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AUTOR: EDMANE ADRIANO

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AUROR: EDMANE ADRIANO


CADEIRA: DIREITO ECONOMICO (APONTAMENTOS).
“ O MUNDO, NOS ENSINA A VIVER A ECONOMIA”

1. Características do Direito Económico

Direito recente: porque só se manifesta a partir do momento em que o Estado toma a


seu cargo a Economia (a partir de 1914).

• Direito fluído: não é um, direito rígido, estático, estável, modifica-se


rapidamente de acordo com a política existente. Anda ligado à estrutura
política.
• Direito não codificado: é um direito disperso.
• Direito misto: é público (parte constitucional, Estado dotado de iuris imperi) e
privado (contratos económicos de financiamento, ex. contratos de leasing).
A ordem económica, é a forma concreta como se processa a produção e distribuição
de riqueza numa dada sociedade.
A ordem jurídica, é o conjunto das normas e princípios que regulam as relações no
contexto do Estado de Direito, a ordem jurídica da Economia é a formada pelas regras
jurídicas e pelos princípios aplicáveis à esfera económica.
O elemento comum aos dois sistemas (modelo Socialista e modelo Capitalista), é a
intervenção do Estado. A história do Direito Económico está ligado desde a sua
origem do contexto da sua intervenção do Estado na vida económica por entender-se
uma atitude positiva (actos) do Estado, ou seja, uma determinada acção. A
intervenção pode ser de dois tipos, directa ou indirecta.
a) Intervenção Directa: consiste na existência de um Estado que se assume como
agente económico, nos regime económicos Socialistas, o Estado surge como único ou
principal agente económico, mas nos regimes de Mercado também existe intervenção
directa embora menor, podemos encontra-la no caso português através das empresas
públicas das sociedades de capitais públicos e ainda das participações do Estado em
empresas mistas.

b) Intervenção Indirecta: esta atitude do Estado é um acto de regulação da


Economia, executada através do poder legislativo e tendo como principais exemplos,
os Planos e as Políticas Económicas. Na Economia de mercado o Estado privilegia a
intervenção indirecta como forma de condicionar os agentes económicos que no
sentido da expansão económica que como objectivos de controlo, como por ex. deste
último caso a política fiscal.
Todos os fenómenos (e relações) sociais são totais, sendo os económicos e jurídicos
apenas duas das facetas, sem dúvida muito relevantes, que os fenómenos (e
relações) sociais comportam.

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O nível jurídico é, dentro da moldura formada pelo Direito que se vai desenrolar a
dinâmica económica protagonizada pela empresa.
Há uma duplicidade de visões que podem interessar: a do direito sincrónico, parado
artificialmente num certo momento histórico, capaz de traduzir, indicar ou até explicitar
a cor da época a que pertence, e a do direito diacrónico, verdadeiro desfilar, no
tempo e no espaço, de formas de viver tão diversificadas quanto a imaginação do
homem e as condições do mundo vêm permitindo.
O Direito, fenómeno humano e produto social, é inerente a uma organização da
sociedade em Estado, exactamente porque é uma decorrência do poder instituído e,
como tal, transporta uma carga de imperatividade.
A sociedade assenta em elementos que são indispensáveis à vida comunitária (as
instituições); o Direito recolhe esses elementos, enquanto imagens duráveis e
simbólicas dos valores comuns, mas espelha e, a algum nível, provoca a evolução
social – é aí que reside a interacção Direito/Sociedade.
Face ao Código Civil Português, a lei é a fonte de Direito por excelência, admitindo-se
o recurso ao Costume (prática reiterada com convicção de obrigatoriedade) para
preencher lacunas da lei. A jurisprudência e a doutrina não são, entre nós, fontes
imediatas de Direito.
A norma integra dois elementos: a previsão (acontecimento), e a estatuição
(consequência jurídica que deriva da sua verificação).
As suas características são consequência da função instrumental – tutelar do Direito e
podem ser enunciadas da seguinte forma:
a) Hipoteticidade: a norma existe de acordo com potencialidades;
b) Imperatividade: a força coactiva, baseada de uma sanção a aplicar-se em caso
de violação;
c) Generalidade: a norma dirige-se a um universo de situações que cabem na sua
moldura;
d) Abstracção: a norma tem em vista regular situações futuras e não casos
concretos já existentes.

2. Relação entre Direito e Economia: O centro de gravidade do Direito


Económico

O Direito Económico vai ter uma trajectória mais ampla, de aproximação crescente
aos agentes económicos privados, mas começando de uma perspectiva superior,
procurando abarcar o modo em que se organiza, ao nível da instância jurídica, o
modelo económico português actual.
A organização privada da economia só acontece de acordo com a definição, ao nível
jurídico mais elevado, do regime perfilhado.
O Direito Económico apresenta, portanto, uma primeira fase de natureza
predominantemente pública, em que surge a sua vertente constitucional,
caracterizadora do sistema a partir da atitude do Estado face ao processo económico;

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num segundo momento, surge como Direito Privado, em aspectos específicos
respeitantes a institutos jurídicos desta natureza.
A atitude do Estado pode revestir um amplo leque de atitudes, que vai desde a era da
tomada de decisões económicas por via administrativa, até ao espartilhamento da
actividade económica privada, através da apropriação colectiva dos principais meios
de produção, em que o Estado domina uma economia centralizada e planificada.
Entre destes dois (Estado-polícia e Estado-único ou principal agente económico),
existe uma multiplicidade de regimes económicos, cuja matriz vai ser dada pela
relação de forças estabelecida entre a autoridade estadual e a actuação dos
operadores privados, ou, por outras palavras, pela forma e medida da intervenção do
Estado na vida económica.
Os chamados modelos de economia mista surgem neste percurso, caracterizados
pela coexistência da iniciativa pública e privada, concorrendo no mercado, que pode
ser amplo ou restrito (no sentido em que alguns sectores da actividade económica lhe
poderão ser retirados e reservados para o Estado).
No campo teorético-jurídico, observam-se enunciados o sistema de mercado, que tem
como postulados a propriedade privada na qualidade de direito fundamental, de onde
decorre a apropriação privada de todos os meios de produção, a livre concorrência e
auto-preservação do próprio mercado, e, nos seus antípodas, o sistema de economia
planificada, também dito de direcção central, com apropriação colectiva de todos os
meios de produção, obediência de um instrumento jurídico-económico (o Plano) e
ausência de qualquer forma de concorrência.
É esta aproximação da economia ao Estado, configurando-se como área de
intervenção por excelência, que marcou o aparecimento do Direito Económico.
Como noção de Direito Económico, pode-se definir como a “ordenação jurídica
das relações entre entes públicos e entre estes e os sujeitos privados, na
perspectiva do Estado na vida económica”.
Outra definição de Direito Económico que comungamos, no contexto actual de Direito,
considera que aquele é “o estudo da ordenação (ou regulação) jurídica específica da
organização e direcção da actividade económica pelos poderes públicos e (ou) pelos
poderes privados, quando dotados de capacidade de editar ou contribuir para a edição
de regras com carácter geral, vinculativas dos agentes económicos”.

3. Relação entre Direito e Economia; Sistema versus Regime Económico;


autonomia e caracterização do Direito Económico (evolução histórica)
Direito como um conjunto de normas e princípios estruturadores do trato social,
dotados de força coerciva e resultantes do poder do Estado. Economia como modelo
organizado de produção e distribuição de bens e serviços de acordo com um
determinado sistema, ou seja, modelo teórico. O sistema é inerente a cada época
histórica e constitui um referencial organizador das relações sociais; na prática surge o
regime económico que resulta das condições concretas de aplicação do sistema à
infra-estrutura social existente; o Direito Económico surge da necessidade de
intervenção do Estado sobre o processo produtivo e desenvolve-se de modo diverso,
de acordo com os Estados e com os sistemas que se inspiram.

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4. A regulação da economia e a intervenção (directa e indirecta do estado);


ordem económica, ordem jurídica e ordem jurídica da economia

A regulação da Economia é um acto de poder do Estado que pode assumir diversas


formas. A noção de intervenção do Estado é a resposta a essa necessidade de
regulação como meio de garantir o bom funcionamento da Economia: (a) Intervenção
Directa, esta atitude, atribui ao Estado, o papel de agente económico activo, podendo
surgir sem concorrência com o modelo socialista ou em paralelo com outros agentes
económicos de diferentes sectores de propriedade dos meios de produção, como
acontece no modelo constitucional português; (b) Intervenção Indirecta, é a forma
típica de regulação adoptada nos regimes de mercado, uma vez que o seu poder de
autoridade para conformar a vida económica, através da via legislativa ou da via
contratual. A ordem económica, é a resultante das relações que se estabelecem
entre agentes económicos em função da produção e distribuição de riqueza; a ordem
jurídica, é o conjunto do Direito Positivo servido por uma rede institucional própria; a
ordem jurídica da Economia, é o corpo de normas de Direito que têm por objecto
assegurar um certo regime económico.

