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8. Imagine que submetia as suas opiniões ao teste da dúvida proposto por Descartes. Qual
das opiniões
seguintes seria a mais resistente à suspeita de falsidade?
(A) Existem outras pessoas no mundo.
(B) Neste momento, ouço uma voz grave.
(C) Neste momento, não estou a sonhar.
(D) Dois vezes seis é igual a treze menos um.
GRUPO IV
1. O facto de termos justificação para uma crença faz dela conhecimento? Porquê?
Ilustre a sua resposta com um exemplo adequado.
Indicação de que o facto de termos justificação para uma crença não faz dela conhecimento.
Justificação:
‒ a justificação de uma proposição/tese/teoria/crença apenas fornece razões para se acreditar
nela, mas não determina a sua verdade, ou seja, essa proposição/tese/teoria/crença pode ser
falsa, não constituindo, nesse caso, conhecimento;
‒ as verdades são factos independentes das razões que temos para acreditar neles OU
podemos ter razões para acreditar em falsidades, mas isso não torna essas falsidades
conhecimento;
‒ por exemplo, alguém pode acreditar que o Sol gira em torno da Terra, porque vê o Sol em
movimento (em relação ao ponto da Terra em que se encontra), mas esta
observação/justificação não torna conhecimento a proposição/tese/teoria/crença de que o Sol
gira em torno da Terra.
2. Leia o texto seguinte.
Há uma questão que, na evolução do pensamento filosófico ao longo dos séculos, sempre
desempenhou um papel importante: Que conhecimento pode ser alcançado pelo pensamento
puro, independente da perceção sensorial? Existirá um tal conhecimento? […] A estas
perguntas […] os filósofos tentaram dar uma resposta, suscitando um quase interminável
confronto de opiniões filosóficas. É patente, no entanto, neste processo […], uma tendência
[…] que podemos definir como uma crescente desconfiança a respeito da possibilidade de,
através do pensamento puro, descobrirmos algo acerca do mundo objetivo.
A. Einstein, Como Vejo a Ciência, a Religião e o Mundo, Lisboa,
Relógio D’Água Editores, 2005, p. 163. (Texto adaptado)
Será que tanto Descartes como Hume contribuíram para a «crescente desconfiança» referida
no texto? Justifique a sua resposta.
Indicação de que é falso que ambos tenham contribuído para a desconfiança referida no texto
(desconfiança a respeito de haver conhecimento substancial a priori) OU de que apenas Hume
contribuiu para a desconfiança referida no texto OU de que Descartes não contribuiu para a
desconfiança referida no texto. JUSTIFICAÇÃO:
‒ Hume defendeu que podemos descobrir a priori relações de ideias; todavia, os raciocínios
pelos quais descobrimos relações de ideias não permitem conhecer questões de facto
(conhecimento substancial);
por exemplo, saber a priori que nenhum solteiro é casado não fornece qualquer indicação
acerca do estado civil de quem quer que seja, o qual só pode ser conhecido a
posteriori/recorrendo à experiência;
‒ Descartes defendeu que «pelo pensamento puro»/de modo «independente da perceção
sensorial»/a priori podemos ter conhecimento substancial, e não apenas de relações de ideias;
por exemplo, podemos conhecer a priori que existimos enquanto coisas pensantes ou que
Deus existe (ou que a extensão é uma propriedade do mundo físico).
2º Fase, V1, 2019
10. De acordo com a perspetiva de Hume,
(A) há crenças verdadeiras justificadas apenas pelo pensamento.
(B) nenhuma crença pode ser justificada apenas pelo pensamento.
(C) as crenças justificadas pela experiência são todas verdadeiras.
(D) todas as crenças falsas são justificadas por impressões.
GRUPO IV
1. Depois de ter superado o teste da dúvida, Descartes restabelece a confiança nos sentidos.
No texto seguinte, Descartes esclarece em que circunstâncias se justifica confiar nos
sentidos.
No que se refere ao bem do corpo, os sentidos indicam muito mais frequentemente a verdade
do que a falsidade. E posso quase sempre utilizar mais do que um sentido para examinar a
mesma coisa; e, além disso, posso utilizar tanto a minha memória, que associa as experiências
presentes às passadas, como o meu intelecto, que já examinou todas as causas de erro. Por
isso, não devo continuar a temer que seja falso o que os sentidos me dizem habitualmente;
pelo contrário, as dúvidas exageradas dos últimos dias devem ser abandonadas como risíveis.
[…] E não devo ter sequer a menor dúvida da sua verdade se, depois de apelar a todos os
sentidos, assim como à minha memória e ao meu intelecto, para examinar as indicações que
receber de qualquer destas fontes, não houver conflito entre elas.
R. Descartes, Meditações sobre a Filosofia Primeira, Coimbra, Almedina, 1976, pp. 224-225.
(Texto adaptado)
Explique, recorrendo ao texto, em que circunstâncias a informação proveniente dos sentidos
não deve ser aceite.
‒ Descartes afirma que geralmente não se justifica «temer que seja falso o que os sentidos»
indicam;
‒ se «não houver conflito» entre o que os sentidos indicam e o que a memória e o intelecto
indicam (nem entre as indicações provenientes dos diferentes sentidos), então a informação
proveniente dos sentidos deve ser aceite e não há lugar para «a menor dúvida da sua
verdade»;
‒ assim, a informação proveniente dos sentidos só não deve ser aceite quando, depois de
examinada pela memória e pelo intelecto (razão), entrar em conflito com as indicações
recebidas destas faculdades.
2. De acordo com Hume, a suposição de que a natureza é uniforme está implicitamente
contida nas inferências indutivas. Porquê?
Justificação de que a suposição de que a natureza é uniforme está implicitamente contida nas
inferências indutivas:
‒ quando fazemos inferências indutivas, chegamos a conclusões acerca de factos não
observados a partir de premissas que descrevem factos observados;
‒ a nossa confiança nas conclusões obtidas indutivamente pressupõe que a natureza funciona
do mesmo modo tanto nos casos observados como nos casos ainda não observados (e isso
significa que as inferências indutivas assentam na suposição de que a natureza é uniforme).
2017, 1º Fase
GRUPO III
1. Atente no diálogo seguinte.
Manuela – Sabes, Eurico, quanto dá 356 euros a dividir por quatro pessoas?
Eurico – Eu não sei, mas tenho aqui uma pequena calculadora de bolso que sabe. Deixa ver: dá
89 euros.
Manuela – E confias nessa calculadora?
Eurico – Claro que sim. O resultado dado pela calculadora está justificado, porque é uma
máquina programada por matemáticos competentes.
No diálogo anterior, o Eurico afirma que a calculadora sabe quanto dá 356 euros a dividir por
quatro pessoas.
Será que a calculadora o sabe? Justifique a sua resposta, tendo em conta a análise
tradicional do conhecimento.
‒ Não, a calculadora não sabe quanto dá 356 euros a dividir por 4 pessoas.
Justificação da resposta:
‒ de acordo com a análise tradicional do conhecimento (proposicional), crença, verdade e
justificação são condições necessárias do conhecimento (proposicional);
‒ o resultado apresentado pela calculadora (embora seja correto e esteja adequadamente
justificado, pois a calculadora aplica um programa concebido por matemáticos competentes)
não é conhecimento, porque a calculadora não tem crenças (nomeadamente, não tem a
crença de que 356 euros a dividir por 4 pessoas dá 89 euros a cada uma, pois a calculadora não
tem estados mentais).