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A DESCIDA AO INCONSCIENTE Aqueles que entrarem, abandonem as esperangas. Dante ENCONTRO COM O MITO PESSOAL Acreditando na autonomia do inconsciente, Jung decidiu decifrar o significado de suas imagens, tanto de sonhos quanto de fantasias. Para isso, desenvolveu seu proprio método de investigagao: seria fundamental interagir com os contetidos do inconsciente, porém sem perder o contato com a realidade externa. Isso poral iconsciente, podemos encontrar tanto fascinantes te monstros devora- dores. Sabendo intuitivamente do perigo e lembrando-se dos varios doen- tes com os quais cor ‘0s quanto terri J6gica sob a qual vivia nessa época era tanta, que por que pudesse estar adoecendo. Esse tipo de crise da meia-idade, que costuma levar a uma grande transformagao da em revista, busca do efeito algum so inconsciente e as suas imagens. Uma das primeiras lembrangas que surgiram foi daquela época em que brincava sozinho, construindo casinhas e castelos com blocos de pe~ dra, A ocorréncia da lembra ou a uma espécie de resgate; foi como a sua crianga interior. hago, Jung entregou-se, nos inter- a construg3o de uma cidade corajosamente abandonay-se ao impul- te suas funtasias, mas principalmente as condigdes psfquicas ¢ emocionais sob as quais elas surgiam. A decisao de se confrontar com o inconsciente se deu no dia 12 de dezembro de 1913, alguns dias antes do sonho do “assassinato de Siegfried”, relatado anteriormente, Sentado em meu escritério, considerei mais uma vez os temores qu tia e, depois, me abandonei & queda. O solo pareceu ceder sob meus pése fui como gue precipitado numa profundidade obscura. Finalmer tre me diante de ura caverna, Entre e, do outro lado, percebi rmelho que cintilava na cadaver de um adolescent fesearavelho negro. Entao, do fundo das 4guas surgiu um rubro sol nascen- te. Ofuscado pela luz, tentei repor a pedra no orificio, mas nesse momento tum Kiquido fez pressio e escoou pela brecha. Era sanguel Um jato espesso jorrou e sents néusea, Afina, 0 ato estancou e a visto terminow. lawxe, op. cit, p. 159.) Apés o impacto dessa primeira visio, Jung passou sistematicamen- te a fazer descidas cada ves mais profundas ¢ descobriu alguns persona- gens com os quais iniciou uma série de dislogos. Uma das figuras presentes nesses encontros com o inconsciente tornou-se para ele uma espécie de guru, Jung chamou-o Filemon ¢ desenhou ¢ pintou cuidadosamente sua imagem num caderno, o Livro vermelho. Era a imagem de um velho com sas, semelhantes as de um martim-pescador, ¢ com chifres de touro; tra~ iia um feixe de quatro chaves, uma das quais segurava como se fosse abrir uma porta. Flemon, personagen| ‘ia intmidace edo acohimente a Gragas aos dilogos com Filemon, Jung chegou a conclusio de que existe uma realidade ‘ica objetiva. Descobriu que h4 na alma muitas coisas que nao sao fabricadas pelo eu, mas tém vida propria e se fazem por si mesmas, independentemente da nossa vontade, sendo como “persona- gens da imaginacao”. ‘Outtra dessas personagens que marcaram muito Jung em suas ex- ploragées do inconsciente foi uma figura feminina que ele chamou Ané- ‘ma (ver glossério). Ela funcionava como uma espécie de mensageira para transmitir & consciéncia as imagens do inconsciente. Sempre que estava perturbado e irvitado, Jung costumava perguntar & sua Anima o que se pas- sava. Assim que urna imagem surgia, a irritagdo se esvafa e ele se punha a buscar a compreensio de seu contetido. Apenas fantasiar e dar um tratamento estético as imagens ¢ fanta- sias do inconsciente nao bastava. Era indispensdvel a sua compreensio. Assim, Jung procurava transformar cuidadosamente cada contetido, ten- tando, na medida do possivel, no s6 compreendé-lo racionalmente, mas principalmente realizé-lo na vida. ‘Nao se tratava simplesmente de deixar que as imagens emergissem e encantassem. A parte mais di I, sofrida e trabalhosa era justamente entregar-se ao esforgo de compreendé-las e confrontar-se com as conse- aiiéncias éticas que a compreensao suscitava. Tais confrontos implicavam