetizou que tratava-se de um problema de
habilidades sociais ou um déficit comportamental em alguns contextos específicos, como o trabalho.
Após as primeiras sessões, esta hipótese foi descartada, visto os comportamentos de fala elaborada,
facilidade em conversar com pessoas e fazer amizades. Foi analisada a possibilidade de alta, porém neste
mesmo momento o cliente recebeu o diagnóstico de EM após insistência do terapeuta para realização de
atendimentos médicos, resultados revelou que as queixas do cliente estavam relacionadas com a doença;
2) Adaptação a doença: Visto que a EM requer alguns cuidados especiais foi buscado ampliar o repertório
comportamental de adaptação e enfrentamento da doença e dos tratamentos, melhorando o prognóstico,
assim como aspectos biológicos (ritmo do corpo e efeito da medicação) e também na manutenção dos
cuidados da doença, através de intervenção psicoeducativa ; 3)Manejo dos sintomas decorrentes da
doença: Atualmente os sintomas mais relevantes no cliente é dificuldade de andar, enxergar e fadiga e por
este motivo o cliente estava evitando atividades que segundo ele poderiam agravar o quadro. Diante da
gravidade e da cronicidade da EM observou-se que o cliente passou a se comportar sob o controle da
crença (auto-regra) de que ”esses sintomas irão regredir de tal maneira que ele conseguirá retomar suas
atividades como se EM não existisse”. Levantou-se como hipótese que ele esta se comportando em
fuga/esquiva dessa situação de incontrabilidade e de aversividade. Pretende-se auxiliar a diminuir esses
efeitos na vida do cliente e também planejar atividades que poderão ajuda-lo a exercer atividades que o
auxilie a ter novamente uma vida produtiva, dentro de um prognóstico real.
Palavras chave: esclerose múltipla, atendimento clínico, analise do comportamento.

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Atuação do psicólogo no sistema prisional


Eliane Marçal
Este trabalho se deu dentro de um sistema prisional, onde atuei na área realizando atendimentos clínico e
institucional aos prisioneiros da unidade, assim como desenvolvi alguns projetos para que o ser humano
presidiário, pudesse perceber que existem possibilidades de uma vida digna e honesta e que seu lugar no
mundo existe. Desde que queira fazer parte. Ouvi histórias fantásticas, fiz grandes amizades e até algumas
inimizades. Esse tempo foi como um doutorado, que jamais passarei igual. Convivendo com prisioneiros,
agentes penitenciários, funcionários e outros profissionais, conseguindo penetrar por entre as grades, nos
grandes mistérios da vida emocional e psíquica de todos. Aprendi a lidar com homens perversos,
incrivelmente perversos, mas sensíveis. Não falo ou escrevo para heróis, mas sim para pessoas que sabem
dar valor a vida, pois acredito na vida, mesmo derramando lágrimas, mesmo que esse tenha sido o inferno
da vida. Sabe-se da perda da liberdade, da restrição do espaço físico, das barbáries da perversidade que se
encontra em um presídio, entre tantas outras curiosidades, que só se aprende no dia a dia de um sistema
prisional. Com tudo que pude ver e observar entre os fatos, acontecimentos, relatos e dinamismo dentro
de uma unidade prisional, pode-se perguntar qual é o lugar da bondade no mundo atualmente? Sabemos
que as Instituições Prisionais, sendo resultantes de acúmulo de conhecimentos, tentativas e erros, evoluem
lentamente. Percebe-se que raramente se questiona sobre o que é a maldade, essa perversidade que
perdura, como se materializa e de onde vem o direito de coibi-la. Entretanto em contato com a realidade,
participando dela, pode-se refletir sobre em que consiste todo trabalho desenvolvido, como avaliar e em
quais circunstâncias poder-se-á contribuir para as mudanças procuradas, quando enfrentamos dificuldades
que por vezes são paralisantes. A busca de alternativas é grande e certamente viável aos fatos, pois nada
existe de mutável, estando diante de um sistema aberto à mudanças, que evolui com a sociedade no seu
contexto histórico. Aprendemos que devemos ensinar as pessoas a serem livres, e que devemos fazer isso
a qualquer custo, pois as mudanças dependem de nós, a verdadeira transformação do ser humano.
Contudo, diante de todo aprendizado, a felicidade torna-se identificada com o que se pode chamar
paradoxalmente de hedonismo estóico: gozar ao máximo a vida e assumir com dignidade o sofrimento e a
morte!

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Capacitar para evitar: Instrumentalizando profissionais da educação para o combate do bullying


Ana Paula Garcia, Jessica Isabely Emmerich, João Rafael Pimentel Colavin, Letícia Akemi Shiki,
Lorrayne Caroline Garcia Silva, Roberta Lima Silva de Oliveira, Taciana de Souza, Thais Figueiredo
Alves, Wesley Vinicius da Silva, Solange Maria Beggiato Mezzaroba, Cristiane Pereira Marquezine
Nos anos de 2011, 2012 e 2013, um grande fenômeno veio a tona na realidade escolar brasileira, sendo
este, o fenômeno bullying, que ganhou grande projeção após o episódio conhecido como “O massacre do
Realengo”, onde Wellington de Menezes entrou em um colégio e com uma arma, matou vários alunos e
professores da instituição (Valley, 2013). Bullying é definido por Fante (2005) como um conjunto de
agressões físicas e psicológicas de maneira repetitiva e sem motivo aparente. Embora muitas vezes o
comportamento de bullying seja encarado apenas como “brincadeiras infantis de mau gosto”, naturais e
que passam com o tempo, estas “brincadeiras” podem acarretar muitas conseqüências nefastas para a
vítima, além de contribuir para o fomento da violência escolar (Fante, 2005). Muitas vezes, segundo
Santos (2007), estes comportamentos podem acontecer fora da vista do professor, inviabilizando qualquer
tipo de intervenção, podem acontecer por influência do professor, que fazendo brincadeira e chacotas,
pode iniciar ou contribuir para uma situação de bullying ou podem acontecer com a omissão do professor,
que mesmo em presença de tal situação, acredita ser apenas “brincadeira que passa”. Todavia, Santos
(2007) defende a tese de que se o professor transmitir aos alunos sobre a importância do respeito, mediar
um ambiente de companheirismo e amizade e interferir de maneira efetiva nas situações de violência
entre alunos, o bullying pode não acontecer em sala. Diante de tal necessidade, e observando nas palestras
que foram ministradas nas escolas, o desconhecimento por parte dos professores sobre o bullying e suas
implicações e conseqüências, foi discutida e elaborada a possibilidade da criação de um curso de
conscientização para professores e alunos de cursos superiores de licenciatura, mostrando os principais
aspectos envolvidos nas situações de bullying escolar e como este pode intervir de forma efetiva, visando
assim, reduzir a incidência de bullying nas escolas. Este trabalho tem como objetivos conscientizar
professores das escolas estaduais e municipais de Londrina e estudantes de curso superiores de
licenciaturas sobre o fenômeno bullying, auxilia-los no desenvolvimento de práticas interventivas e
reflexivas juntamente com os alunos em sala sobre o bullying. Trata-se de um estudo qualitativo (Turato,
2005) no ramo da psicologia escolar, que busca conscientizar sobre o fenômeno bullying e suas
consequências através de encontros com professores e alunos de cursos de licenciatura, realizando
atividades que desenvolvam noções de trabalho em equipe, respeito as diferenças, empatia e sociabilidade
no contexto escolar. As atividades do projeto se iniciaram com a apresentação da definição de bullying,
histórico, teóricos e passaram por discussões sobre as personagens, episódios de bullying em vídeos,
exposição de um atendimento a uma pessoa que sofreu bullying e hoje trata das conseqüências deixadas,
leitura de textos referentes a atuação em sala de aula e práticas de intervenção. Os professores são
estimulados a refletir sobre seu papel frente a uma sala de aula, bem como os problemas por eles
enfrentados. Pode se dizer que as atividades obtiveram um resultado positivo. Isto pode ser concluído
com base no feedback positivo dado pelos professores através de emails e conversas formais e pela
repercussão do trabalho, onde alguns professores entraram em contato a fim de saber se haveria
novamente um curso semelhante. Percebe-se que existe de fato, uma grande necessidade de meios de
informações para os professores, pois muitos deles relatam já ter visto omissão de professores ou mesmo,
professores estimulando práticas violentas em sala.
Palavras-chave: bullying, professores, capacitação.

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Cirurgia bariátrica: o milagre em xeque diante da insistência da pulsão - estudo de caso


Isabela Vieira; Vânia Maria Vargas; Claudia Maria de Sousa Palma.
Objetivo: o objetivo deste trabalho é demonstrar, através de um estudo de caso, alguns aspectos da
subjetividade que estão presentes no desenvolvimento da obesidade e sua manutenção. Método: realizou-
se atendimentos individuais através do projeto: “Contribuições da Intervenção Psíquica a Pacientes
Adultos Atendidos pelo Ambulatório de Psiquiatria do Hospital das Clínicas do curso de Medicina da
Universidade Estadual de Londrina”. Aliado aos atendimentos houveram supervisões com estudos
teóricos e clínicos, de modo a construir uma leitura sobre a posição do sujeito sua relação ao seu sintoma
e propor modos de intervenções. Resultados: realizou-se um estudo de caso de uma paciente com uma
“queixa” de ganho de peso após ter sido submetida à cirurgia bariátrica alguns anos antes. Após a
intervenção cirúrgica, a mesma eliminou aproximadamente 50 kg em dois anos. Contudo, cinco anos
depois ela recuperou 30kg. Em todo este período, a paciente embora tivesse a oportunidade, não
compareceu ao acompanhamento psicológico proposto. No início deste ano, foi reencaminhada pela
equipe médica para retomar os atendimentos na psicologia. Ao relatar seu sofrimento, a paciente percebeu
sua real dificuldade em lidar com as frustrações, em transformar em fala as suas insatisfações, seus
desejos e até mesmo a dificuldade em reconhecer seu “comer”. Muitas destas questões ficaram notórias
em seu ‘não saber o que dizer’, constantemente verbalizado nos atendimentos. Conclusão/Considerações
Finais: Existe na obesidade importantes questões inconscientes que a determinam, como a dificuldade de
subjetivação compensada pelo comer compulsivo e determinados modos de constituição psíquica em que
o sujeito faz da repetição de modos orais, sua principal fonte de satisfação, ou mesmo a solução de
conflitos psíquicos. Mesmo com a intervenção cirúrgica, estes aspectos se não tratados tendem a
reaparecer. Ou seja, o “corte cirúrgico - no real do corpo” pode inicialmente resultar em perda
significativa de peso. Entretanto, essa mudança, sem um corte também na ordem do simbólico, sem um
trabalho que o auxilie no desenvolvimento de sua capacidade de subjetivação, sem um tratamento para
estas questões, pode levar o paciente a buscar outros meios de simples descarga pulsional ou, aos poucos,
o conduz para o mesmo caminho pulsional de satisfação oral e com isso, o leva a readquirir todo peso
eliminado novamente. Conclui-se então, a importância do trabalho pautado na psicanálise com estes
pacientes, não apenas para realização de avaliação pré-cirúrgica que é um papel amplamente divulgado,
mas principalmente na continuidade deste trabalho após realização de cirurgia bariátrica.
Palavras-chave: obesidade, psicanálise, pulsão.

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Comportamentos pré-requisitos do estudar textos acadêmicos: o que pode ser identificado a partir
da literatura existente?
Nádia Kienen; Silvia Aparecida Fornazari; Lais Beriz Rocha; Christiane Henriques Ferreira; Andresa
Gabriele Bibiano; Maria Lucia Mantovanelli; Tanisa Prieto; Shimeny Michelato Yoshiy; Giovanna
Sandoval Fioresi; Natalia Gomes Soares; Paula Saffaro Bueno
Muitos estudantes ingressam no ensino superior com repertório de comportamentos de estudar
incompatível com as exigências desse nível de ensino. Estudar é um processo comportamental complexo,
constituído por diversos outros comportamentos menos complexos (pré-requisitos). Capacitar estudantes
para aprimorarem seus comportamentos de estudo implica em, primeiramente, descobrir quais
comportamentos seriam pré-requisitos para o estudar. Este trabalho teve como objetivo identificar os
comportamentos pré-requisitos constituintes do estudar textos acadêmicos, com base na literatura
existente.Para tanto, foram consultadas 10 obras sobre comportamento de estudo. A identificação dos
comportamentos nessas obras teve como base o conceito de comportamento compreendido como um
sistema de relações entre as situações com as quais o estudante se depara ao estudar, as ações que ele terá
que apresentar e os resultados que terá que produzir a partir dessas ações.A coleta de dados deu-se por
meio da transcrição de trechos das obras que se referiam ao que o estudante tinha que ser capaz de fazer
para estudar. Depois de transcritos os trechos, foram identificadas sentenças gramaticais cujas unidades
de registro eram compostas por um verbo e um complemento que designavam comportamentos a serem
emitidos pelos estudantes. Após a identificação desses comportamentos,foi feita revisão das sentenças
gramaticais que nomeavam esses comportamentos. Essa revisão foi feita a partir dos seguintes critérios:
objetividade, clareza, precisão e concisão.Essescomportamentosforamregistradosemumatabela, aolado
dos trechostranscritos das obras.Os comportamentos identificadosestão sendo sistematizados num
diagrama de decomposição de acordo com seus graus de abrangência, o que permitirá construir uma
espécie de “mapa” dos comportamentos a serem ensinados. Foram encontrados 535comportamentos pré-
requisitos do estudar que se referem às seguintescategorias: leitura (233), manejo do ambiente (25),
manejo do tempo (74), auto-monitoramento (72), registro de informações (34), manejo de estratégias de
estudo (22), outros (75). Dentre todos os comportamentos derivados, os mais explicitados nas obras
consultadas foram os referentes à leitura,sendo esses também os comportamentos em que os estudantes,
de modo geral, apresentam maior dificuldade. Os dados encontrados demonstram que o estudante
necessita desenvolver uma série de comportamentos para que possa estudar de maneira eficaz, sendo que
esses comportamentos envolvem desde gerir o tempo de estudo, manejar condições do ambiente que
interferem no processo de estudo, manejar as próprias estratégias de estudo a serem utilizadas, além de
avaliar os resultados do processo de estudo.
Palavras-chave: Comportamento de Estudar; Estratégias de Estudo; Ensino superior.

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“Daí eu fico louco”: O discurso de um psicótico e a falta do Nome-do-Pai


Julia Archangelo Guimarães; Valéria de Araújo Elias
Objetivo: O objetivo deste trabalho é articular a literatura psicanalítica sobre a importância do papel
paterno para a estruturação do psiquismo com a experiência adquirida nos atendimentos realizados no
AHC/UEL. Metodologia: Utilizando-se do material adquirido ao longo das supervisões quinzenais no
setor de Psicologia do AHC/UEL e de literatura na área sobre a função paterna e a foraclusão do Nome-
do-pai. Resultados: O pai deixa marcas na constituição da subjetividade da criança. Ele é um terceiro que
está, a princípio, fora da relação simbiótica primária, mas que se deixa perceber e que, aos poucos, vai
ganhando significado. Isto é importante que ocorra para que a criança consiga delimitar a diferença e os
limites de seu Ego. A presença do pai também presentifica que o filho não supre totalmente os desejos da
mãe, que ele é um ser faltante e que não possui o falo. Lacan propõe que a inscrição do pai na vida da
criança é feita a partir da fala da mãe, com a inserção do Nome-do-Pai e a simbolização que a criança fará
deste discurso. Este outro, é a diferença, é quem diferencia a criança da mãe e a criança do desejo da mãe.
O laço paterno introduz um novo significado no mundo simbólico do sujeito, tirando-o do campo do
erótico-agressivo através da transformação do registro da satisfação e introduzindo-o para o campo da
palavra. Em alguns casos o significante do pai foi carente ou foracluído. Sem isto, o filho permanece
como o desejo da mãe. Lacan afirma que para o diagnóstico de psicose, é necessário distúrbios na
linguagem, sendo ela desarticulada e sem caráter metafórico. Ao longo dos atendimentos ficou claro que
pacientes psicóticos apresentavam estado de confusão em suas escolhas acerca da sexualidade, religião,
posicionamento frente a problemas e no relacionamento com a mãe. Seus discursos são bastante confusos
e difíceis de elaborar a ordem cronológica dos fatos. Um dos pacientes, ao longo das sessões, falava
constantemente “Não faz diferença”. Quando indagado “E o que faz diferença?”, o paciente alegou que
nada fazia diferença. É a esta “diferença que não há” a que o paciente se refere em seu discurso que seria
a função paterna que esteve em falta ao longo de sua vida. Conclusão: A presença desta diferenciação traz
conseqüências decisivas quanto aos rumos que a economia libidinal do sujeito irá tomar. Sendo assim, o
que vai importar na formação desta estrutura e na passagem pelo Complexo de Édipo, é a presença de um
pai imaginário ou simbólico, independente de existir um pai real atuante, pois estas instâncias se fazem
pela palavra, pelo discurso que permitem que a criança crie e elabore esta figura paterna dotada de
significados.
Palavras chave: Psicose, Nome-do-pai, Foraclusão

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Desenvolvimento de comportamentos relativos à humanização no contexto hospitalar, avaliados


através do projeto Sensibilizarte
Bruno Henrique de Souza Guerra, Lucilla Maria Moreira Camargo Simões
A saúde é determinada por condições educacionais, sociais, econômicas, políticas e ambientais que dão
condições para uma vida de qualidade e bem-estar, não se restringido ao plano biológico. Frente à
realidade crítica vigente nos serviços de saúde, a humanização tem sido objeto de vários debates. Esse
movimento de assistência humanizada tornou-se tão proeminente que em 2003, o Ministério da Saúde
disseminou para toda a rede de saúde a Política Nacional de Humanização/ HUMANIZASUS (PNH). O
PNH propõe-se a efetivar os princípios do SUS nas práticas integradas de atenção e gestão, promovendo o
progresso nas relações entre os sujeitos envolvidos (gestores, usuários, profissionais, acompanhantes e
comunidade). Neste sentido, considerando a saúde como uma área em que as práticas envolvem aspectos
como: sofrimento, fragilidade e morte, torna-se indispensável uma atenção na via de mão dupla entre o
profissional e o usuário do sistema. Também se torna imprescindível uma política que adicione as
instituições de formação profissional como parte desse processo. Dentro deste contexto, foi criado o
projeto SensibilizARTE em 2007, por iniciativa de estudantes de medicina da Universidade Estadual de
Londrina, interessados em fortalecer a visão humanística do cuidado em saúde. A proposta deste projeto
consiste na utilização da arte como instrumento de trabalho, com a premissa de que o uso de técnicas
lúdicas no ambiente hospitalar proporciona uma transformação da realidade hospitalar e de seus
protagonistas. Como forma de avaliar a experiência dos estudantes participantes do Projeto
SensibilizARTE, este trabalho propõe-se a responder se a participação neste projeto contribui para o
desenvolvimento de características pessoais relacionadas ao “tornar-se mais humano”, adquiridas no
contato direto com pacientes hospitalizados e que serão necessárias para um melhor relacionamento do
futuro profissional com sua “clientela”. Busca-se compreender quais as características e quais os eventos
ambientais que estabelecem, mantém e/ou fortalecem a ocorrência dos comportamentos tidos como
humanizados. Esta averiguação se dará através da análise dos relatos escritos, coletados anteriormente e
posteriormente à participação no Projeto SensibilizARTE. Participarão da pesquisa em média 30
estudantes universitários de ambos os sexos, pertencentes a cursos da área da saúde (Enfermagem,
Medicina, Odontologia, Psicologia, Farmácia e Fisioterapia). Os critérios de inclusão dos participantes na
pesquisa serão: aprovação no processo de seleção do Projeto SensibilizARTE e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, permitindo a utilização da prova de seleção e de outros relatos
escritos. A pesquisa será realizada no Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná.
Palavras-chaves: humanização, análise do comportamento, arte.

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E se a gente olhar para o agente?


Rafael Soraggi Foot Guimarães; Julia Rangel Silva; Lua Mendes Loureiro Lobo; Eneida Silveira
Santiago e Ana Céli Pavão
Este trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de estágio a ser desenvolvido em uma unidade do
sistema penitenciário da cidade de Londrina. O estágio visa construir, junto aos agentes penitenciários,
um espaço de discussão acerca das questões que perpassam o cotidiano de trabalho, além de capacitar os
agentes para lidar com questões de tensão, permitindo que eles construam estratégias de promoção de
bem-estar e qualidade de vida dentro do trabalho e também fora dele. Enquanto metodologia, serão
realizados encontros com os agentes ao longo de 4 meses, e serão tanto individuais quanto grupais, sendo
que a participação tanto no grupo quanto no individual dependerá de escolha e desejo do agente. Os
grupos serão abertos e desenvolvidos a partir de conversas livres, mediadas pelos estagiários, e de demais
atividades grupais a serem feitas conforme as necessidades identificadas. O desenvolvimento deste
projeto deu-se a partir de entrevistas realizadas com 6 agentes penitenciários, através das quais se
obtiveram as informações e impressões descritas a seguir. Um elemento presente em todas as falas foi a
atenção que o sistema penitenciário dá ao preso, mas não dá ao agente. Todos os serviços dentro do
sistema penitenciário dedicam seu trabalho exclusivamente aos presos e a própria função do agente existe
em função deles, atuando diretamente em sua presença. Embora alguns agentes entrevistados tenham dito
que conseguem separar o trabalho da vida pessoal, compreende-se, através de exemplos que surgiram nos
discursos, que não é possível fazer de fato esta separação. Nesse sentido, nota-se que ocorre uma
cristalização de sua função enquanto agente penitenciário, pois mesmo fora do presídio ele continua
exercendo sua função e não consegue se despir de tal papel social. Observa-se, portanto, que o vivenciado
dentro da instituição transborda ao cotidiano extra institucional, pois, diferentemente do preso (que passa
por aberturas gradativas de regime), o agente não passa por um processo de lidar com o mundo além do
presídio, mas passa pelo choque entre cadeia e além-cadeia todo dia. É possível concluir, portanto, que o
trabalho do agente penitenciário envolve, por si só, considerável carga de estresse emocional, pois sempre
há um risco iminente de violência ou de que algo saia do controle, configurando o ambiente de trabalho
como algo constantemente imerso em grande tensão. Reconhece-se, assim, que há a necessidade de um
trabalho que envolva a promoção da saúde mental dos agentes penitenciários, e é justamente neste
sentindo que o presente trabalho pretende se desenvolver.
Palavras-chave: sistema penitenciário; agente penitenciário; saúde mental.