CONSTITUIÇÃO ECONÓMICA

5. A Constituição Económica. Noção de Constituição Económica

É na Constituição que encontramos a raiz, o cerne do Direito Económico, porque aí se


encerram os princípios fundamentais sobre os quais se vai erigir a organização
económica, matriz dos operadores económicos, e se fixam os objectivos primordiais a
atingir pelo poder político.
Toda a Constituição inclui uma caracterização da ordem económica, ainda que seja
por omissão; na verdade, mesmo que uma Constituição pertença ao modelo liberal e
se limite a estatuir os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e as formas de
exercício do poder político, o facto de nada se dizer sobre a economia, mormente a
propriedade dos meios de produção, significa que nesse âmbito vigora a ordem
constitucional dos direitos fundamentais; por conseguinte, será a propriedade privada
a dominar os meios de produção e a iniciativa privada a pontuar a vida económica,
através da liberdade de acesso.
A Constituição pode ser considerada tendo em conta o seu objecto, o seu conteúdo ou
a sua função (sentido material) e pode, por outro lado, ser vista atendendo à
integração normativa, ou seja, à posição das suas normas face às demais regras
jurídicas (sentido formal).
A Constituição em sentido formal dá-nos uma noção de conjunto de normas com força
específica, situadas num Plano hierarquicamente superior, enquanto o sentido
material aponta para uma sensibilidade jurídica, uma capacidade de sentir o valor da
norma no contexto do ordenamento jurídico, embora o seu lugar de formulação seja
extra-constitucional.

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Em sentido formal: consiste no conjunto de normas e princípios que fazem parte da
Constituição Política e que tem objectivo de estruturar a Economia a partir da
intervenção do Estado. Divide-se:
- Princípios Fundamentais (arts. 2º a 9º);
- Direitos e Deveres Económicos (arts. 58º a 62º);
- Organização Económica (arts. 80º a 100º).
A Constituição Económica portuguesa surgiu de forma bastante extensa no texto de
1976, consagrando uma intervenção directa muito forte a qual se traduzia na
irreversibilidade das nacionalizações e na existência de um amplo Sector Público com
as diversas revisões, a Constituição Económica foi perdendo expressão de carácter
ideológico em grande parte resultantes da linguagem socialista do texto originário e
actualmente consiste num núcleo de preceitos que se encontram distribuídos por
diversas partes do texto constitucional.
A actividade económica actual surge na doutrina como uma Constituição de mercado
intervencional, este conceito significa que a base do regime económico é a oferta e a
procura com observância da livre concorrência entre agentes económicos. A
propriedade privada é essencial e surge como Direito Económico fundamental dos
cidadãos, no entanto o Estado intervém na Economia tanto por via directa através do
seu Sector (Público) como por via indirecta, através das leis e decretos-lei que têm
objectivo regular o mercado.
O sistema económico, modelo teórico e abstracto, não se conseguindo atingir na sua
pureza ideológica.
Regime económico, forma concreta em que se aplica, condicionado pelo Estado em
que ele existe, variará diacrónicamente, ao longo do tempo e sincrónicamente, de
Estado para Estado.

6. Constituição de 1976

1ª Génese e versão originária: consagração de um regime político-económico de


natureza mista: influência ideológica socialista (terminologia) garantia da propriedade
e da iniciativa privada.

2ª Evolução:

1º. Revisão – 1982 – actualização da linguagem;


2º. Revisão – 1989 – actualização estrutural – consagração de um regime político-
económico intervencionado;
3º. Revisão – 1992 – Revisão extraordinária;
4º. Revisão – 1997 – apuramento do regime de mercado.

7. Instrumentos de Tipo Socialista

Planos: que aparecem inclusivamente dotados de força imperativa, para o Sector


Público Estadual; força obrigatória, só aparecia por força de contratos programa (todo
o Sector Económico que celebrasse o contrato com o Estado).

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Irreversibilidade das Nacionalizações (1976 a 1989):
- Nacionalizações directas (feitas por via legislativa): consistiam em diplomas
vários que identificavam as empresas nacionalizadas, as nacionalizações eram feitas
apenas sobre capital nacional. As empresas de capital estrangeiro foram
salvaguardadas, não sendo nacionalizadas.
- Nacionalizações Indirectas (por arrastamento): algumas nacionalizações não
foram planeadas pelo Estado. Mas ao nacionalizar algumas empresas, nacionaliza
segundas empresas que pertenciam ao grupo das primeiras, mas estas segundas
poderiam vir a ser desnacionalizadas: (1) tinham de ser pequenas ou médias
empresas; (2) a empresa tinha que se situar fora dos sectores básicos da Economia
(Lei 46/77); (3) os trabalhadores da empresa tinham de ser ouvidos, não podendo
entrar nos modelos de autogestão ou de Cooperativa, se isso se desse não podia ser
desnacionalizada.

8. A 4ª Revisão Constitucional (1997)

É o mercado que surge em todo o mundo como modelo económico de referência, sem
prejuízo das diferenças locais ou regionais motivadas por entendimentos político-
sociais de natureza pontual (menor ou maior intervenção do Estado, preferência pela
regulação ou pela inserção em organizações supranacionais, etc.).
Assim, denotando um regime misto, a Constituição de 1976 possibilitou uma ampla
intervenção do Estado, em ambas as vertentes, situação esta que a 1ª Revisão (em
1982) não veio alterar de modo significativo.
Desde a 2ª Revisão Constitucional, veio a acentuar-se um novo enquadramento para
o Sector Público e uma nova moldura jurídica para as nacionalizações; por
consequência, o Estado tem podido, desde então, diminuir o peso da intervenção
directa, afastando-se de uma presença excessiva como agente económico, sem
prejuízo de, ao nível de intervenção indirecta, ter visto reforçada a sua autoridade na
Constituição em vigor; na verdade, não só o vasto elenco de alíneas do art. 81º exige
uma intervenção minuciosa e traduzida sobretudo na prática de actos legislativos,
como a matéria correspondente às Políticas Económicas deixa supor uma
programação interventiva de amplo alcance ao nível do enquadramento do processo
produtivo.
a) Direitos e deveres económicos:

- Arts. 58º e 59º (Direito ao trabalho e direitos dos trabalhadores);


- Art. 60º (Direitos dos consumidores);
- Art. 61º (Iniciativa privada, cooperativa e autogestionária);
- Art. 62º (Direito de propriedade privada).
b) Organização económica: há uma quase que “afinação” dos preceitos
ordenadores da parte económica da Constituição, tendo por finalidade a adaptação de
um mercado indiscutível, embora sujeito, em certa medida, à “acção voluntária dos
poderes públicos, directa ou indirecta, exercida sobre a economia com vista a orientá-
la num sentido conforme à política económica adoptada”. Ao nível dos sectores de

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propriedade dos meios de produção, se continua a tríade originária (Sector Público,
Sector Privado e Sector Cooperativo e Social), na ordem sistemática conferida pela 1ª
Revisão Constitucional, há uma nova densificação do Sector de gestão colectiva, uma
vez que aí são inseridos os meios de produção vocacionados para a solidariedade
social, desde que sem fins lucrativos (art. 82º/4-d).

9. A Constituição Económica

A tipologia das Constituições Económicas, consiste nos vários modelos consagrados


ao longo do tempo para ordenar as relações de produção no contexto das
Constituições Políticas; existem três tipos fundamentais que podem ser encontrados
durante o séc. XX:
· Tipo Liberal: caracterizando-se por um mínimo de normas económicas e pela
garantia da propriedade e da iniciativa privada;
· Tipo Socialista: que foi adoptada na URSS e surgiu ao longo do séc. XX em
todos os Estados que adoptaram o Sistema Socialista baseando-se na intervenção do
Estado na planificação da Economia e na restrição por vezes total do Sector Privado;
· Mercado regulado: este tipo contempla diversas formas desde o dirigismo
visível na nossa Constituição de 33 até ao actual modelo de mercado intervencionista
e caracteriza-se pela atitude activa do Estado face à Economia.

10. Princípio da Constituição de 1997

Artigo 2º:
- Estado de Direito Democrático;
- Soberania popular; pluralismo; organização política;
- Direitos Liberdades e Garantias dos cidadãos;
- Separação/interdependência de poderes;
- Democracia económica, social e cultural/democracia participativa.
É um artigo de caracterização geral do Estado. O voto tem de se reflectir na
organização pública. Órgãos de soberania diferenciados, mas são independentes em
relação aos poderes. O Estado vai ter intervenção na Economia directa e indirecta.
A noção de Estado de Direito Democrático é fundamental para caracterizar a
República Portuguesa, assim as ideias de primado da lei e da soberania popular
conjugam-se com os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos os quais devem ser
promovidos e diferenciados pelo Estado. A democracia surge na qualidade de
objectivo, sendo destacadas as vertentes económica, social e cultural.
Artigo 9º: tarefas fundamentais o Estado – vinculativos para os órgãos de soberania.
- Independência nacional;
- Direitos, Liberdades e Garantias / respeito pelo princípios do art. 2º;
- Democracia política;
- Direitos económicos, sociais, culturais e ambientais;
- Património cultural;
- Língua portuguesa;

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- Desenvolvimento de todo o território.