mudangas e sacrificios por parte do eu. Durante essa época de mergulhos na imaginagao, Jung sentia que sua “Ancora” eram a familia e 0 trabalho. A ilha no centro do lago Ser assimilado pelo inconsciente é um dos grandes perigos quando se lida com seus conteiidos. E 0 que ocorre, por exemplo, sob o efeito de algumas drogas pesadas, que podem prodi uma “viagem” sem volta, ‘uma bad trip: as defesas do ego se afrouxam, a consciéncia tem suas por- tas abertas e é invadida pelo inconsciente. Nessa invasdo, o inconsciente age como as aguas do mar, que ao subir avangam sobre a praia e podem levar tudo o que estiver em set caminho. ‘Sempre que sentia essa pressdo, para nao ser tragado pelas imagens do inconsciente Jung dizia a si mesmo que era um médico, tinha seu tra- balho e pacientes para atender, morava na Seestrasse, 228, em Kiisnacht, tha de um rico industrial de Schafthausen, com quem eve cinco filhos), et. 0 todas essas experiéncias, tornow-se claro que havia uma wvolvimento psfquico. Jung descobriu que existe uma espé- cie de centro regulador ¢ coordenador da nossa vida psiquica, que corres- Jung estava com 43 anos 4 a quando as “descidas” diminui o esto de sua vida elaborando to o gue havia xp manta e registra, A custa de um esforgo her6ico, naquela fase. A crise ‘para cle uma oportunidade de descobri 4 imagem de Deus que temos em nés, & qual ele rtugués, Si-Mesmo — ver glossirio), s acontecimentos da nossa vida, tanto inte- ponde simbolicamente denominou Seif (ou, em po Ele percebeu que todos o: es quanto exteriores, fantasias, sonhos e sensagies, as pessoas com que Nos rel as escolhas profissionais, nossas “viagens” ito é a realizagio de nossa tot ‘sio simbdlicos. Nossas emogoes, sentimentos, amos, i nossas ligagées afet isso tem um fio condutor cujo prop " vetomo seres no mundo. A busca da realizagio dessa totaidade, ue ele de- vominoa individuagao, € a meta do processo de desenvolvimento psiquico. | ‘Alguns anos depois, em 1927, novamente por meio de um sonho, a Jung confirmou sua idéia quanto’ existéncia de um centro regulador desse processo de desenvolvimento, o ponto culminante das experiéncias indi- revaats equteconfere uin sentido a vida de cada um. Nenhum de nds vem jo mundo por acaso e a vida de cada individuo tem uma finalidade tinica. (Stevens, 1993: 260), Jung abriu um caminho para a humanidade. go da vida"), numa noite de inverno, € stava na cidade de Liverpo encontrava-me muma praga ampl tetrdes estavain dispastos de forma radiada tro encontrava-se um lago, no meio do dda chuva e da neblina 20 redot se erguia uma érvore sl a, onde desembocavam varias runs, Os quat- redor da praca e em seu cen A GENESE DA OBRA Contestando a sobs ja do racionalismo cientifico e a viséo dualista que dividia 0 mundo em psique, de um lado, e realidade concreta das coi- tas, de outro, Jung partiu para a busca de um ponto de vista que fosse ca- 1 tais aspectos. Procurou, entao, desenvolver w pode holistica, uma psicologia qu Para ele a psicologia seria a tinica ciéi jiadora capaz de coneiliar ‘e a coisa, sem violentar nenhuma delas, Para diferenciar sua psicologia da psicandlise de Freud, Jung denominou-a psic nalitica — também chamada por alguns autores de arquetfpica ( (Byington). Ele definiu seus novos conceitos no ti ivro que escreveu ern 1921, Tipas psicolégicos. Dois tipos de pensamento Como disse Jung, “tudo o que escrevi possui um duplo fundamento” (Vox Feanz, 1992: 12). Para el, existem dois modos de pensar. Um € 0 cha- mado pensemento dirigido, por meio do qual submetemos nossas idéias jo ato voluntério do julgamento. Tem a ver com nossas escolhas, com essa vontade, O pensamento dirigido € pratico, objetivo e direcionado, produzindo uma espécie de planejamento da realidad ido exterior (par exemplo, “eu quero algo, entao devo fazer isso € ja ao mundo das idéias (por exem- entio ag As idéias vao se sya depende da- plo, no caso da légica superpondo como num edi quele que esté embaixo. Filésofos como Arist: eles, Santo Tomés de Aquin | a le 19, Spinoza, ¢ Hegel costumavam pensar dessa forma. Também