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Coordenação de Produção
Francielli Schuelter
Coordenação de AVEA
Andreia Mara Fiala
Design Instrucional
Cíntia Costa Macedo
Carine Biscaro
Clarissa Venturieri
Danrley Maurício Vieira
Dirce de Rossi Garcia Rafaelli
Marielly Agatha Machado
Design Gráfico
Sonia Trois
Aline Lima Ramalho
Sofia Zluhan de Amorim
Victor Liborio Barbosa
Linguagem e Memória
Cleusa Iracema Pereira Raimundo
Graziele Nack
Victor Rocha Freire Silva
Programação BY NC ND
APRESENTAÇÃO DO CURSO...............................................................................6
MÓDULO 1 – MÉTODOS E TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE
INFORMAÇÕES....................................................................................................7
Apresentação.................................................................................................................8
Objetivos do módulo.............................................................................................................................. 8
Estrutura do módulo.............................................................................................................................. 8
Aula 1 — Aspectos Teórico-Metodológicos Relacionados à Investigação
Criminal...........................................................................................................................9
Contextualizando................................................................................................................................... 9
A importância da metodologia científica ............................................................................................ 9
O método indutivo................................................................................................................................ 14
O método dedutivo............................................................................................................................... 14
O método hipotético-dedutivo............................................................................................................. 21
A instrumentalidade multidisciplinar e complementar dos métodos de investigação................... 22
Aula 2 — Métodos e Técnicas de Investigação Para o Crime de Estupro ...........25
Contextualizando................................................................................................................................. 25
Particularidades da investigação....................................................................................................... 25
Métodos e técnicas ............................................................................................................................ 27
Aula 3 — Profiling Criminal: a Análise Comportamental ....................................30
Contextualizando................................................................................................................................. 30
Aspectos jurídicos do comportamento criminal............................................................................... 30
Conceitos fundamentais..................................................................................................................... 32
Histórico da investigação na humanidade......................................................................................... 38
Pressupostos da técnica de profiling criminal................................................................................... 44
Objetivos da técnica profiling criminal............................................................................................... 46
Referências...................................................................................................................49
MÓDULO 2 – PERFIL DO CRIMINOSO E ANÁLISE VITIMOLÓGICA.................. 51
Apresentação...............................................................................................................52
Objetivos do módulo............................................................................................................................ 52
Estrutura do módulo............................................................................................................................ 52
Aula 1 – A Construção do Perfil Criminal..............................................................53
Contextualizando................................................................................................................................. 53
Modelos epistemológicos em profiling criminal............................................................................... 53
Profiling nomotético............................................................................................................................ 56
Aula 2 – A Vítima no Crime de Estupro.....................................................................60
Contextualizando................................................................................................................................. 60
A vítima como elemento importante para a investigação................................................................ 60
A vitimologia forense e a investigação multidisciplinar.................................................................... 68
Aula 3 – Análise Vitimológica....................................................................................71
Contextualizando... ............................................................................................................................. 71
Fatores vinculados à vítima................................................................................................................ 71
Processos psicológicos prejudiciais à investigação......................................................................... 73
Aula 4 – Avaliação do Risco.......................................................................................77
Contextualizando... ............................................................................................................................. 77
Avaliação do grau de risco da vítima.................................................................................................. 77
Aula 5 – Modelos de Análise Vitimológica Forense...............................................83
Contextualizando... ............................................................................................................................. 83
Checklist vitimológico......................................................................................................................... 83
Linha temporal das últimas 24 horas................................................................................................. 86
Referências...................................................................................................................91
MÓDULO 3 – PROFILING GEOGRÁFICO........................................................... 93
Apresentação...............................................................................................................94
Objetivos do módulo............................................................................................................................ 94
Estrutura do módulo............................................................................................................................ 94
