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RESUMO
Palavras-chave
1 INTRODUÇÃO
objectivo melhorar o capital fixo da empresa – o principal recurso – o que exigia uma
certa rigidez do processo produtivo, num mercado perfeitamente estandardizado. No
entanto, desde alguns anos a esta parte, o uso intensivo em TIC provocou uma
transformação do paradigma onde assentavam as economias modernas. As formas de
apelidar esta alteração são diversas, desde economias pós-industriais (dando ênfase à
descontinuidade com a economia industrial) a economias pós-fordistas (evidenciando o
fim do paradigma organizativo baseado na especialização e parcelamento do processo
produtivo). A expressão que adopto para esta nova fase é a de uma economia baseada
no conhecimento e esta pode definir-se como a economia baseada na produção,
distribuição e uso do conhecimento e informação. No entanto, do ponto de vista teórico,
a importância crescente do conhecimento e de actividades inovadoras como principais
motores do crescimento económico não são um fenómeno recente. De facto desde os
economistas clássicos a Schumpeter que sempre foi dada uma grande importância à
inovação e à acumulação de conhecimento como veículo para o crescimento
económico a longo prazo. Agora, as razões pela qual o conhecimento ganhou nos
últimos anos um protagonismo maior que o verificado até aí são aquelas já referidas
anteriormente: o desenvolvimento de indicadores, métodos de medição e utilização das
TIC. A justificação estatística deste processo de evolução foi levado a cabo pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que ao
analisar os sectores dos serviços
intensivos em conhecimento tais
como a educação, comunicação e
informação constata que estão a
crescer muito rapidamente,
estimando-se mesmo que mais de
50% do PIB das principais
economias pertencentes à OCDE
estão baseadas no conhecimento
(Figura 1).
Figura 1: Valor Real Acrescentado dos Serviços Baseados
no Conhecimento
Sistemas de
Informação
Tecnologias
Sistemas de Tecnologias
Informação
A gestão da empresa da “Nova Economia” tende a ser cada vez mais complexa.
Existem princípios e teorias que se mantêm (benchmarking, gestão de conhecimento,
etc.), mas vão se incorporando novas visões e formas de gerir adequadas ao novo
ambiente, utilizando obviamente as possibilidades apresentadas pelas TIC.
Por seu lado, a relação entre os agentes que intervêm na gestão empresarial são
também mais complexas, requerendo uma maior proximidade, transparência e
confiança. Para tal é talvez necessário estabelecer um vínculo que não seja
meramente contratual, concebendo-se a empresa como um projecto aberto. É claro
que este projecto aberto não deve ser realizado apenas com o exterior, ou seja é
necessário uma interacção entre a empresa e o trabalhador que estabeleça novos
cenários, naquilo a que poderemos designar de projecto compartido. A aplicação das
TIC a ambos projectos propicia a criação da empresa virtual em que as barreiras do
tempo e do espaço desaparecem completamente. É claro que definir e desenhar o
futuro é, cada vez mais, uma tarefa complicada sendo necessário, por essa razão e
para garantir o futuro do êxito empresarial que valores como a antecipação, inovação e
flexibilidade constituam os elementos chave da cultura do empresário. Desta forma
surgirá uma empresa que transborde vitalidade, componente esta imprescindível com
vista a incorporar a tempo e eficazmente as novas oportunidades de negócio que se
perfilam no mercado.
No quadro abaixo vemos um resumo da evolução das TIC nas últimas três décadas e a
sua aplicação na organização empresarial. O factor Internet continua a ser o principal
factor de mudança no conjunto das TIC no que diz respeito à inovação, tendo um forte
impacto nas tendências verificadas nos últimos anos e prevendo-se um impacto ainda
maior no futuro. Para além disso, temos que considerar ainda a contínua
miniaturização dos componentes microeléctricos e a diminuição dos custos e logo dos
preços destes, aumentando o nível de fiabilidade e facilidade do seu uso; a continua
evolução dos sistemas e produtos que utilizam TIC, convertendo-se em ferramentas
válidas para o uso doméstico e empresarial; a contínua melhoria dos processos de
interacção humana como os sistemas automatizados com o objectivo de se conseguir
interfaces de manejamento fácil e, por fim, a progressiva migração do analógico para o
digital, do fixo para o móvel e da voz e texto para o multimédia, independentemente da
distância dos sistemas em si (Quadro 1).