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Em nome do amor? Um estudo sobre a patologização das relações amorosas


Mariana Mateus de Oliveira; Maricelia de Fática Costa Calegari; Marisa de Cássia D. S. de Almeida;
Natália Gomes Soares; Nayra Luise Romário da Silva; Priscila de Oliveira; Rafaela Grumadas
Machado; Renatiele Tatiane Palma da Silva; Ricardo da Silva Franco; Roberto Schinitzler Moure; Sonia
Regina Vargas Mansano
O presente trabalho foi realizado nas disciplinas práticas de Psicologia Social I e II. Ele objetivou discutir
as várias formas de amar que se manifestam na atualidade, em especial aquelas que chegam ao limites da
agressão, prática de maus tratos e morte dos parceiros, que são amplamente divulgadas na mídia e
passaram a ser socialmente avaliadas como patológicas. No decorrer dos últimos anos, acompanhamos a
excessiva patologização da vida que chegou também às relações amorosas. Mas, será que a simples
patologização dos amantes colabora para compreender essas relações amorosas limítrofes? Será que cabe
à Psicologia acompanhar e difundir essa tendência a patologização? Para compreender essa problemática,
a presente pesquisa foi dividida em três momentos: Na primeira parte, procurou-se investigar as várias
maneiras como a noção de amor aparece na história e nas áreas de conhecimento, dando especial atenção
ao denominado “amor romântico” e seus preceitos que, até nossos dias, são bastante disseminados no
social. Discutiram-se, ainda, as formas de amor que foram mais recentemente inventadas e como seus
pressupostos (de fluidez, independência e experimentação) entram em conflito com aqueles apregoados
pelo amor romântico. No segundo momento da pesquisa, foram estudadas as maneiras como a sociedade
e as áreas de conhecimento normalizaram a vida em psicopatologias que estão amplamente descritas e
caracterizadas no chamado DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais). Buscou-se
compreender como a patologização ganhou contornos de naturalidade em diversas dimensões da
existência. Nesta parte, foi realizado também um resgate histórico sobre a higienização dos
relacionamentos amorosos imposta às famílias desde o século XIX para evitar doenças e contaminações.
No terceiro momento, foi dado especial destaque a análise de como são produzidos os modos de
subjetivação e de vida, recorrendo-se aos estudos de Guattari. Foi possível perceber que, assim como as
formas de amar, os atos de violência nelas praticados também são produções humanas, criadas e
colocadas em circulação em um dado contexto histórico e social. Estes componentes de subjetivação
estão presentesnos espaços de convivência dos seres humanos colaboram para produzir os encontros, os
desejos, as necessidades e também os modos de experimentar as relações amorosas. Assim, a violência
pode ser compreendida como mais um componente que passou a participar de algumas relações
amorosas. Ao final desse estudo teórico, foi possível constatar que os elementos subjetivos ligados ao
amor romântico, tais como a expectativa de eternidade, dependência, exclusividade e sacrifício recíproco,
continuam presentes em um tempo histórico em que as relações, inclusive as amorosas, são mais fluidas e
breves. O desafio com o qual nos deparamos nesta pesquisa, consistiu em compreendero quanto os
componentes românticos, tão fortemente disseminados na sociedade, começam a sofrer abalos quando
outras formas de amar entram em cena. As relações amorosas que chegam ao limite da violência e da
morte nos convocam, como profissionais, a compreender as dificuldades de acolher e elaborar as
mudanças de valores que estão sendo precipitadas no social. Por outro lado, também foi possível constatar
que, diante das mudanças, simplesmente patologizar essas práticas limítrofes consiste em desconsiderar a
complexidade de vida, as transformação e as formas de sofrimentos e/ou aberturas por elas geradas.
Palavras-chave: relações amorosas; patologia; violência; subjetividade

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Ensinando análise do comportamento: Uma experiência com famílias


Ana Elisa Cardoso Vilas Boas, Daiane Cristina Furlan, Daniele Fernanda de Oliveira, Dianna Santos
Ricci, Eloisa Sobh Ambrosio, Fernanda Alves de Lima, Fernanda Cristina da Silva, Giuliana Angeli
Pieri, Jenifer Pavan de Paula; Maisa Flávia Moraes Norcia; Silvia Aparecida Fornazari
O Projeto de Extensão “Grupo de Orientação a pais com filhos em tratamento psicológico e psiquiátrico”
visa oferecer aos pais com filhos em tratamento psicológico e/ou psiquiátrico informações e orientações
que permitam a eles colaborar para os resultados do tratamento individualizado oferecido. O presente
trabalho objetiva apresentar como utilizar brincadeiras/jogos para o ensino de conceitos e procedimentos
da análise do comportamento. Participaram 10 famílias, encaminhadas do Ambulatório de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas. O perfil dessas famílias era carente e de baixa instrução, dessa maneira a
metodologia de ensino deveria ser simples e de fácil acesso. Foram realizados 17 encontros quinzenais, na
Clínica Psicológica da UEL, que trataram de conceitos e procedimentos da Análise do Comportamento
(Contingências, Reforço positivo e negativo, Reforço Intermitente, Punição, Extinção, Reforço
Diferencial, Discriminação, Generalização, Análise Funcional, Autoconhecimento, Autoconfiança,
Responsabilidade, Regras, Auto-regras e Discussão de casos). Os encontros iniciavam com uma
explicação sobre o conceito e em seguida algum recurso – na maioria das vezes, lúdico - era utilizado.
Como exemplos: (1) utilização do jogo “Imagem e Ação” para o ensino do conceito de Reforço
Diferencial. Nessa brincadeira uma pessoa faz mimica para que os outros do grupo adivinhem, dessa
maneira alguns comportamentos daquele que está fazendo mimica são reforçados por respostas do grupo
que condizem com a alternativa correta, em detrimento de outros comportamentos que são extintos pela
não emissão de respostas do grupo. (2) Para o ensino de Reforço Intermitente foi realizado um Quizz,
onde perguntas fáceis e difíceis foram intercaladas a fim de aumentar a probabilidade de respostas
referentes a alternativas corretas e erradas fossem ditas, caracterizando reforço intermitente. Após o
recurso, era realizado um momento de discussão a fim de aproximar o que foi feito no encontro com
aquilo que ocorre com os filhos, proporcionando um momento de reflexão acerca dos procedimentos que
mantém ou extinguem comportamentos. Nesse momento os pais eram estimulados a dar exemplos de
comportamentos dos filhos em que perceberam a atuação do procedimento trabalhado no encontro. Esse
mesmo momento proporcionava um feedback aos coordenadores, pois, se os pais conseguissem
exemplificar aquilo que foi ensinado, a chance da compreensão ter acontecido seria maior. Na maioria
dos encontros esses feedbacks foram positivos, os pais conseguiam exemplificar e relatavam ter
entendido mais corretamente aquilo que controla o comportamento do filho, e muitas vezes, apontavam
em que tinham errado e como poderiam agir de maneira diferente. De modo geral, pode concluir que os
resultados demonstraram que os jogos/brincadeiras utilizados facilitaram a compreensão dos pais acerca
dos conteúdos ensinados.
Palavras-Chave: Grupo de Orientação; Famílias; Análise do Comportamento

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Ensinando repertório alternativo em grupo para clientes com dificuldades interpessoais: uma
proposta para agilizar os atendimentos na Clínica Psicológica da UEL
Roberta Seles da Costa, Camila Carvalho Faria Andrade, Carolina Ribas, Deivid Regis dos Santos,
Jamille Mansur, Raissa Roberti Benevides, Stephanie Magri, Edmarcia Manfredin Vila
O presente projeto de extensão tem como objetivo, implementar programas de intervenção, em grupo, que
contribuam para a construção de repertórios alternativos, com clientes que aguardam atendimento
psicológico na Clínica Psicológica da UEL e apresentam queixas diretas e indiretas de dificuldades de
relacionamento interpessoal. Também, os alunos colaboradores terão a oportunidade para atuação em
prática clínica na modalidade grupal, conforme os fundamentos do Behaviorismo Radical, Princípios da
Análise do Comportamento, procedimentos do Treinamento em Habilidades Sociais (THS), entre outras
técnicas. Serão atendidos, prioritariamente, os clientes já triados que aguardam atendimento
psicoterápico, e, secundariamente, o projeto será divulgado para recrutamento de população caso os
primeiros não aceitem o serviço oferecido. Inicialmente será realizado de uma a duas entrevistas clínicas
para oferecer a modalidade grupal e confirmação das queixas. Propõe-se que os grupos sejam compostos
por 10 a 12 participantes de ambos os sexos, com faixa etária entre 18 e 55 anos e que sejam realizadas
cerca de 18 sessões de aproximadamente duas horas. Desse total, 12 sessões serão espaçadas
semanalmente. Para verificar a generalização das mudanças comportamentais, mais seis sessões serão
conduzidas: três com um intervalo quinzenal, duas com um intervalo mensal e a última após seis meses
do término das sessões semanais. O procedimento de coleta de dados, com avaliações pré e pós-
intervenção, envolverá a realização de entrevistas individuais, observação direta e aplicação do Inventário
de Habilidades Sociais (IHS Del Prette, 2001) e análise funcional, tanto para aferir dificuldades
interpessoais quanto para levantar mudanças comportamentais após a aplicação do procedimento de
intervenção. O programa de intervenção será elaborado após a análise dos dados pré-intervenção e
contará com os procedimentos do Treinamento de Habilidades Sociais e uso de técnicas comportamentais
para a modelagem de topografia de respostas, com ênfase em análise funcional. A partir das etapas
delineadas pelo projeto, desde Maio de 2013 está em andamento um grupo de intervenção voltado para a
população idosa. Optou-se por realizar tal grupo tendo em vista que na lista de espera havia casos de
dificuldades interpessoais em idosos. Ademais, a literatura aponta a relevância de intervenções na área de
habilidades sociais para essa faixa etária, uma vez que na velhice o índice de depressão é menor, bem
como a qualidade de vida é melhor, na medida em que o idoso apresenta comportamentos socialmente
competentes, possibilitando obter reforçadores sociais e ampliar variabilidade comportamental. Espera-se,
que a intervenção, contribua para mudanças comportamentais e generalização das mesmas para o
ambiente natural, favorecendo a manutenção de relacionamentos interpessoais saudáveis e melhoria da
qualidade de vida.
Palavras-chave: Treinamento de Habilidades Sociais, Análise Funcional, Psicoterapia de grupo.

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Ensino de conceitos da Análise do Comportamento com utilização de softwares


Victor Hugo Bassetto, Aline Fernanda de Campos; Raíssa Ortega dos Santos; Filipe Martin de Oliveira,
Márcia Cristina Caserta Gon, Silvia Aparecida Fornazari.
O ensino é um processo de arranjo de contingências que favorece e proporciona a aprendizagem. Em
nossa linguagem é bastante difícil desvincular o processo de aprendizagem de características
normalmente relacionadas à motivação, desenvolvimento, ou de noções que possuem explicações
dualistas. A Análise do Comportamento vem fazendo estudos relacionados a processos educacionais com
foco em processos instrucionais efetivos desde antes da década de 70, e conseguiu produzir tecnologias
de ensino com as quais se pode desenvolver programas, esquemas e métodos de instrução, com efeitos
positivos. Atualmente, programas informatizados se tornaram cotidianos e os computadores têm se
mostrado instrumentos favorecedores para o uso de softwares de ensino. O objetivo desse trabalho foi
levantar artigos que expusessem pesquisas realizadas com ou sobre softwares que fossem relacionados ao
processo de ensino e à ciência do comportamento, através de uma busca em bases bibliográficas e revistas
científicas. As buscas foram realizadas no site BVS – Psicologia Ulapsi Brasil, nas bases PsycInfo e Web
of Science, e nas revistas JABA (Journal of Applied Behavior Analysis) e JEAB (Journal of the
Experimental Analysis of Behavior), com as palavras “software”, “ensino” e “education”. Dos artigos
encontrados, 11 foram selecionados por um critério de exclusão, sendo que apenas um deles correspondia
a apresentação de um software que ensinasse conceitos de análise do comportamento. Espera-se que
buscas como essa venham influenciar pesquisadores a investir nessa área, proporcionando mais
estratégias de controle de variáveis e arranjos de contingências, ampliando o número de publicações e
beneficiando o processo de ensino-aprendizagem, conforme Skinner já mostrava ser possível a partir de
uma ciência do comportamento.
Palavras-chave: Aprendizagem; Ensino; Software.

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Entre o prescrito e o real das políticas públicas em saúde mental: o cotidiano do CAPS-AD de
Londrina.
Estefani Nayara Barcellos, Gabriela Pereira Sanches, Ana Carolina Zuanazzi Fernandes, Thais Yurie
Zamoner, Ana Paula Garcia, Robson Shudy Azuma, Shimeny Michelato Yoshiy, Ghregory Allan Duarte
Gonçalves, Francisco Kikuchi Ribeiro, Bárbara Dias Miras, Eric Magno Barbosa, Paula Franco de
Oliveira, Alejandra Astrid Leon Cedeño
Um dos campos da psicologia que mais vem crescendo atualmente é a área de políticas públicas,
representado pelos CAPSs (Centro de Atenção Psicossocial): modelo de atendimento que visa substituir o
antigo hospital psiquiátrico, conforme preconizado pela política nacional de saúde mental. Trata-se de um
serviço que integra uma rede de atenção contínua com equipe multiprofissional, priorizando o convívio
social e familiar. Trabalhar nesse contexto era uma das opções oferecidas pela disciplina de Tópicos
Avançados em Psicologia Institucional (Prática), com o objetivo de os estudantes aprenderem sobre o dia-
a-dia da rede de serviços substitutivos em saúde mental e, simultaneamente, contribuírem com a mesma.
Este trabalho está sendo realizado por um grupo de 12 alunos do quarto ano de psicologia no CAPS-AD
(Centro de Atenção Psicossocial - álcool e outras drogas) de Londrina-PR, que atende pessoas com
problemas decorrentes do uso ou abuso de álcool e outras drogas. Os estudantes estão acompanhando as
atividades que são realizadas diariamente no CAPS-AD (uma ou duas atividades por aluno), sendo elas:
Triagem, Grupo de referência, Terapia Ocupacional, Reuniões de equipe, Terapia comunitária, Grupo de
Acolhida, Avaliação Social, Teatro do Oprimido. Metodologicamente, optou-se pela pesquisa no
cotidiano, de Peter Spink: vivencia-se o CAPS-AD indo até lá, estando com os usuários e acompanhando
as diversas atividades, ou seja, participando do CAPS-AD. Pôde se observar e reconhecer o esforço que a
equipe do CAPS-AD faz quanto ao acolhimento com os usuários, familiares e estagiários; contudo, o
trabalho prescrito não é igual ao trabalho real, pois faltam materiais e verbas para vale-transporte, o
espaço físico é precário e o funcionamento da “rede” passa por algumas dificuldades, sendo a principal
delas o que pode se chamar a “privatização branca” da política pública. Esta se traduz na obrigatoriedade
de se encaminhar usuários para serem internados compulsoriamente na Clínica Psiquiátrica de Londrina
ou na Vila Normanda (dispositivos manicomiais na cidade), bem como em comunidades terapêuticas de
viés unicamente religioso, que utilizam a chamada “terapia da enxada”. Tais encaminhamentos se
contrapõem à política de Redução de Danos que, de acordo com a lei, é e deve ser a filosofia que rege o
CAPS-AD. Desta forma, a proposta de intervenção para o próximo semestre é conhecer mais sobre
“Redução de danos” e saber o que os usuários do sistema e profissionais envolvidos sabem e pensam a
respeito. Tal proposta foi formulada porque em reuniões com a equipe e em atividades cotidianas pôde se
perceber que, devido à falta de conhecimento a respeito dessa proposta, sua implementação muitas vezes
é alvo de preconceitos entre a equipe, profissionais e população em geral.
Palavras-chave: CAPS AD, políticas públicas, redução de danos.

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Experiências em londrina na prevenção de casos de abuso sexual infanto-juvenil


Filipe Martin de Oliveira, Cristina F. Watarai - Faculdade Pitágoras de Londrina-PR
O abuso sexual de crianças e adolescentes alcançou visibilidade no Brasil, ao tornar-se uma questão
pública, a ser enfrentada como problema social nas duas últimas décadas. Contudo, ele continua sendo
uma das principais formas de violência que mais se oculta em nossa sociedade, por ocorrer
principalmente em âmbito privado, e na maioria das vezes por pessoas conhecidas da vítima.
Objetivou-se com esse trabalho realizar ações de identificação e prevenção do abuso sexual infanto-
juvenil, com crianças e adolescentes, em situação de vulnerabilidade social, de Londrina-PR. O método
utilizado neste projeto foi o “psicossocial” tendo como pressuposto teórico a psicologia social
comunitária, que considera que as pessoas de uma determinada comunidade, no caso, as crianças, são os
principais protagonistas de seus saberes, de sua produção, de suas vicissitudes e da criação de
instrumentos capazes de auxiliar o desenvolvimento de sua realidade. Dessa forma, buscou-se promover a
valorização da participação das crianças, criando-se espaços e estratégias para que possam identificar
situações de vulnerabilidade ao abuso, tendo como recurso a “contação de histórias” utilizando o livro “O
segredo da Tartanina”, um material didático específico para crianças com o tema da proteção e prevenção
contra o abuso sexual infanto-juvenil. O público alvo foi formado por um total de 250
crianças/adolescentes subdivididas em pequenos grupos, na faixa etária de 5 a 12 anos, em quatro
unidades do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos da Secretaria de Assistência Social do
município de Londrina-PR, denominado de “Projeto Viva Vida”. Após a estratégia de “contação” da
história contida no livro, foram realizadas atividades lúdicas com as crianças como desenhos e foi
possível observar situações de vulnerabilidade para o abuso sexual infanto-juvenil por parte de algumas
crianças através de algumas verbalizações e comportamentos. Como resultado alguns casos foram
identificados com suspeitas envolvendo abuso sexual, violência doméstica e/ou violência física (20
crianças). Por meio da observação participante foi possível constatar que algumas crianças passaram a
identificar melhor situações que as deixariam mais vulneráveis ao abuso sexual, já que a história contida
no livro retrata alguns casos para fins de despertamento dessa problemática. Pode-se concluir que a
realização deste trabalho deu suporte para um olhar diferente sobre prevenção e enfrentamento desta
problemática. Ao realizar ações de prevenção primária e secundária diretamente com crianças e
adolescentes, nos posicionamos em relação a elas, não como potenciais vítimas, mas, como os
verdadeiros protagonistas, sujeitos de sua história e de direitos, dando-lhes voz e escuta. Com este novo
olhar e posicionamento, foi possível ao aluno participante do projeto uma visão menos limitada da
realidade social e o aumento do conhecimento para a formação do psicólogo.
Palavras-chave: prevenção, abuso sexual, crianças.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Formação do vínculo mãe-bebê: Relato de experiência de observação pelo método Esther Bick
Beatriz Rall Daró, Geise Ribeiro de Souza, Henrique Abe Ogaki, Nathália Tavares Bellato Spagiari,
Sílvia Nogueira Cordeiro
As questões que envolvem a maternidade, o psiquismo fetal, os vínculos e a formação subjetiva do sujeito
são assuntos de interesse para a psicanálise. Posteriormente às descobertas de Freud sobre o
funcionamento psíquico, vários psicanalistas como Sptiz, Anna Freud, Bowlby, Winnicott, Bion, Dolto,
entre outros, avançaram nos estudos sobre a importância das vivências afetivas no início da vida a partir
da relação que o bebê estabelece com o outro. A partir das discussões teóricas dos autores da psicanálise,
o projeto “Clínica Psicanalítica na Primeira Infância: Vínculo e Formação Subjetiva do Sujeito” tem
como objetivo oferecer subsídios teórico-práticos, através da observação da relação mãe-bebê-família,
sobre o processo da formação do vínculo do bebê, principalmente com sua mãe. Na parte prática, o
método utilizado para a observação é o proposto por Esther Bick (1964). Estão sendo observadas quatro
duplas, em suas residências, uma hora por semana, com o consentimento dos pais. Esta prática tem
produzido diferentes sentimentos nos observadores. Ao entrar em contato com as famílias, muitas não
aceitaram ou desistiram no início da observação, de forma que os observadores foram impregnados por
ansiedade, sentimento despertado pela expectativa de serem aceitos ou não pelas famílias e para obterem
um lugar dentro deste ambiente. Nas supervisões, é possível discutir a forma como a família recebe e
insere o observador no ambiente familiar e correlacioná-lo com a forma como o bebê foi recebido. Em
muitos aspectos, os sentimentos gerados no observador podem ser relacionados aos que o bebê pode
experimentar neste processo da formação do vínculo familiar. No decorrer das observações, outros
sentimentos foram aparecendo, como o vínculo do observador com a mãe e afetos pelo bebê, assim como
questões pessoais dos observadores que surgiram devido ao contato com essa experiência. A observação
de bebês tem possibilitado vivenciar na prática o que é discutido na teoria e tem favorecido o pensamento
clínico dos observadores ao propiciar reflexões sobre questões como a postura profissional de
neutralidade, a transferência, o setting e entender aspectos da formação inicial que podem contribuir para
o entendimento do psiquismo humano.
Palavras-chave: maternidade, vínculo mãe-bebê, método de observação Esther Bick.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Grupo de apoio psicológico a mulheres em situação de infertilidade


Ednéia Aparecida Peres Hayashi, Josy de Souza Moriyama, Edmarcia Manfredin Vila, Amanda Castilho
de Mattos, Bárbara Dias Miras, Jéssica Izabely Emmerich, Letícia Fagundes Gaino
Os objetivos deste Projeto de Extensão são: propiciar atendimento psicológico a mulheres com
diagnóstico de infertilidade, visando a aprendizagem de repertório comportamental que possibilite o
manejo das dificuldades relacionadas a este quadro; desenvolver estudos na área de infertilidade e
estresse, utilizando-se de técnicas comportamentais, fundamentadas nos pressupostos da Análise do
Comportamento e, por fim, oferecer aos alunos participantes a oportunidade de aprendizado em
atendimento em grupo. As atividades serão desenvolvidas na Clínica Psicológica da Universidade
Estadual de Londrina e terão início com a seleção e treinamento dos alunos colaboradores. Após esta
etapa, será feito recrutamento e seleção dos participantes dos grupos. A população atendida será de
mulheres na faixa etária entre 28 e 38 anos, com diagnóstico de infertilidade. Feita a seleção, realizar-se-á
uma entrevista individual com cada participante. Em seguida, será dado início aos atendimentos em
grupo. Os grupos serão compostos por aproximadamente 12 participantes e as sessões serão realizadas
semanalmente, com duração média de duas horas. Serão conduzidas por um docente e por um aluno
estagiário, enquanto os outros alunos farão a observação e registro das sessões. Serão realizadas um total
de 13 sessões em grupo, sendo 12 semanais e 01 de acompanhamento (com um intervalo de um mês).
Nestas sessões, os terapeutas arranjarão contingências para que os clientes analisem funcionalmente suas
dificuldades relacionadas à infertilidade e aprendam classes de respostas que contribuirão para a
ampliação do repertório comportamental para lidar com as dificuldades relacionadas a este quadro.
Durante todo o processo, serão realizadas avaliações quantitativa (inicial e final) e qualitativa, através de
dados obtidos com entrevistas e com os relatos das sessões da intervenção em grupo. Os resultados
esperados são: que as participantes consigam fazer análise funcional do comportamento emocional,
desenvolvam repertório comportamental para lidar de forma mais efetiva com os eventos estressores
decorrentes da condição de infertilidade, tais como: repertório de tomada de decisão e resolução de
problemas; repertório interpessoal, a fim de promover melhora na qualidade dos relacionamentos
conjugal, familiar e social, dentre outros. Por fim, após o término do programa de intervenção, os
participantes que não apresentarem melhoras significativas serão encaminhados para psicoterapia
individual.
Palavras-chave: infertilidade, análise funcional, intervenção em grupo.