Aula 1 – Profiling Geográfico...................................................................................95
Contextualizando... ............................................................................................................................. 95
Aspectos conceituais.......................................................................................................................... 95
Componentes da técnica profiling geográfico................................................................................... 98
Aula 2 – Algumas Teorias Aplicadas à Técnica Profiling Geográfico............. 101
Contextualizando... ........................................................................................................................... 101
Teoria da escolha racional................................................................................................................ 101
Teoria das atividades rotineiras........................................................................................................ 102
Teoria dos padrões criminais............................................................................................................ 105
Aula 3 – Princípios da Criminologia Ambiental Aplicados à Técnica Profiling
Geográfico................................................................................................................. 108
Contextualizando............................................................................................................................... 108
Princípio do mínimo esforço............................................................................................................. 108
Princípio da distância........................................................................................................................ 109
Aula 4 – A Aplicação da Técnica Profiling Geográfico...................................... 112
Contextualizando............................................................................................................................... 112
Aspectos importantes da aplicaçãoda técnica profiling geográfico.............................................. 112
Processo de análise das informações............................................................................................. 114
Referências................................................................................................................ 117
MÓDULO 4 – ANÁLISE DO LOCAL DE CRIME................................................. 118
Apresentação............................................................................................................ 119
Objetivos do módulo.......................................................................................................................... 119
Estrutura do módulo.......................................................................................................................... 119
Aula 1 – Análise do Local de Crime e Reconstrução do Delito......................... 120
Contextualizando... ........................................................................................................................... 120
A importância da análise do local do crime..................................................................................... 120
Reconstrução da cena do crime....................................................................................................... 124
Metodologia para a reconstrução do crime..................................................................................... 125
Aula 2 – Caracterização do Local do Crime..............................................................129
Contextualizando............................................................................................................................... 129
Elementos da caracterização............................................................................................................ 129
Aula 3 – Tipologia do Infrator .............................................................................. 156
Contextualizando............................................................................................................................... 156
A classificação dos tipos de infratores............................................................................................ 156
Agressores do tipo organizado......................................................................................................... 156
Agressores do tipo desorganizado................................................................................................... 158
Referências................................................................................................................ 161
MÓDULO 5 – PROFILING CRIMINAL EM AÇÃO.............................................. 164
Apresentação............................................................................................................ 165
Objetivos do módulo.......................................................................................................................... 165
Estrutura do módulo.......................................................................................................................... 165
Aula 1 – Análise Prática da Situação Criminosa: Trilhas do Autor do Crime de
Estupro ...................................................................................................................... 166
Contextualizando............................................................................................................................... 166
Situação.............................................................................................................................................. 166
Trilhas do autor do crime de estupro................................................................................................ 168
Aula 2 – Análise Comparativa de Casos................................................................ 176
Elementos da análise comparativa de casos.................................................................................. 177
Outras técnicas complementares..................................................................................................... 182
Referências................................................................................................................ 184
Apresentação do Curso
Equipe do curso.
6 • Apresentação
MÓDULO 1
MÉTODOS E
TÉCNICAS DE
COLETA E ANÁLISE
DE INFORMAÇÕES
7 • Módulo 1 Métodos e Técnicas de Coleta e Análise de Informações
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
O estudo deste módulo criará condições para que você possa
reconhecer a importância da utilização de métodos e técnicas
científicas na investigação de crimes de estupro, compreendendo
os aspectos multidisciplinares e complementares dos diversos
métodos e técnicas de investigação.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Aspectos Teórico-Metodológicos Relacionados à
Investigação Criminal.
• Aula 2 – Métodos e Técnicas de Investigação para o Crime
de Estupro.
• Aula 3 – Profiling Criminal: a Análise Comportamental.
CONTEXTUALIZANDO...
Você já ouviu falar no “método científico”? O que será que
ele tem a ver com as técnicas e metodologias utilizadas na
investigação do crime de estupro?