Empresa virtual
Descentralização
Serviços pessoais
Controlo – Integração
Mecanização
1970 1985 200X
Figura 3: A Cobertura das TIC
Todo este cenário gera, obviamente, alguma incerteza e abre caminhos onde existem
certos riscos. Tendo em conta este panorama de mudança deve-se ter em conta
diversos aspectos:
– Em primeiro lugar, devemos acatar a evidência: não estamos frente a uma moda
nem ante uma teoria passageira. A alteração existe e não é uma alteração
conjuntural, mas sim estrutural, que afecta e continuará a afectar fortemente as
formas da produção, relação e gestão das organizações empresariais;
– Em terceiro lugar deve-se inovar de forma contínua. Tal como na era industrial,
nesta nova era deve-se inovar mediante a incorporação de novas tecnologias e a
optimização das existentes, principalmente as de recente incorporação, (E-mail,
Internet, Extranet, telefonia móvel, etc.), cuja entrada foi muito brusca;
– Por último, temos que ter em conta que todo o período de transição gera um clima
de caos associado ao confronto entre as formas de trabalho actual e as novas que
agora se incorporam.
Neste ponto e recorrendo a um trabalho de investigação realizado por Joris Meijaard [6],
abordo cinco lógicas que, conjuntamente, parecem explicar a essência da “nova
economia”. Estas sequências casuais tratam a vários níveis a relação entre as TIC e o
crescimento económico.
O atenuar das imperfeições de mercado pode ter várias faces, seja através de leilões
virtuais, intermediários “market-making”, diversas formas de bolsas on-line, etc. O
atenuar das imperfeições de mercado pode aumentar a concorrência no mesmo, no
que toca a diversos produtos, permitindo uma melhor eficiência na distribuição do
mercado. No entanto, os riscos inerentes ao poder de mercado também aumentam,
devido principalmente ao número de competidores que continua a aumentar e às
oportunidades de abusar desse poder de mercado. Para além disso, a definição do
mercado deixa de ser meramente geográfica e sim baseada nas características dos
produtos, levando a uma melhor organização da cadeia de mercado a nível global. De
A terceira sequência lógica pela qual as TIC podem gerar o crescimento económico
está relacionada com as inovações produtivas. Para compreender esta questão é
necessário analisar dois tipos de produtos distintos: os produtos novos dos sectores
TIC e os produtos renovado dos sectores mais antigos. Os primeiros (hardware e
software) podem ser vistos como bens intermediários inovadores ou então
componentes. São aplicados na economia maioritariamente como investimentos no
processo de inovação. Os segundos (produtos intensivos em informação) podem ser
vistos como inovações que criam novos mercados e substitutos para produtos já
existentes.
No entanto, a aumento das economias de escala pode trazer uma desvantagem já que
um mercado com produtos nestas condições pode rapidamente tender para o
monopólio. Isto significa que vai existir uma grande competição pelo domínio do
mercado que gera por sua vez uma ineficaz destruição de capital como consequência
A Nike, por exemplo, internamente desenvolve apenas o design dos seus produtos,
bem como o respectivo marketing. Toda a produção é realizada por outsourcers que
operam como verdadeiros parceiros e não como simples fornecedores de serviços. Na
sua globalidade formam uma network que funciona em larga escala como se uma só
empresa se tratasse. As unidades económicas envolvidas na rede sejam elas clientes,
fornecedores ou mesmo concorrentes tendem a ser encarados como parceiros no
negócio. Com uma forte componente de cooperação, as empresas procuram tornar-se
mais ágeis num mundo caracterizado por mutações rápidas e difíceis de prever. Sendo
então verdadeiras constelações de empresas, são mais eficazes no aproveitamento de
oportunidades de mercado, bem como no modo como lidam com eventuais ameaças,
mas também mais eficientes na utilização de recursos. Pode-se falar mesmo de uma
sobreposição entre estratégias e estruturas. As organizações em rede comportam-se,
em larga medida como se constituíssem uma única grande unidade económica. Deste
modo conseguem compatibilizar custos de produção baixos com flexibilidade
estratégica, uma coisa que era vista como impossível.
REFERÊNCIAS
[1] UNCTAD, (2002): “E-Commerce and Development Report 2002”, Nações Unidas,
Nova Iorque e Genebra.
[4] e [5] NABO, Francisco Murteira, (2002): “Os Percalços da Nova Economia”, Diário
Económico
[6] MEIJAARD, J. (2001), “Making Sense of the New Economy: New Economy, New
Entrepreneurs!”; The Netherlands Ministry of Economy Affairs, in http://www.ez.nl