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Identificação de situações de maus tratos (bullying) em uma escola de Londrina-PR


Bruna Resende Teixeira, Janaína Mazzer Salinet, Laira Cristine Estabile, Paulo Guerra Soares, Renata
Meranca (UNOPAR), Solange Maria Beggiato Mezzaroba (UEL).
O objetivo do presente estudo foi identificar possíveis situações de maus tratos (bullying) escolar em um
colégio estadual da cidade de Londrina-PR. O colégio atende crianças e adolescentes dos ensinos
fundamental e médio. Como instrumento de pesquisa, foi utilizado um questionário baseado em Olweus
(1994). O questionário continha 22 questões gerais sobre situações de maus tratos (bullying) no contexto
escolar. As questões eram objetivas, contendo de duas a dez alternativas. É importante destacar que, em
algumas questões, os alunos poderiam indicar mais de uma alternativa. Participaram da pesquisa 34
crianças e adolescentes (28 do sexo feminino e seis do sexo masculino), estudantes do 6o ao 9o ano. As
aplicações dos questionários foram coletivas (de 5 a 20 estudantes presentes por aplicação)e foram
utilizadas salas de aula do colégio. Observou-se que, de maneira geral, apesar de relatarem que a
convivência com os colegas é boa, a grande maioria dos estudantes indicou que os casos de maus tratos
são frequentes na escola. Na visão dos alunos, são vários os motivos que levam os agressores a
cometerem maus tratos, sendo os mais frequentes (a) “por que gostam de rir dos outros; e (b) “por que são
provocados”. Os estudantes também relatam que, na maioria das vezes, os maus tratos são cometidos por
um menino ou grupo de meninos. As práticas mais comuns de maus tratos identificadas pelos alunos
incluem (a) colocar apelidos; (b) bater, chutar e empurrar; e (c) inventar mentiras. Quando questionados a
respeito de que atitude tomam quando observam uma situação de maus tratos, a maioria dos estudantes
relata que não faz nada, enquanto uma minoria recorre a um adulto (professor ou pais). Os dados da
presente pesquisa foram efetivos em identificar as situações de maus tratos mais comuns que ocorrem na
escola. A frequência da ocorrência destas situações, bem como os motivos que levam os agressores a
cometê-las também mostraram-se dentro do esperado, tomando como base outras pesquisas da área. De
maneira geral, os resultados obtidos sustentam aqueles relatados pela literatura da área.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Inserção da psicologia em um centro de formação cidadã: Ampliação da realidade de jovens em


alta vulnerabilidade
Diana Santos Ricci, Jenifer Pavan de Paula, Guilherme Takashi Yano, Alejandra Astrid Leon Cedeño
A educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância e a assistência aos desamparados são direitos garantidos de todo cidadão. Com
base nesse direito, no que se refere às Políticas Públicas, existem desde 1988, algumas leis que já
asseguram alguns desses direitos e algumas iniciativas como o Sistema Único de Saúde (SUS). Em 1993
houve a consolidação do LOAS (Lei Orgânica da assistência social) que promove definitivamente o
direito à seguridade social a todos os cidadãos, e não somente os “produtivos” e que se encaixam na
norma. Onze anos após o LOAS surge o primeiro desdobramento a fim de executar o que a lei garante, o
PNAS (Política Nacional de Assistência Social), que traça diretrizes para um plano de ação descrito no
SUAS (Sistema Único de Assistência Social), criado em 2005. Porém, o SUAS, pelo pouco tempo de
atuação, apresentação e muitos déficits organizacionais, não permite que todos os objetivos propostos
sejam atingidos. Dessa maneira, há inserção de outros órgãos que executam algumas das funções do
SUAS. O PROVOPAR (Programa do Voluntariado Paranaense) é um desses órgãos, possuindo uma
parceria entre a sociedade civil e órgãos governamentais que objetiva viabilizar programas e ações que
possibilitem a melhoria da qualidade de vida da população com baixo índice de desenvolvimento
humano. Um desses programas é o Centro de Formação Cidadã (CFC) que atende jovens e adolescentes
em alta vulnerabilidade, e tem como objetivo promover encontros, ampliando a realidade de crianças e de
adolescentes, impactando positivamente, fazendo-as perceber e refletir sobre seus direitos e ambições. O
presente estudo foi desenvolvido em uma unidade CFC, do bairro João Turquino, onde, atualmente, a
Instituição atende em média 30 crianças por período (matutino e vespertino) e promove o fortalecimento
de vínculos com os jovens através de atividades sócio-educativas. A participação da psicologia acontece
por meio de encontros semanais de 3 estagiários com os jovens e o atendimento é feito no período da
manhã. São realizadas oficinas e dinâmicas que foram estruturadas a partir da demanda dos jovens, da
coordenadora do CFC-João Turquino e da percepção dos estagiários sobre o contexto em que as crianças
estão sendo inseridas. Até o momento foram realizados 8 encontros com temas como: família, qualidades
pessoais, futuro (o que quero para meu futuro), e gênero. Pudemos perceber resultados sutis nos
comportamentos desses jovens como uma maior abertura para falar de si mesmos e de expectativas em
relação ao futuro. Percebemos também, algumas ações que pressupõem o estabelecimento de vínculo,
como exemplo, os adolescentes perguntam quando os estagiários irão voltar, ou escrevem cartinhas
destinadas aos estagiários. Outro resultado interessante é a maior inserção dentro da instituição, os
professores e coordenadoria procuram os estagiários para pedir opinião ou solicitar alguma ajuda.
Palavras-chave: direitos, vulnerabilidade, jovens.

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Musicoterapia e psicanálise: Uma parceria possível?


João Rafael Pimentel Colavin, Maíra Bonafé Sei
Objetiva-se, por meio deste trabalho, tecer primeiras interlocuções entre o campo da psicanálise, com
foco na psicanálise winnicottiana, e da musicoterapia. Assim, compreende-se que a musicoterapia se
apresenta como um campo do conhecimento relativamente recente, apesar do reconhecimento da
influência da música no ser humano ser algo antigo. As intervenções que fazem uso da música com
finalidades terapêuticas podem ser pautadas em variadas abordagens psicológicas e dentre elas encontra-
se a psicanálise. Este referencial teórico foi criado por S. Freud (1996) e depois desenvolvido por outros
autores. Neste sentido, um autor de destaque é Donald W. Winnicott (1975), inicialmente pediatra e
posteriormente psicanalista, que propôs uma teoria do desenvolvimento emocional que dá grande
importância ao papel da família na saúde de seus integrantes. Este autor valoriza o papel da criatividade,
atrelando-a à saúde e indicando a existência de um espaço entre a realidade interna e a realidade externa -
o espaço potencial/transicional - no qual localizam-se os fenômenos transicionais. O brincar e as artes,
forma especializada do brincar nos adultos, manifestam-se neste espaço fazendo a ponte entre interno e
externo (Winnicott, 1975). Este autor reconheceu a importância da música no viver humano,
reconhecendo sua importância já desde a gestação. Com isso, acredita-se que suas contribuições e
apontamentos possibilitam um casamento entre sua teoria com as proposições do campo da musicoterapia
em expansão atualmente. Entende-se, então, que a música pode desempenhar um papel de ofertar um
ambiente suficientemente bom no setting terapêutico, fato que facilita a comunicação e o estabelecimento
de um vínculo, essencial ao bom desenvolvimento do processo terapêutico. Buscou-se apresentar e
discutir sobre a interlocução entre psicanálise e música, e como ambas podem ser utilizadas em prol do
paciente no setting terapêutico. Trata-se de um estudo qualitativo (Turato, 2005) no campo psicanalítico
que busca discorrer sobre como a interlocução de duas áreas podem contribuir para a clinica psicanalítica.
Fazendo-se uma leitura dos autores Winnicott (1990) e Benenzon (1989), pode-se concluir que
psicanálise e musicoterapia são áreas que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas, buscando
ambas, aliviar o sofrimento por meio da linguagem, seja ela verbal ou não verbal. Pouco se produz no
Brasil sobre Musicoterapia Psicanalítica e sobre a utilização de recursos musicoterapêuticos no contexto
da clínica psicanalítica (Costa, 1989). Diante do que foi discutido, pode-se dizer que a área da
Musicoterapia Psicanalítica e da utilização de recursos musicoterapêuticos na clínica psicanalítica é uma
área recente, onde novas pesquisas devem ser realizadas, pois são poucos os trabalhos nesta área. Isto
pode representar um grande avança frente a demanda clínica dos dias atuais, pois a música pode se
configurar como um novo e eficiente canal de comunicação.
Palavras-chave: Psicanálise; Musicoterapia; Terapias expressivas.

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O papel da Psicologia Comportamental no Núcleo Maria da Penha (NUMAPE) com mulheres


vítimas de violência doméstica.
Raissa Roberti Benevides, Patrícia Cossa Brandão, Aline Cristina Monteiro Ferreira, Daniela Pesarini e
Jamile Mansur; Edmarcia Manfredin Vila e Claudete Carvalho Canezin.
A violência contra mulher é qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou
sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher. Tal situação atinge mulheres independentemente da
idade, etnia, religião, sexualidade ou condição social. De acordo com a Lei Maria da Penha, toda mulher
detém todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, por isso, são-lhes asseguradas todas as
condições necessárias para que possam viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu
aperfeiçoamento moral, intelectual e social. A fim de salvaguardar tais condições para mulheres que
sofrem violência, foi criado o NUMAPE – Núcleo Maria da Penha: Resgate da dignidade da Mulher na
Violência Doméstica. O presente trabalho tem como finalidade apresentar e descrever as principais
funções do núcleo. O NUMAPE é um projeto de extensão da Universidade Estadual de Londrina do
programa de Extensão “Universidade Sem Fronteiras”, vinculado ao subprograma: “Incubadora dos
Direitos Sociais”, - UFS/SETI – PR e cadastrado na PROEX. O projeto ocorre nas dependências do
Escritório de Aplicação de Assuntos Jurídicos (EAAJ/UEL), é coordenado por uma professora do Direito
e os aspectos psicológicos da execução do projeto são orientados por uma professora da Psicologia. O
objetivo do projeto é prestar assistência jurídica e psicológica gratuitamente às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar, visando fornecer o suporte emocional e orientação psicológica, bem como
intervenção jurídica e administrativa na defesa dos seus direitos. O Núcleo tem o apoio de advogados que
atuam judicial e extrajudicialmente para o alcance do direito da mulher em situação de violência,
juntamente com psicólogos para o acompanhamento constante da mulher e seus familiares. Quanto às
ações judiciais, o NUMAPE ingressa em ações cíveis, criminais e de família, destacando-se ações de
separação de corpos, medidas protetivas, entre outras. Quanto aos objetivos da intervenção psicológica,
busca-se, por meio de entrevistas e orientações, desenvolver e/ou fortalecer comportamentos de
ajustamento e adaptação psicológica de modo que contribua para lidar com o impacto da violência,
possibilitando resgate da autoestima, dos direitos a uma vida justa, bem estar emocional e melhoria da
qualidade de vida, bem como contribuir para o investimento em um projeto pessoal, estabelecer e/ou
restabelecer o controle da vida em sociedade e desenvolver competências para a inserção e/ou reinserção
no mercado de trabalho. Ademais, para atingir tais objetivos, também se pretende formar um grupo de
mulheres vítimas de violência. Desta maneira, o NUMAPE traz atendimento especializado para mulheres
em estado de vulnerabilidade e que não tenham condições de contratar advogado e psicólogo particular,
para que sejam acompanhadas e assim obterem a inclusão social que necessitam.
Palavras-chave: Psicologia, Lei Maria da Penha, mulher vítima de violência.

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O papel do holding na psicoterapia psicanalítica de uma adolescente


Lua Mendes Loureiro Lobo, Maíra Bonafé Sei, Sandra Aparecida Serra Zanetti
Este trabalho tem por objetivo discorrer, a partir de um relato de caso, sobre a função de holding exercida
pelo psicoterapeuta e seu papel na consolidação do vínculo terapêutico a partir de um referencial da
psicanálise winnicottiana. Enquanto método parte-se de um estudo de caso, com material clínico advindo
da psicoterapia de uma adolescente atendida semanalmente em uma clínica escola. As sessões consistem
em escuta por parte da psicoterapeuta e o atendimento dura, até o momento, aproximadamente um ano e
meio. O percurso deste atendimento foi demarcado por acontecimentos externos à psicoterapia e
organizou-se a partir de uma gradual aproximação com a psicoterapeuta, conforme descrito a seguir. O
crescimento da adolescente foi marcado por grande dedicação da mãe aos cuidados de sua irmã enferma,
tendo posteriormente vivenciado o falecimento de seu pai. Chegou à psicoterapia muito resistente e
agressiva, parecendo testar a terapeuta para verificar a "sobrevivência" desta, além de não confiar no
setting, ser muito apática e apresentar sintomas físicos. Em um momento seguinte, quando estava menos
resistente à psicoterapia, sua mãe falece repentinamente e seu processo terapêutico sofre uma regressão.
Não houve interessados em responsabilizar-se pelos cuidados da paciente e de sua irmã neste momento,
fato que implicou em mudanças de casa e de escola. Quanto ao desenvolvimento da paciente, apesar de
todas essas perdas e dificuldades vivenciadas, ela se manteve presente na terapia e parece ter conseguido
aproveitar esse espaço para o desenvolvimento de sua identidade. Enquanto considerações finais,
compreende-se que a estabilidade da psicoterapia frente às instabilidades que ocorreram na história de
vida da paciente desempenhou papel primordial para um bom desenvolvimento da jovem. Neste sentido,
a "sobrevivência" da terapeuta aos ataques e dificuldades da terapia favoreceram o estabelecimento do
vínculo terapêutico e da confiança neste, com a terapeuta podendo exercer uma função de holding para a
adolescente. Atualmente nota-se uma ansiedade frente à possibilidade de mudança de terapeuta, já que
esta concluirá o curso no final do ano, mas, ainda assim, o vínculo estabelecido permite um envolvimento
da adolescente, lhe possibilitando discorrer sobre angústias e refletir sobre suas dificuldades, entrando em
contato com seus sentimentos. Houve uma diminuição nos sintomas físicos e uma melhora no
relacionamento com sua irmã, antes problemático. Diante de tal contexto, entende-se que o holding
ofertado pela psicoterapeuta contribuiu para que a adolescente pudesse lidar de forma mais saudável com
seu contexto, tão marcado por perdas e mudanças.
Palavras-chave: adolescência, holding, vínculo terapêutico.

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O trabalho com adolescentes em conflito com a lei em uma perspectiva psicanalítica


Júlia Carolina Bosqui
Objetivo: O objetivo deste trabalho é discutir as contribuições possíveis da psicanálise diante da questão
dos adolescentes envolvidos com ato infracional.
Método: Trata-se da problematização da experiência de trabalho desenvolvida por esta profissional, desde
2010, em contextos institucionais. Atualmente, o atendimento a meninos e meninas envolvidos com a
prática do ato infracional ocorre em um serviço ligado a Secretaria de Assistência Social, seguindo as
orientações do SINASE (Sistema Nacional de Atendimento Sócio Educativo). No local são realizadas
atividades de caráter sócio educativo, através de atendimentos individuais e em grupo, oficinas de arte
educação, além de acompanhamento e orientação das famílias dos adolescentes.
Resultados: No trabalho com populações em situação de vulnerabilidade, vemos como as condições
sócioeconômicas trazem consequências nefastas ao desenvolvimento social e emocional de crianças e
adolescentes, quando estes são privados de condições mínimas de segurança, educação e lazer. O modelo
de consumo vigente, que constrói relações pautadas nos bens que cada um possui, “empurra” uma parte
população para a criminalidade, para que assim tenham acesso a tais bens e sejam reconhecidos
socialmente. Vemos que o adolescente é sensível e denuncia a forma como organizamos nosso laço
social. Somado a essas condições, observamos que a adolescência é um momento de “passagem”, um
tempo no qual não se está mais no registro da infância, mas também não se é adulto. Uma etapa
importante, em que o jovem vai testar as referências que conhecia e a potência da lei que lhe foi
transmitida. Podemos dizer que os atos delinquenciais são simbólicos, simbólicos, por exemplo, de uma
tentativa de inscrição que fracassou. E por que fracassou, repete, porém, sempre da mesma forma. Nesse
sentido, questionamos se os atos infracionais que se repetem podem ser entendidos como sintomas.
Considerações Finais: A natureza do trabalho com esses adolescentes mostra que temos que manter a
Psicanálise em interlocução constante com o campo do Direito e o campo da Assistência Social. Sua
importância parece estar em que, a Psicanálise tem nos possibilitado exercer uma escuta desses meninos e
meninas que ultrapassa os rótulos e estigmas que os acompanham, derivados de sua condição sócio
econômica e exclusão social. Retomando a história pregressa de cada um e compreendendo como se
deram as inscrições da Lei e sua relação com o gozo e com o desejo, é possível que se apropriem um
pouco mais de sua história e assim se reconheçam como sujeitos.
Palavras-chave: adolescentes, psicanálise, criminalidade.

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Oficina sobre a diversidade e inclusão em um centro de educação infantil de Londrina


Raissa Roberti Benevides, Pedro Mestre Passini, Priscilla da Silva Faria e Renato Baduy, Valéria
Queiroz Furtado
A inclusão no contexto escolar é um assunto constantemente discutido, muitas são as teorias que se
propõem a mostrar qual a melhor maneira de prover a educação a todos. Diante das mudanças que
acontecem no mundo contemporâneo é cada vez maior a pluralidade e diversidade entre as pessoas. Deste
modo a educação tem papel privilegiado no debate sobre essa temática. Atualmente, há uma série de leis,
políticas públicas e opiniões sobre a temática da inclusão nas escolas e sociedade em geral, assim é de
extrema importância debater sobre a diversidade e inclusão desde a educação infantil. Levando em
consideração o exposto, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma oficina sobre o tema da
diversidade e inclusão escolar em um CEI de Londrina. A oficina contou com 15 crianças de ambos os
sexos, entre 4 e 5 anos, matriculadas no Infantil 5. Primeiramente, para que fosse estruturada a oficina
conforme as necessidades da turma, foram realizadas entrevistas com a pedagoga e a professora. Os
resultados obtidos nas entrevistas apontaram que embora o tema seja trabalhado por meio de contação de
histórias, obtendo com a mesma resultados positivos, o preconceito é algo que está presente no cotidiano
escolar e se mostra de difícil intervenção pedagógica. A partir destes dados, foi planejada a oficina que
teve como objetivo estimular o respeito às diferenças, promover a convivência e a aceitação dos outros,
bem como favorecer o processo de inclusão. Para a realização da oficina foram utilizados fantoches de
papéis dos personagens da Turma da Mônica. A primeira etapa da oficina foi a apresentação dos
fantoches às crianças e a discussão sobre as diferenças entre os indivíduos, ressaltando qualidades e
dificuldades. Na segunda etapa, foi apresentado um teatro de fantoches com o objetivo de mostrar as
diferenças como parte da vivência e individualidade de cada um. Referente ao teatro discutiu-se que é
maior a probabilidade de haver sentimentos positivos, quando alguém se sente incluído em determinado
grupo. Vale ressaltar ainda que a oficina possibilitou às crianças relatar sobre o que gostam ou não como
apelidos e gozações. Por fim, foi realizada uma avaliação através de perguntas estruturadas. Os resultados
obtidos demonstraram que o CEI tem encontrado meios eficazes para lidar com o tema da diversidade e
da inclusão. No que se refere à oficina desenvolvida, foi possível promover um espaço para que o tema
fosse abordado de uma maneira divertida e para que as crianças conseguissem expor sua opinião a
respeito do tema.
Palavras-chave: diversidade, oficina, psicologia escolar.

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Os servidores da UEL e a aposentadoria compulsória: perspectivas e desafios.


Tayla Cristina Manccini; Maria Aparecida Vivan de Carvalho.
No decorrer da história humana, é possível classificar o trabalho como grupo essencial para o
desenvolvimento do homem. Com o passar dos séculos e com a reorganização social ocorrida a partir do
estabelecimento do capitalismo, nota-se que o trabalho assumiu uma posição de dignificação humana.
Desta forma, os que não trabalham (desempregados e aposentados) tornam-se marginalizados e excluídos
socialmente. Hoje, com a centralidade que o trabalho adquiriu na vida humana, ocupando parte
importante do espaço e tempo dos indivíduos, esse deixou de ser apenas um meio de satisfação das
necessidades básicas e passou a ser essencial na formação identitária, na autoestima e no desenvolvimento
das potencialidades humanas. Assim sendo, a atividade laboral é origem de diferentes vivências
psicossociais. Com isso, o afastamento do trabalho, vivenciado na aposentadoria, é um momento de
mudança nos aspectos sociais, emocionais e nutricionais dos idosos e que repercutem de forma positiva
ou negativa, conforme o significado atribuído ao trabalho. Diante disso, alguns trabalhadores optam por
adiarem ao máximo a chegada da aposentadoria. Este trabalho surgiu em virtude de uma discussão
levantada no grupo de estudos GESA (Grupo de estudos com servidores aposentados), que acontece na
Universidade Estadual de Londrina, no qual houve interesse em abordar a temática da aposentadoria
compulsória. Este tema nos motivou a pesquisar e buscar compreender quais as razões que levam
funcionários e docentes a trabalharem até o limite de tempo permitido por lei. Nessa perspectiva, o
presente trabalho objetivou compreender as relações entre identidade, trabalho e aposentadoria, bem
como suas implicações, com o intuito de vislumbrar as circunstâncias que levam alguns servidores da
Universidade Estadual de Londrina a continuarem exercendo suas atividades laborais até os 70 anos de
idade, quando são obrigados a se aposentar, através da aposentadoria compulsória. Para tanto, foi
construído um questionário com 26 perguntas abertas e distribuído para 30 servidores em fase de pré-
aposentadoria compulsória. Com base nos resultados é pertinente assinalar que através do trabalho o
sujeito se sente participante do processo de construção social e, desta forma, é reconhecido diante da
sociedade. Neste sentido, apesar da condição financeira ser representativa nas percepções sobre a
aposentadoria, é evidente como a relação de satisfação que esses trabalhadores construíram com seus
trabalhos ao longo da vida, é demasiadamente significativa. Além disso, os resultados apontam para a
necessidade de haver um planejamento para a aposentadoria, pois com isso os aposentados encontrarão
maiores facilidades em resignificar a vivência da aposentadoria.

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Personalidade e inteligência emocional: correlação entre resultados dos testes das manchas de
Rorschach e PEP
Marcia Caroline Portela Amaro; Fabiano Koich Miguel
Este estudo teve por objetivo analisar a existência de correlação entre traços de personalidade e o grau de
inteligência emocional. Foram aplicados os seguintes testes psicológicos: Teste das Manchas de
Rorschach e Teste Informatizado de Percepção de Emoções (PEP). O Teste das Manchas de Rorschach
foi aplicado a 40 sujeitos, nas dependências do Laboratório de Avaliação e Pesquisa Psicológica
(LAPPsic) e da Clínica Psicológica da UEL. Em seguida foi feita a codificação dos resultados segundo o
sistema R-PAS, bem como a devolutiva individual a cada sujeito. Foi solicitado a todos que fizessem o
Teste Informatizado de Percepção de Emoções (PEP), disponibilizando-se para isso os computadores do
LAPPsic. Após a realização dos dois testes, foi feita a análise dos resultados a fim de verificar a relação
entre características de personalidade, delineadas no R-PAS, e o grau de inteligência emocional
encontrado nos resultados do PEP. Foram encontradas correlações significativas nos seguintes traços de
personalidade: Dd (atenção a detalhes), SumH (interesse por pessoas), FC (regulação cognitiva dos
afetos), GHR (boa representação humana), FQu (adequada percepção da realidade), R8910 (atenção a
estímulos afetivos), Blend (atenção a diversos aspectos dos estímulos), Ma (interesse em atividades
humanas ativas), T (preferência por contato interpessoal) e Complexity (atividade intelectual mais
elaborada). Os índices de correlação elevados encontrados provavelmente se explicam pelo fato dos dois
instrumentos serem de desempenho, ao contrário de inventários de autorrelato que tendem a fornecer
índices mais baixos e frágeis. Concluímos, assim, que há relações positivas entre determinadas
características de personalidade e a capacidade de percepção de emoções, que constitui um dos fatores da
inteligência emocional.
Palavras-chave: Personalidade, Inteligência Emocional, Avaliação Psicológica.

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Pesquisa sobre a correlação do desempenho acadêmico e empatia no terceiro ano do ensino médio
Guilherme Gabriel Trevizan; Ingredy Ribeiro Buss; Jéssica Isabely Emmerich; Josiane Cecília Luzia
Buscou-se investigar se há correlação entre o desempenho escolar de alunos e o nível de empatia. Foi
utilizado o Inventario de Empatia validado para utilização em pesquisas no Brasil em 2008 por Falcone e
Cols. O teste foi aplicado em 55 estudantes do ensino médio de um colégio da rede pública de Londrina.
A aplicação realizada em duas salas de aula de forma coletiva. A Coordenadora apresentou os
pesquisadores aos alunos antes de cada aplicação do teste, e deixou explícito que as respostas seriam
correlacionadas com as notas dos alunos. Os resultados do presente estudo não apontaram nenhuma
correlação significativa entre a empatia e o desempenho escolar. Muitas variáveis podem ter afetado este
resultado como o fato de o instrumento utilizado ter sido validado em população universitária. Os
trabalhos constantes na revisão bibliográfica apontaram significativa correlação entre diferentes
habilidades sociais (entre elas a empatia) e o desenvolvimento acadêmico de alunos de várias séries do
ensino. Logo estas características devem ser melhor trabalhadas não somente na escola, mas em vários
outros ambientes pois trazem vários benefícios para os indivíduos.

