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[ST projets exlotencial arego.” Procurarei. elaborar ho curso da presente conferéncia o significado que o terno "grego” tem no contexto da nossa situagie, e mais especialmente no contexto da nossa vivencia ds arte. Como primeira aprexisagic de ume definicao diret que © termo "grego" designa uma cultura que tinha por palco partes das terras medi_ terraneas, e por époce o milenio entre 80 antes e 200 depoi. de Cristo, Trata se portanto de definir uma cultura. Ne conferéncia passade recorri ao termo "cvl tura" para designar o conjunto daqueles objetos que encontro ao meu redor e que revelam, quando apalpados, a manipulagio humsna. Temos experiéncia de varias culturas diferentes. 4m outras pslavras: em nosso esforgo de apreender on ob_ detos que nos cercam verificamos que alguns entre eles foram manipuledos de ma neiras diferentes. Culturas e&o pois maneiras de wanipular objetos. Dissemos que o honem wonipula afim de libertar_se da situsg’e que o cerca. Culturas slo maneiras como o hofiem se liberta da situag&o que o cerea. Dissenos que o honen se liberta da sue situagio ao projetar_se contra eli Cylturas 840 maneiras co_ mo © homen se projete. Culturas so projetos de acordo com os quais o homen se Projeta contra a sua situegdo para apreende_la, compreende_la e manipula_la, 0s objetos de cultura, (as obras de arte), sio realizagdes desses projetos. Utiii_ zares portanto o termo “cultura” com um'Significado um pouco mais amplo que ns conferéncia pasgad: Ne conferencia passada designei por "cultura" 0 conjanto de objetos manipulados de certa maneiré. Hojo desigteret por "cultura" # wanes ra mesma, isto 6 0 projeto que realizon esses objets. Piose portanto que cultura é a maneira como o homem apreende, compreende ¢ mani puls 6 situagdo dentre da qual ce encontra,. Resimindo “eéta definicho, posso a1. zer que cultura é a maneira como me encontro: Aa me encontrar, encontro_me de certa maneira, isto é dentro de um determinedo projeto chamade “cultura”. 0 men mundo se me apresents como se apresente de mateira pré_figurada, chenata culture’, © eu mesmo ne encontro a min mesmo como mo encontre,desea maneira pré_ftigurada, Tudo que fago ao pie jotar_ne coatra o mon munds, desde © meu gesto meds corriqued re até o men ato mais decisivoy é, ce certa naneira, pré_figarado pela cultura mt quel me encontro, A minha cultura @ meu projeto, e a minha vida ¢ ume Tealizacio desse projeto. Ao viver aZo fago mais que precurar realizer uma ou mais virtoals dsdes contidac xo projeto da miaha cultura. Onlturas se distinguem pela estrate_. vee pela riqueza 46 virtualidades que oferecem & realizacée pelas existencies.om delas participaz, H& cultures relativanente fechades, iste @ oferecen Poucas vie’ de realizagao ae ‘existencias nelas empenhades. Sao as chamades cultures primiti_ vas. Nelas a existencia pode apreender, compreender e manipular o sou mundo de : meneiras pouco numerosas, portanto de meneiras que tendem a serem eigidas e tradi, Cionalistas. E ha culturas relativemente complexes, icto é oferecen numerosas, vi ac de realizag&o 0s que delas participam. Nessas eulturas © mondo pode ser apre endido, compreendide ¢ masipulado de muitas sameires, e ecte ploralisio permite escolhe, portanto liberdede em cérto sentido. Mas escad escolhes 6 prefigurada @ le estratura da cultura; e « diferenga entre cultures complexes, como 0 6 a nossa eivilizagao, e culturas primitivas é apenas queatitativa: Tambén na nossa cultom © nimero de projetor exi-tenciais é limitede @ pode sex sxauride Pela realizagéo progressive. & verdade que