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ECOSSISTEMA

URBANO.
INTER-RELAÇÃO E
INTERDEPENDÊNCIA
DOS FENÔMENOS
AMBIENTAIS
Profa. Virginia Maria Dantas de Araújo
Conceituação Básica
(ALVA, 1997)
Cidade – é o produto histórico da atividade humana num
determinado lugar: é a memória material construída com
edificações, redes viárias, sistemas de serviços básicos,
instalações e artefatos de uso público e privado. Tudo isso
constitui-se no meio ambiente para o habitante da cidade.

Meio Ambiente Construído (principalmente as cidades) – é o


ambiente “natural” para uma parte cada vez maior de
habitantes do planeta.

Qualidade Ambiental – é conjunto de condições externas que


maximiza a sensação de bem-estar do indivíduo e da
comunidade.
Qualidade Ambiental Urbana

é um estado de adequação relativa


do meio ambiente urbano as
demandas ambientais de uma
comunidade territorial
determinada.
Valores Incorporados às
Condições Ambientais Urbanas
MATERIAIS SOCIAIS PSICOLÓGICAS

Moradia Trabalho remunerado Tranqüilidade

Qualidade da água Acesso à educação Segurança

Qualidade do ar Serviços de saúde Participação

Limpeza do espaço público Acesso à informação Respeito

Infra-estrutura básica Serviços de transporte Cordialidade

Serviços de abastecimento Serviços de comunicação Harmonia

Conforto térmico, acústico, Acesso à justiça Eficiência


etc.

Fonte: ALVA(1997:68)
Ecossistema Urbano
Conjunto de elementos, processos e inter-
relações de tipo físico, químico e biológico
característicos do meio urbano.
Se trata de um ecossistema muito diferente dos
ecossistemas naturais, já que a cidade constitui
um meio artificial, adaptado às necessidades da
espécie humana e não às espécies vegetais e
animais. Tanto o clima e os fluxos energéticos,
como o ciclo de nutrientes e sua estrutura
espacial e biológica diferem sensivelmente dos
ecossistemas naturais.
Fonte : GARCIA,1999
Conforto Ambiental Urbano
Conjunto de condições climáticas
(especialmente térmicas) em uma cidade
ou área urbana, que proporcionam uma
sensação de bem estar climático.
Corresponde a situação onde os
mecanismos termoreguladores do
homem são mínimos, definido por
intervalos térmicos entre os quais um
maior número de pessoas manifestam
sentir-se bem.

Fonte : GARCIA, 1999


Clima Urbano
Clima próprio das cidades e áreas
urbanas, objeto de estudo
preferencialmente da Climatologia
Urbana. Em princípio corresponde-se
com as características do clima original
da região onde se situa a cidade,
modificadas localmente pelo trecho
urbano.

Fonte : GARCIA,1999
Climatologia Urbana
Parte ou especialidade da
Climatologia que tem como objeto
de estudo principal o conhecimento
preciso dos mecanismos próprios
do clima urbano e a avaliação
climática causada pelas cidades.

Fonte: GARCIA,1999
Pecularidades do
Ecossistema Urbano
•  Produção e consumo de energia secundária em
grande escala;

•  Importação e canalização de água, assim como um


incremento das importações e exportações de
outros materiais, com a acumulação de uma enorme
quantidade de dejetos e lixo gerados pelo homem;

•  Baixa ou insignificante produção primária, com um


desequilíbrio em favor da atividade consumidora do
homem;
Pecularidades do
Ecossistema Urbano
•  Mudanças no perfil do solo e alterações da
topografia provocados por movimentos de terras em
grande escala e por pavimentação, escavações e
compressão da superfície;

• Aumento da contaminação do ar, do solo e da água;

•  Mudanças significativas nas populações vegetais e


animais, com um marcado descenso das espécies
autóctones e, em consequência, um aumento de
espécies adaptadas,

•  Clima alterado, tipicamente urbano.


Modificações ou Alterações
Climáticas Causadas pela
Urbanização
•  A superfície natural substituída ou recoberta por
construções diversas de edifícios que formam um
conjunto denso e compacto, o que provoca uma
rugosidade que modifica o movimento do ar na
superfície. Se reduz a velocidade do vento na
superfície e , com o tempo, se aumenta, em geral,
a turbulência.