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PET-Saúde e Rede Mãe Paranaense: Panorama da saúde mental das gestantes da Unidade Básica
de saúde do Novo Bandeirantes - Cambé/PR
Priscilla da Silva Faria, Renato Staevie Baduy, Ana Lúcia Biagio
Este relato apresenta a experiência de um grupo PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho –
Saúde da Família) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), em uma perspectiva crítico-reflexiva da
saúde mental da Unidade Básica de Saúde do Novo Bandeirantes/Cambé. Participaram do projeto
acadêmicos do curso de Psicologia. O estudo contou com um ano de atuação na UBS que abrangeu
reuniões de acompanhamento com os agentes de saúde, com os profissionais da UBS, bem como estudo
dos prontuários das gestantes que fazem pré-natal na UBS. O PET-Saúde articulado ao programa Rede
Mãe Paranaense é um projeto do Estado do Paraná que busca reduzir a mortalidade materna e infantil por
meio de uma captação preventiva das gestantes, com acompanhamento dos pré-natais, com no mínimo 7
consultas; a estratificação do risco das gestantes e das crianças; o atendimento em ambulatório
especializado vinculando o parto ao hospital conforme o risco gestacional, além de acompanhar o
crescimento e desenvolvimento das crianças, principalmente no primeiro ano de vida. Nesta direção,
buscamos articular os objetivos do programa Mãe Paranaense com os cuidados em saúde mental, de
modo a promover uma atenção integral a estas gestantes. Como resultado levantamos os dados de vinte e
nove gestantes na unidade, sendo vinte e quatro de risco habitual, duas de risco intermediário e três de
alto risco. A segunda etapa, consistia em investigar quais dessas gestantes utilizavam os serviços do
CAPS. Embora nenhuma delas estava sendo acompanhada pelo CAPS, reunimo-nos com os agentes
comunitários (ACs) da equipe de Saúde da Família para discutir caso por caso e problematizar quais das
gestantes poderiam ser articuladas a rede dos serviços de saúde mental. Levantamos três casos em que os
serviços de saúde mental seriam importantes e que era necessário maior atenção por parte dos
profissionais da UBS. Na terceira etapa, reunimos com a equipe de saúde da família da UBS, mostrando a
eles o trabalho que fizemos e levantando discussões sobre a importância do cuidado psicossocial para um
atendimento integral às gestantes. Pode-se concluir que experiência do grupo caracterizou-se como uma
vivência inovadora, desafiadora e complexa, uma vez que exigiu articulação entre instituição de ensino,
serviços de saúde, profissionais e comunidade. Destacamos que nossas ações na UBS com a equipe de
Saúde da Família, junto aos ACs fortaleceram vínculos e comunicação entre a rede, ampliou subsídios
para melhor compreensão e planejamento das ações com as gestantes na UBS, ampliou os conhecimentos
da importância dos cuidados em saúde mental para a atenção integral as gestantes, bem como promoveu
reflexão e debates críticos das políticas públicas na UBS e da primazia do trabalho em rede.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Prática clínica: Um campo para criação


Rafael dos Reis Biazin, Sonia Regina Vargas Mansano
O que se vislumbra atualmente no campo social é uma busca pela obtenção de um ‘equilíbrio psíquico’
por meio do qual a vida possa seguir de uma maneira estável e produtiva. Mas, será que a vida, em sua
dimensão complexa, permite tal estabilidade? Será que tal expectativa (amplamente idealizada) pode ser
simplesmente acolhida nas práticas da psicologia clínica? Diante dessa demanda que chega aos
consultórios, a psicologia clínica ainda apresenta resquícios de um modelo médico que busca seguir uma
propedêutica para atingir a “cura”, eliminando o sofrimento psíquico e dividindo as subjetividades em um
binarismo simplista que se distribui entre anormalidade e normalidade. Recorrendo à descrição das
atribuições profissionais do psicólogo clínico no Brasil, elaboradas e difundidas pelo CFP (Conselho
Federal de Psicologia), verifica-se marcadamente a presença de um modelo médico que prescreve o fazer
clínico em torno de objetivos curativos. Neste sentido é que se buscou, nesta pesquisa de iniciação
científica, investigar as práticas clínicas que vão além das prescrições com objetivos curativos, e que
buscam colocar em curso processos de criação e experimentação dos modos de vida. Assim, a presente
pesquisa, de cunho qualitativo, foi dividida em três momentos: primeiramente, buscou-se analisar os
documentos difundidos pelo CFP no tocante às práticas clínicas com o intuito de compreender as
diretrizes dadas pelo conselho. Num segundo momento, procurou-se investigar as possibilidades de
atuação na clínica que vão além de uma prática prescritiva, valendo-se de teóricos que prezam por
construir maneiras de acolher as novas configurações subjetivas contemporâneas e seus impasses. Ao
final, foi possível traçar alguns ensaios acerca da conexão entre o dispositivo clínico e as manifestações
artísticas, como modalidades de criação de novos modos de vida. Para Rolnik (2003), o ponto nodal da
aparição de novas problematizações que se apresentam à clínica é a “força de criação”. No contexto do
capitalismo avançado, a força de criação encontra-se dissociada das sensações que a convocam a inventar
os modos de viver. A produção desenfreada, a fim de atender à demanda crescente de lucro, não concede
muito espaço à experimentação do mundo como um campo de forças em transformação: sua maior
preocupação está em manter os corpos exclusivamente conectados à busca do acúmulo. Diante desse
impasse (entre criação dos modos de vida e a reprodução capitalista), instala-se nas subjetividades uma
crise que causa assombro e, muitas vezes, leva o indivíduo a recorrer à clínica. Valendo-se então da arte,
como criadora de experiências e maneiras de viver, pode-se delinear um fazer clínico capaz de acolher a
vida no que lhe é inerente: a variação, o desequilíbrio e o inacabamento. Assim, num diálogo com a arte,
foi possível pensar a criação de novas maneiras de acolher o paciente com suas demandas, angústias e
possibilidades criadoras, valendo-se de ferramentas conceituais mais contextualizadas e singulares.
Palavras-chave: clínica, arte, subjetividade.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Psicologia e envelhecimento: a realidade dos cursos de graduação das instituições públicas de


ensino no Brasil
Meyre Eiras de Barros Pinto; Gustavo Seiji Shigaki; Arthur Basilio Alves Ribeiro; Camila Soares
Bortoli; Letícia Akemi Shiki.
Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi identificar os conteúdos ministrados acerca do processo de
envelhecimento nos cursos de graduação em Psicologia das Instituições Ensino Superior (IES) Públicas
(federais e estaduais) do Brasil. Método: Foi realizado um estudo observacional e descritivo com
abordagem quantitativa e qualitativa sobre a existência de conteúdos sobre o processo de envelhecimento
em 42 cursos de graduação em Psicologia das IES Públicas (27 federais e 15 estaduais) do Brasil. Para
isso, foram feitas consultas junto ao site do Ministério de Educação e aos sites das próprias instituições de
ensino, e foi realizada uma análise documental dos Projetos Político-Pedagógicos e das ementas dos
cursos, em busca de informações acerca da temática do envelhecimento nos cursos de Psicologia. As
informações investigadas das IES foram: tipo de instituição (federal ou estadual), número de vagas
ofertadas anualmente, duração do curso, conteúdos existentes nas grades curriculares, presença de
disciplinas obrigatórias e/ou optativas sobre a psicologia do envelhecimento, cargas horárias das referidas
disciplinas e suas respectivas séries. Resultados: Das 27 Instituições Federais, 6 delas não apresentaram
em seu ementário ou grade curricular, através de seus sites, nenhuma referência ou informação sobre a
temática do envelhecimento. Em 8 delas, não foi possível constatar a inserção de conteúdos sobre o
envelhecimento, devido à falta de informações nos sites das instituições. 4 apresentaram conteúdo sobre o
envelhecimento de forma detalhada, incluindo disciplinas específicas e obrigatórias às questões do
envelhecimento; 5 apresentaram ementas que enfatizaram outros assuntos teóricos, porém abordavam o
tema do envelhecimento apenas de maneira indireta e pouco aprofundada, através de outras disciplinas.
Por fim, 4 Instituições contemplaram apenas disciplinas de caráter optativo sobre a temática da terceira
idade. Nas Instituições Estaduais constatou-se que a maioria, 11, não disponibilizou informações em
relação à existência de conteúdo sobre o tema envelhecimento. Em 1 universidade não foi possível
constatar a existência de qualquer conteúdo sobre a temática do envelhecimento, devido à falta de
informações no site. As últimas 3 instituições apresentaram: 1 ementa com conteúdos específicos de
forma consistente e aprofundado sobre o tema; a outra apresentou conteúdos de forma não específica, de
forma muito ampla, e uma apresentou apenas a disciplina no formato de disciplina optativa, para a
escolha do estudante. Considerações finais: Constatou-se que, nos Cursos de Psicologia no Brasil, a
temática do envelhecimento está ainda incipiente, necessitando que as IES incluam em suas ementas
conteúdos relativos ao tema, na medida em que, no Brasil há necessidade imperiosa de implantar
conteúdos educacionais na área da gerontologia nos cursos de graduação em Psicologia.
Palavras-chave: processo de envelhecimento, graduação em psicologia, gerontologia.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Psicologia na unidade básica de saúde: promovendo qualidade de vida na primeira gestação


Enos Ribeiro dos Santos Júnior (UEL), Maria Beatriz Carvalho Devides (UEL), Carla Danielle Vieira
(UEL), Márcia Maria Benevenuto de Oliveira (UEL), Maura SassaharaHigasi (UEL) e Evelin Massae
Ogatta Muraguchi (UEL).
O grupo multiprofissional do PET (GMPPET) atuante em uma Unidade Básica de Saúde Itapoã (UBS),
em Londrina, resolveu ampliar as ações da Rede Mãe Paranaense para além da dimensão biológica
(consultas e exames) e dos indicadores socioeconômicos, pois a gestação, embora seja evento biológico
natural, é vivida de maneira única, envolvendo adaptações corporais e psicológicas, e modificações na
vida da mulher. Estas mudanças dependem de fatores individuais, familiares, conjugais,
socioeconômicos, culturais e da história de vida de cada mulher, que devem ser valorizadas e
acompanhadas. Para nortear esta iniciativa, foi aplicado questionário individual em 34% das gestantes da
UBS. Após a aplicação dos questionários, o GMPPET organizou um grupo para primigestas. Foram
realizados 4 encontros na UBS de 90 minutos cada, versando sobre psicologia, farmácia, fisioterapia,
odontologia, enfermagem e medicina. O resultado da pesquisa mostrou que 80% das gestantes acham
importante visitar o hospital de referência, mas apenas 14% o fizeram por sugestão da UBS. 79%
valorizaram a presença de alguém próximo durante o pré-natal, que acontece em apenas 39% delas e 73%
responderam que participariam de um grupo de gestantes se fosse oferecido. Diante disto, o grupo de
primigestas teve a finalidade de estimular um ambiente onde se compreenda integralmente as demandas
da gestante, visando melhorar a qualidade da gestação e prepará-las para o parto, através de ensinamentos
para mudanças de comportamento. Os estudantes de psicologia trataram dos assuntos: Medos e
Ansiedades, Imagem Corporal, Trabalho, Sexo e Carinho, Mudanças de Humor, Parceiro e Família,
Estimulação e Vínculo com o bebê, de acordo com a perspectiva comportamental, partindo do
pressuposto de que todas as ações são multideterminadas, onde os sentimentos são produtos de
contingências e os homens são modificados pelas consequências de suas ações. Duas primigestas
compareceram ao grupo com seus acompanhantes. Concluiu-se, segundo as falas dos participantes, que
esta intervenção, organizada de forma integrada por estudantes, professores e profissionais, colaborou
para uma melhora da qualidade da gestação e preparo para o parto, pois proporcionou um espaço de fala,
discussão e aprendizagem de conhecimentos e comportamentos. A baixa adesão é uma dificuldade
encontrada no sistema público, mas não deve ser um empecilho para que haja oferta, já que as UBS são a
porta de entrada ao SUS e visam à integralidade de assistência, entendida como um conjunto articulado e
contínuo de ações e serviços.
Palavras-chaves: Gestação; Qualidade de vida; Projeto Multidisciplinar.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Quando o doce vira amargo: Um relato de caso


Gracielly Terziotti de Oliveira, Karen Pereira Bisconcini, Vânia Maria Vargas
O presente trabalho tem por objetivo apresentar o relato de um caso de uma criança com Diabetes
Mellitus Tipo I e seus pais, em atendimento no Ambulatório do Hospital de Clínicas da Universidade
Estadual de Londrina. A diabetes mellitus se enquadra atualmente como uma doença crônica, sendo
assim, pode causar restrições físicas, emocionais e sociais, e em alguns casos pode alterar
significativamente a maneira do diabético se inserir no mundo. Especificamente no caso de crianças, pode
implicar em uma alteração também da dinâmica familiar como um todo, sem a ajuda dos familiares, o
adequado manejo da criança frente a essa situação e essa nova maneira de se inserir no mundo pode ficar
comprometida. Método: realizou-se 4 atendimentos com a criança e seus pais, separadamente. Neste caso
específico foi possível observar a falta do estabelecimento de limites adequados dos pais em relação aos
seus filhos, o sentimento de culpa em relação à doença no filho e demais conflitos familiares que estavam
afetando a implementação das rotinas de cuidados necessários com a doença crônica. Resultados: a oferta
de atendimento possibilitou a expressão da dimensão subjetiva tanto dos pais quanto da criança atendida.
Conclusão: Entender a configuração familiar e as reais possibilidades de subjetivação dessa criança tem
trazido benefícios no seu atendimento, pois tem sido possível lidar com situações complicadas para eles,
tais como: o papel de cada um na família, erros alimentares, ausência de limites coerentes, insegurança e
falta de autonomia na criança para efetuar os cuidados com a doença. Assim, percebe-se que juntamente
com o equilíbrio metabólico que o diabético deve ter, o qual inclui doses diárias de insulina, exercícios
físicos, exames e dieta para sobreviver e para evitar complicações decorrentes de sua enfermidade,
também lhe é necessário um equilíbrio psicológico em relação à doença e suas exigências. Não se tem
estudos comprovados que as crianças diabéticas tenham mais problemas psicológicos que crianças não
diabéticas, porém, as crianças diabéticas cujas famílias apresentam conflitos apresentam maiores
dificuldades para controle de seu diabetes, o que nos faz concluir sobre a importância do atendimento da
psicologia a crianças diabéticas e seus familiares.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, Psicanálise, família.

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Saúde mental e CAPS III: um relato de experiência


Patrícia Bortolloti, Pedro Costa Zanola, Luisa D’Tolis, Priscilla Faria; Alejandra Astrid Leon Cedeno
A partir de estagio realizado no CAPS III de Londrina, buscamos desenvolver reflexões sobre a situação a
saúde mental em londrina, assim como, a partir do referencial teórico de Peter Spink, buscamos interagir,
conhecer e propor uma intervenção nesse campo. Seguindo a perspectiva que surgiu com a Reforma
Psiquiátrica e com a Luta Antimanicomial e considerando o sujeito portador de algum transtorno mental
como um cidadão capaz de conviver com a sociedade, entendemos que o psicólogo tem função primordial
em atuar de forma a reduzir o sofrimento de tais pessoas, buscando contribuir com o espaço oferecido
pelo CAPS lll da cidade de Londrina e também visando aprender, tanto na teoria quanto na prática,
através da troca de conhecimentos entre os usuários e os profissionais que atuam no CAPS. Assim, com
base nesse estagio propomos relatar nossa experiência e gerar uma discussão, tendo como um dos
principais objetivos aumentar os laços entre a universidade e as instituições de saúde publica e promover
uma reflexão acerca desta. Com o estágio no CAPS, pretendemos desenvolver atividades com os usuários
a fim de estreitar os lações entre os Centros e a Universidade, assim como conhecer, observar e adquirir
conhecimentos que possibilitem reflexões acerca do trabalho do psicólogo em instituições de saúde
mental. Além disso, pretendemos acompanhar a rotina do CAPS III, promover a criação de novas oficinas
para os usuários, dependendo do interesse dos participantes e das suas possibilidades de ação; participar
de reuniões e discussões com os profissionais do CAPS III acerca das atividades desenvolvidas no CAPS,
além de observar de fato como funcionam as instituições de saúde mental em Londrina. Seguindo essa
nova perspectiva que surgiu juntamente com a Reforma Psiquiátrica e com a Luta Antimanicomial e
considerando o sujeito portador de algum transtorno mental como um cidadão capaz de conviver com a
sociedade mesmo vivendo em sua subjetividade, entendemos que o psicólogo tem função primordial em
atuar de forma a reduzir o sofrimento de tais pessoas, buscando contribuir com o espaço oferecido pelo
CAPS lll da cidade de Londrina e também visando aprender, tanto na teoria quanto na prática, através da
troca de conhecimentos entre os usuários e os profissionais que atuam no CAPS. Baseado na teoria e
pratica da pesquisa ação de Peter Spink, que realiza pesquisa em psicologia social, dando suma relevância
à interação entre o pesquisador e o pesquisado, onde o pesquisador se coloca e interage no meio. Dessa
forma, no estagio proposto no CAPS III, pretendemos primeiramente conhecer o cotidiano do serviço e
seus atores, interagindo com esse, e procurando entender os significados do serviços e possíveis
demandas para atuarmos. Então, no segundo semestre, proporemos uma atuação onde poderemos realizar
oficinas, como de teatro, dança, musica, e yoga, cujos estagiários tem conhecimento prévio, ou atender
demandas surgidas no contato com o serviço durante o primeiro semestre. Está sendo desenvolvido a
partir das visitas semanais feitas no Caps lll de Londrina.

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Sensibilizar-me: um relato de experiência sobre a importância da humanização hospitalar


Aline Cristina Monteiro Ferreira; Karoline Martins de Oliveira; Alejandra Astrid Leon Cedeno
A técnica profissional, dentro do ambiente hospitalar, extingue do indivíduo a palavra, a autonomia, o
olhar humano e o respeito. Nesse contexto, o Sistema Único de Saúde (SUS) criou uma política para
assegurar um ambiente mais humanizado para o indivíduo enfermo. A proposta de humanização de
assistência à saúde tem como objetivo a melhoria das condições de trabalhos dos profissionais, o
progresso da qualidade de atendimento ao usuário, a diminuição dos custos excessivos e o alinhamento
com as políticas mundiais de saúde, valorizando assim, os diferentes sujeitos implicados no processo de
produção da saúde. O trabalho humanizado traz melhoras no ambiente hospitalar, tais como a redução do
tempo de internação e aumento do bem-estar dos pacientes e funcionários. Em suma, a humanização é
uma maneira de interferir no processo de promoção de saúde, levando em consideração o indivíduo como
aquele que é capaz de modificar realidades, transformando-se a si nesse processo, além de desenvolver
uma postura correta de dignidade de caráter. Devido à necessidade de transformações nas políticas de
saúde, com o passar dos anos, foi-se criando diversos projetos de humanização, muitos deles voluntários.
A partir desse viés, estudantes de Medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL) criaram o
SensibilizArte, que é um projeto voluntário e conta com a participação de estudantes de seis cursos da
área da saúde da UEL: Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, Odontologia, Psicologia e Farmácia. O
projeto tem como objetivo humanizar o estudante da área da saúde utilizando a arte como instrumento
auxiliar na interação com o paciente hospitalizado, bem como humanizar o ambiente hospitalar. Sendo
assim, o presente trabalho possui o objetivo de relatar a experiência de duas alunas do 5º ano do Curso de
Graduação em Psicologia da UEL, que participam deste projeto voluntário de humanização hospitalar, o
SensibilizArte. A postura adotada neste relato de experiência é a de pesquisador no cotidiano, que se
utiliza das possibilidades de investigar as relações que se estabelecem nos micro lugares. O projeto parte
de um viés de que através da entrada dos voluntários para a realização das atividades propostas há a
possibilidade de o paciente exercer sua autonomia, demonstrar seus sentimentos, ser espontâneo,
compartilhar momentos e questionamentos, dar sua opinião e participar, quando possível, ativamente das
atividades realizadas. Como resultado deste projeto, pode-se afirmar que o ambiente hospitalar torna-se
mais informal, descontraído, assim, como a fantasia, o riso e a alegria são resgatados. A oportunidade de
aproximação com pacientes debilitados e com sua família fragilizada, sem estar em uma posição
hierárquica permite crescimento e sensibilização para as estudantes, possibilitando assim, quebrar
paradigmas e preconceitos estabelecidos sobre a permanência em um hospital.
Palavras-Chave: Humanização, humanização hospitalar, trabalho voluntário.

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Sobre a fragilidade e a pouca durabilidade dos vínculos amorosos contemporâneos


Sandra Aparecida Serra Zanetti (UEL); Isabel Cristina Gomes (Universidade de São Paulo)
A contemporaneidade pode ser compreendida como uma época em que as condições socioculturais e
econômicas de existências sustentam a construção e a manutenção de valores, costumes e subjetividades
que, à grosso modo, se orientam em função de um favorecimento da imediata satisfação dos desejos em
detrimento da organização de contratos e acordos estáveis e duradouros em que a ética, a moral, a
solidariedade e honra eram prioritários. Trata-se de um movimento que primeiramente atendeu às
necessidade de uma sociedade baseada nas leis de um mercado competitivo e do consumo, mas que num
segundo momento, e como consequência, atende à necessidades de um funcionamento psíquico em que
os processos primários são soberanos em relação aos secundários, em consonância com as necessidades
narcísicas, acentuadas pela cultura. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo apresentar
resultados de uma tese de doutorado (Zanetti, 2012) que, dentre outras questões, ocupou-se em entender
os motivos pelos quais um vínculo amoroso na contemporaneidade pode ser frágil e pouco duradouro. O
método foi clínico-qualitativo e a fundamentação teórica para a interpretação dos dados psicanalítica.
Foram entrevistados seis participantes, de ambos os sexos, que tivessem feito a opção por não ter um
vínculo amoroso compromissado há pelo menos um ano, e que não tivessem filhos. Dentre os resultados
foi possível perceber que entre os fatores que levam alguém a fazer este tipo de opção estão a pouca
disponibilidade psíquica em lidar com os conflitos inerentes ao vínculo, a dificuldade em lidar com a
frustração, com a alteridade e com as expectativas e idealizações frustradas. Consideramos que o vínculo
amoroso necessariamente exige dos parceiros uma constante disponibilidade em lidar com
questionamentos sobre si mesmo e sobre o outro, além da capacidade de aceitar as próprias faltas e as do
outro. Somente assim um vínculo pode se configurar de maneira saudável promovendo a transformação e
o crescimento dos envolvidos. Compreendemos ainda que essas dificuldades são mais comuns hoje em
dia em função do contexto sociocultural e econômico que de tão exigente e competitivo promove o
isolamento, a desesperança nas relações, aflorando as feridas narcísicas e a necessidade primordial de
voltar-se para si mesmo.
Palavras-chaves: vínculo, amor, psicanálise.

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Técnicas de avaliação em psicodiagnóstico: Um estudo de caso


Ana Carolina Zuanazzi Fernandes; Fernanda Barros Moreira; Fabiano Koich Miguel
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o estudo de um caso avaliado na clínica escola na
disciplina de Psicodiagnóstico de uma universidade do Paraná. A avalianda H., sexo feminino, 22 anos,
procurou atendimento psicológico e foi convidada a participar da avaliação psicodiagnóstica enquanto
aguardava atendimento na fila de espera da clínica. A queixa principal relatada por H. foi que se sentia
muito sozinha, triste e não sentia vontade de sair de casa. Foram realizados encontros semanais,
totalizando 12 encontros e uma devolutiva ao final do processo. Os instrumentos de avaliação utilizados
foram: entrevistas, House-Tree-Person, Inventário Fatorial de Personalidade, Zulliger Sistema
Compreensivo e Pirâmides Coloridas de Pfister. Ao longo dos encontros, algumas questões envolvendo
seus relacionamentos interpessoais foram levantadas, como, por exemplo, o relacionamento conflituoso
com um namorado controlador e sua relação com a avó materna, permeado por conflitos semelhantes. Ao
longo do processo de psicodiagnóstico, algumas dessas questões também puderam ser trabalhadas,
embora superficialmente. Foi observado também que H. costumava desenvolver atividades de lazer que
fossem individuais, como leituras e vídeo games. H. também se mostrou interessada em assistir e ler
séries sobre assassinatos ou temas fantásticos e ficar em locais onde pudesse permanecer sozinha (ex.
cemitérios). Com auxílio dos instrumentos de avaliação, algumas características importantes de H.
ficaram evidentes, como, por exemplo, no teste de Zulliger a percepção de si mesma ou dos objetos como
distorcidos (MOR elevado) e propensão a perceber de modo negativo as relações interpessoais
(COP<AG). No HTP foram observadas algumas características como ansiedade, retraimento, introversão,
dependência e imaturidade. A avalianda foi encaminhada para atendimento em psicoterapia.
Palavras-chave: psicologia clínica, estudo de caso, psicodiagnóstico.

