Não nego a existência do mundo sobrenatural, aliás, eu creio firmemente que ele está
estritamente ligado ao mundo natural. Mas a questão é que não existe apenas uma
“força benévola” nesse mundo oculto. Aqueles que adentram esses mistérios estão
suscetíveis a qualquer experiência com entidades misteriosas. E a situação piora quando
se sabe que a força que opera no misticismo nunca será uma força benévola, pelo
simples fato que o Deus de amor, Pai do Senhor Jesus, não se deixa achar por fórmulas
e rituais. Então, qual é poder que o ocultismo experimenta quando entra em contato com
esse mundo sobrenatural? Eu não vejo outra resposta, senão o mundo satânico e
demoníaco que opera exclusivamente nas religiões de mistério. Eles sentem a
divindade, mas não tem conhecimento desta divindade, por isso são tão suscetíveis ao
engano. Eles reconhecem um reino místico, mas não conhecem o rei deste reino.
Esse era o costume do mundo antigo, e também estava presente nos dias do Senhor
Jesus. Na verdade esse costume nunca saiu de moda, ele vem desde os primórdios da
criação e adentra nossos dias ainda com muita força. É algo natural do ser humano
buscar por uma resposta rápida as suas indagações, necessidade ou desejos. Esse anseio
na maioria das vezes os leva para longe do Criador. O interesse pelo oculto os afasta do
verdadeiro conhecimento tão disponível por meio de Cristo.
Os sacerdotes que tinham o poder para dobrar espíritos através de sua invocação, era a
única magia que interessava as pessoas nos tempos de Jesus e dos Apóstolos. Mas o
interessante é que o Senhor nunca se deparou com um mágico, um místico em seu
ministério. Talvez, pelo fato de sua obra se restringir a Israel, onde a magia era
abominada, e, o mago estava sujeito a morte. Mas quando os discípulos rompem os
limites da nação de Israel, vemos seus confrontos com o mundo mágico da época.
Isso nos ensina algo realmente importante. A grande maioria daqueles conhecidos como
o Grande Poder na igreja Brasileira é como Simão, cristãos sem Cristo, homens de Deus
sem Deus, que operam milagres e maravilhas em Seu Nome, mas sem a Sua aprovação.
O que Simão pensou quando ofereceu dinheiro para se obter aquele poder foi o
seguinte:
Simão iniciou, desde os tempos dos apóstolos, a cobrança de tributos pela intermediação
entre aquele que busca, e aquele que abençoa. Pagando ao Grande Poder de Deus, pode-
se alcançar de uma maneira mais rápida e mágica aquilo que se procura. Ele criou a
moderna teologia da prosperidade, o evangelho da ganância. Ele foi o primeiro
pregador, entre muitos pregadores futuramente, a usar e explorar o povo, especialmente
os pobres, ao exigir ofertas e dízimos (ou trizimos), em troca de bênçãos.
Simão, o mago foi um grande adversário de Pedro, o apóstolo. Ele era um espinho na
carne dos discípulos. Ele enxertou ensinos cristãos em suas doutrinas sincretistas, e
criou um proto gnosticismo. E seus discípulos, assim como seu mestre, dão uma cara de
cristianismo a sua religião de mistério, usando um poder demoníaco para operarem as
suas magias. Eles vendem por dinheiro aquilo que oferecem, como se O Deus do ouro e
da prata dependesse de sacrifícios monetários para se satisfazer.
O que satisfez e satisfaz o Senhor do universo é somente uma coisa, e não é dinheiro. O
que o tornou acessível a nós, pecadores, e o faz ser tão bondoso, sendo que nada
merecemos, é o sangue de seu Filho, o Senhor Jesus. Ele age com graça para com o
mundo caído, sem que esse nada faça para satisfazê-lo. Ele também age com graça para
com seus filhos que foram alcançados por esse sangue, sem que esses também mereçam
alguma coisa. Não é sacrifícios através de dinheiro que fará Deus responder suas
orações. Aqueles que assim o fazem, estão monopolizando algo que Deus dá
gratuitamente. A expiação inclui a cura de todos os efeitos do pecado, sendo que se não
formos curados aqui, o seremos no dia da ressurreição. Essa é a promessa bíblica, e é
tão certa como o sol que irá nascer amanhã. Não é uma promessa vazia e nem
interesseira como os filhos de Simão, o mago, fazem.
Há outro poder sendo usado e oferecido como mercadoria a todos aqueles, que
desesperados, procuram por respostas. Muitos começaram de uma forma humilde e fiel,
mas em determinado momento, seduzido pelo sucesso, pela fama e dinheiro venderam o
dom do Espírito Santo e perderam o poder missionário e evangelizador, seguindo para a
destruição com a prata que conquistaram com sua ganância.
Hoje, os discípulos de Simão, o mago, estão no centro das atenções. Quase toda a igreja
lhes dá ouvidos, do menor ao maior. São conhecidos como grandes homens de Deus
que operam sinais e maravilhas. Pregam um evangelho sincrético com uma coloração
cristã. Naquele tempo, porém, como ainda hoje, o ser humano presta atenção
avidamente quando, de modo tão drástico e barato, algo vem ao encontro de seu anseio
por ajuda milagrosa e pela experiência do sobrenatural e misterioso. “Aderiam a ele
porque havia muito os deixara estupefatos com suas mágicas.”
Que Deus tenha misericórdia da igreja brasileira. Que o véu em seus olhos seja rasgado
para que vejam que o anticristo está usando esses homens e mulheres para entorpecer
suas mentes, para assim, aceitarem os sinais e prodígios que o falso profeta fará
naqueles dias.
SPC