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REVISÃO DE ELETROMAGNETISMO

Lei de Ampére
Já conhecemos o efeito do campo magnético sobre cargas em movimento e sobre correntes em circuitos elétricos. Sabemos,
também, que uma das fontes de campo magnético são os ímãs permanentes, como a magnetita. Em 1819, Oersted descobriu
que uma corrente elétrica produz um campo magnético, e que para o caso de um fio retilíneo, as linhas de campo são círculos
em planos perpendiculares ao fio. O sentido do campo é dado pela regra da mão direita: com o polegar no sentido da corrente,
os outros dedos dão o sentido de B, como ilustra a figura 1.

Figura 1 - Sentido do campo

Logo após a apresentação do trabalho de Oersted, Ampére realizou outras experiências e formalizou a relação entre corrente
elétrica e campo magnético. Ele mostrou que o campo produzido pela corrente, I, é dado pela lei que recebeu seu nome.
A lei de Ampére, considerada uma das leis fundamentais do Eletromagnetismo, descreve a produção de campos magnéticos
por correntes elétricas e foi proposta originalmente por André-Marie Ampére e modificada por James Clerk Maxwell (por isso
é chamada também de lei de Ampére-Maxwell). Ela relaciona campos elétricos variáveis no tempo com campos magnéticos.

O arranjo da figura 2 consiste em um condutor de


comprimento l, conduzindo uma corrente com módulo
constante, I. As linhas de força são círculos Figura 2 –
concêntricos, sentido dado pela regra da mão direita e Rendimentos típicos
módulo dado por à plena carga para
µ 0i motores de alta
B(r ) =
rotação
2πr
Sendo:
B – densidade de fluxo magnético existente na região onde está
2 2
o condutor em webers/metro (W/m ) ou tesla (T);

Figura 2 – Campo magnético produzido


pela passagem de corrente elétrica
num fio.
Lei de Ampére e máquinas elétricas?
Nas máquinas elétricas, como será estudado mais adiante, o condutor (da Lei de Ampére) representa o enrolamento que
quando percorrido por uma corrente elétrica produz um campo magnético ao redor dele.

Força Magnética
O campo magnético é capaz de exercer forças não apenas sobre ímãs, mas também sobre condutores percorridos por
correntes elétricas. A força gerada é a soma das pequenas forças que o campo magnético exerce sobre cada elétron em
movimento. Não é, porém, necessário que os eletrões estejam dentro dos condutores para que sofram a ação do campo
magnético. Isso também ocorre quando eles estão no exterior e se movem livremente.

Força Magnética e máquinas elétricas?


A força que um campo magnético exerce sobre um condutor percorrido por corrente pode ser utilizada para realizar trabalho.
É o que ocorre nos motores elétricos, que transformam energia elétrica em energia mecânica. Essa força também é usada
para fazer funcionar uma grande variedade de aparelhos elétricos de medida, como amperímetros e voltímetros.
Os relés também são uma aplicação da força magnética.

Força Magneto motriz (Fmm)


Chama-se força magneto motriz (fmm) a causa do aparecimento de um campo magnético. Em um condutor percorrido pela
corrente elétrica, a força magneto motriz é a própria corrente.
F= I (A)

Quando enrolamos este condutor em forma de bobina (N espiras), os efeitos do campo magnético tornam-se “N” vezes
maior (mais forte).
F = NI (Ampére-espira ou somente A)

Força magneto motriz e máquinas elétricas?


Nos enrolamentos das máquinas elétricas a fmm é a própria corrente que o percorre. Por exemplo: ao aumentarmos a
corrente da armadura produzimos uma fmm denominada de “reação de armadura”, que, dependendo do grau de saturação do
campo, tenderá a desmagnetizar e reduzir um pouco o fluxo polar. A redução do fluxo polar é responsável, em parte, pela
queda de tensão de um gerador com o aumento de carga, e pelo aumento de velocidade de um motor com o aumento de
carga.

Permeabilidade
Permeabilidade é o grau de magnetização de um material em resposta a um campo magnético. A permeabilidade absoluta é
representada pelo símbolo µ.

Sendo:
B - densidade do fluxo magnético (também conhecida como indução magnética) no material e H é a força do campo magnético.
Nas unidades SI, a densidade do fluxo magnético é medida em teslas, a força do campo magnético em amperes por metro e a
permeabilidade em henrys por metro, ou newton por ampere ao quadrado.
A permeabilidade relativa, por vezes escrita com o símbolo µr e frequentemente apenas com µ, é a razão entre a
permeabilidade absoluta e a permeabilidade do espaço livre (vácuo) µ0:

-7 -2
onde µ0 = 4π × 10 N/A .

Permeabilidade e máquinas elétricas?


A permeabilidade magnética exprime a diferença magnética entre os diversos materiais. Tem um valor muito grande para os
materiais ferromagnéticos (apresentam a propriedade de aumentar o campo de indução magnética que os atravessa,
ampliando os efeitos magnéticos) e um valor muito baixo para o ar. Por este motivo as máquinas elétricas são construídas com
material ferromagnético.

Relutância
Corresponde à dificuldade oferecida pelo meio ao estabelecimento de um campo magnético. A relutância magnética é
uma grandeza magnética correspondente nos circuitos magnéticos à resistência nos circuitos elétricos. É diretamente
proporcional à fmm e inversamente proporcional ao fluxo magnético:

R = fmm / Φ ou R = l / (µ.A)
onde l é comprimento do caminho do campo magnético e A é a área da seção reta do material em questão. Sua unidade é [rel
ou A/Wb]. Matérias com alta permeabilidade possuem baixa relutância.

Relutância e máquinas elétricas?


Tanto as bobinas da armadura quanto as do rotor de uma máquina elétrica são enroladas sobre núcleos de ferro que reduzem
a relutância magnética ao fluxo que as enlaça. Devido ao ferro da armadura ser submetido também às variações do fluxo
magnético, nele, por sua vez, são induzidas correntes que não contribuem para o desempenho da máquina, pelo contrário, são
perdas que aquecem a máquina e afetam o seu rendimento. Os núcleos são montados como pacotes de chapas de aço
de espessura reduzida que diminuem os efeitos dessas correntes chamadas correntes de Foucault ou correntes parasitas.
O espaço entre o rotor e a armadura ou estator é chamado de entreferro (interrupção de um circuito magnético) e, por ser de
ar, nele se concentra a maior parte da relutância do circuito magnético no interior da máquina.

Fluxo Magnético Φ
Chama-se fluxo magnético ao número de linhas usadas na representação de um campo magnético. Representa-se o fluxo pela
letra

Fluxo magnético e máquinas elétricas?


Na prática, o conhecimento da variação do fluxo magnético é muito mais importante do que o conhecimento da variação do
fluxo elétrico. Porque a variação do fluxo magnético é responsável pelo importantíssimo fenômeno chamado indução
eletromagnética, essencial para o entendimento da conversão eletromecânica de energia.
Densidade de Fluxo Magnético
Indução magnética ou densidade do fluxo magnético (B) é o número de linhas de fluxo por unidade de área que
permeiam o campo magnético. É uma quantidade vetorial, sendo a sua direção em qualquer ponto do campo magnético a
direção do campo naquele ponto.
B = Φ/A
2
A densidade magnética, no Sistema Internacional de Unidades (SI) é expressa em webers por metro quadrado (wb/m ). Essa
unidade de intensidade do vetor indução magnética recebeu o nome de tesla (T), de modo que: 1 T = 1 wb/m². Uma unidade
-4
antiga de indução magnética, ainda muito usada, é o gauss; 1 gauss = 10 tesla.

Weber (símbolo Wb) é a unidade do SI para fluxo de indução magnética. Equivale ao fluxo que, ao
atravessar uma espira, produz nela uma força eletromotriz igual a 1 volt, se reduzido uniformemente
a zero em 1 segundo. A unidade leva seu nome de Wilhelm Eduard Weber, físico alemão (1804 -
1891).

Densidade de fluxo magnético e máquinas elétricas?

Quanto maior a densidade de fluxo magnético maior será a tensão induzida gerada por uma máquina
elétrica.

1.8.
Intensidade do Campo Magnético ou Força Magnetizante

A força magnetizante (H) em um ponto qualquer próximo do condutor que conduz corrente depende
diretamente da intensidade de corrente que produz o campo magnético e inversamente proporcional ao comprimento do
caminho magnético que está sendo considerado (caminho representado
por uma linha de força).
H = I / l (A/m)

Onde:

I = intensidade corrente (A) e,

l = comprimento em metros do condutor (m)

No caso de uma bobina, tem-se:


H=N.I/l

Como, geralmente, o condutor tem seção circular, o campo magnético pode ser representado por linhas de força
circulares, ou seja,
l=2.π.r

r = raio do condutor

1.8.1
Intensidade de campo magnético e máquinas elétricas?

É comum, em cálculos de circuitos magnéticos, trabalhar com a grandeza H que é independente do meio no qual o
fluxo magnético está imerso, em situações tais como as que são encontradas nas máquinas elétricas, onde o fluxo comum
penetra diversos materiais diferentes, inclusive o ar.

1.9.
Conceito de Domínio Magnético

São regiões que apresentam magnetismo espontâneo. Os domínios são entidades isoladas, isto é, cada domínio é
independente dos domínios vizinhos.
Em uma peça não-magnetizada de um material magnético os domínios estão distribuídos de forma aleatória e o
campo magnético total em qualquer direção é zero, como mostrado na figura 3. Quando esse material sofre a ação de uma
força magnetizante externa, os domínios que estão aproximadamente alinhados com o campo aplicado crescem à custa dos
outros domínios. Se o campo externo aplicado for suficientemente intenso, todos os domínios se orientarão nessa direção e,
daí em diante, qualquer aumento do campo externo não causará nenhum aumento na magnetização da peça. Nesse
caso diz-se que o material atingiu a saturação.
Quando esta força magnetizante externa é removida, alguns domínios podem voltar a desalinhar e os domínios
alinhados remanescentes são os responsáveis pela existência dos imãs permanentes.

Figura 3 - Representação dos domínios.


1.10.
Classificação Magnética dos Materiais

Fisicamente, os materiais podem pertencer ao grupo dos materiais FERROMAGNÉTICOS, DIAMAGNÉTICOS e


PARAMAGNÉTICOS. A grandeza magnética que orienta esta classificação é permeabilidade magnética (µ). A
permeabilidade desses materiais é comparada com a permeabilidade do vácuo (µo). Os materiais que não são
magnéticos (cobre, alumínio, madeira, vidro, ar, etc.) têm permeabilidade igual à do vácuo.
Ferromagnéticos (vem da palavra latina para ferro: ferrum) - caracterizam-se por uma magnetização espontânea, que é
totalmente independente de campos magnéticos externos. Possuem uma permeabilidade magnética CENTENAS ou MILHARES
de vezes, maior que a do vácuo, exemplos: ferro, níquel, cobalto, aço;
Diamagnéticos - a direção do campo adicional (formado através da teoria dos domínios) é oposta à do campo externo fazendo
com que o campo resultante seja menor que o campo externo. Possuem uma permeabilidade magnética MENOR que a do
vácuo, exemplos: hidrogênio, prata e cobre;
Paramagnéticos - nesses materiais a direção do campo adicional é a mesma do campo externo, portanto, o campo resultante
É MAIOR que o campo externo. Possuem uma permeabilidade magnética LIGEIRAMENTE MAIOR que a do vácuo, exemplos:
alumínio e platina.

1.11.
Curva de magnetização.

A curva de magnetização representa o comportamento de determinado material quando submetido a um processo


de magnetização. Tem no eixo das abscissas a grandeza intensidade de campo magnético (H) e, no eixo das ordenadas, o
valor da magnetização (I) ou a densidade de fluxo magnético (B).
Quando se deseja estudar o comportamento dos materiais magnéticos usa-se como base a curva de magnetização. Por
isso ela é freqüentemente encontrada em manuais e folhetos distribuídos pelos fabricantes desses materiais.
Inicialmente, o núcleo do material da figura 4 não está
magnetizado e a corrente no enrolamento é nula, portanto a
magnetização também é nula. Quando a corrente no enrolamento
aumenta, o fluxo e a densidade de fluxo
também aumentam.

Figura 4 - Circuito Magnético em


série utilizado para obter a curva de
histerese.

A curva da figura 5 descreve então a trajetória de o até a. Se a força magnetizante H continua a aumentar até o valor
Hs, a curva descreve a trajetória de a até b. Nesse ponto a curva entra em saturação e a densidade de fluxo deixa de
aumentar, embora a força magnetizante continue a aumentar. Reduzindo-se agora a força magnetizante até zero, a curva
segue a trajetória b até c. Nesse ponto, embora a força magnetizante seja nula, existe uma densidade de fluxo
denominada de BR (densidade de fluxo remanente). É a existência dessa densidade que torna possível a existência de imãs
permanentes.
Se a corrente elétrica for, agora, invertida, causando o aparecimento de uma força magnetizante – H, o campo
diminuirá à medida que a intensidade da corrente aumentar.
A densidade de fluxo atingirá o valor zero quando H tiver atingido o valor–Hd (trecho cd da curva). Essa força
Hd recebe o nome de força coerciva . O valor máximo da força coercitiva é chamado de coercitividade. Se aumentarmos o
módulo de –H até atingir novamente a saturação e depois invertermos seu sentido até atingir novamente o valor zero, a curva
descreverá a trajetória def. Se aumentarmos o valor da força magnetizante no sentido positivo (+H) a curva descreverá a
trajetória de f até b.
É interessante notar a curva de histerese apresenta uma simetria pontual em relação à origem, ou seja, a parte da
curva à esquerda é igual a parte da curva que aparece à direita, com os mesmos valores.
A área interna da curva representa a dissipação de energia, dentro dos materiais, cada vez que esses materiais são
levados a percorrer o ciclo completo de magnetização, ou seja, refletem a dificuldade que a força magnética (H) encontra em
orientar os domínios do material em questão. Reflete, portanto o trabalho realizado por H para obter B. Assim, essa perda
pode ser medida e é dada em watts [W].
Derivado do termo grego HYSTEREIN que significa “estar atrasado” ela mostra que o fluxo magnético B está sempre
atrasado em relação à força magnetizante H.
ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA – FAETEC
Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

fe
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas
Figura 5 - Curva de histerese.

1.11.1
Curva de Histerese e máquinas elétricas?

Os núcleos de ferro de indutores, transformadores, motores e outros dispositivos, devem possuir a menor histerese
possível, por causa da perda de energia e do aquecimento, quando o campo sofre inversões repetidas na presença de
correntes alternadas. Em tais casos, a magnetização remanente e a coercitiva devem ser as menores possíveis. Nestes
materiais, a curva deve ter a menor área e, quanto maior a freqüência, mais elevadas serão as perdas. Materiais de
pequenos valores de remanência e coercividade são denominados de “MAGNETICAMENTE DOCES” enquanto que os que
possuem altos valores são chamados de “MAGNETICAMENTE DUROS”
O material com o qual os núcleos do estator e do rotor das máquinas elétricas são construídos deve apresentar as
seguintes propriedades:
- Alta permeabilidade magnética relativa;

- Baixa coercitividade magnética;

- Alta resistividade ou resistência elétrica;

- Alta indução de saturação.


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Disciplina: Máquinas Elétricas

As perdas por histerese são freqüentemente referidas no estudo das máquinas elétricas, uma vez que em conjunto
com as perdas por correntes de Faucault representam as designadas perdas no ferro de uma determinada máquina. Esta
perda pode ser calculada pela expressão:

onde

Phist = Perdas por histerese;

Khist = constante que depende do material;

f = freqüência da variação do fluxo


H; B = densidade de fluxo máxima.
As perdas por histerese e por correntes de Foucault introduzem limitações no desempenho de

equipamentos elétricos.

1.12.
Força eletromotriz induzida (fem)

Com a descoberta de Oersted e a lei de Ampére aprendemos que uma corrente elétrica origina um campo
magnético. Faraday descobriu o inverso. Isto é, um campo magnético pode criar uma corrente
elétrica. Isso é possível através do surgimento de uma força eletromotriz (fem) induzida.
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Disciplina: Máquinas Elétricas
e =B ⋅ L ⋅V • L = comprimento do condutor dentro do campo magnético (metros);

• B = intensidade do campo magnético uniforme (tesla);

• V = velocidade de deslocamento (m/s);

• V perpendicular a B ;

e = força eletromotriz induzida (volts).

Exemplo
Um condutor AB de comprimento 30cm move-se em um plano horizontal apoiado em dois trilhos condutores que
estabelecem um circuito conforme a figura a seguir. O condutor é arrastado pelos trilhos
A
com velocidade constante igual a 10m/s.

Assim determine:

a) o sentido convencional da corrente no condutor AB;

b) a fem induzida no condutor;

c) a intensidade da corrente que percorre o condutor. R= 2Ω


V

B B=
B
−1
10 T
Solução

O sentido da corrente no condutor AB pode ser encontrado através da regra da mão esquerda para força
A
magnética.
FM

B
V
Sentido
e
real
V
R= 2Ω B = 10−1T e =
Sentido Dados
FM Dados
L = 30cm = 3 ⋅10 −1 m 0,3V
convencional
 R = 2Ω
V = 10 m s 

e 0,3
i =
=
e = B ⋅ L ⋅V = 10 −1 ⋅ 3 ⋅10 −1 ⋅10 R 2
B B= e = i = 0,15A
B
0,3volt
−1
10 T

1.13. Indutores

Um indutor é uma bobina composta por um fio isolado (geralmente fio de cobre esmaltado) enrolado sobre um núcleo
de ar ou de material ferromagnético (por exemplo, ferro doce ou ferrite). Os núcleos de ferro e de ferrite têm como objetivo
reduzir a dispersão magnética das linhas de campo, pois esses materiais apresentam baixa relutância (resistência à
passagem do fluxo magnético), ou seja, alta
permeabilidade µ.
Onde:

L – Indutância da bobina indutora, [Henry, H];


A – área das espiras da bobina [metros quadrados, m2];
l – comprimento longitudinal da bobina, [metros, m];
µ - permeabilidade magnética do meio no núcleo da bobina [Henry por metro, H/m];
N – número de espiras

1.14.
O parâmetro da indutância

A indutância é uma característica dos campos magnéticos e foi descoberta por Faraday. Pode ser caracterizada como
uma propriedade de um elemento do circuito pela qual a energia pode ser armazenada num campo de fluxo magnético. A
indutância aparece num circuito apenas quando há uma corrente variável ou fluxo.
2
CONVERSÃO ELETROMECÂNICA DE ENERGIA

Em todos os sistemas físicos a energia não é criada nem destruída, ela simplesmente muda de forma. Juntando
este principio com as leis de campo magnético e elétrico, de circuitos elétricos e a mecânica Newtoniana tem-se como
determinar as relações características do acoplamento eletromecânico.
A conversão eletromecânica relaciona as forças elétricas e magnéticas do átomo com a força mecânica aplicada à
matéria em movimento. Esta conversão de energia não é totalmente reversível, já que produz outras formas de energia tal
como calor e luz.
Michael Faraday, em 1831, acenou com a primeira possibilidade de intercâmbio entre energia elétrica e mecânica,
dando início ao gerador e motor elétrico e a vários outros dispositivos de conversão de energia.
Os dispositivos que funcionam como intermediários na conversão de energia elétrica em mecânica e vice-versa são as
MÁQUINAS ELÉTRICAS.

2.1
Indução eletromagnética e força eletromagnética

Para entendermos a conversão de energia, faz-se necessário conhecermos os fenômenos naturais que regem esta
conversão, pressupondo que a mesma seja completa.
Os efeitos eletromagnéticos mais importantes envolvidos na conversão eletromecânica de energia são: Indução e
Força eletromagnéticas.

2.2
Lei de Faraday da indução eletromagnética

Antes da descoberta de Faraday só tínhamos tensão gerada num circuito por ação química. Faraday gerou uma
tensão através do movimento relativo entre um condutor de eletricidade e um campo magnético.
Como a tensão gerada só acontecia quando havia movimento relativo entre o campo e o condutor

sem contato físico entre eles, Faraday a denominou de tensão induzida, figura 6.

O valor da tensão induzida em uma simples espira de fio é proporcional à razão da


variação das linhas de força que passam através daquela espira (ou se concatenam com
ela).

Figura 6 - Condutor de comprimento l movendo-se em um campo magnético B, para gerar uma fem.

2.3
Como variar a força eletromotriz (fem)?

Nas máquinas elétricas rotativas a quantidade de fluxo concatenado não e tão facilmente mensurável.
Para que uma fem seja induzida é necessário que haja uma variação continua das ligações do fluxo e isto exige um
movimento, de modo que novas linhas de força concatenem o condutor ou vice-versa.
É evidente que a fem só variará com a variação da densidade de fluxo ou da velocidade relativa

(ou ambas), variando desta forma o fluxo concatenado.

O aumento do comprimento do condutor não variará a fem, já que o comprimento que nos interessa e o
comprimento ativo.
2.4
Sentido da forca eletromotriz induzida – Regra de Fleming

A relação entre o sentido da fem induzida, do campo magnético e do movimento do condutor e representada
pela regra de Fleming (regra da mão direita).
Esta regra pressupõe que o campo está estacionário e que o condutor se move em relação a este
campo.
zida
sentido da fem induzida (corrente convencional)

Observe que o sentido da fem, na figura 8 é oposta a da figura 7 devido ao fato de se ter invertido seu sentido.

Figura 7 - Regra da mão direita, de Fleming, para o Figura 8 – Inversão do sentido da fem
2.5 indu
Lei de Lenz

O sentido da fem e da corrente induzida no condutor guardam uma relação definida com a variação no fluxo
concatenado que a induz, relação esta estabelecida pela Lei de Lenz.
No essencial as leis de Lenz e Faraday dizem que: sempre que um condutor ou espira se movimenta dentro
de campo magnético, cortando as linhas de força, surge nos seus terminais uma força eletromagnética (f.e.m.) induzida, que
tende a opor-se à causa que lhe deu origem. Se os condutores ou espira forem ligados a uma carga, o circuito será
percorrido por uma corrente elétrica induzida.
A causa que origina a f.e.m. é obviamente a variação do fluxo através do condutor ou espira provocada pelo seu
movimento no campo magnético.
Em todos os casos de indução eletromagnética, uma fem induzida fará com que a corrente circule em

um circuito fechado, num sentido tal que seu efeito magnético se oponha à variação que a produziu.

A lei de Lenz implica uma causa e um efeito opondo-se à causa.

2.6
Geradores Elementares

Quando uma corrente elétrica atravessa um condutor é criado em redor do mesmo um campo magnético. Se
colocarmos esse condutor no seio de um campo magnético fixo aquele ficará submetido a
uma força eletromagnética que terá como efeito fazer com que o condutor se desloque.

Assim surge o princípio de funcionamento de uma máquina elétrica elementar

Costuma-se representar o comportamento das máquinas elétricas a partir de uma bobina elementar de uma espira
única girando no sentido horário num campo bipolar, embora as máquinas comerciais tenham muitas bobinas
consistindo de muitos condutores individuais e espiras ligadas em série, figura 9.

Figura 9 - geração de fem

Ex. No caso de um gerador elementar, a energia elétrica ée consumida apenas quando uma carga completa o percurso,
de modo que a corrente circula devida à fem induzida. O campo produzido por esta corrente de carga atua de modo a reagir
com o campo magnético do gerador. Quanto mais energia elétrica for solicitada pela carga, mais forte será o campo produzido
pela corrente do condutor e em oposição ao movimento da maquina primaria que aciona o gerador.
2.7
Força Eletromagnética

Uma força eletromagnética existirá entre um condutor e um campo sempre que o condutor percorrido por uma
corrente estiver localizado no campo magnético, numa posição tal que haja
uma componente do comprimento ativo do condutor perpendicular ao campo

Logo, se um condutor se situa num campo magnético ou nele é inserido, e uma tensão é aplicada a ele, de tal forma
que circule uma corrente, será desenvolvida uma força, e o condutor tenderá a mover-se
em relação ao campo ou vice-versa.
força
corrente
campo

Figura 10 – Condutor de comprimento , percorrido por uma corrente I, num campo


magnético B, desenvolvendo uma força F.

2.8
Sentido da força eletromagnética e regra da mão esquerda

A regra de Fleming (regra da mão direita) serve para explicar a ação geradora, já na regra da mão esquerda, o dedo
indicador também indica o sentido do campo (N para S), o dedo médio indica o sentido da corrente circulante (ou fem
aplicada), e o polegar indica o sentido da força desenvolvida no condutor ou do movimento resultante.
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

2.9
Força contra-eletromotriz

A força contra-eletromotriz é desenvolvida em sentido contrário ao da circulação da corrente

(e fem) que criou a força ou movimento. Isto está de acordo com a Lei de Lenz e mostra que uma ação geradora é
simultaneamente desenvolvida quando queremos que ocorra uma ação motora.

Figura 11 - Regra da mão esquerda e ação motora Figura 12 - Regra da mão direita e a ação

dora

2.10
Ação Motora x Ação Geradora

A ação geradora e a ação motora ocorrem simultaneamente nas máquinas elétricas girantes. Portanto a mesma
máquina pode ser operada tanto como motor quanto como gerador, ou como ambas (ex: conversor síncrono ou dinamotor).
Quando a máquina é operada como gerador, a corrente de armadura tem o mesmo sentido da fem gerada, e a fem
gerada é maior que a tensão dos terminais da armadura que é aplicada à carga.
Esta distinção entre ação geradora e ação motora dá origem às seguintes equações básicas do

circuito de armadura:

Para um motor Ua = Ec + Ia Ra
Para um gerador Eg = Ua + Ia Ra

Ua = tensão aplicada (medida nos terminais) de lado a lado da armadura


Ec = fcem gerada, desenvolvida na armadura do motor
Eg = fem gerada, desenvolvida na armadura do gerador
Ia Ra = queda de tensão na armadura devido à circulação da corrente da armadura através de uma armadura de dada
resistência Ra
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Quando circula a corrente de armadura Ia, Ec e Eg são quantidades determinadas apenas por cálculos e Ua é
uma quantidade mensurável por um voltímetro.
Relações eletromagnéticas fundamentais da máquina operando como gerador e como motor

Ação Motora Ação Geradora


1. O torque eletromagnético 1. O torque eletromagnético
produz(ajuda) a rotação (desenvolvido no condutor
percorrido pela corrente)
opõe-se à rotação (Lei de
2. A tensão gerada se opõe à Lenz)
2. A tensão gerada produz
corrente de armadura(Lei de (ajuda) a corrente
Lenz) da armadura
3. Ec = Ua -IaRa 3. Eg = Ua + RaIa

2.11
Torque Eletromagnético

Como já abordado em itens anteriores, a conversão eletromecânica de energia não é completamente


reversível, parte da energia se perde na forma de aquecimento.
Os princípios que regem as máquinas de corrente alternada (CA) são fundamentalmente os mesmos que regem
as máquinas de corrente contínua.
O torque desenvolvido por uma máquina elétrica (CA ou CC) é expresso por uma equação derivada da lei de
Ampére. Esta equação é semelhante para estes dois tipos de máquinas, a única diferença reside nos detalhes de construção
mecânica. Da mesma forma, a tensão induzida é expressa por uma equação formulada pela lei de Faraday, diferenciando-se
apenas pela forma construtiva.
Em um sistema mecânico, as grandezas fundamentais são torque e velocidade, assim como num sistema elétrico as
grandezas fundamentais são a tensão e a corrente elétrica. Como a conversão eletromecânica de energia envolve a
transformação da energia elétrica em mecânica e vice-versa, essas grandezas são de suma importância no estudo do torque
eletromagnético.
A ação motora ocorre quando injetamos corrente elétrica num condutor que pode girar livremente num campo
magnético. Uma força expressa pela equação F = I2 l B, sendo: B = µI1 / (2πr),
é produzida em cada condutor e a resultante será um torque eletromagnético T que gera uma velocidade angular ω, figura
13.
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas
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Campo de
Sistema elétrico acoplament Sistema mecânico
o

e, i T, ωm

Figura 13 – Representação em bloco da conversão eletromecânica de energia

Como a ação motora ocorre simultaneamente com a ação geradora, no momento em que é gerado o torque, uma fem
de reação será experimentada pela máquina. Já na ação geradora, ao girarmos o rotor da máquina elétrica por meio de uma
máquina primária, uma fem é induzida nos terminais dos enrolamentos. Quando aplicamos uma carga elétrica a esses
terminais, fechando o circuito elétrico, uma corrente elétrica circula pelo enrolamento que interage com o campo magnético
produzindo um torque de reação oposto ao torque criado pela força motriz, obedecendo à lei de Lenz.
O torque (também chamado conjugado, momento ou binário) é a tendência do acoplamento mecânico (de uma força
e sua distância radial ao eixo de rotação) para girar um eixo.
Para determinar o comportamento do sistema formado pela máquina mais a carga (ou outro sistema
mecânico a ela acoplado) torna-se necessário estabelecer uma equação mecânica para movimento, a qual é obtida a partir das
Leis de Newton.
No caso de um motor o sistema mecânico nada mais é do que a carga e o torque resistente é

representado pelo torque resistente da carga TL, figura 14.

Figura 14 - Representação esquemática dos torques que atuam no rotor.

TL - torque resistente, o qual depende do sistema mecânico acoplado ao eixo da máquina (N.m) T
- torque eletromagnético aplicado no eixo
O torque não deve ser confundido com o trabalho. O torque existe como produto de uma força f pela distância radial
ao centro do eixo de rotação e mesmo que o corpo não gire, o torque não é nulo pois a distância considerada, neste caso, é a
distância radial e ela nunca será zerada. Já o trabalho é o produto de uma força f que atua na mesma direção na qual o
corpo se move pela distância d. Se há uma força aplicada, mas não há movimento, nenhum trabalho é realizado.

2.12
Campo girante e campo pulsante

2.12.1
Campo pulsante

Consideremos um enrolamento distribuído no estator de um motor de indução monofásico. A corrente monofásica


que percorre o enrolamento gera um campo magnético que acompanha a variação senoidal da corrente, formando sempre um
par de pólos N-S, cuja posição depende o sentido da corrente. Diz-se que o campo é pulsante, isto é, o campo muda de
polaridade, mantendo fixo o eixo de simetria,
figura

15.

Figura 15 – Campo magnético pulsante

A figura 15 mostra um “enrolamento monofásico” atravessado por uma corrente I, e o campo H é criado por ela; o
enrolamento é constituído de um par de pólos (um pólo “norte” e um pólo “sul”), cujos efeitos se somam para estabelecer o
campo H. O fluxo magnético atravessa o rotor entre os dois pólos e se fecha através do núcleo do estator.
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

Se a corrente I é alternada, o campo H também é, e o seu valor a cada instante será representando pelo gráfico desta
figura, inclusive invertendo o sentido em cada meio ciclo.
O campo H é “pulsante” pois, sua intensidade “varia” proporcionalmente à corrente, sempre na

“mesma” direção norte-sul.

2.12.2
Campo girante

Se em vez de um motor monofásico considerarmos um trifásico, as correntes trifásicas que percorrem os


enrolamentos (fases) do estator vão gerar, em cada fase, campos pulsantes, defasados de um ângulo igual ao da defasagem
entre as tensões aplicadas, cujos eixos de simetria são fixos no espaço, mas
cuja resultante é um campo que gira num determinado sentido, denominado campo girante, figura 16.

Figura 16 – Campo magnético girante

o
A figura 16 mostra um “enrolamento trifásico”, que é composto por três monofásicos espaçados entre si de 120 . Se
este enrolamento for alimentado por um sistema trifásico, as correntes I1, I2 e I3 criarão, do mesmo modo, os seus
o
próprios campos magnéticos H1, H2 e H3. Estes campos são espaçados entre si de 120 . Além disso, como são proporcionais às
o
respectivas correntes, serão defasados no tempo, também de 120 entre si e podem ser representandos pelo gráfico da figura.
O campo total H resultante, a cada instante, será igual à soma gráfica dos três campos H1, H2 e H3 naquele instante.
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

A figura 17 representa a soma gráfica para seis momentos distintos.

Figura 17 – Representação da soma gráfica

No instante ( 1 ), a figura 17, mostra que o campo H1 é máximo e os campos H2 e H3 são negativos e de mesmo valor,
iguais a 0,5. Os três campos são representados na figura 17 ( 1 ), parte superior, levando em conta que o campo negativo é
representado por uma seta de sentido oposto ao que seria normal; o campo resultante (soma gráfica) é mostrado na parte
inferior da figura 17 ( 1 ), tendo a mesma direção do enrolamento da fase 1.
Repetindo a construção para os pontos 2, 3, 4, 5 e 6 da figura 17, observa-se que o campo resultante
H tem intensidade “constante”, porém sua direção vai “girando”, completando uma volta no fim de um ciclo.

Assim, quando um enrolamento trifásico é alimentado por correntes trifásicas, cria-se um “campo girante”, como se
houvesse um único par de pólos girantes, de intensidade constante. Este campo girante, criado pelo enrolamento trifásico do
estator, induz tensões nas barras do rotor (linhas de fluxo cortam as barras do rotor) as quais geram correntes, e
conseqüentemente, um campo no rotor, de polaridade oposta à do campo girante. Como campos opostos se atraem e como o
campo do estator (campo girante) é rotativo, o rotor tende a acompanhar a rotação deste campo. Desenvolve-se então, no
rotor, um conjugado motor que faz com que ele gire, acionando a carga.