A IMPORTÂNCIA DA METODOLOGIA
CIENTÍFICA
Alguns estudos têm demonstrado que uma das causas da
pouca efetividade das investigações criminais no Brasil
é a aplicação de métodos e fundamentos equivocados,
inadequados para os casos, principalmente quando se
trata de crimes cujas circunstâncias fogem das motivações
tradicionais (como furtos, por exemplo). O crime de estupro
enquadra-se nessa afirmativa.
Saiba mais
Leia a monografia completa de Ilana Casoy (2010), intitulada
Criminalística e Criminologia Aplicadas à Investigação de
Senso
Comum:
Surge a partir
da interação Científico:
e observação Usa a lógica e
do ser Tipos de o pensamento
humano com
o ambiente ao
conhecimento crítico. Engloba
fatos que são
redor. verificáveis.
Filosófico:
Baseado nas reflexões que o homem faz
Figura 1: Tipos sobre todas as questões imateriais e
de conhecimento subjetivas. Utiliza a lógica.
e suas
características.
Fonte: Galliano
(1979), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019).
Apesar de não nos aprofundarmos sobre cada tipologia de
conhecimento, é importante compreendermos que todas são
formas de conhecer e apreender a nossa realidade. Desse
modo, focaremos no conhecimento científico por possuir
características de verificabilidade (pode ser comprovado),
assim como de replicabilidade (pode ser replicado). Por isso,
o conhecimento científico é imprescindível em realidades que
requerem impessoalidade, clareza e precisão, como no caso
das investigações criminais (GALLIANO, 1979).
Figura 3: Etapas do
método indutivo. Esse método pode ser exemplificado por crimes de estupros
Fonte: Casoy
(2010), adaptado realizados em série, no qual uma equipe de investigação colhe
por labSEAD-UFSC
(2019).
material biológico (esperma) do infrator deixado na vítima.
Assim, quando ocorrer a prisão de um suspeito cujo exame
de esperma (particular) seja coincidente com os colhidos de
todas as vítimas (geral), os crimes estarão solucionados. Há
um nexo de causalidade bastante comprovador, ou seja, temos
provas concretas sobre a ligação entre crimes e autor por meio
do raciocínio indutivo.
O MÉTODO DEDUTIVO
O método dedutivo tem como principal característica
evidenciar por parte de um contexto geral para o particular.
MÉTODO DEDUTIVO
A dedução é um processo mental contrário à indução.
Através da indução, não se produzem conhecimentos
novos, porém se explicitam conhecimentos que antes
estavam implícitos.
Figura 4: Exemplo
do método No exemplo visto na imagem anterior, podemos verificar o
dedutivo. Fonte: processo de raciocínio dedutivo, no qual uma generalização
labSEAD-UFSC
(2019). acerca de um fenômeno (mamífero e coração) pode ser
particularizada a um tipo de mamífero (cão).
Estudo de Caso
Figura 5: Equipe
investigando um
homicídio. Fonte:
Shutterstock (2019).
Figura 6: Exemplo
do método indutivo Vamos imaginar que exista uma série de pedaços de fio de
como raciocínio. nylon recolhidos nas cenas de crimes de estupro seguido de
Fonte: Silva (2015),
adaptado por morte, usados para asfixiar as vítimas. Assim, quando a equipe
labSEAD-UFSC de investigação vai prender um suspeito, é encontrado em sua
(2019).
casa um rolo de fio de nylon com as mesmas características
dos pedaços recolhidos nas cenas anteriores.
Figura 7: O método
indutivo necessita
de uma grande
quantidade de
evidências. Fonte:
Shutterstock (2019).
O MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
Não podemos nunca esquecer que a investigação criminal é
um processo científico e, como tal, no contexto das ciências
modernas, desenvolve-se em função de construir e testar um
conhecimento que venha como explicação de um problema.