•  A substituição do solo natural por diversos


tipos de pavimentos, assim como os sistemas de
drenagem urbanos, que permitem um escoamento
rápido, provocam uma redução da evaporação e
da umidade da superfície e do ar.
Modificações ou Alterações
Climáticas Causadas pela
Urbanização
•  O calor gerado pelas atividades humanas na
cidade constitui um fator importante que modifica
também o balanço de energia. Este calor
antropogênico, junto com os efeitos da
rugosidade urbana e as características térmicas
das envoltórias dos edifícios provoca um aumento
da temperatura do ar em comparação com o
entorno. Também aumenta a conveção, a qual
provoca um aumento da nebulosidade e, por
conseguinte, da precipitação.
Modificações ou Alterações
Climáticas Causadas pela
Urbanização
•  A presença de uma elevada proporção de
partículas procedentes dos processos de
combustão urbanas e industrias aumenta a
turbidez atmosférica. Com ela, a visibilidade
diminui, a radiação solar (sobretudo no espectro
de ondas curtas) sofre atenuação, e ainda,
aumenta a possibilidade de nuvens.
Modificações ou Alterações
Climáticas Causadas pela
Urbanização
•  A superfície natural substituída ou recoberta por
construções diversas de edifícios que formam um
conjunto denso e compacto, o que provoca uma
rugosidade que modifica o movimento do ar na
superfície. Se reduz a velocidade do vento na
superfície e , com o tempo, se aumenta, em geral,
a turbulência.

•  A substituição do solo natural por diversos


tipos de pavimentos, assim como os sistemas de
drenagem urbanos, que permitem um escoamento
rápido, provocam uma redução da evaporação e
da umidade da superfície e do ar.
Conceitos de Clima
O Conjunto das condições
atmosféricas caracterizado pelos
estados e evolução do tempo no
curso de um período
suficientemente longo, em um
domínio espacial determinado.
(OMM)
Conceitos de Clima

A série dos estados da


atmosfera, em sua sucessão
habitual.
(Max Sorre apud Oliveira, 1988)
Conceitos de Clima
Uma Integração no tempo dos
estados físicos do ambiente
atmosférico característico do
sítio; tempo, como cada um
dos estados considerados
isoladamente.
(Koenigsberger et al, 1977)
Conceitos de Clima
O clima de uma dada região é
determinado pelo padrão de
variação dos elementos
climáticos que devem ser
considerados no desenho dos
edifícios e no conforto humano
(Givoni, 1976)
Os Fatores Climáticos Globais
Radiação solar
Quantidade / Qualidade / Inclinação do
eixo terrestre / Equilíbrio término terrestre

Latitude

Altitude

Ventos

Massas de água e terra


Composição da
Ulravioleta Radiação Solar

Luz Visível Infravermelho

Fonte : CROWTHER (1977); In : ROMERO, 1988


O Padrão Diário e Anual de
Energia Solar Sobre a
Superfície da Terra
•  É função de :
Intensidade da radiação solar

Duração da presença do sol


na abóbada celeste
Intensidade da Radiação Solar
•  Aumenta com a altitude
•  diminui inversamente ao quadrado das distâncias do
sol
•  É função do ângulo de incidência dos raios solares
(posição do sol e da terra)
•  A quantidade de nuvens e outros constituintes
atmosféricos como os aerossóis e o CO2, também
afetam o volume da energia solar que alcança a
superfície terrestre
A Posição do Sol
Altura Horizonte

Azimute

Altura

Azimute
Fonte : ROMERO, 1988 (Adaptado de BARDOU E WRIGHT, 1980)
A Posição da Terra 2
1 3

4
1
Primavera/
Outono
Outono / 2,4
primavera

3
Fonte : ROMERO, 1988
Incidência da Radiação
Solar Segundo a Latitude

EQUADOR

N S
60º

45º

30º

30º
75º

45º

60º

75º
15º
15º

Fonte : ROMERO, 1988


Fenômeno de Absorção /
Reflexão da Radiação
Solar na Terra

Radiação Solar

Energia cinética
(Ventos) Absorção
Atmosférica

Calor Absorção
laten
te da Terra Calor

Fonte : CROWTHER (1977); in: ROMERO, 1988


Fenômenos de Absorção e
Reflexão da Radiação Solar
Reflexão
Superfície de Areia

Superfície de Emissão
Neve

Superfície da Água Absorção

Fonte : ROMERO, 1988


Radiação Terrestre

Espaço
Emissão do Solo
Evaporação

Atmosfera
Emissão
Atmosférica

Fonte : ROMERO, 1988 (Adaptado de Bordou, 1980 ).