2.13
Tensão, Corrente e Potência Nominal da máquina

A tensão nominal da máquina é determinada apenas pelo número de bobinas ligadas em série, por caminho, que é
aproximadamente igual, e não pelo nº de caminhos paralelos.
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

Cada caminho consiste de um grupo de bobinas ligadas em série e cada bobina possui uma tensão nominal admissível
(motor) ou uma tensão gerada (gerador).
A corrente nominal é a capacidade de cada bobina ou do condutor em cada caminho, ou do grupo de bobina ligado
em série. Se aumentarmos o nº de caminhos, aumentamos a corrente nominal da máquina. Porém o nº total de
condutores ou bobinas é fixo para uma dada armadura, logo, o nº de caminhos e a corrente nominal de uma dada
máquina podem ser aumentados somente à custa da tensão nominal.
Fazendo uma comparação, uma bateria consiste de um grupo série-paralelo de pilhas. A potência nominal de cada
pilha determina a potência nominal de cada bateria, independente do método de ligação, para um dado nº de pilhas. A
potência nominal de qualquer bateria é fixa, embora sua tensão e corrente nominais possam variar com as ligações
empregadas. Este conceito aplica-se aos condutores e aos enrolamentos da armadura de uma máquina.
A única forma de aumentar a potência nominal de uma máquina, considerando o exposto acima, seria empregar uma
armadura maior, já que a potência nominal é fixada pela corrente e tensão nominais de suas bobinas individuais em
determinado caminho.
Assim, o tamanho físico é uma indicação da potência nominal das máquinas elétricas e esta independe da forma de
ligação dos condutores da armadura.
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Disciplina: Máquinas Elétricas

3
CONSTITUIÇÃO DAS MÁQUINAS ELÉTRICAS

Máquinas elétricas são máquinas cujo funcionamento se baseia em fenômenos do eletromagnetismo. Um destes
fenômenos é a indução eletromagnética e o outro a força eletromagnética.
Estas máquinas podem classificar-se de várias formas e uma destas classificações é quanto ao movimento: há um tipo
de máquina que é estática, por não ter peças em movimento. Trata-se do transformador. As restantes são, normalmente,
rotativas, pelo fato de terem peças em movimento rotativo,
figura 18.
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Disciplina: Máquinas Elétricas
5) Rotor
Elemento
1) Estator girante da
Parte do máquina
máquinaque (que gira),
é composto do
constituída dos 2 9 eixo, núcleo
elementos
estacionários:
carcaça, núcleo
de chapas e
8
enrolamento .

2) Carcaça 1 4
Estrutura de
sustentação
das outras
partes do
motor. É de chapas e
5
provido de pés barras ou
7
de fixação. enrolamento
s.

3) Caixa de
6) Tampa
ligação 6
da caixa
É a caixa de
de
terminais
ligação
do motor.
7) Tampa
4) Terminais
Parte fixa
de ligação
à carcaça,
do máquina
destinada
à
a suportar
rede elétrica um
mancal e
3
proteger
as partes
internas
da
máquina.

8) Mancal
O eixo se
apóia sobre
o mancal,
para poder
ou à carga. Figura 18 – Constituição de uma máquina elétrica. FOTOS CEDERJ
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Disciplina: Máquinas Elétricas
9) Placa de características girar.

A parte da máquina elétrica rotativa que é fixa chama-se estator e a parte da máquina que é móvel chama-se rotor, há
também, uma parte ativa e uma não ativa. A parte ativa é constituída pelo enrolamento do estator (Figura 19) e pelo
enrolamento do rotor, ambos posicionados em ranhuras (figura 20).
É na parte ativa que a energia elétrica é convertida em energia mecânica e vice-versa.
ESCOL FAETEC

33
A TÉCNICA ESTADUAL FERREIRA VIANA –
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Disciplina: Máquinas Elétricas
1) Núcleo de chapa. 3) Enrolamento trifásico
Três conjuntos iguais de
bobinas, uma para cada
fase, formando um sistema
trifásico ligado à rede
elétrica de alimentação,
através dos terminais
localizados na caixa de
ligação.

2) Ranhuras 3 4) Pés de fixação


São cortes na periferia
(ao redor) do estator
para colocação dos
enrolamentos.
4

Figura 19 – Estator de uma máquina


elétrica .FOTOS CEDERJ

Figura 20 – Ranhuras
http://www.liberato.com.br/upload/arquivos/0131010716421316.pd
f

A parte não ativa são todos os outros componentes da máquina como tampas, carcaça, eixo,
mancais, etc., que servem para transmissão do movimento rotativo, proteção externa e fixação da
máquina.

34
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A classificação da máquina elétrica como girante é a habitual, por se referir às máquinas mais
comuns, mas convém lembrar que há máquinas com peças móveis e que não são rotativas, devido ao seu
movimento ser linear. É o caso do motor linear, figura 21.

Figura 21– Motores lineares

Em processos que demandem deslocamento linear, operação silenciosa, baixa


manutenção, grande confiabilidade e elevadas taxas de aceleração ou elevadas forças de tração, a
utilização dos motores rotativos e atuadores tradicionais acaba ficando comprometida. Os
MOTORES LINEARES (planos ou tubulares) aparecem cada vez mais como sendo uma
alternativa para estas situações, devido a sua forma construtiva e características de operação
altamente favoráveis para a automação e operação industrial.
Os Motores de Indução Lineares (MILs) são motores que produzem um movimento de
translação diretamente, sem necessitar de sistemas de engrenagens ou quaisquer outros
mecanismos de conversão de movimento rotativo em movimento de translação.

Outra forma de classificar estas máquinas é quanto ao tipo de alimentação. O transformador e


algumas das outras máquinas rotativas funcionam em corrente alternada. As restantes funcionam em
corrente contínua.
Outra classificação tem a ver com a função da máquina. Todas as máquinas elétricas funcionam
produzindo transformações de energia. Das máquinas elétricas que estamos a nos referir, o transformador
é um caso particular. Transforma energia elétrica em energia elétrica. O interesse da transformação é que
permite transformar uma tensão alta numa baixa (transformador baixador) ou transformar uma tensão
baixa numa alta (transformador elevador) ou manter a tensão mas separando galvanicamente circuitos
(transformador de isolamento). As aplicações dos transformadores são enormes, desde os transformadores
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de grande potência que existem nas subestações à saída das centrais elétricas onde se produz a energia
elétrica, às subestações que existem ao longo do transporte e da distribuição da energia, até todo o tipo de
aparelhagem industrial e doméstica (como televisores, gravadores, carregadores de baterias para
automóveis e telemóveis). O transformador está em quase toda a parte. E é responsável pelo peso dos
aparelhos, pois é provavelmente o componente mais pesado, devido a ter um núcleo de ferro, figura 22.

Figura 22 Transformador

Nas restantes máquinas elétricas há transformação de uma forma de energia noutra.


Há máquinas que transformam energia mecânica em elétrica e outras que fazem o inverso.
Algumas podem até funcionar de uma ou da outra forma (como acontece com a máquina de corrente
contínua).
As que transformam energia mecânica em elétrica chamam-se geradores. As que transformam
energia elétrica em mecânica chamam-se motores.
Os geradores de corrente contínua também se denominam dínamos e os de corrente alternada,
alternadores.
Existem vários tipos de dínamos, dos quais os mais usuais são os seguintes: dínamos de excitação
independente, de excitação em derivação (ou shunt), de excitação em série e de excitação composta (ou
compound), havendo ainda vários tipos destes últimos. Cada um tem características e aplicações diferentes
dos restantes. Por exemplo, o dínamo shunt pode ser usado para alimentar redes de corrente contínua por
manter a tensão relativamente constante para variações de carga, enquanto o dínamo série não é adequado
para este efeito mas pode ser usado para alimentar aparelhos de soldadura.
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Os alternadores têm inúmeras aplicações, pois são eles que produzem a maior parte da energia que
se consome no mundo. São eles que produzem a energia na maioria das centrais elétricas dos mais
variados tipos (com exceção das fotovoltaicas), inclusive nas centrais nucleares. Em potências menores
usam-se, por exemplo, em estaleiros de obras em que não exista rede pública disponível.
Existem vários tipos de motores, dos quais os mais usuais são os seguintes.
Corrente contínua: motores de excitação independente, de excitação em derivação (ou shunt), de
excitação em série e de excitação composta (ou compound), havendo ainda vários tipos destes últimos.
Cada um tem características e aplicações diferentes dos restantes. Por exemplo, o motor shunt é adequado
para máquinas-ferramenta, por ter uma velocidade relativamente estável com a carga (não sendo, no
entanto, o melhor para este efeito), o motor série não é adequado para esta aplicação, mas é adequado para
tração elétrica, pois tem um bom binário de arranque. Em geral, os motores compound têm algumas
características de algum dos outros, mas melhoram certas características destes sendo, no entanto, mais
caros. Uma característica própria dos motores de corrente contínua é a facilidade de controle da sua
velocidade, o que não acontece nos de corrente alternada.
Corrente alternada: motores assíncronos (muito usados em variadas aplicações, por serem robustos
e baratos) e motores síncronos (mantêm a velocidade constante, além de terem outras características que
os destinam a aplicações especiais). Dos motores assíncronos há dois grupos principais: os de rotor em
gaiola de esquilo (os mais simples e mais usados) e os de rotor bobinado.
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Para facilitar a análise anteriormente efetuada, vejamos o seguinte diagrama :

Estáticas Transformadores
excitação independente
shunt
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Dínamos
série
composto
de corrente contínua
excitação independente

shunt
Rotativas Motores série
composto

rotor de gaiola
Máquinas
assíncronas
rotor bobinado
de corrente alternada
Máquinas Alternador
síncronas
motor síncrono
3.1
Placa de característica de uma máquina elétrica

A placa de característica é a identidade da máquina elétrica. Nela você encontra dados de suma
importância para poder trabalhar com este equipamento, como exemplo, num motor elétrico temos: (figura
23) Classificação do motor quanto à
fonte de alimentação 9

13
12

8
1
6
10

5 11

3 7
4 2
Figura 23 Placa de característica de um motor elétrico trifásico

1) A potência nominal é aquela que o motor pode fornecer no eixo, obedecendo a dados que foram
especificados pelo fabricante. A unidade de medida de potência de um motor é cv, hp ou watts, por
exemplo, 3/4cv.
2) A tensão de alimentação é a tensão da rede para qual o motor foi projetado. As tensões mais usadas em
redes de baixa tensão são 220V, 380V e 440V. Esta tensão depende de aspectos econômicos e da tensão
da rede onde vai ser ligado o motor.
3) A Velocidade nominal é dada normalmente em rpm (rotações por minuto) e indica o número de
rotações do eixo do motor na unidade de tempo (1 minuto).
4) A corrente nominal é a corrente que o motor solicita da rede para seu perfeito funcionamento,
obedecendo a dados que foram especificados pelo fabricante.
5) A freqüência nominal é a freqüência da rede para qual o motor foi projetado, expressa em Hz. No
Brasil a freqüência é padronizada em 60 Hz. A freqüência está associada a movimentos em forma de
ondas e indica o nº de voltas por unidade de tempo.
6) A relação corrente de partida/corrente nominal (IP/IN) indica quanto será a corrente solicitada da rede,
pelo motor, no momento de sua partida. Esta corrente é bem mais alta que a corrente nominal, porque o
motor precisa de muita força para poder girar seu eixo.
7) O fator de serviço é uma potência adicional que o fabricante põe à disposição do cliente desde que seja
utilizada dentro de condições estabelecidas pela norma específica. Não significa que seja uma sobrecarga
e sim uma potência adicional contínua.
8) O grau de proteção reflete a proteção do motor quanto à entrada de corpos estranhos e penetração de
água pelos orifícios destinados a entrada e saída de refrigerante (ar, por exemplo). A norma especifica os
graus de proteção pelas letras IP (do inglês, Intrisic Protection), que significa “proteção própria do
dispositivo”. Estas letras são seguidas de dois algarismos:
• O primeiro algarismo indica o grau de proteção quanto à penetração de corpos sólidos e quanto
a
contatos acidentais,
• O segundo algarismo indica o grau de proteção quanto à penetração de
água.
Os significados dos dois algarismos constam na tabela abaixo e a combinação dos mesmos indica a
proteção desejada em função da aplicação do motor para uma determinada atividade. Por exemplo:

IP 54
Primeiro algarismo Segundo algarismo
Por exemplo, na placa de características da Figura 23 o grau de proteção é IP 54, isto significa que
este motor está protegido contra acumulo de poeira prejudicial ao equipamento e contra respingos de água
em todas as direções. Confira na tabela.
9) A isolação é definida em função do limite de temperatura que o conjunto de materiais que formam o
isolamento do motor, pode suportar continuamente sem que sua vida útil seja afetada. Esta vida útil
depende fundamentalmente da isolação de seus enrolamentos.
Os materiais isolantes são, por normas, agrupados em classes de isolamento. As classes de
isolamento utilizadas em máquinas elétricas e os respectivos limites de temperatura, conforme NBR-7034
são:
• Classe A (105 ºC)
• Classe E (120 ºC)
• Classe B (130 ºC)
• Classe F (155 ºC)
• Classe H (180 ºC)
Por exemplo, na placa de características da figura 23 a isolação é da classe B, isto significa dizer
que a maior temperatura que os materiais isolantes utilizados neste motor podem suportar, continuamente,
sem que seja afetada sua vida útil, é de 130ºC.
Quando você trabalha com um motor com 10ºC (dez graus Celsius) acima de sua temperatura
normal de trabalho, sua vida útil praticamente se reduz a metade.
10) O regime de funcionamento é o grau de regularidade da carga a que o motor é submetido. Os
motores normais são projetados para regime contínuo, (a carga é constante), por tempo indeterminado, e
igual à potência nominal do motor. Por exemplo, no regime S1, o motor funciona com uma carga
constante de duração suficiente para que se alcance o equilíbrio térmico.
11) O conjugado (também chamado torque, momento ou binário) é a medida do esforço necessário para
girar um eixo. De acordo com as características do conjugado, em relação à velocidade e corrente de
partida, os motores são classificados em categorias (NBR 7094), adequadas, cada uma delas, a um tipo de
carga e que são as seguintes:
• Categoria N - motores de aplicação geral (Bombas d’água, ventiladores, compressores)
que acionam a maioria das cargas de utilização prática .
• Categoria H - usados para cargas que exigem maior conjugado na partida, como peneiras,
transportadores carregadores, cargas de alta inércia, britadores, etc.
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• Categoria D - usados em prensas excêntricas e máquinas semelhantes, onde a carga apresenta picos
periódicos. Usados também em elevadores e cargas que necessitam de conjugados de partida muito altos e
corrente de partida limitada.
12) Modelo;
13) Série.
O modelo e a série do motor são dados que ajudam você na comunicação com o fabricante. Com
esses dados o fabricante pode ter ajudar a resolver problemas relacionados ao motor, por exemplo, lhe
enviando o desenho original do enrolamento de determinado modelo para que você faça comparações com
o enrolamento que está no seu motor.
Algumas placas trazem também, o esquema de ligação do motor à rede (Figura 24.
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Disciplina: Máquinas Elétricas
Instruções
para a ligação
do motor à
rede elétrica Figura 24 Placa de característica de um motor
monofásico com esquema de ligação

O esquema de ligação ensina a você como conectar o motor à rede de alimentação.


4
MÁQUINAS ASSÍNCRONAS

Existem vários tipos de motores elétricos empregados em instalações, mas, por sua maior
simplicidade de construção, vida útil longa, custo reduzido de compra e manutenção, os motores elétricos
assíncronos de indução são os mais utilizados na indústria.
Os vários tipos de construção das máquinas elétricas são:
A máquina de corrente contínua (CC) que tem uma armadura rotativa e um campo estacionário;
A máquina síncrona (CA) com uma armadura rotativa e um campo estacionário;
A máquina síncrona (CA), com um campo rotativo e armadura fixa;
A máquina assíncrona (CA), que possui ambos, enrolamentos de armadura estacionários e
rotativos.
Quanto aos enrolamentos, as denominações campo e armadura independem do movimento da
bobina, podendo ser relacionadas às tensões geradas e excitação e estar situadas tanto na parte móvel
quanto na parte fixa das máquinas rotativas.
O enrolamento da armadura é construído em núcleos de ferro para que o caminho do fluxo
magnético seja tão eficiente quanto possível. Utilizam-se em geral núcleos laminados para a minimização
da perda por correntes parasitas (correntes de Focault) causadas pelo fluxo variável. Ele consiste num
grupo de bobinas interconectadas de maneira que todas as tensões geradas contribuam positivamente a um
resultado desejado. Este enrolamento está relacionado ao efeito da indução de tensão e, portanto é também
denominado de induzido.
O enrolamento de campo age como fonte primária de fluxo estando relacionado, portanto, à
excitação da máquina e, portanto é também denominado de indutor. Este enrolamento transforma o rotor
ou estator em um eletroímã.
As máquinas assíncronas são constituídas basicamente por duas partes distintas:
a) Estator

É formado por três elementos: a carcaça, que corresponde à estrutura de suporte do rotor; o núcleo,
constituído de chapas de material ferromagnético, adequadamente fixadas ao estator; e um enrolamento
trifásico com bobinas espaçadas entre si de 120º geométricos, dimensionado em material condutor e
dispostos em ranhuras sobre o núcleo.

b) Rotor

Formado também por três elementos: o eixo, responsável pela transmissão da potência mecânica
gerada; o núcleo constituído de chapas de material ferromagnético e os enrolamentos, constituídos de
material condutor dispostos em ranhuras sobre o núcleo.
O rotor pode ter pólos salientes ou lisos. Os rotores de pólos salientes (Figura 25) são geralmente
empregados em máquinas que operam em baixa velocidade. Este tipo de rotor possui a característica de
variar a relutância do circuito magnético de acordo com o movimento de rotação a que está sujeito.

Figura 25 – Representação esquemática da máquina de pólos salientes

Os rotores cilíndricos ou lisos (Figura 26) são geralmente empregados em máquinas que operam
em alta velocidade. Os rotores com pólos lisos são mais robustos sendo assim mais aptos a trabalharem
em altas rotações (3600 e 1800 rpm), que é o caso típico das usinas termelétricas e máquinas assíncronas.
Este tipo de rotor não causa variação na relutância do circuito magnético da máquina.
Nesses rotores, o entreferro é constante ao longo de toda a periferia no núcleo de ferro. O
enrolamento de campo é distribuído uniformemente em ranhuras, as quais em geral cobrem apenas uma
parte da superfície do rotor.
Figura 26 - Representação esquemática da máquina síncrona de pólos lisos

.
O rotor pode ser constituído de duas maneiras:

rotor gaiola de esquilo - recebe esta denominação porque são dotados de um sistema de barras, que
tem comprimento maior que carcaça do rotor, conectados em curto- circuito entre si, nas duas
extremidades do rotor, por meio de anéis terminais contínuos. Possuem a aparência de uma gaiola de
esquilo (Figura 27a e 27b) e podem ser construídas em alumínio, cobre ou liga de cobre. O rotor é um
cilindro de aço silício laminado, onde as barras de cobre ou de alumínio são fundidas paralelamente
(ou quase paralelos) ao eixo em ranhuras ou orifícios existentes no núcleo (Figura 28a e 28b). Quando
as barras não estão paralelas ao eixo do rotor produzem um torque mais uniforme e reduzem o
“zumbido” magnético durante a operação do rotor.
Anéis
condutores

Barras de
cobre

Figura 27a – Gaiola de esquilo Figura 27b – Rotor gaiola


de esquilo
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Figura 28a- Rotor com barras paralelas Figura 28b- Rotor com barras diagonais

A GAIOLA DE ALUMÍNIO APRESENTA A GAIOLA DE COBRE APRESENTA AS


AS SEGUINTES VANTAGENS: SEGUINTES VANTAGENS:
A tensão das barras mantém a compressão do Testes indicam que a gaiola de cobre reduz as
pacote de lâminas perdas no rotor entre 14% e 20%
O movimento da gaiola é eliminado A temperatura de trabalho do motor é reduzida, faci
ventilação
As barras podem ser dimensionadas livremente O rendimento pode ser elevado entre 1% e 3%,
mas estima-se que rendimentos ainda maiores
possam ser obtidos com projetos adequados das
barras do rotor
O peso e a inércia do rotor são reduzidos
A resistência elétrica do rotor é maior, mas o custo
é menor do que o de rotores de cobre

rotor bobinado - são motores nos quais os condutores de cobre são colocados nas diversas ranhuras
(Figura 29), usualmente isolados do núcleo de ferro, e geralmente ligados em estrela nas máquinas de
indução polifásicas. Cada terminal é levado a anéis coletores (três no total) que são isolados do eixo do
rotor. Os anéis são ligados exteriormente a um reostato de arranque constituído por três resistências
variáveis, ligadas também em estrela. Deste modo os enrolamentos do rotor também ficam em circuito
fechado. A função do reostato de arranque, ligados aos enrolamentos do rotor através de escovas, é a de
reduzir as correntes de arranque elevadas, no caso de motores de elevada potência. À medida que o motor
vai ganhando velocidade, as resistências vão sendo progressivamente retiradas do circuito até ficarem
curto-circuitadas (retiradas), quando o motor passa a funcionar no seu regime nominal. Desta forma, o

46
motor de rotor bobinado também funciona com os elementos do rotor em curto-circuito (tal como o motor
de rotor em gaiola de esquilo), quando atinge o seu regime nominal.
O motor de indução de rotor bobinado substitui o de rotor em gaiola de esquilo em potências muito
elevadas devido ao abaixamento da corrente de arranque permitida pela configuração do rotor.
Apesar de ser utilizados em casos com velocidades constantes de serviço, aplica-se preferencialmente
quando as velocidades de serviço são variáveis.
São muito usados quando se necessita de elevado torque de partida, quando se deseja o controle de
velocidade ou quando se introduzem tensões externas ao circuito do rotor que pode ser CA ou CC (caso da
máquina universal).
Não é necessário isolação entre os condutores e o núcleo porque as correntes induzidas no rotor
seguem o caminho de menor resistência que são os dos condutores de cobre, de alumínio ou da liga de
cobre no enrolamento do rotor.

Anéis
coletores

Figura 29 – Rotor bobinado

Algumas vezes a máquina tipo gaiola é chamada de máquina sem ovas e a máquina com
rotor bobinado é esc chamada de máquina de anéis.
O motor assíncrono é um motor destinado somente para corrente alternada e seu rotor não gira a
mesma velocidade do campo magnético girante do estator. Sua velocidade varia pouco com a aplicação da
carga. São considerados como “burros de carga da indústria” devido a sua robustez, construção simples,
custo reduzido, vida útil longa, facilidade de manobra e manutenção. Sua operação se dá em locais
remotos e em situações severas de trabalho onde a poeira e materiais abrasivos sejam fatores que não
devam ser ignorados.

47
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O rotor do motor de indução, como mencionado anteriormente, gira a uma velocidade (Nr) menor
que a do campo magnético girante (NS) e a diferença entre estas velocidades é denominada velocidade de
escorregamento (ou rotação de escorregamento), normalmente expressa em % da velocidade síncrona.
Podem ser monofásicos, bifásicos, trifásicos, etc. Os monofásicos são destinados para pequenas
potências, geralmente frações de cv (ou hp), sendo amplamente aplicados em aparelhos domésticos. Os
motores polifásicos encontram grande aplicação em indústrias.
Os motores polifásicos de indução rotor gaiola de esquilo não necessitam de nenhum método
auxiliar de partida, mesmo com carga, e seu funcionamento baseia-se nas propriedades dos campos
magnéticos rotativos. Não possui comutador, nem anéis coletores, nem quaisquer contatos móveis entre
rotor e estator.
O motor de indução monofásico rotor gaiola de esquilo não tem torque de partida, necessitando
para isto de dispositivos auxiliares de partida e sua classificação depende de qual dispositivo está sendo
usado para este fim, assim: motores à capacitor são aqueles cuja partida ocorre com auxilio de capacitores
para provocar o defasamento e criar um campo girante; motores de fase dividida que tem construção
o
consistindo de dois enrolamentos em paralelo deslocados de 90 elétricos no espaço e cujas as correntes
o
se defasam no tempo de algo menos que 90 (motor com partida a resistência); motor de fase dividida com
partida a capacitor; motor de fase dividida com partida a capacitor permanente; motor a duplo capacitor;
motor de pólo ranhurado; motor com partida a relutância; motor com partida a repulsão e etc.
O fato de o motor de indução monofásico não possuir torque de partida ocorre porque em uma
alimentação monofásica não temos campo girante, como em uma alimentação polifásica, e sim campo
pulsante.
A armadura do motor de indução pode encontrar-se no estator ou no rotor e o campo idem. O rotor
não possui peças polares.
Uma das principais características dos motores assíncronos é que são máquinas que possuem
excitação única, mesmo possuindo um enrolamento de campo e outro de armadura.
Além da denominação de motor de indução rotor gaiola de esquilo, alguns autores ainda o chamam
de transformador rotativo, devido ao fato de o rotor se comportar como o secundário de um transformador
e o estator como primário.

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5
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DE UM MOTOR DE
INDUÇÃO

O dispositivo apresentado na figura 30 consiste de um imã suspenso por um fio. Sob o imã um
disco de cobre ou alumínio está apoiado sob um mancal que está por sua vez apoiado em uma placa de
ferro. Neste dispositivo o campo do imã permanente completa-se através do conjunto disco-placa de ferro.
À medida que o imã gira o disco o acompanha. Este fato se deve às correntes parasitas (conforme figura
30b) que aparecerão no disco devido a seu movimento relativo em relação ao campo magnético. A Lei de
Lenz explica o sentido contrário da tensão induzida (e conseqüentes correntes parasitas) que irá produzir o
campo que tenderá a se opor a força, ou seja, ao movimento que produziu a tensão induzida. Estas
correntes parasitas tenderão a criar sob o pólo N do imã um pólo S no disco e sob o pólo S do imã um pólo
N no disco. Enquanto durar o movimento, que produz as correntes parasitas, estes pólos serão criados no
disco. O disco desta maneira irá girar no mesmo sentido do imã pela atração existente entre estes pares de
pólos que tenderão a alinhar-se.

Figura 30 - Princípio de Funcionamento do Motor de Indução

49
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Um fato extremamente importante é que o disco irá girar a uma velocidade menor que a do imã,
pois caso contrário não existiria movimento relativo entre o imã e o disco e como conseqüência não
existiriam as correntes parasitas nem os pólos, nem o movimento do disco e nem o torque. Desta forma, o
disco deve escorregar em velocidade para que se produza torque.
A diferença de velocidade que existe entre a velocidade síncrona do campo magnético girante e a
velocidade um pouco menor na qual gira o disco é chamada de escorregamento (s), e é normalmente
expressa em porcentagem.

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s=
velocidade de escorregamento velocidade síncrona − velocidade do
=
(N S − N r )x100
=
rotor
velocidadesíncrona velocidade síncrona NS

N = N (1 − s ) = 120  f (1 − s )


r S
P


s = Escorregamento
NS = Velocidade síncrona do campo girante (rpm)
Nr = Velocidade do rotor (rpm)

Exemplo: Um motor de indução trifásico tem no estator 3 ranhuras por pólo e por fase. Sendo 60Hz a
freqüência da rede, pede-se:
a) o número de pólos produzidos e o número total de ranhuras do estator.
b) a velocidade do campo magnético girante.
c) a velocidade do rotor para um escorregamento de 3 %.

Solução:
a) P = 2 x n° de ranhuras por pólo = 6 pólos
Total de ranhuras = (3 ranhuras por pólo e por fase) x (6 pólos) x (3 fases) = 54 ranhuras
120xf 120 x60
b) NS = = = 1200rpm
P 6
c) Nr = N .(1- s) =1200.(1-0,03) =1164rpm

51
5.1
Freqüência, Tensão e Reatância do Rotor

A freqüência das tensões induzidas no rotor varia inversamente com a velocidade deste, desde a
freqüência da linha, em repouso, até a freqüência zero na velocidade síncrona e pode ser expressa como

uma função da freqüência do estator e do escorregamento:


fr = s x f

Onde:
fr=freqüência da tensão senoidal e das correntes induzidas no circuito do rotor a um dado escorregamento, s, em hertz;
f=freqüência do estator (ou a freqüência de linha) e do campo magnético girante, em hertz e das correntes induzidas no
circuito do rotor a um dado escorregamento, s, em hertz;

Apesar dos condutores do rotor possuírem uma baixa resistência, eles estão embutidos no ferro,
que por sua vez possui a propriedade da indutância e, conseqüentemente, uma reatância indutiva, que
variará com a freqüência do rotor. Para determinação da reatância do rotor é comum realizar um ensaio
denominado de “ensaio a rotor bloqueado” e a reatância será a reatância a rotor bloqueado (Xbl).
O ensaio a rotor bloqueado é usado na determinação da reatância, quando o motor está parado, e
também na determinação do rendimento. A reatância a rotor bloqueado somente simplifica os cálculos
sendo usada como referência.
Conforme a freqüência do rotor aumenta com o escorregamento e a reatância varia com a
freqüência, a representação da reatância para qualquer freqüência será:
Xr = s x X bl
Onde:
Xbl = reatância a rotor bloqueado.

A tensão induzida no rotor para qualquer escorregamento é também uma função da tensão
induzida a rotor bloqueado:
Er = s x E bl
Onde:
Ebl = tensão induzida no rotor parado, ou seja, bloqueado.
E = fem induzida no rotor para qualquer escorregamento e/ou freqüência do rotor.

Exemplo: Um motor de indução de quatro pólos opera à freqüência de 60Hz e tem um escorregamento de
plena carga de 5%. Calcule a freqüência do rotor:
a) No instante da partida;
b) A plena carga.
Solução:
(N S − N r )x100
a) No instante da partida, . Desde que a velocidade do rotor neste instante é zero,
NS
o escorregamento é 1. A freqüência do rotor é f r = s x f = 1,0 x 60Hz = 60Hz.

b) À plena carga, o escorregamento 5%, isto é, s=0,05, logo, f r = s x f = 0,05 x 60Hz = 3Hz.

5.2
Circuito Equivalente

Toda a análise será feita por fase.


O MIT é composto por bobinas acopladas magneticamente. As bobinas do estator, quando ligadas
a uma fonte trifásica de tensão alternada, produzem um campo magnético girante na freqüência da
corrente da rede.
O campo magnético produzido pelas correntes induzidas no rotor também gira à mesma velocidade
síncrona (ns).
Evidentemente, o fluxo resultante da composição dos fluxos produzidos pelo rotor e estator,
também gira no entreferro na velocidade síncrona.
Este campo induz uma tensão no estator na freqüência da rede (f). No rotor a tensão induzida é na
freqüência de escorregamento f r = s x f .
Iϕ é a corrente de magnetização necessária para criação do fluxo de entreferro resultante, sendo
uma função de E1.
O circuito equivalente representante dos fenômenos do estator é semelhante ao do primário de um
transformador. Os valores do rotor são referidas ao estator.

Onde:
V1 = tensão terminal de estator.
E1 = fcem gerada pelo fluxo de entreferro
resultante.
I1 = corrente de estator.
r1 = resistência efetiva de estator.
x1 = reatância de dispersão do estator.

Figura 31 - Circuito Equivalente do estator para um motor de indução polifásico


É interessante representar a indutância de magnetização e as perdas no ferro no lado do estator.
a) Estator, figura 32.
Onde
V1 tensão fase-neutro do estator;
R1 resistência do enrolamento do estator;
X1 = jwL1 reatância de dispersão do estator;
E1 tensão fase-neutro induzida no estator;
Xmag = jwLmag reatância de magnetização; e
Rn resistência de perdas no núcleo.
Figura 32 – circuito equivalente do estator

A diferença principal entre este circuito e o primário de um transformador é o valor numérico da


reatância de magnetização. De fato, como a indutância de magnetização é inversamente proporcional à
relutância e a relutância do entreferro é muito maior que a relutância do transformador, o valor numérico
da reatância no transformador é muito grande e pode, normalmente, ser desprezada. No caso do motor, a
reatância é relativamente pequena e não pode ser desprezada.
A corrente de magnetização em motor de indução é da ordem de 30% da corrente de carga
podendo chegar, em algumas situações, até a 50%. No caso do transformador esta corrente é relativamente
pequena (menor que 5%) e, normalmente, é desprezada.

b) Rotor, figura 33
A representação do rotor é muito simples. É a tensão induzida em um enrolamento em curto
circuito. A impedância vista pela tensão será a resistência do enrolamento (R2) e a indutância de dispersão
(L2).
Se E2 é a tensão induzida no rotor parado, como foi visto, a tensão induzida no rotor em rotação

será sE2.

Figura 33 – Circuito equivalente do rotor


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A freqüência do que ocorre no rotor é a freqüência de escorregamento f r = s x f . O valor fasor de
corrente é dado por:

As duas equações acima podem parecer iguais, mas não são. A primeira está na freqüência da
tensão induzida no rotor (fr). A segunda está na freqüência da rede (f). Esta equação mostra o que ocorre
no rotor “visto” do estator.
2
A potência dissipada na equação é dada por: P2 = R2 I2
Este valor corresponde às perdas no enrolamento do rotor.
A potência na equação a seguir, representa o que o estator transfere para o entreferro. Ela é
usualmente chamada de “potência de entreferro” ou, Pgap. transferida para o entreferro é muito maior que
as perdas no enrolamento do rotor.
R2 2
Pgap = I2
s
Como em operação normal o escorregamento é inferior a 10%, a potência transferida para o
entreferro é muito maior que as perdas no enrolamento do rotor.
Em alguns casos é conveniente dividir a potência do entreferro em duas parcelas: a primeira
relativa às perdas, a outra relativa a potência mecânica disponível no eixo.
Evidentemente:

Para representar esta diferença, o circuito equivalente do rotor, visto do estator, pode ser
representado pela figura 34.
Figura 34 - Circuito equivalente do rotor

É interessante observar a relação entre as três potências que foram definidas.