Figura 8: Etapas do
método hipotético- Por meio da observação detalhada, ou seja, a partir de uma
dedutivo. série de conhecimentos prévios, o investigador busca eleger
Fonte: Popper
(1975), adaptado um problema a ser resolvido. O problema surge, em geral,
por labSEAD-UFSC a partir de conflitos entre as teorias existentes. A solução
(2019).
proposta consiste em uma hipótese (conjectura), deduzida
na forma de proposições, que serão passíveis de testes.
A experimentação, ou teste de falseamento, serve para
comprovar ou não um prognóstico (POPPER, 1971). Quando
falamos em teste de falseamento, o investigador deve
desenvolver uma minuciosa e exaustiva investigação antes de
considerar como falsa ou verdadeira uma hipótese, mantendo
sempre em mente a imparcialidade na apuração do crime.
A INSTRUMENTALIDADE
MULTIDISCIPLINAR E COMPLEMENTAR
DOS MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO
A discussão sobre métodos científicos aplicados pela
investigação criminal sempre nos coloca em uma zona de
desconforto quando tentamos tirar a unicidade do procedimento.
PERICIAL
CARTORÁRIA
CONTEXTUALIZANDO...
PARTICULARIDADES DA INVESTIGAÇÃO
Segundo dados estatísticos apresentados pelo Instituto de
Pesquisa Econômica (IPEA, 2014), as vítimas do crime de
estupro, em sua maioria, são mulheres e crianças nas mais
variadas situações de vulnerabilidade. Na maior parte dos
casos do crime, a motivação é simbólica e subjetiva, ou seja,
carregada de informações cifradas sobre relação de poder entre
os indivíduos como subproduto da cultura do patriarcado, do
machismo e da dominação do mais forte sobre o mais fraco.
Portanto, essas informações precisam ser lidas com o auxílio de
técnicas mais refinadas.
MÉTODOS E TÉCNICAS
Metodologia é a forma concreta de o investigador buscar as
informações que formarão o conhecimento necessário para
a apuração do crime. É o processo desenvolvido de forma
racional e eficiente para coleta das evidências de provas da
prática do delito e de sua autoria, assim deve estar pautado
nos princípios do método científico.
MÉTODO
TÉCNICA
Figura 12: Diferença
entre método e • Instrumentos ou ferramentas.
técnica.
Fonte: labSEAD- • Especifica o que será utilizado no procedimento.
UFSC (2019).
CONTEXTUALIZANDO...
ASPECTOS JURÍDICOS DO
COMPORTAMENTO CRIMINAL
O termo “crime” foi diversas vezes citado neste curso.
Provavelmente você tem na ponta da língua o conceito jurídico
de crime: uma ação ou omissão típica, antijurídica e culpável.
Entretanto, questiono você: esse conceito é suficiente, como
referencial teórico, para subsidiar uma investigação de estupro e
definir seus objetivos de forma clara?
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
O tema profiling criminal tem sido objeto de diversos
estudos e frequente referência nos meios de comunicação,
especialmente como elemento de obras de ficção, a exemplo
da série de televisão Criminal Minds.
Personalidade Cena do
crime
Figura 15:
Mosturação
dos fenômenos
Aspectos Aspectos
analisados. geográficos demográficos
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
“
Para você começar a compreender a técnica profiling criminal,
veja o que aponta Konvalina-Simas (2014, p. 21):
Figura 17:
Compreensão Criminoso Vítima
global da conduta
delituosa.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Local do
crime
Fenômeno decorrente
do sofrimento
Estão aliadas a essas variáveis de complicação a falta de
continuado rigor científico no processo investigatório e, muitas vezes, a
ou repetido da existência de um padrão comportamental fora do processo
vítima de um ato cognitivo comum. Nesse caso, o processo cognitivo comum,
violento, após o
encerramento deste,
ou o processo de absorção de algum conhecimento trivial,
que pode ocorrer inerente ao homem médio, é citado como contraponto a um
instantaneamente, padrão comportamental extraordinário, fora do padrão.
dias, meses ou até
anos depois.