Freud, a0 constrains teria siamo deservendo eu aos como um dette ie so, vai desvendando o mistério do crime md. para chegar ao culpado. no ge tte mode de pensar Echamao essoiatbu ou anaagc. Pum Pensamento | mais organico e menos linear, em que as it seclam sem ua diregao necessariamente objetiva ss da ie algo bastante diferente e até mesmo esquisito. No entanto, aparentemente, tratar-se de idéias sem a Fina ies so, Kirkegard, Nietasche, também Jang, pensavam des ora sent nines ahazes de cicundar as imagens que compte o pensa- trent scat, deer peer qu ees conteios aparentemen- avagantes relacionam-se numa es spécie de t significadosinterligados, manifestando-se por meio de uma gama mu a de simbolos. a © pensamento associativo tem muito a ver com a fantasia, 2 «fo € 0s sonhos. Como os sonhos, as fantasia so uma expressi0 nat Vda is ineonsciente, Surgem quando introduzinnos a palavrinha se “E se eu fi- ,-0 que aconteceriat”, “E se fosse por ali e nao por aqui?”. Podemos dizer que essa outta forma de pensamento, a seu modo, também “prepara” a realidade, explorando outros caminhos e buscando analogias, até chegar a uma solugo. Quantas vezes ndo sonhamos com situagBes de nosso cotidiano? E nosso inconsciente tentando aunillar 0 ex na busca de solugdes. Linguagens do inconsciente ‘jung definiaa fantasia como “uma fluéncia da atividade criadora do espirito ou imaginagao, produto ou combinagio de elementos psiquicos carregados de energia” (June, Tipos igicos, § 799). Considerava a ‘maginagao como urna das principais fungbes da psique, a expressio dire- ta da atividade vital e a tinica forma pela qual a ene! festa na consciéncia. A intengo de Jung nao era diminuir a importéncia do intelecto, mas simplesmente. restabelecer um eqt entio soberana, e a im Ha doi Jos de fantasia: a ativa e a passiva. ‘A primeira é sus fragmentes inconscientes e comp6-os por meio de associagdes até fque, 20 final, como nium mosaico ou quebra-cabeca, surge uma imagem compreensivel daquilo que se pretendia ver. das fantasias passivas so todas aquelas “viagens” ¢ devaneios nos quais entramos quando sonhamos acordados ou quando a consciéncia ¢ siterada pelo uso de determinadas drogas. Por se tratar de um produto que esti fora do controle da mente consciente, a fantasia passiva requer um eS forgo consciente para compreendé-le, sob pena de ficar na inconsciénéia. lim dos grandes méritos de Freud foi ter comecado a libertar a fan tasia — isto é, a maneira de pensar do inconsciente — das amarras da neue da psiquiatria organicista da época, que buscavam somente causas piologicas para os distirbios mentais. Quando iniciou suas pesquisa, ele splesmerte permitia que seus pacientes falassem liveemente o que bes viesee 4 cabeca, sem preocupagao com censura, ou seja, sem represséo — método que ele denominou associacdo livre. imeiro médico a conferir crédito’ linguagem do incons- ciente ¢ perceder a importincia e o significado daqueles ‘absurdos” nam emergir quandoamente consciente no esténo controle das Associago ive no diva (com base em Mosalco i, da Maurits Escher) Filosofia, religides e mistérios Jung insi im ecu insstia no fato de que, como toda ciéncia, sua psicologia tam- hem estaa sujlta aos preconceitos ¢ condicionamentos subjetivos do ob- vador. Assim, para evitar uma tendenciosidade g) e iosic rosseira, sempre lhe rec ai pareceu mores vel a documentagao e a comparacéo do material de sua 1¢0 dos sonhos e dos contetidos do inconsciente com fontes his- Devido a i sacs ni A eeponsa idade ética e moral que suscitava o trabalho de rvestigacdo das imagens do inconsciente, Jung sempre se esforgou em que aqueles contetidos da experiéncia psiquica no representavam visando sempre a uma compreensao da natureza humana com relagdo a to- talidade, seja ela individual, seja ct ral. Para desenvolver suas intuigdes, ele foi buscar inspiragio numa gama imensa de referéncias culturais e histéricas, tracando varios parale- los entre elas e as cigncias humanas, a hist6ria das religiées, a mitologia, a antropologia, a poesia e a arte. Seus estudos