Campina Grande - PB
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Chagas – DEE/UFCG
Capítulo I
Define-se sobretensão como toda tensão que excede o valor da tensão nominal em um
sistema elétrico. Dependendo de sua amplitude e forma de onda, elas podem produzir severas
solicitações nos isolamentos, acarretando em danos a equipamentos e interrupções no
fornecimento de energia. Durante o projeto de redes elétricas, devem-se avaliar as diversas
formas de solicitações a que os isolamentos poderão estar submetidos, de modo a permitir o
estabelecimento de especificações corretas dos equipamentos.
▪ sobretensões atmosféricas;
▪ sobretensões de manobra;
▪ sobretensões sustentadas ou temporárias.
As sobretensões atmosféricas são causadas por raios que incidem diretamente sobre linhas
de transmissão ou subestações, ou em regiões próximas à rede elétrica. Possuem caráter
impulsivo, com valores de pico máximos de 6 pu. e duração de alguns microsegundos a até 1
milisegundo.
As sobretensões de manobra originam-se de operações de chaveamento, as quais
promovem mudanças na configuração do sistema, como a energização ou desenergização em
carga de elementos indutivos e/ou capacitivos (linhas de transmissão, transformadores, bancos
de capacitores e de reatores, etc.). Essas operações acarretam em transferências abruptas de
energia entre campos elétricos e magnéticos, resultando em sobretensões de caráter
oscilatório, com altas frequências, forte amortecimento e duração de vários milisegundos a até
vários ciclos. Normalmente, apresentam valores de pico máximos em torno de 4 pu.
As sobretensões sustentadas ou temporárias são causadas principalmente pelas seguintes
ocorrências:
▪ curtos-circuitos fase-terra em sistemas trifásicos com neutro isolado ou aterrado através de
impedância;
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Fig. 1.1. Representação dos diferentes tipos de sobretensão (D’AJUZ et al., 1987).
Na Fig. 1.1 são apresentados detalhes sobre as classes e formas das solicitações de tensão,
definidas pela norma ABNT - NBR 6939 (2000) - Coordenação do Isolamento – Procedimento.
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São sobretensões transitórias, usualmente unidirecionais, com tempo até a crista tal que 20
µs < T1 ≤ 5000 µs, e tempo até o meio valor (na cauda) T2 ≤ 20 ms. Podem se originar de faltas,
operações de chaveamento ou descargas atmosféricas diretas nos condutores de linhas aéreas.
Sobretensão transitórias, usualmente unidirecionais, com tempo até a crista tal que 0,1 µs <
T1 ≤ 20 µs, e tempo até o meio valor (na cauda) T2 ≤ 300 µs. Podem ser causadas por operações
de chaveamento, descargas atmosféricas ou faltas.
Sobretensão transitórias, usualmente unidirecionais, com tempo até a crista tal que T1 ≤ 0,1
µs, duração total Tt ≤ 3 ms, e com oscilações superimpostas de frequências 30 kHz < f < 100
MHz. Podem ser causadas por faltas ou operações de chaveamento em subestações isoladas a
gás (GIS).
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Capítulo II
Sobretensões Atmosféricas
1. Introdução
Este capítulo trata das sobretensões atmosféricas, classificadas como de origem externa,
pois são causadas por raios que incidem diretamente sobre edifícios, linhas de transmissão ou
subestações. A descarga também pode agir de forma indireta. Neste caso, a interação entre o
meio externo e o sistema atingido se dá por indução eletrostática. Assim, há propagação de
ondas de tensão em direções opostas, a uma velocidade próxima à da luz, produzindo solicita-
ções nos isolamentos da linha e em equipamentos instalados nos terminais. Devido à extensão
física e ao nível de exposição, as linhas de transmissão aéreas são os elementos mais atingidos.
2. Causas e Consequências
Diferentes teorias explicam o carregamento das nuvens. O consenso é que em cerca de 90%
dos casos há grande concentração de cargas negativas na parte inferior da nuvem, induzindo
cargas positivas na terra, como é ilustrado na Fig. 2.1. A rigidez dielétrica do ar seco é de 30
kV/cm, reduzindo-se com a umidade. Assim, há uma descarga piloto em degraus de 15 a 50 m,
cada um. Os degraus são retos, tomando nova direção a cada avanço. Como é mostrado na Fig.
2.2, quando a descarga piloto atinge a terra, há a descarga de retorno, com grande
movimentação de cargas através do canal ionizado, brilho intenso e estrondo. Também pode
haver descarga de retorno antes da descarga piloto alcançar a terra.
Normalmente, essas descargas se repetem. Cerca de 80% dos raios apresentam no mínimo 2
descargas e 20% apresentam 3 a 5. Há registro de até 40 descargas. Felizmente, maior parte
das descargas ocorre dentro da nuvem.
Em consequência dos raios, verifica-se injeção de correntes de descarga de até 200 kA, com
tempos de crescimento de 1 µs a 10 µs, e surgimento de ondas de tensão relacionadas ao surto
de corrente através da impedância característica do sistema. O caráter das ondas é impulsivo
(não oscilatório) e os valores de pico máximos são de 6 pu, com polaridade negativa em 90%
dos casos. Elas se propagam para os dois terminais da linha com velocidade próxima à da luz,
com reflexões e refrações nos pontos onde há mudança na impedância característica.
Em caso de surto atmosférico, se o nível de suportabilidade de tensão da linha for excedido,
há a formação de arco através do ar ou de uma cadeia de isoladores, o que normalmente não
produz dano ao sistema por causa da atuação dos relés de proteção e da abertura do disjuntor.
Neste caso, o isolamento é autoregenerativo, podendo o religamento ser feito alguns ciclos
após, de forma automática e rápida. Nos transformadores, máquinas elétricas e outros
equipamentos, a ruptura do isolamento é um dano permanente, pois não há regeneração.
3. Mapa Ceráunico
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Tanto a gaiola de Faraday como as hastes captoras recebem a designação de SPDA (Sistemas
de Proteção contra Descargas Atmosféricas).
Fig. 2.5. Vista superior de cabos contrapeso - (a) arranjo paralelo; (b) arranjo radial.
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Esse tipo de proteção é mostrado na Fig. 2.6. O princípio de operação das hastes captoras é
baseado no poder das pontas. Por interação eletrostática entre a nuvem e o captor (conjunto
de pontas metálicas) existente na extremidade superior de uma haste instalada no alto do
prédio, há concentração de cargas no captor, de modo a ocasionar uma descarga elétrica que é
escoada para a terra mediante um cabo de descida e uma haste de aterramento ou malha.
Fig. 2.6. Configuração usual de um sistema de proteção de edifícios baseado em haste captora.
O cabo de descida é geralmente de cobre (seção ≥ 35 mm2) com o mínimo de curvas com
raio de curvatura mínimo de 20 cm, sem emendas, exceto para o conector próximo ao solo.
A regulamentação do uso das hastes captoras é feita pela norma ABNT - NBR 5419 (2001) -
Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas.
Esse sistema consiste em uma malha de condutores envolvendo a edificação, ligada a hastes
de aterramento, como é mostrado na Fig. 2.7 (o campo elétrico no interior de uma gaiola
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4.5. Cabos-guarda
Cabos-guarda são condutores de aço instalados acima dos condutores de fase das linhas de
transmissão, os quais proporcionam uma blindagem contra a queda de raios. Na Fig. 2.8 são
mostradas duas linhas de transmissão, uma com um cabo guarda (linhas de 69 kV, usualmente)
e com dois cabos-guarda (linhas de tensões nominais superiores).
O desempenho desse sistema é descrito pelo modelo eletrogeométrico descrito na Fig. 2.9.
Este modelo é baseado no conceito de raio de atração, o qual corresponde à maior distância rs
abaixo da qual, considerando uma descarga piloto com corrente I, esta atingirá diretamente os
cabos para-raios, os condutores de fase ou o solo. Assim, se uma descarga atmosférica penetrar
na região BC, ela incidirá sobre o condutor de fase. Para cada valor de corrente de descarga,
novas regiões são definidas.
A relação entre rs e I é a seguinte:
rs 9 I 0 , 65 (2.1)
Se uma descarga atinge diretamente uma das fases da linha, há injeção de uma onda de
corrente de amplitude I no condutor, de modo que essa onda se divide em duas, de amplitudes
I / 2, as quais se propagam em sentidos opostos a uma velocidade próxima à da luz. A essas
ondas de corrente estão associadas ondas de tensão proporcionais, as quais são dadas por:
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I
U Zc (2.2)
2
onde Zc é a impedância característica da linha.
Fig. 2.8. Linha de transmissão com (a) um cabo guarda e (b) dois cabos-guarda.
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Supondo uma corrente de descarga de 30 kA incidindo sobre um condutor de uma linha com
impedância de surto de 400 , tem-se diferenças de potencial fase-terra de 6000 kV. Tais
tensões ultrapassam os limites de suportabilidade dos isolamentos das linhas, ocasionando
curtos circuitos por formação de descargas através de isoladores ou mesmo a destruição de
isolamentos não regenerativos em equipamentos terminais (ARAÚJO & NEVES, 2005).
