Resumo
1
Doutoranda do curso de Doutorado em Educação da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Pedagoga da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). E-mail:Crizieli@utfpr.edu.br
2
Aluna especial do curso de Doutorado Educação e Docente da Graduação na Universidade do vale do Itajaí
(UNIVALI). E-mail:cicametzner@gmail.com
3
Pós-doutorado pela Universidade de Barcelona- Espanha. Doutora e Professora do mestrado e doutorado em
Educação da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI); Coordenadora do Grupo de Pesquisa Educação e
Trabalho. E-mail: raitztania@gmail.com
ISSN 2176-1396
9302
Introdução
Nesse mesmo direcionamento Popkewitz (1997) destaca que a profissão faz parte de
um processo de construção social diretamente ligada ao cenário institucional e as condições
sociais a que as pessoas estão submetidas.
Como apresenta Rocha-de-Oliveira (2012), Inserção Profissional é um termo recente,
que apresenta múltiplas interpretações, relacionado ao momento que representa a entrada na
vida ativa, no mercado de trabalho. Esse termo inicialmente foi utilizado na França, na década
de 1970 em substituição o termo entrada na vida ativa, ou seja, o inicio de uma vida
profissional. Apontando um processo que os indivíduos ingressam no sistema de emprego, é a
aprendizagem das relações no ambiente de trabalho no próprio mercado de trabalho.
Considerando o término da Universidade com fechamento de um ciclo de formação da
profissão, almeja-se a busca pelo emprego no mercado de trabalho, diretamente ligado ao
curso que se graduou. Nesse sentido Cordeiro (2002), diz que a inserção profissional pode
realizar uma abordagem, que não restringe-se da entrada ao mercado de trabalho, mas, pois,
9304
sua entrada é resultado de um processo marcado pela articulação entre situação profissional
do momento, e as origens da situação profissional.
Assim, a inserção profissional, na visão de autores como Dubar (2001), Rocha-de-
Oliveira (2012), Bardagi et al (2012), pode ser compreendido com uma lógica única, mas, sim
por um complexo contexto histórico, social, econômico, juntamente com os aspectos
individuais e institucionais.
Em relação à inserção profissional para Franzoi (2011, p.129) “[...] o termo inserção
profissional refere-se ao processo de valorização e legitimação dos saberes e dos diferentes
atributos dos indivíduos que se dá entre a formação e o trabalho, construído pelos autores em
um ou outro campo de atuação”.
Destaca-se que a inserção é influenciada por um conjunto de fatores não podendo
considerar apenas em um único fator, mas é necessário analisar numa teia de relações que
implicam na escolha e na inserção profissional, considerando também os aspectos regionais.
A Formação na Docência
[...] uma práxis em que a unidade teoria e prática se caracterizada pela ação-
reflexão-ação; o trabalho docente só pode ser compreendido se considerado no
contexto da organização escolar e da organização do trabalho no modo de produção,
no caso, o capitalismo; a compreensão do trabalho docente só pode ocorrer no
processo de elaboração de seu conceito, que emerge após o estudo de sua gênese, de
suas condições históricas (o trabalho como forma histórica) e particulares (o
cotidiano da ação docente).
[...] devera organizar o seu trabalho, tendo em vista executar mediações que
conduzam a consecução dos objetivos estabelecidos. Se tem como meta o trabalho
pela democratização da sociedade e se compreende que esta não pode ocorrer sem
que os sujeitos possuam sua independência, importa que o educador, como
profissional que tem claro que o setor da Educação e uma das mediações sociais que
podem servir a luta pela democratização, devera ter conhecimentos dos fins a serem
obtidos, assim como dos princípios e meios científicos e tecnológicos disponíveis
para a obtenção do que se traçou como resultado final de seu trabalho.
[...] aprender, ensinar, partilhar saberes, pensar com a escola e não sobre a escola,
fortalecer a instituição educacional, compreender a reflexão como pratica social,
oportunizando apoio e estimulo mútuos – na forma de trabalho coletivo – analisar os
contextos de produção do ensino e aprendizagem, qualificar melhor os discursos
oficiais que se utilizam de termos ou conceitos da moda, ressignificando-os (LIMA;
GOMES, 2010, p. 170).
Já Gatti (2012), apoiada em estudos de Oliveira e Vieira que aliam trabalho docente da
educação básica à valorização, ressalta a situação dos salários dos professores no sentido de
não serem salários condizentes com o exigido quanto à sua formação, condições de trabalho e
outras cobranças relacionadas à avaliação e apoio pedagógico. Essa problemática é trazida nos
argumentos de Cunha (2009, p. 148) que sinaliza a nível mundial:
dos outros setores socioeconômicos, porque o problema da educação deve ser pensado no
bojo das mudanças no mundo do trabalho e do emprego.
Profissionalização Docente.
Os autores Brzezinski (2002), Castells (2000), Dubar (2001), Nóvoa (1995) situam a
identidade como processo e espaço de construção. Ou seja, a identidade docente perpassa por
um processo de construção permanente, nunca acabado. Vale ressaltar que se compreende a
identidade como processo e não como produto acabado. A ideia de processo sinaliza que as
maneiras de ser e estar na profissão vai se ajustando aos discursos normativos, às vivências no
espaço escolar, nos espaços de formação e no trabalho pedagógico com os alunos. Quanto ao
espaço de construção, a identidade desenvolve-se nos espaços de trabalho, em estar inserido
na profissão e nos tempos formativos (formação inicial e continuada da profissão docente) e
de nossa realidade educacional e institucional.
permite obter informações de um grande número de pessoas, abranger uma área geográfica
grande e as pessoas sentem liberdade para expressarem suas opiniões.