nossa civilizagéo oferece um nimero Felativamente grande de oportunidades. ‘Mes 6 igualmente verdade que a realizagio da nossa o1_. vilizagao cone projeto progride vertiginosamente. Fetanos nos sproximendo por_ 1 tanto de um estégio de rigidez e tradicionalismo-comparivel ao estégio no qual e@ encontram es culturas chemsdes primitivas. Com efeito, cultures primitivas so projetos altamente realizados. & por isto que para eles o tempo péra, e estes projetos deixen de ser histéricos no nosse significado do termo. Nada mais acontece a néo cer uma repeticao eterna de gestos pré_figurados, éhanados ritos, Cyituras podem cer portanto concebdidas como ciclos, Ha um estégio primordial, mo qual « cultura se desfech Nesse estagio a exietncia se encontra om citua_ gho Ge virtualidades a serem realizadas pelo projeto desfechante. Ha Un estagio de realizagéo, no qual a cultura se desfralda. Nesse estagio o existencia se encontra em situagse de realizagao progressive. E ha um estégio escatolégico, no qual a cultura Se eche realizeda, Nesse estégio a existencia se cha em si_ tuagio porfeita, iste 6 parediciaca om certe sontide, Tndo Ja foi feite, e rea’ ta apenas a repetigao eterna, iste ¢ 0 rito; Neste centide as cultures primiti. vas vivem no paraiso. 4 nosse civilizacéo esta se eproximande de terceire esta. gio, portanto do paraiso, da vida ritualizeda, do tédio da perfeigio, do primi_ tivismo. mossa preocupag&o com es gregos @ sintoma da nossa consciencia desse fato. A wultura grega, como projeto existencial especifico, pode ser encel® como tendo Percorrido o: tres estagios enunerados. # o que procurarei fazer nw tres conferen cias futuras. © primeiro estagio corresponde a o que chamamos de “arcsico", o segundo a o que chemamos de “Classico”, e o terceiro a o que chamamos de "helents no" © presente curso procurara elaborer esses tres estégios no seu aspecto ne_ nipuledor, esto 6 nas respectivas obras de arte. Mas a cultura grega pode ser en carade também como ume das origens da nossa cultura.A nossa cultura serie releta vamente complexa, porque resultado de uma superagéo dialectica de duas culturas em estagio avancado de ritualizagio, a saber da judia e grega. A contemplagzo de culture grege seria a contemplagée da fase original da nossa cultura, com — meta confessa ou inconfessa de eviter a cua passages para © estigio de perfeicio derradeira. este ponto de vista que pretends assusir hoje. Tisse que hé um estégie no qual a cultura se desfecha. Frocurarei eleborar on pouco melhor esta ofirmativa, 4 cultura é uma monéira pele gual existencies se Fealizam, 4o désfeybharge, a cultura estabelece a situegie aa qual existencias podem realizar.ce. Ad desfechar_se, em outras palavras, a cultura estabelece om mundo. 0 desfecho de uns cultura é um mundo, 4A origem de usa cultura a crie.. Go de-um mundo. Este ato criedor'de um mundo que é © desfecho de ume cultura é @ revelagdo do et& entZo encoberts. A cultura, ao desfechar_se, revela para as existencias que dels participam o enceberte na forma dé um monde. © munéo é a. meneire como a cultura révela o encoberto, ¢ neste sentido @ mundo é uma criacéo, de cultura. Nesse ato revelador e criador o mundo aparece. f contra o mundo con forme revelede pelo ato desfechante da cultura que a existencia é chanada a proje terse. Hste ato desfechante & um ato de articuleg&o chamade "mito". 