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Transferência e contratransferência na troca do terapeuta no atendimento familiar


Ana Carolina Zuanazzi Fernandes; Maíra Bonafé Sei
O atendimento psicanalítico pressupõe a existência dos seguintes fenômenos: transferência, ato de
projetar na figura do terapeuta conteúdos inconscientes inicialmente destinados a outras figuras
importantes na vida do paciente, e contratransferência, relacionada a sentimentos evocados no terapeuta a
partir da transferência do paciente. Tais fenômenos apresentam-se de forma mais complexa nos
atendimentos grupais, incluindo nestes os grupos familiares, tendo em vista a rede de relações
estabelecidas entre os participantes e o terapeuta e entre os próprios participantes. Tendo em vista este
panorama inicial, almeja-se, por meio deste trabalho, tecer breves reflexões sobre as implicações na
relação transferência-contratransferência estabelecida em um atendimento familiar diante da troca de
terapeuta. Tem-se, assim, um estudo qualitativo que se delineia a partir do estudo do caso de uma família
atendida em um serviço escola de Psicologia de uma universidade pública. A família em questão era
composta por pai, mãe e filho, com encaminhamento para o atendimento familiar feito após a avaliação
psicológica do menino. Foram realizadas aproximadamente 25 sessões com a terapeuta inicial, ao longo
de dez meses, após os quais o caso foi encaminhado para outra terapeuta devido à mudança da primeira.
O processo de mudança e adaptação à nova terapeuta foi recebido pela família com bastante resistência,
implicando, a princípio numa relação transferencial negativa. Foi necessário o manejo da transferência e
contratransferência afim de que se pudesse dar continuidade ao atendimento, estando implicado neste
processo também a elaboração do luto pela saída da terapeuta inicial. Neste sentido, ao se focar a
psicanálise winnicottiana, compreende-se que o papel do terapeuta pode se assemelhar ao papel da
família, em prover um ambiente suficientemente bom para um desenvolvimento saudável que inclui o
atendimento das necessidades do indivíduo e, também, a colocação de limites e a possibilidade de se
acolher o ódio, a agressividade no espaço terapêutico. Com isso, avalia-se, no âmbito da relação
transferencial-contratransferencial, que a figura da primeira terapeuta posicionou-se no papel de escuta do
sofrimento, ofertando um espaço de exposição dos sentimentos e pensamentos, colaborando para o
estabelecimento do vínculo terapêutico. Em seguida, o setting terapêutico, com a entrada da nova
terapeuta, tornou-se mais do que um espaço de expressão de vivências, mas de aprofundamento de
reflexões necessárias ao processo terapêutico, com questionamentos não propostos no início da terapia.
Assim, a troca de terapeutas, a despeito das dificuldades inerentes a um processo como este, tais como
elaboração de luto e retomada do processo percorrido pela família, favoreceu uma construção de outros
olhares e relações, a partir de diferentes posicionamentos no setting terapêutico e de uma nova relação de
transferência-contratransferência entre terapeuta e grupo familiar.
Palavras-chave: psicanálise, família, transferência, contratransferência

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Transtorno bipolar: Avaliação de um programa de psicoeducação sob o enfoque da análise do


comportamento
Samir Vidal Mussi, Maria Rita Zoéga Soares, Renata Grossi
A psicoeducação é uma das estratégias que deve ser inserida no tratamento de pacientes com diagnóstico
de transtorno bipolar e tem demonstrado eficácia para fomentar respostas relacionadas à adesão à
medicação. O objetivo deste estudo foi avaliar a efetividade de um programa de psicoeducação aplicado a
9 pacientes com diagnóstico de transtorno bipolar, em tratamento em um hospital público. Para avaliação
foram aplicadas as escalas de depressão (Hamilton), de mania (Young) e de Qualidade de Vida
(WHOQOL). Foram realizadas 16 sessões de atendimento em grupo e os resultados mostraram que houve
redução significativa na mania do pré para o pós-teste e melhora no domínio “Físico” da escala de
Qualidade de Vida. Além disso, a alta frequencia de pacientes com depressão leve e os relatos de
conflitos familiares apontam a necessidade de intervenção com a família e focadas no treino de
habilidades sociais.
Palavras-chave: psicoeducação, transtorno afetivo bipolar, análise do comportamento.

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Transtorno de personalidade borderline: um relato de experiência sobre o enfoque da terapia


cognitiva
Jéssica Aires da Silva Oliveira; Liziane Souza Leite - Faculdade Pitágoras – Campus Londrina
A Terapia Cognitiva foi desenvolvida por Aaron T. Beck, no início da década de 60, como uma
psicoterapia breve, estruturada, orientada ao presente, para depressão, direcionada a resolver problemas
atuais e a modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais, sendo que para o modelo cognitivo as
emoções e os pensamentos influenciam na forma como o individuo interpreta os acontecimentos de sua
vida e propõe que o pensamento disfuncional seja comuns a todos os distúrbios psicológicos, sendo
necessária uma avaliação realista para que suas modificações produzam melhoras. A Terapia Cognitiva
para qualquer transtorno depende da conceitualização do transtorno e de sua adaptação às características
de cada caso. É sabido que esta abordagem da psicologia é eficaz para transtornos do Eixo I, porém as
conceitualizações cognitivas nos transtornos de personalidades são recentes, sendo que existem limitações
nas pesquisas sobre a sua validade. Pesquisas recentes examinaram relações entre as crenças e seus papéis
para cada um dos transtornos de personalidade. Nas duas últimas décadas, ocorreram diversos avanços,
tanto na teoria como na prática que ultrapassam a pesquisa empírica. O Transtorno de Personalidade
Borderline (TPB), segundo o DSM-IV-TR, é caracterizado por um padrão global de instabilidade dos
relacionamentos interpessoais, da auto-imagem e dos afetos e acentuada impulsividade, que se manifesta
no início da idade adulta e esta presente em uma variedade de contextos. Atualmente os critérios para
TPB refletem um padrão de instabilidade e desregulação dos comportamentos, emoções e cognições e em
um segundo momento apresentam desregulação interpessoal. O presente trabalho teve como objetivo
relatar a experiência de uma terapeuta iniciante em atendimento clínico em clínica escola de uma paciente
com possível diagnóstico de TPB. Foram realizados atendimentos de triagem e levantamento de dados do
histórico de vida da paciente. A paciente preenche os critérios diagnósticos de acordo com o DSM-IV-TR
para tal transtorno e a hipótese diagnóstica foi confirmada pelos estudos e revisão bibliográfica realizada
pela terapeuta devido à necessidade de se apropriar da literatura disponível em português que é limitada.
Até o momento, foram realizadas 15 sessões entre triagem e início da psicoterapia individual
propriamente dita. O enfoque principal foi direcionado ao manejo e controle da impulsividade devido ao
histórico de tentativas de suicido e automutilação. Pode-se notar a importância do acompanhamento
psicológico e psiquiátrico com uso de medicamentos nesta fase do tratamento, sendo que a paciente já
apresentou evoluções.
Palavras-chave: Transtorno de Personalidade Borderline, Terapia Cognitiva, Relato de Experiência.

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Resumos
Painéis

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A arte como expressão em um atendimento familiar: relato de caso


Gracielly Terziotti de Oliveira; Maíra Bonafé Sei (Orientadora)
O presente trabalho tem por objetivo apresentar um relato de caso de um atendimento familiar em que foi
utilizado a arteterapia como forma de expressão nos atendimentos. O caso relatado é atendido dentro do
projeto de extensão “Atendimento psicológico a famílias por meio de recursos artístico-expressivos com
base no referencial winnicottiano”, da Universidade Estadual de Londrina. Tanto a arteterapia como a
terapia com famílias se caracterizam por ser um campo em expansão. Muitas das famílias que se inserem
nesse projeto se inscrevem por iniciativa própria, mas sabe-se que esse modalidade de atendimento é
indicado nos casos em que o conflito e sofrimento do grupo perpassa a autonomia dos sintomas de cada
individuo componente da família. Por sua vez, a opção da arteterapia tem seus benefícios como a
aproximação de diferenças como de idade, cognitiva e emocional que possa existir entre os membros da
família, pois com o uso dessa forma de comunicação majoritariamente não-verbal se facilita a
comunicação entre todos do setting terapêutico, inclusive com o analista. Promove também a expressão
de pensamento e sentimentos no contexto terapêutico, incluindo os aspectos inconscientes que não são ou
não podem, de alguma forma, ser expressos verbalmente. Assim, é disponibilizado em todos os
atendimentos com a família uma caixa com recursos artísticos-expressivos para que também seja possível
se utilizar dessa via de comunicação. Nesse atendimento, foi possível observar nos desenhos a realidade
da dinâmica familiar tal como a produção de uma forca na primeira sessão pelo filho mais novo
demonstrando o quanto essa família se encontrava enforcada no momento em que foi procurar o
atendimento familiar.
Palavras-chave: Arteterapia, família, psicanálise.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

A construção do relacionamento estável entre casais heterossexuais e homossexuais:


individualidade e identidade conjugal
Amália Clivati Cauduro; Ana Paula Cavalheiro; Gustavo Chaves Oliveira; Jessica Cardoso Roque;
Raissa Ortega dos Santos; Rodrigo Cesar Franco; Sebastião Junior dos Santos; Thassia Mayara Pinho
da Rocha; Thiago Soares Campoli; Yuriko Siu Takeda; Marilícia Witzler Antunes Ribeiro Palmieri
A construção e a estabilidade de relacionamentos já foram temáticas de muitos estudos nas áreas de
ciências sociais e humanas, sendo possível ressaltar ainda hoje a relevância do tema dentro do contexto
científico. A escolha do tema se deve à curiosidade por parte dos pesquisadores de analisar a
“estabilidade” dos relacionamentos no século XXI, os quais são parte integrante do processo de
construção da individualidade e da identidade conjugal em tempos de individualismo capitalista. Deste
ponto de vista, interessa-nos ouvir a opinião de casais heterossexuais e de casais homoafetivos,
considerando elementos de subjetividade e aspectos socioculturais de seus relacionamentos. O presente
estudo, em andamento na disciplina de Psicologia Social I, tem por objetivo analisar indicadores ligados à
individualidade e a conjugalidade. No método, serão conduzidas vinte entrevistas com 20 pessoas,
mediante um roteiro de questões que será previamente elaborado para este fim. Estas representam 10
casais, sendo 5 (cinco) heterossexuais e 5 (cinco) homossexuais, sendo de diferentes idades, profissões e
que mantém relacionamentos estáveis com, pelo menos, um ano. Os resultados e análise terão como
objeto de estudo, a construção dos conceitos relacionados ao tema, como individualidade e identidade
conjugal para entender de que forma os relacionamentos se constroem e se mantém em tempos difíceis de
individualismo. Além disso, realizou-se buscas em bancos de dados (Scielo; PPsic e Google Acadêmico),
para selecionar pesquisas que nos oferecessem base teórica de apoio para trabalhar na pesquisa.
Selecionamos, dentre os artigos encontrados, definições dos diversos temas que envolvem a pesquisa, a
qual se justifica de forma a dar subsídios para aprofundamento sobre o tema.
Palavras-chave: Individualidade; Identidade Conjugal; Individualismo.

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A educação psicomotora na Educação Infantil


Natália Rosot; Ana Paula Martins Carvalho; Ana Paula Couto Vilela de Andrade; Bruna Maria de
Souza; Maria Beatriz Carvalho Devides; Mariana Rodrigues Proença; Valéria Queiroz Furtado
Este trabalho, que se encontra em desenvolvimento, considera a importância da implementação da
educação psicomotora de maneira regular em instituições de educação infantil, tendo, portanto, como
objetivo propiciar aos profissionais da educação infantil a conscientização da relevância do
desenvolvimento psicomotor na educação infantil. Além disso, tem-se como objetivo também apresentar
aos educadores alternativas metodológicas para a estimulação psicomotora das crianças. O trabalho, de
caráter interventivo, está sendo desenvolvido em um Centro de Educação Infantil. Inicialmente,
estagiárias de psicologia foram distribuídas em dois grupos de intervenção: um grupo voltado à teoria e
outro à prática. No primeiro semestre de 2013 foram realizados o levantamento de referencial teórico, a
coleta de dados, a aproximação da instituição e o planejamento dos encontros. A intervenção dos grupos
ainda ocorrerá no segundo semestre deste ano. O grupo voltado ao curso teórico desenvolverá um curso
de psicomotricidade para professoras, enfatizando a importância do jogo para o desenvolvimento das
habilidades trabalhadas. Já o grupo destinado às atividades práticas intervirá junto a crianças de 3 a 5 anos
priorizando o uso de materiais de sucata, orientando os educadores sobre as atividades desenvolvidas. Os
encontros semanais terão a duração de 4 meses na instituição, que possui caráter filantrópico. O presente
estudo encontra-se em fase de execução e pretende oferecer subsídios para educadores infantis de modo a
contribuir para que a educação psicomotora torne-se uma prática consolidada nas instituições de educação
infantil.
Palavras-chave: Psicomotricidade; Educação Infantil; Educação psicomotora.

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A psicanálise no hospital público: impasses e possibilidades


Julia Archangelo Guimarães; Ricardo Brandel Junior; Valéria de Araújo Elias
Objetivos: Este trabalho tem como objetivo problematizar a inserção da psicanálise no campo
institucional e hospitalar a fim de oferecer contribuições para a construção de dispositivos clínicos de
modo a torná-la acessível à população em um sistema de saúde pública. Método: Através de levantamento
bibliográfico dos principais autores da área, articulando teoria e técnica psicanalítica. Resultados: O
hospital público constitui um espaço onde a dor e o sofrimento buscam um destino, mas cuja resposta a
isto está longe de ser estritamente médica. A possibilidade de criar lugares onde a prática psicanalítica
ultrapassa os limites de um espaço privado para transitar nas unidades hospitalares se baseia na certeza de
que há um sujeito em todo corpo que sofre. Freud (1919) comunica a finalidade da psicanálise como a
restauração da saúde do paciente, devendo encontrar meios sociais de aliviar o sofrimento das massas.
Esperava que um dia a sociedade percebesse que “o pobre tem direito a uma assistência à sua mente” e
“haverão instituições de pacientes para os quais serão designados médicos analiticamente preparados (...)
Quando isso acontecer nos caberá a tarefa de adequar a nossa técnica às novas condições (p. 205)”. Isso
tem se concretizado com a entrada da psicologia em hospitais públicos. Conteúdos emocionais
decorrentes das situações de internação, o diagnóstico ou o tratamento mobilizam o paciente e seus
familiares, legitimando assim a inserção do psicólogo. Compartilhando do objetivo de tentar aliviar o
padecimento orgânico e subjetivo, o tratamento psicanalítico irá se ocupar daquilo que é singular e não
objetivável de cada paciente. Os dispositivos que possuímos para tal são: nossa presença e escuta. Assim
respondemos de um lugar que não é o de cuidador e sim de acolhedor. Acolhedor do inconsciente. Neste
sentido, é necessário considerar que nem sempre o paciente encaminhado tem alguma demanda (no
sentido de desejar saber algo). Conclusão: O espaço hospitalar favorece para que a prática interrogue a
teoria e, justamente através destes interrogantes, permite-nos renovar a psicanálise.
Palavras chave: Psicanálise, Hospital público, Dispositivos Clínicos

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A visão do estudante de graduação acerca da inserção em um projeto de extensão


Marisa de Cássia D. S. Almeida; Ricardo da Silva Franco; Maíra Bonafé Sei
O presente trabalho objetiva apresentar e refletir sobre as atividades desenvolvidas no projeto de extensão
n° 01619 “Atendimento psicológico a famílias por meio de recursos artístico-expressivos com base no
referencial winnicottiano”, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), sob a ótica reflexiva dos
graduandos do curso de psicologia envolvidos neste. Desse modo, na perspectiva do estudante de
psicologia percebe-se uma limitação do currículo de graduação por este não contemplar variadas
disciplinas e práticas a exemplo de temas como a terapia familiar e a intervenção por meio da arteterapia.
Tem-se assim uma busca por atividades extracurriculares capazes de enriquecer essa formação e, então,
encontra-se neste referido projeto a oportunidade do preenchimento desta lacuna e conseguinte ampliação
do conhecimento. Tal projeto procura proporcionar uma reflexão profunda sobre a teoria e técnica da
arteterapia e da psicanálise baseada no referencial winnicottiano. Desta forma, são desenvolvidas
discussões teóricas, vivências em arteterapia e a prática clínica do atendimento familiar, cujas supervisões
são realizadas em grupo, de maneira que os participantes possam também aprender por meio das
experiências dos demais colegas. Compreende-se que o alcance social de tal proposta é reforçado pelo
fato do espaço clínico reservado pela instituição a este fim ter um histórico de cadastro de pessoas
interessadas e, por vezes, à espera de um trabalho terapêutico deste cunho. Desta forma, acredita-se que
tanto estudante quanto comunidade ganham diante da oferta de projetos cuja natureza seja da extensão.
Quanto ao graduando, este tem a chance de perceber-se inserido em um ambiente de atuação que de outra
forma só lhe seria possível ao final do curso e, em especificidades não ofertadas no currículo, apenas após
já estar graduado. Nestes casos, pensa-se que esta aproximação ocorre tardiamente, visto a necessidade do
profissional estar seguro de suas capacidades, sem ter tido espaço para experimentação concreta. Quanto
à comunidade atendida, esta acaba por encontrar um espaço de acolhimento, com intervenções nem
sempre ofertadas em outros espaços de tratamento. Neste sentido, defende-se a importância da
universidade no sentido de estimular e apoiar práticas extensionistas, retomando o lugar da universidade
pública não apenas no campo do ensino e da pesquisa, como também da extensão.
Palavras-chave: psicanálise; família; extensão.

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Adaptação do software "ensino" na aplicação do procedimento de dra na educação superior


Ingrid Ausec, Silvia Aparecida Fornazari, Bruno H. S. Guerra, Denyane Tadayozzi, Franciane Nantes,
Géssica Denora Ribeiro; Raiana Bonatti
O avanço da medicina e o uso de medicações cada vez mais eficazes aliado ao movimento inclusivo na
educação têm garantido ao longo dos tempos que indivíduos com limitações físicas, sensoriais e
intelectuais sejam inseridos na rede regular de ensino e avancem em seu processo de escolarização.
Assim, os conhecimentos produzidos para o manejo comportamental de indivíduos com problemas de
comportamento se fazem cada vez mais presentes no contexto educacional e devem prover subsídios
também para a educação superior. Uma vez que as pessoas com necessidades educacionais especiais estão
incluídas na educação superior, os conhecimentos dos princípios da Análise do Comportamento podem
trazer contribuições e não devem estar restritos ao psicólogo. Assim como em outros níveis de
escolarização, o trabalho com os profissionais, no caso professores que lidam com alunos com
necessidades educacionais especiais é de suma importância. Procedimentos de reforço diferencial,
enquanto esquemas complexos de reforçamento têm sido usados na redução dos comportamentos
inadequados, podendo incluir treino de repertório adequado. O procedimento de reforço diferencial de
comportamentos alternativos (DRA) mostra resultados relevantes na redução de comportamentos
inadequados para pessoas com necessidades educacionais especiais, já que permite a instalação de
comportamentos considerados adequados. O presente artigo teve por objetivo apresentar a adaptação do
conteúdo apresentado por meio do Software “ENSINO” (Fornazari, 2011) para situações do cotidiano
universitário de modo a capacitar os docentes a utilizar o procedimento de DRA em situações de
agressividade, indisciplina e comportamentos autolesivos. Para este trabalho, utilizou-se a versão 1.7 do
Software “ENSINO”. A partir das situações já existentes, buscou-se desenvolver conteúdo específico para
compor as situações de modo a estarem relacionadas ao cotidiano universitário. Após a adaptação foi
realizada a alimentação do banco de dados do software com as novas situações relacionadas à relação
professor-aluno no ensino superior. Trabalhos futuros preveem a aplicação e capacitação dos professores
por meio do Software “ENSINO” a partir do conteúdo desenvolvido. Como a maioria dos materiais
disponíveis para orientação de professores para lidar com problemas de comportamento são relacionadas
a crianças, concluiu-se que o presente trabalho, contribui para a construção de conhecimento em uma área
ainda pouco estudada: a capacitação docente para lidar com as necessidades educacionais especiais no
ensino superior.
Palavras-chave: DRA, universitários, capacitação docente.

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Apoio psicológico familiar realizado no serviço de aconselhamento genético- SAG/UEL: um relato


de caso
Marcelle Bertini, Vania Galbes, Talyta Lima, Estefani Barcellos, Bárbara Miras, Jenifer Pavan, Raiana
Bonatti, Renata Grossi
O Serviço de Aconselhamento Genético da Universidade Estadual de Londrina – SAG/UEL realiza
exame citogenético para descoberta de cariótipo e possíveis alterações genéticas. Foram encaminhadas
para o serviço três irmãs com queixa de queda de cabelo, baixa estatura e mãos pequenas com dedos
curtos,cujo pai também apresenta baixa estatura e é careca. As pacientes são: A1, 13 anos, A2, 12 anos e
A3, 9 anos e residem com a mãe e o padrasto. A mãe cursou o ensino fundamental II incompleto e o
padrasto, superior completo. A1 repetiu uma série e por isso está cursando o sexto ano junto com A2 e A3
está no segundo ano. A família/pacientes passou pelas seguintes etapas de atendimento: 1) Entrevista
inicial com o objetivo de colher mais informações sobre o encaminhamento, na qual, compareceram o
padrasto e duas irmãs; 2) Devolutiva com o objetivo de informar e explicar o resultado do exame, na qual,
compareceu o padrasto; 3) Apoio psicológico, sendo duas sessões com os pais e uma com as três irmãs
com o objetivo de obter mais informações sobre a relação das meninas com a problemática; uma sessão
com A3 para verificar se seu relato era semelhante ao das irmãs, uma vez que ela ficou inibida no
encontro anterior. Nesse processo de atendimento o padrasto forneceu a maioria das informações, pois a
mãe tinha um relato confuso. As pacientes estão fazendo acompanhamento com dermatologista e
endocrinologista. A paciente A1 ganhou uma peruca, pois está quase careca e A3 parece ter o mesmo
prognóstico. Na escola passaram por duas situações de discriminação que o padrasto resolveu
conversando na escola. Possuem um bom relacionamento com a mãe, padrasto e família, mas ruim com o
pai, que é alcoolista. A1 e A3 possuem dificuldade para falar, enquanto A2 articula melhor as palavras.
Os pais disseram que as meninas não demonstram ter problemas com a queda de cabelo, fato confirmado
pelas terapeutas.No entanto, optou-se por manter a paciente A3 em apoio psicológico, pois ela
demonstrou dificuldade de expressão, discurso confuso, dificuldade de interação social e de aprendizado.
Sobre A3 coletou-se as seguintes informações: devido à alimentação inadequada, foi internada com
pressão alta, anemia e desnutrição, houve outras internações por pneumonia. Em relação a queda de
cabelo, foram realizados diversos exames com resultado alterado, a qual continua sendo investigada. A3
apresentou um histórico de dificuldade de aprendizagem, uma vez que em 2012 teve que retornar do 3º
ano para o 1º ano. De acordo com os pais a professora relatou que ela está aprendendo e conseguindo
acompanhar os colegas de turma, mas a garota disse que pode reprovar. Diante desses fatos, será
trabalhado com a paciente o desenvolvimento de comportamentos de enfrentamento, exposição,
expressividade emocional e assertividade para capacitá-la a atuar de maneira adequada em situações que
possam ser aversivas, por exemplo, de discriminação. Se for preciso será realizada uma avaliação
intelectual da mesma.
Palavras chave: apoio psicológico, análise do comportamento, alteração genética.