Atualmente têm sido utilizados os cabos OPGW (Optical Ground Wire), mostrados na Fig.
2.10, os quais são cabos para-raios que apresentam estrutura composta por camadas de fios de
aço e tubo de alumínio no interior do qual há uma ou mais fibras óticas. As partes metálicas
funcionam como blindagem dos condutores de fase contra as descargas atmosféricas. A parte
ótica é usada para transmissão de sinais de voz, teleproteção, telemedição e telecomando.
São dispositivos ligados em paralelo ao equipamento protegido, entre fase e terra, como é
mostrado na Fig. 2.11. É desejável que eles apresentam as seguintes características:
▪ apresentar impedância muito alta durante as condições normais de serviço, com correntes
de fuga praticamente nulas;
▪ apresentar baixa impedância durante a ocorrência de surtos de tensão, limitando as
sobretensões a valores admissíveis;
▪ dissipar a energia associada ao surto de tensão sem sofrer dano;
▪ retornar às condições de circuito aberto após a passagem do surto, interrompendo a
corrente subsequente de 60 Hz na sua primeira passagem por zero.
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▪ nunca atuar em caso de sobretensão sustentada (longa duração), pois suas propriedades
térmicas não permitem um regime de condução em longa duração.
Como é indicado na Fig. 2,12, apresentam um gap formado por duas hastes entre fase e
terra, com distância definida e com valor de tensão de disrupção inferior ao valor mínimo capaz
de causar dano ao sistema.
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Como mostram a Fig. 2.13 e a Fig. 2.14, são compostos por um resistor não linear (varistor)
em série com vários gaps de material isolante com determinada tensão de ignição (múltiplos
gaps facilitam a extinção da corrente). Tais elementos são colocados em invólucro de porcelana
bem vedado e contendo gás inerte. O funcionamento dos mesmos é descrito a seguir.
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Desenvolvidos mais recentemente (Matsushita Electrical Co., Japão, 1977). Não possuem
gaps, como é mostrado na Fig. 2.16 (tipo usado em média tensão). São compostos por
elemento cerâmico (pastilhas de óxido de zinco com adição de pequenas porções de outros
óxidos metálicos). Usados em sistemas de baixa até extra-alta tensão.
São mostrados na Fig. 2.19 e na Fig. 2.20 para-raios usados em sistemas tensões nominais,
desde baixa até extra-alta tensão.
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Fig. 2.20. Para-raios usados em sistemas de diferentes tensões nominais (média a extra alta tensão).
Define-se tensão nominal de um para raios como a máxima tensão na frequência industrial
em que ainda é possível evitar a condução para a terra da corrente normal do sistema,
imediatamente após a condução para a terra de uma corrente causada por um surto de tensão.
É importante observar que, na frequência industrial, o para raios pode ser submetido a um
valor de tensão superior a sua tensão nominal sem que haja condução para a terra através
dele. O valor máximo para que isso ocorra é denominado tensão disruptiva na frequência
industrial. Assim, em um tempo prolongado, o máximo valor de tensão na frequência industrial
a qual um para raios é submetido não pode exceder a sua tensão nominal; se isso ocorrer,
poderá ocorrer queima por ultrapassagem do limite térmico.
Define-se tensão de reseal de um para raios como a máxima tensão de surto para a qual o
para raios pode interromper a corrente subsequente. Assim, se o para raios conduzir devido a
um surto de tensão, além de interromper a corrente de surto, ele também deve ser capaz de
interromper a corrente subsequente.
A tensão nominal de um para raio deve ser especificada de acordo com a forma de
aterramento do neutro; assim, tem-se:
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▪ Sistemas com neutro isolado – São utilizados para raios com tensão nominal igual a 105% da
tensão fase-fase, pois a tensão fase-terra pode alcançar a tensão fase-fase.
▪ Sistemas com neutro solidamente aterrado – São utilizados para raios com tensão nominal
igual a 84% da tensão fase-fase, pois a tensão fase-terra não atinge 80% da tensão fase-fase.
▪ ABN - NBR 5287 (1988) - Para-raios de resistor não linear a carboneto de silício (SiC) para
circuitos de potência de corrente alternada.
▪ ABNT - NBR 5424 (2011) - Guia de aplicação de para-raios de resistor não linear em sistemas
de potência — Procedimento.
5. Coordenação de Isolamento
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Deve ser observado que seria economicamente muito dispendioso construir um sistema
elétrico que suportasse todas as sobretensões possíveis. Deste modo, a escolha dos
isolamentos deve ser realizada de forma que os custos sejam minimizados, assumindo-se
determinada probabilidade de desligamento da linha para cada evento transitório, expressa
como um risco de falha aceitável.
Na Fig. 2.22 é mostrada de forma simplificada a coordenação de isolamento dos
componentes em uma subestação de alta tensão.
Fig. 2.22. Coordenação de isolamento dos componentes em uma subestação de alta tensão.
A norma ABNT- NBR 6936 (1992) - Técnicas de Ensaios Elétricos de Alta Tensão - estabelece
uma onda de tensão padrão para reproduzir em laboratório as tensões impostas pelos raios, a
qual é mostrada na Fig. 2.23.
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NBI ou BIL (do inglês Basic Insulation Level) é o máximo valor de crista da onda padronizada
de impulso atmosférico (1,2 x 50 s ) que pode ser suportado sem que haja falha na isolação. A
Tabela 2.1 fornece valores de NBI adotados pelo IEEEE. Os valores reduzidos referem-se a
sistemas com neutro solidamente aterrado, onde os surtos são mais facilmente dissipados.
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Capítulo III
Sobretensões de Manobra
1. Introdução
▪ testes de campo;
▪ simulações em TNA (Transient Network Analyser);
▪ simulações em computadores digitais.
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Na Fig. 3.1 é mostrado um gerador alimentando um sistema elétrico. Em relação à Fig. 3.2,
são considerados os seguintes eventos:
Fig. 3.2. Interrupção de uma corrente no caso de falta em ponto próximo aos terminais de um disjuntor.
Assim, verificam-se duas etapas nesse processo: a etapa térmica e a etapa dielétrica,
descritas a seguir.
Etapa Térmica
disjuntor (alongamento e/ou divisão do arco, sopro magnético, sopro de ar, etc). Assim, a
condutividade do arco é reduzida e o mesmo é extinto no primeiro instante de passagem da
corrente por zero. Entretanto, devido à condutividade residual associada à inércia térmica do
meio extintor, a corrente não é completamente extinta, persistindo uma pequena corrente
residual entre os contatos do disjuntor, como é mostrado na Fig. 3.3.
Se o mecanismo de extinção do disjuntor conseguir retirar calor a uma taxa maior que o
processo de geração de calor acima descrito, a condutância do meio irá totalmente a zero e a
corrente será definitivamente interrompida. Caso contrário, ocorre reignição do arco causada
por efeito térmico, configurando um processo malsucedido de interrupção de corrente.
Este fenômeno é representado com razoável precisão pelo modelo de Mayr (SINDER, 2007),
cuja formulação é:
dg g u. i
1 (3.1)
dt P0
g - Condutância instantânea ou dinâmica do arco.
- Constante de tempo térmica do arco.
u.i - representa a potência dissipada através do arco.
P0 é a potência retirada do arco pelo meio extintor.
Etapa Dielétrica
Esta etapa é a mais difícil de todo o processo, pois o meio extintor do arco ainda não está
totalmente recomposto e surgem severas solicitações dielétricas impostas pela TRT, como é
mostrado na Fig. 3.1. Assim, a taxa de crescimento da tensão de restabelecimento transitória
(TCTRT), dada por du/dt, passa a determinar o sucesso ou o fracasso do processo de interrupção
da corrente de defeito. Se du/dt for menor que a recomposição da rigidez dielétrica entre os
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No domínio do tempo:
uC' (0) 2
u C (t )
0 0
sen0 t uC (0)cos0t 2 0 U m cost cos0 t (3.6)
Para o estabelecimento das condições iniciais, deve-se considerar que a corrente é limitada
apenas pela impedância da fonte. Como a resistência foi desprezada, a passagem da corrente
por zero (instante inicial da extinção do arco) ocorre quando a tensão da fonte alcança
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praticamente o valor de pico, Um. A tensão inicial no capacitor é igual à tensão no arco formado
entre os contatos do disjuntor, que é desprezível no caso de disjuntores de tensão nominal
elevada. Assim, as condições iniciais são as seguintes: uC(0) 0 e uC’(0) iC(0)/C = 0.
20
u C (t )
02
U m cost cos0t (3.7)
Este tipo de defeito, também denominado defeito quilométrico, impõe solicitações térmicas
e eletromecânicas menos intensas que um defeito próximo, uma vez que a corrente é menor.
