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O Culto e as suas partes: um só culto.

Jonadab Domingues de Almeida

O Culto cristão deve ser realizado de forma organizada, motivadora e inspiradora


da missão. Sua liturgia deve seguir a estrutura encontrada na narrativa de Isaías 6.1-8,
que fornece a base para a liturgia de várias igrejas reformadas e, particularmente, da
Igreja Metodista em solo brasileiro:

Adoração: Eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono (v.1a).


É o momento de reconhecer a Deus e Sua presença; marca o momento do
encontro do povo de Deus com o seu Senhor; tem a conotação de “curvar-se”, de
“reverência”, de “proteção”, etc.; significa atribuir valor supremo a Deus, pois só Ele é
digno desse reconhecimento; é glorificar a Deus por aquilo que Ele é (C. EPISCOPAL, 2006,
p. 12-13).

Inclui: Leitura bíblica, cânticos ou hinos congregacionais, orações e palavras de


saudação e acolhimento, são alguns elementos pelos quais a comunidade de fé
que cultua a Deus pode expressar sua adoração.

Confissão: Sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros


lábios (Is 6.5b).
É o momento de reconhecer a condição humana de imperfeição e limitação,
diante da perfeição, santidade e glória de Deus. Na confissão é importante que seja
vivenciada a experiência pessoal e comunitária “homem ou mulher” e “povo”.
Inclui: Leitura Bíblica, reflexão e oração silenciosa, oração individual e
comunitária, cântico de confissão e a proclamação de perdão, são alguns
elementos que podem ser utilizados neste momento para preparar a
congregação para o momento de louvor.

Louvor: Toda a terra está cheia da sua glória (Is 6.3b).


É momento de reconhecer os feitos salvíficos e abençoadores de Deus, como
gratidão. “Se a adoração é a glorificação a Deus por aquilo que Ele é, no louvor a igreja
glorifica a Deus por aquilo que ele faz” (C. EPISCOPAL, 2006, p. 14).
Inclui: Orações que expressem gratidão, leituras bíblicas, cânticos,
testemunhos, ofertas e outras expressões artísticas, são alguns dos elementos
que podem ser utilizados pela congregação para esse momento,

Edificação: Ouvi a voz do Senhor, que dizia (Is 6.8a).


É o momento em que, “mais explicitamente, Deus fala ao seu povo, ao passo que
nos outros momentos, mais especificamente, é o povo que se dirige a Deus (adorando,
confessando e louvando)” (C. EPISCOPAL, 2006, p. 15). O momento da edificação é
considerado central do Culto, quando a Palavra de Deus é pregada, geralmente
vinculado à celebração da Ceia do Senhor. Neste sentido, as demais partes do culto
devem estar em sintonia e harmonia com a pregação da Palavra de Deus que exige
cuidadoso preparo, sob a responsabilidade do pastor ou pastora de cada igreja local,
mesmo quando outro/a membro seja o pregador ou pregadora. É
Inclui: A leitura bíblica e sua explanação, que leve em conta a origem do texto
(exegese), a sua atualização à realidade atual da vida das pessoas e da
comunidade (hermenêutica), bem como a aplicação de desafios e orientações
frente à realidade (pastoral), é que caracterizam este momento

A Santa Ceia tem o seu lugar especial no culto. Historicamente “era celebrada
todas as vezes em que os cristãos se reuniam em nome de Cristo - semanalmente ou
diariamente” (C. EPISCOPAL, 2006, p.16). Não há nenhum impedimento para que seja
celebrada com maior frequência. Apenas por praticidade é que passou a ser celebrada
uma vez por mês, geralmente no primeiro domingo.

Dedicação: Eis-me aqui, envia-me a mim (Is 6.8b).


É o momento da resposta à Palavra e ao Culto, uma vez que “todo culto culmina
com o momento do apelo ou do convite ao compromisso com o Reino de Deus”.
Significa que, “depois da adoração, confissão, louvor, pregação da Palavra e Ceia”, o
povo de Deus “responde ao Senhor, consagrando-se e dispondo-se à missão e ao
serviço”. Um momento propício para oração no altar, quando, mediante o apelo ou
convite, “o povo se apresenta perante Deus e dedica-se a Ele e ao Seu serviço”. É
também oportunidade para as súplicas e intercessões pelas pessoas carecem do favor
divino e da atenção da comunidade. Neste sentido, “elevam-se a Deus, orações por
pessoas, famílias, comunidades, nações e, enfim, por toda a humanidade, à luz do
desafio missionário feito por Jesus ‘desde Jerusalém, Judéia, Samaria e até aos confins
da terra’ (At 1.8)” (C. EPISCOPAL, 2006, 16).
Inclui: Leitura bíblica, avisos e orientações, cânticos, orações de envio, são
alguns dos elementos que podem ser utilizados neste momento.
É importante que o culto seja bem organizado, que tenham ordem; que
contemple as partes consideradas fundamentais: Adoração (reconhecimento da glória
de Deus), Confissão (reconhecimento da realidade humana), Louvor (ações de graças e
reconhecimento da bondade e misericórdia de Deus), Edificação (proclamação da
Palavra de Deus) e Dedicação (envio do povo a serviço da glória e da vontade de Deus).
Que tenha começo, meio e fim; que leve em conta o passado, o presente e o futuro.

Jonadab Domingues de Almeida


Pastor Metodista e Professor na FaTeo/Umesp

Referências

IGREJA METODISTA. Cânones da Igreja Metodista. São Paulo: Igreja Metodista, 2012.
COLÉGIO ESPISCOPAL DA IGREJA METODISTA. O culto da Igreja em missão. São Paulo:
Igreja Metodista, 2006.
RAMOS, Luiz Carlos Ramos. Em Espírito e em verdade: curso prático de liturgia. 2. ed.
São Bernardo do Campo: Editeo, 2011.

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