As tarefas fundamentais do Estado, dizem respeito a várias vertentes sendo a


Economia contemplada na alínea d); esta alínea remete-nos para os direitos
económicos consagrados nos arts. 58º a 62º e também para o art. 81º que trata de
especificar as tarefas do Estado em matéria económica.

11. A intervenção do Estado na vida económica


As incumbências prioritárias do Estado em matéria económica consistem num
conjunto de actos de intervenção indirecta, ou seja, de condicionamento dos agentes
económicos através da criação de regras, de políticas, e de medidas de apoio. No art.
81º encontramos diversas linhas de actuação do Estado de acordo com os objectivos
visados em cada alínea:
1. Orientação do crescimento económico: a alínea a) pertence a este grupo bem
como as alíneas c) e d), visto que apresentam o objectivo comum de promover um
quadro de desenvolvimento económico;
2. Justiça social: alínea b) dirige-se à garantia de intervenção do Estado do
sentido de correcção dos desequilíbrios na destruição da riqueza e dos rendimentos,
esta actuação do Estado vai realizar-se sobretudo através da Política Fiscal.
3. Relações económicas internacionais: a alínea f) consagra a necessidade de
ser estabelecida uma cooperação económica internacional.
4. Regulação de mercado: esta função central da intervenção indirecta do Estado
expressa nas alíneas e), g), h), i), em particular mediante a aprovação de leis de
defesa dos consumidores e de protecção da livre concorrência, em todos os sectores
da actividade económica;
5. Políticas sobre os recursos: as alíneas j), l), m), são dirigidas à necessidade
de intervenção do Estado no âmbito do desenvolvimento científico e tecnológico, bem
como no que diz respeito à eficaz repartição dos recursos hídricos e à maior
rentabilização dos recursos energéticos.
O art. 81º, articula-se com os Planos e com as Políticas Económicas, construindo o
programa obrigatório para todos os Governos quanto aos objectivos que estabelece, é
este preceito que nos leva a caracterizar a medida das intervenção indirecta do
Estado na Economia.

12. Artigo 80º da Constituição

Os princípios fundamentais da organização económica têm por objectivo definir e


caracterizar o regime económico, assim em 1976, o art. 80º, explicitava a forte
influência do Sistema Socialista, indicando como objectivos económicos e sociais, o
desenvolvimento das relações de produção socialista e apagando a importância da
propriedade privada deste sector.
Com a 1ª Revisão em 1982, o art. 80º é estruturado de forma diferente e passa a
conter um conjunto de princípios indicados por alíneas como forma de salientar a fase
de organização económica, ao mesmo tempo são retiradas algumas expressões
ideológicas de tipo socialista, passando a ser utilizada uma sistematização mista. A 2ª
Revisão Constitucional de 1989, trouxe algumas mudanças à Constituição Económica

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adaptando-a ao regime de mercado intervencionado, mas o art. 80º não acompanha
de forma plena esta evolução, só em 1997, o texto constitucional consagra como um
dos princípios da organização económica o investimento empresarial e a denúncia
privada, ao mesmo tempo surge também o princípio da concertação social, ou seja,
do diálogo entre os parceiros sociais, para a resolução de conflitos no processo
produtivo. Os princípios hoje constantes no art. 80º são desenvolvidos ao longo de
toda a Constituição Económica.

13. A Constituição Económica (sentido formal e sentido material); A tipologia


(caracterização)

A Constituição Económica é o núcleo do Direito Económico, tanto do ponto de vista da


hierarquia das normas como da sua própria dimensão funcional; isto significa que a
Constituição Económica estabelece as normas programáticas e as normas
estatutárias do regime económico vigente: (a) sentido formal, da Constituição
corresponde às normas que fazem parte da Constituição Política; (b) Constituição
Económica em sentido material, corresponde a determinados diplomas (lei ou
decretos-lei) cuja a matéria é essencialmente para o regime económico.
A tipologia das Constituições económicas é formada pelos vários modelos de
regulação da Economia no contexto constitucional. Podemos distinguir vários textos
históricos, sendo mais característico a Liberal (a Constituição Económica é quase
inexistente), o Socialista (Constituição Económica máxima), a Dirigista e a de Mercado
intervencionado.

14. Os Direitos e Deveres Económicos (arts. 58º a 62º)

Os Direitos e Deveres económicos estão previstos na qualidade de deveres


fundamentais análogos pelo que gozam particular protecção constitucional:
a) Direitos relacionados com o trabalho (arts. 58º e 59º): referem-se sobretudo
à obrigação do Estado no tocante às políticas de pleno emprego e à definição do
estatuto dos trabalhadores sendo esta categoria entendida no sentido desenvolvido
pelo Direito do Trabalho, ou seja, trabalhadores por conta de outrem.
b) Direito na qualidade de consumidor: este é um Direito Económico recente que
visa proteger a parte da procura considerando que se encontra vulnerável e que deve
ser por isso protegido pelo Estado.
c) Direito ao investimento: surge como Direito de iniciativa económica no art. 61º,
não se restringindo à iniciativa privada garantindo também as formas, Cooperativa e
autogestionária (iniciativa económica colectiva ou de tipo social).
d) Propriedade privada: este é um direito essencial para a caracterização do
sistema económico referencial, uma vez que a propriedade privada dos meios de
produção, implica a adopção do sistema económico de mercado.

15. A evolução dos princípios fundamentais da organização económica (art. 80º)

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A organização económica, assenta num conjunto de princípios basicamente diversos
entre si. As várias alíneas do art. 80º, foram revistas em 1997 de modo a reflectirem o
modelo de mercado intervencionado onde concorrem agentes económicos
diferenciados e onde o Estado fornece indicações através dos Planos e orienta por
meio das Políticas Económicas. O art. 80º tem hoje um carácter descritivo dos vários
preceitos que constituem a organização económica.

SECTORES DE PROPRIEDADE DOS MEIOS DE PRODUÇÃO

16. Os sectores de propriedade dos meios de produção

Os três sectores de propriedade dos meios de produção, consistem em formas de


compatibilidade e de coexistência, entre iniciativas económicas diversas, Pública,
Privada e Cooperativa, bem como entre três tipos de propriedade que se
complementam entre si. O Sector Público, é hoje formado pelo núcleo estadual em
resultado das privatizações realizadas nos últimos anos, por isso os bens que
encontramos dentro do Sector Público, registam propriedade e gestão do Estado ou
de outras entidades públicas. O Sector Privado, tem beneficiado das privatizações as
quais procuram o seu alargamento económico, este Sector dimensiona-se a partir da
verificação da propriedade ou de gestão privadas, com natural excepção das
empresas Cooperativas. Quanto ao Sector Cooperativo e Social, goza de uma
protecção reforçada patente não só no art. 61º CRP, como também no âmbito da
organização económica propriamente dita. A última Revisão Constitucional trouxe uma
dimensão mais abrangente para este Sector que hoje engloba não só as
Cooperativas, os bens comunitários e os bens auto-gestionários como também os
bens cujo objecto seja mutualista ou de solidariedade social, desde que, não
prossigam o lucro.
Em conclusão pode dizer-se, que a propriedade e o modo social de gestão são
critérios determinadores dos sectores de propriedade dos meios de produção, quer
sejam utilizados em simultâneo como sucede no caso do Sector Público, quer sejam,
utilizados em alternativa, como sucede no caso do Sector Privado, quer ainda
privilegiando um deles como se faz com a gestão relativamente ao Sector Cooperativo
e Social.