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Apoio psicológico no serviço de aconselhamento genético da universidade estadual de londrina –


SAG/UEL
Talyta Lima, Marcelle Berttini Vania Galbes, Estefani Barcellos, Bárbara Miras, Jenifer Pavan, Raiana
Bonatti, Renata Grossi
A equipe multiprofissional do Serviço de Aconselhamento Genético (SAG-UEL) tem como um dos seus
objetivos oferecer apoio psicológico aos seus usuários. Embora a maioria dos participantes busque um
diagnóstico para as suas enfermidades, notou-se que somente a entrega do resultado não era suficiente
para que enfrentassem e tratassem a nova condição, sendo necessário estender o atendimento. Partindo-se
do pressuposto de que alterações nas funções essenciais para sobrevivência traga sofrimento e mudanças
na rotina familiar, o apoio psicológico busca dar suporte assistencial e educativo aos usuários, sem que
sejam, necessariamente, acometidos por uma doença genética. Diferente da psicoterapia, o número de
encontros é reduzido, assim, o apoio requer intervenções focadas na problemática, visando o
desenvolvimento de repertórios de adesão aos tratamentos e a manutenção da qualidade de vida. As
sessões são realizadas por alunos do quarto e quinto ano e acontecem semanal ou quinzenalmente, em
dupla ou individual com duração de uma hora, variando de acordo com o caso. Devido ao grande número
de atendimentos realizados pelo serviço, 120 usuários por ano, foi necessário estabelecer critérios de
seleção para o apoio psicológico, já que os recursos humanos e estruturais não eram suficientes para
atender toda população. Além do próprio interesse da família em realizar o apoio, os critérios se
dividiram em complexidade do caso, déficits em comportamentos de adesão aos tratamentos e não
receber atendimento psicológico em outro local. A partir destas categorias, para cada exame realizado
ficou-se atento às demandas de cuidados que a doença exigia, como a quantidade de atendimentos
requeridos e o grau de dependência do paciente. Foi preciso observar se o paciente/família apresentavam
condutas adequadas para a melhora do quadro, como a busca de atendimentos especializados e
comportamentos de enfrentamento para lidar com as adversidades. Observou-se também a necessidade de
realização de novos exames e se, durante a entrevista inicial, o responsável afirmou que haveria mudanças
com o resultado do cariótipo. Após a avaliação destes critérios, foram realizados durante o ano de 2013,
aproximadamente, vinte e quatro contatos telefônicos para verificar a situação dos usuários, dentre estes,
cinco concordaram em participar do apoio psicológico. Aos que não se encaixavam nesses critérios foi
realizado somente contato telefônico para verificar o desenvolvimento e continuidade dos atendimentos.
Cada apoio foi supervisionado e estruturado de acordo com as diferentes demandas, sendo utilizados
inventários para avaliação do desenvolvimento, recursos para autoconhecimento, sessões com conteúdo
informativo e educativo, entre outros. Os casos de apoio psicológico foram: duas crianças de idade entre
01 e 05 anos com atraso neuropsicomotor, uma adolescente de 16 anos com suspeita de síndrome de
Turner e três irmãs com idade entre 09 e 13 anos com queda de cabelo.
Palavras chave: apoio psicológico, aconselhamento genético, análise do comportamento.

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As especificidades da clínica da depressão em um ambulatório de Psiquiatria


Bruna Maria de Souza; Claudia Maria de Sousa Palma
O trabalho tem como objetivo discorrer a respeito das especificidades da clínica da depressão de acordo
com o referencial teórico da psicanálise. Para isso, um caso atendido em um ambulatório de Psiquiatria
mediante o projeto de extensão “Contribuição da intervenção psíquica a pacientes adultos atendidos pelo
ambulatório de psiquiatria do Hospital das Clínicas do curso de Medicina da Universidade Estadual de
Londrina” será utilizado a fim de expor o discurso do sujeito localizado como depressivo na clínica da
psicanálise. O caso em atendimento permite levantar aspectos clínicos vinculados a uma atitude de fuga
na vida, como a utilização do corpo (gripes, cansaço, dores) na manutenção da procrastinação, e uma a
saída de bem estar locada em cenários impossíveis para a satisfação pulsional, como “meu sonho é morar
sozinho, sem precisar se relacionar com ninguém”. O preço dessa posição subjetiva é a impotência e o
abatimento diante dos desafios impostos pela existência. Como implicação de tal impotência, o deprimido
acaba se colocando diante do Outro de modo a permitir que o Outro tome decisões e determine o melhor a
ser feito em cada situação, sendo, portanto, a indecisão e a queixa uma questão muito trazida pelo
deprimido. Em contrapartida, o Outro também se mostra como intensa fonte de sofrimento para o sujeito,
uma vez que para o sujeito, é o Outro que lhe aponta suas falhas – desconhecidas para o sujeito – e
situações nas quais não desempenhou a performance esperada. Assim, o sujeito menciona a extrema
dificuldade em ser percebido pelas pessoas, seja em um restaurante ou eventos sociais, pois teme que as
pessoas reparem alguma incapacidade que ele mesmo não sabe nomear. Ademais, o apego a um passado
idealizado também é muito evidenciado, uma vez que sempre alega ter saudade de como era “divertido,
organizado, equilibrado e animado”. Assim, o passado denota uma identidade perdida, vivida como um
flash, um fato isolado e não como um momento contínuo de sua existência, ou seja, o que foi perdido se
perdeu no tempo, um tempo que não é contínuo nem em direção ao passado nem ao futuro. Diante do
funcionamento do sujeito na clínica da depressão, a psicanálise se mostra pertinente ao propor ao sujeito
que assuma sua posição subjetiva através do questionamento da forma como se coloca em suas relações
com o Outro e da reconstrução de uma temporalidade para que seja possível ao sujeito experienciar e
elaborar o que insiste em negar. Ao dispor do espaço de escuta analítica, essa é a aposta.
Palavras-chave: Psicanálise; Depressão; Psicologia Hospitalar.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Assédio moral no trabalho: Um estudo sobre o nível de conhecimento de alunos de graduação em


administração.
Andréia Migliorini Luizão
O assédio moral configura-se como uma forma de violência psicológica no ambiente de trabalho e por
gerar várias consequências negativas é uma questão que tem sido tema de discussões nos meios
organizacionais. Esta pesquisa teve como objetivo investigar o nível de conhecimento de um grupo de
alunos sobre o assédio moral no trabalho. A metodologia adotada consistiu na aplicação de instrumento
de coleta de dados junto a 77 alunos do primeiro e quarto anos do curso de Administração de uma
instituição privada de ensino superior do município de Londrina. Os resultados da pesquisa evidenciaram
que mais da metade dos sujeitos que compuseram a amostra demonstram conhecimento teórico sobre o
assédio moral, embora nem sempre os participantes identifiquem com clareza as condições que devem
estar presentes para caracterizar o problema. Concluiu-se que apesar de os sujeitos da pesquisa
demonstrarem conhecimentos sobre o tema houve relativa dificuldade na identificação de situações que
configuram a violência psicológica no ambiente laboral.
Palavras-chave: assédio moral; clima organizacional; administração.

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Avaliação psicodiagnóstica em uma clínica escola: um relato de caso


Karoline Martins de Oliveira; Lua Mendes Loureiro Lobo; Fabiano Koich Miguel
Este trabalho apresenta os resultados de um atendimento em psicodiagnóstico. A pessoa avaliada era S.,
sexo feminino e 47 anos. Sua queixa principal era não conseguir lidar sozinha com seus problemas e
passar por momentos complicados no relacionamento conjugal. Queixava-se, também, de ansiedade em
relação a exames clínicos e a possibilidade de estar com câncer. A avaliação foi feita em seis encontros na
clínica escola de uma universidade do interior do Paraná, dispondo de entrevistas, aplicação de testes (IFP
– Inventário Fatorial de Personalidade e HTP – Casa-Árvore-Pessoa – Técnica projetiva de desenho)
cujos resultados foram interpretados integrando-se às informações coletadas nas entrevistas, e uma sessão
de informe à pessoa. Os resultados apontaram que os fatores dominância e agressão tiveram baixos
escores, se relacionando à dificuldade de S. de impor suas opiniões e desejos (se mostrava muito infeliz
com a situação com o namorado e não tomava atitude alguma sobre isso). Outras necessidades que se
mostraram bastante baixas foram exibição e afago, além de os resultados apontarem também que S. não
gosta de ter ligações permanentes em lugares, objetos ou pessoas. Isso se relaciona com o fato de S. se
considerar uma pessoa bastante independente e sozinha, reclamar muito por sentir falta de seu próprio
espaço pelo fato de morar com o namorado, como também se sentir incomodada quando chora na frente
das pessoas, aparentemente não querendo receber ajuda. Também se constatou necessidade alta em
persistência, mudança e autonomia, o que pode causar excesso de cansaço e falta de tempo. Isso remete
aos relatos de S., que contou de muita dedicação ao trabalho e falta de tempo. Outros resultados
relevantes são ansiedade e necessidade de controle, fatores visíveis no comportamento de S. (sempre
muito adiantada às sessões, falante e bastante repetitiva). A necessidade de controle se apresenta no fato
de que a presença do namorado abalava sua organização, rotina e hábitos de S. fazendo com que ela não
se sentisse no controle de sua própria casa, seus horários e responsabilidades.
Palavras-chave: psicodiagnóstico; testes; avaliação psicológica.

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Cartilhas explicativas sobre TDAH para profissionais das redes de saúde e educação de londrina
Cinthia Cavalcante; Magda Solange Vanzo Pestun
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma síndrome neurocomportamental,
frequente na infância e caracterizada por um padrão mantido de desatenção e/ou
hiperatividade/impulsividade, sendo mais frequente e grave do que o observado em pessoas que tenham
nível de desenvolvimento semelhante. Esse transtorno gera um comprometimento funcional em diversas
áreas (social, acadêmica e profissional) e pode persistir por toda a vida. O TDAH é responsável por boa
parcela dos problemas escolares, visto que, independentemente de estar associado com a hiperatividade,
compromete significativamente o desempenho escolar, tendo em vista que prejudica uma condição
indispensável para a aprendizagem como um todo - a atenção. O TDAH, transtorno de etiologia
multifatorial, apresenta taxas de prevalência estimadas entre 3 e 7% em crianças em idade escolar e são
mais frequentes em meninos do que em meninas (2:1). Pode persistir após a adolescência em 70% dos
casos, com uma taxa de prevalência na vida adulta estimada em 2,9 a 4,4%, sem diferença de gênero
nessa faixa etária. Há, também, uma alta taxa de prevalência de comorbidade entre o TDAH e os
transtornos disruptivos do comportamento (30 a 50%); depressão (15 a 20%); e Transtornos de ansiedade
(25%), sendo estes fatores de grande interferência no desempenho escolar. Dessa forma, faz-se necessário
que pais e professores, ou seja, pessoas que mantêm contato direto com as crianças em geral tenham
conhecimento básico a respeito desse e de outros transtornos que podem afetar a aprendizagem e o bem-
estar dos menores. Assim, foram criadas cartilhas explicativas com o objetivo de difundir, entre pais e
professores, conhecimentos acerca do TDAH, bem como de suas principais características, tornando
possível o reconhecimento de crianças que possivelmente apresentem o transtorno. Sendo possível a
identificação de comportamentos característicos de TDAH, é esperado que estes educadores e/ou
cuidadores encaminhem estas crianças a profissionais da saúde, seja de Unidades Básicas de Saúde (UBS)
próximas ou hospitais-escola que possuam serviço de atendimento neuropsicológico, para que ocorra uma
avaliação adequada. Por fim, espera-se, através da distribuição das cartilhas nas redes de saúde e
educação, que o transtorno seja diagnosticado o mais cedo possível, visto que as intervenções realizadas
com crianças podem trazer resultados melhores e mais consistentes que as ocorridas posteriormente,
levando em consideração que a plasticidade cerebral é maior na infância.
Palavras-chave: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade; Saúde; Educação.

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Comportamento de adesão de famílias/pacientes portadores de síndrome de down em um serviço de


aconselhamento genético: variáveis ambientais
Jenifer Pavan, Raiana Bonatti, Vania Galbes, Marcelle Bertini, Talyta Lima, Estefani Barcellos, Bárbara
Miras, Renata Grossi
A Síndrome de Down é a anomalia genética mais diagnóstica no Serviço de Aconselhamento Genético da
Universidade Estadual de Londrina, nos anos de 2009 e 2012 foram atendidos 44 casos de pacientes que
tiveram o resultado do cariótipo apontado para a trissomia do 21. No momento da coleta de sangue, para a
realização do exame de cariótipo, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi
aplicado um roteiro de entrevista a fim de coletar informações sobre: (1) Dados sociodemográficos dos
pacientes/famílias, (2) Diagnósticos, Procedimentos e Atendimento, (3) Dificuldades encontradas e rede
de apoio e (4) Estrutura familiar. O presente estudo tem como objetivo analisar as informações cedidas
pelos pacientes/familiares e verificar a presença de variáveis ambientais que podem influenciar no
processo comportamental de adesão aos cuidados da saúde. Os dados apontaram que a amostra
concentrou-se na infância, sendo que 36 (81,8%) estavam na faixa etária de zero a um ano, resultado que
demonstra procura por serviço especializado ainda nos primeiros meses de vida da criança, o que, no caso
da Síndrome de Down, é importante para que o paciente desenvolva ao máximo seus potenciais. Da
população, 18 (40,9%) casos recebiam atendimento de escola especial, seguido por 12 (27,3%) casos
atendidos por pediatra e 8 (18,2%) por cardiologistas. Os entrevistados relataram encontrar dificuldades
relacionadas ao desenvolvimento, aprendizagem, relacionamento social, saúde ou problemas de
comportamento. Essa demanda da família se constitui uma variável que pode indicar maiores chances de
adesão ao serviço, uma vez que a busca e a permanência nesses tratamentos tem como consequência a
melhora no desenvolvimento global do paciente, reforçando positivamente esses padrões
comportamentais. A renda familiar concentrou-se na faixa de zero a três salários mínimos, o que
pressupõe uma renda limitada e a impossibilidade de pagar tratamentos caros, sendo esta uma condição
aversiva. Tratamentos gratuitos reforçam negativamente o comportamento de adesão. A idade prevalente
da mãe estava na faixa etária de 21 a 30 anos, com 17 (38,6%) casos, indo contra dados médicos que
apontam a idade avançada da progenitora como uma das possíveis causas da síndrome, podendo diminuir
o sentimento de culpa das mães jovens. Progenitoras jovens podem apresentar comportamentos mais
ativos, favorecendo a busca e adesão ao tratamento. Dos 44 casos, 28 (63,6%) mostram que os pais (mãe
e pai) são os responsáveis pelo paciente, possibilitando que as funções sejam divididas, o que constitui
uma variável do ambiente familiar positiva no enfrentamento da situação e pode facilitar o processo de
adesão.
Palavras chave: adesão, aconselhamento genético, síndrome de down.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Comportamento governado por regras: uso de manuais como discriminativos verbais


Estefani Barcellos, Vania Galbes, Marcelle Bertini, Talyta Lima, Barbara Miras, Jenifer Pavan, Raiana
Bonatti, Renata Grossi
Comportamento governado por regras trata-se de um estímulo discriminativo verbal do tipo regra que
controla o comportamento de um indivíduo, diz respeito à tendência das pessoas seguirem instruções,
sendo essas regras escritas ou faladas. A aprendizagem de um comportamento pode começar a ser emitido
sob controle de instruções e posteriormente passar ao controle de contingências e vice-versa.
Comportamento governado por regras se mostra útil pela possibilidade de aprendizagem de
comportamentos de maneira mais rápida do que seriam pela experiência pessoal, permeado pela cultura.
Entende-se que um manual descreve contingências de reforçamento e a partir do momento em que uma
pessoa entra em contato com determinado instrumento passa a ter acesso a estas informações, o que pode
fazer o individuo se interessar, avaliar seus benefícios e escolher se pretende passar por tais
procedimentos e possíveis consequências. O Serviço de Aconselhamento Genético da Universidade
Estadual de Londrina- SAG/UEL trata-se de um Projeto de Extensão que presta serviços gratuitos a
comunidade visando esclarecer e comunicar possíveis problemas associados a doenças genéticas e para
atingir tais objetivos a equipe elaborou dois instrumentos: O Manual do Usuário e o Manual do
Estagiário. O objetivo desse trabalho é apresentar a análise desses dois recursos como contingências
verbais que aumentam a probabilidade de pacientes e estagiários se comportarem de maneira esperada
pela equipe do SAG/UEL, isto é, padrões comportamentais promotores da saúde. O Manual do Usuário é
dividido em seis tópicos principais: explicações a respeito do SAG; sobre o exame de cariótipo que é
realizado; as etapas da participação no serviço e por último explica sobre as principais síndromes
genéticas diagnosticadas pelo SAG, sendo, Síndrome de Down, de Turner, Klinefelter, Edwards, Patau,
Cri-du-Chat e a Triplo-X. Para realizar os atendimentos os estagiários que ingressam no SAG recebem
treinamento para assegurar a qualidade do serviço, neste momento estes recebem o Manual do Estagiário,
a fim de conhecer o serviço, suas etapas, principais síndromes, normas e condutas que devem ser seguidos
para participar do SAG-UEL. A equipe do SAG-UEL optou por elaborar manuais descrevendo
comportamentos que demorariam muito a ser emitidos se dependessem apenas de contato com
contingências. Ainda não há dados quantitativos sobre os efeitos do uso dos manuais sobre os
comportamentos de usuários e estagiários. Foi observado o uso do manual para disseminar o serviço e
que houve diminuição das dificuldades na realização das atividades em comparação aos estagiários que
adentraram no serviço ainda quando não existiam os manuais.
Palavras chave: aconselhamento genético, comportamento governado por regras, manuais informativos.

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IV Congresso de Psicologia da UEL e I Oficina do Pró-Saúde III: A Psicologia e suas interfaces (2013)

Conhecendo o CAPSi de Londrina: um relato de experiência.


Raissa Roberti Benevides; Roberta Seles da Costa; Alejandra Astrid Leon Cedeño
A partir da disciplina de Tópicos Avançados em Psicologia Institucional ministrada ao 4º ano de
Psicologia da Universidade Estadual de Londrina decidimos assumir um desafio e entrar na rede de saúde
pública. O interesse em conhecer o trabalho desenvolvido com crianças, bem como o serviço de saúde
mental, nos direcionou para o CAPSi. Este trabalho, ainda em andamento, está sendo desenvolvido a
partir da pesquisa no cotidiano do Peter Spink, seguindo a lógica da pesquisa-ação, em que se pesquisa e
se atua simultaneamente. Dessa forma, a proposta se constituía em acompanhar duas das oficinas
oferecidas pelo CAPSi, no entanto, a nossa presença não se limitou à posição de observador e passamos a
fazer parte daquele micro-lugar. O estágio do 1º semestre de 2013 consistia em 2 horas semanais, nas
quais ficávamos envolvidas na oficina de comunicação dedicada aos adolescentes e no grupo de
orientação familiar destinado aos responsáveis pelos respectivos usuários. A oficina de comunicação tem
como objetivo criar oportunidade para que o usuário possa se expressar, tanto de maneira verbal, quanto
não verbal. Sendo assim, geralmente as atividades não são preestabelecidas, de modo que os adolescentes
tenham liberdade para se engajar nas atividades que desejarem. Dessa maneira, ainda que a oficina não
tenha como fim último o desenvolvimento de repertório social dos adolescentes, pode desencadear
resultados neste aspecto. Igualmente, o grupo de orientação familiar, pode atingir também objetivos que
não são os estabelecidos previamente, tendo em vista que embora não seja de finalidade terapêutica, em
alguma medida, atende demandas dessa natureza, representando um espaço de escuta para os pais e
familiares. Assim, permite-se aos participantes que exponham suas dificuldades, angústias e conquistas,
sejam elas em relação aos adolescentes ou não. As conversas acontecem a partir da demanda do próprio
grupo, porém a coordenadora participa ativamente das discussões, oferecendo, inclusive, orientações
quando necessário. Por meio do acesso a tais contextos, o cotidiano adquiriu para nós outro valor, na
medida em que nos propôs novos desafios: aprender a prestar atenção mais detida em nossa própria
cotidianidade, reconhecendo que é nela que os sentidos são construídos, assim como fazer isso
simplesmente como parte, abrindo mão da posição exclusiva de pesquisador participante ou observador.
Nesse sentido, desde o momento em que optamos por realizar o estágio no CAPSi estamos vivenciando
uma experiência singular, tanto no que diz respeito ao âmbito profissional, quanto pessoal. A partir de tais
vivências, levando-se em consideração as potencialidades e fragilidades do grupo, pretendemos, no 2º
semestre, por meio de elaborações de atividades lúdicas, colaborar para a integração e desenvolvimento
dos usuários participantes da oficina de comunicação, com vista a uma proposta que venha a somar, e não
a desconstruir o que já está sendo construído no serviço.
Palavras-chave: CAPSi, relato de experiência, oficina de comunicação.

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Diferenças entre gêneros em ratos submetidos ao protocolo de Estresse Crônico Moderado


Lucas Franco Carmona; Mariana Carolina Batista Ferreira; Eduardo Vignoto Fernandes; Lucilla
Maria Moreira Camargo
O protocolo de Estresse Crônico Moderado (ECM) permite investigar o efeito da exposição a eventos
estressores moderados sobre comportamentos característicos da depressão, tal como a anedonia. Neste
sentido, o presente estudo teve como objetivo investigar a possível existência de diferenças entre gêneros
de ratos da linhagem Wistar à suscetibilidade ao desenvolvimento de anedonia. Visou ainda, avaliar a
eficiência do protocolo de 20h do ECM sobre a indução de anedonia, ansiedade, ingestão de alimentos e
efeitos no peso de órgãos (coração, adrenal) e gordura abdominal. Foram utilizados 16 sujeitos,
distribuídos em quatro grupos (4 fêmeas e 4 machos para o Grupo Estresse e para o Grupo Controle). Os
animais foram submetidos ao teste de sacarose após privação de 24h de água e ração. A ingestão de
sacarose é uma medida utilizada para avaliar o efeito do ECM sobre a anedonia. O protocolo de ECM
teve inicio transcorridas três semanas após o teste de sacarose e perdurou até o final da sexta semana. O
procedimento de ECM consiste na exposição diária e alternada de estressores crônicos moderados, tais
como gaiola inclinada 35º, cepilho molhado, geladeira a 4º, plataforma aberta, isolamento social e gaiola
lotada. A pesagem dos animais foi executada a cada sete dias. Após a submissão ao protocolo de ECM, os
animais foram submetidos novamente ao teste de sacarose. No dia seguinte, realizou-se o teste de campo
aberto e o sacrifício dos animais, isolando-se os órgãos para pesagem. A partir dos resultados obtidos,
observou-se que os sujeitos expostos ao protocolo de ECM diminuíram a preferência por sacarose (de
80%, em média, para 49%, em média), entretanto não foi possível verificar uma diferença
estatisticamente significativa entre gêneros no que se refere à condição de anedonia. Notou-se ainda
outros efeitos do estresse, tais como: diminuição no consumo de ração, perda de peso, diminuição do peso
relativo de gordura abdominal e aumento das adrenais. A emissão de comportamentos relacionados à
ansiedade ocorreu de modo mais intensificado nas fêmeas, enquanto os machos apresentaram resultados
mais intensificados do estresse no que concerne ao aumento da atividade cardiovascular. O procedimento
de ECM utilizado neste trabalho mostrou-se um meio satisfatório para o estudo da condição de anedonia.
Os dados obtidos apontaram também para diferenças relevantes entre gêneros, em relação à ansiedade e
peso dos órgãos.