Movimento do Ar Devido a
Rotação Terrestre
N
VENTOS POLARES

VENTOS DO OESTE

VENOS ALÍSIOS

S
Fonte : ROMERO (1988)
Diagrama dos ventos no globo
terrestre

VENTOS POLARES
Frente subpolar
Alta pressão polar

VENTOS DO OESTE
r
ola
bp
su

Alta pressão
al
pic subtropical
nte

tro
Fre

sub
o ALISIOS

pres DE
a
Alt NORDESTE

Frente tropical Frente


Tropical

ALISIOS
DO
SUDESTE

Alta pressão
subtropical

VENTOS DO OESTE

Frente subpolar
VENTOS POLARES

Fonte : Adaptado de KOENIGSBERGER et alli (1977).


As Brisas do Mar e o Relevo

Fonte : ROMERO (1988)


Fatores Climáticos
Locais
Topografia
Declividade / orientação / Exposição / Elevação

Vegetação

Superfície do solo
Natural ou Construído / Reflexão /
Permeabiliade / Temperatura / Rugosidade

Fonte : ROMERO (1988)


Influência do Relevo
no Microclima
Massas de
Ar Frio
Vento
Radiação
Sombra

Fonte : Bardou / Arzoumanian (1980); In: ROMERO, 1968


Efeito Regulador da Vegetação nas
Radiações de Grande Comprimento
de Onda
ABSORÇÃO
Difusão Solar
SOLAR

Premissão

Emissão Fraca
(da folhagem para o solo) Emissão intensa
Emissão Fraca
(do solo para a folhagem)

Fonte : ROMERO, 1988; Adaptado de Izard / Guyot (1980).


Variações das Temperaturas em Função das
Características das Superfícies do Solo, num
Clima Quente e Seco, com Temperatura do Ar de
42ºC

43º 38º 32º 35º 52º

Fonte : KONYA, 1980


Absorção de Calor em Diferentes
Materiais Superficiais

A) Pavimentação

B) Gramado

C) Terreno Natural

Fonte : KONYA, 1980


Elementos
Climáticos
TEMPERATURA
Valores médios / Variações / Valores extremos/
Diferenças térmicas entre o dia e a noite

UMIDADE DO AR
Absoluta / Relativa / Pressão de vapor

PRECIPITAÇÕES
Chuva / Neve (todo tipo de água que se
precipita da atmosfera)

MOVIMENTO DO AR
Velocidade / Direção / Mudanças
diárias e estacionais
Caracterização dos climas tropicais

Fonte : ROMERO, 1988


Elementos do clima a serem controlados
Fonte: Bustos Romero, 1988.

Elementos a
Estações quente-secas Estações quente-úmidas
controlar
Reduzir a produção de calor (diminuir
Reduzir a produção de calor devido a
a temperatura). Procurar a perda de
Temperatura condução e convecção dos impactos
calor pela evaporação e pela
externos.
convecção.
Nas regiões sem inverno: diminuir o
movimento do ar durante o dia e
Ventos ventilar à noite. Nas regiões com
Incrementar o movimento do ar.
inverno: diminuir o movimento do ar.
Evitar a absorção de umidade e
Aumentar a umidade com a
Umidade introdução de superfícies de água.
diminuir a pressão de vapor.
Promover a evaporação.
Nas regiões sem inverno: reduzir a
absorção de radiação e promover sua
Radiação perda. Nas regiões com inverno:
Reduzir a absorção de radiação.
reduzir as perdas de calor à noite.

Mínima proteção nos espaços Máxima proteção nos espaços


Chuvas públicos. públicos.
PRINCÍPIOS PARA AS REGIÕES TROPICAIS DE CLIMA QUENTE-SECO

Verificam-se grandes variações climáticas diuturnas;


§  Os ventos possuem relativa importância;
§  A radiação solar é intensa e a difusa é baixa;
§  As massas de ar quente conduzem partículas de pó em suspensão;
§  A umidade é baixa;
§  As regiões são divididas em: com inverno e sem inverno.