O tratamento dos dados foi desenvolvido por meio da análise de conteúdo objetivando
identificar a escolha profissional e as expectativas destes estudantes quanto sua inserção no
mercado de trabalho, em especial, na carreira docente. Para Bogdan e Biklen (1994), na
realização da análise dos dados, na transcrição das entrevistas e na reorganização sistemática
com o objetivo proposto, permite-se uma melhor apreensão dos resultados da pesquisa.
Assim, a análise foi direcionada para as seguintes categorias: perfil do grupo
pesquisado com aspectos de identificação, inserção na Universidade e em atividades
profissionais; escolha profissional que compreenda escolha da profissão, ou seja, do curso de
formação; inserção profissional visando identificar áreas de atuação e expectativas e
dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Em relação ao perfil do grupo pesquisado, todos são acadêmicos concluintes do Curso
de Licenciatura em Pedagogia e são do sexo feminino. Em relação idade percebeu uma
variação sendo que tiveram 4% alunos com idade entre 20 a 30 anos, de 31 a 40 anos 30%, de
41 a 50 um percentual de 27% e com mais de 50 anos 7%. Portanto, considera-se o grupo
pesquisado com idade variada, mas com uma maioria com idade entre 31 e 40 anos, formando
30% do grupo.
Ainda com relação ao perfil e com a formação superior indagou-se se os participantes
já haviam concluído ou cursando outro curso superior. Como resultado 90% dos pesquisados
indicam que o curso Pedagogia é o seu primeiro curso superior e 10% que possui outro curso
superior, nas áreas de Artes Visuais, Turismo e Recursos Humanos. Deste grupo que já
cursou outro curso superior destaca-se a posicionamento de um participante que afirma:
“Espero não me frustrar no campo de atuação como aconteceu com a minha profissão
anterior” (P5). Demonstrando sua expectativa quanto a escolha do curso atual e a futura
inserção profissional.
Quanto as atividades profissionais indicadas pelos investigados, ou seja, se estava ou
não trabalhando obtive-se os seguintes dados: apenas 10% estão desempregados ou não tem
atividade remunerada e 90% esta trabalhando ou exerce alguma atividade remunerada. Desse
segundo grupo, que possui atividade remunerada, 80% está atuando diretamente na sua área
de formação e apenas 20% não está desenvolvendo atividade remunerada na área da
graduação. Deste grupo 10% atuam como monitores e 10% em área que não exige formação
especifica.
9312
Na categoria Inserção Profissional foram realizadas duas questões abertas uma ligada
à percepção de dificuldades para inserção no mercado de trabalho e a segunda para descrever
as expectativas quanto a futura atuação como profissional.
Em relação a dificuldades de inserção no mercado de trabalho, alguns pesquisados
revelam não identificar dificuldades. Os que identificam dificuldades sinalizam aspectos
relacionados ao reconhecimento social da profissão e a concorrência na área, devido a falta de
concursos. As suas indicações aparecem nestes aspectos: (P23) “Quase não vejo dificuldades
na inserção, pois, é uma área muito ampla”; (P18) “Bastante concorrência nessa área”;
(P11) “A dificuldade é que cada dia tem mais professores e não recebe o devido valor que
deveriam receber”; (P04) “A dificuldade sendo ACT4”.
No segundo aspecto explorado na categoria Inserção Profissional, as expectativas da
futura atuação como profissional, os dados foram analisados em dois blocos: os que atuam na
área de formação e os que não atuam na área de formação.
Os entrevistados que não atuam na área de formação, os dados revelam o desejo do
desenvolvimento do trabalho pautado no comprometimento, respeito, ética, além da busca de
permanente qualificação. E, em relação com a inserção a necessidade da estabilidade
profissional. Como revelam as afirmações: (P29) “Pretendo ser uma profissional, competente
e qualificada. Uma professora que conquiste os alunos com respeito e ética. Amo o que faço,
trabalhar com a educação é uma realização pessoal e profissional”; (P22) “Acredito que em
breve prestarei concurso e irei conseguir uma vaga na área que tanto desejo nas séries
iniciais”.
Os pesquisados que atuam na área apresentam a preocupação na necessidade de
aprimoramento, melhora no perfil e de realização profissional, revelados com os relatos: (P
28) “Fazer o possível para fazer a diferença, tentando não deixar meu trabalho cai numa
rotina, produzindo novidades para as crianças”; (P8) “Meus sentimento e expectativas é que
melhore cada vez mais, visto que serei graduada e isso mudará a minha situação enquanto
professora”. Identificando posicionamentos positivos, como: (P25) “Espero modificar minha
prática pedagógica refletindo e me aprimorando, pretendo atuar como professora na
educação infantil”; (P21) “Gosto muito dessa área da educação, me sinto realizada por este
motivo acredito realizar bem meu papel como professora”. Nesta ótica Bardagi et al (2012, p.
70) aponta, que “Do indivíduo resulta da percepção de que o trabalho é uma expressão do seu
4
Quando a entrevista indica a sigla ACT significa admitido em caráter temporário, ou seja, sem Concurso
Publico.
9314
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ABREU, D. C. de. Análise da condição de ingresso e evolução na carreira docente nas redes
estadual de ensino do Paraná e municipal de ensino de Curitiba. Revista Educação em Foco,
Campinas BH – UEMG, Ano 13, n. 16, p. 67-84, dez. 2010.
AZZI, Sandra. Trabalho docente: autonomia didática e construção do saber pedagógico. In:
PIMENTA, Selma Garrido (org). Saberes pedagógicos e atividade docente. 7. Ed. São
Paulo: Cortez, 2009.
MORAN, J. M. A educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. Campinas:
Papirus, 2007.
RICHARDSON, R. et al. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1999.