4 cultora Gesfecha o mundo, a0 désfechai_se, e cose ato é uma articulagio mtica, uma reve lag&o articuleda: A eitologia & o estudo dos mites de uma cultura co: erticula. eGo do projeto existencfal original que é essa cultura; Os mitos contém, em for | me densa e postics; todas es virtualidades a serem realizadas pela cuitura, 4 eritica © andlise de mito: pode expliciter es potencialidades domentes no proj | to que é e ciltura. A histéria.de una cultura é'0 desfraldar aa0 potenctaliéades articulsdas nos seus ites, Considerarei pois com esta finalidade es mitos dos Rrefos, J 4 uma dificuldade inicial que devo confessar aos seahores. Os mites Bregos nao revelam um, mas Geis mundos, A dramaticidade inerente & cultura grega pese ta1_ vez ser explicada por essa dualidade. Chamarei a primeira revelagdo de olf{mpica, 8 regunda de érfica, ¢ traterei delas ceparadamente, para depois tentar de sintet. tizélas nas conferéncies futuras. A revelagéo ol{mpica revele um mando que é on animel gigentesco. Esse organiemo céumico move_se obediéncia & uma let morsel © caurel, chemsde “aneaké" (necessidade). disse lei determina o luger certo desto de toda parte do mundo. O lugar certo da pedra é e chéo, e as pedras ceem portan to por necessidade. O lugar justo do passaro & o ninho, e @5 passaros voam pare 1a por necessidede, A necessidade reconduz todas as coicas pera o seu lugar cer. toe justo. Sate reconduzir é a juctiga, e e ebandono do lugar juste & crime ave Provoce vingange. © aninel césmico respira. © seu halito 6 chamedo "pneama’ Te. do 6rgée desse organisme participa do halite, iste @ vive. Beta vide particnient vada @ chameda "psyohé". Nada existe de inorgamico, & que tode montanha, todo rie, toda pedra, tem sua psyche, sua ninfa, seu deus, Mas ha também come que.un. cérebro do animal césmico, que so or deuses do Olimpo. Estes dirigem © corpo de mundo. ‘Yodo deus individuel dirige um orgie determinate do munde: Héiios o sol, Poseiden o mar, Hefaistos o foge. Mas tode deus individual pode -influir sobre o mundo todo, e neste sentide todo deus ditige o mundo inteiro vob certe acpecto: Athene rob o aspecto da razéo, Appolon da hermonia, Aphrodite da fertilidade, Ag res da dialetica do seu metabelitmo, e Zeus como foce de todos es aspectos, que & durtamente o aspecto da justige, O homem, como Srgéo do muado, esta sujeito & na cessidade © goverasde pelos,denses que administram a necessidede. Mas como orgen niemo que &, & o homem uma’copia em miniatura do mundo. & um microcosmos, e como tel'netrom panton" (medida de tudo), Conhecendo_se a si mesno, (gnoti ceauton), conhecerd de certa forma tude. Nesse ato de conheciuente vivencia « necessidade como algo que o empurra, (moira), e como alge que o arrasta (tyche), Entre estas dues forgas temiveis, entre cansalidade © entelechia, sitwa_se o‘espego precario das decisSes bunanes. Na procure va e'pronetéica de alergar esse ezpaco reside a tragédia e a déleza da condigsd humana. issa precura Proveca, por necessidade, a Jurtige, isto @ vingenga ea inveja dos denses. Ecea tentativa & orguihe (nyt kis), ¢ © homem.que nela se empenha @ um heros (heres). Nesse empenho heroico a Preende, conpreende ¢ manipuie as coisas de mundo, (es pheinomena), Ja que forme ® respeito deles opinises (aexa), para subjaga_las. A arte (techas) 0 gesto do orgulho. O mito de P; eu préfigura esse empenho e o seu castigo por necessida de. © homem como manipulader, isto é como artista, é um rebelde herdico contra a Recessidede, cria beleza nesse sen empenho, e & ultimameate derrotado, e as aves repinas da necestidade devoram o seu. tigado etérnamente. Nessa sua decisée orenl Xhosa o homem supera de certa forma os préprios deuses, J& que estes esto sujed_ tos sempre & necessidade. Mas ao superar os deuses, é derrotedo, E ha mais: ne sua decis&o orgulhosa de projetar_se contra os fendmenos terna_se o hemem viting des suas opinises, esta portanto enganado. Tnde que apreende @ compreende é fol 50. © artista, © heroi, © homem enpenhade ne ipalagde; & io spenas criminose © derrotedo, mas einda enganado. Mas em toda essa sua tragédia 6 dele: Ha, no en tento, uma segunda possibilidade. 