PRINCÍPIOS PARA ESCOLHA DO SITÍO


A) Localização, Ventilação e Iluminação
Sem Inverno
Com Inverno
§  A localização deve aproveitar as
§  A localização deve proteger-se
contra o vento nas épocas ou horas depressões para beneficiar-se dos
frias; fluxos de ar frio que ai se
§  Contra o sol no período quente; verificam;

§  Captar o sol no período frio. §  Evitar depressões de fundo de vale.
PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA DO TECIDO URBANO – CLIMAS QUENTES E SECOS

A) A Forma
Com Inverno

§  A ocupação do espaço deve ser densa;


§  Oferecer superfícies para a exposição ao sol nos períodos frios.

Sem Inverno

§  A ocupação do espaço deve ser densa e


sombreada;
§  A forma deve ser compacta e oferecer
a menor superfície possível para a
exposição à radiação solar.

Fonte: www.ylcint.com
PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA DO TECIDO URBANO – CLIMAS QUENTES E SECOS

B) As Ruas

§  Devem ser estreitas e curtas com mudanças de direção constantes para
diminuir e impedir o vento indesejável.

§  A orientação para as ruas que permitem sombrear um lado é


aconselhável, favorecendo assim o deslocamento dos pedestres.

C) Os Lotes

§  Os lotes devem ser estreitos e longos e as edificações contíguas

D) O Tamanho dos Espaços Públicos

§  Devem ser de pequenas proporções com presença de água e sombreados


pelos edifícios altos e por dispositivos complementares.
Desenho Urbano – Quente-seco

Ruas/Sombras

Localização

Lotes/Orientação /Pátios Fonte: Bustos Romero (2000)


Exemplo
Assentamento típico em uma região
de clima quente-seco: Marakesh
Fonte: Koenigsberger et al (1975)

- espaços compactos
-  ruas estreitas e sombreadas
-  ruas sinuosas com mudança de
direção
-  pátios interno

Assentamento recente de baixo custo em


clima quente-seco: Argéria
Fonte: Koenigsberger et al (1975)

-  ruas largas
-  há penetração do sol
-  permissividade ao fluxo de ar quente com
transporte de poeira
PRINCÍPIOS PARA AS REGIÕES TROPICAIS
DE CLIMA QUENTE-ÚMIDO
§ Verificam-se pequenas variações de temperatura diárias e estacionais.
§ A radiação difusa é muito intensa.
§  A umidade do ar é elevada.
§  O controle deve tender a:
§  Diminuir a temperatura;
§  Incrementar o movimento do ar;
§  Evitar a absorção da umidade;
§  Proteger das chuvas e promover o
seu escoamento rápido.

PRINCÍPIOS PARA ESCOLHA DO SITÍO

A) Localização, Ventilação e Iluminação

§  A localização deve se dar em lugares altos e abertos aos ventos;


§  Na orientação, a direção dos ventos é o elemento preponderante;
§  As declividades naturais do sitio devem ser preservadas e/ou
criadas para auxiliar o escoamento rápido da água das chuvas;
§  O dreno deve ser favorável para diminuir o alto índice de vapor
d’água contido no ar;
PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA DO TECIDO URBANO – CLIMAS QUENTES E
A) A Forma ÚMIDOS

§  O tecido urbano deve ser disperso, solto, aberto e extenso para permitir a
ventilação das formas construídas;

§  As construções devem estar separadas para permitir a arborização;


§  Nas áreas adensadas, os edifícios altos devem ser implantados entre os
mais baixos para permitir a ventilação.
PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA DO TECIDO URBANO –
B) As Ruas CLIMAS QUENTES E ÚMIDOS
§  Orientá-las para que sejam
sombreadas através do traçado ou
da introdução de elementos
(vegetação, portais, marquises,
dimensões diferenciais das
calçadas);
§  Os caminhos de pedestre devem ser
curtos e sombreados;
§  As superfícies gramadas devem
substituir as pavimentadas.
C) Os Lotes
§  Nas regiões quente-úmidas de baixa densidade as dimensões dos lotes
devem ser mais largas que compridas.
§  O alinhamento das edificações não deve ser rígido, permitindo a
circulação do ar abundantemente.

D) O Tamanho dos Espaços Públicos


§  Não devem ser de grandes dimensões.
§  Os espaços abertos devem prevalecer e serem arborizados.
§  Para caminhos só de pedestre, a sombra deve ser densa.
§  Para caminhos de pessoas e veículos a sombra deve ser mas leve.
Desenho Urbano – Quente-úmido
Localização

Lotes/Sombras

Ruas/Rugosidade Fonte: Bustos Romero (2000)

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