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Ciência Política

Direito Constitucional
Professora Doutora Maria João Estorninho

3 de Junho de 2002

Responda a TRÊs das seguintes questões (2x3 valores):

1. O que entende por teorias contratualistas do Estado?

2. Explique o conteúdo da autonomia das Regiões Autónomas.

3. Explicite as particularidades do regime jurídico-constitucional das leis orgânicas.

4. Qual é a actual importância da Câmara dos Lordes no sistema constitucional


britânico?

5. Enuncie as principais alterações introduzidas pela revisão constitucional de 1982 na


Constituição de 1976.

I1

Comente UMA E SÓ UMA. das seguintes aíirmações (4 valores):

1. "Os poderes presidenciais previstos na nossa Constituição são equilibrados e o seu


exercício sensato é uma garantia de arbibragem em tempo de acalmia e de fusívkl de
segurança em tempo de crise" - Marcelo Rebelo de Sousa, Kistória f~olítica)da
revisão constitucional de 1997 e do referendo da rePionaliza@o.

2. "Os partidos políticos constituem uma instituição essencial dos regimes liberais.
Não previstos pelo modelo democrático, nasceram e desenvolveram-se ao mesmo
tempo que as eleições e a iepresentação." - Duverger, Os mandes sistemas
políticos.

Aprecie as questões jurídico-constitucionais suscitadas pela seguinte hipótese (9 valores):

Em &ais de Maio, a Assembleia da República, por iniciativa de um deputado afecto ao


partido do Governo, aprovou uma lei que restringia o exercício de direitos políticos por
parte dos agentes dos serviços e das forças de segurança.
A lei foi discutida na generalidade e na especialidade em plenário, e aprovada na
globalidade, em comissão, por 120 dos 180 deputados presentes.

Enviada ao Presidente da República para promulgação, este decidiu, dez dias após a sua
recepção, solicitar ao Tribunal a hscalizaçáo preventiva da constitucionalidade do referido
diploma.

O kribunal Constitucional pronunciou-se pela inconstitucionalidade, tendo o Presidente da


República vetado então o diploma em causa.

O diploma foi con£úmado pela Assembleia da República, por 111 deputados a favor e 2
contra.

Confrontado com a posição da Assembleia da República, o Presidente da república acabou


por promulgar o diploma.

Poucos dias depois, preocupado com o crescente clima de contestação em redor do


Governo, um Ministro solicitou ao Primeiro-Ministro a apreciação de uma proposta de
decreto-lei que concedia ao Governo a possibilidade de suspender, mediante a emissão de
acto regulamentar, a lei aprovada pela Assembleia da República relativa aos agentes de
segutança.

Uma vez aprovada pelo Primeito-Ministro, a proposta foi então enviada ao Presidente da
República para promulgação. O Presidente da República decidiu desde logo vetar o
diploma por o considerar inconstitucional.

Descontente com a actuação do Presidente da República, o Governo decidiu não


referendar a lei relativa aos agentes de segurança.

Redacção e sistematização: 1 d o r

Duração: 3 horas

Boa sorte!
Prof. Paulo Otero

3 de Junho de 2003

I (9 valores)

O Governo apresentou na Assembleia da República (A.R.) uma proposta de lei, solicitando


autorização para legislar sobre "a punição, como crime, de formas fraudulentas de adquinr
ou readquinr a cidadania portuguesa, até ao final da legislatua."

Dois dias após a iniciativa governamental, uma assembleia legislativa regional apresentou
urna proposta de alteração aos estatutos político-administrativos de onde constava a
seguinte norma:

"Arago 5" (Órgãos competentes)

1- O Governo regional prevê, em termos a detemiiaar por decreto legislativo regional


de autorização, os órgãos competentes para determinar a capacidade eleitoral activa
dos cidadãos recenseados para participar em eleições regionais dehnidas na lei

2- Os órgãos previstos no número anterior são competentes para aprecia.r,


nomeadamente, situações em que, de acordo com a lei, a aquisição ou perda da
cidadania exclui o direito de sufrágio em eleições regionais."

Ambas as propostas foram votadas na generalidade por 115 votos a favor, 70 contra e a
abstenção do grupo parlamentar X.

O Presidente da A.R enviou as propostas para a comissão parlamentar competente em


razão da matéria para "apreciação, discussão e votação na especialidade." A comissão
aprovou as propostas quer do governo, quer da assembleia legislativa regionaí, por 10 votos
favoráveis e 3 contra.

A A.R. aprovou, em votação íinal global, as duas propostas de lei por 116 votos a favor,
114 contra e uma abstenção. Após a citada votação, a A.R. aprovou número a número, a
amgo a artigo, o conteúdo da proposta de lei apresentada pela assembleia legislativa
regional, por idêntica maioria.

Dois dias após a recepção dos actos parlamentares, o Presidente da República (!?.R)
requereu, ao Tribunal Constitucional (T.C.), a fiscalização preventiva da constitucionalidade
do decreto que continha a autorização legislativa ao Governo, enquanto que o Primeiro-
Ministro (P.M.) apresentou idêntico requerimento, junto do mesmo órgão, em relação ao
decreto de iniciativa regional.

O P.R. limitou o prazo de decisão pelo T.C., em relação ao pedido do P.M., a dez dias. E,
catorze dias após o pedido apresentado pelo P.M., o P.R promulgou o decreto da A.R..