estenderam-se também 20 gnosticismo, 2 alquimia e as filosofias do Oriente. ‘A abordagem que fazia de todas es- sas experiéncias do ser humano — reli- giosas, misticas, artisticas ou de outra Termo empregado por atureza — era fenomenolégiea, isto & Jjungrelativamente a“expe- quando recorria a essas fontes, visava mui- Fenomenolégico riéncia pura’, Ou seja, a ‘maneira como 0 individuo —_ndmenos humanos e verificar que fungéo experimenta asi mesmo © desempenhavam na psique individual 20 mundo, atteriormente a qualquer teoria. ou coletiva do que realizar um estudo aprofundado da historia das religides e da filosofia. Em virias passagens de suas Obras completas Jung faz referéncias ‘a0 pensamento de diferentes fildsofos, poetas e pensadores. Alguns que, de uma ou outra mat influenciaram seu pensamento sio Immanuel Kant (1724-1804), Friedrich von Schiller (1759-1805), Friedrich Nietzsche (1844-1900) e os filésofos do inconsciente: Arthur Schopenhauer (1788- 1860}, Carl Gustay Carus (1789-1869) e Eduard von Hartmann (1842- 1906). Gnosticismo CO entusiasmo de Jung pelo misticismo de modo algum representou ‘uma rejeicao a tradigao espiritual crista, com a qual tinha fortes ligagdes, mas, sim, a tentativa de compreender as religides de mistérios dentro de uma perspectiva simbélica e “reativé-las... obrigando-nos a reconhecer nelas um espelho de uma parte de nés mesmos, que fora até entao inva- riavelmente ignorada” (Cianke, 1992: 128). Sua visdio sobre as religides, tanto na abordagem das tradigbes da teologia crista quanto na das religides orientais, € um dos pontos mais, polémicos de seu pensamento, Para ele, as religides, com seus cultos e pra- ticas rituais, procuram, muito mais do que representar averdade, nos dar um sig a vida e morte, expressando profundas neces- sidades psicolégicas da humanidade. As crengas seriam organizagies co- dificadas e dogmatizadas de uma experiéncia interior, que ele descrevew como numinosa (ver glossério), isto é, carregada de energi 48. at sian te 198 £1925, na sca das aes hss de sus eerie. Gs] napus esto ds gists, ue como ee peda af encontrado o mundo original do inconsciente”, Tentando resgatar as anti- n0 fas discuss6es com o pai, Jung invocava otestemunho de um erin, ‘descobriu no gnosticiemo ume. MeHlo seerelg supestamenee one indicagdo antiga de sua énfase Cad 205 Apdstolos por Cristo Res- no primado da experiéncia sobre suscitado, e conservado e transmitido a fée de algumas de suas pré- is inthe es [...], os tipos bésicos de atuacio psicolégica, 0 destaque a polaridade e a idéia € desenvolvimento individual 61 consttulao mundo neglgencade do inconsiente(Cusat, Tous oe Alquirnia i Foi na alquimia que Jung encontrou as rafzes de suas idéias e a Ponte entre o gnosticismo e a psicologia do inconsciente. Ele concebeu a alquimia como precursora da sua psicologia, as eins dos alain eam mis eaprincse eles er num cet sen, 0 meu mundo, (Eta ste tos, ercebi gue tan se encontrar o mundo dat imagens orate erptieo gue eleiond ns prc as conse qe hs tds ido ue, op. cit, p. 181.) : ° cristianismo ortodoxo, ao considerar pagaos os cultos & nature- 22, salorigava 0 espirito e reprimia a carne. A alquimia, por sua vee, for feta simboles a dos guais se entrava em contato com a matéria e : cténico (ligado a terra) da natureza, levando & a gamma lado cfnico Fevando a transformaggo a Numa de suas visitas & Escola da Sabedoria, fundada pelo filéso- cial alemdo Hermann Keyserling, que pretendia a integracao entre Oriente e cident, Jung omourse muito amigo de Richard Wilhelm, um jonério que havia traduzido para o alemao o cléssico li ivi i ivro Ges chines, 0 / Ching, ot eae Nessa é Alquimia ‘A alquirhia surgiu na China antiga hd mais ou menos 3700 anos. Baseads na filosofia taofsta do equilfbrio ¢ uniso entre os prineipios yin lemitino) e yang (masculino),enfatizava © autoconhecimento ¢ a transformagao da personalidade como meios para dar nascimento a0 ove homem dentro de cada individuo. Chegou ao Ocidente trazida pelos grezos, foi desenvolvida pelos drabes ¢ ressurgit no sécu Fleangando scu