Pgap- potência de entreferro
Pmec- potência mecânica disponível no eixo
P2 -perdas no enrolamento do rotor.
Se a potência transferida para o entreferro for igual a 1, as perdas no rotor serão iguais a “s” e a
potência disponível no eixo será (1-s). Quanto maior o escorregamento menor será o rendimento do motor.
A faixa normal de operação do MIT é sempre para escorregamentos menores que 10%.
A potência de saída (Pout) é sempre menor que a potência disponível no eixo. A diferença são as
perdas mecânicas de ventilação e atrito.
Voltando ao circuito equivalente, observa-se que a diferença entre as tensões E1 e E2 é dada pela
relação de transformação entre as bobinas. Normalmente considera-se que os coeficientes de distribuição
dos enrolamentos do estator e do rotor são iguais. Então, refletindo o que ocorre no rotor para o estator
tem-se:

As grandezas com apóstrofo correspondem aos valores em ohms refletidos ao estator. Em todas as
análises do motor de indução o que interessa é o circuito equivalente refletido ao estator. Para não
sobrecarregar a notação, no texto a seguir, vai-se eliminar o apóstrofo sabendo que estamos falando do
valor da resistência e da reatância refletidos ao estator. O circuito equivalente por fase será dado por:
Figura 35 - Circuito equivalente por fase do MIT.

Exemplo 3
Um motor de indução trifásico de 20 HP, 450 V, 4 pólos, 60 Hz, 1730 rpm, opera acionando a sua
potência nominal. As perdas mecânicas são de 860 W. Qual a potência transferida para o entreferro?

5.3
Operação do motor de indução como gerador.

Quando um motor de indução é acionado por uma máquina primária chamamo-lo de gerador de
indução (escorregamento negativo). A transição entre a operação como motor e a operação como gerador é
uma função do escorregamento. O gerador de indução deve ser acionado a uma velocidade acima da
síncrona, a fim de entregar potência ao barramento. Acima da velocidade síncrona, este gerador serve
como freio dinâmico automaticamente.
O gerador de indução trifásico, do tipo gaiola de esquilo, destaca-se por suas características de
construção simples, manutenção baixa e robustez. Na prática, pode-se utilizar um motor de indução
convencional operando como gerador, obtendo-se também as características de baixo custo e
disponibilidade no comércio.
Devido às características construtivas e princípio de operação da MIT, a operação como gerador
exige um meio para promover a sua excitação. Essa excitação é normalmente provida por um banco de
capacitores ou por um inversor.

5.4
Tensão Nominal
É a tensão da rede para qual o motor foi projetado. Por norma o motor deve ser capaz de funcionar
satisfatoriamente quando alimentado com tensões até 10% acima ou abaixo de sua tensão nominal, desde
que sua freqüência seja a nominal.
Se houver simultaneamente, variações na freqüência, a tolerância de variação de tensão é reduzida,
de modo que a soma das duas variações (tensão e freqüência) não ultrapasse 10%.

5.4.1
Efeitos da variação de tensão

DESEMPENHO TENSÃO 20% TENSÃO 10% TENSÃO 10%


ACIMA ACIMA ABAIXO
Conjugado de partida aumenta aumenta diminui
Conjugado máximo 44% 21% 19%
Corrente de partida Aumenta 25% Aumenta 10 a 12% Diminui 10 a 12%
Corrente plena carga Diminui 11% Diminui 7% Aumenta 11%
Escorregamento Diminui 30% Diminui 17% Aumenta 23%
Veloc. plena carga Aumenta 1,5% Aumenta 1% Diminui 1,5%
Rendimento Pequeno aumento Aumenta 1% Diminui 2%
Fator de Potência Diminui de 5 a 15% Diminui 3% Aumenta 1%
Sobreaquecimento Diminui 5ºC Diminui 3ºC Aumenta 6ºC
Ruído sem Carga Aumento percentual Ligeiro aumento Lkigeira diminuição
As tensões mais usadas em redes de baixa tensão são 220V, 380V e 440V.
5.5
Corrente do motor

5.5.1
Corrente nominal

A corrente nominal é a solicitada, pelo motor, da rede de alimentação, trabalhando à potência


nominal, com freqüência e tensão nominais.

5.5.2
Corrente de partida

O motor assíncrono (tipo gaiola) quando parado (rotor bloqueado), comporta-se como um
transformador trifásico com secundário em curto-circuito, neste caso, quando o estator é energizado
produz o campo girante cujas linhas de força, encontrando o rotor parado, provocam nas barras do rotor
variações de fluxo com velocidade igual à do campo girante. Como a velocidade do campo girante é
elevada, o rotor produz f.e.m induzidas com valores que podem produzir elevadas correntes induzidas.
Estas correntes, por efeito de reação, fazem com que o estator absorva elevada corrente da rede de
alimentação. Por esta razão é que às correntes de partida de um motor assíncrono são, também,
denominadas de correntes de curto-circuito.
Cada fase do motor de indução, no ato da partida, é equiparada a um transformador monofásico em
curto-circuito. Sendo a resistência primária e secundária relativamente baixas comparadas às reatâncias
indutivas dos enrolamentos primários e secundários, as correntes de partida, estatóricas e rotóricas, são
muito defasadas em relação às tensões que as produziram. Isto aumenta demasiadamente o ângulo de
defasagem fazendo com que o conjugado motor resulte pequeno na partida, embora a corrente seja alta.
A corrente de partida de um motor assíncrono com rotor em curto-circuito, pode alcançar valores
até 10 vezes maiores que os da corrente de funcionamento normal. Estas correntes de partida são limitadas
por dispositivos especiais de partida e dependem do tipo e das características construtivas do motor.
O valor exato desta corrente é medido no ensaio a rotor bloqueado, em que se liga o motor estando
o seu eixo travado por algum tipo de freio. À medida que se solta o freio a corrente do motor vai
diminuindo, conforme mostra a figura nº 36.
Figura 36-Curva de variação da corrente do MI em função da velocidade.

5.5.3
Corrente estatórica ou de armadura
P (W ) P ( HP ).746 P (CV ).736 P(VA)
I= ;I= ; I= ; I=
3 .U 3 .U .cos ϕ 3 .U .cos ϕ 3 .U
.cos ϕ .η

Dependendo do tipo de ligação do motor, ou seja, ligação em triângulo ou estrela a corrente de fase
será:
Y IF = IL
I
∆ IF = L
3

5.5.4
Corrente rotórica

Depende dos ampéres –espiras do rotor que são mais baixo que os do estator.
Exemplo:
Qual a corrente nominal solicitada pelo motor trifásico de uma bomba hidráulica de 5cv,
sob uma tensão de 220V, sendo o fator de potência 0,80 e o rendimento do motor igual a 96%?

5.6
Freqüência Nominal

É a freqüência da rede para qual o motor foi projetado.


Por norma a máquina pode funcionar satisfatoriamente com freqüências até 5% acima ou abaixo
de sua freqüência nominal.
No Brasil, a Lei nº 4.454, de 06/11/1964, tornou obrigatória, em todo território nacional, a
freqüência de 60Hz.
Como ainda encontra-se alguns motores enrolados para 50 Hz, a tabela abaixo converte as
características do motor para 60Hz.
Motor enrolado para 50Hz e alimentado em 60Hz

5.6.1
Conseqüências da variação da freqüência da rede para motor com tensão
e potência constante

a) freqüência da rede menor que a nominal do motor


- velocidade diminui praticamente na mesma proporção;
- lubrificação e esfriamento pioram;
- corrente de partida aumenta;
- binário de partida e conjugado máximo aumentam;
- cresce a capacidade de sobrecarga;
- corrente de magnetização aumenta;
- melhoram os esforços mecânicos(atrito nos mancais, força centrífuga e vibração);
- menor taxa de dissipação de calor;
- superaquecimento dos enrolamentos;
Para evitar superaquecimento nos motores, torna-se necessário reduzir sua potência útil, isto é,
estabelecer uma potência nominal menor.

b) freqüência da rede superior a nominal do motor


- melhora a ventilação;

60
60
- deslizamento fica inalterado;
- lubrificação e arrefecimento melhoram;
- corrente de magnetização diminui;
- aumenta o desgaste, as perdas mecânicas e o atrito nos mancais;
- aumentam os esforços mecânicos das partes girantes, particularmente os devidos ao aumento da força
centrífuga;
- o binário de partida e o conjugado máximo diminuem, por causa da diminuição da indução;
- capacidade mecânica de sobrecarga diminuem;
- aumenta o tempo de aceleração.

5.7
Potência do Motor

A potência desenvolvida por um motor, representa a rapidez com que a energia é aplicada para
mover a carga. Por definição, potência é a relação entre a energia gasta para realizar um determinado
trabalho e o tempo em que o mesmo foi executado.
Isto poderá ser explicado se considerarmos a potência para levantar um objeto pesando 50 kgf do
fundo de um poço de 40m de profundidade, durante um período de tempo de 27s. A energia gasta foi de
50 kgf x 40m = 2000 kgfm. Como o tempo para realizar este trabalho foi de 27s, a potência exigida pelo
motor foi de PM1 = 2000/27 = 74 kgfm/s.
Se o mesmo trabalho fosse realizado em 17s., a potência do motor seria PM2 = 2000/17 =
20000/17 = 117 kgmf/s.
Considerando que 1CV corresponde a 75 kgmf/s, então a potência dos motores seriam : PM1 =
74/75 = .98 = 1 CV;
PM2 = 117/75 = 1.56 = 1.5 CV.

5.7.1
Potência nominal

É a potência que o motor pode fornecer, dentro de suas características nominais, em regime
contínuo.

61
61
A potência nominal de um motor assíncrono é expressa em cv (ou hp), sendo esta a potência
mecânica (útil) que o motor fornece em seu eixo, em regime contínuo, sem que os limites de temperatura
dos enrolamentos sejam excedidos aos valores máximos permitidos por norma, dentro da sua classe de
isolação. Existe uma tendência em se padronizar a potência útil do eixo do motor em kW.

62
62
3 x I NM x U x η x cos ϕ
PNM = (cv )
736
Onde:
PNM = potência mecânica, em cv;
I NM =corrente nominal, em A;
cosϕ= fator de potência sob carga nominal;
η= rendimento do motor;
U = tensão nominal trifásica, em volts.

5.7.2
Potência aparente

Quando se aplica tensão a um motor elétrico, o rotor deste põe-se em movimento, o que
corresponde a uma transformação de energia elétrica em mecânica. Para que esta transformação seja
possível, há uma produção intermediaria de energia eletromagnética. Além disto, parte da energia recebida
pelo motor é perdida em atritos (entre o rotor em movimento e o ar e também entre o veio e a carcaça da
máquina) e em calor, devido à passagem da corrente nos condutores elétricos do motor. A energia reativa
corresponde à energia armazenada nos enrolamentos do motor sob a forma de energia magnética e produz
o campo magnético que origina o fluxo magnético necessário ao funcionamento da máquina. É uma
energia não dissipada. No entanto, uma corrente associada à sua existência circula entre a rede de
alimentação e o motor (corrente reativa ou componente reativa da corrente total). Esta energia não é
contabilizada nos contadores de energia (ativa) usados nas habitações, mas existem contadores de energia
reativa para os utilizadores industriais. Os utilizadores têm a possibilidade de diminuir a energia reativa
contabilizada (diminuindo assim as despesas de energia) fazendo a chamada compensação do fator de
potência, usando para o efeito capacitores que são ligados em paralelo com o motor ou com a rede.
A restante parte da energia elétrica fornecida ao motor é a energia ativa. Esta energia vai dar
origem às já referidas perdas por atrito, às perdas por efeito de Joule (aquecimento dos condutores, devido
à passagem da corrente) é a chamada energia útil, que corresponde a utilização normal da máquina, ou
seja, energia mecânica que é aplicada a outra máquina sob a forma de movimento rotativo. A energia ativa
é contada nos contadores de energia ativa, do tipo dos existentes nas habitações.

63
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Em todos os aparelhos elétricos dotados de bobines surge a energia reativa. É o caso, por exemplo,
das lâmpadas fluorescentes, para cujo funcionamento é necessária uma bobina chamada balastro. Também
aqui é possível compensar a energia reativa com um capacitor, podendo ser feita a compensação
individual de cada lâmpada ou de associações de grupos de lâmpadas ou de todas elas. Nas lâmpadas de
incandescência, assim como em todos os aparelhos funcionando com base na utilização de resistores, não
se produz energia reativa, sendo ativa toda a energia utilizada, como se disse no princípio.
Outro tipo de aparelhos onde se origina energia reativa é nos capacitores. Normalmente, os
aparelhos de utilização corrente não são capacitores, mas sim resistores ou bobina, como se tem vindo a
referir, pelo que a questão da energia reativa se coloca apenas em relação às bobinas No entanto, pelo fato
de os capacitores armazenarem energia reativa e por ela ter características opostas à da energia reativa nas
bobinas proporciona a utilização dos capacitores para a compensação da energia reativa. Outra forma de
corrigir o fator de potência é utilizando um motor síncrono superexcitado.
Assim, enquanto a potência ativa é sempre consumida na execução de trabalho, a potência reativa,
além de não produzir trabalho, circula entre a carga e a fonte de alimentação, ocupando um espaço no
sistema elétrico que poderia ser utilizado para fornecer mais energia ativa.

5.8
Fator de Potência

Podemos definir o fator de potência como sendo a relação entre a potência ativa e a potência
aparente. Ele indica a eficiência do uso da energia. Um alto fator de potência indica uma eficiência alta e
inversamente, um fator de potência baixo indica baixa eficiência. Um triângulo retângulo é
freqüentemente utilizado para representar as relações entre kW, kvar, e kVA.
Define-se fator de potência como sendo a divisão de potência ativa (kW) pela potência aparente
(kVA), figura 37.

kvar
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Figura 37 - Triângulo das potências
Exemplo

Se uma máquina operatriz está trabalhando com 100 kW (potência ativa) e a energia aparente
consumida é 125 kVA, dividindo 100 por 125, você chegará a um fator de potência de 0,80.
5.9
Velocidade do Motor

5.9.1
Velocidade nominal

É a velocidade que o motor atinge em regime permanente à potência nominal, sob tensão e
freqüência nominais, Nr.
A velocidade depende do escorregamento (s) e da velocidade síncrona (Ns).
Seu valor é dado por:
s%
Nr = NS x 1 -
100
5.9.2
Velocidade a vazio

Quando o motor está girando sem a presença de carga mecânica no eixo, comumente chamado
“motor a vazio”, o rotor desenvolve uma velocidade angular de valor praticamente igual a velocidade
síncrona do campo girante do estator.
Adicionando-se carga no eixo, o rotor diminui sua velocidade, levemente.

5.10
Variação de velocidade de motores de indução com rotor gaiola de esquilo

O motor de indução com rotor em gaiola é substancialmente um motor de velocidade constante,


tendo uma variação de cerca de 5% de queda na velocidade, de vazio a plena carga. Em muitas aplicações
de motores de indução necessita-se de várias velocidades ou velocidades variáveis.
A velocidade do rotor deste motor depende da velocidade do campo magnético girante (velocidade
de sincronismo) e do escorregamento, podendo ser alterada do seguinte modo:
a) variando-se a resistência do rotor;
b) variando-se a tensão da linha e;
c) aplicando-se tensões de freqüência apropriada nos circuitos do rotor.
A velocidade do campo magnético girante, ou seja, velocidade síncrona do motor de indução pode
ser alterada da seguinte forma:
a) variando-se o nº de pólos do estator e;
b) variando-se a freqüência da rede de alimentação.
Existem outros métodos de variação de velocidade que utilizam dispositivos de estado sólido.

5.10.1
Variação do nº de pólos

Pode-se projetar um enrolamento de estator que permita a variação do nº de pólos com uma
simples mudança nas ligações das bobinas. Neste caso, o rotor deverá ser construído do tipo gaiola de
esquilo que sempre produz, no rotor, o mesmo nº de pólos do estator. Quando o rotor é bobinado deve
também ser rearranjado de forma a permitir a mudança do nº de pólos.
O procedimento para reduzir o nº de pólos pela metade é dividir o enrolamento de cada fase em
duas partes iguais com bobinas alternadas.

5.11
Escorregamento

É a diferença entre a velocidade síncrona do campo magnético girante e a velocidade do eixo do


rotor do motor de indução e será sempre menor que 1.
Escorregamento maiores que 1 e negativos são possíveis de ocorrer quando operamos o motor de
indução como gerador de indução. O gerador de indução é um motor de indução acionado por uma
máquina primária.
(N S − N R )
s=
onde:
NS =velocidade do campo magnético girante; x100
Nr =velocidade do rotor;
NS
s =escorregamento

5.12
Torque
O motor elétrico, pelas suas características, sendo capaz de desenvolver uma potência de P (cv),
exerce sobre seu eixo um conjugado M, também denominado momento motor ou torque (kgf.m). A
potência e o conjugado relacionam-se de acordo com a expressão:
O motor deverá ter um conjugado motor M maior do que o conjugado resistente oferecido pela
carga acoplada ao seu eixo, de modo a acelerá-la e colocá-la em regime de funcionamento normal.
A curva característica de conjugado versus velocidade do motor de indução típico é como se
observa abaixo.

Figura 38 - Curva típica de conjugado versus velocidade do motor de indução (MI).

Os motores de indução operam normalmente na parte direita da curva torque-escorregamento que é


quase perpendicular, ou seja, mesmo havendo uma relativamente grande variação do torque de carga, a
corresponde variação do escorregamento e, conseqüentemente, da velocidade do motor será bem reduzida.
Devido à essa característica, os motores de indução são freqüentemente utilizados em aplicações que
requerem velocidades de acionamento bem definidas sob variação de carga, tais como bombas,
ventiladores e compressores.

5.12.1
Classificação dos torques

Dependendo da fase de acionamento do motor o conjugado é classificado em:


• Conjugado nominal – é o desenvolvido sob condições de operação nominal do motor;
• Conjugado de partida (rotor bloqueado ou de arranque) – é o desenvolvido sob condições de tensão e
freqüência nominais durante a partida do motor;
• Conjugado base – é o determinado de acordo com a potência nominal e a velocidade síncrona do motor;
716 x P NM
Cb = x (mkgf )
Ns
Onde:
Pnm = potência nominal do motor, em cv;
NS =velocidade angular, em rpm.

• Conjugado máximo – é o maior conjugado produzido pelo motor quando submetido às condições de
tensão e freqüência nominais, não ficando, entretanto, sujeito a variações bruscas de velocidade;
• Conjugado mínimo – é o menor conjugado na faixa de velocidade compreendida entre o valor zero e o
conjugado nominal, perante tensão e freqüência nominais.
• Conjugado de aceleração – é o desenvolvido na partida do motor, desde o repouso at é a velocidade de
regime.

5.13
Fator de Serviço

O fator de serviço é o no que pode ser multiplicado pela potência nominal do motor a fim de se
obter a carga permissível que o mesmo pode acionar, em regime continuo, dentro de condições
estabelecidas por norma. Não significa que seja uma sobrecarga e sim uma potência adicional contínua.

5.14
Letra-Código e Código de Partida
O dimensionamento dos dispositivos de proteção do motor deve levar em conta a sua corrente de
partida. Para isto existe uma letra-código (segundo normas norte-americanas) na placa de identificação
que corresponde à relação entre a potência aparente em kVA e a potência em cv (cavalo-vapor) na
situação de rotor bloqueado.
Exemplo: Uma máquina operatriz de 20 cv será acionada por um motor de indução de 220V, 60 Hz, cosj
= 0,80 e h = 0,96, letra-código F. Qual será sua corrente de partida?
a) Calcula-se sua corrente nominal:
b) Por informação tabelada, vê-se que a letra-código F corresponde a valores entre 5,00 e 5,59.
Adotando-se 5,00, tem-se:

Código de Partida

5.15
Perdas Ôhmicas
As perdas ôhmicas são as geradas pelo aquecimento das bobinas dos enrolamentos e outras. As
perdas ôhmicas geradas no motor, são:
• perdas no cobre (estatóricas e rotóricas) Pcu;
• perdas no ferro (estatóricas e rotóricas) Pfe;
• perdas por ventilação Pv;
• perdas mecânicas Pm.

5.16
Rendimento
Do conceito de perdas extrai-se o conceito de rendimento, cujo valor é sempre menor que a
unidade.
Potência mecânica de saída
η=
Potência de alimentação

potência mecânica de saída = potência de alimentação – perdas

5.18
Vida Útil
A vida útil do motor está ligada, principalmente, ao aquecimento dos enrolamentos e é também
afetada pela umidade, ambiente com vapor corrosivo, vibrações, e etc.

5.19
Classe de Isolação
A norma agrupa os matérias isolantes e os sistemas de isolamento em classe de isolação. São as
seguintes as classes de isolação empregadas nas máquinas elétricas:
• classe A – limite de 105oC: seda, algodão, papel e similares impregnados em líquidos isolantes. Ex:
esmalte de fios;
• classe E – limite de 120oC: fibras orgânicas sintéticas;
• classe B– limite de 130oC: asbesto, mica e materiais `a base de poliéster;
• classe F– limite de 155oC: fibra de vidro, amianto associado a materiais sintéticos (silicones);
• classe H– limite de180oC: fibra de vidro, mica, asbesto associado a silicones de alta sensibilidade
térmica.

5.20
Ventilação
A ventilação do motor é o processo pelo qual é realizada a troca de calor entre o interior do motor
e o meio ambiente. Os sistemas de ventilação mais usados são:
• Motor aberto
• Motor totalmente fechado
• Motor com ventilação forçada
• Motor à prova de intempéries
• Motor à prova de explosão
5.21
Grau de Proteção
O grau de proteção reflete a proteção do motor quanto à entrada de corpos estranhos e penetração
de água pelos orifícios destinados a entrada e saída de refrigerante. A norma especifica os graus de
proteção especificados pelas letras IP, significando Proteção Intrínseca (Intrisic Protection, em inglês =
proteção própria do dispositivo ) sejam seguidas de dois algarismos que significam:
Combinando-se os algarismos, temos a proteção desejada em função da aplicação do invólucro
metálico para uma determinada atividade.
Exemplo
Um equipamento que vai operar num ambiente externo ( portanto sujeito a chuvas ), onde as
poeiras ( sólidos ) no ar tem um tamanho de 2 mm, e a proteção necessária é contra pingos e respingos,
precisa de um IP dado por: IP 44.
- Explicando: na parte sólida, tendo 2 mm, se tivermos um invólucro IP 3, que protege para sólidos
> 2,5 mm, a poeira vai penetrar. Logo, será o IP 4. Na parte líquida, a proteção contra pingos e respingos,
também é o IP.4
Logo, resulta o GRAU DE PROTEÇÃO correto dado por IP 44.
Outro exemplo:
No ambiente, temos corpos sólidos com um tamanho de 10 mm, mas a instalação é feita em
ambiente protegido (onde não existe líquido). Qual o IP necessário?
Na parte sólida, será o IP 3 (o 2 deixaria os corpos sólidos entrarem), e na parte líquida, será o IP.0
( sem necessidade de proteção ).
- Logo, a escolha recai sobre o IP 30.

5.22
Temperatura de Serviço
A temperatura de serviço dos motores elétricos não é uniforme em todas suas partes componentes,
para medição desta temperatura faz-se uso de detetores térmicos inseridos nos enrolamentos, o que
permite a medição da temperatura no ponto mais quente.

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5.23
Regime de Funcionamento
O regime de funcionamento indica a forma de utilização do motor no acionamento de uma carga.
Os regimes são os seguintes:
• Regime S1 ou contínuo - o motor trabalha continuamente por um tempo maior que sua constante
térmica de tempo e somente retoma sua operação, após desligado, quando o motor volta a ficar em
equilíbrio térmico com o meio exterior;
• Regime S2 - o motor é acionado a carga constante por um dado intervalo de tempo, inferior ao
necessário para alcançar o equilíbrio térmico, seguindo-se um período de tempo de repouso suficiente para
permitir ao motor atingir a temperatura do meio refrigerante;
• Regime S3 – o motor é acionado a carga constante por um período de tempo definido e repousa durante
um outro intervalo também definido. Estes intervalos são muito curtos e não permitem que o motor atinja
o equilíbrio térmico durante o ciclo, não sendo afetado de modo significante pela corrente de partida;
• Regime S4 - é caracterizado por uma seqüência de ciclos semelhantes e cada ciclo consiste de um
intervalo de partida longo, elevando significativamente a temperatura do motor, um período de ciclo a
carga constante e um período de repouso o suficiente para que o motor atinja o seu equilíbrio térmico;
• Regime S5 - é caracterizado por uma seqüência de ciclos semelhantes e cada ciclo consiste de um
intervalo de partida longo, elevando significativamente a temperatura do motor, um período de ciclo a
carga constante, seguido de um período de frenagem elétrica e finalmente um período de repouso o
suficiente para que o motor atinja o seu equilíbrio térmico;
• Regime S6 - é caracterizado por uma seqüência de ciclos semelhantes, em cada ciclo consiste de duas
partes, sendo uma a carga constante e outra em funcionamento em vazio.
Existem ainda os regimes de funcionamento S7, S8, S9.

5.25
Categoria
A categoria do motor indica as limitações dos conjugados máximo e de partida sendo expressa por
letras definidas em normas, que seguem:
• Categoria N - motores de aplicação geral que acionam a maioria das cargas de utilização prática.

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• Categoria H -motores que acionam cargas cujo conjugado resistente, durante a partida, é
aproximadamente ao valor do conjugado nominal.
• Categoria D - motores que acionam cargas cujo conjugado resistente, durante a partida, é de valor
elevado.

5.26
Ligação dos terminais do motor
Os chamados bornes (ou terminais) de ligação dos motores ficam numa caixa de ligações existente
para as ligações dos terminais dos enrolamentos do motor à rede elétrica. Se o motor é de tensão única, há

somente três terminais (numerados 1, 2, 3) disponíveis; mas se for de dupla tensão (220V/380V, por
exemplo), haverá seis terminais (numerados 1, 2, 3, 4, 5, 6).
A menor tensão corresponderá, obrigatoriamente, a uma conexão do tipo triângulo (ou delta); à
maior tensão corresponderá uma conexão do tipo estrela (ou Y).
As tensões mais usadas em redes de baixa tensão são 220V, 380V e 440V. O motor que possuir a
quarta tensão, 760V, apenas indica a possibilidade de ligação estrela-triângulo porque, por norma, esta
tensão está fora do limite da classe 600V
A grande maioria dos motores tem terminais de enrolamentos estatóricos religáveis que determina
como o motor pode ser ligado às redes de alimentação, de modo a poderem funcionar em redes de pelo
menos duas tensões diferentes. As ligações mais comumente utilizadas são:
•••• ligação em única tensão - possuem 3 terminais acessíveis, figura 39.
a) em estrela; b) em triangulo.

Figura 39 – Ligações possíveis dos terminais dos motores com 3 terminais acessíveis

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•••• ligação em dupla tensão - possuem 6 ou 9 terminais acessíveis, figuras 40 e 41.


a) em estrela; b)em triângulo;
Ver figuras 39 para ligação com 3 terminais acessíveis
Nas figuras c, d, e e f o enrolamento de cada fase é dividido em duas partes (nove terminais).

c) estrela-série; d) dupla estrela- paralelo;

Figura 40 – Ligações possíveis dos terminais dos motores com 9 terminais acessíveis

e) triangulo-serie; f) triângulo-paralelo.

Figura 41 – Ligações possíveis dos terminais dos motores com 9 terminais acessíveis

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•••• ligação em tripla tensão – todos tem os 12 terminais acessíveis, figuras 41 e 42.

Nas figuras a, b, c e d o enrolamento de cada fase é dividido em duas partes (doze terminais).

a) triângulo-paralelo; b) estrela- paralelo;

Figura 41 – Ligações possíveis dos terminais dos motores com 12 terminais acessíveis

c) triângulo-série; d)estrela-série.

Figura 42 – Ligações possíveis dos terminais dos motores com 12 terminais acessíveis

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Exercícios
Marque o item correto.

1.Um motor de indução trifásico de 12 terminais admitirá ligação com chave estrela-triângulo, nas
seguintes tensões:
A) 380 e 760 V. B) 220 e 440 V. C) 220 e 380 V. D) 440 e 760 V .E) 380 e 440 V.
2. Um motor de indução trifásico é alimentado por uma rede de 760 V. A tensão medida entre os terminais
T2 e T5 será mais próxima de:
A) 380 V. B) 440 V. C) 127 V. D) 220 V. E) 760 V.

• Ligação SÉRIE – PARALELO

O enrolamento de cada fase é dividido em duas partes, ligando as duas metades em série, cada
enrolamento fica com a metade da tensão de fase nominal do motor. Da mesma forma ligando as duas
metades em paralelo, o motor poderá ser alimentado com uma tensão igual a metade de tensão anterior,
mantendo a tensão em cada enrolamento igual para os dois casos.
O tipo de tensão (dupla) mais comum para esta ligação é 220/440V, ou seja, o motor em 220
ficaria em paralelo e, em 440V em ligação série.

• Ligação ESTRELA – TRIANGULO

Ligando as três fases em estrela, o motor pode ser ligado a uma linha com tensão igual a 380V. Se
ligarmos as três fases em triângulo, cada fase receberia a tensão de 220V (380/√3), mantendo, para os dois
casos a tensão no enrolamento do motor.

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Características das chaves de partida

Exercício

Temos um motor de indução trifásico com os seguintes dados de placa:

I) Potência: 20 CV
II) Tensões: 220/380/440/760 V
III) Rendimento: 80%
IV) Fator de potência: 0,7

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V) Freqüência: 60Hz
VI) Rotações por minuto: 1740
VII) Fator de serviço: 1,23

a) Determine a corrente do motor, sabendo-se que o mesmo está ligado a uma indústria, onde a tensão
trifásica é 440 Volts e funciona com uma carga adicional admissível especificada pelo fabricante.
b) Faça o diagrama de ligação das bobinas, obedecendo à numeração dos terminais.

Obs.: 1. A corrente deverá ser dada em função de 3 ;


1CV=736W.

5.27
Dados de placa
Todo motor tem uma placa identificadora com informações sobre ele. Esses dados, em geral, são os
seguintes:
Fabricante
Tipo (indução, anéis, síncrono, etc.)
Modelo e número de fabricação
Potência nominal
Número de fases
Tensão nominal
Corrente (contínua ou alternada)
Freqüência da CA
Rotações por minuto (rpm)
Intensidade da corrente nominal
Regime de trabalho (contínuo ou não permanente)
Classe de isolamento
Letra-código
Fator de serviço (FS)

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5.28
Folha de dados do consumidor

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5.29
Tabela para escolha de motores

5.30
Motor Monofásico

Os motores monofásicos são menos utilizados nas instalações quando comparados aos trifásicos e,
na maioria dos casos, são de pequenas potências (em geral até 15 cv).
Estas máquinas são providas de um segundo enrolamento colocado no estator que atua como a
segunda fase e nele é colocado um capacitor que provoca um defasamento de 90º elétricos do enrolamento
principal. Desta forma produz-se no entreferro da máquina um campo magnético alternado oscilante, que
pode ser decomposto em dois campos de igual magnitude.
Com o motor parado (escorregamento = 1), os conjugados produzidos pelos campos que estão em
oposição se anulam, resultando desta forma num conjugado de partida pequeno.
Por este motivo, é que não existe motor monofásico com rotor bobinado.
A sua construção é idêntica ao dos motores trifásicos, exceto o dispositivo de partida.
Para se conseguir o defasamento dos campos de 90º, coloca-se em série com o enrolamento
auxiliar um condensador, que é retirado do circuito após o rotor atingir uma determinada velocidade.

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Figura 1 – Motor (a)


monofásico
Campo Induzido (b) Capacitor de Partida

Figura 43- Motor Monofásico

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6
CÁLCULO DE MOTOR PARA CARGAS ESPECÍFICAS

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A potência de acionamento no eixo de um motor é composta pela potência útil e pela potência de
perdas.
Por exemplo, para um sistema elevador de grua, a potência útil é a carga no guincho, mas a
potência de perdas envolve o atrito na transmissão, nas roldanas e na rigidez do cabo.
Todas as perdas são englobadas no rendimento mecânico η.
Dizer que uma carga mecânica requer uma determinada potência P é equivalente a afirmar que tal
carga necessita de um dado binário T a uma dada velocidade de rotação.
Matematicamente existem infinitas combinações de T e w de modo a resultar no mesmo valor de
P; fisicamente, contudo, uma específica carga mecânica associa a um único par (T, w) a carga da potência
P.
A curva binário/velocidade (T em função de w) mostra tal dependência, e é uma característica
fundamental para o processo de seleção do motor adequado ao acionamento, visando um funcionamento
estável, econômico e satisfatório ao sistema.
Nesta situação recomenda-se comprovar o cálculo com medições e comparar com instalações
semelhantes.
Os motores excessivamente superdimensionados trabalham com rendimentos baixos e, quando são
trifásicos, com fatores de potência bastante desfavoráveis.
O rendimento mecânico varia muito entre a situação do trabalho em vazio e a situação de trabalho
à plena carga.

82
82
6.1
Características das cargas acionadas

6.1.1
Bombas
Onde:
3 3
- γ é peso específico do líquido, em kg/dm ; γ = 1 kg/dm
9,8 x Q x γ x H para a água
3
Pb = - Q é quantidade do líquido [m /s]
η - H é altura de elevação mais altura de recalque, em m;
- η é a eficiência da bomba
0,87 ≤ η ≥ 0,90 para bombas a pistão;
0,40 ≤ η ≥ 0,70 para bombas centrífugas.