Dezoito dias depois de apresentados os requerimentos, o T.C. pronunciou-se no sentido da


inconstitucionalidade de ambos os decretos.

Invocando a decisão do T.C., o P.M. recusou a referenda do acto de promulgação


praticado pelo P.R..

Por iniciativa de 60 deputados, foi apresentada uma moção de censura ao Govemo "por o
P.M. ter praticado um acto flagrantemente inconstitucional e ofensivo do sistema de
repartição de competências previsto na Constituição."

No dia seguinte à sua apresentação, a A.R votou a moção por 114 votos a favor e 80
contra.

Após a citada votação, a A.R. votou o decreto parlamentar relativo ao pedido de


autorização legislativa por 80 votos a favor e 70 contra.

O P.K, com fundamento na "clara votação parlamentar" e no "comportamento


inqualificável do P.M.", decidiu demitir o Govemo por ser a única forma de cumprir a
Constituição, "agindo, assim, de acordo com a declaração de compromisso prestada nos
termos do n03 do aríigo 123O."

Dois dias depois de publicado e decreto de demissão do governo, o P.M. referendou o acto
de promulgação do P.R. relativo à alteração aos Estatutos político-administrativos da
Região Autónoma, o que levou o P.R a revogar o acto em questão.

Aprecie as questões juridicamente relevantes.

I1 (6 valores)

Responda a DUAS das seguintes questões:

1- Qual o contributo de Hegel para o conceito constitucional de Estado?

2- Quais os principais mecanismos de racionalização do parlamentaiismo?

3- Será que o artigo 169." da Constituição de 1976 permite habilitar a existência de um


bill de indemnidade da A.R.ao Govemo?
I11 (5 valores)

Desenvolva UM dos seguintes temas:

a) Os interregnos constitucionais na história constitucional portuguesa.

b) A supletividade do direito do Estado: sentido, fundamento e limites.


31 de Maio de 2005

Prof. Paulo Otero

I (10 valores)

Nos termos do artigo 172" do Código Penal (CP), o abuso sexual de crianças é punido
com pena de prisão de 1 a 8 anos.

Em 03.03.05, o Conselho de Ministros aprovou uma proposta de lei, a apresentar à


Assembleia da República (AR), determinando que o abuso sexual de crianças passaria a ser
punido com pena de prisão até 20 anos e, caso fosse cometido por alunos universitários, a
aplicação da pena competiria ao órgão directivo do estabelecimento de ensino superior.

Em 30.03.2005, a AR aprovou essa proposta de lei, apesar de introduzir um Último


artigo com o seguinte teor: " A presente lei só entrará em vigor nas regiões autónomas
depois de votação favorável pela maioria dos membros da respectiva assembleia
legislativa".

Enviado o decreto para promulgação, o Presidente da República (PR) vetou


politicamente este Último artigo, suscitando, todavia, a fiscalização preventiva da
constitucionalidade da punição do wime de abuso sexual de crianças com a pena máxima
de 20 anos, uma vez que "o crime de homicídio simples tem como limite máximo de pena
16 anos de prisão".

A AR resolveu, em 14.04.2005 aprovar a revogação da sua deliberação de 30.0.2005,


mandando-a publicar, sob a forma de resolução, no jornal oficial.

Em 05.05.2005, porém, o Governo aprovou um decreto-lei que, mantendo inalterado o


artlgo 172" do CP, se limita a confiar ao órgão directivo dos estabelecimentos de ensino
superior a punição dos alunos acusados de p e d o a . O diploma foi imediatamente
promulgado pelo Presidente da AR, em substituição do PR que se encontrava em visita
oficial (sem conhecimento da AR) a Olivença.

Em 25.05.2005, tendo o presidente da Associação Académica sido apanhado em


flagrante a abusar sexualmente de um rapaz de 5 anos, foi o mesmo punido pelo Presidente
do respectivo Conselho Directivo com 5 anos de prisão.
Em 29.05.2005, presidente da Associação Académica alega que a punição é
inconstitucional por envolver a discriminação em razão da orientação sexual,"tanto mais",
acrescente, "que os órgãos da Administração não estão vinculados a aplicar leis
inconstitucionais". Quid juriç?

I1 (6 valores)

Responda a três das seguintes questões:

1. Comente: " a supletividade do Direito do Estado só começa quando termina a


prevalência desse mesmo Direito".

2. Em que medida a Constituição kancesa de 1958 pode servir de referencial para a


análise do sistema de governo na Constituição portuguesa de 1976?

3. Será possível hoje ahmiar que o totalitarismo é u m fenómeno do passado?

4. Comente: " a integração dos Estados na União Europeia gera uma soberania
partilhada e dissolve as Constituições nacionais, sem que o processo se identifque
ainda como que se passa nos Estados Unidos da América".

I11 (4 valores)

Desenvolva um dos seguintes ternas:

A) O conflito entre o princípio monárquico e o princípio democrático no


constitucionalismo europeu oitocentista

B) Comente: "Talvez com a única excepção do constitucionalismo britânico, não há


experiência constitucional, presente ou passada, nacional ou estrangeira, que
desconheça a existência de uma ((Constituiçãonão oficial».

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