17. O Sector Privado

O Sector Privado, está sujeito a regras próprias, tanto no que respeita ao estatuto
dos investidores como no tocante às próprias actividade exercidas.
Segundo a Constituição, cabe ao Estado garantir o direito de propriedade privada e de
iniciativa privada, os quais pertencem aos direitos fundamentais análogos, arts. 61º e
62º da Constituição. Já no contexto da organização económica o Estado assume
várias incumbências quanto à actividade económica privada: em primeiro lugar cabe
ao Estado regular o próprio mercado, ou seja, garantir a livre concorrência, o
desenvolvimento económico e a protecção dos consumidores; quanto às empresas
privadas o Estado remete a sua actividade para o quadro jurídico resultante da

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Constituição e da Lei, mas garante à partida o apoio às pequenas e médias empresas
desde que estas sejam economicamente viáveis.
Na actualidade o Estado Português insere-se num mercado alargado pelo que os
agentes económicos privados encontram uma igualdade estatutária em toda a União
Europeia; por isso o investimento estrangeiro corresponde hoje à iniciativa económica
de pessoas singulares ou colectivas provenientes de países terceiros, dentro destes
existem espaços económicos com relações privilegiadas com Portugal por razões
históricas e linguísticas como sucede com os PALOP.
O investimento privado tem vindo a expandir-se desde 1990, com a Lei-quadro das
Privatizações (Lei 11/90 de 5 de Abril), a qual veio permitir a devolução à iniciativa
privada de sectores que tinham estado sob a iniciativa pública em consequência das
nacionalizações directas.
Quanto às restrições relativas às actividades económicas encontramos
regulamentação dirigida à indústria e a actividade de grande peso económico como a
bancária e a seguradora.
O Sector Privado, tem um enquadramento próprio decorrente do Direito Comercial e
em particular do Código das Sociedades Comerciais, o qual estabelece uma tipologia
obrigatória para aquelas Sociedades, no entanto, o Estado enquadra de outras formas
de iniciativa privada usando para esse efeito a sua intervenção indirecta na Economia,
quer através de actos proibitivos como acontece na Defesa da Concorrência. Em
qualquer caso o regime de mercado não dispensa uma atitude reguladora do Estado
capaz de garantir a subordinação do poder económico ao poder político democrático e
a livre concorrência entre agentes económicos.

18. O Sector Cooperativo e Social

O Sector Cooperativo e Social, distingue-se dos outros dois Sectores de


propriedade dos meios de produção, porque assenta na forma de gestão colectiva, e
não na detenção da propriedade. A Constituição enquadra este Sector a partir da
definição dada no art. 82º. Na actualidade encontra-se em vigor um novo Código
Cooperativo, contido na Lei 51/96 de 7 de Setembro; este novo Código, surge para
acompanhar a promoção do Sector ao nível da produção, distribuição e do consumo,
em particular para integrar as chamadas régies Cooperativas, ou seja, empresas
Cooperativas de base pública, por outro lado o Código define as Cooperativas, como
pessoas colectivas autónomas, sem fins lucrativos, e estabelece o elenco dos
princípios cooperativos, cuja observância é constitucionalmente exigida.
Artigo 2.º Noção
1. As Cooperativas são pessoas colectivas autónomas, de livre constituição, de
capital e composição variáveis, que, através da cooperação e entreajuda dos seus
membros, com obediência aos princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a
satisfação das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais daqueles.
2. As Cooperativas, na prossecução dos seus objectivos, podem realizar
operações com terceiros, sem prejuízo de eventuais limites fixados pelas leis próprias
de cada ramo.

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Artigo 3.º Princípios cooperativos

As Cooperativas, na sua constituição e funcionamento, obedecem aos seguintes


princípios cooperativos, que integram a declaração sobre a identidade Cooperativa
adoptada pela Aliança Cooperativa Internacional:
1º. Princípio: Adesão voluntária e livre. – As Cooperativas são
organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços
e dispostas a assumir as responsabilidades de membro, sem discriminações de sexo,
sociais, políticas raciais ou religiosas;
2º. Princípio: Gestão democrática pelos membros. – As Cooperativas são
organizações democráticas geridas pelos seus membros, os quais participam
activamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e
as mulheres que exerçam funções como representantes eleitos são responsáveis
perante o conjunto dos membros que os elegeram. Nas Cooperativas do primeiro
grau, os membros têm iguais direitos de voto (um membro, um voto), estando as
Cooperativas de outros graus organizadas também de uma forma democrática;
3º. Princípio: Participação económica dos membros. – Os membros
contribuem equitativamente para o capital das suas Cooperativas e controlam-no
democraticamente. Pelo menos parte desse capital é, normalmente, propriedade
comum da Cooperativa. Os cooperadores, habitualmente, recebem, se for caso disso,
uma remuneração limitada pelo capital subscrito como condição para serem membros.
Os cooperadores destinam os excedentes a um ou mais dos objectivos seguintes:
desenvolvimento das suas Cooperativas, eventualmente através da criação de
reservas, parte das quais, pelo menos, será indivisível; benefício dos membros na
proporção das suas transacções com a Cooperativa, apoio a outras actividades
aprovadas pelos membros;
4º. Princípio: Autonomia e independência. – As Cooperativas são
organizações autónomas de entreajuda, controladas pelos seus membros. No caso de
entrarem em acordos com outras organizações, incluindo os governos, ou de
recorrerem a capitais externos, devem fazê-lo de modo que fique assegurado o
controlo democrático pelos seus membros e se mantenha a sua autonomia como
Cooperativas;
5º. Princípio: Educação, formação e informação. – As Cooperativas
promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos,
dos dirigentes e dos trabalhadores, de modo que possam contribuir eficazmente para
o desenvolvimento das suas Cooperativas. Elas devem informar o grande público
particularmente, os jovens e os líderes de opinião sobre a natureza e as vantagens da
cooperação;
6º. Princípio: Intercooperação. – As Cooperativas servem os seus membros
mais eficazmente e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em
conjunto, através de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais;

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7º. Princípio: Interesse pela comunidade. – As Cooperativas trabalham
para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades, através de políticas
aprovadas pelos membros.

Artigo 6.º Régies Cooperativas

1. É permitida a constituição, nos termos da respectiva legislação especial, de


régies Cooperativas, ou Cooperativas de interesse público, caracterizadas pela
participação do Estado ou de outras pessoas colectivas de Direito Público, bem como,
conjunta ou separadamente, de Cooperativas e de utentes dos bens e serviços
produzidos.
2. O presente Código aplica-se às régies Cooperativas em tudo o que não contrarie
a respectiva legislação especial.
Artigo 7.º Iniciativa Cooperativa
1. Desde que respeitem a lei e os princípios cooperativos, as Cooperativas podem
exercer livremente qualquer actividade económica.
2. Não pode, assim, ser vedado, restringido ou condicionado às Cooperativas o
acesso e o exercício de actividades que possam ser desenvolvidas por empresas
privadas ou por outras entidades da mesma natureza, bem como por quaisquer outras
pessoas colectivas de Direito Privado sem fins lucrativos.
3. São aplicáveis às Cooperativas, com as adaptações inerentes às especificidades
resultantes do disposto neste Código e legislação complementar, as normas que
regulam e garantem o exercício de quaisquer actividades desenvolvidas por empresas
privadas ou por outras entidades da mesma natureza, bem como por quaisquer outras
pessoas colectivas de Direito Privado sem fins lucrativos.

4. Os actos administrativos contrários ao disposto nos números anteriores ou aos


princípios neles consignados estão feridos de ineficácia.

Artigo 16.º Aquisição de personalidade jurídica

A Cooperativa adquire personalidade jurídica com o registo da sua constituição.

19. O Sector Público

O Sector Público, é o conjunto das actividades económicas de qualquer natureza


exercida pelas entidades públicas (Estado, Associações e Instituições Públicas, quer
assentes na representatividade e na descentralização democrática, quer resultantes
da funcionalidade - tecnocrática e da concentração por eficiência). Ou subjectivando, o
conjunto homogéneo de agentes económicos que as desenvolvem – excepto os
trabalhadores do Sector Público, que integram, como tais, o Sector Privado da
Economia (art. 84º CRP).
No Sector Público integram-se os meios de produção pertencentes ao Estado ou a
outras entidades públicas territoriais desde que organizadas em empresas ou

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unidades de produção por estes geridas. Tanto vale ser essa gerência tutelada
directamente como serviço administrativo quer através de entidades criadas
especialmente para o efeito.
Através do Sector Público, o Estado produz bens ou prestações e serviços ora em
concorrência com empresas privadas ou Cooperativas ora em monopólio natural ou
legalmente protegido.
O Domínio Público, são os poderes directos ou imediatos sobre os bens de que o
Estado é titular enquanto munido de “imperium”. Este divide-se em Domínio Público
Natural: que se subdivide em Hídrico (art. 84º-a CRP); Aéreo (art. 84º-b CRP);
Minério (art. 84º-c CRP). E Domínio Público Artificial: que se subdivide em Domínio
da Circulação (art. 84º-d), e) CRP); Domínio Militar; Domínio Monumental, Cultural e
Artístico.
Tem como características:
- Inalienabilidade;
- Imprescritibilidade;
- Insusceptibilidade de servidões reais;
- Exclusão de posse privatisticas;
- Impossibilidade de serem objecto de exclusão forçada ou de expropriação por
utilidade pública.
Os Institutos Públicos, são pessoas colectivas públicas, de tipo institucional criadas
com o fim de assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de
carácter não empresarial, pertencentes ao Estado ou a outra pessoa colectiva pública.
Pelo DL 260/76, alterado pelo DL 29/84 e pela Lei 16/90 (Estatuto das Empresas
Públicas), este diploma define os princípios fundamentais a que devem obedecer os
estatutos das Empresas Públicas, constituindo, por assim dizer uma moldura dentro
da qual se admite a diferenciação desses estatutos, em ordem a permitir a sua
adaptação às características da actividade de cada empresa.
São Empresas Públicas, as empresas criadas pelo Estado, com capitais próprios ou
fornecidos por outras entidades públicas, para a exploração de actividade de natureza
económica ou social, de acordo com o planeamento económico nacional, tendo em
vista a construção e desenvolvimento de uma sociedade democrática e de uma
Economia socialista (art. 1º/1).
São também Empresas Públicas e estão, portanto, sujeitas aos princípios
consagrados no presente diploma as empresas nacionalizadas (art. 1º/2). As
Empresas Públicas gozam de personalidade jurídica e são dotadas de autonomia
administrativa, financeira e patrimonial. A capacidade jurídica das Empresas Públicas
abrange todos os direitos e obrigações necessários à prossecução do seu objectivo,
tal como este é definido nos respectivos estatutos (art. 2º).