Entretanto, o mesmo não ocorre em relação às solicitações dielétricas provenientes da TRT que
surge entre os contatos do disjuntor, após a interrupção da corrente de defeito. Através de
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medições feitas em testes de campo, foi constatado que um defeito ocorrido a alguns quilô-
metros de um disjuntor pode causar maiores solicitações no seu meio extintor que um defeito
mais próximo aos seus terminais. Isto pode ser entendido a partir do circuito da Fig. 3.6.
uC' 1 (0) 2
uC1 (t )
01 01
sen01t uC1 (0) cos01t 2 01 U m cost cos01t (3.11)
uC' 2 (0)
uC 2 (t ) sen02t uC 2 (0)cos02t (3.12)
02
L2
u C 1 (t )
L1 L2
U m cos01t U m 1 cos01t (3.15)
L2
u C 2 (t ) U m cos02 t (3.16)
L1 L2
L2
u (t ) u C1 (t ) uC 2 (t ) U m 1 cos01t
L1 L2
cos01t cos02 t (3.17)
Considerando 01 < 02, são mostradas na Fig. 3.7 as variações de uC1, uC2 e u, sendo
considerados os amortecimentos causados pelos elementos resistivos.
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Chagas – DEE/UFCG
Até agora, somente foram considerados circuitos monofásicos equivalentes. Nos circuitos
trifásicos, em regime normal, as correntes se acham defasadas de 120o. Considerando a Fig.
3.9, a interrupção da corrente Ia ocorre na sua passagem por zero. Nesse instante, as correntes
Ib e Ic apresentam valores não nulos, as quais se mantêm através de arcos durante algum
tempo, o que provoca desequilíbrio momentâneo no circuito. Isto faz com que a TRT no
disjuntor da fase a e a tensão de 60 Hz pós-falta apresentem valores superiores às tensões fase-
neutro nas fases b e c.
Além disso:
Ub Uc
I (3.19)
2Z
Substituindo (3.19) em (3.18), resulta:
Ub Uc
U Ua (3.20)
2
Ainda mais:
U a Ub Uc 0 (3.21)
Ub Uc U
a (3.22)
2 2
Substituindo (3.22) em (3.20), resulta:
U 1,5U a (3.23)
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Chagas – DEE/UFCG
Fig. 3.10. Forma de onda típica da TRT e diferentes taxas de crescimento da tensão (TCTR).
Em relação à TCTRT, são adotadas quatro definições, de acordo com as retas tracejadas da
Fig. 3.10, como é explicado a seguir.
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Chagas – DEE/UFCG
Fig. 3.11. Circuito associado à interrupção de pequena corrente indutiva (chopping current).
L
2
WCm CU Cm CU 02 Lm I 02 U Cm U 02 m I 02 (3.25)
C
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Chagas – DEE/UFCG
As sobretensões são menores que no caso de não haver reignição, pois estas permitem
retorno de parte da energia para o resto do circuito, amortecendo as oscilações.
Exemplo: Para um transformador de 1 MVA, 13,8 kV, a corrente de magnetização típica é
3,5%; assim, tem-se:
3,5 1000
Im x 1,5 A ( RMS )
100 3 x13,8
U 138000 / 3
Lm 14 H
ωI 377 x1,5
Assumindo um fator de forma de 1,7 para a corrente, tem-se o seguinte valor de pico:
I 0 1,7 x 1,5 2,5 A
Lm 2 14
U Cm U 02 I 0 02 9
x 2,52 132287,6
C 5 x10
Na prática, esse valor não é alcançado, devido às perdas ôhmicas. Além disso, apenas uma
fração da energia armazenada no núcleo magnético é liberada, devido às perdas causadas pelo
efeito de histerese.
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Chagas – DEE/UFCG
É mostrado na Fig. 3.14 que, antes da abertura do disjuntor, i acha-se adiantada de 900 em
relação a u, pois predomina o efeito capacitivo. Como a interrupção ocorre no instante em que
i = 0, a tensão nos terminais de C se mantém constante e igual ao valor de pico de da tensão da
fonte, Um. Assim, a tensão nos contatos do disjuntor, uD = u – uC, pode alcançar 2 Um.
36
Chagas – DEE/UFCG
Após a extinção do arco, se a velocidade de afastamento dos contatos não for suficiente-
mente elevada, poderá haver reignição para uD = 2 Um, ocorrendo um transitório de alta
frequência quando a tensão da fonte acha-se no valor de pico, como é mostrado na Fig. 3.15.
Fig. 3.15. Formas de ondas relacionadas à interrupção de correntes capacitivas, com reignição do arco.
Isto pode ser explicado pelo seguinte equacionamento do circuito da Fig. 3.12:
di
L u C U m cos t (3.26)
dt
du C
i C (3.27)
dt
Combinando (3.26) e (3.27), obtém-se:
d 2uC
2
u C U m cos t (3.28)
dt
A fonte oscila em 60 Hz e a oscilação relacionada ao processo transitório é da ordem de kHz,
com forte amortecimento; assim, é permitido fazer a seguinte aproximação:
d 2 uC
2
uC U m (3.29)
dt
As condições iniciais são: uC (0) U m , uC' (0) i (0) / C 0 .
Para esta finalidade, são utilizados descarregadores de surtos (para-raios de ZnO), estudados
no capítulo anterior. Porém, outras técnicas são empregadas, as quais fazem uso dos seguintes
procedimentos ou dispositivos: seccionamento da linha, chaveamento controlado, resistores de
pré-inserção, circuitos ressonantes e outras.
Seccionamento da linha
Chaveamento controlado
Fig. 3.16. Instantes ótimos para energização de linhas de transmissão (CARDOSO, 2009).
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Chagas – DEE/UFCG
Resistores de pré-inserção
Circuitos Ressonantes
Este método consiste na utilização de circuitos como o mostrado na Fig. 3.18, no qual a
frequência de ressonância da associação LC é sintonizada em 60 Hz, de modo que o resistor R
não seja percorrido por corrente em condições normais de funcionamento. Entretanto, durante
a ocorrência de uma falta, as oscilações transitórias decorrentes são amortecidas pelo resistor.
Este método tem como desvantagem o fato de requerer emprego de indutores e capacitores
de grande porte.
39
Chagas – DEE/UFCG
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Chagas – DEE/UFCG
Capítulo IV
Sobretensões Sustentadas
1. Introdução
Para entender o problema das sobretensões sustentadas, três casos são inicialmente
analisados em um sistema elétrico: neutro isolado da terra, neutro solidamente aterrado e
neutro aterrado através de impedância.
Para o sistema da Fig. 4.1 é mostrado o diagrama fasorial correspondente ao regime normal
de funcionamento: As correntes de defeito fase-terra apresentam valores desprezíveis e são
limitadas pelas capacitâncias fase-terra. O neutro se acha no mesmo potencial da terra.
Na Fig. 4.2 é ilustrado um caso de defeito fase-terra. Observa-se o deslocamento dos
potenciais das fases sãs em relação à terra, sendo estes aumentados pelo fator √3. Nesses
sistemas é difícil a detecção e localização do defeito, não sendo aplicáveis os relés de terra.
Para esses sistemas, os para-raios são especificados com 105% da tensão nominal da linha.
41
Chagas – DEE/UFCG
Fig. 4.1. Sistema com neutro isolado e diagrama fasorial de tensões e correntes fase-neutro.
Fig. 4.2. Deslocamento dos potenciais do neutro e das fases sãs em um sistema com neutro isolado
durante a ocorrência de um defeito fase-terra.
Nos sistemas com neutro isolado há um fenômeno denominado falta intermitente (em
inglês, arcing fault ou arcing ground), qual pode ser explicado de modo simplificado através dos
diagramas fasoriais da Fig. 4.3, relacionados à sequência de eventos a seguir.
c. Após meio ciclo de tensão, as tensões se apresentam defasadas de 180°. O potencial da fase
a aumenta de 0 até cerca de 2 Uan, fazendo com que o arco restabeleça a conexão fase a –
terra. O potencial desta fase tende a cair subitamente para o potencial da terra. Devido à
indutância em série do circuito, há uma oscilação entre + 2 Uan e -2 Uan, com frequência de
20 a 100 vezes 60 Hz. Ocorre uma série de oscilações transitórias devido às múltiplas
reignições do arco, com tensões de elevados valores de pico e possíveis danos ao sistema.
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Chagas – DEE/UFCG
Também não ocorrem as faltas intermitentes. Assim, os sistemas sejam projetados com
isolamentos mais econômicos. Ao contrário dos sistemas com neutro isolado, não ocorrem
sobretensões sustentadas em caso de defeito fase-terra. Para esses sistemas, os para-raios são
especificados com tensão nominal de 84% da tensão nominal da linha.
Fig. 4.5. Circuitos de Thévenin de sequência positiva, negativa e zero de um sistema com neutro aterrado
através de impedância.
