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6.

Leitura do Material

6.1 Diversidade de Tipos de Leitura

A tarefa de ler um impresso, livro ou qualquer material que irá servir de base para a
pesquisa é tarefa trivial no mundo atual.

Contudo, se considerarmos que as motivações para que mergulhemos numa leitura são
diversas, podemos então definir que certas características são desejáveis quando a
leitura objetiva a pesquisa, a saber:

• Identificar as informações e dados presentes no material estudado.

• Estabelecer conexões entre essas informações e dados com o problema proposto.

• Analisar sua consistência.

Existem procedimentos e atitudes diversas catalogados como possíveis de serem


adotados na leitura do material destinado à pesquisa bibliográfica e vasta literatura sobre
o assunto. Contudo, todos eles derivam da experiência de seus autores. Iremos analisar
alguns deles abaixo.

É ainda importante observar que não existe uma restrição ou caráter de exclusividade de
um procedimento em relação à outro. Antes, leituras inicialmente com características de
determinado tipo podem, com o seu desenvolvimento adotar características de outros.
Em suma, embora certo grau de sistematização seja necessário, a leitura não deve ser
prejudicada por normas demasiado rígidas, especialmente quando estas não consideram
as diferenças individuais.

Vejamos abaixo uma classificação dos tipos de leitura de acordo com o progresso da
pesquisa bibliográfica.

6.2 Leitura Exploratória

Trata-se de uma leitura rápida e, conforme sua própria definição, visa explorar um
texto no sentido de verificar em que grau este se identifica com o objeto da pesquisa.

Isso é feito mediante a análise de certas partes de uma obra que, genericamente falando,
a sintetizam, isto é, exame da folha de rosto, dos índices bibliográficos, das notas de
rodapé, conclusões e mesmo das orelhas dos livros. Esses elementos nos dão uma visão
geral do contexto de uma obra.

É importante notar que a leitura exploratória exige grande conhecimento do assunto


tratado, na medida que esse conhecimento irá contar na definição de que esta atende ou
não ao que é buscado.

Também é necessário para a leitura exploratória que o pesquisador tenha certa


experiência no manuseio de publicações científicas, no sentido de que possa identificar
facilmente a organização interna das obras consultadas. Caso contrário, a leitura pode
confundir-se com outros tipos e tornar-se inútil para o objetivo ao qual se propõe.
6.3 Leitura Seletiva

Ato contínuo à leitura exploratória, segue-se a leitura seletiva ou seleção do material


que de fato interessa à pesquisa. Para isso, deve-se ter em mente o objetivo da pesquisa,
a fim de evitar leituras desnecessárias.

A leitura seletiva, embora mais profunda que a anterior, não é definitiva. É possível que
retorne diversas vezes ao mesmo material, com propósitos diferentes. Isso ocorre
porque textos anteriormente lidos muitas vezes respondem dúvidas suscitadas em
leituras posteriores, além do fato de que certos objetivos do pesquisador podem variar,
fazendo-o revisar mesmo materiais que já tenham sidos eliminados como não
pertinentes.

6.4 Leitura Analítica

Nesta fase da leitura, o pesquisador analisa os textos como definitivos. A finalidade


desse tipo de leitura é elencar e ordenar informações que possibilitem a obtenção de
respostas aos problemas da pesquisa. É bom notar, contudo, que mais textos podem ser
adicionados, segundo a necessidade, no decorrer desse tipo de leitura.

A leitura seletiva deve ser crítica e desenvolvida com objetividade. Deve-se penetrar no
texto com suficiente profundidade para captar as intenções do autor. Contudo, é também
mister, apesar do caráter crítico que sejam evitadas tendências em julgar a obra lida de
acordo as idéias do pesquisador. Isto é: objetividade, imparcialidade e respeito. É
imprescindível a busca da compreensão do texto de modo imparcial, ainda que entre em
choque com hipóteses que o pesquisador tenha considerado como verdadeiras antes do
início das pesquisas e as quais queira provar.

A leitura analítica, em seu caráter prático passa pelos seguintes momentos:

a) Leitura integral da obra. Para essa fase, pode-se, com intuito de melhorar sua
compreensão, recorrer à trabalhos correlatos.

b) Identificação das idéias chaves. Ao ler um parágrafo, ressaltam termos ou frases


que o sintetizam. Do mesmo modo ocorre com capítulos e com o texto como um
todo. A seleção inteligente dessas idéias chave pode identificar aquelas mais
importantes de um texto.

c) Hierarquização das idéias. Trata-se da organização das idéias segundo seu grau
de importância, em tantos níveis quanto necessário para a análise do texto. Aqui
separamos idéias principais de secundárias e assim por diante em níveis
diversos.

d) Sintetização das idéias. Consiste na recomposição de tudo que foi destrinchado


pela análise, extraindo da obra o que é essencial para solução do problema
proposto. Esta habilidade requer treino e sua ausência pode consistir numa
dificuldade em sintetizar materiais de manuseio difícil, comprometendo o
desenvolvimento da pesquisa.
6.5 Leitura Interpretativa

Trata-se da etapa de leitura mais complexa. Tem como objetivo relacionar as afirmações
do autor com a solução do problema proposto. Vai além da leitura analítica justamente
no sentido de que busca, além dos dados e informações, a sua relação com o problema
objeto e ligação com outros conhecimentos já obtidos.