20. Planos e Conselho Económico e Social – Lei-quadro do Plano. O


Planeamento

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O Plano é um acto jurídico que tem por função dar a conhecer os objectivos
económicos para um determinado período, revestindo também significado político e
social, uma vez que consagra as opções feitas pelos poderes públicos.
O planeamento surge como um auxiliar do mercado, sendo este formalizado através
de actos legislativos, ou seja, através da intervenção indirecta do Estado na vida
económica. Sendo então o planeamento económico, segundo a Constituição, visto em
dois níveis:
- 1º Nível os Planos, art. 90º a 92º CRP.
- 2º nível as Políticas Económicas, art. 93º a 100º CRP.
O sistema de planeamento em Portugal é regido pela Lei 43/91, prevendo esta no art.
2º, três tipos de planeamento: as Grandes Opções do Plano; os Planos Anuais; os
Planos a Médio prazo.
Constituem objectivos dos Planos, no quadro macro-económico definido pelo
Governo, promover o crescimento económico, o desenvolvimento harmonioso de
sectores e regiões, a justa repartição individual e regional do produto nacional e,
ainda, assegurar a coordenação entre a Política Económica e as Políticas:
a) De reforço e aprofundamento da identidade nacional;
b) De educação e cultura;
c) Social;
d) De ordenamento do território;
e) De ambiente e recursos naturais;
f) De qualidade de vida.

REGULAÇÃO DO MERCADO

21. Regulação do mercado: noções


A noção de regulação da economia é hoje um conceito central no Direito Económico,
podendo considerar-se dois aspectos fundamentais: a regulação pública e a auto-
regulação. De certo modo, é comum o entendimento de regulação pública como
intervenção indirecta do Estado na vida económica.
“Um controlo dirigido e continuado exercido pelos poderes públicos sobre actividades
valorizadas numa dada comunidade”.
O bom funcionamento do mercado assenta da afirmação plena dos agentes
económicos privados, salvaguardados a livre e leal concorrência e os direitos dos
consumidores, tendo a regulação por objectivo a defesa do interesse público,
mediante a correcção de eventuais desvios. Daqui decorre, pois, a adopção de uma
noção de regulação como intervenção do Estado para a realização do interesse
público, não apenas no Plano económico, mas também social.
Pese embora a importância e a vastidão da regulação pública da economia, há vários
domínios a considerar, no seu âmbito geral:
a) Planeamento económico;
b) Regras de acesso à actividade económica;

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c) Defesa da Concorrência;
d) Direitos dos consumidores e regras da publicidade;
e) Actividade financeira;
f) Normas relativas ao ambiente.
O reconhecimento de que a publicidade é um dinamizador essencial do mercado,
capaz de influenciar massivamente os consumidores, leva a uma perspectiva
defensiva na elaboração do chamado “Código da Publicidade” DL 330/90 de 30 de
Outubro, alterado pelo DL 6/95 de 17 de Janeiro e pelo DL 275/98 de 9 de Setembro.
A publicidade está sujeita, em termos de direito subsidiário e nas matérias à
responsabilidade, ao direito civil e ainda, no que respeita à protecção da criatividade,
ao disposto em sede de direitos de autor.

22. O Conselho Económico e Social

É regulado pela Lei 108/91, de 17 de Agosto. O Conselho Económico e Social,


previsto no art. 95º da Constituição, é o órgão de consulta e concertação no domínio
das políticas económica e social e participa na elaboração dos Planos de
Desenvolvimento Económico e Social (art. 1º).

Compete ao Conselho Económico e Social:


a) Pronunciar-se sobre os anteprojectos das Grandes Opções de Plano e dos
Planos de Desenvolvimento Económico e Social, antes de aprovados pelo Governo,
bem como sobre os relatórios da respectiva execução;
b) Pronunciar-se sobre a Política Económica e Social, bem como sobre a execução
das mesmas;
c) Apreciar as posições de Portugal nas instâncias das Comunidades Europeias,
no âmbito da Política Económica e Social, e pronunciar-se sobre a utilização nacional
dos fundos comunitários, estruturais e específicos;
d) Pronunciar-se sobre as propostas de Planos sectoriais e especiais de âmbito
nacional e em geral sobre as políticas de reestruturação e de desenvolvimento sócio-
económico que o Governo entenda submeter-lhe;
e) Apreciar regularmente a evolução da situação económica e social do País;
f) Apreciar os documentos que traduzam a política de desenvolvimento regional;
g) Promover o diálogo e a concertação entre os parceiros sociais;
h) Aprovar o seu regulamento interno.

O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais – IAPMEI foi criado,


em Fevereiro de 1975, com a finalidade de prestar apoio às pequenas e médias
empresas (PME) industriais, preenchendo-se, então, uma lacuna importante no
quadro dos apoios a prestar pela Administração Pública a este segmento empresarial.
O IAPMEI, por um lado, e no que concerne ao seu âmbito de acção, vai ter a
possibilidade de abranger empresas do Sector Terciário e, por outro, vai ser dotado
dos meios que lhe permitirão, designadamente, participar em sociedades, conceder
empréstimos e atribuir auxílios, através do PEDIP, provenientes de fundos da
Comunidade; tudo isto, sem prejuízo de dar continuidade às acções que o Instituto de

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Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais vinha desenvolvendo e da
manutenção dos meios que este já utilizava. O DL 387/88, de 25 de Outubro, regula a
existência deste instituto. É um instituto de Direito Público, dotado de personalidade
jurídica, com autonomia administrativa e financeira e património próprio (art. 1º/1).
O IAPMEI tem por objecto a promoção do desenvolvimento industrial e o apoio,
directo ou indirecto, ao fortalecimento e modernização da estrutura empresarial do
País, nos Sectores Secundário e Terciário, em especial no que se refere às pequenas
e médias empresas (art. 4º).

23. Regulação da economia

A intervenção indirecta do Estado é uma constante nas Economias de mercado com


forma de regulação dos agentes económicos, condicionando-os através das formas
seguintes:
a) Leis e Decretos-lei;
b) Contractos económicos;
c) Política Económica;
d) Concessão de subsídios fiscais ou financeiros.

A regulação económica é por isso, uma alternativa ao desempenho pelo Estado do


papel de agente económico.
Nas Economias menos desenvolvidas, surge frequentemente a coexistência das duas
atitudes de intervenção: directa e indirecta.
O modelo português actual desenvolve um conjunto de princípios de organização
económica fixados no art. 80º CRP, se por um lado encontramos um desenvolvimento
do mercado de uma frequência do Estado pelas formas de intervenção indirecta, a
verdade é que subsiste o Sector Público por imposição constante nos termos do art.
80º-b e do art. 82º CRP.
A Defesa da Concorrência é a matéria fundamental do Direito Económico, numa
Economia de mercado, uma vez que para além dos direitos económicos dos cidadãos,
importa garantir a transparência e a fluidez do mercado.
Em Portugal existem várias regras aplicáveis á concorrência contidas em diferentes
articulados:
a) Tratado de Roma: como é natural o Tratado que em 1957 criou as normas
instituidoras do mercado comum, contém normas directamente aplicáveis à livre
concorrência, proibindo práticas que tenham por objectivo ou com efeito restringir,
falsear ou impedir a livre concorrência.
b) Decreto-lei 370/93 (alterado pelo Decreto-lei 140/98 de 16 de Maio): este
diploma interno ocupa-se das práticas individuais contrárias à livre concorrência, tendo
por objectivo impedir actos isolados de distorção do mercado.
c) Decreto-lei 371/93 (sanções mais agravadas que no DL 370/93): este é um
diploma estruturante na defesa interna da concorrência, podendo o seu conteúdo
dividir-se em duas partes:

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a) Práticas contrárias à livre concorrência e realizadas por grupos de empresas
(incluindo-se neste capitulo as práticas concertadas entre empresas).
b) Controlo da concentração de empresas (trata-se de um processo administrativo
de autorização casuística para a concentração de duas ou mais empresas actuantes
no mercado nacional).
Só desde 80, é que começou a haver controlo da concorrência (previsão legal).
Segundo aspecto do Direito Económico de mercado patente na intervenção directa, é
a defesa do consumidor.
Na Constituição actual, encontram-se diversas referências aos consumidores e à
defesa dos seus interesses sendo de referir nomeadamente o art. 60º e o art. 81º.

