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TRANSCULTURALIDADE, UMA REALIDADE NOS CUIDADOS DE SAÚDE

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7 authors, including:

Raul Alberto Cordeiro António Calha


Instituto Politécnico de Portalegre Instituto Politécnico de Portalegre
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SAÚDE&SOCIEDADE

TRANSCULTURALIDADE,
UMA REALIDADE NOS CUIDADOS DE SAÚDE

CLÁUDIA MATEUS, ELISABETE OLIVEIRA, SOFIA MARANTE, SUSANA CAPUCHO,


SUSANA LADEIRA, RAÚL CORDEIRO, ANTÓNIO CALHA

RESUMO Método. Artigo de reflexão articulada com algumas fontes


O aumento da circulação de pessoas nas sociedades mo- primárias de investigação científica acerca da temática.
dernas conduz a uma diversidade cultural de etnias e PALAVRAS-CHAVE
religiões, formas de viver e estar que obrigam a que se Transculturalidade, enfermagem, enfermagem transcultu-
redefina novas prioridades nos cuidados de saúde. Para ral, competência cultural, empatia, pessoa
prestar cuidados de saúde de qualidade, o profissional de
saúde tem que ter em conta as características culturais e ABSTRACT
individuais de cada indivíduo. Increasing the circulation of people leads to a diversity of
Objetivo. Refletir sobre o papel do profissional de saúde na ethnic culture and religion, diferent forms to live that oblige
prestação de cuidados a pessoas com diferentes culturas. to redefine new priorities in health care. To lend quality »

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Hospitalidade
SAÚDE&SOCIEDADE

TRANSCULTURALIDADE

health care, healthcare professional must take in account a veria representar uma dificuldade. Historicamente temos
cultural and individual features of each individual. uma grande mistura de culturas, cada uma com os seus
Objective. To reflect on the role of the health professional in costumes, valores, modos de vida e de adaptação. Mas nem
providing care to people with different cultures. sempre é isto que acontece, especialmente quando os mi-
Method. Articulated reflection article with some primary grantes com hábitos muito diferentes dos nossos chegam
sources of scientific investigation on the subject. às instituições de saúde.

KEYWORDS TRANSCULTURALIDADE E SAÚDE


Transculturality, nursing, trancultural nursing, cultural Num mundo crescentemente globalizado, os fluxos migrató-
competence, empathy, individual rios aumentam por razões económicas e humanitárias. Estas
deslocações deveriam ser consideradas como um direito hu-
INTRODUÇÃO mano, tal como descrito no artigo 13º da Declaração Universal
A diversidade cultural do mundo contemporâneo, bem dos Direitos Humanos, que foi adotada pela organização das
como as mudanças sociais resultantes da crescente circu- Nações Unidas (ONU) em 1948: “Todo o indivíduo tem o direito
lação de pessoas conduzem a um aumento dos contactos de circular livremente e escolher a sua residência no interior
interculturais que articulam formas de estar e de viver e de um Estado. Todo o indivíduo tem o direito de abandonar o
que ditam necessidades de se redefinirem novas priori- país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito a regres-
dades nos cuidados de saúde. Em Portugal, país de aco- sar ao seu país. (Ramos, 2009)
lhimento e integração de imigrantes de diferentes prove- Para os enfermeiros, a competência cultural é a capacidade de
niências, verifica-se a necessidade de apoiar, na saúde e compreender as diferenças culturais, com o objetivo de pres-
na doença, pessoas com especificidades culturais particu- tar cuidados de qualidade a uma diversidade de pessoas. Os
lares. De facto, o conceito de cultura tradicional alterou-se enfermeiros com competência cultural tornam a sua capaci-
substancialmente na medida em que todas as sociedades dade de comunicação mais eficaz e adquirem maiores conhe-
ocidentais são crescentemente compostas por uma multi- cimentos sobre as práticas de saúde de diferentes culturas
plicidade de culturas que coabitam no mesmo espaço. (Vilelas & Janeiro, 2012).
Algumas destas alterações poderão ser bastante positivas Aos profissionais de saúde deverá ser possível o acesso a uma
especialmente no que se refere à melhoria das condições formação consistente que lhes permita desenvolver compe-
socioeconómicas, à educação e saúde; outras, nem tanto, tências interculturais para compreender e gerir, na sua prá-
como por exemplo dificuldades de adaptação, problemas tica diária de cuidados, outras visões sobre a vida, a saúde e
psicológicos e stress de aculturação. (Ramos, 2004). a doença e outras formas de coexistir numa ética de cuidados
Portugal foi um país tradicionalmente relacionado com a que tenha em conta a cultura das pessoas doentes, as suas
emigração especialmente pela existência de comunidades famílias e as formas de a interpretar no momento em que a
portuguesas espalhadas por todo o mundo (Ramos, 2004). vivem (Ramos, 2004, 2009).
Atualmente acolhe pessoas oriundas dos mais diversos A cultura e o conhecimento sobre a diversidade cultural são
continentes, sobretudo provenientes do Brasil, Europa de a chave que poderá permitir adequar as práticas de cuidados
Leste e PALOP. às necessidades da sociedade contemporânea. São novos de-
Assim, o diálogo entre culturas torna-se inevitável e a di- safios que temos que encarar e temos que ter consciência de
versidade cultural passa a constituir um desafio no que diz que, quando se fala de transculturalidade, interculturalidade
respeito às questões relacionadas com o convívio quotidia- ou multiculturalidade, estamo-nos a referir não só à diversi-
no. Para tal, é preciso que, nos limites estabelecidos pelo dade cultural, mas também à diferença e à convivência com
respeito da lei portuguesa, se reconheçam as diferenças essa diferença.
próprias de cada indivíduo e da sua cultura. Em enfermagem, a prestação de cuidados deve ser feita a
Em Portugal, o convívio cultural com a diversidade não de- toda a comunidade mesmo que para isso seja necessário a

