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Para fins de definição o dispositivo a seguir determina o conceito de Notificação

de Autuação:

 Resolução CONTRAN número 619


Art. 2º - Para os fins previstos nesta Resolução, entende-se por:
II - notificação de autuação: é o procedimento que dá ciência ao
proprietário do veículo de que foi cometida uma infração de trânsito com
seu veículo. Caso a infração não tenha sido cometida pelo proprietário
do veículo, deverá ser indicado o condutor responsável pelo
cometimento da infração.
A mesma resolução prevê também o caso de uma notificação por edital, ou
seja, tal publicação, vide interpretação justa do dispositivo, tem o mesmo valor
de uma notificação de autuação recebida via remessa postal ou pessoalmente
caso não seja possível notificar o infrator por esses outros meios cuja finalidade
é assegurar ao condutor seu direito à ampla defesa, vide o dispositivo legal
abaixo:

• Resolução CONTRAN número 619

Art. 13 - Esgotadas as tentativas para notificar o infrator ou o proprietário


do veículo por meio postal ou pessoal, as notificações de que trata esta
Resolução serão realizadas por edital publicado em diário oficial, na
forma da lei, respeitados o disposto no § 1º do art. 282 do CTB e os
prazos prescricionais previstos na Lei nº 9.873, de 23 de novembro de
1999, que estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação
punitiva.
O Recorrente atesta o fato de que, em nenhum momento recebeu sequer
alguma notificação de autuação por outras formas, tão somente recebeu já a
notificação de penalidade e foi tomar conhecimento de que fora notificado por
edital depois de ter recebido já a imposição de penalidade. O que de fato
cerceou seu direito a defesa prévia, tendo em vista a morosidade/negligência
do Órgão expedidor, que não usou de todos os outros meios para notificar (vide
remessa postal por aviso de recebimento, a qual nunca foi recebida) e tão
somente só aplicou-lhe a penalidade sem dar ciência ao recorrente de que
estava sendo aberto um processo administrativo contra o mesmo.
O ato administrativo punitivo relativo à prática infracional de trânsito, precedido
de ações que tenham assegurado ao infrator o exercício da defesa prévia, se
efetiva a partir do momento em que, comprovadamente, se deu ciência ao
apenado.
Vale ressaltar que o recorrente tem residência fixa e certa com dados
atualizados na base de dados do DETRAN-PA, e que estas informações e
circunstâncias não foram alteradas nem se modificaram nos últimos anos.
Portanto descarta-se qualquer possibilidade de uso pelo Órgão expedidor dos
termos presentes no Art. 282, § 1º como base para justificativa, bem como
esse artigo aplica-se tão somente a notificação de aplicação da penalidade e
não a notificação de autuação. Então é contraditório e injustificável que se
tenham esgotados todos os meios supracitados para a notificação. Tal fato, até
que se prove o contrário, acarretou ao Recorrente prejuízo na asseguração e
exercício do seu direito de ampla defesa e contraditório, o que certamente
atenta contra o Art. 5o, LV da Constituição da República, pois era plenamente
possível que a autuação fosse expedida por outros meios que não tão somente
por edital, que como se verifica no dispositivo acima deve ser usado somente
no esgotamento das outras tentativas de notificação.
Ou seja, tal Notificação de Autuação, ora feita por meio de edital, já nasceu
com um vício insanável de ilegalidade e também conforme descrito nos
dispositivos abaixo, já nasceu fora do prazo para se expedir uma notificação de
autuação, visto que para impor penalidade é imprescindível que se tenha
notificado antes o condutor. O fato de que seja possível que até mesmo uma
notificação feita por outras formas não tenha ocorrido torna o fato ainda mais
gravoso. Entretanto, para todos os fins a única forma recebida ou expedida
fora o Edital No 144666 e é esta que para todos os termos é considerada,
segundo a lei, a notificação de autuação.

• CTB/97

Art. 281 A autoridade de trânsito, na esfera da competência


estabelecida neste Código e dentro de sua circunscrição, julgará a
consistência do auto de infração e aplicará a penalidade cabível.
Parágrafo único. O auto de infração será arquivado e seu registro
julgado insubsistente:
II – se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da
autuação.

• Resolução CONTRAN número 619

Art. 4º À exceção do disposto no § 5º do artigo anterior, após a


verificação da regularidade e da consistência do Auto de Infração, a
autoridade de trânsito expedirá, no prazo máximo de 30 (trinta) dias
contados da data do cometimento da infração, a Notificação da
Autuação dirigida ao proprietário do veículo, na qual deverão constar os
dados mínimos definidos no art. 280 do CTB e em regulamentação
específica.
§ 2º A não expedição da Notificação da Autuação no prazo previsto no
caput deste artigo ensejará o arquivamento do auto de infração.
Ao ser feita consulta no sítio oficial do DETRAN-PA, verifica-se que a
notificação por meio do edital N o 144666 não foi expedida dentro do prazo
estabelecido tanto em lei quanto na resolução do próprio CONTRAN, segundo
informação do próprio sítio em questão (Vide imagens em anexo do sítio oficial
do DETRAN-PA durante consulta da mesma).
Conforme consta na notificação expedida no edital, a suposta infração ocorreu
no dia 21 de agosto de 2019, entretanto a notificação de autuação só foi
expedida por meio de edital no dia 03 de dezembro de 2019, ou seja, muito
mais que trinta dias após o cometimento da suposta infração, extrapolando o
prazo já que consta no sítio oficial, por meio de consulta, que o edital fora
publicado no referido dia 03 de dezembro de 2019. Então já que a notificação
de autuação já fora expedida fora expedida fora do prazo, então ela está ilegal.

Ora, visto que a expedição feita por meio de edital tem a mesma finalidade de
uma notificação de autuação, que é garantir o direito a ampla defesa do
cidadão, e foi feita em desobediência ao prazo estipulado nos dispositivos
legais mencionados acima, tal irregularidade além de atentar contra um direito
expresso na Constituição também enseja, de acordo com os dispositivos
supracitados, o arquivamento do auto e que seu registro seja julgado
insubsistente tornando o processo administrativo nulo.
Tal fato torna esta notificação de penalidade já irregular por ter sido derivada
de um ato eivado de ilegalidade. Estes dois fatores também fazem com que
tais atos atentem contra o princípio da legalidade descrito no Art. 37 da
Constituição da República de 1988.
Vale também atestar que Recorrente não assinou nenhum documento ou auto
que pudesse valer como notificação de autuação da suposta infração conforme
descrito nos dispositivos abaixo:

 CTB/97
Art. 280 Ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-
á auto de infração, do qual constará:
VI - assinatura do infrator, sempre que possível, valendo esta como
notificação do cometimento da infração.

 Resolução CONTRAN número 619


Art. 3°, § 5º O auto de infração valerá como notificação da autuação
quando for assinado pelo condutor e este for o proprietário do veículo.
Nesse sentido, não há como o Recorrente já ter recebido sua notificação de
autuação antes de ter conhecimento desta notificação de penalidade,
afastando a hipótese de que a notificação de autuação já tivesse sido lavrada
antes do referidos prazo decair. Então nessa mesma lógica confirma-se que a
notificação de autuação foi mesmo a expedida por meio do referido edital.

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