24. Artigo 60º e 81º da Constituição

O artigo 60º, consagra os Direitos do Consumidor como direito individual e


fundamental dos cidadãos. Este é um direito pleno e que visa garantir a protecção de
todos os que participam no mercado.
O artigo 81º, nesta disposição a Defesa do Consumidor, é consagrada com uma das
tarefas do Estado em matéria económica, ou seja, corresponde a um acto de
intervenção directa traduzida por via legislativa.
Entre o art. 60º e 81º, não há qualquer repetição.
Existe uma lei específica para a Defesa do Consumidor, actualmente essa lei data de
96 e pode dividir-se nos seguintes capítulos.
1. Definição de Consumidor: esta definição vai delimitar o campo de aplicação da
própria lei, e será considerado consumidor quem adquirir bens ou serviços pelo uso
privado, desde que o vendedor seja alguém que exerça profissionalmente essa
actividade (esta definição exclui muito o âmbito de aplicação da lei, a sua utilização,
ex.: compra de carro a não profissional).
2. A lei indica um vasto conjunto de direitos titulados pelos consumidores, sendo
que alguns deles implicam a intervenção para o consumo.
3. A lei define o estatuto das associações de consumidores e os respectivos
direitos. Vertente colectiva da defesa do consumidor.
4. A lei refere-se também ao Instituto do Consumidor. Trata-se de um instituto
público criado pelo Estado e dotado de personalidade jurídica, com o objectivo de
estudar as questões de direito do consumo bem como de apoiar, por diversas formas
as Associações de Defesa do Consumidor.
A intervenção directa do Estado sobre o mercado inclui também normas relativas à
disciplina da publicidade e da actividade publicitária. A publicidade é referida no art.
60º da Constituição, relacionando-a directamente com os Direitos do Consumidor.
Esta matéria é portanto, instrumental e complementar face à Defesa da Concorrência
e do consumidor porque se refere á comunicação entre oferta e a procura, devendo
servir como meio de divulgação e informação para os consumidores, dando-lhes a
conhecer a variedade de serviços e produtos colocados no mercado bem, como as

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respectivas características básicas. O Código da Publicidade em vigor estabelece um
conjunto de princípios que vinculam a publicidade como sejam o princípio da
variedade e o princípio da identificabilidade, mas também proíbe determinadas formas
de publicidade que pode ser contrárias aos Direitos dos Consumidores. Dentro das
formas proibidas, pode referir-se a publicidade enganosa, pode ser que mais queixa
tem suscitado na prática, por fim o Código estabelece sanções aplicáveis em caso de
infracção.
Quase tudo é regulado pelo Instituto do Consumidor, só nas sanções é que há
comissão de coimas.
A publicidade em TV, tem um regime específico (Lei 58/90 de 7 de Setembro), ex.:
tempo por hora em que passa a publicidade, tipo de programas que podem ser
interrompidos. É a que levanta mais problemas, o controlo é feito pelo Instituto da
Comunicação Social.

25. As Políticas Económicas

As Políticas Económicas previstas na Constituição consistem no conjunto de


princípios a desenvolver pelo próprio mercado sem prejuízo da regulação exercida
pelo Estado no quadro de uma intervenção indirecta sobre a Economia.
a) Política Agrícola: no art. 93º e segs. encontramos a Política Agrícola que surge
como alternativa à reforma agrária introduzida em 1976. Com a Revisão em 82, a
reforma agrária foi desde logo reduzida á função de instrumento do Estado para a
realização de ideias, valores e orientações, onde o mercado surgia já como facto
predominante. Em 1997, a Política Agrícola é uma forma de traduzir os interesses do
Estado pelas populações rurais bem como a afirmação do redimensionamento rural
como veículo de uma restruturação agrícola.
b) Política Comercial: de âmbito mais restrito, esta Política Económica passa pela
Defesa da Concorrência e pelo apoio aos consumidores.
c) Política Industrial: limita-se a sublinhar uma ideia de modernização tecnológica
indispensável numa dinâmica de mercado globalizado.
Em qualquer Política Económica a Constituição desenvolve incumbências do Estado,
enunciadas em particular no art. 81º e deixa subjacente a necessária articulação com
as directivas comunitárias nessas matérias.

26. O acesso à actividade económica

Se, em regra, o acesso à generalidade das actividades é livre para qualquer agente
dentro do mercado, a verdade é que podem ser fixadas restrições, quer em função do
sujeito, quer em função da própria actividade em causa.
A Constituição tem deixado em aberto a existência de sectores vedados à iniciativa
privada (e “a outras entidades da mesma natureza”). Em termos da disciplina vigente,
na Lei n.º 88-A/97, de 25 de Junho.

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CONSUMIDOR E DEFESA DA CONCORRÊNCIA

27. Auxílios do Estado

São fortemente limitados pelo Direito Comunitário da Concorrência, porque se


pretende ser um factor de desequilíbrio potencial do mercado. No âmbito da legislação
interna, o art. 11º do DL 371/93, estabelece que os auxílios prestados pelo Estado ou
por qualquer outra entidade pública não poderão afectar a concorrência de modo
significativo, no entanto a mesma disposição contempla algumas excepções, como é o
caso das indemnizações compensatórias pela prestação de um serviço público ou dos
benefícios concedidos ao abrigo de programas específicos de incentivo.

28. A concentração de empresas

É uma matéria controlada pelo Estado através da notificação prévia prevista no art.
7º/1 do DL 371/93, este mecanismo só é aplicável nas operações de concentração
que preencham uma das seguintes condições:
1. Criação ou reforço de uma quota nacional igual ou superior a 30% do mercado;
2. Volume de negócios envolvidos igual ou superior a 30 milhões de contos no
mercado nacional no exercício anterior. O art. 9º define concentração de empresas
tendo em conta três situações diferenciadas:
a) A fusão de duas ou mais empresas dotadas de personalidade jurídica
independentemente e que se transformam numa única empresa;
b) Quando duas ou mais pessoas adquirem o controlo de empresas concorrentes;
c) Quando é criada uma nova empresa que vai actuar na mesma área de negócio
das pessoas que presidem à sua criação.
A Defesa da Concorrência, instrumento fundamental da Política Económica, encontra-
se regulada, ao nível do ordenamento jurídico português, desde o DL 422/83 de 3 de
Dezembro.
Segundo o próprio legislador, este diploma, essencial para a organização económica,
prosseguia um duplo objectivo: por um lado, garantir aos consumidores uma escolha
diversificada de bens e serviços, nas melhores condições de qualidade e preço; por
outro, estimular os agentes económicos a racionalizar ao máximo a produção e
distribuição dos bens e serviços, adaptando-se à inovação tecnológica.
O diploma avançava ainda com o conceito de grupo de empresas, considerando como
o “conjunto de empresas que, embora juridicamente distintas, se comportam
concertadamente no mercado”, ou seja, com uma estratégia comum, criada sobretudo
por vínculos de carácter financeiro ou contratual.

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A tutela da concorrência é uma atitude do Estado destinada a preservar o equilíbrio de
um sistema que conhece distorções e no qual a preponderância de um agente
económico conduz com facilidade ao desvio face à lei da oferta e da procura. Nessa
medida, tendo em conta as alterações do mercado, bem como a própria adesão de
Portugal a um espaço económico com regras próprias, foi necessário criar um novo
ordenamento para esta matéria, constante dos Decretos-lei 370/93 e 371/93, de 29 de
Outubro.
29. As práticas proibidas

O DL 370/93, alterado pelo DL 140/98 de 16 de Março, o qual sobre as práticas


individuais restritivas do comércio. Este DL 370/93, prevê os seguintes
comportamentos individuais de agentes económicos considerados contrários à livre
concorrência:
a) Aplicação de preços ou de condições de venda discriminatórios;
b) Inexistência de tabelas de preços com as respectivas condições de venda;
c) Venda com prejuízo, que pode ter várias justificações, as quais afastam a
aplicação de sanções;
d) Recusa de venda de bens ou prestações de serviços, também neste caso
possibilitando a apresentação de diversas causas justificativas.
Cabe à Inspecção-geral das Actividades Económicas a fiscalização do disposto neste
diploma, bem como a instrução dos respectivos processos, embora a sua apreciação
seja feita por uma Comissão criada pelo DL 28/84 de 20 de Janeiro.
Já o DL 371/93, visa contribuir para a formação do preço através da relação
estabelecida livremente entre a oferta e a procura, mediante o franqueamento do
acesso ao mercado, o equilíbrio entre os agentes económicos e a salvaguarda dos
direitos dos consumidores.
O actual regime jurídico contempla a Defesa da Concorrência, a concentração
empresarial e os auxílios do Estado, na tentativa de criar uma moldura abrangente e
capaz de aplicar os principais instrumentos da política comunitária nesta matéria.
De forma simplista, pode-se dizer que o DL 371/93 distingue entre práticas proibidas
(com eventual causa justificativa) e práticas controladas (caso da concentração de
empresas).
Os termos da previsão do art. 2º, serão proibidos os acordos e práticas concertadas
entre empresas, bem como as decisões de associações de empresas,
independentemente da forma utilizada, desde que tenham por objecto ou com efeito
de impedir, falsear ou limitar a concorrência no mercado nacional (no seu todo ou em
parte).
O art. 3º prevê a proibição de exploração abusiva de posição dominante no mercado,
desde que este comportamento tenha por objecto ou como efeito a lesão da
concorrência.
A lista de comportamentos proibidos contida no art. 2º/1 será considerada prática
abusiva se for desempenhada por empresas colocadas em posição dominante.