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Ensaiando a pesquisa
Maria Elizabeth Barreto Tavares dos Reis; Bruna Maria Schiavinatto; Gabriela Iamara Lupianhe
Pereira; Isabela Cristina dos Reis Almeida; Kawane Chudis Victrio; Patrícia Sayuri Simoni NaKano;
Thássia Mayara Pinho da Rocha; Yuriko Siu Takeda
A pesquisa apresentada faz parte de um projeto em andamento chamado Individualização e saúde mental
em gêmeos: psicodiagnóstico e psicoprofilaxia, cadastrado na Universidade Estadual de Londrina, código
08371. O objetivo desta etapa foi aprimorar um dos roteiros de entrevista que será utilizado na coleta de
dados projeto, tendo como base a Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO), criada por
Ryad Simon. As questões são relativas a quatro setores: Afetivo-Relacional (AR), Produtividade (Pr),
Sócio-Cultural (SC), e Orgânico (Or). A escala avalia a adaptação da pessoa em áreas distintas da vida
cotidiana, relações afetivas com os outros bem como a sua auto-percepção e relação consigo mesmo. Os
setores AR e Pr são avaliados quantitativa e qualitativamente, os demais apenas qualitativamente. O
roteiro de entrevista previamente elaborado foi aplicado numa amostra composta por sete estudantes
universitários, todas do sexo feminino, na faixa etária de 19 e 29 anos. Cada entrevista foi analisada por
dois avaliadores independentes, posteriormente foram confrontadas as análises e em caso de divergência
em relação a análise de alguma resposta, um terceiro avaliador também participava. Os sujeitos
participantes foram classificados, conforme a EDAO da seguinte forma: um dos sete sujeitos apresentou
quadro de Adaptação Ineficaz Leve, dois de Adaptação Ineficaz Moderada, e dois com Adaptação Eficaz.
Durante o processo de análise das repostas verificou-se que algumas respostas não foram respondidas por
não terem sido bem compreendidas pelos sujeitos, assim o roteiro inicialmente elaborado foi reformulado
e readequado facilitando a compreensão tornando-se mais pertinente aos objetivos da utilização da EDAO
no projeto em questão. Finalmente, pode-se considerar que o instrumento encontra-se agora adequado
para se iniciar a coleta de dados com a amostra de gêmeos que será convidada a participar do projeto
acima mencionado. O trabalho desenvolvido atzé o momento cconfigura-se como um ensaio, na medida
em que possibilitou a equipe de pesquisadoras a se familiarizar com a EDAO, conhecer as estratégias de
aplicação e análise do instrumento, também a vivenciar as alegrias e dificuldades de se realizar a pesquisa
em si mesma.
Palavras chaves: EDAO, psicodiagnóstico, gêmeos.

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Estudo sobre as variáveis ligadas a saúde e bem estar na velhice


Anna Luisa Vitaliano Affonso; Camila Muchon de Melo
Nos anos 70 desenvolveu-se a psicologia do envelhecimento, contemplando metodologia e dados
específicos sobre essa etapa do desenvolvimento. Teixeira e Neri (2008) relatam que na década de 90,
pesquisas buscaram identificar os determinantes do envelhecimento bem sucedido, utilizando medidas
objetivas e tentativas de operacionalização do fenômeno na velhice. Segundo Baltes e Baltes (1990) a
velhice ativa é um fenômeno que depende do equilíbrio entre a compensação das perdas associadas ao
envelhecimento e da atualização das potencialidades. O Objetivo deste estudo foi Identificar as variáveis
relacionadas à saúde e bem estar na velhice. Este estudo constitui em uma pesquisa bibliográfica. Foram
consultados 14 artigos. Os resultados foram organizados em 4 categorias. 1) Envolvimento social: Para
Rosa, Cupertino & Neri (2009) o engajamento em atividades de lazer, trabalho (por exemplo, satisfação
com a carreira profissional), presença de suporte social formal e informal (de amigos e de família) são
aspectos que fazem parte de um bom envolvimento social do idoso para com seu ambiente.2) Atividade
física: É uma variável que traz muitos benefícios que podem ser visíveis se praticada regularmente e
associada a outras variáveis, como, por exemplo, a dieta balanceada. Segundo Rowe e Kahn (1997)
atividades físicas podem retardar o processo de degeneração física e cognitiva. 3) Dietas balanceadas:
Uma alimentação regrada e que seja enriquecida com os nutrientes e vitaminas necessários para a
promoção da saúde é uma ‘fórmula’ crucial para o envelhecimento ativo. 4) Autonomia: Os componentes
da autonomia são múltiplos, entre eles. Queiroz e Neri (2005) destacam a independência, a capacidade de
realizar avaliações dos próprios comportamentos com base em critérios pessoais, capacidade de seguir as
próprias opiniões, ter domínio de seu ambiente e com quem se relacionam. Por fim consideramos que por
meio da pesquisa realizada foi identificado que a satisfação com a vida está ligada a longevidade,
ausência de incapacidade, domínio/crescimento, participação social ativa, alta capacidade funcional,
independência e adaptação positiva, atividade física regular e envolvimento social. Também
identificamos que mesmo com essas variáveis relatadas, temos apenas uma ideia da vasta gama de
variáveis envolvidas em cada indivíduo idoso para que tenha um envelhecimento ativo.

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Experiência de diagnóstico organizacional em uma unidade de assistência à saúde da comunidade


em londrina
Cinthia Cavalcante; Lucia Helena Mazzini Politi; Cristiane Vercesi
As relações interpessoais existentes no cotidiano das organizações de trabalho estão no foco da atuação
realizada, que teve como principal objetivo identificar e compreender essas relações e os aspectos falhos
da organização que levam a queixas, problemas e erros, para que se possa, então, propor ações
interventivas. Assim, é necessário prestar atenção nas condições psicossociais para o desenvolvimento da
subjetividade no trabalho dentro de uma organização e uma maneira muito importante – e indispensável –
de atentar às relações interpessoais existentes é o diagnóstico organizacional. A partir dele, torna-se
possível identificar e compreender a estrutura e a dinâmica organizacionais. O diagnóstico organizacional
permite uma visão global do estudo que é realizado, sendo possível, através dele, verificar a existência de
problemas ou disfunções que podem afetar a dinâmica e a produtividade de uma organização, além de
fornecer indicadores para ações interventivas que ajudem a suprimir as queixas. Para a construção do
diagnóstico organizacional realizado foi feita uma coleta de dados que envolveu observações e entrevistas
semiestruturadas (realizadas primeiramente com a chefe de divisão e posteriormente com os
funcionários). Enquanto eram realizadas as observações e entrevistas, foram também realizadas reuniões
com a chefe de divisão, a fim de fornecer devolutivas dos comportamentos observados e dar instruções a
respeito de como lidar com essas situações, dar e receber feedbacks, etc. De modo geral, os resultados
obtidos apontaram relações interpessoais deficitárias, falta de ética em algumas situações, déficit de
materiais/instrumentos para o exercício profissional, falta de treinamentos e capacitações, sobrecarga de
trabalho, entre outros fatores que também podem afetar a produtividade dos trabalhadores e,
consequentemente, a organização. A partir das demandas identificadas através do diagnóstico
organizacional, foram elaboradas propostas de intervenções, como reuniões técnicas com a chefia,
intervenções em pequenos grupos de funcionários, treinamentos e eventuais instruções individuais. Ou
seja, ações interventivas que possam ser realizadas de acordo com as possibilidades estruturais da
organização (como espaço apropriado, disponibilidade de horários dos funcionários e etc.) e que possam
contribuir para a minimização das queixas e para uma promoção da saúde dos trabalhadores.
Palavras-chave: saúde do trabalhador; diagnóstico organizacional; relacionamento interpessoal.

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Idosos: um estudo sobre a significação da terceira idade nos tempos atuais.


Lucas Ribeiro da Silva; Lucielly Conceição dos Santos; Marcos Vinícius Woelke de Oliveira; Maria
Gabriela Montresol Sanches; Nataliê Ferreira Moura; Alexandre Bonetti Lima.
O trabalho busca uma análise do ponto de vista da psicologia social sobre como os idosos se identificam
pertencendo a esta faixa etária e como são percebidos pela sociedade. A coleta de dados foi realizada por
meio de entrevistas qualitativa não estruturada a cinco idosos, dois homens e três mulheres entre 65 e 100
anos de classe média em forma de diálogo questionando-os sobre a vida, o passado, a família, atividades,
perdas, o que mudou com o passar do tempo, buscando um entendimento da identidade dos idosos
atualmente. Os resultados indicaram que os idosos compartilham características em comum (possuem
mais de 60 anos, passaram por muitas perdas como morte de parentes e amigos, vivenciaram
acontecimentos históricos que marcaram o país, trabalharam, constituíram família, experienciaram
dificuldades financeiras), porém, também possuem suas singularidades. O idoso não se atenta ao processo
de envelhecer. De acordo com Simone Beauvoir (1970), a velhice aparece mais claramente para os outros
do que para o próprio sujeito, é pela maneira que este indivíduo que envelheceu é tratado pela sociedade
como velho que ele se reconhece como tal. A velhice não é demarcada como uma cisão na vida do
sujeito, mas sim é um período que flui sem o sujeito se atentar a ele. Por vezes o indivíduo encara as
senilidades que lhe ocorrem como uma doença biológica comum que lhe atinge e não como decorrentes
da velhice. Para decifrar as indisposições devidas à senescência o sujeito deve ser consciente da própria
idade. Nas entrevistas realizadas cada um em seu relato enfatiza a visão da velhice, de uma maneira. Uns
enfatizam o envelhecimento biológico, suas perdas e limitações naturais, uns deixam transparecer em seus
relatos etapa de sua vida marcada por dificuldades e problemas, outros relatam a sua experiência. É
notório o orgulho que todos sentem de suas conquistas. Bergson apud Bosi (1994) entende que a
constituição de ser (memórias, lembranças, ações no mundo) perpassa pela estimulação sensorial atual
agregado à soma de experiências, percepções, vivenciadas na história do indivíduo. Essas afetam nossa
percepção atual, da mesma forma que são afetadas por essa última. Neste sentido o trabalho contribui
para uma ampla reflexão ao que se refere ao tema velhice, bem como colabora com estudos significativos
que é demasiadamente escasso nesse tema, e provoca uma nova visão aos que estão nessa faixa etária e a
sociedade como um todo.
Palavras-chave: idosos, velhice, análise psicossocial.

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Mulheres que amam demais e sua relação com a violência doméstica


Alejandra Astrid; Beatriz Gallo, Karin Andrade Almeida, Kawane Chudis, Layane da Silva Soares,
Letícia Akemi Shiki, Lívia Doro, Lorrayne Caroline Garcia, Luisa Medina, Michele Ganeo.
O amor romântico - uma invenção do século XVIII - é considerado uma crença socialmente
compartilhada, acessível a todos, que é universal, irracional e visto como o fim último da vida. A essência
do amor romântico é considerar o objeto amado demasiadamente precioso e muito difícil de ser
alcançado. Citado em letras de músicas, poesias e contos de fada, o amor romântico busca sempre um
ideal eterno de vida com o outro parceiro. Nesse contexto, o livro “As mulheres que amam demais”, de
Robin Norwood, estuda o que é amar demais e quais as características dessas mulheres, além de apontar
uma possível origem para esse amor não saudável. Para a autora, amar demais é tornar-se obcecada por
um homem e achar que essa obsessão é sinônimo de amor; assim, todas as suas atitudes e emoções
passam a ser controladas por esse amor doente, que gradativamente vai comprometendo sua saúde mental
e bem-estar físico. Porém, mesmo ao se dar conta de sua situação, isso não é o suficiente para que ela
termine a relação, pois sua história, geralmente de alta vulnerabilidade, fere suas potencialidades básicas
para viver e lidar com pessoas e situações, desenvolvendo, assim, características previsíveis.
Comparando as mulheres que amam demais com as que sofrem violência, vimos que é comum elas
viverem com um companheiro que é seu agressor. A maioria sofre violência física, emocional, sexual ou
social em sua própria casa, pela família (na infância) ou pelo companheiro, e elas têm a esperança de que
o seu companheiro mude. A violência geralmente tem um ciclo com três fases que se repetem: a tensão, o
episódio agudo de violência e a reconciliação ou “lua de mel”.
O objetivo do trabalho é adaptar as etapas propostas no livro “Mulheres que Amam Demais” à realidade
das mulheres que sofrem violência doméstica e são atendidas no Centro de Assistência e Atendimento à
Mulher (CAM). Será feito um Grupo Reflexivo de Gênero, ou seja, um espaço de convívio que propicia
uma imersão crítica no cotidiano dos participantes. Seguindo o exemplo do Instituto Noos, que contribui
para a dissolução pacífica de conflitos familiares, serão realizados 15 a 20 encontros semanais, de 2 horas
cada um, com 10 a 12 mulheres por grupo, sendo acompanhadas por 2 facilitadoras. As reuniões proporão
também a mediação de conflitos segundo princípios dispostos no livro “Mulheres que amam demais”,
relativos a procurar ajuda, modificar-se, não controlar o parceiro e apoiar outras pessoas na mesma
situação, entre outros.
Espera-se com este projeto, ainda em andamento, a formação de um grupo, até então inexistente no CAM,
em que as mulheres que amam demais troquem experiências e assim avancem na superação de sua
dependência. Devido à inexistência de estudos na área, relacionando o amar demais ao ato da violência
doméstica, este estudo é considerado pioneiro.
Palavras-chave: Mulheres, MADA, dependência emocional.

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O agressor nas situações de violência domestica na sociedade contemporânea: Uma pesquisa sobre
programas que trabalham com os homens agressores.
Aline Fernanda de Campos; Amanda Carolina Rocha; Amauri Pereira Cardoso Junior; Ana Carolina
Franco Bueno; Ana Gabriela Santos; Ana Maria Rodrigues Gimenes ; Ana Mayume Pereira Suzumura;
Ana Paula Machado Bonora; André Magiabelo Elias; Andresa Gabriele Bibiano; Alejandra Astrid Leon
Cedeno
A violência doméstica ocorre em todas as classes sociais e a desigualdade entre os gêneros é construída
historicamente, a partir de uma organização patriarcal. Do ponto de vista histórico, o homem estabelece
domínio sobre a mulher há cerca de seis milênios. Logo, a ocorrência da violência doméstica ainda é
comum no ambiente familiar. O debate a respeito da violência domestica teve espaço no Brasil a partir da
década de 1990. Hoje existem muitos estudos e programas de apoio às vitimas; em contrapartida, neste
projeto procurou-se focar no agressor, para buscar meios de lhe proporcionar um auxílio adequado, que se
contraponha ao modelo tradicional de intervenção à violência doméstica e que permita que ele se
desvincule do ciclo de violência criado. A realização deste projeto de Psicologia Social I foi possível
graças à solicitação do “Projeto Caminhos - Grupo Reflexivo para homens autores de violência
doméstica”,que se iniciou em fevereiro de 2013. Os profissionais do Projeto pediram a realização de um
levantamento bibliográfico sobre o funcionamento dos projetos acerca dos agressores no Brasil e fora
dele. Assim, em 2013 está se realizando este estudo bibliográfico, que abriu espaços para o
acompanhamento da prática do Projeto Caminhos. Seguindo a noção de “campo-tema” de Peter Spink,
trabalha-se com diversos métodos simultaneamente, com foco ético na relação com os profissionais desse
Projeto e, em 2014, com os agressores que eles atendem. Realizam-se reuniões com o Projeto,
participação nos estudos de caso que eles desenvolvem e assistência às audiências dos homens autores de
violência na Sexta Vara Criminal - Maria da Penha. Como resultados parciais, teve-se acesso ao trabalho
de quatro associações: NOOS (Rio de Janeiro), PAPAI - Programa de Apoio ao Pai Jovem e Adolescente
(Recife), APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (Portugal) e Asociación “Aguas de Mayo”
(Caracas, Venezuela). Igualmente, o frutífero contato com o Projeto Caminhos permite observar como os
agressores chegam obrigatoriamente às reuniões (por determinação judicial), mas a desconfiança inicial
está dando lugar a espaços de fala caracterizados pela confiança mútua, a revisão da violência sofrida pelo
agressor durante sua vida e o questionamento da violência doméstica exercida por ele.
Palavras-chave: agressores; violência doméstica; violência de gênero.

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O princípio de autonomia permeando o atendimento no serviço de aconselhamento genético –


SAG/UEL: uma conduta ética
Bárbara Miras, Vania Galbes, Nilza Diniz, Marcelle Bertini, Talyta Lima, Estefani Barcellos, Jenifer
Pavan, Raiana Bonatti, Renata Grossi
O Trabalho realizado pelo Serviço de Aconselhamento Genético da Universidade Estadual de Londrina -
SAG-UEL é baseado nos princípios da bioética, trata-se de uma “ética aplicada” que se atém aos conflitos
e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das ciências da vida e cuidados da saúde. O
principio de autonomia é um dos alicerces da bioética, este remete a idéia que o indivíduo deve ter suas
vontades respeitadas, decidindo sobre as atividades que impliquem alterações em sua condição de saúde,
desde que estejam informados para tomada de decisão e plenamente capazes do ponto de vista
psicológico. O presente resumo tem o objetivo de demonstrar como a psicologia pode atuar levando em
conta o principio da autonomia, por meio da elaboração e uso de material informativo. Num primeiro
momento foi realizada uma pesquisa, a partir do Roteiro de Bioética aplicado em todos os
pacientes/familiares que aceitam participar do serviço. Tal roteiro é constituído de 5 questões que avaliam
a autonomia do paciente/familiares e possuem como resposta 3 alternativas: sim, não e não sei responder.
Os dados dos anos de 2012 e 2013 foram tabulados pelo programa SPSS e analisados. Verificou-se que
92,5% dos casos foram encaminhados para a realização do exame por médicos; 79,6% afirmaram que
foram esclarecidos os motivos para a realização do exame e em 48,4% o médico não apresentou a
possibilidade de recusa. Do total, 77,4% não sabiam o que era um serviço de aconselhamento genético,
porém, 87,1% achou importante o trabalho oferecido. Esses dados demonstram que apesar da busca pelo
exame poder ser voluntaria, as pessoas são atendidas por um médico até chegarem ao serviço. A maioria
também afirmou que recebe esclarecimentos sobre os motivos e procedimento do exame, porém foi
observado durante os atendimentos o não conhecimento sobre: fatores de encaminhamento; possível
diagnóstico e prognóstico. Diante desses dados a equipe da psicologia elaborou o Manual do Estagiário,
este é dividido em oito seções. A primeira seção é voltada para a apresentação do recurso, seguido das
informações que caracterizam um serviço de aconselhamento genético e o objetivo deste. A terceira seção
explica o exame do cariótipo e a sua funcionalidade, logo após é explicado o exame do cariótipo realizado
pelo SAG-UEL e a sua capacidade de diagnosticar alterações genéticas. A quinta seção elenca as etapas
que constituem o serviço e a dinâmica do trabalho oferecido, em seguida esclarece as principais
síndromes diagnosticadas pelo exame do cariótipo. A sétima seção demonstra o papel da psicologia
dentro deste processo e o manual é finalizado ressaltando a importância da disseminação da informação
correta. Diante desta situação a psicologia se mostrou uma grande aliada da bioética, pois através dessa
estratégia consegue auxiliar no processo de tornar o paciente consciente de todas as possibilidades diante
de uma alteração genética, potencializando comportamentos autônomos.
Palavras chave: bioética, autonomia, material informativo.

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O trabalho imaterial e o corpo do ator: desafios e limites


Gabriela Pereira Sanches; Sonia Regina Vargas Mansano
O corpo ocupa um espaço de destaque no tempo atual, no qual é possível perceber a crescente
preocupação com a estética, a imagem e a saúde. Tal preocupação, em grande parte, é fabricada pela
indústria midiática que dissemina um padrão ideal amplamente desejado pela população. Nesse contexto,
o corpo do trabalhador deixa de ocupar um lugar de sujeito para, em muitas ocasiões, reduzir-se a mero
objeto a ser simplesmente modificado pelas exigências do mercado. Esta pesquisa de iniciação científica
procurou analisar a exigência de adaptabilidade do corpo do trabalhador aos ditames de mercado
presentes especificamente na profissão de ator. Para isso, ela foi dividida em três fases: Buscou-se,
primeiramente, realizar uma pesquisa bibliográfica sobre a noção de corpo e suas modificações em função
das exigências estéticas e de mercado, verificando-se como a idolatria do corpo tomou grande parte do
cenário contemporâneo, disseminando a necessidade de padronização em um corpo ideal. Na segunda
fase, foram realizados estudos sobre o corpo do trabalhador e as exigências que atualmente recaem sobre
sua aparência e saúde, constatando-se que o corpo, tornado mercadoria, está presente também no plano
artístico, mais especificamente no corpo do ator. Na terceira fase do estudo, foi realizada a coleta de
dados, recorrendo-se a documentos de domínio público, onde foram selecionados depoimentos de atores
que abordaram questões vivenciadas nessa área profissional, a saber: as diferenças de atuação no meio
televisivo e no teatro, as transformações físicas pelas quais o trabalhador ator tem de passar para
representar determinado papel e, por fim, as questões emocionais e afetivas experimentadas na atuação.
Com base no referencial teórico e na coleta de dados, é possível dizer que trabalho do ator caracteriza-se
como “imaterial” (Negri; Hardt, 2001), uma vez que ele resulta em entretenimento, sensibilidade,
comunicação e arte. Assim, diversas mudanças corporais lhe são diariamente solicitadas no intuito de que
melhor represente os papéis cênicos. Tais mudanças requerem um corpo disposto não apenas a acolher as
exigências de mudanças físicas como também de uma série de afetos e sensações. Assim, analisando os
três casos, foi possível constatar, como conclusão parcial, que esses trabalhadores atores experimentam as
mais variadas exigências estéticas e afetivas, e que seu corpo ocupa o lugar de instrumento da
representação a ser permanentemente transformado e modulado. Nesse campo de trabalho, o corpo acaba
sendo amplamente sensibilizado para o encontro com as personagens, com os afetos e também com o
público. Sendo assim, o ator experimenta cotidianamente uma variação de potência afetiva, visto que
diferentes representações solicitam distintas habilidades técnicas, mas também sensações e afetos. Cabe a
esse trabalhador a difícil tarefa de conhecer, transformar e manejar seu corpo tomando em consideração
os tipos de trabalho a serem realizados ao longo de sua carreira.
Palavras-Chave: Corpo; produção artística, relações de trabalho.

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Orientação vocacional e profissional de adolescentes das escolas estaduais da cidade de Londrina e


região
Eric Magno Barbosa,Gislaine Naiara da Silva, Marcia Caroline Portela Amaro, Nader Raduan Jorge
Racy, Rosemarie Elizabeth Schimidt Almeida
O projeto de Orientação Vocacional e Profissional (OVP) tem como objetivo orientar adolescentes frente
à problemática da escolha profissional, visto ser este um período de intensas transformações e
questionamentos que abrangem a personalidade. A vida do jovem nesta fase é perpassada por muitas
dúvidas, ansiedades e conflitos o que justifica a importância de um processo de Orientação Vocacional e
Profissional que neste momento de transição é vital. Ao criar um espaço temporal transicional para a
reflexão de suas trajetórias, os adolescentes podem explorar aspectos da sua própria temporalidade em
relação ao seu imaginário em direção ao real, na construção do simbólico que fará parte de sua identidade
pessoal e profissional. Os atendimentos são realizados na Clínica Psicológica da Universidade Estadual
de Londrina, podendo ser individuais ou em grupo com alunos inscritos oriundos de Escolas Estaduais.
Os orientadores utilizam neste processo o método clínico por meio de entrevistas clínicas, assim como
instrumentos de avaliação do potencial intelectual, habilidades, interesses e traços de personalidade, e
técnicas de dinâmica de grupo visando sensibilizar os orientandos para uma reflexão sobre a escolha
profissional como parte do processo de construção da identidade pessoal e o desenvolvimento das suas
potencialidades. Apresenta-se uma nova visão temporal sobre as perspectivas do desenvolvimento
psicossocial dos adolescentes, assim como do processo de amadurecimento emocional nesta etapa da
vida, pois não se trata apenas da escolha de uma profissão, mas também a entrada na vida adulta e todas
as demandas propiciadas por esta fase, bem como dos lutos que terá que enfrentar. As avaliações
realizadas no projeto têm atendido as demandas por parte dos adolescentes neste período da vida, e de
todos os envolvidos.
Palavras-chave: Adolescência, Orientação Vocacional e Profissional, Psicanálise.