0 homem mao se rebela, mac procu: "a adequar_se 4 necéssidede. Pode negeciar com ox Geuses, sacrificarihea certes coisas para ob. ter outras em troca, £ © que se chema virtude ou piedade (arete). Nessa atito. de de submissao razoavel € calculada o homem adquire © verdadeire conhecimento ve 4a lei que governa o mundo. Bese conhecimento, essa sebedoria o¢ chama "sophie". © amanta da cabedoria, "philosephos", é o anti_heroi, o anti_artista, ¢ o homem virtuoso. A segunda revelagéo, 06 witos érficos, revels um mundo que é um "mysterion" um se gredo. H& uma fugura central, Crpheus, cantor, secerdote ¢ “pei de Thracia, porta to de ume regiéo limitrofe quase n&o grega. Orpheus proporciona ao homem os meics ée decifrar o segrede que é o mundo e alcancar « imortalidade. 0 mundo, conforme aparece a0s olhos do néo iniciado ao :eu mistério, & um amontosdo cadtico de for. gas inimigas,, Fen, o deus terrivel de pés de cebra,habita as suas florestss e.es palha medo panico por onde aparece. Com sua fleuta, & séFinge, seduz os homens para o absimo 4a morte. Dionysios, filho de Appolon e de Paybyenia, (portanto a, missério do mundo oldmpico no mundo do orfismo), procura peaetvar a barmonia da fleute e domina_la “Nessa tentative, no entante, Diosysios é norte. Com efeito, & morte repetidas vezes, mas sempre ressuseite. & & "aithyzmabos", 0 duas vezes nes cide. Com Perséfone gera um filho, Zugreus, que é uma espécie de sua propria re_ incarnagio, para assim continuar a luta libertedera. Mas a crianga, 4agrens, @.co mide viva pelos titées, es forgas cadticas do muado. Os titées sio mortes por um rato e reduzidos a cinzés. Dessas cinzas surgem os homens. sstes contem portan to uma parte cadtica e ma, (a titamica), e uma parte divina (a parte dionisieca, j& que os titSes tinhem comido Zagreus antes de serem mortos). Ox,homens dever.m pificar_se da sue parte titanica,-e podem alcancar essa purificacao (katharsis), pela reincarnagéo continua (kyklos tés genéseos). Rercerride o ciclo des geragées os homens se tornam Dionyeios, tornam_se divinos. Mas, uma vez reabsorvidos os homens, o cielo recomega. Dionysios é novamente morte, Zagreus devorado, os ti_ t&es redizidos a cinzas, os homens produzidos, e assin ed “{nfinite: Foi para quebrar este ciclo nefaste ¢ desecperade qué gira de morte pera morte, é que Monysios reselveu incaraar_se em hones. Accim surgiu Orpheus, @ salvedor (m ter), para ensinar sop homens o cominhe da salvagéo e da vide Ete homem deus tem o dom magico da arte, j& que descende, sefde incarnacdo de Dionysios, ce Appa lon e das Musas. Com esse don musical vencé a natureza. Os enimeis e as pedras chorem eo-ouvir seu'cente. Mas por detraz da natureza vence a propria necessida de. As Efynnias enraivecidss o' deixem passa pela porta da prépria morte. De reino do alem salva a sua mulher, Euridyke. Alge de misterioso acemtece, no en. tanto, e Euridyke se perde novamente. Voltando do reino do slém, Orpheus’ nfo con segue mais livrar.se do fasc{nio dos misterios que vin. Despreza o amor das mu Yheres terrenas por amor @ Huridyze. Essas mulheres da Thracie, enciumadas, res - gan Orpheus vive © 0: devoran: AL acentece o milegre: Orphues, a artista, o:f42 ho das Musas, o homens zdeus, que preferd o emor (eros) trametendente ao amor imanen te, salva, ao ser sdcrificado; as mulherés