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Hospitalidade
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TRANSCULTURALIDADE

sua prestação a indivíduos de grupos específicos. É necessário e tenha em conta os aspetos da comunicação não verbal, tais
identificar e conhecer as necessidades, para melhor adequar como o contacto através do olhar, o toque, o silêncio, a dis-
os instrumentos a utilizar, devendo alargar a análise que fa- tância entre os intervenientes e as suas crenças pessoais dos
zem dos problemas de saúde, aos fatores psicológicos, eco- indivíduos, uma vez que nem todas as culturas consideram a
nómicos e ambientais de cada um (Ordem dos Enfermeiros, mesma forma de contacto a mais adequada.
2005). No fundo, o desenvolvimento das competências culturais exi-
ge em primeiro lugar o interesse do enfermeiro em tornar-se
Para Campinha-Bacote (2011), as competências culturais nos culturalmente competente e em segundo realizar medidas
enfermeiros são construídas com base na existência de: sensi- para o alcançar (Vilelas & Janeiro, 2012).
bilidade cultural, autoconsciência, conhecimento, humildade, Importa referir que não é possível prestar cuidados de saúde
habilidades culturais e inicial motivação do enfermeiro. Existe de qualidade sem atender às características culturais de am-
uma necessidade de autorreflexão dos próprios valores cultu- bos os intervenientes na relação, o profissional de saúde e o
rais bem como a própria aquisição de experiências e compe- utente. É aqui que, por vezes, surgem obstáculos que tornam
tências ao longo do percurso profissional para o desenvolvi- difíceis os cuidados de saúde. As perceções e vivências de saú-
mento das mesmas (Reis & Costa, 2014). de e doença são diferentes não só porque estamos perante ne-
É impossível que o enfermeiro possua conhecimentos sobre cessidades individuais e de pessoas de outras culturas, mas
todas as culturas existentes no mundo, no entanto pode utili- também porque estamos numa posição em que se impõem
zar uma comunicação intercultural que lhe permita a presta- dependências e autonomias diferentes.
ção de cuidados seja quais forem os valores culturais do indiví- Uma comunicação culturalmente capaz implica a consciên-
duo. Essa linguagem necessita que o enfermeiro se liberte de cia e o conhecimento sobre as formas de encarar a saúde e
preconceitos e estereótipos que podem levar à discriminação a doença e o entendimento de que os fatores socioculturais »

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Hospitalidade
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TRANSCULTURALIDADE