6.1.2
Elevadores

Dado que nesta situação, em geral, a carga da cabina e metade da carga útil estão compensados por
contrapesos, tem-se:
Pe é potência requerida pelo motor do guindaste, kW;
η =0,70;
C xV
Pe = ( kW ) C é a carga a ser levantada, em kW;
102 x η V é a velocidade, em m/s:
0,50 ≤ η ≥ 1,50 para elevadores de pessoas;
0,40 ≤ η ≥ 0,60 para elevadores de carga.

6.1.3
Ventiladores
Onde:
PV = Q x P (kW ) - Q é a vazão [m3/s];
- P é a pressão do ar em [N/m2];
1000 x η - η é o rendimento.
0,50 ≤ η ≥ 0,80 para ventiladores com P>400mmHg;
0,35≤ η ≥ 0,50 para ventiladores com 100 ≤ P ≥ 400mmHg;
0,20 ≤ η ≥ 0,35 para ventiladores com P< 100mmHg.
Obs: 1mmHg = 9,81 N/m2 ;
1 N/m2 = 1,02 x 10-3 kgf/m2.
6.1.4
Compressores
Onde:
2 x π x Wc x C nc -Pc é a potência requerida pelo compressor, em kW;
PC =
1000 x η ac (kW ) - Wc é a velocidade nominal do compressor,em rps;
- C é a conjugado nominal do compressor;
- ηac é o rendimento de acoplamento:
ηac = 0,95

Exercícios

1 – Calcular a potencia nominal de um motor que será acoplado a uma bomba centrifuga cuja vazão é de
0,5 m3/s. A altura de recalque mais a elevação é de 15 m e a bomba é destinada a captação de água
potável.
Dados: 0,87 ≤ η ≤ 0,90 - para bombas a pistão;
0,40 ≤ η ≤ 0,70 - para bombas centrifugas;
3
peso especifico da água = 1kg/ dm

2 – Determinar a potencia nominal de um elevador de carga destinado a levantar uma carga máxima de
400kg.
Dados: 0,50 ≤ v ≤ 1,50 - para elevadores de pessoas;
0,40 ≤ v ≤ 0,60 - para elevadores de carga.
3
peso especifico da água = 1kg/ dm
η = 0,70

3 – Determinar a potencia de um compressor, sabendo-se que a redução do acoplamento é 0,66, a


velocidade do compressor é de 1150rpm e o conjugado nominal é de 40 mN.
Dados: η = 0,95
6.2
Avarias, mais freqüentes, no motor assíncrono

Avaria Causas prováveis

Marcha trepidante - carcaça mal fixa


- acoplamento mal equilibrado
- condutor de alimentação interrompido
- corpo estranho no entreferro

O motor não arranca - interrupção da alimentação


- as escovas não assentam sobre os anéis
- tensão excessivamente baixa
- interrupção no arrancador

Arranque brusco - resistência demasiado baixa, no arranque (rotor bobinado)


- arrancador parcialmente interrompido ou com contactos
queimados
- arrancador mal ligado
- curto-circuito entre espiras do enrolamento do rotor

O motor arranca - tensão na rede muito baixa


com dificuldade - queda de tensão excessiva nos condutores de alimentação
- carga excessiva
- um terminal do motor polifásico está ligado por erro ao
neutro

O motor produz um - resistências diferentes no reostato de arranque


zumbido no - curto-circuito entre espiras do rotor
arranque - interrupção num enrolamento do rotor

Aquecimento - carga excessiva


excessivo do motor, - tensão demasiado elevada (perdas elevadas no ferro)
em funcionamento - tensão demasiado baixa (consumo excessivo de corrente)
- condutor de fase partido (consumo excessivo de corrente)
- interrupção num dos enrolamentos do estator (consumo
excessivo de corrente)
7
SISTEMAS DE PARTIDA DE MOTORES DE INDUÇÃO

7.1
Motor de indução trifásico com rotor em curto-circuito

Motores de indução com rotor gaiola de esquilo, como visto anteriormente, solicita da rede elétrica
uma alta corrente de partida, podendo alcançar 10 vezes o valor de sua corrente nominal. Dependendo das
condições da rede pode ser verificada uma queda de tensão momentânea indesejável no sistema e isto
pode provocar alterações de comportamento de outras cargas, por exemplo. Quando a tensão cair na
partida a um valor que provoque comportamentos indesejáveis e insuportáveis nas outras cargas, deve-se
recorrer a um método de partida com tensão reduzida.
Para motores, com potência nominal abaixo de 5cv, pode-se fazer uma ligação direta à rede, ou
seja, ligá-lo direto à linha de alimentação de forma a receber de imediato toda a tensão, partindo com todo
o conjugado.
Para obter uma partida suave num motor assíncrono com rotor em curto-circuito (gaiola de
esquilo) podemos introduzir no circuito:
a) Um comando que transforma em estrela as ligações triângulo no momento da partida e quando o
motor atinge, aproximadamente, 90% de sua velocidade nominal, liga-se o mesmo em triângulo e o
motor passa a receber toda a tensão da rede. Este método de partida é chamado método de partida com
chave estrela-triângulo (Y-∆);
b) Um autotransformador em cada uma das fases ou linha de entrada, este método recebe a denominação
de método de partida por chave compensadora;
c) Chave de partida série-paralela;
d) Resistências que baixam a tensão inicial;
e) Reatores que reduzem a tensão;
f) Um dispositivo eletrônico composto de pontes tiristorizadas denominado método de partida soft-starter
(partida suave), que controla a tensão sobre o motor através do circuito de potência , constituido por
seis SCRs, variando o ângulo de disparo dos mesmos e consequentemente variando a tensão eficaz
aplicada ao motor e etc.

7.2
Chave de partida direta

A partida direta caracteriza-se pela aplicação da tensão nominal nos terminais de um motor elétrico
quando o mesmo é acionado. Nesta situação, a corrente de partida pode ficar até 10 vezes maior do que a
corrente nominal do motor.
LL LL LL
11 22 33
R S T F21
RL
L
95
F1 ,2 , 3 FT1 FF
TT 96

S0
K1

13
S1 K1
FFTT11
FT1 14

H1
M K1
~ 3
F22
S NN

DIAGR
DIAGRAMA TRIFI
RIFIL
LAR DIAGRAMA
RAMA DE COMANDO

Figura 44- Esquema de Força e Comando de uma chave de partida direta


(fonte:WEG-modificada)
L1,L2 e L3 – Fases da rede elétrica;
FT1 – Relé térmico de sobrecarga para contatores
F1,2,3 – Fusíveis do circuito de força;
S0 e S1 – Botões de comando;
H1 – Lâmpada de sinalização;
K1 – Contator;
M - motor

7.2.1
Roteiro para cálculo de chave de partida direta

Contator K1
• K1 Ie ≥ In
Relé de Sobrecarga
• FT1 In
A corrente nominal do motor deve estar dentro da faixa de ajuste do relé térmico.
Fusível de Força
IP
Calcula-se a corrente de partida da seguinte maneira: multiplica-se o valor de pelo valor de In,
I
n

com o resultado e com o valor do tempo de partida do motor localiza-se o valor da corrente do fusível na
curva tempo x corrente. Este valor tem que satisfazer as seguintes condições:
Tp

IF
35A 50A
≥ 1,2 x In
IF ≤ IFmáxK1
Caso não satisfaça estas condições, 2s

IF ≤ IFmáxFT1 utilizar um fusível de corrente maior.

244,07A Ip
Curva tempo x corrente dos fusíveis

Fusível de Comando

O Circuito de comando possui fusíveis exclusivos para proteção contra curto-circuito, derivando-
se após os fusíveis principais. Normalmente utiliza-se fusível com característica de interrupção retardada e
forma construtiva tipo D.
As potências de regime e de pico dos circuitos de comando variam de acordo com a seqüência de
operação dos componentes, portanto devemos dimensionar os fusíveis para o instante de maior consumo
de potência (definido nos catálogos dos componentes), da seguinte forma:
Escolhe-se um fusível com corrente nominal (IF) superior à corrente em regime (IR) do circuito de
S
comando, ou seja, I > I R . Sendo I R = R .
UC
F

Onde:
SR – Somatória das potências aparentes dos contatores ligados (em regime) no instante em
referência. UC – Tensão de comando do circuito.
O fusível escolhido para a condição anterior deve suportar as correntes de pico (IP) do circuito de
comando durante o tempo de ligação (t) dos contatores. Para se verificar essa condição entra-se na
S
curva do fusível com a corrente (IP) e com o tempo mínimo de atuação do fusível (t). Sendo I P = P
.
UC
Onde:
SP é o somatório das potências aparentes de pico em regime dos contatores no instante de referência.

Exemplo (manual da WEG):


Dimensionar uma chave de partida direta para um motor de 20cv, VI pólos, 380V/60Hz, com
comando em 220V, Tp = 2s.
Solução
R,S,T
Dados do Catálogo de Motores WEG:
F 1,2,
1,2,3
In (220V) = 56,4A In (380V) = 32,54A
K1
Ip Ip = 244,07A
= 7,5
In
F T1

M
~ Dimensionando o Contator K1:
Ie ≥ In Ie 32,54A ≥

Portando, o contator a ser escolhido, de acordo com o catálogo será: CWM 40.11.220.60
Dimensionando o Relé de Sobrecarga FT1:

O relé a ser escolhido tem que possuir uma faixa de ajuste que inclua a corrente nominal do motor
(e de acordo com o contator escolhido), logo: RW 67.1D (25...40)
Dimensionando os Fusíveis de força:
Tp 35A 50A
Tomando como base a corrente e o tempo de partida, tem-se:
2s
Portanto, o fusível encontrado é IF = 50A
Verificando as condições necessárias, tem-se:

IF ≥ 1,2 x In
IF ≤ IFmáxK1
IF ≤ IFmáxFT1 244,07A Ip

TFW 63
FDW 50
Especificando os fusíveis: 3 x APW 63
PAW 50
BAW 63

Dimensionando os Fusíveis de comando:

K1 (CWM 40) SR=89VA

K1 (CWM 40) SR=9VA

I R = 9 = 41mA I F > IR IF > I F = 50mA


220 41mA

89 = 0,41A
Com a 1ª condição satisfeita, analisa-se a 2ª condição. I P =
220
O tempo mínimo de atuação do fusível (t) é de 2 segundos. Em função de IP e t, obtém-se na
curva, figura 45, do fusível tipo D abaixo o fusível de 2A. Portanto o fusível de 2A é o fusível correto a
ser escolhido.
Curva do fusível Tipo D

Figura 45 – Curva tempo x corrente do fusível Diazed

7.3
Chave de partida estrela-triângulo

7.3.1
Comparação Estrela-Triângulo

90
90
Considere-se uma carga trifásica equilibrada, representada pelas impedâncias: Z 1 = Z 2 = Z 3
Se esta carga for ligada em estrela (figura 46), o valor da tensão aplicada a cada fase da carga é o
US
valor de uma tensão simples, U FY = U S e a amplitude da corrente em cada fase da carga I FY =
é: Z

91
91
Figura 46 - Diagrama representativo de uma carga ligada em estrela

Como numa ligação em estrela a corrente na fase da carga é igual a corrente que percorre a linha,
US
obtém-se: I LY = designando por UFY o valor da tensão na fase da carga de uma estrela, IFY o valor da
Z
corrente na fase da carga de uma estrela e por I LY o valor da corrente na linha de uma estrela.
Se esta mesma carga for ligada em triângulo, a amplitude da tensão aplicada a cada fase da carga é
U
uma tensão composta U F∆ = U C pelo que a amplitude da corrente em cada fase da carga I F∆ = C
é: Z

Figura 47 - Diagrama representativo de uma carga ligada em triângulo

Como numa ligação em estrela a corrente na fase da carga é exatamente a mesma corrente que
US
percorre a linha, obtém-se: I LY = designando por UFY a amplitude da tensão na fase da carga de uma
Z
estrela, I FY a amplitude da corrente na fase da carga de uma estrela e por I LY a amplitude da corrente na
linha de uma estrela.
Se esta mesma carga for ligada em triângulo (figura 45), a amplitude da tensão aplicada a cada fase
da carga é uma tensão composta U F∆ = U C pelo que a amplitude da corrente em cada fase da carga
é:

I F∆ = U C
Z
Como numa ligação em triângulo a amplitude da corrente na linha é 3 vezes superior à corrente
UC
que percorre a fase da carga, obtém-se: IL∆ = 3I F∆ = 3 designando por UF∆ a amplitude da tensão na
Z
fase da carga de um triângulo, I F∆ a amplitude da corrente na fase da carga de um triângulo e I L∆ a
por
amplitude da corrente na linha de um triângulo.
Atendendo à relação entre as amplitudes de uma tensão simples e de uma tensão composta do

sistema trifásico, U C = I L∆ = 3 U C = 3U S
3U S , a expressão anterior pode escrever-se na
Z Z
forma:
Comparando a expressão de I LY com a expressão de I L∆ conclui-se que: I L∆ = 3I LY .
Isto é, a amplitude da corrente de linha quando uma carga está ligada em triângulo, é 3 vezes
superior à amplitude da corrente de linha quando essa mesma carga está ligada em estrela.

Exemplo: Num motor de 220/380V, ao conectar seu enrolamento em estrela em uma linha de 220V, a
220
tensão em cada bobina será: = 127volts , portanto a tensão elétrica através de cada enrolamento é de
3
somente 58% da tensão elétrica da linha, quando os enrolamentos estão conectados em estrela, na posição
de partida.
Admitamos que a impedância que a impedância “Z” do enrolamento de cada fase seja de 20ohms.
U FY 127 = 6,35 A
I FY = =
Z de fase 20

Como na conexão estrela a corrente de linha é igual a corrente em cada fase do motor, a corrente
consumida pelo motor no final da partida será de 6,35A.
Ao ligarmos o motor em triângulo na tensão de 220V, teremos que a tensão de fase é igual a tensão
U F∆ 220
de linha e será dada por: I L∆ = = = 11A . Como na ligação triângulo a corrente de fase é igual
a
Z de fase 20
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

3 vezes corrente de linha, teremos que o motor consumirá da rede uma corrente de:
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas
I L∆ = 11 3 = 19 A . Observe que, quando o motor inicia a sua partida em estrela, a corrente de partida
x 1
vezes a corrente a plena carga.
3
na linha é

7.3.2
Partida estrela-triângulo

A chave de partida estrela-triângulo é utilizada nos caso onde não se necessite de conjugados de
partida elevados.
A partida estrela-triângulo é considerada uma partida de motor com tensão reduzida e para que seja
possível deve obedecer as condições abaixo:
O motor deve ter seis pontas de terminação;
A tensão de linha da rede deve coincidir com a tensão para ligação em triângulo do motor;
A 2ª tensão deve ser 3 vezes maior que a 1ª.
A carga a ser acoplada ao eixo do motor deve possuir características de conjugado resistente que
permitam acionamento através da chave estrela-triângulo.
RLL1 SLL2 LL33
T
1 2

F 1 ,2 ,3

DIAGRAMA DE
TRIFILAR
K1 K2 K3

F T1

M
~ 3

Figura 48 – Diagrama trifilar de uma chave estrela triângulo


L
R
R S T
LL11,, L
F T1
DIAGRAMA DE COMAND
ANDO
F 1 ,2 ,3
S0

K1 K3 K1 K T1 K2
K1 K2 K3 S1 ∆
L2
FT1
K T1 K3
Y

K2
M
~ 3
KT 1 K3 H1 K1 K2
DIAGRAMA UNIFILAR LN
S

Figura 49 – Diagrama unifilar e de comando de uma chave estrela triângulo

7.3.3
Roteiro para cálculo de chave de estrela-triângulo

Condições da rede

IL = In Un Un x 3 IL
Z= = Como I∆ = Ik1 = Ik2 = = 0,58 x In
I
I∆ = L In I 3
3 n Contator K1 - Ik1 = 0,58 x In
3

Contator K3 - A corrente que circula no contator K3 é Ik3

Un Un In
3 IY = = 0,33 In
IY = 3 = 3
Z Un x 3 Ik3 = 0,33 In
In
Relé de Sobrecarga

IFT1 = Ik1
IFT1 = 0,58 x In
Fusível de Força
IP
Calcula-se a corrente de partida da seguinte maneira: multiplica-se o valor de pelo valor de In ,
I
n

com o resulta e com o valor do tempo de partida do motor localiza-se o valor da corrente do fusível na
curva. Este valor tem que satisfazer as seguintes condições:
IF ≥ 1,2 x In
IF ≤ IFmáx .K1 não é necessário verificar esta condição para K3 (somente partida)
IF ≤ IFmáx .FT1
Caso não satisfaça esta condição utilizar um conjunto de fusíveis no ramal do contator K1 e outro
no ramal de K2 ou, em último caso, um fusível de corrente maior.
Para termos coordenação, deveremos atender as três condições anteriores. Ao colocarmos o fusível
conforme a figura ao lado, teremos na condição nominal, a seguinte corrente:
L 1,2,3
I = In x 0,58
F 1,2,3 F 4,5,6
IF ≤ IFmáxK1
IF ≤ IFmáxFT1
K1 K K3

FT

M
7.3.4
Exemplo de dimensionamento de chave estrela – triângulo

Dimensionar uma chave de partida estrela-triângulo para um motor de 100cv, II pólos, 380V/660V
- 60Hz, com comando em 220V, Tp = 10s. Ip
In (220V) = 233A
= 8,2
In
In (380V) = 134,44A

Contator K1 = contator K2
Portando, os contatores a serem escolhidos,
Ie ≥ 0,58 x In Ie ≥ 78A
de acordo com o catálogo serão:
K1 = CWM 80.11.220.60 + BCXMF 10
K2 = CWM 80.11.220.60

Contator K3

Ie ≥ 0,33 x In Portando, o contator a ser escolhido, de acordo com o catálogo será:


Ie ≥ 44,4A K3 = CWM 50.11.220.60

Relé de sobrecarga
O relé a ser escolhido deve possuir uma faixa de ajuste que inclua a corrente que passa pelo
contator K1, ou seja, 0,58 x In

Ie ≥ 0,58 x In
Logo, o relé a ser escolhido será: RW 67.2D (63...80)
Ie ≥ 78A

Dimensionando o Relé de Tempo Y-∆


RTW .03.220.Y∆

Fusíveis
Na partida Y∆ , a corrente de partida reduz-se a 0,33 x Ip, portanto:
I ≥ 0,33 x Ip I ≥ 363,8A
Levando em consideração esta corrente e o tempo de partida, tem-se:
Tp
80A 100A
Portanto, o fusível encontrado é IF = 100A IF ≥ 1,2 x In
10s
Verificando as condições necessárias, tem-se: IF ≤ IFmáxK1
IF ≤ IFmáxFT1

363,8A Ip

Para termos coordenação, deveremos atender as três condições anteriores. Ao colocarmos o fusível
conforme a figura ao lado, teremos na condição nominal, a seguinte corrente:

L 1,2,3

F 1,2,3 F 4,5,6
Verificando as condições necessárias, tem-se: IF ≤ IFmáxK1
IF ≤ IFmáxFT1
K1 K2 K3

FT 1
F00NH100
Especificando os fusíveis: 6 x
B00NH

M
~ 3

7.4
Chave de partida compensadora

A chave de partida compensadora é utilizada em partida de motores com rotor em curto-circuito


onde a chave de partida estrela triângulo é inadequada como, por exemplo, acionamento de compressores,
grandes ventiladores, etc. Reduz a tensão e a corrente de partida a uma porcentagem definida da tensão da
rede, evitando sobrecarga na rede de alimentação. Porém, não reduz tão drasticamente o conjugado do
motor, como na partida estrela triângulo, deixando o motor com um momento suficiente para arranque. A
redução é conseguida por meio de um autotransformador inserido entre o motor e a linha, sem que haja a
necessidade de trocar a ligação do motor. Após atingida a rotação normal, o autotransformador é desligado
e o motor conectado à rede, recebendo plena tensão.

7.4.1
Roteiro para cálculo de chave de partida compensadora
Un
Em condições normais Z =
In

Com tensão reduzida ( Um x K)

K é o valor correspondente ao tap do auto-trafo utilizado, que neste caso é aconselhável que seja o de 0,80

K xU
Z'= IS = corrente do secundário do auto-trafo
n

IS
’ Un K xUn
Como Z = Z , tem-se: = ⇒ IS = K x In
In IS

Potência dissipada no auto-trafo é igual tanto no primário como no secundário

PS = U S x I S ⇒ US = K x Un ⇒ IS = K x In

PPR = U PR x I PR ⇒ U PR = Un ⇒ I PR = Ik2

PS = US x IS = U PR x I PR
PPR

( K x Un ) x (K x In) = Un x Ik2

Contator K1
Ik1 = In

Contator K2
2
Ik2 = k x In
Contator K3
A corrente que circula no contator K3 é Ik3 Ik3 = IS - I PR

I PR = Ik2 = k2 x IS = K x In
In

Logo
Ik3 = (K x (K2 x In) ⇒ Ik3 = (K K2) x In
In)

Temos sempre que calcular as contatoras para a pior situação, porque podemos usar o tap de 80% e
amanhã o tap de 65%, ou outro qualquer.

k K1 K2 K3 I’P
0,80 In 0,64 In 0,16In 0,64 IP
0,65 In 0,42 In 0,23In 0,42 IP
0,50 In 0,25 In 0,25In 0,25 IP

Relé de Sobrecarga
IFT1 = IK1

Fusível de Força
Calcula-se a corrente de partida da seguinte maneira: multiplica-se o valor de I P pelo valor de In ,
I
n

com o resulta e com o valor do tempo de partida do motor localiza-se o valor da corrente do fusível na
curva. Este valor tem que satisfazer as seguintes condições:
IF ≥ 1,2 x In
IF ≤ IFmáx .K1
IF ≤ IFmáx .FT1
Caso não satisfaça esta condição utilizar um fusível de corrente maior.
100
1001
DIAGRAM
RAMA UNI
UNIFILAR DIAGRAM
RAMA TRIFILAR

R S T
R,,S
,,S,T
F1,2
1,2,3

F1,2,3
F1,2,3

K1 K2 K3 K1 K2 K3

100% 100% 100%


FT1 FT1 80% 80% 80%
65% 65% 65%
0% 0% 0%
M
~ 3 M
~ 3

Figura 50 – Diagrama unifilar e trifilar de uma chave compensadora

101
1011
DIAGRAM
RAMA DE
COMANDO

FT

S0

K2 K1
S2
KT K3 K1 K2 K3

K1

K3 H1 K2 KT K1 H2
S

Figura 51 – Diagrama de comando de uma chave compensadora

7.4.2
Exemplo de dimensionamento de chave compensadora

Dimensionar uma chave de partida compensadora para um motor de 30cv, VIII pólos, 220V/60Hz,
com comando em 220V, tap de 80%, Tp = 15s. In (220V) = 77,1A Ip = 8,0
In
Ip = 617A
Contator K1 = contator K2
Portando, o contator a ser escolhido, de acordo
Ie ≥ In Ie ≥ 77,1A
catálogo serão:
K1 = CWM 80.11.220.60 + BCXMF 01
Contator K2

Para dimensionar o contator K2, tem-se que levar em consideração o tap utilizado o qual reduzirá a
tensão e a corrente do secundário do autotransformador por um fator “k” (no caso de 80%, k = 0,8 ) . Para
K2, teremos:
Ie ≥ k2 x In Portando, o contator a ser escolhido, de acordo com o catálogo será:
Ie ≥ 49,3A K2 = CWM 50.11.220.60 + BCXMF 10

Contator K3

No caso de K3, leva-se em consideração o fator “( k - k2 ) x In ” , que para o tap de 80% será 0,16
x In:

Ie ≥ ( k - k2 ) x In Portando, o contator a ser escolhido, de acordo com o catálogo será:


Ie ≥ 12,3A K2 = CWM 50.11.220.60 + BCXMF 10

Relé de sobrecarga

O relé a ser escolhido deve ser escolhido pela corrente nominal do motor, ou seja:

Ie ≥ In
Logo, o relé a ser escolhido será: RW 67.2D (63...80)
Ie ≥ 77,1A

Dimensionando o Relé de Tempo


RTW .02.15.220.1E

Fusíveis
Na partida compensadora, a corrente de partida reduz pelo fator “ k2 = 0,64 ”, ou seja:
I ≥ k2 x Ip I ≥ 394,9ª
Levando em consideração esta corrente e o tempo de partida, tem-se:
Tp
100A 125A
Portanto, o fusível encontrado é IF = 125A IF ≥ 1,2 x In
15s
Verificando as condições necessárias, tem-se: IF ≤ IFmáxK1
IF ≤ IFmáxFT1

394,9 A Ip
F00NH125
3x
B00NH
7.5
Chave de partida soft stater

Soft-starters, figura 52, são utilizados basicamente para partidas de motores de indução CA (corrente
alternada), tipo gaiola de esquilo, em substituição aos métodos de partida estrela-triângulo, chave
compensadora ou partida direta. Tem a vantagem de não provocar trancos no sistema, limitar a corrente de
partida, evitar picos de corrente e ainda incorporar parada suave e proteções.

Figura 52 – Ilustração de soft-starters fabricados pela WEG

É um dispositivo eletrônico composto de pontes tiristorizadas (SCRs na configuração antiparalelo


acionadas por uma placa eletrônica, a fim de controlar a corrente de partida de motores de corrente alternada
trifásicos. Seu uso é comum em bombas centrífugas, ventiladores, e motores de elevada potência cuja
aplicação não exija a variação de velocidade.
A soft-stater controla a tensão sobre o motor através do circuito de potência , constituido por seis SCRs,
variando o ângulo de disparo dos mesmos e consequentemente variando a tensão eficaz aplicada ao motor.
Assim, pode-se controlar a corrente de partida do motor, proporcionando uma "partida suave" (soft start em
inglês), de forma a não provocar quedas de tensão elétrica bruscas na rede de alimentação, como ocorre em
partidas diretas.
Costumam funcionar com a tecnologia chamada by-pass, a qual, após o motor partir e receber toda a
tensão da rede, liga-se um contator que substitui os módulos de tiristores, evitando sobreaquecimento dos
mesmos.
Estas chaves contribuem para a redução dos esforços sobre acoplamentos e dispositivos de transmissão
durante as partidas e para o aumento da vida útil do motor e equipamentos mecânicos da máquina acionada,
devido à eliminação de choques mecânicos. Também contribui para a economia de energia, sendo muito
utilizada em sistemas de refrigeração e em bombeamento.
As chaves de partida estática são chaves microprocessadas, projetadas para acelerar (ou desacelerar) e
proteger motores elétricos de indução trifásicos. Através do ajuste do ângulo de disparo de tiristores, controla-
se a tensão aplicada ao motor. Com o ajuste correto das variáveis, o torque e a corrente são ajustados às
necessidades da carga, ou seja, a corrente exigida será a mínima necessária para acelerar a carga, sem
mudanças de freqüência.
Algumas características e vantagens das chaves soft-starters são:
• Ajuste da tensão de partida por um tempo pré-definido;
• Pulso de tensão na partida para cargas com alto conjugado de partida;
• Redução rápida de tensão a um nível ajustável, (redução de choques hidráulicos em sistemas de
bombeamento);
• Proteção contra falta de fase, sobrecorrente e subcorrente, etc.
TIRISTOR

Tiristor (dispositivo semicondutor de potência usado como interruptor estático) é


um dispositivo de estado sólido biestável (entre dois estados de funcionamento: o corte e a
condução, por isso podemos dizer que são dispositivos de comutação) similar ao diodo,
com um terminal extra que é usado para ligá-lo e que pode ser chaveado do corte para a
condução e vice versa. Estes dispositivos usam realimentação interna para produzir
operações de chaveamento (abrir e fechar circuitos com grandes cargas).
São os componentes básicos da Eletrônica Industrial, chaveando grandes cargas,
eletroímãs, controlador de luminosidade de lâmpadas, controle de velocidade de motores,
aquecedores, converter CA em CC, CC em CA, chaveamento de potência e gerando pulsos
de controle para outros tiristores.

Os métodos convencionais de partida reduzem a corrente de partida com comutação por degraus de
tensão. A figura 53 mostra o comparativo de corrente entre os métodos mais usuais de partida.

Figura 53 - Comparativo entre os métodos de partida


A tensão, na partida de um motor de indução com utilização de uma chave soft-starter, é reduzida,
diminuindo os picos de corrente gerados pela inércia da carga mecânica através do ângulo de condução dos
tiristores. Um dos requisitos do soft-starter é controlar a potência do motor, sem entretanto alterar sua
freqüência (velocidade de rotação). Para que isso ocorra, o controle de disparo dos SCRs (tiristores) atua em
dois pontos: controle por tensão zero e controle de corrente zero.
O circuito de controle deve temporizar os pulsos de disparo a partir do último valor de zero da forma de
onda, tanto da tensão como da corrente. O sensor pode ser um transformador de corrente que pode ser
instalado em uma única fase (nesse caso, o sistema mede somente o ponto de cruzamento de uma fase), ou um
para cada fase.
Um esquema genérico de um soft-starter é mostrado na figura 54.

Figura 54 – Esquema de um soft-starter implementado com 6 tiristores para acionar um motor


de indução trifásico (MIT)

No circuito de potência, a tensão da rede é controlada através de 6 tiristores, que possibilitam a variação
do ângulo de condução das tensões que alimentam o motor. Para alimentação eletrônica interna, utiliza-se
uma fonte linear com várias tensões, alimentada independente da potência.
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

O cartão de controle contém os circuitos responsáveis pelo comando, monitoração e proteção dos
componentes de potência. Esse cartão possui também circuitos de comando e sinalização a serem utilizados
pelo usuário de acordo com sua aplicação, como saídas à relé.
Para que a partida do motor ocorra de modo suave, o usuário deve parametrizar a tensão inicial (Vp) de
modo que ela assuma o menor valor possível suficiente para iniciar o movimento da carga. A partir daí, a
tensão subirá linearmente segundo um tempo também parametrizado (tr) até atingir o valor nominal. Isso é
mostrado na figura 55.

Figura 55 – Curva de aceleração de um MIT usando

Na frenagem, a tensão deve ser reduzida instantaneamente a um valor ajustável (Vt), que deve ser
parametrizado no nível em que o motor inicia a redução da rotação. A partir desse ponto, a tensão diminui
linearmente (rampa ajustável (tr)) até a tensão final Vz, quando o motor parar de girar. Nesse instante, a
tensão é desligada, figura 56.

Figura 56 – Curva de desaceleração de um MIT


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Disciplina: Máquinas Elétricas

Além da tensão, o soft-starter também tem circuitos de controle de corrente. Ela é conservada num valor
ajustável por um determinado intervalo de tempo. Esse recurso permite que cargas de alta inércia sejam
aceleradas com a menor corrente possível, além de limitar a corrente máxima para partidas de motores em
fontes limitadas (barramento não-infinito).
Alguns fabricantes projetam seus soft-starters para controlar apenas duas fases (R e S, por exemplo),
utilizando a terceira como referência. Essa técnica, que é mostrada na figura 57, simplifica o circuito de
controle e, conseqüentemente, “barateia” o produto.

Figura 57 – Soft-starter com apenas duas fases controladas

Os soft-starters podem ser utilizados nas mais diversas aplicações, porém, três delas são clássicas:
bombas, compressores e ventiladores.
1) Bombas centrífugas (saneamento, irrigação, petróleo);
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Nessa aplicação, a rampa de tensão iguala as curvas do motor e de carga. A rampa de saída do soft-
starter adequa a curva de torque do motor sobre a da bomba. Nesse caso, a corrente de partida é reduzida para
aproximadamente 2,5 vezes a corrente nominal.
2) Ventiladores, exaustores e sopradores;

Os ventiladores, assim como as bombas, exigem um torque proporcional à velocidade, porém, também
têm grande inércia. Geralmente, o limite de corrente é utilizado para estender o tempo de rampa, enquanto a
inércia é vencida.

3) Compressores de ar e refrigeração;

O soft-starter reduz a manutenção e permite que compressores “críticos” sejam desligados quando não
forem necessários. Por outro lado, evita que eles sejam desligados no funcionamento normal devido a fontes
de alimentação muito fracas.
1) Misturadores e aeradores;
2) Britadores e moedores;
3) Picadores de madeira;
4) Refinadores de papel;
5) Fornos rotativos;
6) Serras e plainas (madeira);
7) Moinhos (bolas e martelo);
8) Transportadores de carga:
Correias;
Monovias;
Escadas rolantes;
Esteiras de bagagens em aeroportos;
Linhas de engarrafamento.

Nem sempre é possível utilizar um soft-starter. Pontos mais críticos:


• Refrigeração: deve-se instalar o dispositivo sempre verticalmente, com a ventilação para cima. A perda de
calor aproximada é de 3,6 W/A de corrente circulante.
• Tipo de motor: não deve ser utilizado para partida de motores em anel.
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Disciplina: Máquinas Elétricas

• Fator de potência: não se deve colocar capacitores na saída do soft-starter a fim de se corrigir o fator de
potência.
• Torque alto em velocidade zero: elevadores e guindastes necessitam de torque máximo a velocidade zero
no instante da partida. Nesse caso, a utilização do soft-starter não é aconselhável.
Qualquer chave soft-starter deverá ser protegida por fusíveis ultra-rápidos, levando em conta os valores
i².t dos tiristores e dos fusíveis, sendo que os valores i².t dos fusíveis deverá ser 20% menor que dos tiristores.