Z Z 1 Z2 Z0 (4.1)
U
Ia0 (4.2)
Z
Z 2 Z0
U a1 U (4.3)
Z
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Chagas – DEE/UFCG
Z2
U a 2 Z2 I a 0 U (4.4)
Z
Z2
U a 0 Z0 I a 0 U (4.5)
Z
Considerando o operador de Fortescue, a = 1 e j 120° = 1 120°, tem-se pela teoria das
componentes simétricas (STEVENSON, 1974):
U b a 2 U a1 a U a 2 U a 0 (4.6)
U c a U a1 a 2 U a 2 U a 0 (4.7)
Uc 1 Z 0 / Z1
a (4.9)
U 2 Z 0 / Z1
Ademais, são feitas as seguintes simplificações: R0 = R1 = R2 = 0; assim:
Z0 j X 0 , Z1 j X1 , Z 2 j X 2 (4.10)
1 X 0 / X1
U b, pu a 2 (4.11)
2 X 0 / X1
1 X 0 / X1
U c, pu a (4.12)
2 X 0 / X1
Analisando (4.11) e (4.12), constata-se que se X0 / X1 = 1, então Ub,pu = Uc,pu = 1. Isto implica
que não há sobretensões nas fases sãs.
Entretanto, se o neutro for isolado ou aterrado por alta impedância, tem-se X0 / X1 >> 2 e,
então, Ub,pu = Uc,pu √3. Isso corresponde ao máximo valor de sobretensão sustentada
decorrente de um defeito fase-terra.
É mostrado na Fig. 4.6 o modo de variação das tensões nas fases sãs, Ub,pu e Uc,pu, em função
de X0 / X1, para R1 = R2 = 0.
Coeficiente de Aterramento
Com base em (4.11) e (4.12), há curvas que fornecem os coeficientes de aterramento para
sistemas com neutro aterrado por impedância, como as mostradas na Fig. 4.7, em que é
suposto R1 = R2 = 0. Há gráficos semelhantes para R1 = R2 = 0,1 X1, R1 = R2 = 0,2 X1,, etc. Essas
curvas são usadas na seleção de para-raios.
Num sistema efetivamente aterrado o neutro é ligado à terra por uma impedância de valor
tal que o coeficiente de aterramento não exceda 80%; assim:
46
Chagas – DEE/UFCG
As sobretensões nas fases sãs não ultrapassa 40%. Nesses sistemas, tem-se
aproximadamente: R0/X1 ≤ 1 e X0/X1 ≤ 3; assim, são feitas as observações a seguir.
▪ Nessa categoria também podem estar incluídos sistemas onde há resistências ou reatâncias
ligadas entre neutro e terra.
▪ Os para-raios podem ser especificados para 84% da tensão fase-fase.
▪ As correntes de defeito fase-terra têm valores apreciáveis, sensibilizando a proteção de
sobrecorrente (fusíveis ou relés).
▪ As correntes de defeito fase-terra próximos aos pontos de aterramento podem atingir
valores superiores às correntes de defeito trifásico.
Esses sistemas apresentam R0/X1 > 1 e X0/X1 > 3, de modo que o coeficiente de aterramento
é maior que 80%; neles, pode-se afirmar que:
Os geradores nunca operam com neutro solidamente aterrado. O neutro é aterrado por
resistor, reator, transformador de distribuição com resistor no secundário ou bobina de
Petersen.
Nos sistemas de transmissão e de distribuição aéreos, os transformadores operam com o
neutro solidamente aterrado. Em subestações industriais, o neutro é solidamente aterrado
quando a tensão nominal do secundário é baixa. Em sistemas com tensão nominal entre 2,4 a
15 kV, o neutro é aterrado através de resistor.
47
Chagas – DEE/UFCG
Considera-se na Fig. 4.8 um caso de perda súbita de carga num gerador (rejeição de carga).
Para o sistema, pode-se escrever:
U E - R I jX I (4.13)
Fig. 4.8. Caso de perda súbita de carga num gerador (rejeição de carga).
Fig. 4.9. Diagramas fasoriais correspondentes a antes e a depois da rejeição de carga (E’ > E, I’ < I).
48
Chagas – DEE/UFCG
até que os reguladores de velocidade e de tensão atuem. Assim, de acordo com (4.13) e com
a Fig. 4.9, como a tensão E aumenta, haverá aumento de U.
▪ Com a saída da carga, a corrente diminui. Assim, a queda de tensão através das impedâncias
se reduzirá, contribuindo também para o aumento de U, como pode ser visto na Fig. 4.9.
4. Efeito Ferranti
A seguir, é mostrada na Fig. 4.10 e nos diagramas fasoriais da Fig. 4.11, Fig. 4.12 e Fig. 4.13 a
influência da capacitância em derivação e do carregamento da linha na queda de tensão
através da mesma. Considera-se a tensão no receptor (UR) fixa.
Fig. 4.11. Diagrama fasorial com S fechada – Linha muito carregada - UR << US.
49
Chagas – DEE/UFCG
Fig. 4.12. Diagrama fasorial com S fechada – Linha pouco carregada - UR > US.
Fig. 4.13. Diagrama fasorial com S aberta – Receptor em vazio - UR >> US.
Observando os diagramas fasoriais, verifica-se que quanto menos carregada estiver a linha,
maior será o aumento de tensão no sentido fonte-carga.
Outra análise do efeito Ferranti é feita a partir das equações de onda, considerando a linha
de transmissão mostrada na Fig. 4.14, cujos parâmetros por unidade de comprimento são:
Assim, tem-se:
z r j l (4.14)
y g j c (4.15)
As equações que descrevem a propagação das ondas de tensão e de corrente na linha são as
seguintes (STEVENSON, 1974):
50
Chagas – DEE/UFCG
d 2U
y zU (4.16)
dx 2
d 2I
yzI (4.17)
dx 2
As soluções dessas equações correspondem às expressões a seguir:
U U R cosh x Z c I R senh x (4.18)
UR
I I R cosh x senh x (4.19)
Zc
z r j l
Zc (4.20)
y g j c
z y j (4.21)
UR
I I R cos x sen x (4.23)
Zc
Zc lc (4.24)
j j l c (4.25)
51
Chagas – DEE/UFCG
2 2
(4.30)
c/ f
Em linhas de 230 kV a 1100 kV, varia pouco (0,00127 a 0,00130 rad/km); assim:
U cos 0,00126 ( a y )
US cos 0,00126 a
O perfil de tensões ao longo de uma linha de 600 km com receptor em aberto é mostrado na
Fig. 4.15, no qual a tensão alcança 1,37 pu (valor muito alto). Linhas com esse comprimento só
podem operar com compensação (reatores shunt e/ou capacitores série).
Fig. 4.15. Perfil de tensão ao longo de uma linha sem perdas de 600 km de comprimento.
O comprimento de onda em 60 Hz é:
c / f 300000/ 60 5000 km
Uma linha de comprimento a = /4 = 1250 km com o receptor aberto apresentaria
sobretensões tendendo a infinito. Exemplo: para a = 1246 km:
5. Ferroressonância
Fig. 4.16. Circuito com indutor saturável Fig. 4.17. Diagrama fasorial do circuito da Fig. 4.17.
53
Chagas – DEE/UFCG
Com base nesta equação, pode-se construir o gráfico da Fig. 4.18, onde é mostrado o ponto
de operação inicial, P1. Este ponto corresponde à intersecção da reta descrita por (4.31),com a
curva de magnetização do indutor, para uma tensão da fonte U = U 1.
Neste ponto de operação estável, o circuito assume um comportamento indutivo (UL > UC).
Se houver aumento de U ou redução da frequência ou da capacitância C, o ponto de
trabalho tende a se deslocar para cima. Porém, como P1 acha-se próximo ao joelho da
característica do indutor, pode ocorrer que as duas curvas não se interceptem no primeiro
quadrante. De acordo com a Fig. 4.19 e com a Fig. 4.20, o novo ponto de operação passa a ser
P3, situado no terceiro quadrante. Pode-se observar que ocorre grande aumento nos valores
das tensões, corrente e fluxo. Como o ponto P3 se situa numa região de intenso grau de
saturação, as grandezas apresentam caráter acentuadamente não senoidal.
Fig. 4.18. Condição de operação estável de um circuito RLC em série não linear.
Fig. 4.21. Circuito RLC não linear. Fig. 4.22. Curvas tensão-corrente do circuito da Fig. 4.22.
▪ Modo quase periódico. Esse modo de oscilação não tem periodicidade, como é mostrado na
Fig. 4.26. O espectro é descontínuo e apresenta frequências que podem ser expressas
segundo a forma n f1+ m f2, sendo n e m inteiros e f1 / f2 um número irracional.
▪ Modo caótico. Neste caso, o comportamento do sinal não é periódico, mas irregular e
imprevisível. O espectro de frequências é contínuo, como é mostrado na Fig. 4.27.
Transformadores de Distribuição
Transformadores de Potencial
Fig. 4.30. Ferroressonância causada por capacitância entre duas linhas e indutância de TPI.