É tendência ocorrer, com pesquisadores não experientes, a interpretação do texto


mesclada de posições pessoais, subjetivas, o que entra em atrito com a validade
científica. A maneira de evitar isso é a ligação dos dados com conhecimentos originados
de pesquisas e teorias comprovadas.

10. Redação do Trabalho

A redação do relatório de trabalho consiste na fase final de uma pesquisa bibliográfica.


Não existem regras explícitas para sua elaboração, embora certas características sejam
desejáveis. Essas características observam-se nos critérios conteúdo, estilo e aspectos
gráficos. Vejamos mais detalhes abaixo.

10.1 Conteúdo do Relatório

Seguindo as características básicas de um texto bem elaborado, um relatório de pesquisa


bibliográfica pode ser apresentado em três partes: introdução, contexto e conclusão.

Na introdução, apresentamos o problema que suscitou a pesquisa, as hipóteses de


trabalho, os seus objetivos e mesmo obras já publicadas sobre o assunto.

No contexto, desenvolvemos o problema, discutimos e demonstramos as hipóteses


levantadas. Naturalmente, o contexto é a parte mais extensa do relatório e, por isso, para
uma melhor organização e entendimento, é aconselhável que seja divido em capítulos,
subcapítulos, etc. Em geral, o entendimento humano é maior quando analisa uma obra
bem dividida e organizada.

Quanto à conclusão, esta demonstra os resultados alcançados, por vezes rememorando


os problemas propostos, em suas idéias principais e ligando-os às suas respostas,
conseguidas por meio do trabalho em questão.

10.2 Estilo do Relatório

Tratando-se de um trabalho de natureza científica, o estilo de um relatório de pesquisa


bibliográfica não requer necessariamente habilidades literárias. Contudo, certas
qualidades pertinentes ao estilo são esperadas:

a) Impessoalidade. Redação em terceira pessoa (aconselhável).

b) Clareza. Evitar construções ou mesmo termos que possam expressar dualidade.


Seleção de termos que expressem a maior exatidão possível.
c) Precisão. Utilização das terminologias ou nomenclaturas pertinentes à ciência
da qual deriva o trabalho. Esses termos têm significados precisos e de largo
entendimento pelo público especialista.

d) Concisão. Frases simples, de períodos curtos, predominantemente. Períodos


longos dificultam o entendimento. Em geral, a explanação das idéias deve ser
ocorrer de maneira lacônica.

10.3 Aspectos Gráficos do Relatório

Vejamos os principais aspectos gráficos a serem considerados num relatório de pesquisa


bibliográfica:

a) Organização das partes e titulação. Divisão do relatório em partes, tituladas e


numeradas progressivamente. A enumeração pode ocorrer pelo sistema
progressivo, mais assimilável e largamente utilizado ou alfanumérico,
indicado para os casos onde existam mais de quatro casos de subdivisões.

b) Disposição do texto. Depende da pesquisa elaborada, bem como do volume


de informações a serem apresentadas. Vejamos uma disposição comum para
teses e monografias:

ELEMENTOS PRELIMINARES

- Folha de rosto
- Apresentação ou prefácio
- Sumário
- Lista de tabelas
- Lista de figuras (gráficos ou ilustrações)

TEXTO

- Introdução
- Contexto
- Conclusões

REFERÊNCIAS

- Apêndice e/ou anexos


- Bibliografia
- Índice remissivo de assuntos
- Índice de nomes

c) Citações. Quando breves, podem ser inseridas no texto, entre aspas. Citações
longas devem destacadas, afastando-as da margem.

d) Notas de rodapé. Úteis para inserir informações relevantes sem, no entanto,


romper a continuidade do texto. As notas de rodapé são bastante utilizadas e
devem ser relacionadas através dos números de chamada, colocados no final
das passagens que serão documentadas.
e) Tabelas. Bastante utilizadas em relatórios de pesquisas, para apresentação
dos dados. Devem obedecer à Resolução No. 886, de 26 de Outubro de
1966, da Fundação IBGE, no tocante à padronização.

f) Gráficos e ilustrações. Devem estar separados do texto, de forma a serem


compreendidos isoladamente. É necessário ter moderação na inserção dos
gráficos e ilustrações, a fim de não poluir visualmente o trabalho.

g) Bibliografia. Deve facilitar a utilização por pessoas que se interessem por


parte ou por todo o assunto tratado. Recomenda-se utilização das normas da
ABNT.

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