7.6
Partida com chave série-paralelo

Para partida com chave série-paralelo, é necessário que o motor seja religável para duas tensões,
onde a menor delas deverá ser igual a tensão da rede (tensão de serviço) e a outra igual ao dobro daquela.
Neste tipo de partida o pico de corrente fica reduzido a 1/4 daquele com partida direta. Deve-se ter
presente que com este tipo de ligação, o conjugado de partida do motor também fica reduzido a 1/4 e,
portanto, a máquina deve partir praticamente em vazio.

7.7
Inversor (conversor) de freqüência

São dispositivos eletrônicos que convertem a tensão da rede alternada (CA), em tensão contínua
(CC) de amplitude e freqüência constantes, e finalmente converte esta última, numa tensão de amplitude e
freqüência variáveis (CA). Estes equipamentos controlam totalmente a velocidade do motor de zero até a
freqüência máxima nominal ou superiores.
A denominação Inversor ou Conversor, figura 58, é bastante controversa, sendo que alguns
fabricantes utilizam Inversor e outros Conversor. Inerentemente ao projeto básico de um Conversor de
Freqüencia, teremos na entrada o bloco retificador, o circuito intermediário composto de um banco de
capacitores eletrolíticos e circuitos de filtragem de alta freqüencia e finalmente o bloco inversor, ou seja, o
inversor na verdade é um bloco composto de transistores IGBT, dentro do conversor. Na indústria

110
1101
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entretanto, ambos os termos são imediatamente reconhecidos, fazendo alusão ao equipamento eletrônico
de potência que controla a velocidade ou torque de motores elétricos.

Figura 58 – Inversor de frequencia

Os inversores de freqüência controlam a rotação e a velocidade do motor elétrico para prover as


reais demandas do processo sem perdas, propiciando uma considerável economia de energia. Além disso,
reduz as cargas nas redes de alimentação e o stress mecânico nas máquinas durante a partida do motor,
principalmente nos acoplamentos e caixas de redução.
Estes equipamentos são usados em motores elétricos de indução substituindo os rudimentares
sistemas de variação de velocidades mecânicos, tais como polias, variadores eletromagnéticos e variadores
hidráulicos, bem como os custosos motores de corrente contínua pelo conjunto motor assíncrono e
inversor, mais barato, de manutenção mais simples e fácil reposição.
Os conversores de frequência costumam também atuar como dispositivos de proteção para os mais
variados problemas de rede elétrica que se pode ocorrer, como desbalanceamente entre fases, sobrecarga,
queda de tensão, etc.
Normalmente, os conversores são montados em painéis elétricos, sendo um dispositivo utilizado
em larga escala na automação industrial. Podem trabalhar em interfaces com computadores, centrais de
comando, e conduzir, simultaneamente, dezenas de motores, dependendo do porte e tecnologia do
dispositivo.
Os conversores costumam ser dimensionados mais precisamente, pela corrente do motor. O
dimensionamento pela potência do motor pode também ser feita, entretanto, a corrente é a principal
grandeza elétrica limitante no dimensionamento. Importante também notar outros aspectos da aplicação,
durante o dimensionamento, como por exemplo, demanda de torque (constante ou quadrático), precisão de
controle, partidas e frenagens bruscas ou em intervalos curtos ou muito longos, regime de trabalho, e
outros aspectos particulares de cada aplicação. Dentre os diversos fabricantes deste produto, temos uma
vasta coleção de catálogos e normas, que devem sempre ser consultados.

111
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Disciplina: Máquinas Elétricas

Quando o acionamento elétrico não exige variação da velocidade do motor, querendo-se apenas
uma partida mais suave, de forma que limite-se a corrente de partida evitando assim quedas de tensão da
rede de alimentação, costuma-se utilizar SOFT-STARTERS.
Os conversores de Freqüencia tem uma vasta aplicação na indústria de máquinas e processos em
geral. Com a capacidade inerente de variar a velocidade de motores elétricos trifásicos de Corrente
Alternada, permitem a aos projetistas, desenvolver máquinas que sem os mesmos, seriam praticamente
impossíveis de serem fabricadas.
Os conversores de Freqüencia de última geração, não somente controlam a velocidade do eixo de
motores elétricos trifásicos de corrente alternada, como também, controlam outros parâmetros inerentes ao
motor elétrico, sendo que um deles, é o controle de Torque.
Através da funcionalidade que os microprocessadores trouxeram, os conversores de Freqüencia
hoje, são dotados de poderosas CPUs ou placas de controle microprocessadas, que possibilitam uma
infindável variedade de métodos de controle, expandindo e flexibilizando o uso dos mesmos. Cada
fabricante consegue implementar sua própria estratégia de controle, de modo a obter domínio total sobre o
comportamento do eixo do motor elétrico, permitindo em muitos casos que motores elétricos trifásicos de
corrente alternada, substituirem Servo Motores em muitas aplicações. Os benefícios são diversos, como
redução no custo de desenvolvimento, custo dos sistemas de acionamento, custo de manutenção.
Muitos conversores hoje, são dotados de opcionais que permitem implementar técnicas de controle
de movimento, manipulação de vários eixos de acionamento, Posicionamento e Sincronismo de
Velocidade ou Sincronismo de Posição.
Modernas técnicas de chaveamento da forma de onda de tensão e também da frequência aplicada
sobre o estator do motor elétrico, permitem o controle com excelente precisão, sobre o eixo do motor.
Uma das técnicas mais conhecidas é o PWM ou "Pulse Width Modulation". Tais técnicas são sempre
aliadas ao modelamento matemático preciso do motor elétrico. Os conversores de última geração fazem
medições precisas e estimativas dos parâmetros elétricos do motor, de modo a obter os dados necessários
para o modelamento e consequente controle preciso do motor.
Os Conversores de Freqüencia, por serem dispositivos dotados comumente de uma ponte
retificadora trifásica a diodos, ou seja, tratam-se de cargas não lineares, geram HARMÔNICAS. Os
fabricantes de conversores de freqüencia disponibilizam filtros de harmônicas, alguns já integrados ao
produto, outros opcionais. Existem várias técnicas para filtragem de harmônicas, que vão desde as mais

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simples e menos custosas, como indutores na barra DC ou indutores nas entradas do conversor, antes da
ponte retificadora, passando pelos retificadores de 12 ou 18 diodos ou pulsos, utilizando transformadores
defasadores até chegar aos filtros ativos ou retificadores a IGBT, para diminuição ou até mesmo
eliminação das harmônicas tanto de corrente quanto de tensão elétrica.
O termo conversor geralmente é utilizado em linguagem comercial, enquanto inversor, já é uma
linguagem técnica.

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8
VARIAÇÃO DE VELOCIDADE DE MOTORES
ASSÍNCRONOS TRIFÁSICOS

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nr = ns ( − ) 60 f
1 s (1 − s )
p
=
nr = Velocidade de rotação do motor de indução
ns = Velocidade do campo magnético girante
s = escorregamento
f = frequência
p = número de pares de pólos

8.1
Métodos de variação de velocidade

1. Métodos baseados na variação do deslizamento do rotor(s), por modificação da curva binário-velocidade,


mas mantendo a mesma velocidade de sincronismo:
• Variação da tensão de alimentação
• Variação da resistência rotórica (motores de rotor bobinado).
2.Métodos baseados na mudança do número de pólos do estator (2p), em motores de gaiola de esquilo de
várias velocidades:
• Motores com comutação do número de pólos
• Motores com enrolamentos independentes
3. Métodos baseados na variação da frequência de alimentação (f)

8.1.1
Variacão de velocidade por redução de tensão

• Ao diminuir a tensão de alimentação o motor roda a menor velocidade.


• A gama de variação de velocidade é baixa.

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• Este sistema apenas se pode utilizar em máquinas que apresentem fracos binários resistentes.
• Um regulador de tensão (à base de tiristores) fornece corrente alternada, a partir de uma rede monofásica
ou trifásica, com a mesma frequência da rede, mas controlando o valor eficaz da tensão. Geralmente utiliza-
se como arrancador progressivo para motores de gaiola de esquilo.
Este procedimento tende a desaparecer e o seu uso reduz-se praticamente para a variação de
velocidade de pequenos ventiladores.

8.1.2
Variação da resistência rotórica em motores de rotor
bobinado

• A conexão de resistências trifásicas em série com o rotor modifica a velocidade do


motor.
• Ao aumentar a resistência do rotor o motor gira a menor
velocidade.
• A gama de variação da velocidade é
baixa.
• Durante a marcha à velocidade reduzida produzem-se elevadas perdas nas resistências
conectadas.
• Para determinados valores de resistência adicional, a velocidade do motor pode variar consideravelmente
com o binário da carga.
• Para uma máquina de rotor bobinado é possível, externamente, colocar resistências que se somem
à
impedância própria do rotor, representadas na figura abaixo.

Figura 59 – Inserção de resistência ao circuito do totor

• A variação de Rx permite mover a curva conjugado - velocidade da máquina, como mostrado na figura a
seguir.
Figura 60 – Velocidade para diversos valores de resistência do rotor
Note que, para um dado conjugado, o aumento da resistência do rotor leva a uma diminuição na
velocidade mecânica. Este método permite elevar o conjugado de partida e limitar a corrente de partida.
Obviamente este é um método de baixa eficiência devido à dissipação de potência sobre as resistências. O
balanceamento entre as 3 fases é fundamental para a boa operação da máquina. Este tipo de acionamento é
ainda usado especialmente em situações que requeriam grande número de partidas e paradas, além de
elevado conjugado, como em pontes rolantes.
Para melhorar a eficiência, os resistores podem ser substituídos por um retificador controlado que,
ao invés de dissipar energia sobre a resistência externa, possa enviá-la de volta para a rede. A relação entre
a tensão CC definida pelo retificador e a corrente Id refletem para os enrolamentos do rotor a resistência
equivalente. Este arranjo é mostrado na figura abaixo.
Figura 61 – Circuito retificador com reaproveitamento de energia

8.3
Motor Dahlander (motores com comutação do número de pólos)

Um motor trifásico que permite a variação de velocidade através da comutação de pólos é


denominado motor Dahlander.
Se a frequência f da rede é dada, então variando “ p ” a velocidade de rotação do motor n variará
em conformidade. Estes motores constam de um enrolamento especial que permite, segundo o modo de
ligação, obter dois valores diferentes de pólos, sendo um o dobro do outro (2 e 4 pólos, 4 e 8 pólos, 6 e 12
pólos, etc.). Nestas circunstâncias a variação da velocidade não se procede de forma contínua, mas sim em
escalões. O típico em motores é ter dois escalões, numa relação de 1:2 em que é normal designar estas
máquinas de motores a duas velocidades. A comutação do número par de pólos pode ser realizada da
seguinte forma:
• Colocação no estator de uma bobina e variando o número par de pólos mediante a comutação
correspondente dos seus bornes.
• Colocação no estator de duas bobinas independentes uma da outra.
• Colocação no estator de duas bobinas ambas com comutação de pólos.
Existem três tipos de
arranjos de ligação, que
fornecem três situações:
• Conjugado constante,
• Potência constante e,
• Conjugado variável.

Baixa rotação Alta rotação


Baixa rotação Alta rotação Agora vamos resumir os fechamentos das
situações de alta e baixa velocidade:

Figura 62 – Esquemas de ligação do motor Dahlander

Segue um exemplo de um circuito de força para a situação de conjugado constante. Para construir os
outros é só observar atentamente o quadro acima e efetuar o diagrama.
A numeração de 1 a 6 é padrão americano.
No padrão europeu encontrado na literatura
e sites de origem européia a marcação é com
letras. Ver quadro abaixo:

Figura 63 – Esquema de força do motor Dahlander

Existem vários procedimentos de comutação dos pares de pólos da bobina. O procedimento


freqüentemente empregado é o da comutação que obrigue à alteração da direção da corrente na metade de
cada bobina de fase, ou melhor, nas semibobinas. A figura seguinte ilustra isso em que é indicada a
polaridade de cada circuito.
A escolha depende do tipo de carga que será acionada. Por exemplo: nas bombas centrífugas e
ventiladores, o conjugado aumenta quadraticamente com a velocidade, portanto é variável.
Na modalidade, conjugado constante, o conjugado nas duas rotações é constante e a relação de
potência é de 0,63:1. Exemplo: Motor 0,63/1CV, IV / II pólos D / YY.
Na modalidade, potência constante, a relação de conjugado é de 1:2 e a potência permanece
constante. Exemplo: Motor 10 / 10 CV, IV / II pólos, YY / D.
Na Modalidade, conjugado variável, a relação de potencia é de 1:4. Exemplo: Motor 1 / 4 CV,
IV/II pólos, Y
/ YY.

Figura 64 – Sentido da corrente


Observações:
• No circuito de comando deve estar previsto o intertravamento elétrico entre os contatores que se
energizados juntos causam curto circuito e se possível até intertravamento mecânico.
• Usar dois reles térmicos no circuito de força. Isso decorre da necessidade de ajustes de corrente diferente
e devido mudar o lado de alimentação, quando então o térmico não tem mais função.
• Os motores são oferecidos ao mercado em tensões de 220, 380 e 440 Volts, com potências de 0,25 a 160
CV, e classes de rotação de 900/1800 e 1800/3600rpm, 60 Hz.

8.4
Motores com enrolamentos independentes para três ou quatro
velocidades

Comumente encontramos dois bobinamentos separados colocados nas mesmas ranhuras para se
conseguir motores de três a quatro velocidades, neste caso, sempre haverá um dos enrolamentos ocioso.
Motores de 2 velocidades têm normalmente uma bobina no estator com comutação do número de
pólos na relação de 1:2 (Dahlander). Os motores de 3 e 4 velocidades são fabricados com 2 duas bobinas
no estator. Exemplo: Motor com 4 velocidades (1500, 1000, 750 e 500 r.p.m.) necessita de duas bobinas
no estator e a comutação faz-se de forma a proporcionar a variação do número de par de pólos de modo
que se tenha p = 2 e p = 4 com uma apenas das bobinas e, p = 3 e p = 6 com a inclusão das duas bobinas.
O motor para três velocidades está previsto com dois enrolamentos superpostos, um normal e
agrupado em estrela internamente e outro em conexão Dahlander, que através da mudança de pólos
permite obter-se duas velocidades diferentes.
Os motores para quatro velocidades possuem dois enrolamentos independentes, ambos com
enrolamento Dahlander.
O enrolamento de menor número de pólos é instalado no fundo da ranhura e o de maior número
sobre este, com isto melhora-se a dispersão e a ventilação no motor.
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8.5
Variação de velocidade com inversor de freqüência
Alimenta o motor com tensão alternada de frequência variável a partir de uma rede alternada
monofásica ou trifásica de frequência fixa.

Figura 67 – Esquema de um inversor de freqüência

8.5.1
Principais funções dos variadores de velocidade

• Variação de velocidade
• Aceleração e arranque controlados
• Desaceleração e paragem controladas
• Inversão do sentido de marcha
• Proteção integrada
proteção térmica
sobretensões e quedas de tensão
desequilíbrios de fases desequilibrios de fases
funcionamento monofásico sico
curto-circuitos entre fases e entre fase e terra

8.5.2
Qual a diferença entre CONVERSOR de freqüência e INVERSOR de freqüência?

Os equipamentos são os mesmos, a diferença está na sua nomenclatura, ou seja, o nome popular é
inversor de freqüência, muito utilizado no mercado, devido a sua tradução direta do inglês FREQUENCY
INVERTERS, o nome técnico é conversor de freqüência, adotado pela N.C.M. (Nomenclatura Comum
Mercosul) que atribui a classificação fiscal de produtos e equipamentos e determina sua taxação
percentual de IPI. Ambos são equipamentos eletrônicos compostos basicamente pelos blocos retificadores,

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circuito intermediário e pelo bloco inversor, e tem por objetivo variar a velocidade de motores elétricos
trifásicos.

EXERCÌCIOS

1- Deseja projetar um gerador síncrono que forneça uma tensão CA de 60 Hz de freqüência com uma força
motriz que gira a 200 rpm. Calcule o número de pólos desta máquina.
2- Para o problema anterior determine a relação entre graus elétricos e graus mecânicos.
3- Um motor de indução de 8 pólos, opera com um escorregamento de 5% na frequência de 60 Hz. Calcule
a velocidade no eixo do motor.
4- Os motores Dahlander são motores que podem funcionar em duas velocidades, pois suas ligações
elétricas permitem que o mesmo funcione com 2 ou 4 pólos. Supondo que este motor esteja ligado a uma
rede elétrica de 60 Hz. Calcule o torque no eixo do motor, quando operando em 2 pólos e 4 pólos, sendo que
a potência disponível no eixo é de 12,5 cv´s e 8 cv´s respectivamente, operando comum escorregamento de
4% nas duas situações (1 cv = 735 W).
5- Um motor de indução trifásico, possui as seguintes características:
Potência no eixo: 10 cv
Tensão de linha: 220 V
Rendimento: 90%
Fator de potência: 0,85
Número de pólos: 4
Frequência de operação: 60 Hz
Calcule a corrente de linha deste motor.
6- Para o motor do exercício anterior, calcule seu torque no eixo, para os escorregamentos de 5%.
7- Um gerador elétrico trifásico, 24 pólos, gira com velocidade de 300 rpm, com tensão induzida em cada
espira sendo de 15,75 Vpico, e com cada bobina possuindo 50 espiras. Pede-se:
a) a freqüência da tensão elétrica gerada.
b) a tensão de pico e a tensão eficaz por fase.
c) a tensão eficaz da linha quando o gerador é ligado em ∆ e quando ligado em Y.
8- Um alternador de tração de uma locomotiva deve ter em sua saída uma tensão com frequência de 60 Hz a
uma rotação de 900 rpm. Determine o número de pólos que este alternador deve possuir.

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9- Deseja-se determinar a potência que um motor de indução deve ter e seu número de pólos, de forma que a
uma rotação de 1200 rpm, ligado a uma rede de 60 Hz, desenvolva em seu eixo um torque de 250 kgf.m.
Despreze as perdas e o escorregamento do motor.
10- Um motor trifásico, ligado em Y, 220 V (tensão de linha), 10 HP, 60 Hz, 6 pólos, tem as seguintes
constantes em ohms por fase, referida ao estator:
r1 = 0,294 r2 = 0,144
x1 = 2,503 x2 = 1,209
Desprezando-se as perdas totais por atrito, ventilação e no ferro, para um escorregamento de 2%, calcule,
quando o motor funciona com tensão nominal:
a) velocidade em rpm do rotor
b) a corrente no estator
c) potência no eixo
d) conjugado
e) o fator de potência
f) o rendimento
11- Repita o problema 10 para um escorregamento de 3%
RESPOSTAS
1- 36 2- 18 3- 855 rpm 4- 2,49 kgf.m e 3,19 kgf.m 5- 25,21 A 6- 4,1 kgf.m 7- a) 60 Hz b)
787,5 V e 556,9 V c) 556,9 V e 964,3 V 8- 9 9- 421,7 HP 10- a) 1176 rpm b) 15,2 A c) 4400 W d) 3,57
N.m e) 0,89 f) 93,5% 11- a) 1164 rpm b) 20,16 A c) 5677 W d) 4,66 N.m e) 0,80 f) 91,4%

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MÉTODOS DE PARTIDA DO MOTOR MONOFÁSICO

O motor monofásico possui seu enrolamento de campo ligado somente a uma das fases da fonte de
energia elétrica, produzindo desta forma campo magnético pulsante e não girante. Isto impede o giro
motor, ou seja, eles não têm torque de partida. A solução é utilizar um enrolamento dividido em duas
partes (denominados enrolamento principal e auxiliar), sendo cada uma delas deslocada no espaço e no
tempo e normalmente com características diferentes. Tem-se assim duas bobinas em paralelo, ambas
ligadas à mesma fonte CA.
Existem duas maneiras de se ligar motores monofásicos em sistemas trifásicos, figura 68:
• Tensão no bobinamento do motor é igual a tensão de fase (VF), liga-se o motor entre fase e neutro,
• Tensão no bobinamento do motor é igual a tensão de linha (VL), nesse caso liga-se o motor em duas fases
quaisquer, não utilizando o neutro.

Figura 68 – Motor monofásico ligado a tensão de fase e linha de uma rede de energia elétrica

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Nos motores monofásicos, a bobina principal e a auxiliar são identificadas por letras (Figura 69),
ou por números (Figura 70). Os terminais do motor são conduzidos, geralmente, para fora do motor
através da caixa de ligação.

Figura 69 - Identificação dos terminais dos motores monofásicos por letras.

Figura 70- Identificação dos terminais dos motores monofásicos por números.

Os motores monofásicos são classificados de acordo com o seu método de partida:


a) Motor de Pólos Sombreados também denominado motor de campo distorcido (ou shaded
pole); O motor de pólos sombreados (figura 71) é usado onde se requer baixa potência , como
acionamento de ventiladores, exaustores, purificadores de ambiente, unidades de refrigeração, secadores
de roupa, de cabelo, pequenas bombas e compressores, projetores de slides, gira-discos e aplicações
domésticas. Este método é também denominado com bobina de arrastamento.
A forma construtiva mais comum é a de pólos salientes e as principais vantagens desses motores são:
• sua simplicidade de construção,

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• confiabilidade, robustez, e
• baixo custo.

Figura 71 – Motor de indução monofásico de pólos sombreados

Se diferencia de outros motores monofásicos de corrente alternada por não necessitar de


dispositivos auxiliares de partida como capacitores, escovas, comutadores, etc. O enrolamento auxiliar é
curto-circuitado em uma parte de cada pólo.

Figura 72 – Esquema de um motor de indução monofásico de pólos sombreados

Onde:
B.P. Bobina Principal
A.C.C. Anel de Curto Circuito

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Figura 73 - Esquema e curva de conjugado x velocidade do motor de campo distorcido.

Figura 74 – Construção genérica e princípio do MIM

Parte de cada pólo é abraçado por uma espira de cobre em curto-circuito, a corrente circulante
nesta espira provoca um atraso no fluxo que a atravessa em relação a parte do pólo que não é abraçado
pela espira. Este atraso provoca um efeito semelhante a um campo girante que se move na direção da parte
não abraçada para a parte abraçada do pólo, produzindo o torque que fará o motor partir e atingir a rotação
nominal. Este motor apresenta somente um único sentido de rotação que depende do lado em que se situa
a parte abraçada do pólo. O sentido de rotação pode ser invertido geralmente, mudando a posição da ponta
do eixo do rotor em relação ao estator.

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Característica principais deste motor:


• baixo torque,
• baixo rendimento e,
• baixo fator de potência.

b) Motor de Fase Dividida (ou split phase ou partida à resistência);


O estator deste motor é constituído por dois enrolamentos deslocados de 90° no espaço, com
características diferentes a fim de provocar um defasamento entre as correntes que circulam nestes
enrolamentos. É utilizado, normalmente, máquinas ferramentas, esmeris, máquinas de lavar, ventiladores,
exaustores, compressores, etc.

Onde:
IS cosθS ≅ Ircosθr

(c) Conjugado x rpm (d) Foto do motor

Figura 75 – Motor monofásico de fase dividida

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O enrolamento de partida, por possuir condutor de cobre de diâmetro menor que o enrolamento
principal e poucas espiras, apresenta alta resistência e baixa reatância. O enrolamento principal ou de
funcionamento apresenta, inversamente, baixa reatância e alta resistência. Por este motivo este motor é
também denominado de partida a resistência.
Característica principais deste motor:
• Sentido de rotação não reversível,
• difícil controle de velocidade,
• fabricado com potências menores que 3/4 HP
• baixo torque de partida e,
• barulhento.
Na partida a chave centrífyga deve fechar e o motor partirá como se fosse bifásico, já que os
enrolamentos, principal e auxiliar, estão deslocados de 90° no espaço produzindo um campo magnético
girante e torque suficiente para a marcha do motor. Quando o escorregamento chegar a ,
aproximadamente, 25% (torque máximo), a chave centrífuga dever ser aberta, caso contrário o motor
queimar.

c) Motor de Condensador de Partida (ou capacitor - start);


Com o objetivo de melhorar o torque de partida relativamente baixo do motor anterior, adiciona-se
um capacitor ao enrolamento auxiliar (em série) para produzir um defasamento mais próximo de 90° entre
as correntes de partida e de funcionamento, conforme mostram as figuras 76 a e b. É utilizado para acionar
bombas, compressores, condicionadores de ar, máquinas de lavar de porte maior, etc.

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(c) Conjugado x rpm (d) Foto do motor

Figura 76 – Motor monofásico fase dividida a capacitor

Para mudar o sentido de rotação destes motores basta inverter as ligações dos enrolamentos
auxiliares.
Característica principais deste motor:
• é reversível,
• corrente de partida reduzida,
• torque de partida cerca de 2,31 maior que o do motor de fase dividida simples baixo torque de partida,
• potência até 7,5hp.

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d) Motor de Condensador Permanente (ou permanent - split capacitor);


Este tipo de motor possui dois enrolamentos permanentes idênticos, sem chave centrífuga, tendo
um capacitor a óleo conectado em um deles. O valor do capacitor é baseado nas condições reais de
funcionamento do motor e não nas condições de partida.

Chave
reversora

(c) Conjugado x rpm (d) Foto do motor

Figura 77 – Motor monofásico fase dividida a capacitor permanente

É utizado no acionamento de ventiladores e exaustores, máquinas de escritório e unidades de


aquecimento.

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Característica principais deste motor:


• facilmente reversível,
• operação silenciosa,
• permite controle de velocidade,
• baixo torque de funcionamento e partida,
• sensíveis às variações de tensão.

e) Motor com Dois Condensadores (ou two-value capacitor).


Possui um capacitor de partida e um de marcha ligados em paralelo, nesse método, como nos
outros, também se faz uso do enrolamento auxiliar, só que nesse caso o enrolamento auxiliar não é
desligado. Quando o motor é ligado os dois capacitores estão ligado em paralelo ( partida e marcha) e
quando o motor atinge a velocidade 75% da nominal o interuptor desliga o capacitor de partida deixando
sempre o ernrolamento ligado e com o capacitor de marcha ligado com ele.

Figura 78 – Motor monofásico com dois capacitores

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MÁQUINAS SÍNCRONAS

Uma máquina síncrona, gerador ou motor, é uma máquina de corrente alternada cuja velocidade
possui uma relação direta constante com a freqüência da tensão induzida. É um dispositivo reversível, isto
é, sem nenhuma modificação, tanto pode operar como motor ou como gerador.
O induzido desta máquina, normalmente no estator, é constituído por um enrolamento distribuído,
normalmente trifásico e com um ou mais pares de pólos e nos quais se efetua a conversão eletromecânica
de energia. O indutor, normalmente no rotor, é constituído por um enrolamento monofásico alimentado
por corrente contínua, também designado enrolamento de campo ou de excitação e tem como função a
criação de um campo magnético intenso. Imãs permanentes são utilizados, em substituição desse
enrolamento, nas unidades de menor potência.
O rotor pode ser de duas formas:
1) Máquinas de rotor cilíndrico, ditas turbo-alternadores ou turbo-motores. Neste caso o enrolamento
rotórico é distribuído.

Figura 79– Máquina de rotor cilíndrico

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• Rodam a velocidades elevadas (neste tipo de enrolamento os 2 ou 4 pólos);


• São compostas de peças com grande resistência mecânica, normalmente rotores maciços em aço.
• As restrições mecânicas impõem o limite de 1250 mm para o diâmetro a 3000 rpm, o que provoca a forma
alongada para este tipo de máquinas.
• As unidades de potência superior a 125 MVA rodam em hidrogênio para reduzir perdas por ventilação e
aumentar a potência específica.
• As potências máximas ultrapassam os 1200 MVA a 3000 rpm e os 1650 MVA a 1500 rpm (valores de
1982).
2) Máquinas de rotor com pólos salientes, em que o enrolamento é constituído por bobinas
concentradas em torno de sapatas polares.

Figura 80- Máquinas de pólos salientes

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Este tipo de construção é possível para todas as velocidades de rotação síncrona e toda a gama de
potências.
Este tipo de máquina é usado, por exemplo, em centrais hidrelétricas, acoplado à turbinas Francis
ou Kaplan, devido à velocidade ser reduzida, segundo a natureza da queda. Por esse motivo, são máquinas
com muitos pólos o que as leva a serem maiores em diâmetro do que em profundidade.
Na maior parte das máquinas síncronas existe ainda um terceiro enrolamento colocado no rotor.
Este enrolamento é semelhante ao enrolamento tipo gaiola das máquinas assíncronas.

Figura 81 – Enrolamentos amortecedores

Figura 82 – Sapatas polares laminada

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Figura 83 – Sapatas polares em ferro laminado

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MOTOR SÍNCRONO

Os motores síncronos polifásicos têm estatores e enrolamentos de estator (enrolamentos de


armadura) bastante similares aos dos motores de indução. Assim como no motor de indução polifásico, a
circulação de corrente no enrolamento distribuído do estator produz um fluxo magnético com polaridade
alternada norte e sul que progride em torno do entreferro numa velocidade diretamente proporcional a
freqüência da fonte de alimentação e inversamente proporcional ao número de pares de pólos do
enrolamento.
Este motor muito útil e confiável com uma grande aplicação na indústria. Entretanto, pelo fato de
ser raramente usado em pequenas potências e de muitos consumidores resistirem à sua adoção do mesmo
por estarem bem acostumados com o motor de indução por causa de suas experiências com acionadores
menores, há uma certa resistência à sua utilização. É bastante semelhante ao motor de indução no seu
aspecto geral, embora usualmente os motores síncronos possuam potência elevada e/ou rotação muito
baixa quando comparado com o motor de indução normal.
Tipicamente, o motor síncrono tem um comprimento de núcleo pequeno e um diâmetro grande
quando comparado com o motor de indução.
O rotor do motor síncrono difere consideravelmente do rotor do motor de indução. O rotor tem
pólos salientes correspondentes ao número de pólos do enrolamento do estator. Necessita de duas fontes
de alimentação, uma no estator e outra no rotor. A alimentação do estator é trifásica e o enrolamento de
excitação (ou indutor), que se encontra no rotor, é alimentado por corrente contínua através de anéis
coletores (figura 84), sobre os quais deslizam escovas (figura 85).

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Disciplina: Máqui nas Elétricas

Figura 85 - Porta-escovas completo

Figura 84 - Anéis coletores

Durante operação normal em regime, não há nenhum movimento relativo entre os pólos do rotor e
o fluxo magnético do estator; portanto não há indução de tensão elétrica no rotor pelo fluxo mútuo e,
portanto, não há excitação proveniente da alimentação de corrente alternada (CA).
Os pólos são enrolados com muitas espiras de fio de cobre isolado, e quando a corrente continua
(CC) passa pelos enrolamentos, os pólos se tornam alternativamente pólos magnéticos norte e sul. Até o
começo dos anos sessenta a excitação em CC tinha que ser aplicada no campo através dos porta-escovas e
dos anéis coletores. Entretanto, atualmente, um sistema de excitação sem escova com controle eletrônico é
freqüentemente usado.

11.1
Excitação do rotor do motor síncrono

Existem vários sistemas de excitação disponíveis incluindo:


(1) excitatriz conectada diretamente,
(2) excitatriz acionadas por polia e correia,
(3) grupos motores-geradores,
(4) excitação estática e,
(5) excitatriz sem escovas.

138
1381
Podemos alimentar o rotor do motor síncrono usando uma fonte de energia de corrente contínua a
tensão constante, montando em série com o enrolamento indutor uma resistência variável Rc é uma das
formas de excitação do motor síncrono. Modificando-se o valor desta resistência tem-se possibilidade de
regular a corrente de excitação, figura 86. No entanto, é freqüente não se dispor de uma rede a tensão
contínua e o uso de resistência de campo tem também o inconveniente de impossibilitar o uso de sistemas
de controle automático.

Figura 86 – Excitação com fonte DC

No caso de se usar para regulação da corrente de excitação uma resistência em série com o
enrolamento indutor, a energia dissipada nesta resistência pode ser bastante elevada, sendo portanto
apreciável o valor da energia dissipada e o custo da resistência. Por outro lado, no caso de geradores de
excitação (excitatriz) em derivação de construção normal, funcionando com uma velocidade constante, a
gama de regulação de tensão é relativamente reduzida o que não é suficiente para muitas máquinas
síncronas.
A potência em corrente contínua requerida para a excitação aproxima-se de 1% da nominal,
podendo ser fornecida a partir de retificadores controlados, ou através de uma “excitatriz” (figura 87),
gerador menor auto-excitado ou não, DC ou AC com retificadores, montado sobre o mesmo eixo.

139
1391
Fase 1 Rede de
capacidade
Fase 2 infinita

Fase 3

1.1.Disjunto

Máquina
síncrona Excitatriz

IR
Figura 87 – Excitatriz montada no eixo do motor
1 Motor

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Disciplina: Máquinas Elétricas

Motores síncronos de alta rotação com mancais montados em tampas laterais normalmente
utilizam excitatrizes diretamente conectadas. Isto resulta numa unidade compacta com o rotor da excitatriz
montado numa extensão do eixo do motor no lado oposto ao acionamento. O estator da excitatriz é
montado com encaixe macho-fêmea na tampa lateral do motor. Para construções com mancais em
pedestais, a excitatriz e usualmente montada em base própria ou comum com a do motor. Quando o motor
de baixa rotação é equipado com uma excitatriz de CC convencional, a excitatriz é geralmente acionada
por polia e correia para se obter proveito do baixo custo da máquina CC de alta rotação. Entretanto,
quando a máquina de baixa rotação utiliza uma excitatriz sem escovas, o rotor da unidade é montada
diretamente no eixo do motor. A parte estacionária é montada através de suportes na carcaça do motor.
A excitatriz sem escovas possui a grande vantagem de não possuir escovas no circuito CC. O
motor equipado com excitatriz sem escovas possui custo de manutenção reduzido uma vez que não há
escovas e anéis coletores. Este sistema é ideal para locais com atmosferas explosivas, tais como as
encontradas na indústria petroquímica. Este tem sido atualmente o método mais selecionado entre os
mencionados por suas vantagens evidentes.
Um dos tipos de excitação mais utilizados atualmente é excitação estática, fornecida por uma
"excitatriz estática" (figura 88). Este equipamento nada mais é do que um retificador controlado,
alimentado com corrente alternada, a partir da rede ou do próprio gerador e capaz de entregar corrente
contínua ao rotor, a qual é injetada no campo do rotor por meio de dois anéis deslizantes.