A linha A possui maior tensão nominal que a linha B. Esta última acha-se desligada e tem
conectado no seu início um TPI. Pode ocorrer uma interação entre a capacitância distribuída
entre as duas linhas e a indutância saturável do TPI, ocorrendo ferroressonância.
Pode também ocorrer ferroressonância em circuitos de média e alta tensão sem conexão do
neutro para a terra, como é mostrado na Fig. 4.31. Quando ocorre um defeito no lado de alta
tensão, o potencial do neutro se eleva. Assim, o efeito capacitivo entre os enrolamentos causa
uma sobretensão no lado de média tensão, a qual ocasiona a ferroressonância.
Fig. 4.31. Ferroressonância causada por acoplamento capacitivo entre circuitos de alta e média tensão.
▪ Danos a equipamentos em geral por elevação excessiva dos níveis de tensão e de corrente.
▪ Elevado sobreaquecimento e ruído no transformador em face do aumento de fluxo
magnético no núcleo e circulação excessiva de correntes parasitas.
▪ Deterioração da qualidade de energia ocasionada pela distorção das formas de onda de
tensão e de corrente, com surgimento de harmônicos e de sub-harmônicos.
▪ Destruição de descarregadores de surto (para-raios) em face da ultrapassagem de seus
limites de suportabilidade às solicitações térmicas.
▪ Perda de coodenação e atuação indevida de dispositivos de proteção, em alguns casos.
▪ Flutuação de tensão nas unidades consumidoras, causando cintilação em pontos de
iluminação (flicker).
60
Chagas – DEE/UFCG
▪ Estabelecimento de condições para que a energia fornecida pela fonte não seja suficiente
para manter o fenômeno, introduzindo perdas para reduzir seus efeitos. Isso pode ser feito
pela inserção de resistência de amortecimento no circuito.
▪ No caso dos transformadores de potencial indutivos, uma maneira comum de eliminar a
ferrorressonância é inserir resistências de amortecimento da forma indicada na Fig. 4.34.
61
Chagas – DEE/UFCG
3 3U 22
R (4.32)
Pe
PR
3U
2
2
(4.33)
R
di
L R i u1 u 2 u (4.34)
dt
di1
L1 R1 i1 u3 u 2 (4.35)
dt
du 2
C2 i i1 (4.36)
dt
u3
i1 im (4.37)
Rp
dim
Lm u3 (4.38)
dt
di2
L2 R2 i2 u3 (4.39)
dt
du1
C1 i (4.40)
dt
f im (4.41)
ik ik 1
L R ik u1,k u 2,k u k 0 (4.42)
h
i1,k i1,k 1
L1 R1 i1,k u 2,k u3,k 0 (4.43)
h
u 2 ,k u 2 ,k 1
C2 i1,k ik 0 (4.44)
h
u3,k
i1,k im,k 0 (4.45)
R p ,k
im ,k im ,k 1
Lm u 3,k 0 (4.46)
h
i2 ,k i2,k 1
L2 R2 i 2 , k u 3 , k 0 (4.47)
h
u1,k u1,k 1
C1 ik 0 (4.48)
h
k f i m , k 0 (4.49)
Esse sistema não linear pode ser resolvido pelo método de Newton-Raphson, considerando-
se um degrau de tempo h = 1 s.
Dados do Sistema
2300002
Z 3,3 Ω
16 x109
64
Chagas – DEE/UFCG
Rp
230000/ 3
2
R p 157 M Ω
112,06
A característica de magnetização considerada para o TPI é a curva de saturação mostrada na
Fig. 4.37, a qual fornece o fluxo de enlace no enrolamento primário em função da corrente de
excitação, em valores de pico. A curva de saturação é aproximada pelo método de linearização
por partes, sendo usadas coordenadas (im, ) de uma sequência de pontos levantados
experimentalmente, com valores de im crescentes ou decrescentes. Assim, as coordenadas de
um ponto situado entre dois pontos consecutivos fornecidos são determinadas através de
rotina de busca em tabela ordenada (PRESS et al., 1986), empregando-se também o método de
interpolação linear. Os pontos da referida curva são fornecidos na Tabela 4.1.
Foi considerada no enrolamento secundário do TPI a carga P75, de 75 VA, padronizada pela
ABNT (NBR 6855 – ABNT, 2009). A mesma possui resistência de 163,2 e indutância de 0,268
H. Refletindo-se esses valores para o primário:
R2 1200 2 x 163,2 R2 235 MΩ
1000.00
800.00
400.00
200.00
0.00
66
Chagas – DEE/UFCG
400.00
200.00
Tensão ( kV )
0.00
-200.00
-400.00
67
Chagas – DEE/UFCG
800.00
400.00
Tensão ( kV )
0.00
-400.00
-800.00
8.00
4.00
Corrente ( A )
0.00
-4.00
-8.00
68
Chagas – DEE/UFCG
1000.00
500.00
0.00
-500.00
-1000.00
6. Ressonância
Há ressonância quando circuitos que contêm capacitâncias e indutâncias são excitados por
tensões de frequência próxima ou igual à sua frequência natural de oscilação, 0 = 1/(LC) (L
e C são os parâmetros equivalentes do sistema). Isto não é comum nos circuitos aéreos de
distribuição e transmissão, pois 0 >> 377 rad/s (frequência angular da rede).
Em sistemas industriais, a presença de cargas não lineares causa o surgimento de harmô-
nicos. Fenômenos de ressonância em frequência harmônica podem ocorrer, principalmente
devido à presença de capacitâncias de cabos isolados e aplicação indevida de capacitores para
correção do fator de potência. A utilização de filtros de harmônicos, além de outras medidas,
pode resolver o problema.
A ressonância também pode ocorrer entre linhas paralelas de alta e extra-alta tensão
compensadas por reatores em derivação, em face do acoplamento capacitivo existente entre as
mesmas. Quando uma delas é aberta em ambos os extremos, a tensão nela induzida pode
alcançar altos valores. O mesmo fenômeno pode ocorrer em uma fase aberta de linhas onde o
religamento monopolar é praticado.
69
Chagas – DEE/UFCG
Tabela 4.2. Pontos de conexão em tensão nominal igual ou superior a 230 kV.
Tabela 4.3. Pontos de conexão em tensão nominal igual ou superior a 69 kV e inferior a 230 kV.
70
Chagas – DEE/UFCG
71
Chagas – DEE/UFCG
Capítulo V
1. Introdução
Além do que foi citado nos capítulos anteriores, existem vários outros distúrbios de tensão
que afetam o funcionamento das redes elétricas, notadamente as de baixa tensão. Os
principais distúrbios são listados a seguir.
72
Chagas – DEE/UFCG
A ANEEL, através da Resolução 505 (citada no item anterior) define elevações momentâneas
de tensão (voltage swells) como eventos em que o valor eficaz da tensão do sistema se eleva
momentaneamente para valores acima de 110% da tensão nominal de operação, durante
intervalo inferior a 3 s, como é mostrado na Fig. 5.2. Os swells são menos comuns que os sags.
Essas elevações podem ser causadas por perda ou súbita mudanças da referência de terra,
interrupções ou queda no consumo de corrente por cargas indutivas e manobra de grandes
bancos de capacitores. Os efeitos podem ser mais destrutivos que os produzidos pelos sags,
podendo ocorrer degradação ou queima dos componentes de equipamentos eletrônicos, ou
também queima de descarregadores de surtos aplicados sem a devida tolerância em relação às
sobretensões.
73
Chagas – DEE/UFCG
Na redução dos efeitos dos sags e swells, são utilizados estabilizadores de tensão, no-breaks
e restauradores de tensão dinâmicos de diversos tipos, alguns baseados no uso de técnicas e de
processadores digital de sinais (DSPs).
4. Desequilíbrios de Tensão
São variações desiguais em amplitude e/ou fase das tensões trifásicas. Na transmissão, a
causa mais importante de desequilíbrios está relacionada com a distribuição das fases ao longo
de grandes trechos das linhas com irregularidades na sua transposição. Na distribuição, têm
como causa a conexão desbalanceada de cargas monofásicas ou bifásicas em sistemas
trifásicos. Cargas trifásicas não lineares de grande porte também podem produzir desequilíbrio,
como os fornos a arco elétrico. Tensões desequilibradas podem também ser resultados da
queima de fusíveis em uma fase de um banco de capacitores trifásicos, ocasionando injeção de
diferentes potências reativas nas fases.
A alimentação trifásica desequilibrada se manifesta principalmente no mau aproveitamento
da potência disponibilizada nos processos de conversão eletromecânica, bem como na
operação inadequada de equipamentos. Desequilíbrios acentuados podem comprometer
drasticamente desempenho operacional de muitos equipamentos, podendo ocorrer danos
progressivos ou imediatos. Nos motores trifásicos, ocorre o aparecimento de correntes de
sequência negativa adicionais circulando no rotor, aumentando as perdas devido ao aumento
da temperatura.