têm efeitos importantes sobre os comportamentos relaciona- mento, comprometendo a sua recuperação.
dos com a saúde. Para desenvolver competências de comunicação nas relações
Não ter em conta estes fatores traz, segundo Ramos (2004), interculturais, é necessário que os profissionais de saúde
várias consequências como o aumento do sofrimento, da an- reflitam sobre os seus comportamentos e atitudes e de que
siedade, da insegurança e dificuldades de adaptação à doença; forma os podem adaptar noutros contextos, cultivando a ca-
provoca insatisfação quanto à qualidade dos cuidados presta- pacidade para aprendizagens culturais que lhes possibilitem
dos e quanto ao comportamento do profissional de saúde; au- analisar o mundo sob o ponto de vista de uma outra cultura.
menta as dificuldades de avaliação ou de diagnóstico; diminui Tradicionalmente, o conceito de cultura é definido como um
a adesão a comportamentos preventivos ou medidas proteto- modelo integrado de crenças e comportamentos aprendidos,
ras de saúde e diminui a procura de cuidados. que podem ser partilhados entre os grupos e moldados por
As primeiras dificuldades dos doentes de outras culturas múltiplas influências, como a raça, a etnia, a nacionalidade, a
verificam-se no momento em que estes chegam ao hospital. linguagem, o género, a orientação sexual e a ocupação, entre
Desconhecem, muitas das vezes, as regras de comportamen- outros fatores (Betancourt, Green & Carrillo, 2002; Langdon &
to hospitalar, os documentos necessários, os seus direitos, as Wilk, 2010). Estas influências podem ser descritas como fato-
horas de visita, os hábitos alimentares condicionados pelo in- res socioculturais, os quais delineiam os valores das pessoas,
ternamento, o vestuário necessário e toda uma diversidade de formam os seus sistemas de crenças e determinam também
dificuldades que terão de encarar em conjunto com a sua nova os seus comportamentos (Betancourt, Green & Carrillo, 2002;
situação de sofrimento e doença. Langdon & Wilk, 2010). A cultura tem então uma natureza hí-
É importante que as equipas de cuidados tenham em conside- brida, flexível, dinâmica e complexa, envolvendo um processo
ração a diferente inserção cultural e social do doente e flexibi- contínuo de utilização e transmissão do conhecimento, o qual
lizem a adequem as atitudes e a relação com a pessoa doente depende das dinâmicas existentes simultaneamente dentro
neste contexto (Ramos, 2008). Torna-se, para isso, necessário das próprias comunidades, entre comunidades e entre as co-
criar um clima de confiança entre os diferentes intervenientes. munidades e outras instituições da sociedade (Garneau & Pe-
O sigilo constitui um pilar fundamental para uma prática ética pin, 2015).
e não se deve perder a noção de que ao invadir a privacidade O conceito de competência cultural é utilizado, frequentemen-
de uma forma intrusiva, porque o que se tem que fazer assim te, como sinónimo da capacidade de aplicar o conhecimento
o obriga, se pode comprometer o respeito pela dignidade da multicultural que o enfermeiro detém na sua prática de cuida-
pessoa que necessita de cuidados. Na verdade, cuidar é mui- dos (Jirwe, Gerrish, Keeney & Emani, 2009).
to mais que um ato, é uma atitude de ocupação, preocupação, Segundo Moita e Silva (2016), não existe uma definição de com-
empatia, em que tem de haver o assumir da responsabilida- petência cultural que seja universalmente aceite. A sensibili-
de para com o Outro, exigindo um compromisso por parte dos dade cultural, a consciência cultural, o conhecimento cultural
profissionais de saúde para com a pessoa que exige atenção e e a habilidade cultural constituem o denominador comum da
cuidados (Nunes & Ramos, 2011). maior parte das definições encontradas.
O corpo e a forma como é manuseado e tratado constitui um A Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural
dos aspetos de maior melindre na prestação de cuidados a de Madeleine Leininger (Leininger & Mcfarland, 2006) é vista
pessoas de outra cultura e religião. De uma maneira geral, é como uma teoria que tem como grande preocupação o cuidado
o profissional de saúde quem dá as diretrizes e as explicações baseado nas crenças, valores e atitudes de cada pessoa e cul-
e, frequentemente, não toma em consideração que em mui- tura, que, aliado às práticas de enfermagem, torna possível o
tas culturas algumas questões levantadas são consideradas desenvolvimento de um conhecimento científico e humanista
intrusivas. Alguns utentes não só não respondem, como não imprescindível para o cuidado.
pedem nenhuma clarificação sobre o assunto. Tais premissas Narayan, citado por Vilelas & Janeiro (2012), refere que a En-
podem ter como consequência que o utente não compreenda a fermagem promove o foco na competência cultural não ape-
sua situação ou não seja capaz de seguir o seu plano de trata- nas para cumprir disposições regulamentares, mas também

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Hospitalidade
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TRANSCULTURALIDADE