Figura 88 – Excitatriz estática


A excitação estática pode ser usada remotamente e converte corrente alternada em corrente
continua com utilização da eletrônica de potência.

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A grande vantagem da excitatriz estática, além da ausência de partes móveis, é a grande rapidez de
resposta. As excitatrizes eletromecânicas, por outro lado, dispensam anéis deslizantes, pois são montadas
sobre o próprio eixo do rotor, mas respondem mais lentamente a variações da necessidade de excitação.
Em alguns casos, para aumentar a gama de regulação de tensão, constroem-se excitatrizes com a
característica magnética com acentuada curvatura. Mais freqüentemente, no caso de máquinas de grande
potência, monta-se no veio da excitatriz outro gerador de corrente contínua – excitatriz piloto (figura 89 e
90) - que fornece a energia para o circuito de excitação da excitatriz principal, que funciona assim como
gerador de excitação independente. Este sistema tem a vantagem de conduzir a uma "resposta" mais
rápida do sistema de excitação a perturbações bruscas de carga ou de tensão da máquina síncrona, o que é
em geral vantajoso.
A excitatriz piloto funciona a tensão aproximadamente constante. A potência dissipada na
resistência de campo da excitatriz principal é suficientemente pequena para que não constitua problema
grave.

Figura 89 – Esquema de uma excitatriz piloto

Figura 90 - Excitatriz

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Especialmente no caso de motores síncronos de potências relativamente pequenas, para dispensar


as máquinas de corrente contínua auxiliares do circuito de excitação, que são caras e de manutenção mais
delicada, recorre-se, para alimentar o enrolamento de excitação, à retificação da tensão da rede (no caso
dos motores), sendo neste caso, para que se dê a auto-excitação, essencial o fluxo remanescente.
No caso de máquinas de grande potência, usam-se muito freqüentemente sistemas de regulação
automática, procurando-se, por exemplo, que, dentro de determinado domínio de funcionamento, a tensão
aos terminais se mantenha constante. Os sistemas de regulação, que, por vezes, são relativamente
complexos, têm que ser considerados em conjunto para se analisar o comportamento das máquinas
síncronas em regime transitório.

EXCITAÇÃO DINÂMICA

A excitação dinâmica se faz por meio de um gerador de corrente contínua acoplado à


extremidade do eixo do alternador. Atualmente, todos os alternadores que utilizam este tipo de
excitação, estão dotados, normalmente, de um pequeno alternador, cuja saída de corrente
alternada, que é gerada no rotor, é retificada e fornecida ao campo do alternador principal. Este
sistema é denominado comercialmente de tipo "Brushless" (ou sem escovas). O controle
de tensão é feito através da corrente fornecida ao campo do excitador, localizado na armadura,
monitorada por um regulador eletrônico de tensão.

EXCITAÇÃO ESTÁTICA
A excitatriz estática consiste de uma ponte retificadora eletronicamente controlada, que
utiliza a própria corrente gerada na armadura para alimentar o campo do alternador. São
utilizadas duas escovas, instaladas sobre anéis lisos, para conduzir a corrente retificada desde

a ponte retificadora até o campo do alternador.

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11.2
Aplicação dos motores síncronos

Os motores síncronos são utilizados em praticamente toda a indústria. A tabela da figura 91 não
esta completa tanto pelas atividades industriais como pelas aplicações apresentadas, mas sugere o grande
emprego desses motores. Enquanto a tabela indica os diversos usos para um motor padrão, muitos motores
síncronos podem ser feitos na medida certa da necessidade. Em muitos casos um motor com valores de
conjugados inferiores ao padrão podem ser utilizados. Isto traz redução vantajosa da corrente de partida do
motor o que implica em menor distúrbio no sistema elétrico durante o ciclo de partida e em redução nas
tensões mecânicas resultantes nos enrolamentos do motor.

Figura 91 – Aplicação dos motores síncronos

As soluções apontadas não são únicas. Outra, também freqüente, é ligar aos terminais do induzido
um motor de corrente alternada, montado noutro veio, que aciona a excitatriz e a excitatriz piloto.
Se o rotor estiver parado quando for aplicada a corrente contínua no enrolamento de campo, a
interação do fluxo do estator e o fluxo do rotor causará um grande conjugado oscilante, mas o rotor não
gira. Para se dar partida num motor síncrono, é necessário inserir um número de barras na face de cada

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pólo e curto-circuitar essas barras nas extremidades para formar uma gaiola de esquilo semelhante àquela
existente no motor de indução (figura 92).

Figura 92 – Enrolamentos amortecedores

Além disso, o enrolamento de campo deve ser desconectado da alimentação CC e curto-circuitado,


usualmente através de um resistor apropriado ou do circuito da excitatriz sem escovas. Pela seleção
adequada das dimensões, material e espaçamento das barras na gaiola de esquilo (freqüentemente
chamado enrolamento amortecedor) consegue-se desenvolver conjugado próximo ao encontrado no motor
de indução suficiente para acelerar o rotor até a rotação próxima da nominal.
Os enrolamentos amortecedores funcionam como os enrolamentos do rotor de um MIT. Quando o
rotor alcançar velocidade suficiente aplica-se corrente continua no enrolamento de campo, o motor entrará
em sincronismo com o fluxo magnético rotativo do estator, neste momento, a máquina passa a funcionar
como motor síncrono.
Os enrolamentos amortecedores não têm nenhum efeito na máquina quando ela opera na
velocidade síncrona. A tensão induzida e as correntes são nulas. No entanto, quando há uma alteração na
velocidade de rotação da máquina, correntes são induzidas nestes enrolamentos no sentido de produzir um
torque que se oponha à variação da velocidade. Por este motivo são chamados “enrolamentos
amortecedores”.

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11.3
Conjugados do motor síncrono

Todo motor síncrono deve ser projetado considerando-se três diferentes condições de carga:
1. Conjugado de partida para vencer o conjugado resistente com a carga parada (conjugado de arranque da
carga).
2. Conjugado de sincronização para levar a carga até a velocidade adequada onde a aplicação do campo de
excitação levará a carga ao sincronismo (pull-in torque).
3. Conjugado máximo em sincronismo para manter o motor sem perda de sincronismo quando em
situação de sobrecarga momentânea máxima admissível (pull-out torque).
O conjugado de sincronização (pull-in) de um motor síncrono é o conjugado máximo de carga
resistente constante contra o qual o motor levará a inércia da carga conectada ao sincronismo quando a
excitação nominal de campo CC é aplicada.
O conjugado médio de sincronização é uma função primariamente das características do
enrolamento amortecedor. Entretanto, o efeito secundário do resistor de descarga e da resistência do
enrolamento de campo contribui significativamente para a velocidade que pode ser atingida pelo rotor
com um dado conjugado resistente aplicado ao motor. Por causa do efeito de pólo saliente, o conjugado de
sincronização instantâneo varia de algum modo em relação ao conjugado médio dependendo do ângulo
entre os eixos dos pólos do rotor e os pólos do estator.
Em adição, para certas aplicações deve-se considerar no projeto conjugados especiais para superar
o conjugado resistente em toda a aceleração do motor, como em moinhos de bola por exemplo.
Conjugados padronizados que variam de acordo com a potência, rotação e fator de potência são listados na
Figura 93.
Embora o motor síncrono opere com uma aplicação fixa de corrente de excitação, ele parte e
acelera graças ao seu enrolamento amortecedor, o qual funciona como a gaiola do rotor de um motor de
indução. Assim, os conjugados de partida e de sincronização variam com o quadrado da tensão aplicada, e
a corrente de partida proporcionalmente à tensão como no motor de indução.

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Figura 93 – Conjugados padronizados para motores síncronos

O conjugado de sincronização é definido como o conjugado constante máximo contra o qual o


motor e carga acionada serão levados para a velocidade síncrona quando a tensão de excitação é aplicada.
Uma vez que o motor síncrono parte como um motor de indução, ele acelerará a carga até o ponto
onde o conjugado do motor iguala o conjugado resistente da carga. Usualmente este ponto ocorre a 95 por
cento da rotação síncrona ou acima. (ver figura 94). Nesta situação se a tensão de excitação for aplicada
no motor o rotor irá sincronizar, ou seja, ira acelerar a inércia combinada do rotor do motor mais a da
carga à rotação síncrona precisa.

Figura 94 – Curvas características de partida


a plena tensão

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A habilidade de acelerar a inércia combinada à rotação síncrona, ou de sincronizar, é limitada para


um motor dado. Torna-se aparente que, então, para um valor alto de conjugado resistente, o enrolamento
amortecedor deve levar a inércia a uma velocidade menor do que para um conjugado resistente menor. O
projeto adequado deste enrolamento requer o conhecimento preciso do conjugado resistente da carga.
Por exemplo, considere uma carga de alta inércia tal como um ventilador centrífugo. O conjugado
requerido pelo ventilador próximo à velocidade nominal é, digamos, 100 por cento do valor nominal.
Vamos assumir também, que o motor usual desenvolve conjugado suficiente para sincronizar a carga a
não menos que 98 por cento da rotação síncrona. Caso um motor que desenvolve 100 por cento do
conjugado a 95 por cento da rotação for aplicado a este ventilador, ele não conseguirá sincronizar a carga,
uma vez que ele não é capaz de desenvolver os necessários 100 por cento de conjugado a 98 por cento da
rotação. (A curva típica de conjugado-velocidade da figura 93 mostra como o conjugado diminui
conforme a velocidade se aproxima da síncrona.). Em resumo, qualquer garantia para o conjugado de
sincronismo deve ser acompanhada pelo valor de conjugado resistente para o qual esta garantia é feita. De
outro modo ela não tem significado.
Em adição às considerações do efeito da inércia na aceleração ao sincronismo, há que se
considerar a aceleração da rotação zero ate o ponto de sincronismo. Altas inércias consomem muita
energia na aceleração e conseqüentemente provocam alto aquecimento no enrolamento amortecedor. Para
compensar isto, motores com cargas de alta inércia (4 a 5 vezes o normal) são construídos em carcaças
maiores para fornecer a necessária capacidade de aceleração. Também como conseqüência da alta inércia,
o tempo de aceleração torna-se consideravelmente longo.
O conjugado máximo em sincronismo, ou conjugado máximo (ver figura 93) de um motor
síncrono não se assemelha ao do motor de indução no sentido em que não ocorre redução de rotação ou
escorregamento até o ponto em que o motor sai fora de sincronismo. Uma vez que este conjugado é
sustentado pela ação de duas forcas magnetomotrizes alinhadas a redução de uma delas reduz a
capacidade de conjugado do motor.
Assim, um motor síncrono com uma fonte CC separada tal como um conjunto motor gerador, ou
excitatriz acoplada ao eixo do motor, terá seu conjugado de sincronização variando proporcionalmente
com a tensão de excitação. Se a excitação for do tipo estática, que utiliza uma fonte de corrente alternada
como alimentação, a excitação também ira se reduzir com uma queda de tensão na linha. Uma vez que o
conjugado máximo em sincronismo varia diretamente com a excitação do campo, o efeito total da

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variação da tensão no conjugado será com o quadrado da variação da tensão. Deve-se ressaltar que
motores com fator de potência 0.8 com enrolamentos de campo maiores geralmente terão maior conjugado
máximo em sincronismo do que motores com fator de potência 1.0 de mesma potência e rotação.
Na seleção de um motor síncrono para uma aplicação especifica é importante conhecer-se os
requisitos reais de conjugado. Em muitos casos os conjugados nominais tabulados na figura 7 não devem
ser especificados. Conforme foi observado anteriormente, os conjugados de partida e de sincronismo não
devem ser maiores que o necessário na medida que um aumento no conjugado somente pode ser obtido
com um aumento na corrente de partida a qual aparece como um distúrbio de considerável impacto na
tensão do sistema. Por outro lado, algumas aplicações requerem conjugados de partida e de sincronismo
mais altos que o normal; assim, um motor síncrono deve ser construído para a aplicação especifica.

11.4
Custos dos motores síncronos

Os motores síncronos devem ser selecionados baseados, principalmente, na economia. As cinco


razões mais comuns para se especificar motores síncronos são:

1) Baixo custo inicial.


De um modo geral o custo de um motor síncrono com excitatriz e controle pode se provar ser bem
inferior àquele de qualquer outro motor de corrente alternada quando a potência é igual ou maior que duas
vezes a rotação (rpm). É claro que não é possível traçar uma linha divisória porque muitas modificações
elétricas e mecânicas (assim como requisitos de controle) entram na avaliação.

2) Obter altos rendimentos.


Embora o custo inicial possa ser substancial, em muitos casos ganhos ainda superiores podem ser
obtidos pelos baixos custos operacionais do motor síncrono. Quando o rendimento do motor torna-se a
consideração básica na escolha do motor, um motor síncrono com fator de potência (FP) unitário (1.0) é
usualmente a solução. Uma vez que potência reativa (kvar) não é necessário, e sim somente potência real
2
(kW), a corrente de linha é minimizada, resultando em menor perda I R no enrolamento do estator.
2
Também, uma vez que a corrente de campo requerida é a mínima praticável, haverá menor perda I R no

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enrolamento de campo da mesma forma. Excetuando-se situações onde alto conjugado é requerido, a
baixa perda em ambos os enrolamento de estator e de campo permitem ao motor síncrono com FP 1.0 ser
construído em tamanhos menores que motores síncronos com FP 0.8 de mesma potência.
Assim, os rendimentos do motor síncrono FP 1.0 são geralmente superiores aos do motor de
indução de potência correspondente. A figura 95 mostra rendimentos padronizados nominais para motores
síncronos FP 1.0 e FP 0.8 típicos, assim como os de motores de indução. A figura 96 traz os mesmos
valores para motores de baixa rotação.
Rendimentos Típicos à Plena Carga para

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Figura 95 – Rendimentos típicos à plena carga para Figura 96 – Rendimentos típicos à plena carga para
motores de alta rotação motores de baixa rotação

11.5
Compensador síncrono

Muitos sistemas de potência são baseados não somente em potência ativa em kW fornecida, mas
também no fator de potência na qual ela é fornecida. Uma penalidade pode ser aplicada quando o fator de
potência está abaixo de valores especificados. Isto é devido ao fato de que baixo fator de potência
representa um aumento da potência reativa (kvar) requerida e consequentemente, num aumento dos
equipamentos de geração e transmissão.
Plantas industriais geralmente possuem predominância de cargas reativas indutivas tais como
motores de indução de pequeno porte ou de baixa velocidade de rotação as quais requerem considerável
quantidade de potência reativa (kvar) consumida como corrente de magnetização.
Embora seja possível usar-se capacitores para suprir a necessidade de potência reativa, havendo a
possibilidade, é freqüentemente preferível a utilização de motores síncronos para este objetivo.

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Por causa da sua fonte separada de excitação, os motores síncronos podem tanto aumentar o KW
de base sem kvar adicional (motor com FP 1.0), como não somente aumentar o KW de base mas também
fornecer o kvar necessário (motor com FP 0.8 ou sobre-excitado). A figura 97 mostra a quantidade de kvar
em avanço corretivo fornecido pelos motores com FP 1.0 e 0.8 quando a excitação é mantida constante e a
potência útil (KW) requerida do motor pela carga é diminuída. A figura 98 traz curvas que mostram como
o fator de potência decresce quando a excitação é mantida constante com a redução da potência em HP.
Assim, é aparente que o motor síncrono pode, em muitos casos, fornecer a potência útil de
acionamento necessária com a redução benéfica da potência total do sistema.

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Figura 97 – Variação da potência reativa (kvar) com a Figura 98 – Variação do fator de potência com a carga.
carga.

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Figura 99- Manutenção no Compensador Síncrono de Vila do Conde - Pará

Figura 100- Manutenção no Compensador Síncrono de Vila do Conde - Pará

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Figura 101- Motor Síncrono funcionando em vazio de Vila do Conde - Pará

Figura 102 - Compensador síncrono de Furnas - Fonte: Alunos: Bruno e Aline da ETEFEV/turma 3221/2007

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Exemplo
Em uma indústria, um motor síncrono, trifásico, de 4.400 V, 500 kVA, é instalado em
paralelo com vários motores de indução. Os dados dos motores em operação são os seguintes:
MIT: 600 kVA, fp = 0,8 (indutivo)
MS: 400 kVA, fp = 1
a) Qual o fator de potência (fp) da indústria?
b) Como melhorar o fp desta indústria?
Solução
P(MIT) = 600 . 0,8 = 480 kW
P(MS) = 400 kW
P(total) = 880 kW
Q (MIT) = 600 . 0,6 = 360 kvar = Q(total)
1/2
S(total) = (880 + 360) = 950 kVA
fp = 880/950 = 0,92 (indutivo)
Para melhorar o fp pode-se usar o motor síncrono até o limite da sua potência aparente máxima (ou
nominal).
S(MS) = 500 kVA
P(MS) = 400 kW
Q(MS) = 300 kvar
Acrescentando 300 kvar de potência reativa na carga, tem-se:
Q(total) = 360 – 300 = 60 kvar
A potência aparente da carga passa a ser:
1/2
S(total) = (8802 + 602) = 882 kVA
fp = 0,997
Melhorar o fator de potência da carga é sempre bom. Reduzindo a corrente total, reduz de forma
significativa as perdas que variam com o quadrado desta corrente.

155
1551
11.6
Características especiais de partida

Altos conjugados, por exemplo, são freqüentemente requeridos em grandes moinhos de bola para
minério de ferro e moagem de cimento.
Corrente de partida (rotor bloqueado) baixa é normalmente desejável devido às limitações no
sistema de alimentação. A redução da tensão de partida é sempre uma alternativa disponível, mas à custa
da redução dos conjugados em adição à custos extras com o equipamento de controle. Freqüentemente,
baixa corrente de partida pode ser obtida pelo projeto especial dos enrolamentos do estator e amortecedor.
Em alguns casos, é possível reduzir a corrente de linha na partida por volta de 1/3 e ainda se manter os
conjugados desejados. Entretanto deve-se mencionar que aplicações envolvendo altos conjugados de
partida e de sincronização e/ou cargas de alta inércia requerem projetos os quais possuirão correntes de
partida acima do normal.

11.7
Velocidade constante
Uma vez que os pólos magnéticos produzidos pela corrente contínua aplicada ao enrolamento de
campo estão travados em relação ao campo magnético girante produzido pelo enrolamento do estator, o
rotor gira a uma rotação média constante. Isto é verdadeiro independentemente da carga aplicada ao motor
ou desde que a carga se mantenha dentro da limitação do conjugado máximo de sincronismo (pull-out) do
motor. E não somente o motor síncrono irá manter a velocidade constante nas situações de sobrecarga,
como também durante momentos de queda de tensão (novamente dentro dos limites do conjugado
máximo de sincronismo).

11.8
Entreferro de grande dimensão
Motores síncronos possuem inerentemente um entreferro muito grande, pelo menos duas vezes
maior que o do motor de indução. Isto representa freqüentemente uma vantagem por razões mecânicas. O
maior entreferro também permite ranhuras de maior dimensão o que representa uma vantagem para
motores de altas tensões.
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11.9
Motores de alta velocidade
Motores síncronos são classificados em alta e baixa velocidade devido às diferenças nos métodos
construtivos. O motor de alta velocidade, nominalmente de 12 pólos e abaixo, ver figura 103, é
caracterizado por seu relativo comprimento axial longo em comparação ao diâmetro do rotor. A elevada
velocidade do rotor, produzindo consequentemente altas forças centrífugas, faz com que as laminações da
armação do rotor sejam feitas de aço de alta resistência mecânica com cauda de andorinha estampada ou
usinada de modo a permitir a montagem e aperto seguro dos pólos no rotor.

Figura 103 – Motores síncronos de alta velocidade

Construções padrões incluem estator, rotor, eixo e dois mancais. Para motores pequenos e médios
os mancais são alojados dentro de tampas laterais às quais são montadas e se tornam partes integrantes do
motor. Estes motores são abertos e auto-ventilados. Alguns fabricantes possuem o motor a prova de
pingos como padrão.

11.10
Motores de baixa velocidade
Os motores síncronos de baixa velocidade possuem o comprimento do núcleo relativamente
pequeno em relação ao seu diâmetro o que torna a construção com mancais nas tampas impraticável. O
rotor de máquinas de baixa rotação consiste de um anel magnético fabricado e usinado, uma armação do

rotor e um cubo do rotor, com os pólos presos ao anel magnético por meio de parafusos.
Construção especial da armação do rotor é possível incluindo somente o cubo do rotor em duas
metades, ou o rotor como um todo em duas metades, freqüentemente útil em aplicações em compressores
onde há uma máquina acionada em ambas as pontas do eixo do motor. O motor de baixa rotação consiste
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de um rotor e um estator, eixo, mancais montados em pedestais, anéis coletores, conjuntos porta escovas,
e base não auto-suportante. O eixo, mancais e base podem ser eliminados em aplicações como
compressores especiais onde o eixo do motor é uma extensão do eixo do compressor. Estes motores são
montados diretamente no compressor e possuem custo menor para o cliente. Ver figura 104.
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Figura 104 – Motores síncronos de baixa velocidade

11.11
Cargas e sobrecargas
Em adição à especificação da potência do motor, a freqüência e a severidade de sobrecargas, se for
o caso, devem ser consideradas. Quando a carga do motor segue um determinado ciclo, cuidados devem
ser tomados com a seleção da potência do motor. Isto é especialmente verdadeiro porque o aquecimento
rms do motor não é uma função direta da potência rms. Isto ocorre porque a corrente de campo é
normalmente mantida no valor nominal enquanto que a corrente de armadura não decresce linearmente
com a carga. Um exemplo típico iria mostrar que embora a carga se torne essencialmente nula, a corrente
de armadura se reduz de 100 por cento do valor nominal para aproximadamente 80 por cento. Então,
mesmo tendo-se potência útil de saída igual a zero, a corrente de armadura será igual a 80 por cento da
nominal e a correspondente perda ôhmica será aproximadamente igual a 64 por cento daquela equivalente
à carga nominal.
11.12
Aplicação dos motores síncronos
Os motores síncronos são utilizados em praticamente toda a indústria. A tabela da figura 105 não
está completa tanto pelas atividades industriais como pelas aplicações apresentadas, mas sugere o grande
emprego desses motores.

Figura 105 – Aplicação de motores síncronos por tipo de indústria

11.13
Manobra dos motores síncronos em paralelo com uma rede

Dentro dos limites de estabilidade, e para manobras lentas atuando-se na carga do motor, varia
correspondentemente a potência pedida por este motor à rede.
Atuando no circuito de excitação, regula-se a potência reativa trocada entre o motor e a rede.
Deve-se notar que para uma determinada potência pedida pelo motor á rede, o ângulo de carga depende do
nível de excitação sendo mais baixos para valores mais elevados de excitação.
Quando se baixa o valor da corrente de excitação de uma forma acentuada corre-se o risco de
aumentar o ângulo de carga de modo a sair-se da zona de estabilidade.
A manobra de desligar um motor de uma rede não oferece em geral quaisquer problemas. Para que
a perturbação seja mínima para a rede, convém que a potência absorvida pelo motor seja mínima e que a
potência reativa trocada com a rede seja nula.
Referências bibliográficas

http://www.estv.ipv.pt/PaginasPessoais/vasco/CEE-CAP%202.pdf
http://maquinas-utfpr.blogspot.com/2007/08/alguns-aspectos-bsicos-das-mquinas.html
12
GERADORES SÍNCRONOS OU ALTERNADORES

A geração de energia elétrica em grandes blocos processa-se pela ação de máquinas rotativas que
acionadas mecanicamente por uma máquina primária (turbina hidráulica, a vapor, a gás, ou máquina de
combustão interna, ou turbina eólica) produzem através de campos de indução eletromagnéticos, uma
onda senoidal de tensão com freqüência fixa e amplitude definida pela classe de tensão do gerador.
Os geradores síncronos trifásicos representam a máquina mais comum de geração em um sistema
de potência. A palavra síncrona significa que o campo girante no entreferro tem a mesma velocidade
angular que a do rotor. A freqüência f da tensão induzida é diretamente proporcional ao número de pólos e
a velocidade de rotação do rotor. A freqüência é determinada por:

em que ‘p’ é o número de pólos da máquina e ‘n’ o número de rotações por minuto ou velocidade
(síncrona) do rotor em rpm.
O circuito equivalente por fase de um gerador síncrono, figura 106, sob condição de estado
permanente é mostrado na figura abaixo.
Campo Armadura

Figura 1063 – Circuito equivalente por fase do gerador


síncrono
As partes principais de uma máquina girante são rotor e estator. Em uma máquina síncrona os
enrolamentos de campo estão situados no rotor e os enrolamentos de armadura no estator.
A corrente nos enrolamentos de campo é CC e produz um fluxo magnético constante por pólo. A
rotação do rotor com relação ao estator causa a indução de tensão nos enrolamentos de armadura.
Os enrolamentos de armadura de um gerador trifásico podem ser associados em estrela ou
triângulo. A ligação ‘estrela’ é utilizada na maioria dos geradores dos sistemas de energia elétrica.
Geralmente, o neutro é aterrado neste tipo de ligação sendo este aterramento feito através de uma
resistência ou reatância cuja finalidade é a de reduzir a corrente de curto circuito.
Os geradores síncronos são construídos com dois tipos de rotores: rotores de pólos salientes e
rotores de pólos lisos ou simplesmente, rotores cilíndricos. Os rotores de pólos salientes são em geral
acionados por turbinas hidráulicas de baixa velocidade (entre 50 e 300 rpm) a fim de extrair a máxima
potência de uma queda d’água, e os rotores cilíndricos são acionados por turbinas a vapor de alta
velocidade (até 3600 rpm).
Nas máquinas de pólos salientes porque o rotor está diretamente ligado ao eixo da turbina e o valor
de freqüência nominal é de 60Hz, é necessário um grande número de pólos. Os rotores de baixa
velocidade possuem um grande diâmetro para prover o espaço necessário aos pólos.
Os geradores síncronos de alta rotação são mais eficientes que seus equivalentes de baixa rotação.
Para gerar a freqüência desejada o número de pólos não poderá ser inferior a dois e assim a velocidade
máxima fica determinada. Para 60Hz a velocidade máxima é de 3600 rpm. A alta velocidade de rotação
produz uma alta força centrífuga, a qual impõe um limite superior ao diâmetro do rotor. No caso de um
rotor girando a 3600 rpm, o limite elástico do aço impõe um diâmetro máximo de 1,2m. Por outro lado,
para construir um gerador de 1000MVA a 1500MVA o volume do rotor tem de ser grande. Para isso os
rotores de alta potência, alta velocidade são bastante longos.
Um controle automático de geração – CAG, figura 107, regula a velocidade e potência de saída do
gerador para garantir uma freqüência do sistema constante sob condições normais de operação.

Figura 107 - Sistema de controle da geração

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O regulador de velocidade (GOV) controla a velocidade do gerador para que seja mantida
constante atuando sobre o registro para controle do fluxo de entrada.
De acordo com a Figura que mostra o circuito equivalente por fase do gerador, a equação do
gerador síncrono operando em estado permanente é dada para qualquer corrente de carga por:

Dependendo da impedância da carga, a corrente Ia em cada fase de um gerador síncrono pode ser
atrasada, em fase, ou adiantada da tensão terminal Vt.
Considerando um gerador ligado a um barramento infinito em que Vt é mantida constante, a
magnitude da tensão gerada Eg é controlada regulando a excitação do campo CC. À medida que a
magnitude do campo de excitação CC aumenta, a tensão gerada Eg e a potência reativa de saída
aumentam. Um limite na capacidade de potência reativa de saída é alcançado quando a corrente de campo
CC atinge seu valor máximo permissível. Quando o gerador está suprindo potência reativa ao sistema, o
gerador está operando a um fator de potência atrasado – o gerador vê o sistema como se fosse uma carga
indutiva. Se a magnitude da f.e.m. gerada excede a tensão terminal, o gerador é dito estar operando no
modo superexcitado. Ainda, pode ocorrer um sobreaquecimento do rotor quando operando a um fator de
potência atrasado.
À medida que o campo de excitação CC diminui, a magnitude da f.e.m gerada diminui até igualar-
se à tensão terminal. Sob estas circunstâncias, o gerador é dito estar operando a uma excitação normal e
aproximadamente a um fator de potência unitário.
Se a excitação de campo CC é diminuída ainda mais, o gerador iniciará a absorver potência reativa
do sistema. O gerador estará operando com um fator de potência adiantado. Nestas circunstâncias, a
magnitude da f.e.m gerada é inferior à da tensão terminal, e o gerador estará operando no modo
subexcitado. A capacidade do gerador em manter sincronismo sob estas condições é enfraquecida dada
que a corrente de excitação é pequena. Portanto, a capacidade de produzir ou absorver reativos é
controlado pelo nível de excitação. Aumentando-se a excitação, aumentam os reativos produzidos.
Reduzindo-se a excitação, diminuem os reativos produzidos e o gerador passará a absorver reativo do
sistema. Por convenção, os reativos supridos pelo gerador recebem sinal positivo, ao passo que os reativos
absorvidos recebem sinal negativo.
As condições acima expostas podem ser representadas graficamente na figura abaixo.

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Figura 108 – Gerador síncrono conectado a barramento infinito operando


sobreexcitado, normal e subexcitado

Tem-se, portanto, a seguinte regra de grande importância: Uma máquina síncrona superexcitada
(funcionando como motor ou como gerador) produz potência reativa e age como se o sistema fosse uma
carga indutiva (absorvedor); sob o ponto de vista da rede, o gerador é como um capacitor em paralelo.
Uma máquina subexcitada, ao contrário, consome potência reativa da rede e, conseqüentemente, age como
se o sistema fosse um capacitor; sob o ponto de vista da rede, o gerador é como uma bobina em paralelo.
Todos os equipamentos apresentam um limite de capacidade de transporte de energia. Na
determinação das limitações de potência de um equipamento é necessário levar em conta tanto a produção
de potência em MW quanto a potência reativa em Mvar. Os geradores possuem curvas de capabilidade,
figura 109 a) que delimitam sua região de operação. A operação do gerador fora da área sombreada pode
provocar problemas de superaquecimento como mostra a abaixo.

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Figura 109 – Curva de capabilidade

A parte superior do eixo vertical na Figura (b) indica os Mvar supridos ao sistema, enquanto a
parte inferior indica os Mvar absorvidos pelo gerador. A curva da Figura (b) mostra três zonas de
aquecimento que afetam a capabilidade de geração do equipamento. Entre os pontos:
A-B Curva de limite de campo - indica a capacidade do gerador quando a corrente de campo está a
um valor máximo permissível devido às limitações térmicas dos enrolamentos de campo.
B-C Curva de limite de armadura – indica a máxima corrente de armadura permitida devido às
limitações térmicas dos condutores de armadura; a geração é limitada pelo aquecimento nos enrolamentos
do estator.
C-D Curva de limite de estabilidade - indica a máxima capacidade de absorção de potência reativa
do gerador quando operando a fator de potência adiantado.
A determinação da curva de capabilidade mostrada na Figura (a) e (b) é obtida para a condição
simultânea de: (a) A-B operação sob tensão terminal constante e corrente de campo (portanto Ef) em seu
limite térmico máximo; (b) B-C operação sob tensão terminal constante e corrente de armadura no
máximo valor permitido pela limitação térmica. A segunda condição (b) corresponde a um valor constante
de potência aparente de saída dada por:

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Uma potência aparente constante corresponde a um círculo centrado na origem de um plano PxQ,
como o da Figura.a (gerador síncrono conectado a barramento infinito), cujo raio é Va.Ia. Como Va é
mantido constante e Ia é considerado em seu valor limite térmico, tem-se que a curva B-C define o limite
de operação da máquina, além do qual resultaria em sobre-aquecimento do estator.
Consideração semelhante pode ser feita para a primeira condição (a) de operação. Tem-se que:

Sob a consideração de R=0 tem-se que:

Das equações acima resulta:

A Equação acima corresponde a um círculo centrado em P=0 e Q=-Va2/XS com raio igual a
(VaEg)2/Xs2, e determina o limite de aquecimento do enrolamento de campo na operação da máquina. É
comum especificar o valor nominal (potência aparente e fator de potência) da máquina como sendo o
ponto de interseção das curvas limites de aquecimento de armadura e campo.
Se uma unidade opera além de sua capacidade especificada, o excesso de calor no estator e no
rotor fará com que o isolamento dos enrolamentos se deteriore com rapidez. Isolamento exposto ao calor
intenso torna-se quebradiço, apresenta fissuras e pode eventualmente transformar-se em material condutor.
Um Regulador Automático de Tensão monitora a tensão terminal do gerador e controla sua
excitação para manter a tensão nos terminais dentro de uma faixa especificada de tensão. O gerador é
protegido de gerar e absorver potência reativa além de sua capabilidade através da proteção de super e sub
excitação.