No caso dos retificadores, quando estes operam em condições equilibradas, correntes
harmônicas características (de ordem 5, 7, 11, 13,...). Entretanto, quando o sistema
alimentador acha-se desequilibrado, os retificadores também passam a gerar harmônicas
triplas (3, 9, 15,...), as quais possibilitam manifestação de ressonâncias não previstas, causando
danos a uma série de equipamentos.
Segundo a ANEEL - PRODIST - Módulo 8 (2014) que trata dos procedimentos de distribuição
de energia elétrica no sistema elétrico nacional, o desequilíbrio de tensão é analisado com base
no fator de desequilíbrio, FD%, calculado por:
U2
F D% 100 x (5.1)
U1
74
Chagas – DEE/UFCG
5. Picos de Tensão
Os spikes são picos de tensão superpostos à onda senoidal da rede, como é mostrado na Fig.
5.3. Estas variações rápidas do sinal elétrico podem ser causadas pela energização de motores
elétricos, transformadores, acionamento de interruptores de luz e ferramentas elétricas. Em
casos mais graves (maiores valores de pico), elas são provocadas por descargas atmosféricas,
chaveamento de grandes cargas e curtos-circuitos na rede. Neste caso, há risco de danos nos
equipamentos, principalmente os eletrônicos.
400.00
200.00
TENSÃO ( V )
0.00
-200.00
-400.00
Na mitigação dos efeitos desses distúrbios são usados supressores de surto (varistores) e
aparelhos diversos para condicionamento de sinais, como circuitos RC.
6. Recortes de Tensão
75
Chagas – DEE/UFCG
A comutação ocorre quando um SCR de uma fase entra em condução (ligado) e um SCR em
outra fase entra em bloqueio (desligado). Devido à indutância do circuito alimentador, a
transferência de corrente de um tiristor em uma fase para o próximo em outra fase não é
instantânea. Neste processo, há um período de sobreposição (ou comutação) durante o qual os
dois dispositivos estão conduzindo simultaneamente. Durante a comutação, um curto-circuito é
criado entre as duas fases, o que causa aumento da corrente e queda da tensão. A redução na
tensão é definida como um notch de linha. O curto-circuito é interrompido pela corrente
reversa no dispositivo que entra em bloqueio. Os efeitos sobre as tensões fase-neutro e fase-
fase são mostrados na Fig. 5.5.
76
Chagas – DEE/UFCG
Para eliminar ou reduzir os notches de tensão é necessário que a fonte de comutação seja
isolada de outros equipamentos sensíveis que usam o mesmo sistema de distribuição. Isso
pode ser feito através do uso de transformadores de isolamento.
Os métodos de redução dos notches constituem matéria do curso de Eletrônica de Potência.
7. Flutuações de Tensão
▪ cargas não lineares em equipamentos a arco, como fornos industriais e máquinas de solda;
▪ cargas intermitentes em eixos de motores de baixa rotação, como os de moedores de
rochas, bombas, compressores e máquinas de lavar roupa, que provocam aumentos e
diminuições cíclicas e relativamente lentas na corrente da rede;
▪ laminadores usados em indústrias;
▪ equipamentos usados em ferrovias.
400.00
200.00
TENSÃO ( V )
0.00
-200.00
-400.00
Fig. 5.6. Sub-harmônica de amplitude 5 V, 10 Hz, superposta a uma tensão de 220 V (RMS), 60 Hz.
Na Fig. 5.7 são mostradas as variações aleatórias no valor eficaz da tensão causadas pela operação
de um forno a arco, as quais denotam a presença de harmônicas, sub-harmônicas e inter-harmônicas.
77
Chagas – DEE/UFCG
Fig. 5.7. Variações aleatórias no valor eficaz da tensão causadas pela operação de um forno a arco.
78
Chagas – DEE/UFCG
8. Ruídos Elétricos
400.00
200.00
TENSÃO ( V )
0.00
-200.00
-400.00
Fig. 5.8. Ruído com amplitude de 10 V, 4,5 kHz superposto a uma tensão de 220 V, 60 Hz.
79
Chagas – DEE/UFCG
Capítulo VI
1. Introdução
U S U S (6.2)
U S U R ( R jX ) I (6.3)
Fig. 6.1. Alimentador monofásico de resistência R e reatância L em série suprindo uma carga.
Ainda no diagrama fasorial da Fig. 6.2, pode-se desprezar a parte imaginária de US, de modo
que U U’; assim:
U U S - U R I ( R cos X sen (6.6)
RP X Q
U (6.8)
UR
Essa expressão mostra que a queda de tensão através da linha não depende apenas da
potência ativa absorvida pela carga, mas também da potência reativa transmitida. Linhas com
tensões nominais elevadas apresentam X >> R, de modo que termo XQ de (6.8) tende a ser
cada vez mais significativo.
A conclusão a que se chega é a seguinte: o transporte de potência reativa através da linha
exerce drástica influência sobre a queda de tensão através da mesma. Caso a carga requeira
potência reativa, o ideal é que ela seja fornecida no local da instalação, e não transportada a
partir de um terminal remoto.
Regulação de tensão de um alimentador é definida pela seguinte expressão:
U RO U RL
R% x 100 (6.9)
U RL
URO - Tensão no extremo emissor com o extremo receptor em aberto.
URL - Tensão no extremo emissor com o extremo receptor em plena carga, com fator de
potência especificado.
No caso de cargas distribuídas ao longo do alimentador, os métodos de cálculo são mais
elaborados. Tal assunto é matéria dos cursos de Análise de Sistemas Elétricos e de Distribuição
de Energia Elétrica. Um bom tratamento dedicado ao tema é proporcionado por SOUZA (1997)
e KUNDUR (1993).
A matéria subsequente trata dos métodos adotados para se efetivar o controle de tensão
nas redes elétricas, no sentido de manter a tensão nos limites especificados pelas agências
reguladoras dos serviços de fornecimento de energia.
81
Chagas – DEE/UFCG
Entretanto, existem dispositivos que são comumente empregados com o intuito de reduzir
as quedas de tensão, os quais são listados a seguir.
▪ Capacitores.
▪ Auto-boosters.
▪ Reguladores de tensão.
Considerações Gerais
82
Chagas – DEE/UFCG
83
Chagas – DEE/UFCG
Quando a rede opera em regime não senoidal, o conceito do fator de potência é mais
abrangente, pois devem ser consideradas a influência das distorções das formas de onda das
tensões e corrente. Assim, o fator de potência sofre uma queda tanto maior quanto maior for a
taxa de distorção harmônica das grandezas elétricas na rede.
Capacitores em Derivação
A forma de correção de fator de potência mais utilizada é mostrada na Fig. 6.3, na qual é
mostrada uma linha alimentando uma carga, além de um banco de capacitores em derivação.
84
Chagas – DEE/UFCG
Fig. 6.5. Triângulos de potências antes (S, P, Q) e após a correção (S’, P, Q’).
A potência ativa P permanece constante. A potência reativa cai de Q para Q’, de modo que a
potência reativa e a capacitância do banco de capacitores são dadas por:
QC Q Q ' P tan - tan ' (6.12)
U N2
QC C U N2 (6.13)
XC
QC
C (6.14)
2 f U N2
As grandezas f e UN são, respectivamente, a frequência e a tensão nominal do sistema.
A principal vantagem do uso de capacitores em derivação são o baixo custo e a flexibilidade
de instalação e operação, podendo ser aplicados em diversos pontos do sistema. A principal
desvantagem é o fato de que a potência reativa a eles associada, QC, é proporcional ao
quadrado da tensão, como é mostrado em (6.13). Assim, em caso de tensão baixa, a potência
reativa é reduzida a baixos valores quando deveria ser maior.
85
Chagas – DEE/UFCG
Vários fatores determinam a localização dos capacitores, podendo ser citados o tipo e
comprimento dos circuitos, tipos de motores, assim como variação e distribuição das cargas.
Assim, os bancos de capacitores podem ser instalados da seguinte forma:
▪ no primário do transformador;
▪ no secundário do transformador;
▪ no quadro de distribuição das cargas;
▪ junto às cargas.
O ideal é que os capacitores sejam localizados o mais próximo possível das cargas, ou nas
extremidades dos circuitos, de modo a reduzir as perdas ôhmicas, melhorar os níveis de tensão
nas cargas e melhorar o nível de aproveitamento da capacidade dos transformadores.
Entretanto, a dispersão das unidades capacitivas requer maior custo de instalação, em face da
necessidade de quadros de instalação e equipamentos de proteção e manobra. Essa
observação indica a necessidade de observação da relação custo-benefício pretendida.
Em circuitos trifásicos, os capacitores podem ser ligados em delta ou em estrela (aterrada ou
não). Recomendações e detalhes acerca de formas de ligação, de dimensionamento e de
proteção de bancos de capacitores em derivação são fornecidos em MAMEDE FILHO (2005).