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A figura do balanço económico, prevista no art. 5º, consiste na admissibilidade de
justificação para as práticas restritivas da concorrência que contribuíam para melhorar
a produção ou a distribuição de bens ou serviços, ou para promover o
desenvolvimento técnico ou económico, desde que observem três condições
comulativas:
a) Uma parte equitativa do benefício auferido reverter a favor dos utilizadores;
b) Não sejam impostas restrições supérfluas para atingir aqueles objectivos;
c) Não seja eliminada a concorrência numa parte substancial do mercado dos bens
ou serviços em causa.

30. Procedimento em matéria de controlo de concentração

O art. 29º e segs. do DL 371/93, vem estabelecer um procedimento aplicável para a


notificação prévia das operações de concentração exigida nos termos do art. 7º/1. A
notificação tem que incluir informações rigorosas sobre as empresas intervenientes na
operação e é entregue junto da Direcção Geral do Comércio e da Concorrência (e
preços). No prazo de quarenta dias aquela Direcção Geral, tem que instruir o
respectivo processo e remetê-lo ao Ministro competente no prazo de cinquenta dias,
contados da data de recepção de toda a documentação na mesma Direcção Geral, o
Ministro tem que pronunciar-se, mas o art. 32º, prevê a possibilidade de ser remetido
ao Conselho da Concorrência para parecer. Este facto tem de ser comunicado aos
interessados pelo que se nada lhes for dito, estaremos perante uma decisão de não
oposição.
O Conselho de Concorrência tem trinta dias para devolver ao Ministro o processo em
apreciação acompanhado do respectivo parecer sobre a operação de concentração e
os seus efeitos sobre o mercado.
No prazo de quinze dias contados do reconhecimento desse parecer, o Ministro
responsável tomará uma de três decisões:
1. Não se opõe à concentração;
2. Estabelece condições para a realização da concentração;
3. Proíbe a concentração.
Nos termos do art. 35º, os interessados podem recorrer para o Supremo Tribunal
Administrativo.

31. O Controlo da concentração

Da concentração de empresas á outro elemento novo a destacar no regime da


concorrência, por corresponder a uma prevenção jurídica fortemente requerida pela
disciplina comunitária, tendo em conta a sua importância para a génese das situações
de posição dominante e, em extremo, de monopólios privados de facto.
O novo regime geral da defesa e promoção da concorrência corresponde ao
alargamento do mercado e, através de divisão sistemática entre práticas individuais e
práticas concertadas restritivas do bom funcionamento da economia, tende a acentuar
a prevenção das perturbações e a gravar as sanções às empresas infractoras.

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32. A defesa do consumidor

Tem um enquadramento legal próprio desde 1981, a qual remete para a recentemente
criada Lei 24/96, para esta lei o consumidor é todo aquele que compre bens ou
serviços para seu uso privado, desde que a pessoa do vendedor seja alguém que
exerça profissionalmente essa actividade. A estrutura deste diploma compreende o
estacionamento claro dos Direitos dos Consumidores e o estatuto jurídico das
Associações de Defesa do Consumidor, e ainda a indicação dos órgãos públicos
intervenientes, nesta matéria dos quais se destaca o Instituto do Consumidor. Os
direitos enunciados no art. 3º, podem ser enquadrados na prática económica do
mercado na atitude do Estado face aos consumidores e na protecção jurídica destes
em especial por via de uma justiça acessível e pronta.
A defesa do consumidor, assenta numa vasta consagração constitucional contida,
essencialmente, no art. 60º, que insere os direitos dos consumidores no Plano dos
direitos e deveres fundamentais dos cidadãos em matéria económica, no art. 81º-h,
que faz recair sobre o Estado a obrigação de garantir a defesa dos interesses e dos
direitos dos consumidores e, por fim, ao nível das Políticas Económicas, em particular
enquanto objectivo da Política Comercial, no art. 99º-e, funcionando como linha de
orientação a preservar na sua elaboração.
O regime legal vigente encontra-se na Lei 24/96 de 31 de Julho. A definição de
consumidor mantém-se o enquadramento que exclui à partida todas as situações de
compra e venda entre os particulares, bem como as compras para revenda ou para
uso nas actividades agrícolas, comerciais ou industriais.
Quanto ao elenco de Direitos do Consumidor constante do art. 3º, há a dizer o
seguinte:

a) Direito a qualidade dos bens e serviços;


b) Direito à protecção da saúde e à segurança contra as práticas desleais ou
irregulares de publicação ou fornecimento de bens ou serviços;
c) Direito à formação e à educação para o consumo;
d) Direito à informação para o consumo;
e) Direito à protecção dos interesses económicos;
f) Direito à prevenção e acção inibitória;
g) Direito à reparação de danos;
h) Direito à protecção jurídica e direito a uma justiça acessível e pronta;
i) Direito de participação, por via representativa, na definição legal ou
administrativa dos seus direitos e interesses, por parte dos consumidores.
A adopção de um regime de mercado não liberta o Estado de preocupações face à
economia, antes exigindo funcionamento (Defesa da Concorrência), como para
proteger a parte mais vulnerável no processo produtivo (direitos dos consumidores e
regulamentação da publicidade); daí a preocupação de estabelecer órgãos de
mediação e consulta, de que é exemplo o Conselho Nacional do Consumo, previsto
no art., 22º da Lei 26/94, na qualidade de “órgão independente de consulta e acção
pedagógica e preventiva, exercendo a sua acção em todas as matérias relacionadas

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como interesse dos consumidores”; este órgão deve protagonizar um trabalho
permanente de diálogo entre a Administração e a Sociedade, com vista a desenvolver
a protecção dos direitos dos consumidores.

33. A Inspecção-geral das Actividades Económicas

É um órgão integrado na Administração Pública que tem por função fiscalizar e


promover o cumprimento das leis que regule a actividade económica.
A respectiva Lei Orgânica (Decreto-lei n.º 266-A/95 de 19 de Outubro, ver em conjunto
com o Decreto-lei 28/84, de 20 de Janeiro, texto rectificado no Diário da República, I
Série, 2º suplemento, de 31 de Março de 1984, com as alterações introduzidas pelo
Decreto-lei 6/95 de 17 de Janeiro - Regime das Infracções Antieconómicas Contra a
Saúde Pública: e com o Decreto-lei 214/84 de 3 de Julho, com as alterações
introduzidas pelo Decreto-lei 345/84 de 29 de Outubro - estabelece regras de
funcionamento da Comissão de Aplicação de Coimas em Matéria Económica),
confere-lhe natureza policial o que lhe permite investigar infracções em matéria
económica, tanto de nível contra-ordenacional como de nível criminal. A IGAE tutela
por isso os interesses dos consumidores e dos agentes económicos em geral. Esta
instituição produz uma actividade relevante em termos do controlo económico
realizando também a Política Comercial prevista no art. 99º CRP, podemos dizer por
isso que a IGAE se situa no âmbito do Direito Penal Económico.

34. A negociação: Os contratos económicos e a concertação social

Os contratos económicos são pois, um meio utilizado pelo Estado para aplicar as suas
políticas, prescindindo de recorrer a actos administrativos unilaterais; os agentes
económicos, por seu lado, recebem uma contrapartida, resultante da sua colaboração.
Quanto à concertação propriamente dita, surge muitas vezes aliada aos actos de
planeamento da economia, abrangendo aspectos de foro económico e social.
Em Portugal, existe um órgão constitucional. O Conselho Económico e Social, no
âmbito do qual funciona a Comissão de Concertação; como é típico destas estruturas
consultivas, é amplamente participado, com natural relevo para as organizações
sindicais e patronais.

CONTRATOS DE FINANCIAMENTO

35. Os contratos de financiamento: A locação financeira (Leasing)

A classificação destes novos contratos deve, ser cautelosa, sem deixar de os ligar ao
seu “território de origem”: o Direito Económico, entendido como tecido normativo
inerente à relação entre Estado e os agentes económicos, tanto numa perspectiva de
exercício de autoridade, como de eventuais atitudes na qualidade de agente
económico.