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12.1
Vantagens da operação em paralelos de alternadores

Um sistema eficiente consiste de varias estações centrais geradoras, operando em paralelo e em


cada estação pode haver vários alternadores em paralelo. São várias as vantagens em se trabalhar com
alternadores em paralelo, as principais são:
• Se uma unidade deixar de funcionar, as demais estarão disponíveis para fornecer o serviço necessário.
• É antieconômico operar uma grande unidade com cargas pequenas, isto diminui o rendimento. Várias
unidades menores, operadas em paralelo, podem ser removidas ou adicionadas, de forma a atender as
flutuações da demanda.
• Havendo necessidade de reparo ou manutenção geral, as unidades menores facilitam as operações com
relação às pecas de reposição ou reserva, bem como os serviços a executar.
• Caso seja necessário aumento de carga, pode-se instalar unidades adicionais para acompanhar o
acréscimo da demanda, sendo necessário menor investimento.
• Existem limites físicos e econômicos para a capacidade possível de uma só unidade.

12.2
Condições necessárias para ligação de alternadores em paralelo
• Os valor eficaz (CA) da tensão que se conecta a máquina a ser ligada em paralelo deve ser igual ao da
rede e das máquinas em funcionamento,
• As tensões de todos os alternadores devem ter a mesma forma de onda,
• As tensões devem estar em oposição de fase (um alternador em relação ao outro ou em relação ao
barramento),
• A freqüência do alternador que vai ser conectado em paralelo deve ser igual a da rede e das máquinas
em funcionamento,
• As características combinadas de tensão total de alternadores e da velocidade da máquina primária devem
ser descendentes com aplicação da carga,
• Apenas as máquinas polifásicas a seqüência de fases das tensões polifásicas da máquina que entra no
sistema deve ser a mesma do barramento.

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Exercícios

1)O que são os enrolamentos amortecedores nos motores síncronos e qual a sua finalidade?
Este enrolamento, também chamado “enrolamento amortecedor Leblanc”, é usado em motores síncronos cujo
arranque é feito como motor assíncrono.
O motor síncrono não tem binário de arranque, não podendo arrancar só por si. Pode arrancar com um motor auxiliar
de corrente contínua ou um motor assíncrono ou por arranque direto como motor assíncrono.
Neste último caso, existe no rotor, além do enrolamento de excitação de corrente contínua, um enrolamento em gaiola
parcial. Quando o rotor fica sujeito ao campo girante produzido pelo estator formam-se, no enrolamento de gaiola, correntes
induzidas que originam forças que colocam o rotor em movimento no sentido do campo girante, como acontece no motor
assíncrono, até que, alimentando a excitação, o rotor atinge a velocidade de sincronismo do campo girante. Quando é atingido o
sincronismo, deixa de haver variação do fluxo que atravessa o enrolamento em gaiola, deixando de haver neste, correntes
induzidas e as forças que originaram o arranque.
Quando há variações bruscas de carga, corre-se o risco de o motor perder o sincronismo, situação em que pára. No
entanto, existindo o enrolamento de gaiola, quando há variações de velocidade, surgem variações no fluxo que atravessa o
enrolamento, originando correntes induzidas que produzem binários que amortecem as variações, tendendo a manter o
equilíbrio, razão por que o enrolamento se designa de amortecedor.

2)Por que na partida, se curto-circuita o enrolamento de campo do motor síncrono?


No arranque descrito anteriormente o enrolamento de excitação está em vazio e sujeito a fortes variações de fluxo, por
ser atravessado pelo campo girante à velocidade de sincronismo e partir de uma situação de velocidade nula. Estas variações de
fluxo produzem, no enrolamento de excitação, f.e.m. induzidas elevadas que podem ser perigosas. Por essa razão, este
enrolamento é curto-circuitado no arranque por um resistor que é retirado quando se alimenta a excitação.

3)Qual a diferença entre gerador síncrono e motor síncrono, e cite algumas aplicações para cada um destes.
A diferença está na própria designação, pois um é gerador e o outro é motor. A máquina é a mesma, designando-se
por máquina síncrona.
O gerador síncrono, também chamado alternador, é a máquina geradora de energia elétrica por excelência. Utiliza-se
em todos os tipos de centrais elétricas, hidrelétricas, térmicas (clássicas ou nucleares) ou outras e também nos grupos motor-
gerador.
O motor síncrono é usado em aplicações em que se pretenda velocidade constante, que é uma das caraterísticas
importantes deste motor. Outra aplicação importante é como compensador síncrono, pois permite compensar o fator de
potência da rede onde está ligado, através da variação da excitação.

4) Como verificar se uma máquina síncrona é de armadura estacionária ou girante?


5) Comente sobre as vantagens da utilização de máquinas síncronas de armadura estacionária.

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6) Quais as condições necessárias para que um gerador síncrono seja colocado em paralelo com o
barramento infinito? Como ajustar a máquina no caso de uma das condições não ser atendida?
7) Quais os métodos de partida de motores síncronos?
8) Em que aplicações são utilizados os rotores de pólos salientes? Explique?
9) Considere que um gerador síncrono foi adequadamente ajustado para operar temporariamente como
compensador síncrono. Nessa situação, o gerador:
a) funciona como se fosse um capacitor.
b) opera sempre com tensão nominal.
c) opera com fator de potência unitário.
d) pode funcionar sincronizado ao sistema, permanentemente, com freqüência inferior a 58 Hz, caso o sistema
tenha freqüência nominal igual a 60 Hz.
e) quase que gera ou absorve somente potência reativa.

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13
MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

A máquina de CC é uma máquina elétrica girante capaz de converter energia mecânica em energia
elétrica (gerador) ou energia elétrica em mecânica (motor). Para o gerador, a rotação é suprida por uma
máquina primária (uma fonte de energia mecânica) para produzir o movimento relativo entre os
condutores e o campo magnético da máquina CC, para gerar energia elétrica. Para o motor, a energia
elétrica é suprida aos condutores e ao campo magnético da máquina CC, a fim de produzir o movimento
relativo entre eles e, assim, produzir energia mecânica. Em ambos os casos há movimento relativo entre
um campo magnético e os condutores na máquina de CC.
As máquinas de CC são constituídas de um rotor (parte central que gira) em que estão localizadas
as espiras necessárias e um estator (parte fixa externa), onde se localizam os pólos magnéticos. O rotor ao
girar faz variar o fluxo magnético em relação às espiras (lei de Faraday), desta forma gera uma corrente no
fio da espira. O número de giros por segundo dessa espira me dá a freqüência da corrente elétrica, que em
nossas casas é de 60hz.
Os vários tipos de possibilidades das máquinas que serão aqui discutidos são:
• A máquina de corrente contínua (CC) que tem uma armadura rotativa e um campo estacionário;
• A máquina síncrona (CA) com uma armadura rotativa e um campo estacionário;
• A máquina síncrona (CA), com um campo rotativo e armadura fixa;
• A máquina assíncrona (CA), que possui ambos, enrolamentos de armadura estacionários e rotativos.
A figura 110 mostra um corte de uma máquina de CC, com ênfase às partes principais:
O rotor da armadura das máquinas de CC tem quatro funções principais:
• permite rotação para ação geradora ou ação motora mecânica;
• em virtude da rotação, produz a ação de chaveamento necessário a para comutação;
• contém os condutores que induzem a tensão ou providenciam um torque eletromagnético;

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• providenciam uma faixa de baixa relutância.

Figura 110 – Descrição das partes de um motor de corrente contínua

O rotor é constituído de:


• Eixo da armadura que imprime rotação ao núcleo da armadura, enrolamentos e comutador.Conectados
mecanicamente ao eixo, está o núcleo da armadura;
• Núcleo da armadura, construído de camadas laminadas de aço, provendo uma faixa de baixa relutância
magnética entre os pólos. As lâminas servem para reduzir as correntes parasitas no núcleo, e o aço usado é de
qualidade, destinado a produzir uma baixa perda por histerese. O núcleo contém ranhuras axiais na sua
periferia para colocação do enrolamento da armadura;
• Enrolamento da armadura, constituído de bobinas isoladas entre si e do núcleo da armadura, colocadas nas
ranhuras e eletricamente ligadas ao comutador;
• Comutador, o qual, devido a rotação do eixo, providencia o necessário chaveamento para o processo de
comutação. O comutador consiste de segmentos de cobre, individualmente isolados entre si e do eixo,
eletricamente conectados às bobinas do enrolamento da armadura.
O estator da máquina de CC é constituído de:
• Uma carcaça ou estrutura cilíndrica de aço ou ferro fundido ou laminado, além de servir como suporte das
partes do rotor, providencia uma faixa de retorno do fluxo para o circuito magnético criado pelos
enrolamentos de campo;
• Enrolamentos de campo, consistindo de umas poucas espiras de fio grosso no campo série ou muitas
espiras de fio fino para o campo shunt. Essencialmente as bobinas de campo produzem o fluxo necessário
para gerar uma fem ou uma força mecânica. Os enrolamentos de campo são suportadoss pelos pólos;

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• Pólos, constituídos de ferro laminado aparafusados ou soldados na carcaça após a inserção dos
enrolamentos de campo nos mesmos.A sapata polar é curvada, e é mais larga que o núcleo polar, para
espalhar o fluxo mais uniformemente;
• O Interpolo e seu enrolamento, também são montados na carcaça da máquina. Eles estão localizados na
região interpolar, entre os pólos principais, e são geralmente de tamanho menor. O enrolamento de interpolo é
composto de algumas poucas espiras de fio grosso, pois é ligado em série com o circuito de armadura, de
modo que a fmm é proporcional à corrente de armadura;
• Enrolamentos de compensação(opcionais) são ligados da mesma maneira que os enrolamentos do
interpolo, mas estão colocados em ranhuras axiais na sapata polar;
• Escovas e anéis-suporte de escovas como interpolos e enrolamentos de compensação são parte do circuito
da armadura. As escovas são de carvão e grafite, suportadas na estrutura do estator por um suporte tipo anel, e
mantidas nos suportes por meio de molas, de forma que as escovas manterão um contato firme com os
segmentos do comutador. As escovas estão sempre instantaneamente conectadas a um segmento e em contato
com uma bobina localizada na zona interpolar;

13.1
Excitação das máquinas de corrente
contínua

As máquinas de corrente contínua são classificadas de acordo com o tipo de excitação do enrolamento
do campo, que são as seguintes:
a) Excitação em separado;
b) Excitação shunt – enrolamento do campo em paralelo com o circuito da armadura;
c) Excitação série – enrolamento do campo em série com o circuito da armadura;
d) d. Excitação mista – combinam as conexões do campo.
As Figuras 111 mostram as representações esquemáticas dos tipos de excitação.

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Figura 111 - Tipos de excitação das máquinas de corrente contínua

É mais importante observar que a máquina de CC pode ser usada universalmente e operará seja
como máquina de CC ou CA, ou ambas, como no caso do motor universal

13.2
Motor universal

O motor com excitação série que funciona tanto com corrente contínua como com corrente
alternada é chamado motor universal. Este tipo de motor é utilizado em quase todos os aparelhos
eletrodomésticos.
Atende vasta gama de aparelhos de uso doméstico e profissional, como secadores de cabelo,
massageadores, aspiradores de pó portáteis, miniferramentas e equipamentos odontológicos e hospitalares,
entre outros.

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Figura 112 – Motor universal

13.3
Gerador de corrente
contínua

No gerador de corrente contínua o enrolamento do estator (também conhecido como enrolamento


de campo) é excitado por uma fonte de corrente contínua e no eixo do rotor impõe-se um torque mecânico.
Quando o enrolamento do rotor (o rotor é conhecido também como armadura ou induzido) corta as linhas
de força uma f.e.m. é induzida nele, obedecendo a lei de Faraday. A f.e.m. induzida é alternada (senoidal),
mas por meio de uma retificação mecânica (comutador) é transformada em corrente contínua. A Figura
113 mostra um gerador elementar.

Figura 113 – Esquema de um gerador de corrente contínua

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13.4
A função do comutador

Qualquer máquina rotativa gera corrente alternativa (CA), com exceção das máquinas
homopolares. Isto é devido ao fato de as máquinas comerciais empregarem muitos condutores que se
movem com relação a pólos de polaridades magnéticas alternadas N-S-N-S-N, etc. Quando o condutor se
movimenta na mesma direção sob um pólo de polaridade oposta, a direção da fem se inverte e se as
extremidades dos condutores ativos são ligados a um circuito externo por meio de anéis coletores,
teríamos uma fem alternada através do circuito.
Para se converter a tensão alternada (CA) em contínua (unidirecional), emprega-se um dispositivo
de chaveamento mecânico acionado pela rotação do eixo da máquina. Este dispositivo é o Comutador.
O comutador tem dois segmentos, apoiados no eixo da armadura, isolados entre si e do eixo da
armadura. Cada segmento é, respectivamente, ligado a um lado da bobina.
A ação do comutador é inverter simultaneamente as ligações do circuito externo no mesmo
instante em que se inverte o sentido da fem em cada um dos lados da bobina. Desta forma, cada escova
estará sempre na mesma polaridade.

Figura 114 – Ação comutador

Exercícios

1 – A armadura de um gerador CC de 110V entrega uma corrente de 60A à carga. A resistência do circuito da
armadura é 0,25Ω. O gerador tem 6 pólos, 12 caminhos e um total de 720 condutores de armadura, girando a
uma velocidade de 1800rpm. Calcule a fem gerada na armadura.
2 – “Todas as máquinas elétricas rotativas tendem a gerar CA, independentemente do seu tipo e finalidade.”
cite uma exceção a esta afirmativa, descrevendo-a. Explique por que não se gera CA neste tipo particular de
máquina rotativa

13.5
Motores de corrente contínua

13.5.1
Princípio de funcionamento

Nos motores de corrente contínua a parte móvel, portanto o rotor, encontra-se no meio dum campo
magnético que pode ser produzido por um ímã permanente ou por um eletroímã. Ao aplicarmos uma
tensão continua entre as escovas do coletor, as bobinas do induzido serão percorridas por uma corrente
continua que criará um campo magnético. Isto provocará uma interação entre os dos campos magnéticos
criados, o campo do indutor e o campo do induzido, o que irão produzir um binário de forças na periferia
do rotor que fará com que este apresente um movimento giratório. Com este movimento surge-nos uma
pergunta que é inevitável colocar: Se este movimento representa uma velocidade giratória do rotor, essa
velocidade depende de quê, quais os fatores que a influenciam? A resposta pode ser bastante complexa,
contudo vamos tentar dar uma resposta resumida. A velocidade que um motor de corrente continua
apresenta-se dependente sempre da intensidade de corrente que atravessa o induzido, variando a tensão
aplicada nos terminais do induzido a velocidade pode aumentar ou diminuir consoante o caso, o número
de espiras das bobinas do induzido também é outro fator a ter em atenção, porque faz variar o campo
magnético e por conseqüência a velocidade, para além deste três fatores a velocidade ainda depende, do
fluxo do pólo e do número de pólos do indutor. Esta velocidade por vezes tem de ser ajustada ao sistema a
que o motor está relacionado. Tendo-se em conta o que foi dito anteriormente, verifica-se que podemos
variar, ou melhor, regular a velocidade do motor se variarmos a tensão a que está sujeito, ou então se o
fluxo magnético indutor for variado, a velocidade por arrastamento/conseqüência varia também.
Segundo consulta bibliográfica, alguns autores apresentam duas formas de se fazer variar a
velocidade, a maneira mais prática que consiste em fazer variar o fluxo magnético do indutor através de
um reostato de campo, que permite aos operadores variar a intensidade de corrente que atravessa as
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bobinas indutoras. A outra maneira, embora menos prática consistem em adicionar ao sistema uma
resistência variável em série com o induzido, que terá com finalidade fazer variar a tensão aplicada aos
terminais do motor.

13.5.2
Tipos de motores de corrente
contínua

Quando a corrente de excitação é oriunda de uma fonte de corrente contínua independente como
exemplo, uma bateria de acumuladores ou de um gerador, neste caso temos um motor de excitação
separada ou independente.
Contudo o processo de excitação mais utilizado é quando a corrente que irá produzir o campo
magnético indutor é obtido através da mesma fonte de alimentação ligada ao induzido, diz-se que o motor
é de auto-excitação ou de excitação própria.
A classificação dos motores de corrente contínua é efetuada quanto ao modo como é feita a
excitação da máquina, ou seja, a forma como é feito o fornecimento da corrente que vai alimentar as
bobines indutoras.
Assim sendo:

13.5.2.1
Motor série

Este tipo de motor tem a bobina indutora ligada em série com o induzido, por este motivo as
bobinas indutoras são constituídas por fio grosso e com poucas espiras, o que faz com este motor seja
bastante robusto.

Figura 115 – Motor corrente contínua série


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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

O binário de arranque é bastante elevado, o que lhe permite atingir rapidamente a velocidade
normal de funcionamento podendo arrancar a plena carga sem quaisquer dificuldades.
Há cuidados que se devem ter em atenção na utilização deste tipo de motor, pois quando a carga é
nula ou muito reduzida a intensidade pedida à rede è baixa e a velocidade atingirá valores muito elevados
que poderão destruí-lo, diz-se que o motor desarvora. Quando tal situação acontecer deve-se desligar
imediatamente o motor, porque com velocidades muito altas a estrutura do motor pode ser danificada, ou
destruir-se por completo, o que pode trazer problemas econômicos para os utilizadores. Contudo é um
motor que reagem muito bem ás variações de carga, permitindo regular a velocidade com grande
facilidade.
Quanto à variação do sentido de rotação deste motor também tem de se ter especial atenção,
porque não se deve inverter o sentido de rotação do motor série invertendo a polaridade da fonte de
alimentação, visto que se inverte simultaneamente o sentido da corrente no induzido e no indutor.
Deve-se deixar parar completamente o motor e só depois se executa o processo de inversão do
sentido da corrente que consta, em se inverter o sentido da corrente apenas num dos enrolamentos através
de um inversor.

Resumidamente:

Pode-se concluir que o motor de excitação em série tem um elevado binário de arranque, pode
arrancar a plena carga, é de fácil regulação de velocidade, tem como inconveniente principal, o fato de que
é necessário ter muito cuidado para que ele não arranque em vazio, visto que ao embalar pode atingir
velocidades muito altas, o que o pode destruir.
Este tipo de motor é utilizado em locais onde não exista o perigo de arrancar em vazio ou em
locais onde seja necessário um grande binário de arranque, como é o caso de gruas de elevação de cargas e
motores de tração elétrica.
Nota: Este pode também funcionar em corrente alternada como motor assíncrono monofásico.

13.5.2.2
Motor de excitação em separado

• O enrolamento indutor é alimentado por uma fonte de alimentação exterior ao motor.


• Os enrolamentos do indutor e do induzido formam circuitos elétricos distintos.
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• O motor apresenta uma velocidade constante para qualquer valor de carga.


• Apresenta um inconveniente que é de ser necessária uma fonte de alimentação exterior.
• Para se poder inverter o sentido de rotação deste tipo de motor basta inverter a polaridade de uma das
fontes de alimentação.

Utilização:
Este tipo de motor é o mais indicado e o mais usado em locais onde se necessite de variar
freqüentemente o sentido de rotação, mantendo uma velocidade constante. É utilizado, por exemplo, nas
antenas parabólicas dos radares.

13.5.2.3
Motor shunt

• Tem o indutor ligado em paralelo com o induzido.


• Bobina indutora com elevado resistência devido a ser composta por um número muito elevado de espiras
de fio fino. Isto porque necessitas-se que a intensidade de corrente no indutor seja muito baixa.
• Tem uma velocidade quase constante desde vazio até plena carga.
• Tem um binário de arranque inferior ao motor de excitação em série.
• Para que o arranque deste motor seja rápido é necessário que inicialmente a intensidade de corrente no
induzido seja baixa e no indutor a intensidade de corrente seja máxima.
• Para se inverter o sentido de rotação deve-se inverter o sentido da corrente no induzido ou no indutor.
• Usualmente, inverte-se o sentido de corrente no induzido.

Utilização:
Normalmente é utilizado para accionar equipamentos em que o arranque não seja a plena carga e em
que se necessite de uma velocidade quase constante. É muito utilizado em máquinas de ferramentas.

13.5.2.4
Motor compound

No motor compound existe dois tipos de excitação, a excitação em série e a excitação em shunt,
podendo estes enrolamentos ser ligados em longa ou curta derivação.
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• Motor compound adicional;

Quando o campo magnético criado nos enrolamentos série e derivação tiverem o mesmo sentido,
denominando-se por campos adicionais.
Para além de possuir as mesmas características do motor série, este motor possui um binário de
arranque maior e nunca embala em vazio.

• Motor compound diferencial;



Quando os campos magnéticos tiverem sentidos opostos. Para além das características já mencionadas
anteriormente para o motor shunt, este apresenta uma velocidade mais constante e um binário de arranque
menor.

Site: http://if.ufrgs.br/tx/fis/01043/20011/Vasco

Quadro comparativo de motores de corrente continua


Tipo Binário de arranque Velocidade Utilização
Excitação Independente Fraco Constante Radar
Série Elevado Variável Aparelhos elevatórios
(embala em vazi Tração mecânica
Shunt Fraco Constante Máquinas ferramentas
Compound Adicional Elevado Pouco variável Aparelhos elevatórios
compound Fraco Constante Máquinas ferramentas
diferencial Máquinas de tecidos
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ANEXOS

GRAFIA DOS NOMES DAS UNIDADES

1) Quando escritos por extenso, os nomes das unidades começam por letra minúscula, mesmo quando
têm o nome de um cientista, por exemplo, Ampére, kelvin, newton, etc, exceto o grau Celsius. Assim,
somente são escritos com letras maiúsculas os símbolos das unidades relativos a nomes próprios, por
exemplo, N (newton), K (kelvin), Pa (pascal), W (watt),etc.
2) Na expressão do valor numérico de uma grandeza, a respectiva unidade pode ser escrita por extenso ou
representada pelo seu símbolo, por exemplo, quilovolts por milímetro ou kV/mm, não sendo admitidas
combinações de partes escritas por extenso com partes expressas por símbolos.
3) Quando os nomes das unidades são escritos ou pronunciados por extenso, a formação do plural
obedece as seguintes regras básicas:
a) os prefixos SI são invariáveis;
b) os nomes das unidades recebem a letra “s” no final de cada palavra, quando:
são palavras simples, por exemplo, Ampéres, candelas, kelvins, joules, volts, newtons, etc.;
são palavras compostas em que o elemento complementar de um nome de unidade não é ligado a
este por hífen, por exemplo, metros quadrados, unidades astronômicas, etc.;
são termos compostos por multiplicação, em que os componentes podem variar
independentemente um do outro, por exemplo, Ampéres-horas, newtons-metros, pascals-
segundos, watts-horas, etc.;
c) os nomes ou partes dos nomes de unidades não recebem a letra “s” no final, quando:
terminam pelas letras s, x ou z, por exemplo, siemens, lux, hertz, etc.;
correspondem ao denominador de unidades compostas por divisão, por exemplo, quilômetros por
hora, lumens por watt, watt por esterradiano, etc.;
em palavras compostas, são elementos complementares de nomes de unidades e ligados a estes
por hífen ou preposição, por exemplo, anos-luz, elétron-volts, quilogramas-força, etc..
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GRAFIA DOS SÍMBOLOS DAS UNIDADES

A grafia dos símbolos das unidades obedece as seguintes regras básicas:


a) os símbolos das unidades são invariáveis, não sendo admitido colocar, após o símbolo, seja ponto de
abreviatura, seja “s” de plural, letras ou índices, por exemplo, o símbolo de watt é sempre W, qualquer que
seja o tipo de potência a que se refira: mecânica, elétrica, térmica, etc.;
b) os prefixos SI nunca são justapostos no mesmo símbolo, por exemplo, unidades como GWh, nm, pF,
etc.; não devem ser substituídas por expressões em que se justaponham, respectivamente, os prefixos
mega e quilo, mili e micro, micro e micro, etc.;
c) os prefixos SI podem coexistir num símbolo composto por multiplicação ou divisão, por exemplo,
kN.cm, kΩ.mA, kV/mm, MΩ.cm, kV/µ.s, etc.;
d) os símbolos de uma mesma unidade podem coexistir num símbolo composto por divisão, por exemplo,
2
Ω.mm /m, kWh/h, etc.;
e) o símbolo é escrito no mesmo alinhamento do número a que se refere e não como expoente ou índice.
São exceções os símbolos das unidades não SI de ângulo plano (º ‘ “), os expoentes dos símbolos que têm
expoente, o sinal º do símbolo de grau Celsius e os símbolos que têm divisão indicada por traço de fração
horizontal;
f) o símbolo de uma unidade composta por multiplicação pode ser formado pela justaposição dos
símbolos componentes e que não cause ambigüidade (VA, kWh, etc.) ou mediante a colocação de um
-1
ponto entre os símbolos componentes, na base da linha ou a meia altura (N.m, m.s , etc.);
g) o símbolo de uma unidade que contém divisão pode ser formado por uma qualquer das três maneiras

180
1801
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2 -1 -2 W
exemplificadas a seguir: W/(sr.m ), W.sr .m , 2 , não devendo ser empregada esta última forma
sr.m
quando o símbolo, escrito em duas linhas diferentes puder causar confusão.

181
1811
Unidades Elétricas e Magnéticas do SI

GRANDEZA NOME SÍMBOLO DEFINIÇÃO


Capacitância de um elemento passivo de circuito entre os terminais onde a tensão
capacitância farad F elétrica varia uniformemente a razão de 1 volt por segundo, quando percorrido por
uma corrente invariável de 1 Ampére
carga elétrica
Carga elétrica que atravessa em 1 segundo, uma seção transversal de um condutor
(quantidade de coulomb C
percorrido por uma corrente invariável de 1 Ampére
eletricidade)
Condutância de um elemento passivo de circuito cuja resistência elétrica é de 1
condutância siemens S
ohm
siemens por Condutividade de um material homogêneo e isótropo cuja resistividade é de 1
condutividade S/m
metro ohm-metro
Fluxo magnético uniforme através de uma superfície plana de área igual a 1 metro
fluxo magnético weber Wb
quadrado, perpendicular à direção de uma indução magnética uniforme de 1 tesla
gradiente de Gradiente de potencial uniforme que se verifica em um meio homogêneo e
potencial, intensidade volt por metro V/m isótropo, quando é de 1 volt a diferença de potencial entre dois planos
de campo elétrico equipotenciais situados a 1 metro de distância um do outro
Indução magnética uniforme que produz uma força constante de 1 newton por
metro de um condutor retilíneo situado no vácuo e percorrido por uma corrente
indução magnética tesla T
invariável de 1 Ampére, sendo perpendiculares entre si as direções da indução
magnética, da força e da corrente
Indutância de um elemento passivo de circuito entre os terminais onde a tensão
indutância henry H elétrica constante de 1 volt quando percorrido por uma corrente que varia
uniformemente à razão de 1 Ampére por segundo
Intensidade de um campo magnético uniforme, criado por uma corrente invariável
de 1 Ampére, que percorre um condutor retilíneo, de comprimento infinito e de área
intensidade de campo Ampére
A/m de seção transversal desprezível, em qualquer ponto de uma superfície cilíndrica de
magnético por
diretriz circular com 1 metro de circunferência e que tem como eixo o referido
metro
condutor
Potência aparente de um circuito percorrido por uma corrente alternada senoidal
potência aparente volt-Ampére VA
com valor eficaz de 1 Ampére, sob uma tensão elétrica com valor eficaz de 1 volt
Potência aparente de um circuito percorrido por uma corrente alternada
potência aparente volt-Ampére VA senoidal com valor eficaz de 1 Ampére, sob uma tensão elétrica com valor
eficaz de 1 volt
Potência reativa de um circuito percorrido por uma corrente alternada
potência reativa var var senoidal com valor eficaz de 1 Ampére, sob uma tensão elétrica com valor
eficaz de 1 volt, defasada de π/2 radianos em relação à corrente
Ampére por Relutância de um elemento de circuito magnético, no qual uma força
relutância A/Wb
weber eletromagnética invariável de 1 Ampére produz um fluxo magnético de 1 weber
Resistência elétrica de um elemento passivo de circuito que é percorrido por uma
resistência elétrica ohm Ω corrente invariável de 1 Ampére, quando uma tensão elétrica constante de 1 volt é
aplicada aos seus terminais
resistividade ohm-metro Ω.m Resistividade de um material homogêneo e isótropo, do qual um cubo com 1 metro
de aresta apresenta uma resistência elétrica de 1 ohm entre faces opostas
tensão elétrica,
diferença de Tensão elétrica entre os terminais de um elemento passivo de circuito, que dissipa
volt V
potencial, força a potência de 1 watt quando percorrido por uma corrente invariável de 1 Ampére
eletromotriz
Fonte: Quadro Geral de Unidades de Medida
Prefixos decimais

Prefixo Simb Fator pot Fator numeral Observar que, para a unidade
yotta Y 10
24
1 000 000 000 000 000 000 000 000 de massa, esses prefixos são
21 aplicados em relação ao
zetta Z 10 1 000 000 000 000 000 000 000
18
submúltiplo grama.
exa E 10 1 000 000 000 000 000 000
15
peta P 10 1 000 000 000 000 000 Os prefixos podem ser
tera T 10
12
1 000 000 000 000 empregados com quaisquer
9 unidades, inclusive aquelas que
giga G 10 1 000 000 000
6
não fazem parte do Sistema
mega M 10 1 000 000 Internacional.
3
quilo k (1) 10 1 000
hecto h 10
2
1 00 (1) Um erro freqüente é a
indicação com k maiúsculo.
deca da 10 10 Somente são maiúsculos os
-1
deci d 10 0,1 símbolos de mega, giga, tera,
-2
centi c 10 0,01 peta, exa, zetta e yotta.
-3
mili m 10 0,001
-6 (2) Em outras épocas foi usado
micro µ 10 0,000 001 µ µ , que deve ser
-9
nano n 10 0,000 000 001 definitivamente abolido.
-12
pico p (2) 10 0,000 000 000 001
-15
femto f 10 0,000 000 000 000 001
-18
atto a 10 0,000 000 000 000 000 001
-21
zepto z 10 0,000 000 000 000 000 000 001
-24
yocto y 10 0,000 000 000 000 000 000 000 001
Glossário de termos técnicos

