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Reagan e Margaret Thatcher; a democratização da América Latina; a descoberta

do DNA; a revolução do microprocessador e dos computadores pessoais; a revolução


nas telecomunicações e a internet; a queda do Muro de Berlim; a globalização; as
crises financeiras globais; as mudanças na produção industrial; a aceleração do
desenvolvimento científico e tecnológico. As pessoas, os agentes sociais, foram os
autores dessas mudanças, para o bem e para o mal.
O ambiente construído provocou, historicamente, mudança evolucionária na
espécie humana, isto é, numerosas mudanças adaptativas, físicas, fisiológicas e
comportamentais. Não é, portanto, a primeira vez que os seres humanos causam
mudanças ambientais às quais devem, no processo, se adaptar. Isso está
acontecendo de forma ainda imperceptível, embora já seja possível identificar várias
mudanças adaptativas, sobretudo comportamentais, disparadas por mudanças no
ambiente construído, nas fronteiras da ciência e nas tecnologias. “Nós saímos de
uma população de algumas centenas de milhares para 7 bilhões, num piscar do
tempo evolucionário”, nos lembra o biólogo Joshua Akey. “Isso teve um efeito
profundo na variação presente em nossa espécie”, explica. O grupo de pesquisa do
qual Akey faz parte e que integra o Projeto Genoma descobriu que raras variações
genéticas tendem a ser relativamente novas: 73% de todas as variações genéticas
surgiram nos últimos 5 mil anos e, daquelas que podem ter efeitos negativos, 91%
surgiram nesse período. Isso, em boa parte, por causa do tremendo crescimento
populacional. Parte vem diretamente desse salto demográfico, de fato uma ruptura
demográfica: no fim da última Era Glacial, há 10 mil anos, a população humana era
de cerca de 5 milhões. Podemos chegar perto dos 10 bilhões em 2050. A cada etapa
reprodutiva, algumas variações aleatórias emergem, e, multiplicadas pela escala
crescente do número de humanos, pode-se ver que ocorre uma enorme quantidade
de variações. Nessa grande quantidade, a maioria das variações é de pouca
consequência. Algumas são “deletérias”, como as caracteriza o geneticista
populacional da Universidade Cornell Alon Keinan. Mas a humanidade hoje possui
uma grande acumulação de variações muito positivas. O potencial genético de nossa
gente é brutalmente diferente do que era há 10 mil anos, diz Akey. 288 Uma de suas
conclusões é que somos mais “evoluíveis” hoje do que em qualquer outra fase de
nossa história. Não há razão, diante dessa monumental mudança populacional e
genética, para imaginar que outras mudanças comportamentais e físicas não
venham a ocorrer com tanta transformação radical no nosso ambiente tanto natural
quanto construído.

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