desenvolvimento maior durante 0 Renascimento (sé- alos XIV € XV). Desapareceu durante o século XVIl, por ser incompa~ tivel com 0 lluminismo. ‘Mediante uma sucessao de experiéncias de laboratério, mistas buscavam encontrar o elixir da longa vida ou pedra ‘Muitas das técnicas desenvolvidas por eles foram preservadas e deram origem 8 quimica moderna, Jung viu no contate com a para equilibrar 0 excessivo materialismo da cultura ocidental. Esse equi- ibrio corresponderia a uma volta para 0 mundo subjetivo de nossas gens interiores, que os orientais haviam desenvolvido por meio de suas icas, como a meditagio, a ioga eas artes m Em 1928, Wilhelm enviou a Jung um manuscrito sobre alqu chinesa — intitulado Segredo da flor de ouro —, pedindo-Ihe que acres- centasse comentiirios ao texto. Jung ficou entusiasmado ao ler 0 mate~ r ali encontrou uma confirmagSo a suas reflexdes. 0 manuscrito trazia a idéia de reconciliagao dos opostos, um dos aspectos centrais tan- to da filosofia hindu quanto do zen-budismo. Essa idéia de equilfbrio en- tre os opostos, ou caminho do meio, é fundamental na compreensdo do trabalho terapéutico de Jung. No processo de realizagao da identidade pro- funda do individuo, os elementos conscientes e inconscientes reconci- liam-se e sfo integrados na consciéncia, transformando a atitude do sujeito (ver texto complementar “O ocidental nao compreende o Oriente ‘Algum tempo depois, Jung tomou conhecimento do Ars auriferae volumina duo (1593), um tratado de alquimia escrito em latim. A partir JJe comecou um intenso trabalho de andilise e decodificacio de varios manuscritos antigos sobre alquimia. Cerca de quinze anos mais tarde, ele havia reunido uma das melhores colecdes da Europa sobre 0 assunto. ‘Ao decifrar o significado simbélico dos textos herméticos que ilus- travam as fases do processo da transformagio alquimica do ouro, Jung en- controu indicagdes que Ihe permitiam interpretar e simbolizar 0 processo de transformacao pelo qual ele préprio e muitos de seus pacientes estavam eee bs celle a seria, na realidade, uma projecio de contetidos in- scientes sobre as experiéncias que o alquimi i 5 sta realizava, fee laboratério, em busca da pedra filosofal mes © opus alquimico pode ser sari transormagio a pertool inde topes ee ea al steiner, do conscatecom neon heat com tne, Estudos sobre psicologia analitica, § 360.) ano tts de ung sobre a alas estéoorganizaos em suas Obras completes, nes volumes 12,1. e 14— tespetivament, olga _aaaina, Estados alquiics © ysterium coniunctons. compara so que ele faz entre o processo de transformao alquimica, ou opus. ¢ 0 Processo psicoterdpico esté no volume A prdtica da psicoterapia, Aexemplo dos alquimistas, 0 objetivo central de Jung era um s6: enetrar no segredo da personalidade. - Pode-se dizer que Jung renase: ¢ renascet ao emergit do perfodo de profun- da intospesio em que steve mergulhdo os 3 9842 anos dou de instrumento de seus instintos naturais s para tornar-se ele me mo Fol partir dessa experncia que ele desenolveu um dos ma aa Portantes conceitos de sua psicologia:o chamado processo de individuagao Bor meio do qual personalidad sfre uma transformagio radical oe, Kaneando amon, dla ab S-Mesmo come canto da personalidade. vn 2 elm e Jung publicram Sepredo da fr de oro — iro de vida chin8s, Nesse ponto, diz Jung, “minhas reflexdes ¢ pes. aquisas atingiam 0 ponto central de minha psicologia, isto ¢, a idéia de SelP” (unc, 1975: 183) nin ey Aus 86 aa que ele se sentiu em condigdes de “retornar ao mun- Gor Apart paso fer confrncas, rao vgs eve monografias que co nes © me q ntinham respostas as suas Preocupacdes de Participou regularmente, du lan urante vinte anos, do centro Eran , 03, fundado em 1882, em Ascona (lili), « cordenado por Olga Froce- ¥eplyin. Al tve a oportunidad de trea ila com muitos eruitos de ‘iplinas, como Karl Kerényi, com quem ° vie publicou virios livros obre mitologia; Gilles Quispe, estudioso do gnosticismo; Henry Corbin, estudioso do sufismo; Adolf Portmann, com quem d adres de

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