DOUTORADO EM EDUCAÇÃO
JULHO/2016
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Introdução
Para tanto, este ensaio irá dialogar com os seguintes autores: Drèze & Debelle (1968),
Wolff (1993), Chauí (2003) e Zabalza (2004), dentre outros.
Demorou até que a universidade se transformasse desde sua concepção original. Oito
séculos depois do surgimento da primeira universidade, em Bologna (Itália – 1088), na
primeira década do século XIX, surgem outras concepções ou modelos de
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Assim, pode-se dizer que o atual ensino universitário no Brasil configura-se sobre uma
dualidade ou superposição de modelos (SGUISSARDI, s.d). Do ponto de vista
quantitativo, tendo em vista os números expressivos de matrículas no ensino superior
privado, e a proliferação de faculdades e institutos em todas as regiões do país,
sobram dados indicadores de que predominaria o modelo neo-napoleônico que
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A universidade, como instituição social, não é neutra, nem imune ao contexto sócio-
histórico do qual faz parte e nem das condições socioeconômicas desse mesmo
contexto. Portanto, ela apresenta uma estreita relação de dependência com as forças
e interesses desse contexto, incorporando ainda os elementos da cultura que lhe dão
origem. Ela está, então, articulada com as transformações sociais presentes em seu
interior, traduzidas pelo que é chamada de “política universitária”, que se apresenta
muito fortemente influenciada pelas demandas do capitalismo nacional e internacional,
atendendo aos interesses das grandes empresas públicas e privadas. Há uma forte
pressão para adequar o ensino e a pesquisa às demandas econômicas, técnicas e
administrativas do momento e às imposições do mercado, reduzindo o ensino geral e
marginalizando a cultura humanista, afetando a estrutura da universidade, sua posição
e seu sentido social. A universidade pública, então, tem sucumbido ao modelo neo-
napoleônico.
Isso é corroborado pelo que observa Chauí (2003), sobre a reforma do Estado
realizada pelo último governo da República, quando foram redefinidos, como setores
de serviços não exclusivos do Estado, a educação, a saúde e a cultura. Essa mudança
apresenta as seguintes implicações: 1. A educação deixa de ser um direito e passa a
ser um serviço; 2. Ao ser considerada como um serviço público, pode ser privado ou
privatizado. Além disso, a universidade passou de instituição social para organização
social. O que isso implica? Nesse deslocamento de prioridade do Estado, a quem a
universidade passa a servir?
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Considerações finais
Zabalza (2004) resume essa mudança de paradigma pela qual tem passado a
universidade, e explica bem o para quê e o para quem ela se inclina: “De um bem
cultural, a universidade passou a ser um bem econômico. De lugar reservado a uns
poucos privilegiados, tornou-se um lugar destinado ao maior número possível de
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Tal como salienta Chauí (2003), é necessário que a universidade se oriente na direção
de assegurar a livre manifestação do pensamento, reafirmando sua autonomia, sua
inquietude quanto ao seu papel social, mantendo seu olhar crítico para si mesmo, sua
abertura e flexibilidade. A universidade deve, em suma, ser uma instituição social, que
atenda aos direitos do cidadão e não uma organização que atenda aos modelos e
critérios estabelecidos pelo mercado capitalista que visa à acumulação do capital. Ela
ainda aponta a necessidade de se “revalorizar a docência, que foi desprestigiada e
negligenciada com a chamada ‘avaliação da produtividade’, e revalorizar a pesquisa,
estabelecendo as condições de sua autonomia e as condições materiais de sua
realização” (idem, p. 10).
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Observação da autora.
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dos sujeitos que fazem parte de uma sociedade, possibilitando-lhes ampliar suas
ações sociais e as relações das pessoas entre si e com o mundo, configurando-se
com um bem público, que dê suporte a processos de melhoria da vida econômica e
social.
Bibliografia
WOLFF, Robert P. O ideal da universidade. São Paulo: Editora da Unesp, 1993. Parte I –
Quatro modelos de Universidade, pp. 23-86.