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e metodológicos do
ENSINO FUNDAMENTAL Bertha de Borja Reis do Valle
Domingos Barros Nobre
Eliane Ribeiro Andrade
Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Maria Inês do Rêgo Monteiro Bonfim
Miguel Farah Neto
Rosana Glat
Suely Pereira da Silva Rosa
2.ª edição
2009
V242 Valle, Bertha de Borja Reis do. (Org.); Nobre, Domingos Barros;
Andrade, Eliane Ribeiro. / Fundamentos Teóricos e Meto-
dológicos do Ensino Fundamental. / Bertha de Borja Reis do
Valle (Org.); Domingos Barros Nobre; Eliane Ribeiro Andrade.
2. ed. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
308 p.
ISBN: 978-85-387-0156-9
CDD 375.21
Rosana Glat
Os desafios da universalização
do Ensino Fundamental.......................................................... 59
Desafios do ensino-aprendizagem
na escola fundamental I........................................................221
As discussões em torno da função social da escola.....................................................221
O problema substantivo: os excluídos ............................................................................223
Desafios do ensino-aprendizagem
na escola fundamental II.......................................................235
O sistema educacional...........................................................................................................235
Formação de professores
para o Ensino Fundamental.................................................271
Os cenários de formação de professores.........................................................................272
As bases legais para a formação de professores...........................................................276
Gabarito
Rosana Glat
Você verá que, desde a primeira aula, que nos traz um pouco de reflexão
sobre as ideias do educador Paulo Freire, tão admirado por educadores do mundo
inteiro, até à última aula que remete as leituras para a questão da formação dos
professores de nosso país, tivemos a intenção de contribuir para sua formação
como professor-educador.
No que se refere à educação de adultos, Cury (apud FÁVERO, 1996, p. 72) des-
taca que o Decreto 6, de 19 de novembro de 1889, extinguiu o voto censitário e
impôs o domínio da leitura e da escrita como condição de acesso à participação
eleitoral, mantendo os sujeitos que não tivessem escolaridade fora dos direitos
relativos à cidadania. O texto constitucional ressalta as qualidades necessárias
para ser cidadão brasileiro, salientando como fundamental a qualidade de elei-
tor e colocando o impedimento para o alistamento eleitoral de mendigos e anal-
fabetos, embora essa população tivesse obrigação de servir à pátria.
Tal restrição era vista por muitos intelectuais da época, inclusive Ruy Barbosa1,
como um estímulo às camadas mais pobres da população “para que se instruís-
sem, a fim de poderem participar da vida política, e aos poderes públicos que,
buscando ampliar as bases da representação popular, iriam despender maiores
recursos com a instrução do povo” (PAIVA, 1973, p. 82).
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Histórico do analfabetismo no Brasil
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Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino Fundamental
Nasce nesse período a proposição, que tem forte impacto nas políticas para
jovens e adultos até hoje no Brasil, de que o problema do analfabetismo pode
ser resolvido por meio de campanhas, conforme modelos migrados da área de
saúde, particularmente das campanhas de vacinação organizadas pelos chama-
dos higienistas no início do século XX. Não é por acaso que, ao vocabulário da
Educação de Jovens e Adultos (EJA), são incorporadas expressões como erra-
dicação do analfabetismo, cura do mal do analfabetismo, chaga etc., originárias
da área de saúde que, historicamente, ocupava um lugar de prestígio social no
Brasil, legitimada pelo Estatuto de Ciência Médica e da Racionalidade.
A campanha funcionou de 1947 a 1963, quando foi extinta, sendo que seu
ápice se deu de 1947 a 1951. As críticas mais marcantes que recebeu, na época,
basearam-se nos seguintes aspectos: a irrisória quantia paga aos professores, “o
que desencantou a ideia de que um programa de massa, em longo prazo, pu-
desse calcar suas atividades no voluntariado ou no semivoluntariado (pequenas
gratificações)”; informações fictícias por falta de um acompanhamento rigoroso
nas classes de alfabetização (PAIVA, 1973, p. 194); tempo insuficiente para a con-
solidação de um processo de alfabetização, formando um grande contingente
de “semianalfabetos”. Observa-se, também, que a campanha trabalhava a partir
de uma visão do analfabeto como “incapaz”.