terrestres. Por terem rasgede o deus vivo, (orgia), por terem participade da cua carne ¢ de seu sangue, (enthusiasnos), sGo as mulheres salves da reincarnagéo, ¢ alcangem a imortalidade. O© ciclo nefas to des geragdes foi quebrados Oxphens @ 0 salvador (soter) da hunenidade, por te desvendado o alén pelo anor, portanto a verdade (aletheia), . Este grupo de mitos, J por si ‘confusos, é ainda complicadd pela incursée continn de mitor olimpicos no Seu conjunto. Com base nestes mitos, e dé mitos como o de Hermes, Demeter e Kore, surgire® os misterios como os elewsiniesa formular 9 pro. | Jeto existencial grego. Nestes misterios representava o bode. come incernagéo de Pan, 0 segredo do mundé eparenté. “Esse bode, uma eapécie de agnus dei invertido, ere orgiasticamente racgede vivo e entu-iasticemente devorada pelos inieiados.. & re 0 rasger“do veu da aparencia para que se revele o puro ser cue 6 6 amor (oro-), 4 Bese pure ser se apresentava agc iniciados intoxigades pelo sangue divine, (o vi nho de Dionysios), como imagens eternas (eideias). 0 iniciade Participeva ento. Siacticomente dessas imagens, portanto da imortalidade, gracas a sua parte éivina Oxrphica, que @ misica, isto @ descendente das Musas. Grecas a misice vidreva o 4 niciado com as imagens, esteva em “sympsthia" com elas. Essa simpetia musical ea re a um tempo harmonica e matematica, e era portante pela micica e pela matemats, ca que o iniciedo patticipava da imortalidad Sm outras palavres: 6 pela mani_ pulagéo disciplinada des fendmenos. que o iniciade alcengava a imortalidade, 0 homem se imortelizava enquante artista. ‘| 5 i Creio que fico dispensedo da tarefa de demonrtrar que 05 mitos que acabo de. lhe. contar de maneira tao resumida contém uma parte der virtualidades que'a nosse.ciz ' vilizagio esta Feelizando, Eases mitos s8o ¢ continuam sendo perte do nosso pro_ : Jeto. Parte des escolhas que a noces cultura pée a nosseaispor come_progranas \ aa norsa vide esta contida nos mites que scabo de contar ines, £ por isto que. Somos uma conversagéo com 0s gregos. Mas o que procufarei elaborar cono conclo | i SGo desra conferéncia & o papel embivalente que estes mitos atribuen a arte. Fo. @ fecesséria para a compreensio das obras de_arte gregas. Esha, obras sio realizagSes dos mites, e sua contemplegéo aqui e agora é signiticativa Justanente por serem as obras greges realizag&ea de mitos ainda vigentes, No Giltime conferéncia defini a arte como a tentativa-frustrada de libdertagio ao | homem, que resulte na profansgao da natureza., Aludi, talvez inconscLenteménte, a0 mito prometeico so formuler a definig3o proposta. Os mites judeus e @regos, , 20 terem desfechado @ nosce cultura, estabeleceram um mundo ne qual a atividade mani puledora do homem @ uma atividade frustrade e criminosa, a néo ser que se submeta, a um principio transcendente. Reformulande medernamente o qué lhes quero conuni_ car dived que a arte é uma atividade frustrada e criainosa no mundo estabeleciéo Por nosso: mitos, a nfo ser que se engeja. Neste ponte concoréam os mitos onfmps cos © judéus; embora discordem quanto ao clima no quel o crime da arte é perpetra do. Fara os mitos judeus a atividade artistice & nogente, come © & todo pecado. Pera of mitos ol{mpicéds a atividade artistice 6 herdica, portente dele: Mas.es mitos érfices discordam. Para eles pode o hémen enquante artista vencer a3 ca. deias de necessidadé © periétrar @ reino da imortalidade come ser liberte., Como. vem os senhores, arte 6 liderdade séo dois conceitos Antimenente entreiigedos no mando estabelecido por nossos mitos. © mundo dude e o1lmpice, sendo um