para promover a satisfação do utente. Quando os enfermeiros requer que os enfermeiros entendam os problemas ou situa-
prestam cuidados que estão em conformidade com os utentes, ções, tendo em conta a perspetiva cultural dos utentes, pro-
com as suas crenças culturais, com os seus valores e as suas porcionando aos utentes uma sensação de segurança.
práticas, o pressuposto é que os utentes estejam mais propen- A aceitação constitui um outro requisito para os enfermeiros
sos a aderir aos cuidados do que aqueles em que os aspetos que cultivam uma enfermagem transcultural efetiva. O enfer-
culturais não foram tidos em conta na abordagem dos enfer- meiro deve ter abertura para conseguir aceitar as diferentes
meiros. A competência cultural tem três etapas progressivas perspetivas culturais dos doentes que cuida. A aceitação reve-
que ajudam os enfermeiros a prestar cuidados aos utentes de la que os enfermeiros valorizam a diversidade cultural quando
diversas culturas. prestam cuidados de enfermagem.
A primeira etapa consiste em adotar atitudes que promovam A flexibilidade é, igualmente, um dos pressupostos que os
a transculturalidade nos cuidados de enfermagem. Destaca- enfermeiros devem adotar para se tornarem culturalmente
-se a este respeito a disponibilidade de tempo para entender competentes. Estes necessitam de integrar as crenças cultu-
e apreciar as necessidades e perspetivas culturais do utente rais, valores e práticas dos seus utentes nos cuidados de en-
como um requisito fundamental para a prestação de cuidados fermagem e não impor os próprios desejos no cuidado a essas
de enfermagem efetivos e culturalmente competentes. Esta pessoas. Os enfermeiros demonstram flexibilidade quando
é a forma de demonstrar respeito e preocupação com esses mostram recetividade para prestar cuidados alicerçados nos
utentes, que se sentem confiantes de que estão a ser cuidados fatores culturais dos utentes, o que os ajuda a sentirem-se
por enfermeiros que tomam em consideração as suas prefe- seguros de que o seu atendimento é individualizado e, conse-
rências culturais. quentemente, contribui para a definição de metas em conjunto.
A empatia é uma das qualidades necessárias para os enfer- A segunda etapa corresponde ao desenvolvimento da cons-
meiros adotarem enquanto competência transcultural. Isso ciência das diferenças culturais. Os enfermeiros precisam »

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Hospitalidade
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lembrar-se de que no mesmo grupo cultural existe diversida- importante para realizar uma avaliação cultural. A família é
de. A pessoa não é um estereótipo de uma cultura. Os indiví- a unidade social básica modeladora da pessoa. A avaliação
duos têm crenças, valores e práticas que podem afastar-se da cultural também dá informações aos enfermeiros sobre os
sua cultura. Isso aponta para a necessidade de os enfermeiros sistemas de apoio aos utentes. Esses fatores têm papel im-
realizarem avaliações culturais aos utentes. portante na recuperação e manutenção da saúde dos uten-
A terceira etapa consiste em realizar uma avaliação cultural. tes, que irão desenvolver uma relação de confiança com os
A avaliação cultural concisa é uma forma eficaz de obter in- enfermeiros, pois os cuidados são coerentes com os seus
formações pertinentes sobre as perspetivas dos utentes re- valores e práticas culturais. Às vezes, os padrões de cultura
lativamente aos aspetos importantes dos seus cuidados. Por dos utentes podem entrar em conflito com as necessidades
exemplo, a avaliação da dor é particularmente importante de saúde do próprio utente. É necessário que o enfermeiro
para os enfermeiros cuidarem de forma humanizada. A dor tente desenvolver e implementar novos padrões de saúde
é uma sensação muito subjetiva porque os utentes descre- para esses utentes, o que é conseguido de forma mais efi-
vem as sensações de forma diferente e têm distintos níveis caz quando os enfermeiros têm uma abertura para ouvirem
de tolerância à dor. Os enfermeiros necessitam avaliar a dor e entenderem as perspetivas que os utentes têm sobre a sua
pedindo aos utentes que descrevam como se sentem, mas doença.
também é necessário incluir as expressões faciais e a lin- Ao encontro do que foi descrito anteriormente, os autores
guagem corporal. Isso ajuda-os a identificar melhor a dor Rodrigues, Martins e Pereira (2013) referem que a compe-
nos utentes com base em culturas que aceitam a dor. Apren- tência cultural se baseia no entendimento da existência de
der e entender a estrutura familiar do utente é, também, diversas crenças e tradições, da estrutura familiar, das re-

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lações de género e de papéis sociais, do impacto da classe ções e a participação ativa do indivíduo na construção do seu
socioeconómica, da etnicidade, da acessibilidade à educa- plano de cuidados, é essencial. (Andrews & Boyle, 2005) H
ção, da perceção do estado de saúde-doença, dos compor-
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der de forma mais global os seus universos.
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acabar com a desigualdade em saúde é a capacidade de en-


tender as diferenças culturais, visto que os serviços de saú-
AUTORES
de que tenham capacidade de respeitar e responder às cren-
ças, práticas e necessidades culturais de diversos indivíduos Cláudia Mateus Enfermeira, USF Vendas Novas
podem trazer resultados positivos para a saúde individual e Elisabete Oliveira Enfermeira, UCSP Montijo Rural
coletiva. (Andrews & Boyle, 2005) Sofia Marante Enfermeira, UCC de Vendas Novas
De forma a ter avanços na qualidade dos cuidados prestados, Susana Capucho Enfermeira, UCC de Almoreg
a substituição de modelos clássicos de gestão do trabalho em Susana Ladeira Engenheira Biomédica
saúde por modelos mais flexíveis e dinâmicos de forma a va- Raúl Cordeiro Professor Adjunto, IPPortalegre
lorizar as necessidades individuais, a humanização das rela- António Calha Professor, IPPortalegre

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