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“Pai desconhecido”: questão edípica e a obesidade - um estudo de caso


Mariana Mota Mesquita; Vania Vargas; Claudia Maria de Sousa Palma
Objetivo: O objetivo deste trabalho é realizar um estudo de caso em que o paciente em questão foi
encaminhado pela medicina com a “queixa” de obesidade, e através da oferta da escuta analítica, a
transformou em uma demanda de análise e, com isso, conteúdos de sua subjetividade aparecem e se
configuram de grande importância para a condução do tratamento. Método: Foram realizados 11
atendimentos individuais no Serviço de Psicologia Hospital das Clínicas da Universidade Estadual de
Londrina, através do projeto: “Contribuições da Intervenção Psíquica a Pacientes Adultos Atendidos pelo
Ambulatório de Psiquiatria do Hospital das Clínicas do curso de Medicina da Universidade Estadual de
Londrina”. Houveram supervisões clínicas e estudos teóricos com a docente responsável, construindo
assim, uma leitura sobre a posição subjetiva do sujeito diante do sintoma de Obesidade e possíveis
intervenções. Resultados: Foi realizado o estudo de caso de um paciente que se apresentava com a
“queixa” de obesidade. Depois de algumas sessões, houve a elaboração da queixa e ressaltou-se uma
questão na subjetividade do sujeito: o pai era desconhecido tanto por mãe como pelo filho. O paciente
identificou-se com uma única informação que tinha sobre seu pai: era um policial. Em seu imaginário, a
partir deste significante “policial”, construiu a imagem de um pai perfeito, protetor, o que gerou um
imperativo como meta: uma busca por "ser" um protetor, um homem quase perfeito, como imaginava que
o pai seria ou deveria ser. Este imperativo não permite espaço para outras necessidades do sujeito, que
preso à este fantasma tem dificuldade em "aproveitar", em desejar algo fora dessa imagem masculina
idealizada. Impossibilita, também, a aceitação de sua própria agressividade, sendo esta administrada de
dois modos principais: destinada ao comer voraz (Obesidade) ou em rompantes de descarga descontrolada
de agressividade, seguida de culpa e tentativa de reparação. Conclusão: A psicanálise, portanto, tem seu
espaço no hospital e exerce uma função importante nele. As pessoas que antes só procuravam o local em
busca do saber médico, da remoção do sintoma (cirurgias, remédios), ao serem encaminhadas ao setor de
psicologia podem saber mais sobre o seu sintoma, implicar-se nele e buscar saber sobre si. Como foi visto
no caso apresentado, a oferta deste outro tipo de escuta permitiu que o sujeito relacionasse que a
obesidade tinha também relação com suas questões subjetivas não expressas. Desta maneira, a compulsão
alimentar, é o sintoma que “resolvia” de certo modo todo conflito que aquela configuração subjetiva
encontrou para resolução de um conflito edípico de difícil solução. Desatar estes “nós” que prendem o
sujeito, ressignificar sua fala numa análise, é de grande importância, o que reforça a necessidade da
oferta da psicanálise no Hospital.
Palavras-chave: Obesidade, psicanálise, hospital

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Procedimentos de intervenção para redução de comportamentos aberrantes: uma revisão


bibliográfica
Raquel Akemi Hamada, Márcia Cristina Caserta Gon, Nádia Kienen, Silvia Aparecida Fornazari, Aline
Fernanda de Campos, Ana Gabriela Santos, Bruna Rodrigues, Bruno H. S. Guerra, Daniele F. de
Oliveira, Eduardo Yudi Huss, Laíse Vieira Nunes, Raíssa Ortega dos Santos.
A Análise do Comportamento é uma ciência que muito tem a contribuir na promoção do bem estar da
sociedade. Este objetivo da ciência é importante de ser lembrado. Uma população que necessita dos
conhecimentos produzidos pela Análise do Comportamento é aquela que apresenta comportamentos
aberrantes. Esses comportamentos não são bem aceitos pela sociedade e prejudicam o bem-estar do
indivíduo por serem incomuns e difíceis de serem manejados. Ainda por estas razões, causam desconforto
a quem convive com estes indivíduos, o que inclui os profissionais da área. Diante desse contexto,
propôs-se realizar um levantamento bibliográfico acerca de estudos que utilizaram procedimentos de
intervenção para a redução da frequência de comportamentos aberrantes. Foi realizada uma busca
eletrônica nas bases de dados: Science Direct, Scopus (Elsevier) e Web of Science; e também no
periódico Journal of Applied Behavior Analisys (JABA). A expressão de busca foi “aberrant behavior” e
o período selecionado foi entre os anos de 2000 e 2011. Foram analisados os artigos que relatavam
pesquisas empíricas, que empregaram manipulação de variáveis como procedimento de intervenção.
Foram encontrados 14 artigos que atenderam a esse critério de inclusão, sendo 57% pertencentes ao
JABA, 29% ao Research in Developmental Disabilities e 14% pertencentes aos outros periódicos. As
categorias utilizadas para a categorização dos procedimentos foram as seguintes: a) treino a pais, b) treino
de habilidades específicas à pessoa que apresenta comportamentos aberrantes, c) arranjo de contingências
por meio de esquemas de reforçamento diversos e/ou estímulos diversificados. Alguns artigos se referiam
a mais de uma categoria num mesmo conjunto de procedimentos de intervenção (combinação). Foram
identificados na condução das intervenções: operação estabelecedora; esquemas de reforçamento em
intervalo fixo, intervalo variável, reforçamento diferencial de outros comportamentos ou de
comportamentos alternativos, entre outros. Esses dados mostram a eficácia de procedimentos
fundamentados na Análise do Comportamento para reduzir a frequência de comportamentos aberrantes.
Palavras-chave: comportamento aberrante, análise do comportamento, procedimentos de intervenção.

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Prós e contras da inclusão de crianças com autismo na escola regular


Jessica Moura Ferreira; Josiane Almeida Salina da Silva; Margarette Matesco Rocha
O autismo é caracterizado como um transtorno de desenvolvimento que afeta principalmente a interação
social e a linguagem, causando ainda dificuldades de aprendizagem que implica na necessidade de
receberem atendimento educacional diferenciado. A inclusão escolar de crianças com necessidades
especiais além de ser um direito legal tem sido defendida como uma forma eficaz de diminuir o
preconceito e favorecer o desenvolvimento de comportamentos sociais em crianças que apresentam a
síndrome do autismo. Entretanto, há controvérsias na literatura sobre os benefícios da inclusão dessas
crianças na escola de ensino regular. Frente a esta constatação, este trabalho teve como objetivo
identificar na literatura os prós e os contras da inclusão de crianças com autismo na escolar regular. Os
dados foram levantados na base de dado Scielo e utilizou-se autismo e inclusão como palavras-chave.
Foram localizados um total de 34 artigos, dos quais 21 foram lidos na íntegra, pois atendiam o seguinte
critério: o autismo ser tratado mais sobre uma perspectiva social do que biológica. Os resultados obtidos
evidenciaram como aspectos positivos da inclusão o desenvolvimento de comportamentos sociais, assim
como, diminuição do preconceito por parte de crianças com desenvolvimento típico, porque proporciona
uma melhor convivência com as diferenças. Por outro lado, a falta de preparação por parte das escolas e
dos profissionais destas ao receber a criança com autismo foi destacado como o fator que não favorece a
inclusão escolar dessas crianças. Além disso, é comum ocorrer rotulação e preconceito para com a
mesma. Por fim foi identificada a eficácia da abordagem comportamental no acompanhamento e
tratamento dessas crianças. Dentre as estratégias utilizadas destaca-se: proporcionar a criança com
autismo condições ambientais que estimule um maior desenvolvimento de repertórios sociais e, também,
a utilização do método ABA que é uma estratégia da análise comportamental aplicada para desenvolver
habilidades em crianças com autismo. De forma geral, constatou-se que são mais enfatizados os pontos
favoráveis da inclusão da criança com autismo na escola regular do que os desfavoráveis, demonstrando
que a inclusão da mesma na escola regular constitui uma boa estratégia para o desenvolvimento de
comportamentos sociais. O pequeno número de estudos localizados e a utilização de apenas uma base de
dados impõem restrição para a generalização dos dados, no entanto permitiram apontar alguns obstáculos
que precisam ser vencidos para a plena inclusão escolar da criança com autismo.
Palavras-chave: autismo, inclusão e análise do comportamento.

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Psicologia Comunitária: Experiências compartilhadas em “Ciranda da Cultura”


Alexia Rodrigues Ruiz; Amanda Garbim Bana; Renato Shoiti; Tayla Cristina Manccini;Vanessa Ap. de
O. Pereira; Alejandra Astrid
As discussões acerca dos trabalhos realizados em Comunidades têm se expandido e novas demandas têm
sido apresentadas aos profissionais da Psicologia. Falar de Comunidade é falar sobre vida cotidiana, vida
em comum, coletividade. Durante muito tempo o conceito de Comunidade esteve distante do discurso
psicológico, mas por volta dos anos 70, surge um interesse sobre essa temática dentro da Psicologia
Social, é neste momento que ela denomina-se Comunitária. O foco da Psicologia Comunitária não é
investigar ou conceber o sujeito comunitário centralizado na figura do individuo, ou ainda de fixar-se a
uma leitura macro do contexto da comunidade, esquecendo-se do sujeito e o diluindo. Pelo contrário, a
Psicologia Comunitária busca perceber o que se passa entre o individuo e a comunidade, quais são as
conexões possíveis entre essas duas instâncias, quais são os acontecimentos e as potencialidades que
surgem a partir deste encontro. O papel do psicólogo na comunidade se encontra em construção e neste
sentido, faz-se mais que relevante à inserção do universitário na comunidade. Esta inserção, não se realiza
através do simples conhecimento dos indicadores sociais do bairro, mas sim pela vivência cotidiana na
mesma, ao transitar pelos espaços, às conversas informais, aos momentos que se dão para além da
“intervenção” planejada e pontual. Na prática comunitária sempre existe algo que escapa ao programado,
algo que nos obriga a saber lidar com o inesperado e utilizá-lo em proveito do caminhar do grupo. O
presente trabalho é derivado da vivência de estagiários do 4° ano de Psicologia da Universidade Estadual
de Londrina (UEL), na qual buscou abordar suas experiências ao inserir-se na comunidade. Para tanto,
faz-se uso de um espaço social conhecido como “Ciranda da Cultura” localizado no bairro Avelino
Vieira, na cidade de Londrina-PR. Esse espaço, em parceria com os estagiários de UEL, oferece oficinas
artísticas, de esporte e de saúde para os moradores do bairro e região. O Ciranda é um espaço interacional
na qual os próprios moradores do bairro constroem um terreno onde é possível discutir a realidade e
novas formas de agir sobre ela e sobre si mesmos, promovendo o desenvolvimento das pessoas e da
comunidade. A Psicologia Comunitária se efetiva pelo uso da pesquisa-ação, método de análise de dados
obtidos em uma vivência, onde o pesquisador se insere no ambiente de estudo, de forma a “experienciá-
lo”. E onde a coleta de dados ocorre com a troca de experiências acadêmicas e as práticas populares.
Desta forma, entende-se que o sujeito deve ser um ser ativo na comunidade e que o psicólogo deve
desempenhar, também, um papel ativo no mesmo. O psicólogo nesse contexto constitui-se como um
elemento catalisador, que induz o grupo a movimentar-se.

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Qualidade de vida no trabalho e gestão de pessoas: a inclusão de deficientes nas 10 melhores


empresas para se trabalhar
Rosângela Rocio Jarros Rodrigues; Gheovana Carla Brites
Esse estudo é um recorte da pesquisa intitulada “Psicologia e Qualidade de vida no trabalho: políticas de
gestão e ações socioambientais”, desenvolvida na UEL, na área de Psicologia Organizacional e do
Trabalho. Por meio dessa pesquisa buscou-se analisar como as organizações representam a inclusão de
pessoas com deficiências em seu quadro de vagas. O trabalho é uma atividade que abrange maior parte do
tempo do dia e da vida das pessoas. Por intermédio dele trabalhadores, com ou sem deficiência,
transformam a natureza e nesse ato significativo constroem a si mesmas. O trabalho é uma das fontes de
realização do ser humano, assim pode desenvolver competências que estando o indivíduo inativo, recluso
em casa não haveria as mesmas condições, pois é na relação diária com o outro que se vai aprendendo a
atividade e, desse modo, aprende-se também sobre si mesmo. A inclusão de deficientes no trabalho está
ligada à qualidade de vida principalmente em dois dos oito critérios que compõem sua natureza: a
oportunidade imediata para utilização e desenvolvimento da capacidade humana e a integração social. As
políticas de gestão de pessoas instituídas pelas organizações, como a contratação de deficientes e o
treinamento e acompanhamento contínuo devem estar voltadas para atender as especificidades dessa
população. O método dessa pesquisa é descritivo e os dados foram extraídos dos exemplares da Revista
Você S.A, referente “as melhores empresas para se trabalhar” no Brasil, no período que abrange 2000 a
2010. Foi empregada a técnica de análise de conteúdo para analisar os resultados, que por sua vez,
indicam que das 110 empresas que constam nesse guia, apenas 14 apresentam alguma ação voltada para a
inclusão de deficientes no trabalho. Somente uma empresa afirma que contrata o deficiente mental para o
trabalho e quatro oferecem aos seus funcionários que tem filhos especiais algum tipo de assistência na
forma de benefícios sociais. Quanto ao deficiente físico, três empresas relatam que os contrata para o
trabalho e que fazem as modificações no espaço adaptando-o para essa população. Sobre os deficientes
visuais três empresas contratam para exercer as tarefas e também incluem no piso, os sinalizadores em
relevo para guiá-los em seus deslocamentos. Os deficientes auditivos foram citados por uma empresa que
os contratam e preparam, incluindo os colegas de trabalho que aprendem a língua de sinais, libras.
Conclui-se que embora exista e está em vigência a lei de cotas, que obriga a contratação de deficientes
conforme o número de vagas, a maioria das empresas identificadas nos exemplares estudados, não
apresenta, na seção de principais atrativos, uma ação voltada para atrair candidatos com deficiência para
suas vagas de trabalho. Dessa maneira, essas empresas não priorizam, nesse veículo de comunicação
nacional, a associação das suas políticas de gestão à inclusão de deficientes.
Palavras chave: Qualidade de vida no trabalho; gestão de pessoas; inclusão de deficiente.

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Queixa familiar localizada em um paciente identificado


Bruna Maria de Souza; Maíra Bonafé Sei
O presente trabalho tem como objetivo discorrer a respeito do fenômeno de um grupo familiar eleger um
único membro da família para depositar as responsabilidades dos conflitos familiares. Diante de tal
mecanismo de defesa da família, objetiva-se verificar como se dá a localização da queixa familiar em
relação ao paciente identificado e de que modo a família se organiza diante da necessidade de
responsabilizar apenas um membro pelas dificuldades de todo o grupo. Para tanto, serão analisadas
triagens de famílias que buscaram atendimento psicológico familiar feitas na clínica-escola de Psicologia
da Universidade Estadual de Londrina. O foco desta análise foi refletir sobre a dinâmica de se eleger
familiares como pacientes identificados, responsabilizando-os, já desde a triagem, pelas problemáticas
por todos enfrentadas. Foi possível verificar ser muito comum tal mecanismo em famílias com crianças,
uma vez que geralmente, as crianças são portadoras das dificuldades da família sendo apontadas como as
únicas que têm dificuldades sociais e escolares. Desse modo, considerando apenas a criança como
paciente, a família se torna mero espectador do processo de tratamento do filho, sendo que, no se que se
refere ao atendimento familiar, o paciente é considerado todo o grupo familiar e não apenas um membro.
Assim, o atendimento familiar procura oferecer condições para que seja possível ter um espaço onde
possa, através de uma melhor comunicação, reestabelecer as relações baseadas em menor dependência e
necessidade para atacar outros membros da família, a fim de não lidar com suas próprias questões.
Entende-se que tal trabalho favorece a ampliação do olhar dos profissionais ligados ao atendimento de
famílias acerca das questões apresentadas por estes grupos, fomentando uma prática mais abrangente e
efetiva.
Palavras-chave: Psicanálise. Família. Psicoterapia.

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Relato de processo psicodiagnóstico realizado numa clínica-escola em universidade do interior do


paraná
Bárbara Dias Miras, Marcia Caroline Portela Amaro, Fabiano Koich Miguel
Este trabalho pretende apresentar os resultados de um atendimento realizado durante a disciplina de
Psicodiagnóstico do curso de Psicologia de uma universidade pública do interior do Paraná. A
colaboradora foi selecionada de uma fila de espera da clínica psicológica da universidade. Tratava-se de
uma jovem de 21 anos, estudante universitária, com queixa de choro frequente e falta de ar ocasionada
por nervosismo sem causa aparente. Foram feitas 4 sessões de atendimento, durante as quais foram
realizadas entrevistas e aplicações dos testes House-Tree-Person (HTP) e Inventário Fatorial de
Personalidade (IFP). Os resultados foram interpretados integrando-os às informações coletadas nas
entrevistas. Mediante os dados clínicos colhidos nas entrevistas e a análise dos resultados dos testes HTP
e IFP, foi possível levantar o seguinte quadro: a paciente apresenta sinais de tensão e ansiedade,
possivelmente decorrentes de um contexto familiar pouco contingente, onde a grande quantidade de
pessoas e a pouca referência de modelos e limites levou a sentimentos de insegurança e desamparo. Na
tentativa de construir laços de relacionamento, desenvolveu o fator Heterossexualidade, caracterizado
pela busca de diversos relacionamentos, porém marcados pela superficialidade. Outro fator relativamente
desenvolvido foi a Autonomia, como um possível reflexo da falta de continência no lar, o que a levou a
ter de fazer suas atividades sozinha. No entanto, submetida a uma nova conjuntura, onde seriam
necessários comportamentos mais autonomamente organizados, a paciente tem demonstrado sentimentos
de inadequação e imaturidade, uma vez que não desenvolveu estruturas egóicas suficientemente fortes
para se haver com tais circunstâncias. Essa situação se reflete nos baixos escores de fatores como Ordem
e Desempenho. Esses resultados foram apresentados e discutidos com a colaboradora em sessão de
devolutiva e foi feito encaminhamento para psicoterapia.
Palavras-chave: psicodiagnóstico, testes, personalidade.

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Uma revisão de literatura sobre publicações brasileiras a respeito de TDAH e Análise do


Comportamento
Marcela Miyuki Cavamura Endo, Mariana Carolina Batista Ferreira, Natália Gomes Soares, Natália
Rosot; Margarette Matesco Rocha
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade/Impulsividade (TDAH) é um transtorno que atinge
de 3 a 6% das crianças em idade escolar e pode acarretar prejuízos acadêmicos e em interações sociais.
Nos últimos anos, avanços significativos ocorreram em relação à natureza do transtorno. Diversos estudos
apontam para a relevância dos fatores genéticos e neurobiológicos para o desenvolvimento da tríade
sintomática. Entretanto, é recente e progressivo o número de pesquisas voltadas para aspectos sociais e
interpessoais, principalmente relacionados à família da criança com TDAH. Esses estudos têm
demonstrado o papel do ambiente familiar para a instalação e manutenção de padrões comportamentais
característicos do TDAH. O presente estudo teve como objetivo apresentar uma revisão da literatura
brasileira acerca do TDAH, com ênfase em pesquisas na abordagem analítico comportamental. Buscou-se
identificar a definição do TDAH, a problemática do diagnostico, a compreensão dos determinantes, além
das propostas de avaliação e intervenção. Selecionou-se pesquisas publicadas nos últimos quinze anos, no
banco de dados das bases Scielo, Pepsic e na coleção de livros Sobre Comportamento e Cognição. As
palavras chaves utilizadas para as pesquisa foram: TDAH, hiperatividade, déficit de atenção, análise do
comportamento e behaviorismo radical, de maneira combinada. A partir do critério estabelecido para
revisão literária foram selecionados doze trabalhos, sendo cinco da Coleção de livros Sobre
Comportamento e Cognição, quatro da base Pepsic e três da base Scielo. Estes trabalhos variam entre
pesquisas conceituais e aplicadas. Por meio dos resultados foi possível verificar que cada pesquisa
menciona meios de avaliações diferentes. Entre as produções textuais, duas questionam a validade do
Manual Diagnóstico de Doenças Mentais (DSM), enquanto as demais não fazem criticas ao manual.
Além disso, dentre as pesquisas, cinco utilizam a análise funcional, e cinco citam a observação direta dos
comportamentos do indivíduo, sendo uma combinada com entrevistas e três com testes neurobiológicos.
Contudo, apenas uma pesquisa não menciona o nível ontogenético como determinante para padrões
comportamentais característicos do TDAH, seis o citam como determinante exclusivo, quatro o
combinam com o nível filogenético e um o combina com o nível cultural. Em relação à intervenção,
quatro mencionam a importância do trabalho combinado entre escola, criança e pais, enquanto as outras
variam entre um ou outro. Além disso, onze propõem intervenções para os três aspectos da tríade
sintomática. Portanto, a partir da revisão apresentada, foi possível perceber que, apesar da relevância do
tema, ainda há poucos estudos brasileiros a respeito do TDAH na área da Análise do Comportamento.
Palavras-chave: Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; análise do comportamento; revisão de
literatura brasileira.

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Variáveis relacionadas ao aumento da probabilidade do comportamento de adesão dos usuários


atendidos pelo serviço de aconselhamento genético-SAG/UEL
Raiana Bonatti, Jenifer Pavan, Vania Galbes, Marcelle Bertini, Talyta Lima, Estefani Barcellos, Bárbara
Miras, Renata Grossi
O presente trabalho objetiva analisar os dados extraídos de entrevistas realizadas com pacientes que
aceitaram participar do Serviço de Aconselhamento Genético da Universidade Estadual de Londrina -
SAG-UEL, sobre a perspectiva de verificar a presença de variáveis que podem influenciar no processo
comportamental de adesão ao serviço. Para a realização do mesmo foram utilizados os dados do Roteiro
de Entrevista Inicial respondidos pelos pacientes/famílias entre 2009 e 2010 no momento da coleta de
sangue para o exame do cariótipo. As entrevistas foram realizadas após assinatura do Termo de
Consentimento Livre Esclarecido e para a análise das informações coletadas foram divididas em quatro
grandes grupos, a constar: (1) dados sociodemográficos, (2) diagnósticos, procedimentos e atendimentos,
(3) dificuldades encontradas e rede de apoio e (4) estrutura familiar. Os dados obtidos foram analisados
pelo programa IBM SPSS Statistics, Versão 19.0 gerando percentuais que, após análise e comparações
com a literatura pertinente, apontaram para algumas variáveis contextuais as quais aumentariam a
probabilidade de comportamentos de adesão. A amostra conta com 86 casos de pacientes crianças (de
zero a cinco anos) advindas do SUS. De toda a amostra, 63 casos (73,3%) relataram ter feito algum tipo
de exame antes da entrevista do SAG-UEL, além de cirurgias, o que pressupõe que esses pacientes já
procuraram algum tipo de auxilio médico, caracterizando um histórico de tratamentos que quando
consequenciados positivamente por uma melhora ou amenização de sintomas dos pacientes pode reforçar
positivamente o comportamento de procurar outros atendimentos e aumenta a probabilidade de adesão.
Levando em consideração que a amostra possui renda familiar entre 1 a 3 salários mínimos e que 90%
dos pacientes relataram usar exclusivamente o SUS para tratamento médico, pode se inferir que serviços
gratuitos podem aumentar a probabilidade de adesão, pois retiram a estimulação aversiva de não
conseguir arcar com os custos de um tratamento para a doença ou síndrome. Em 68,6% dos casos os
entrevistados relataram receber algum tipo de ajuda de familiares e de amigos, sendo que em 61,1%
destes os filhos moravam com ambos os pais, contextos sociais que pressupõe variáveis de rede de apoio,
sendo estas importantes para aumentar as chances da família aderir ao tratamento. Um ponto fundamental
para a compreensão da adesão ao serviço é que os casos abrangidos pelo SAG-UEL constituem-se, em
sua maioria, por malformações graves, o que gera comprometimentos de várias ordens nas crianças
atendidas. Encontram-se, na literatura, dados de que tais comprometimentos geram frustrações e
sentimentos negativos na família e cuidadores, o que constitui uma contingência aversiva a qual tais
famílias são expostas. Neste sentido, a adesão a tratamentos futuros relacionados ao diagnóstico se
constituiria uma forma de amenizar a estimulação aversiva decorrente das consequências das doenças ou
síndromes.
Palavras chave: adesão, aconselhamento genético, varáveis de contexto.

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