Capacitores em Série
A instalação de capacitores em série com a carga, como ilustra a Fig. 6.6, também causa
aumento do fator de potência. Isto se explica pelo fato de que a instalação tem parte de sua
reatância indutiva cancelada, aproximando-se de um circuito em condição de ressonância.
86
Chagas – DEE/UFCG
Na Fig. 6.7(b), como o fasor -jXC I acha-se em oposição a jX I, o capacitor funciona como um
regulador de tensão, pois produz uma redução na queda de tensão quando a carga aumenta.
Isto fica claro ao lembrar que a potência reativa gerada pelo capacitor é dada por XC I2.
87
Chagas – DEE/UFCG
Supondo o banco ligado em estrela, a capacitância equivalente por fase é dada por:
QC / 3 89,3/3
C 1,6 mF
2 f U N 2 x 60 x 220 2
2
Neste caso, S’’ = S = 250 kVA, pois o transformador volta a operar a plena carga. Para o
triângulo maior, tem-se:
( P PA ) 2 (Q' QA ) 2 S 2 (212,5 PA ) 2 (43,2 PA tan 31,8 o ) 2 2502
PA = 29,8 kW
É importante observar que, mesmo com a instalação da nova carga, o fator de potência
continua maior que 0,92, ou seja:
P PA 212,5 29,8
cos" 0,97
S 250
Esse circuito é composto pela associação em série do resistor e indutor indicados, além de
um relé regulador automático de tensão (conhecido como relé de regulação de tensão ou relé
90), que monitora a tensão do secundário do transformador e comanda as operações de
comutação de tape como é desejado. A tensão aplicada ao relé, U, é igual à tensão no
secundário do TP (proporcional é tensão no início do alimentador) mais a queda de tensão na
associação em série RX (U´, que é proporcional à queda de tensão na linha), ou seja:
UP U I
U U' P Z P (6.15)
KP KP KC
Os valores da impedância Z no relé são ajustados de modo a corresponder diretamente à
impedância ZL do sistema. Assim, em caso de queda de tensão causada por aumento de carga,
a tensão U varia, o relé 90 compara a tensão de entrada com o valor de ajuste. Caso a diferença
de tensão for maior que certa tolerância, é emitido um sinal de saída para comutação
automática de tape, a qual é realizada por motores que respondem ao comando do relé para
ajustar a tensão dentro de um nível especificado. O sinal na saída do relé é dado por:
90
Chagas – DEE/UFCG
91
Chagas – DEE/UFCG
Reatores em Derivação
Reatores em derivação são usados para compensar o efeito da capacitância distribuída das
linhas que operam em carga leve (efeito Ferranti), produzindo abaixamento da tensão ao longo
da mesma para valores dentro dos limites permissíveis, mediante consumo de reativos. São
usados em linhas aéreas com mais de 200 km de comprimento. No caso de linhas a cabo
isolado, onde a capacitância distribuída é maior, os reatores são usados para linhas bem mais
curtas. Formas de ligação típicas são mostradas na Fig. 6.13.
Fig. 6.13. Formas possíveis de compensação de uma linha por reator em derivação.
(a) Conexão direta; (b) conexão no terciário de transformador.
Linhas de extra-alta tensão com comprimento inferior a 200 km também podem requerer
compensação no caso em que o terminal emissor for de fraca alimentação. De acordo com a
Fig. 6.14, se o disjuntor da barra receptora é aberto, além de ocorrer elevação de tensão na
barra C (efeito Ferranti), também é observado aumento da tensão na barra B. Nesse caso, a
compensação é feita em ambos os terminais, como é mostrado na Fig. 6.15.
Fig. 6.15. Reatores ligados a linha de transmissão com terminal de fonte fraca.
Esses reatores normalmente apresentam núcleo de ferro imerso em óleo com entreferro
não magnético. Podem ser monofásicos ou trifásicos. Alguns possuem enrolamentos providos
de tapes, proporcionando diferentes valores de reatância.
Capacitores em Derivação
Compensadores Síncronos
Na Fig. 6.17 é mostrada uma máquina síncrona ligada a uma barra infinita. Desprezando as
perdas, pode ser escrito para a potência complexa fornecida à barra:
S U I* P j Q (6.17)
93
Chagas – DEE/UFCG
▪ se > 0, então P > 0; assim, a máquina funciona como gerador, fornecendo potência;
▪ se < 0, então P < 0; assim, a máquina funciona como motor, recebendo potência;
▪ se = 0, então P = 0; assim, a máquina funciona com rotor livre.
Da expressão (6.20), vê-se que se for pequeno (caso mais comum na prática), a potência
reativa é pouco sensível a variações de cos . Assim, a principal forma de controlar Q consiste
em variar E, alterando-se a corrente de excitação no enrolamento de campo da máquina.
A conclusão a que se chega é que a máquina síncrona pode ser usada para compensação de
reativos. Para isto, são empregados motores síncronos girando sem carga mecânica no eixo, de
modo a absorverem apenas uma pequena quantidade de potência ativa, necessária para suprir
as perdas internas. Mediante controle da corrente de campo, eles podem absorver ou gerar
reativos. Através de um regulador de tensão, é possível ajustar automaticamente a potência
reativa no sentido de manter a tensão constante no seu ponto de ligação. São geralmente
ligados ao sistema através de enrolamentos terciários de transformadores.
Uma vez que o compensador opera absorvendo uma potência ativa desprezível, a expressão
(6.20) indica que U e E estão aproximadamente em fase e = 0o; assim, pode-se escrever:
E U
Q U (6.21)
X
Conclui-se, pois, que se E > U (máquina superexcitada), há injeção de reativos no sistema.
Se E < U (máquina sub-excitada), o sistema fornece reativos ao motor.
94
Chagas – DEE/UFCG
Além do fluxo de reativos poder se verificar nos dois sentidos, ele pode ser variada de modo
contínuo e suave, ao contrário dos capacitores e indutores em derivação. Outra vantagem é
que a potência reativa absorvida ou gerada não depende da tensão do sistema.
Porém, os compensadores síncronos apresentam as seguintes desvantagens:
Compensadores Estáticos
Existem diversos tipos de compensadores estáticos. Aqui serão vistos dois tipos: o de reator
saturável e o de reator controlado por tiristor (RCT).
O compensador de reator saturável consiste na associação em paralelo de um indutor não
linear com um banco de capacitores, como é mostrado na Fig. 6.19
As características tensão-corrente dos elementos individuais e a característica resultante do
compensador estático são mostradas na Fig. 6.20. Como os elementos se acham em paralelo,
para um mesmo valor de tensão, as correntes que neles circulam se somam. Observa-se que no
primeiro quadrante a característica do compensador é predominantemente indutiva; já no
segundo quadrante, a característica torna-se capacitiva.
95
Chagas – DEE/UFCG
▪ se o ângulo de disparo for 90o, os tiristores conduzem plenamente uma corrente I90 e o
reator controlado tem o comportamento de um reator convencional; assim, predomina o
efeito indutivo na associação LC em paralelo da Fig. 6.21;
▪ se o ângulo de disparo for 180o, os tiristores são bloqueados; logo, a associação LC em
paralelo assume caráter capacitivo;
96
Chagas – DEE/UFCG
▪ entre 90o e 180o, os tiristores ficam em estado de bloqueio durante parte do ciclo,
conduzindo correntes não senoidais em outra parte (por exemplo, I120 e I150).
Fig. 6.21. Compensador estático com reator controlado por tiristor (RCT).
U U TH X TH I (6.22)
U U o X SL I (6.23)
97
Chagas – DEE/UFCG
Fig. 6.24. Circuito de Thévenin de um compensador estático com RCT ligado a uma barra.
98
Chagas – DEE/UFCG
Fig. 6.28. Potência ativa transmitida através de uma linha em função do ângulo de carga, .
Observa-se que a máxima quantidade de potência ativa que teoricamente pode ser
transmitida, PMAX, corresponde ao valor = 90o. Caso a potência mecânica aumentasse além
desse valor, resultaria Pm > P, de modo que o gerador tenderia a acelerar, perdendo
estabilidade. Assim, teoricamente, a máxima potência ativa que a linha pode transmitir é:
U N2
PMAX (6.29)
X
Recomenda-se operar com uma margem de segurança, ou seja, com < 90o. Assim, se =
70o, a linha transmite cerca de 94% de sua capacidade máxima de transporte teórica.
De (6.29), é possível ver que a máxima capacidade de transporte de uma linha aumenta com
o quadrado de sua tensão de operação. Outra constatação é que essa capacidade é
inversamente proporcional à sua reatância indutiva em série. Assim, para uma determinada
tensão nominal, a forma de aumentar a capacidade de transporte de uma linha é instalar
capacitores em série, tal como é mostrado na Fig. 6.29.
100
Chagas – DEE/UFCG
Fig. 6.29. Linha compensada por capacitores em série – (a) no meio de linha; (b) nos extremos.
Fig. 6.30. Linha de transmissão com compensação por capacitor em série ligada a uma barra infinita.