mando tw. rénice, coloce o homen em aituagao na qual a aniéa liberdads autentica é o servi_; $0, ou, como Giz Engels: libexdade € 0, Gonhecinento da nécéssidéde. Nesse aunio. @ arte ou @ servigo sactiticel, ou S crime. Ba outras. Belavres: ou é engajads, o é alienada. Mas o munde drfido, sendo telérico, coloce 6 Lénéa em situegao na qual a insca liberdade auténtica § a negagio ativa do chée do qual brotamossliesse mindo vale a arte colo tranisférmagéo de natureza, pertanto como superagao da natn reza pelo espirito humane que se libert: A miltiplicddade dos mitos que destech ram a nossa cultura torna essa cultura ambiyalente, ¢ esta embivalancia surge 2. tp me se refletimos sobre of nossos conceitos da arte e da liberdede.” Essa anbivala, sia torna tao flexivel e t& frégil.a nossa culture. “ ambivelencia face a arte pervade toda a especulagéo grega. i Use anélise das ti sofia: gregas, a comeger pelec pré_cocraticas, e a terninar pelas post_helenistas revelaris, disto ecyou convencide, a lute do pensenento grego en sinteticer a sya herenge olimpica com a érfica © formular uma estética e étice valida para embas, No infcto da historia da filosofia grega esto ainda quese nftidamente dividiaas 8 duas herangas, j& que nos jonios prevalesce o olimpisme, e nos pitagoréicos. o orfismo, Com Socrates e Plat&6 as duas correntes se fundem e ce confundem pera nunca meis'se separaren, e continuam formando ume correnteze contreditéria no. fun @anento do nosse proprio pensemento. © propésito do presente curse nfo § discutir ® f1losofia grege, mes a arte grega vista pela nossa filosofia. Mas & importante notar que as nossas diividas fundementeis quanto eo fenémeno ertistico J4 se encon trem no pensamente greg ca Essa nossa divide fundamental face & arte, ums divida tio intimemente ligada com 95 nossos conceitos de liberdade e necessidade, pode ser articuleds nos termos | “produgéo" © "imitagéo", "potesis” e "mimesis" portanto. 0 artista manipula pro duzindo e“imitando algé, “Eetes déis termos "poesis" e "mimesis" formarso: porten to o tema da préxime conferéncia, quando serf discutida a arte archica grega, 0 que pretendo dizer hoje para concluir esta exposigio é o seguinte: Os mitos gra, Gos estabelécem um aundo pervedido por uma orden, estabelecen portento um cosmos Besa orden que pervade ¢ informa o mundo 6 chamada "o verbo" (logos) Esce ver_ do passa @ ser concebide como o supremo deus da filosofia helenista, e & quive_ lente do Nome Santo, (Hachem hacadoch) dos judeus, No cristienismo pasca a ser @ Segunda peasda da tiindede. Essa qualidade légica.que carscteriza os mandos judeu ¢ grego distingue a nossa cultura, Confere um carater dictinto & nossa a. tividede artistica, no sentido de fazer com que seja uma atividade logicenente ax tiewledore. © problema da “potesis" e de "mimesis" § um problema légicenente ana liével, A endlise légica ém especial, ¢ a filosofia da 1{ngua om geral, séo. por tanto o tipo de reflex&o que mair diretamente ataca as proprias veizes da nossa cultura, inclusive a nossa arte. Os nossos.mitos dizem que o verbo, o nome santo. portanto o principio articulador e légico, fundementam o nosso mundo. A arte en. quento "poiesia” @ uma articulagéo neste sentido, e a arte enquante "mimesic" 6. ume articulegao segundéria no mesmo sentido, f neste espirito linguf stico, iste € logico e refletive do logos, nue pretendo fezer ressurgir diente dos senhores as obras de arte dos gregos entigos. Concideremos pois, nas proximas confers: cies, aguele realizagao do logos que s&o as obras de arte gregas. :

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