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De larga aplicabilidade na vida das empresas e em outros domínios da vida social,
são capazes de influenciar toda a estrutura económica, como exemplo, os contratos
de locação financeira, factoring e franchaising.
Na sua forma moderna, a locação financeira ou leasing surgiu nos Estados Unidos da
América, como nova fórmula comercial e financeira.
Em Portugal, no decurso da década de 80, as empresas, inseridas numa conjuntura
económica restritiva, suportando fortes dificuldades de acesso ao crédito e uma
elevada carga fiscal, recorreram aos empréstimos a médio e curto prazo junto das
instituições monetárias, com consequências em muitos casos desastrosas, mas como
única forma de sobrevivência de um sector empresarial constituído pelas PMEs,
levando a um grande desenvolvimento do leasing no nosso país, onde tinha sido
regulamentado em 1979.
O leasing permite o aumento da capacidade de endividamento da empresa sem
afectar a sua capacidade de obtenção de empréstimos, proporcionando a cobertura
total do investimento e ainda a total dedutibilidade das prestações a pagar.
O contrato de locação financeira é recebido da ordem jurídica portuguesa como um
contrato de locação financeira, e o art. 1º DL 171/79 definia-o como o contrato pelo
qual uma das partes se obriga, contra a retribuição, a conceder à outra o gozo
temporário de uma coisa, adquirida ou construída por indicação desta, e que a mesma
pode comprar, total ou parcialmente, num prazo convencionado, mediante o
pagamento de um preço determinado ou determinável nos termos do próprio contrato.
Nestes termos, o modelo adoptado foi o do contrato de amortização total com opção
de compra no fim: trata-se de um contrato de locação com opção de compra, de
quaisquer bens, desde que realizado por um período inferior ao da vida útil do objecto
do contrato; nestes termos, a locação financeira é, um contrato de médio ou longo
prazo, dirigido a “financiar” alguém, não através da prestação de uma quantia em
dinheiro, mas através do uso de um bem. Hoje a locação financeira tem o seu regime
jurídico no DL 149/95 de 24 de Junho. A actual definição legal, diz, que “locação
financeira é todo o contrato pelo qual uma das partes se obriga, mediante retribuição,
a ceder à outra o gozo temporário de uma coisa, móvel ou imóvel, adquirida ou
construída por indicação desta, e que o locatário poderá comprar, decorrido o período
acordado, por um preço nele determinado ou determinável, mediante simples
aplicação dos critérios nele fixados”.
Como traços essenciais, pode-se destacar os seguintes:
a) O objecto do contrato pode ser quaisquer bens;
b) Quanto à forma apenas é necessário documento particular, embora, no caso de
bens imóveis, se exija reconhecimento notarial presencial das assinaturas
das partes;
c) Compete ao Banco de Portugal estabelecer os limites mínimos e máximos do
valor residual;
d) A locação de coisas móveis pode ser celebrada por um prazo mínimo de 18
meses, e a de imóveis por um prazo mínimo de sete anos;

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e) O locador obriga-se a adquirir ou mandar construir o bem a locar, conceder o
gozo do bem para os fins a que se destina, e vender o bem ao locatário, se
este estiver interessado, findo o contrato;
f) O locatário obriga-se a pagar as rendas, facultar ao locador o exame do bem
locado, não aplicar o bem diverso daquele a que se destina, assegurar a sua
boa conservação, efectuar o seguro do bem locado e a restitui-lo findo o
contrato, quando não opte pela sua aquisição, entre outras obrigações.
Por fim, referia-se que as sociedades de locação financeira, definidas como
instituições de crédito que têm por exclusivo o exercício daquela actividade, têm o seu
regime jurídico contido no DL 72/95 de 15 de Abril.

36. Factoring

É a actividade parabancária, que consiste na aquisição de créditos a curto prazo,


derivados da venda de produtos ou da prestação de serviços, no mercado interno e
externo. Encontra-se previsto no ordenamento jurídico português desde 1965, na
qualidade de actividade parabancária típica, e já em 1986, foram regulamentadas as
sociedades de factoring (DL 171/95 de 18 de Julho):
a) A actividade de factoring é definida com uma cessão de financeira, consistindo
na aquisição de créditos de curto prazo, derivando da venda de bens ou da
prestação de serviços, tanto no mercado interno como no externo;
b) Aquela actividade só pode ser desenvolvida por sociedades de factoring e pelos
bancos;
c) O contrato de factoring tem sempre forma escrita e nele intervêm o factor ou
cessionário e o aderente ou cedente dos créditos;
d) O direito subsidiário aplicável às sociedades de factoring é o regime geral das
Instituições de Crédito e das Sociedades Financeiras.
As sociedades que tenham por objecto a actividade de factoring têm que constituir-se
sob a forma de Sociedade Anónima, não podendo desenvolver qualquer outra
actividade. Modalidades:
· Serviço completo (Full Factoring): trata-se de um acordo consubstanciado através
de um contrato do qual o fornecedor se compromete a ceder sistematicamente a uma
sociedade de factoring todos os seus créditos provenientes da venda de mercadorias
ou da prestação de serviços e que esses créditos se encontram representados por
facturas ou por outra documentação equivalente.
· Factoring com recurso: os aspectos da cobrança e antecipação dos fundos são
privilegiados, o factor não classifica os devedores, limitando-se a uma análise sumária
da sua credibilidade, não garante o risco de crédito e reserva o direito de regresso
sobre o aderente no caso de insucesso das cobranças; obriga o factor a uma análise
mais complexa e pormenorizada da aderente e do produto ou serviços fornecidos.
· Matority factoring: a grande incidência nesta versão verifica-se na prestação de
serviços, não sendo praticamente contemplada a componente financeira.

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·Bulk factoring: o factor apenas procede à antecipação dos fundos e não efectua
qualquer prestação de serviços; consiste no desconto de facturas, com a diferença
que os créditos são efectivamente cedidos ao factor (na prática).
· Factoring confidencial: destina-se a aderentes que necessitam da antecipação dos
fundos mas que têm o seu próprio serviço de cobranças pelo que não pretendem usar
o factor.

37. Franchaising

Este não é propriamente um contrato de financiamento, embora esta operação esteja


presente, mas reflexamente, pelo que constitui uma das características do contrato.
Trata-se essencialmente de um contrato de expansão e desenvolvimento, para o
franquiador, e a possibilidade de iniciar uma nova etapa da sua vida empresarial, para
o franquiado. Dispondo de um mercado mais vasto, com um mínimo de investimento,
ao contrário das filiais, em que o investimento é integralmente suportado por uma
única estrutura empresarial, no franchaising o franquiador conta ainda com os
pagamentos do franquiado: prestações periódicas e preços de aquisição dos produtos,
residindo aqui, o elemento dinamizador de expansão e desenvolvimento.
Juridicamente o franchaising é um contrato atípico. Isto quer dizer que se trata dum
contrato que não tem regime jurídico próprio, ao contrário da locação financeira e do
factoring, os quais são contratos tipificados na lei. O contrato de franchaising, consiste
num sistema de distribuição em que uma parte (o franchisador) concede a uma outra
parte (o franchisado) o direito de distribuir os produtos ou prestar serviços e a explorar
um negócio de acordo com um dado sistema de marketing, com o mínimo de risco e
de investimento. Atendendo a este facto, toda a sua disciplina, no nosso ordenamento
jurídico se reporta à parte geral dos contratos, onde impera o princípio da liberdade
contratual das partes (art. 405º e segs. CC). À luz deste princípio (autonomia privada),
cabe às partes fixarem, em termos vinculativos, a disciplina que mais lhe aprouver,
desde que conforme com a lei.
a) Contrato de franchaising de distribuição: é o contrato pelo qual o franquiado
se obriga a vender determinados produtos num estabelecimento seu, mas com o
nome e imagem do franquiador, ou seja, o contrato visa a comercialização de
determinados produtos do franquiador.
b) Contratos de franchaising de serviço: o franquiado oferece serviços sobre a
insígnia, o nome comercial ou a marca do franquiador, garantir a qualidade dos
serviços fornecidos por operadores independentes sob a imagem e indicação dos
franquiadores.
c) Contrato de franchaising de produção industrial: o franquiado fica
autorizado, mediante o fornecimento know-hout, por parte do franquiador, a produzir
bens que depois vende sob a marca deste, resumindo, o sistema franquiado tem por
objecto o fabrico e venda de um determinado produto.

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Os direitos permanentes (do franchisador) são normalmente indicados como principal
fonte de rendimento do franchisador e constituem a maior contribuição para as suas
despesas centrais, podem ser pagos numa das três formas:
- Um royalty, uma percentagem fixa do volume de negócio, sobre o volume dos
negócios.
- Uma margem sobre o preço dos materiais adquiridos ao franchisador;
- Um montante regular fixo por estabelecimento.

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