Segue um pequeno glossário com os principais termos usados no estudo de enrolamentos de corrente
alternada.
• Bobina de passo pleno (ou passo inteiro): bobina que tem seus lados afastados de 180 graus elétricos.
• Bobina de passo fracionário (ou bobina encurtada): bobina que tem seus lados afastados
por menos do que 180 graus elétricos.
• Enrolamento concentrado: enrolamento no qual o número de ranhuras por pólo-fase é igual a um.
• Enrolamento distribuído: enrolamento no qual o número de ranhuras por pólo-fase é maior do que um.
• Ângulo mecânico: ângulo de giro do rotor ao longo do seu eixo.
• Ângulo elétrico: ângulo da corrente ou tensão elétrica.
• Ângulo elétrico = (p/2).Ângulo mecânico, onde p é o número de pólos da máquina.
• p = número de pólos de um enrolamento.
• q1 = número de fases de um enrolamento de armadura (em geral, q1 = 3).
• f1 = freqüência da tensão de armadura (em geral, f1 = 60 Hz).
• f 2 = fluxo por pólo do rotor (em Weber, Wb).
• S1 = número total de ranhuras da armadura.
• Sab = número de ranhuras abrangidas por uma bobina de armadura.
• b = passo de uma bobina (distância entre os dois lados ativos de uma bobina).
• b = ppSab /S1 (em radianos elétricos).
• a = ângulo de encurtamento de uma bobina.
• a = p - b (em radianos elétricos).
• g = passo da ranhura (distância entre duas ranhuras adjacentes).
• g = pp /S1 (em radianos elétricos).
• Eb = tensão induzida em uma bobina de armadura.
• Eb = 4,44f1f 2 Nbkp
• Ef = tensão induzida em uma fase do enrolamento de armadura.
• Ef = 4,44f1f 2 Nfkpkd
• Nb = número de espiras de uma bobina de armadura.
• Nf = número de espiras por fase (ou número de espiras da bobina equivalente por fase).
• Nf = Nb S1 /q1
• kp = fator de passo de uma bobina.
• kp = cos (a/2)
• n = número de ranhuras por pólo-fase = número de bobinas por grupo de bobinas.
• n = S1 /(q1p)
• kd = fator de distribuição de um enrolamento.
• kd = sen (ng /2)/(n.sen(g/2))
• Ns = velocidade síncrona (rpm)
• Ns = 120f1/p
• ws = velocidade angular síncrona (rad/s)
• ws = 4pf1 /p
Questionário e problemas
1. O que é campo magnético? Como pode ser representado? Quais as características dessa
representação?
R: é uma região do espaço onde se manifesta o magnetismo, através das chamadas ações magnéticas. Estas ações verificam-se
à distância e apenas algumas substâncias são influenciadas pelo campo magnético.
2. Qual a explicação para a origem dos fenômenos magnéticos?
R: Os primeiros fenômenos magnéticos observados foram aqueles associados aos chamados “imãs naturais” (magnetos) que
eram fragmentos grosseiros de ferro encontrados perto da antiga cidade de Magnésia (daí o termo “magneto”).
3. Os pólos de um ímã podem ser separados? Porquê? O que é um ímã elementar?
R: Não (Propriedade de inseparabilidade dos
pólos).
Um ímã apresenta dois pólos, que não podem ser separados. Se quebrarmos um ímã ao meio, cada metade apresentará
novamente dois pólos.
O movimento dos eletrões no interior da matéria, produz campo magnético. O campo magnético produzido por um elétron é
semelhante ao campo produzido por uma espira circular, isto é, cada elétron produz um campo semelhante ao de um
minúsculo ímã denominado ímã elementar.
4. Como se explica a imantação de um material? O que são domínios magnéticos?
R: Quando um material sofre a ação de uma força magnetizante
externa.
Regiões que apresentam magnetismo espontâneo. Os domínios são entidades isoladas, isto é, cada domínio é independente dos
domínios vizinhos.
5. Como as substâncias se classificam quanto às propriedades magnéticas?
R: FERROMAGNÉTICOS, DIAMAGNÉTICOS e
PARAMAGNÉTICOS.
6. Diferencie os materiais ferromagnéticos, diamagnéticos e paramagnéticos?
R:
materiais ferromagnéticos (ferro, níquel, cobalto, aço): possuem uma permeabilidade magnética CENTENAS ou
MILHARES de vezes, maior que a do vácuo;
materiais paramagnéticos: possuem uma permeabilidade magnética LIGEIRAMENTE MAIOR que a do
vácuo;
materiais diamagnéticos: possuem uma permeabilidade magnética MENOR que a do
vácuo.
7. O que é campo magnético uniforme? Quais suas características?
R: Campo magnético uniforme é aquele no qual, em todos os pontos, o vetor B tem a mesma direção, o mesmo sentido e a
mesma intensidade.
8. O que é saturação magnética?
R: é a condição pela qual se atinge o limite máximo de magnetização permissível no
material.
9. O que é permeabilidade magnética?
R: é a facilidade com que um material permite estabelecer através dele, um fluxo magnético intenso. Sua unidade é [Wb /
A.m]. O valor da permeabilidade magnética do vácuo é igual a µo = 4p . 10-7 Wb/ A . m. Os materiais que não são
magnéticos (cobre, alumínio, madeira, vidro, ar, etc.) têm permeabilidade igual à do vácuo.
10. O que é relutância magnética?
R: é a oposição oferecida a condução do campo magnétcio. Um circuito de baixa relutância (como ferro e aço) pode conduzir
o campo com facilidade, materiais ferrosos tem baixa relutância, enquanto uma alta relutância (como o ar), apresenta um alto
grau de resistência no caminho magnético.
11. Explique o que é anisotropia cristalina?
R: Anisotropia é a característica que alguns materiais possuem de resistir numa determinada direção (por exemplo, paralela
ao esforço) e apresentar baixa resistência em outra (por exemplo, perpendicular ao esforço).
Como a redução das perdas é uma preocupação constante nos projetos elétricos é justificável se determinar, em cada conjunto
de cristais que formam determinado núcleo magnético, qual a direção em que se deve aplicar o campo magnético, isto porque
quando se aplica uma intensidade de campo magnético nas diversas direções de determinado cristal que compõe um material
magnético observa-se que a densidade de fluxo resultante varia de direção para direção, mostrando que a permeabilidade
magnética é uma função da orientação do campo aplicado, caracterizando, portanto, a existência de uma anisotropia
cristalina. Isto significa que, em dependendo da região, as perdas podem ser maiores ou menores..
12. O que é magnetostrição? Cite um de material que sofre este fenômeno e de um exemplo de aplicação?
R: A Magnetostrição (ou magnetoestrição) é a deformação elástica de um material ferromagnético quando seu estado
magnético é alterado. Alguns materiais, como o níquel e o cobalto, se contraem na direção do campo magnético aplicado,
enquanto outros, como ligas permalloy, se alongam..
Em máquinas elétricas, o fenômeno da magnetostrição é percebido através de ruídos durante a operação das mesmas.
Materiais magnetostritivos são utilizados na produção de ondas ultrassonicas (sonar), filtros elétricos e medidores de
deformação.
Em resumo são variações dimensionais do núcleo induzidas pela variação do
fluxo.
13. Com respeito à curva de histerese, o que representa a área interna da curva?
R: Perda de energia
14. Considerando a figura abaixo, identifique as várias etapas presentes de comportamento diferentes entre
o valor do campo H e a intensidade de fluxo magnético B.
Figura 3 - Curva de histerese.
R: Inicialmente, o núcleo do material em questão não está magnetizado e a corrente no enrolamento é nula, portanto a
magnetização também é nula. Quando a corrente no enrolamento aumenta, o fluxo e a densidade de fluxo também aumentam.
A curva descreve então a trajetória de o até a . Se a força magnetizante H continua a aumentar até o valor Hs , a curva
descreve a trajetória de a até b. Nesse ponto a curva entre em saturação e a densidade de fluxo deixa de aumentar, embora a
força magnetizante continue a aumentar. Reduzindo-se agora a força magnetizante até zero, a curva segue a trajetória b até c.
Nesse ponto, embora a força magnetizante seja nula, existe uma densidade de fluxo denominada de BR (densidade de fluxo
remanente). É a existência dessa densidade que torna possível a existência de imãs permanentes. Se a corrente elétrica for,
agora, invertida, causando o aparecimento de uma força magnetizante –H, o campo diminuirá à medida que a intensidade da
corrente aumentar.
A densidade de fluxo atingirá o valor zero quando H tiver atingido o valor –Hd (trecho cd da curva). Essa força Hd recebe o
nome de força coerciva . Se aumentarmos o módulo de –H até atingir novamente a saturação e depois invertermos seu sentido
até atingir novamente o valor zero, a curva descreverá a trajetória def. Se aumentarmos o valor da força magnetizante no
sentido positivo (+H) a curva descreverá a trajetória de f até b.
15. Explique como deve ser a curva de histerese para os materiais utilizados na construção de núcleos de
transformadores?
R: convém que o ciclo histerético do seu material seja de pequena
área..
A idéia é construir o núcleo de transformadores e máquinas rotativas de um material cujas moléculas tenham a maior
facilidade possível em reverter sua posição quando o campo magnético reverte sua posição. As perdas por histerese são
minimizadas através de tratamento térmico apropriado nas chapas de ferro-silício. As chapas são assim construídas de
maneira a terem propriedades magnéticas melhores segundo uma direção preferida.
16. Qual é a diferença entre materiais magneticamente doces e duros?
R: Materiais de pequenos valores de remanência e coercividade são denominados de “MAGNETICAMENTE DOCES”
enquanto que os que possuem altos valores são chamados de “MAGNETICAMENTE
DUROS”
17. Por que é necessário se aplicar a técnica de recozimento em certos materiais, como exemplo, núcleos
laminados?
R:Para que a permeabilidade do corpo não seja alterada evitando que as perdas de energia aumentem podendo atingir níveis
elevados.
18. Qual é a origem das correntes parasitas?
R: Os núcleos magnéticos que são envolvidos por bobinas sofrem o efeito da indução de forças eletromotrizes, quando sujeitos
a campos magnéticos variáveis. Essa força eletromotriz induzida cria, nos núcleos, correntes elétricas de grandeza
considerável, se o mesmo possuir baixa resistividade elétrica, o que provoca um aquecimento na material devido às perdas
Joule. Essas correntes elétricas são denominadas de correntes parasitas.
19. Quais são as medidas que podem ser tomadas no sentido de minimizar as correntes parasitas?R:
elevando-se a densidade do material, o que é obtido pela compactação de pós e conseqüente fabricação de ferrites
ou;
pela fabricação de núcleos de corpos não maciços, ou seja, núcleos laminados com as lâminas isoladas entre
si.
20. Quais os fatores que influenciam nas perdas no núcleo?
R:
composição adequada do
material,
tipo de laminação das chapas (a quente ou a
frio),
orientação dos grãos (anisotropia ) - a chapa já deve vir com os grãos orientados no sentido do
fluxo);
recozimento; corte das chapas (I, E, U e
L).
21. O que são núcleos compactados?
R: Os núcleos compactados são fabricados com pós metálicos e aditivos colocados em moldes adequados, que lhe dão a
necessária configuração. Esses pós apresentam características de resistividade bastante elevada, o que reduz aos níveis
necessários, as correntes parasitas, sendo praticamente isolantes elétricos com características ferromagnéticas. Não exigem
laminação e nem recozimento e podem adquirir qualquer formato com grande facilidade.
22. Caracterize imãs permanentes?
R: Quando o campo magnético externo é removido, o grau de alinhamento diminui e o campo no interior do material cai para
um valor, não necessariamente igual ao anterior, ou seja, a remoção da força magnetizante faz com que alguns domínios
voltem a ficar desalinhados. Essa perda do alinhamento, porém, não é total e os domínios alinhados remanescentes são os
responsáveis pela existência dos imãs permanentes.
23. Conforme visto uma corrente elétrica sempre produz um campo magnético. E na situação inversa, um
campo magnético produz uma corrente elétrica?
R:Sim
24. Quais afirmativas são verdadeiras:
I – Uma partícula eletrizada pode gerar isoladamente um campo elétrico ou um campo magnético,
conforme esteja em repouso ou em movimento, respectivamente; V
II – Uma agulha imantada é colocada numa região de um campo magnético. Ela se orienta na direção do
campo, estando seu pólo norte no sentido do campo. V
III – As linhas de indução de um ímã têm origem no pólo norte e terminam no pólo sul. V
IV – Uma bússola é colocada em paralelo com um condutor. Estabelecida a corrente no condutor, a
bússola se move e estaciona em uma posição que se afasta tanto mais da posição inicial quanto mais
intensa for a corrente. V
V – A corrente elétrica produzida por um campo magnético variável é denominada corrente induzida. V
VI – Dois condutores percorridos por correntes elétricas de mesmo sentido se repelem. F
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25. Explique como Oersted descobriu o eletromagnetismo. Qual o seu princípio básico?
R: Em 1820, o físico dinamarquês H. C. Oersted notou que uma corrente elétrica fluindo através de um condutor desviava uma
agulha magnética colocada em sua proximidade. Quando a corrente elétrica “ i ” se estabelece no condutor, a agulha
magnética assume uma posição perpendicular ao plano definido pelo fio e pelo centro da agulha.

26. Qual a diferença entre Campo Magnético Indutor H e Intensidade de Campo Magnético B?
R:a permeabilidade magnética µ do meio B=µx
H

27. Calcular a intensidade de campo magnético indutor H a 50 cm do centro de um condutor percorrido


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por uma corrente elétrica de 3 A. R: 0,96Ae/m I 3
H = = − 2 = 0,96 Ae
2 x π x r 2 x π x 50 x 10 m
28. Qual é a intensidade de campo magnético indutor H no ponto A da figura a seguir? R: 11,1Ae/m

(Fonte: CEFET/PR) R1=10cm; R2=6cm;


I1=2A; I2= 3A

I1 I2 2 3
H = + = − + − 2 = 11,14
Ae
2 x π x r 1 2 x π x r 2 2 x π x 10 x 10 2 x π x 6 x 10 m
2

29. Sejam dois fios de comprimento infinito, condutores, de seção reta desprezível, paralelos separados
por uma distância d. Se em algum ponto situado entre os fios o campo magnético for nulo, quando os
mesmos são percorridos por uma corrente elétrica, pode-se afirmar que:
a) as correntes têm o mesmo sentido;
b) as correntes têm sentidos contrários;
c) as intensidades e sentidos de correntes são iguais;
d) o enunciado está errado, pois o campo magnético jamais será nulo;
e) faltam dados para responder a questão.
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Professora: Margareth N. Silva
Disciplina: Máquinas Elétricas

30. Qual é a intensidade e o sentido da corrente Ι2, de modo que o campo magnético no ponto P seja nulo?
(Fonte: CEFET/PR)

190
1901
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I1 I2 2 I2
H = + =0 ⇒ −2 + −2 = 0
2 xπ x r1 2 xπ x r2 2 x π x 1 x 10 2 x π x 1,8 x 10
I2 2 I2
=− ⇒ = − 2 ⇒ I = 3,6 A ( sentido )
−2 −2 2 mesmo
2 x π x 1,8 x 10 2 x π x 1 x 10 1,8

31. Qual é o valor do campo magnético indutor H no centro de uma espira circular feita com um condutor
de 1m de comprimento e percorrida por uma corrente de 2 A?
R: Considere-se agora uma espira circular de raio r, percorrido por uma corrente I. Pode-se mostrar que a magnitude dos
campos num ponto P situado no eixo da espira à altura h do seu
centro é dada por
2 2

β = µ0
I r 1 r
e H =
(r ) (r )
3
2 2 3
+h +h
2 2 2 2
2 2

Em particular, no centro da espira (h = 0) verificar-se-á


µ0 I 1
β= e H =
2r 2r

r r
Relativamente à direcção e ao sentido dos campos, β e H são perpendiculares sao plano da espira com sentido relativo à
corrente I definido pela “regra da mão direita”.

l 1 I Ae
l =2xπ xr ⇒ r = = ≅ 0,1592m ⇒ H = ≅ 6,28 m
2xπ 2xπ 2r

191
1911
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32. Calcular o valor do campo magnético produzido por um condutor de 2 m de comprimento, percorrido
por uma corrente de 3 A nas seguintes situações:
a) quando este condutor for uma espira circular;
b) quando este condutor for uma espira quadrada.
Calcular, nas duas situações, o campo magnético no centro de cada espira.
Observação: Para calcular-se o campo magnético de uma espira quadrada, pode-se considerar cada lado da espira como
sendo um fio independente, que contribui para o campo magnético total no centro da espira. Porém, a equação da intensidade

de campo magnético do condutor:

é deduzida considerando-se o comprimento do fio infinito. Assim, o resultado obtido será


aproximado. O valor correto do campo da espira quadrada é dado pela seguinte equação:
onde d é a metade do lado do quadrado.
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l 2 I 3 4,71Ae
l=2xπ xr ⇒ r= = = ≅ 0,3183 m ⇒H = = ≅
1
2xπ 2xπ π 2r 0,6366 m

2 xI 2 x3 5,4 Ae
H= = ≅
π x d π x 0,25 m
R: 4,71Ae/m; 5,4Ae/m
-4
33. Determine a relutância de um circuito magnético se um fluxo de 4,2x10 Wb for estabelecido por uma
FMM=400Ae. Determine o campo magnético indutor H para uma bobina de 6 polegadas de comprimento.
R: 952,4kAe/Wb; 2624,67Ae/m
fmm 400 Ae fmm 400 Ae
ℜ= = = 952.380,95
Ae Ae
Wb ⇒≅ 952,4k Wb
H= = ≅ 2624,67 Ae m
Φ
-4
4,2x10 Wb l 0,1524

34. Se um campo magnético indutor H de 600Ae/m for aplicado a um circuito magnético, uma densidade
2
de fluxo de 0,12Wb/m é imposta. Encontre a permeabilidade µ de um material que produza o dobro da
densidade de fluxo original com o mesmo H. R: 0,0004 Wb/A.m

β 0,12Wb 2
µ= = m = Wb
Axm
0,0004
H 2 x 600Ae/m

35. Em um campo magnético indutor H = 100Ae/m é colocado um pedaço de material ferromagnético


cuja permeabilidade relativa é µR = 1600 para este valor de H. Calcular o valor da densidade de campo
magnético no interior do material.
−7
β = µ R x µ 0 x H = µ x H ⇒ β = 1600 x 4 x x 10 x 100 = 0,20 Wb
m2
π
µ ⇒ µ =µ xµ ⇒µ =4xπ −7
µR = 0 R 0 x 10
µ0 191
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36. Para o mesmo material do item anterior, quando H = 300Ae/m temos B=0,3T. Qual o valor da
permeabilidade relativa para H = 300Ae/m?

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1921
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− 0,3
β = µ R x µ0 x H = µ x H ⇒ 0,3 = µ R x 4 x π x 10 7 x ⇒ µR = − = 795,7
4 x π x 10 7 x 300
300
µ ⇒ µ =µ xµ ⇒µ −7
µR = 0 R 0 = 4 x π x 10
µ0

37. Uma espira de 30cm de diâmetro é submetida à circulação de uma corrente de 3A. Qual o valor da
densidade de fluxo no centro dessa espira, estando esta no ar? E se colocarmos um material com
permeabilidade relativa igual a 1000, qual será o novo valor de B? R: 12,56μT; 12,56mT.

3 −7
⇒H = = 10 ⇒ β = µ x H = 4 x π x 10 x 10 = 12,56 µT
−2
2 x π x 15 x 10
−7
β = µ x H = 1000 x 4 x x 10 x 10 = 12,56 mT
π
38. Na curva de magnetização da figura abaixo, em que trecho a permeabilidade do material é maior?
Justifique.´

R: Trecho 2 porque apresenta uma inclinação mais


acentuada, ou seja maior B
Se um campo magnético externo for aplicado à amostra,
haverá uma tendência para os minúsculos ímãs alinharem-
se com o campo magnético aplicado ou polarizarem-se
exatamente como uma agulha magnética tende a alinhar-se
com o campo da terra.
Para valores baixos de H (região 1) os domínios
aproximadamente alinhados com o campo aplicado crescem
em detrimento dos domínios adjacentes e menos
favoravelmente alinhados em uma transformação elástica
reversível. Isto resulta em um aumento na densidade de fluxo
B.
A partir daí (região 2), quando H é aumentado, a direção de
magnetização dos domínios desalinhados desvia-se em uma
transformação irreversível, contribuindo para um rápido
aumento de B. Em valores mais altos de H (região 3), as
direções de magnetização giram até que as contribuições de
todos os domínios estejam alinhados com o campo aplicado.
A partir de um certo valor, pode-se aumentar H sem que ocorra
efeito algum dentro do material ferromagnético, sendo que
neste caso o material é dito estar saturado (região 4).

193
1931
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39. O circuito magnético mostrado na figura abaixo é constituído de ferro fundido com comprimento
médio de 0,44m na seção reta quadrada de 0,02x0,02m. O entreferro tem comprimento de 2mm e o
enrolamento contém 400 espiras. Calcule a corrente I necessária para gerar um fluxo de 0,141mWb no
entreferro. R: 2,2A
R: O entreferro de ar (Air Gap) é a região do espaço (ar) contida entre os pólos de
um ímã. Como o artem alta relutância, as dimensões do entreferro de ar afetam o
valor da relutância de um circuito magnético. Quando um circuito magnético tem os
pólos bem afastados, com uma grande quantidade de ar entre eles, este apresenta
alta relutância devido ao espalhamento das linhas de campo nessa região.
Quanto menor o entreferro, mais forte o campo nessa
região.
Quando o entreferro é muito reduzido, o espraiamento pode ser desprezado.
A Densidade de Fluxo no entreferro, considerando-se o fator de dispersão

φ
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cd, pode ser dado por: β G =
AG x cd
A área da seção transversal do entreferro AG é a mesma do núcleo magnético AN.
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* Espraiamento é a tendência do fluxo se abrir nas extremidades do entreferro.


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N x I = H n x ln + H G x N x I = Hn x ln + HG x lG
lG −3
φG 0,141x− 10
β = = = 0,3205T
0,141 x 10
−3
AG x 4 x 10 x N x I = H n x ln + H G x lG = 510 + 374 = 884
βn = φ
n
= − = 1,1
cd
0,3525
An 4 x 10 G
β 0,3205 884
H = G= = I= = 2,2 A
255.009,63 −
G
µ 0 4 x π x 10 7 400
Da curva de magnetizaç ão p/ o ferro fundido : H x l = −3
Ae
G G 210.751,76 x 2 x 10 = 510m
H G x lG = 850 x 0,44 = 374 Ae
m

40. Explique as Leis de Faraday e Lenz.


R:
Faraday descobriu que um campo magnético estacionário próximo a uma bobina, também estacionária e ligada a uma
galvanômetro, não acusa a passagem de corrente elétrica. Observou, porém, que uma corrente elétrica temporária era
registrada no galvanômetro quando o campo magnético sofria uma variação. Este efeito de produção de uma corrente em um
circuito, causado pela presença de um campo magnético, é chamado de indução eletromagnética e a corrente elétrica que
aparece é denominada de corrente induzida.
Segundo a lei de Lenz, o sentido da corrente é o oposto da variação do campo magnético que a gera. Havendo diminuição do
fluxo magnético, a corrente criada gerará um campo magnético de mesmo sentido do fluxo magnético da fonte. Havendo
aumento, a corrente criada gerará um campo magnético oposto ao sentido do fluxo magnético da fonte.
41. Uma maneira, muito comum, de distinguir macroscopicamente os três comportamentos magnéticos da
matéria é a seguinte:
a) As substâncias diamagnéticas quando colocadas num campo magnético externo provocam um
enfraquecimento (aproximação das linhas de força) do campo no seu interior.
b) As substâncias paramagnéticas, nas mesmas circunstâncias, provocam um grande reforçamento
(adensamento das linhas de força) do campo no seu interior.
c) As substâncias ferromagnéticas, nas mesmas condições provocam um grande reforçamento da ordem de milhão de vezes do
campo no seu interior.
42. A maneira mais simples de evidenciar e caracterizar os diferentes comportamentos magnéticos das
substâncias consiste em colocá-las num campo magnético não-uniforme. Colocando neste campo amostras
de substâncias não ferromagnéticas, verificamos que algumas, como o alumínio, por exemplo, são atraídas
para a região de campo mais intenso enquanto que outras, como o bismuto, por exemplo, são repelidas
dessa região (ou seja, são atraídas para a região de campo menos intenso).
Em ambos os casos, as forças são um milhão de vezes mais fracas que a força com que um pedaço de
ferro colocado nesse mesmo campo seria atraído para o interior do mesmo.
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Como são chamadas as substâncias, que como o bismuto, são repelidas das regiões de campo mais
intenso?
R: Diamagnéticas
43. Sabemos que uma corrente elétrica passando por um condutor dá origem a um campo magnético em
torno deste. A este campo damos o nome de:
R:Eletromagnético
44. Dentre as alternativas abaixo todas estão correta, EXCETO:
( ) É importante salientar que a permeabilidade magnética de um material é constante e depende da força externa de
magnetização.
( ) permeabilidade magnética é definida como sendo a facilidade com que um material pode ser
magnetizado, e é representado pela letra “µ“. É um número adimensional, isto é, não possui unidade, pois
é uma relação entre duas grandezas.
( ) permeabilidade magnética de um material é a relação entre a condutividade magnética do material e a
condutividade magnética do ar
( ) permeabilidade magnética é a relação entre o magnetismo adquirido pelo material ( B ) pela presença
de um magnetismo externo e a força de magnetização externa ( H ).
45. Dentre as alternativas abaixo somente uma é correta. Qual?
( )A fem induzida num circuito é proporcional ao fluxo magnético através do
circuito.
( )Pode haver uma fem induzida no instante em que o fluxo através do circuito é nulo.
( )A fem induzida num circuito sempre diminui o fluxo magnético através do circuito.
( )A lei de Faraday pode ser deduzida da lei de Biot-Savart.
46. Quando aplicamos um campo magnético externo variável numa peça ferromagnética, esta se
magnetiza, até o ponto de saturação. Ao desligarmos o campo magnético externo, o que ocorre com a
peça?
( )a peça perde o magnetismo.
( )a peça perde o magnetismo, porém permanece aquecida.
( )a saturação magnética permanece inalterada.
( )o magnetismo da peça reduz no mesmo sentido, porém um resíduo magnético sempre permanece na
peça.
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47. Qual das alternativas abaixo caracteriza o conceito dos materiais ferromagnéticos, diamagnéticos e
paramagnéticos, respectivamente?
a) São materiais cuja direção do campo adicional é a mesma do campo externo, portanto, o campo
resultante é maior que o campo externo; são materiais cuja direção do campo adicional (formado através
da teoria dos domínios) é oposta à do campo externo fazendo com que o campo resultante seja menor que
o campo externo; são materiais que se caracterizam por uma magnetização espontânea, que é totalmente
independente de campos magnéticos externos.
b) São materiais que se caracterizam por uma magnetização espontânea, que é totalmente independente de
campos magnéticos externos; são materiais cuja direção do campo adicional é a mesma do campo externo,
portanto, o campo resultante é maior que o campo externo; são materiais cuja direção do campo adicional
(formado através da teoria dos domínios) é oposta à do campo externo fazendo com que o campo
resultante seja menor que o campo externo; são materiais.
c) São materiais que se caracterizam por uma magnetização espontânea, que é totalmente independente de campos magnéticos
externos; são materiais cuja direção do campo adicional (formado através da teoria dos domínios) é oposta à do campo
externo fazendo com que o campo resultante seja menor que o campo externo; são materiais cuja direção do campo adicional
é a mesma do campo externo, portanto, o campo resultante é maior que o campo externo;
d) São materiais cuja direção do campo adicional (formado através da teoria dos domínios) é oposta à do
campo externo fazendo com que o campo resultante seja menor que o campo externo; são materiais;;são
materiais cuja direção do campo adicional é a mesma do campo externo, portanto, o campo resultante é
maior que o campo externo; são materiais que se caracterizam por uma magnetização espontânea, que é
totalmente independente de campos magnéticos externos.
48. Coloque V ou F nas afirmativas abaixo caso as mesmas sejam verdadeiras ou falsas, respectivamente.
(V) Para um determinado material ferromagnético existe uma relação peculiar entre a indução magnética e
os valores do campo elétrico que os cria, a que se dá o nome de ciclo histerético.
(V) O ciclo histerético revela a energia posta em jogo durante o processo de magnetização do material
ferromagnético.

(V) Sendo as perdas por histerese calculadas através da equação . De onde se pode
concluir a sua dependência direta da freqüência, ou seja, se um determinado material magnético é
magnetizado por meio de uma corrente contínua, as perdas por histerese são nulas.
(V) Conclui-se, portanto, que durante um ciclo de magnetização, uma quantidade de energia,
proporcional á área do ciclo histerético, não é devolvida, sendo gasta no trabalho de orientação dos
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domínios magnéticos. Esta energia é dissipada sob a forma de calor, constituindo as chamadas perdas por
histerese.
49. Um condutor singelo, de 0,46m de comprimento, é movido por uma força mecânica
2
perpendicularmente a um campo magnético uniforme de 0,78 wb/m , cobrindo uma distância de 18,29m
em 1 segundo. Calcule:
a) a fem induzida instantânea; E=B x l x v = 0,78 x 0,46 x 18,2 =6,56 volts
b) a fem induzida média (quando a densidade de fluxo B e a velocidade relativa do condutor ou do campo
são uniformes, os valores instantâneo e médio da fem induzida são os mesmos).
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Wb m
φ = B x A = 0,78 x (0,46m x 18,29 )=
m
2 6,56Wb s
R:
φ 6,56Wb
em = = = 6,56 volts
t 1s
50. o condutor do exercício 49 é acionado por uma máquina primária à mesma velocidade, mas a um
ângulo de 75º com relação ao mesmo campo (em vez de 90º). Calcule a fem induzida instantânea e a
média.
R: E=B x l x v x senθ = 0,78 x 0,46 x 18,29 x 0,96
=6,29volts
51. Uma bobina quadrada de 100 mm de lado e com 250 espiras, gira à razão de 60 revoluções por
segundo, com seu eixo perpendicular a um campo magnético uniforme, cuja densidade de fluxo é de 40
o
militeslas. A bobina parte da posição de fluxo concatenado nulo (θ=0 )
Calcular:
(a) a f.e.m. máxima induzida (emáx.);
(b) a f.e.m. instantânea quando a bobina descreveu ângulo θ = 1 radiano (e1);
(c) a f.e.m. média (em);
(d) a freqüência angular (ω);
(e) instante no qual a bobina atinge pela primeira vez sua f.e.m. máxima induzida.
R:
Ajustes para unidades coerentes: densidade de fluxo B = 40 mT = 0,04 T; comprimento do lado da bobina c = 100 mm = 10
cm = 0,1 m; freqüência de rotação da bobina f = 60 r.p.s. = 60 Hz; raio de giro da bobina r = c/2 = 0,05 m; ângulo de giro
q
o
= 1 radiano = 57,3 .
(a) A cada volta completa de uma espira da bobina, temos dois comprimentos c ativos, logo o comprimento efetivo do
condutor da bobina será L = 2.c.250 = 2 . 0,1 . 250 = 50 m.
Velocidade tangencial do condutor periférico V = 2.p.f.r = 2 . 3,14 . 60 . 0,05 = 18,84
m/s.
F.e.m. máxima induzida Emáx.= B.L.V = 0,04 . 50 . 18,84 = 37,68 volts
Resposta (a): Emáx. = 37,68 volts
o
(b) sen(57,3 ) = 0,8415 (obtido pela calculadora ou tabela
trigonométrica) F.e.m. instantânea e1 = Emáx..senq = 37,68 . 0,8415 =
31,7 volts
Resposta (b): e1 = 31,7 volts
2 2 2
(c) área da bobina quadrada A = c = 0,1 = 0,01 m
fluxo máximo concatenado com a 1 espira fmáx.esp. = B.A = 0,04 . 0,01 = 0,0004 weber = 0,0004 Wb
fluxo máximo concatenado com a bobina de n = 250 espiras fmáx.bob. = n.fmáx.esp. = 250 . 0,0004 = 0,1 Wb por
revolução. A variação de fluxo, desde zero até seu valor máximo e de máximo até o retorno a zero, ocorre 2 vezes para cada
meia-
revolução, donde a variação total Df = 2 . 2 . 0,1 = 0,4 Wb a cada volta completa, ou seja, durante o intervalo de tempo ∆t = 1
período = 1/f = 1/60 s.
A f.e.m. média induzida, em cada período, será (lei de Faraday): Em = Df/Dt = 0,4/(1/60) = 0,4 . 60 = 24
volts. Resposta (c): Em = 24 volts
(d) freqüência angular w = 2pf = 2 . 3,14.60 = 376,8 rad/s
. Resposta (d): w = 376,8 rad/s
(e) A primeira f.e.m. máxima induzida ocorrerá quando o fluxo também for máximo pela primeira vez, ou seja, após o
o
primeiro quarto de volta (90 ). Em outras palavras, ao completar o primeiro quarto de período, logo, t = T/4 = (1/f)/4 = 1/4f
= 1/4.60 =
1/240 = 0,004 s.
Outro modo de ver isso é escrever a equação geral da f.e.m. induzida: e = Emáx..sen(2pf.t) e determinar para que valores de t
a f.e.m. torna-se igual à Emáx.; logo Emáx. = Emáx..sen(2p.60.t) ou sen(120p.t) = 1. Assim, a equação é satisfeita para 120p.t =
k.p/2 , com k inteiro. Simplificando, 120.t = k/2. O menor dos k, positivo, é 1, logo: t = 1/240 = 0,004 s.
Resposta (e): t = 0,004 s
52. Calcule a indutância de uma bobina na qual
a) uma corrente de 0,1 A dá uma energia armazenada de 0,05J.
R: uma das formas de se identificar o parâmetro indutância é em termos de quantidade de enrgia armazenada no seu campo
2W 2 x 0,05
magnético, correspondente à sua corrente instatânea, logo L= = 2 = 10H
I
2 0,1

b) o crescimento linear de uma corrente de zero a 0,1 A em 0,2s produz uma tensão de 5V.
R:Um indutor linear é aquele para o qual o parâmetro indutância é independente da corrente.
VL
di  amp = 0,1 = 0,5 am Declividade: L
 s
 s
0,2
dt


5
L= =
 di  amp
10H
0,5
 
 dt  s
c) uma corrente de 0,1 A aumentando numa razão de 0,5 A/s representa u fluxo de potência de ½ W.
1
2 x
R: W =1 2 = 2 = 100H
LI ⇒ L=
2 2 0,12
W
2
I
53. Calcular quantas espiras precisaremos enrolar num tubo de 1 cm de diâmetro para preencher 1 cm de
comprimento e obter uma bobina de 100 uH de indutância.
R: Para solenóides ou bobinas cujos comprimentos não sejam maiores que o diâmetro além de 1,5 vezes, vale a seguinte

fórmula:

O valor 1,256 é uma constante obtida experimentalmente de modo a adequar os resultados práticos obtidos,
Esta fórmula será válida para solenóides com comprimentos na faixa de 0,1 a 2 cm e com diâmetros de 0,2 a 1 cm.
Devemos então enrolar 100 espiras no tubinho. A escolha do fio depende de dois fatores: ou vamos escolher o fio em função
da corrente no circuito ou de modo que as espiras fiquem lado a lado no comprimento. Podemos também enrolar as bobinas
com várias camadas.
54. Qual o número de espiras que deve ser enrolado num núcleo de ferrite de 1 cm de diâmetro por 2 cm
de comprimento com permeabilidade 2 000 para termos uma bobina de 1mH de indutância?
R: Com a introdução de materiais ferromagnéticos numa bobina, conseguimos uma concentração das linhas de força do
campo magnético. Assim, podemos ter maior precisão na obtenção de uma certa indutância, como também, podemos fazer isto
com menor número de espiras. Para o caso de bobinas cilíndricas, o núcleo de material ferromagnético terá o mesmo formato.
Entra então na fórmula o fator que indica o «poder de concentração» das linhas de força do campo magnético pelo material
usado no núcleo. Para o ar este fator está próximo de 1, enquanto para materiais ferrosos este fator pode estar entre 100 e 2
000. Temos então a
fórmula:

Temos então:
-3
L = 1mH ou 10
d= 2cm
µ =
2.000
Usamos em primeiro lugar usamos a equação abaixo para calcular S e de posse de S, calculamos o nº de espiras.

−3 8

200
2002
10 x 2 x 10
n= = 5 espiras
1,256 x 3,14 x 2000

Onde:
n é o número de espiras da bobina
L é a indutância em Henry
C é o comprimento da bobina em
cm
S é a área abrangida pela espira em centímetros quadrados
u é a permeabilidade do material usado no
núcleo
A utilização de núcleos aumenta a indutância, mas oferece ainda uma outra possibilidade importante para o projetista. Com
um núcleo que se movimente no interior da bobina, podemos variar sua indutância e assim ajustá-la para o ponto ideal de
funcionamento, como por exemplo, num circuito ressonante. Assim, conforme a aplicação é interessante enrolar o indutor
numa fôrma que admita um núcleo móvel.

201
2012

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