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Histórico do analfabetismo no Brasil
anos. Destaca ainda que poderão ser formadas classes especiais (classes de ace-
leração de aprendizagem) ou cursos supletivos para os que não entrarem na
escola em idade própria, e que, aos maiores de 16 anos, será permitida a obten-
ção de certificados de conclusão do curso ginasial, que atualmente equivale às
séries finais do Ensino Fundamental, mediante a prestação de exames de madu-
reza, após estudos realizados sem observância de regime escolar, como também
a obtenção do certificado de conclusão de curso colegial (atual Ensino Médio),
aos maiores de 19 anos. A Lei também abre para o ensino privado a autorização
para a realização desses exames.
Nesse mesmo período, quando se analisa a formulação legal que aborda a edu-
cação e a escolarização de jovens e adultos, encontramos a sua regulamentação,
por meio do ensino supletivo, no capítulo IV da Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
ção Nacional – Lei 5.692, de 11 de agosto de 1971. No artigo 24 e nos subsequen-
tes, até o 28, inclusive, dispõem-se as finalidades, abrangência e formas de opera-
cionalização. No artigo 32, aborda-se a necessidade da formação de professores
para essa modalidade de ensino. Pela primeira vez na história das legislações
de educação aparece um artigo exclusivamente dedicado ao ensino supletivo.
“Suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que não a tenham
seguido ou concluído na idade própria” (art. 24).
Paralelo ao ensino supletivo, o Mobral continuou a atuar até 1985. Num es-
forço de salvação, o órgão foi substituído, no governo de transição – a chamada
Nova República – em 1985, pela Fundação Educar, com uma proposta bem mais
flexível e com a participação, no debate sobre a elaboração de suas Diretrizes de
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Ação, de educadores até então vetados pelos governos anteriores, como o pro-
fessor Paulo Freire. Seu período de existência, porém, foi marcado por um pro-
cesso de esvaziamento das políticas públicas para jovens e adultos no âmbito do
governo federal. O MEC mantinha a instituição apenas no discurso, realizando
um desmonte gradativo, finalmente concretizado na posse do primeiro presi-
dente eleito após o Golpe Militar de 1964, Fernando Collor de Mello.
Na década de 1990, como aponta Beisiegel (1996, p. 4), observa-se uma ten-
dência em deslocar as atribuições da educação fundamental de jovens e adul-
tos, “da União para os estados e, principalmente, para os municípios, com apelos
dirigidos também ao envolvimento das organizações não-governamentais e da
sociedade civil.”
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Hoje denominado Alfasol. “A alfabetização Solidária (AlfaSol) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos e de utilidade pública,
que adota um modelo de alfabetização inicial, inovador e de baixo custo, baseado no sistema de parcerias com os diversos setores da sociedade”.
Disponível em: <www.alfabetizacao.org.br/aapas_site/home.asp>.
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Texto complementar
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Histórico do analfabetismo no Brasil
apresentando como inovação o foco nos jovens, parcela cada vez mais signi-
ficativa dos beneficiários dessa modalidade educacional.
(Disponível em: <www.projovem.gov.br/2008/>. Acesso em: 9 jul. 2008.)
Atividades
1. Nesta aula, você conheceu melhor a história do analfabetismo no Brasil e
como tem sido difícil conseguir que todos os brasileiros tenham acesso à
leitura e à escrita. Agora, procure investigar: Como é a situação de seu mu-
nicípio com relação ao analfabetismo? Como evoluiu, ao longo do tempo,
o atendimento educacional aos jovens e adultos que não tiveram acesso à
leitura e à escrita? Dos programas e ações de EJA abordados no texto, quais
os que foram implantados em seu município? Como foi sua trajetória? Que
contribuições deixaram? Algum deles ainda existem? De que forma?
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Dicas de estudo
Após a leitura desta aula, mesmo que você já tenha visto, vale a pena ver no-
vamente o filme “Central do Brasil”. Ele retrata a realidade de muitos brasileiros
analfabetos que necessitam de ajuda de estranhos, até para mandar um recado
ou uma mensagem para sua família. A história nos faz refletir sobre a importân-
cia da alfabetização e como um adulto analfabeto fica dependente de outras
pessoas, que, nem sempre, são confiáveis. O filme recebeu prêmios internacio-
nais como o Urso de Ouro, em 1998, no Festival de Berlim e o Globo de Ouro
nos Estados Unidos, em 1999. É interpretado por grandes atores nacionais como
Fernanda Montenegro, Marília Pêra, Vinicius de Oliveira e Othon Bastos, sob a
direção de Walter Salles.
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Histórico do analfabetismo no Brasil
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Gabarito