XC
n (6.32)
L ) (C ) XL
101
Chagas – DEE/UFCG
XC
fn f (6.33)
XL
Como XC< XL, a frequência natural de oscilação do sistema é menor que a frequência da
rede, também denominada frequência síncrona, (fn < f ), o que explica a expressão oscilações
subsíncronas.
4. Estabilidade de Tensão
Para se ter uma visão introdutória do problema é considerado o sistema da Fig. 6.31, no qual
se considera a tensão da fonte fixa e a tensão na carga variável. A variação da potência
transmitida é estabelecida através de mudança no valor do módulo da impedância da carga, ZR.
Assim, tem-se:
I 1
(6.37)
I CC Z Z
2
1 2 R cos θ - φ R
ZL ZL
A tensão nos terminais da carga é;
1 ZR
U R ZR I US (6.38)
ZR ZL
2
ZR
1 2 cos θ - φ
ZL ZL
UR 1 ZR
(6.39)
US Z Z ZL
2
1 2 R cos θ - φ R
ZL ZL
103
Chagas – DEE/UFCG
Observa-se que a potência transmitida aumenta rapidamente a partir de zero á medida que
ZR diminui, sendo a taxa de aumento reduzida antes de o valor máximo ser atingido (ZR = ZL). A
condição de funcionamento crítico correspondente à potência máxima representa o limite de
funcionamento satisfatório. Para uma demanda de potência superior, o controle da potência
por variação da carga é instável, ou seja, uma diminuição na impedância da carga reduz a
potência. A tensão cai progressivamente e o sistema começa a tornar-se instável, dependendo
das características da carga. Com uma carga representada por impedância constante, o sistema
estabiliza em níveis de potência e tensão mais baixos que o desejado. Por outro lado, com uma
carga do tipo potência constante, o sistema torna-se instável através do colapso da tensão nos
terminais da carga. Se a carga é alimentada através de transformadores com mudança de
derivação em carga, a ação deverá ser no sentido de tentar aumentar a tensão na carga. Isto
implica na redução de ZR vista do sistema, o que diminui ainda mais UR, levando a um
progressivo abaixamento da tensão. Assim, tem-se uma situação de instabilidade de tensão no
sistema.
104
Chagas – DEE/UFCG
U S2 U S4
UR
2
PX tan
4
PX PX tan U S2 (6.44)
Esta expressão fornece duas soluções para um mesmo valor de potência ativa transmitida,
como pode ser visto nas curvas da Fig. 6.33, traçadas para diferentes valores de cos .
▪ Para certo valor de potência transmitida abaixo do máximo carregamento possível há duas
soluções: uma para tensão mais elevada e corrente baixa, e outra para tensão mais baixa e
corrente elevada. A primeira solução é a aceitável, pois corresponde a valores de tensão
próximos ao valor da tensão nominal do sistema.
▪ Quanto maior for a compensação capacitiva na carga, mais elevada é a capacidade de
transporte da linha. Também é observado que as tensões são mantidas em limites mais
estreitos, ou seja, elas assumem valores próximos do valor da tensão nominal do sistema.
Isso corrobora a afirmação de que é importante suprir a potência reativa no local da carga,
ao invés de transportá-la através da linha.
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107
Chagas – DEE/UFCG
108
Chagas – DEE/UFCG
23. O que é tensão nominal, tensão disruptiva na frequência industrial e tensão de reseal de um
para raios.
24. Em relação à forma de aterramento do neutro, como operam os geradores e os sistemas de
distribuição de concessionárias e os sistemas industriais?
25. O que é fator de aterramento num sistema trifásico?
26. Descreva o que ocorre quando um gerador perde carga subitamente. Qual a forma de
atenuar os efeitos decorrentes?
27. O que é efeito Ferranti? Em que caso o mesmo ocorre de forma mais pronunciada? O que
normalmente é feito para evita-lo?
28. O que é ferroressonância e quais as principais causas e consequências da ferroressonância?
29. Quais as principais formas de prevenção e de mitigação da ferroressonância?
30. Comente acerca da susceptibilidade do fenômeno de ressonância linear nos sistemas de
distribuição de concessionárias e de indústrias.
109
Chagas – DEE/UFCG
69/230 kV, o qual é do tipo núcleo de três colunas, com o primário ligado em delta e o
secundário em estrela com neutro solidamente aterrado, com núcleo magnético linear
(representado sem saturação). Os dados são os seguintes:
▪ U = 69 kV, = 0o (tensão RMS fase-fase e ângulo de fase da tensão da fonte).
▪ RT = 0,18 Ω, XT = j 2,64 Ω (resistência e reatância do sistema alimentador).
▪ R1 = 0,098 Ω/km, X1 = 0,510 Ω/km, Y1 = 3,252 µS/km (resistência, reatância e admitância de
sequência positiva da linha, por km).
▪ R0 = 0,532 Ω/km, X0 = 1,541 Ω/km, Y0 = 2,293 µS/km (resistência, reatância e admitância de
sequência zero da linha, por km).
▪ Rpri = 0,01523 pu, Lp = 0,1977 pu (resistência e indutância do primário do transformador).
▪ Rsec = 0,00508 pu, Ls = 0,0659 pu (resistência e indutância do secundário do transformador).
▪ Rm = 636,7 pu (resistência de perdas no núcleo de ferro do transformador).
▪ Lm = 1,77 pu (indutância de magnetização).
▪ L0 = 0,5 pu (indutância de sequência zero do transformador).
▪ ts = 16,67 ms (tempo de abertura do disjuntor, Ron = 0,01 Ω, Rs = ∞, Cs = 0).
▪ Tempo total de simulação: 0,3 s.
111
Chagas – DEE/UFCG
sistema alimentador de 13,8 kV possui potência de curto-circuito de 800 MVA e relação X/R
(reatância/resistência) igual a 7. Os dados são os seguintes:
▪ R1 = 0,6726 Ω/km, X1 = 0,1793 Ω/km, C1 = 0,224e-6 µF/km (resistência, reatância e
capacitância de sequência positiva da linha, por km).
▪ R0 = 1,6793 Ω/km, X0 = 0,6332 Ω/km, C0 = 0,124 µF/km (resistência, reatância e capacitância
de sequência zero da linha, por km).
▪ Rpri = 59.417 Ω, Lpri = 0,31673 H (resistência e indutância do primário do transformador).
▪ Rsec = 0,005 Ω, Lsec = 2,68 x 10-5 H (resistência e indutância do secundário do transformador).
▪ Rm = 2 x 106 Ω (resistência de perdas no núcleo).
▪ L0 = 10,103 H (indutância de sequência zero do transformador).
▪ Conjunto de ordenadas da curva de magnetização linear, em termos de valores de pico de
corrente e fluxo, expressas em A e V.s, respectivamente: [ 0, 0; 0.0038199, 36.29; 0.01515,
41.93; 0.029709, 46.95; 0.0589, 51.918; 0.11395, 56.94; 0.2374, 62.588 ].
▪ ts = 33,33 ms, (tempo de abertura do disjuntor, Ron = 0,01 Ω, Rs = ∞, Cs = 0).
▪ Tempo total de simulação: 0,3 s.
9. O circuito da Fig. 5 refere-se ao exemplo do item 5.6. O mesmo trata de uma situação de
ferroressonância ocasionada pela abertura de um disjuntor próximo a três transformadores
de potencial indutivos de 75 VA, 230/√3 kV / 115 V, ligados em estrela/estrela, com neutros
aterrados, numa subestação de 230 kV. Neste caso, é possível obter resultados realísticos
mediante representação por um circuito monofásico equivalente. Os dados são os seguintes:
▪ Um = 187,8 kV, = - 90o (tensão de pico e ângulo de fase da tensão do sistema alimentador).
▪ R = 0,115 Ω, L = 8,75 mH (resistência e indutância do sistema alimentador).
▪ C1 = 1,2 nF (capacitância de equalização equivalente do disjuntor).
▪ C2 = 3,5 nF (capacitância distribuída total do sistema).
▪ Rpri = 6920,4 Ω, Lp 0 (resistência e indutância do enrolamento primário do TPI).
▪ Rsec = 5,77 Ω, Ls = 0 (resistência e indutância do enrolamento secundário do TPI).
▪ R2 = 163,2 Ω, L2 = 0,268 H (resistência e indutância da carga no secundário do TPI).
▪ Conjunto de ordenadas da curva de saturação do TPI, em termos de valores de pico de
corrente e fluxo, expressos em A e V.s, respectivamente: [0, 0; 0.02, 500; 0.05, 590; 0.1, 650;
0.18, 680; 0.3, 700; 0.6, 728; 1, 745; 1.5, 760; 2, 770; 3, 785; 4, 798; 6, 815; 10, 835; 20, 863].
▪ Resistência de perdas no núcleo Rm = 157 x 106 Ω.
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Fig. 1
Fig. 2
Fig. 3
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Fig. 4
Fig. 5
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