HISTÓRICO DA INVESTIGAÇÃO NA
HUMANIDADE
Para compreendermos mais profundamente a técnica
profiling, vamos entender agora o que é o paradigma indiciário
e como ele se relaciona com a técnica de profiling, a fim de
termos visão mais abrangente da dinâmica do perfil criminal.
Desse modo, para que possamos explicar melhor, voltaremos
um pouco no tempo.
O método morelliano
No final do século XIX, sob o pseudônimo de Ivan Lermolieff,
Giovanni Morelli desenvolveu o método de crítica de obras de
arte, chamado de método morelliano, que buscava atribuir
a autoria de uma obra de arte por meio de uma análise
minuciosa dos seus detalhes.
“
referir-se ao escritor E. Wind como a pessoa a quem credita o
mérito de renovar o interesse às obras de Morelli.
Estudo de Caso
O método indiciário
A expressão “paradigma indiciário” foi cunhada pelo italiano
Carlos Ginzburg no ensaio intitulado Sinais: raízes de um paradigma
indiciário, publicado na obra Mitos, emblemas e sinais.
Figura 20:
Técnicas como a
papiloscopia fazem
parte do método
indiciário. Fonte:
Shutterstock (2019).
PRESSUPOSTOS DA TÉCNICA DE
PROFILING CRIMINAL
Abuso sexual
Personalidade
e homicídio de
do infrator
casos em série
Figura 21:
Pressupostos do
profiling criminal.
Fonte: Konvalina-
Simas (2014), Raciocínio Pouca
adaptado por hipotético- informação
labSEAD-UFSC dedutivo policial
(2019).
Quadro 1:
Características do
profiling criminal
para casos de abuso
CRIMES EM SÉRIE COMETIDOS POR
sexual e homicídio DESCONHECIDOS
em série.
Fonte: Ainsworth
2 Os crimes deste tipo que envolvem ataques por
(2000, apud um desconhecido são muito difíceis de serem
KONVALINA-SIMAS, solucionados apenas com os métodos de investigação
2014), adaptado policial tradicionais. Nos crimes de homicídio, por
por labSEAD-UFSC exemplo, a polícia normalmente não considera
(2019). suspeitos além da família e dos amigos, tornando a
investigação mais extensa.
PERFIL DO
CRIMINOSO
E ANÁLISE
VITIMOLÓGICA
51 • Módulo 2 Perfil do Criminoso e Análise Vitimológica
Apresentação
OBJETIVOS DO MÓDULO
Para o estudo deste módulo foram criadas condições para que
você, na sua prática como investigador, consiga: reconhecer a
necessidade de utilização de métodos e técnicas sustentados
em princípios científicos que possibilitem a construção do
perfil do criminoso e do local do crime; enumerar os modelos
utilizados para a construção do perfil criminal com base na
técnica profiling criminal; definir a vitimologia forense; enumerar
seus objetivos e descrever sua utilidade na investigação do
crime de estupro; listar as variáveis que devem estar presentes
na análise vitimológica e identificar os processos psicológicos
prejudiciais para a investigação; compreender a avaliação de
risco no âmbito da técnica profiling criminal e os modelos de
análise vitimológica forense.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – A Construção do Perfil Criminal.
• Aula 2 – A Vítima no Crime de Estupro.
• Aula 3 – Análise Vitimológica.
• Aula 4 – Avaliação do Risco.
• Aula 5 – Modelos de Análise Vitimológica Forense.
CONTEXTUALIZANDO...
A busca por evidências de provas do crime de estupro é um
trabalho muito árduo para o investigador criminal. A forma mais
eficaz de amenizar as dificuldades é a aplicação de métodos e
técnicas sustentados em princípios científicos que possibilitam
a construção do perfil do criminoso e do local do crime.
MODELOS EPISTEMOLÓGICOS EM
PROFILING CRIMINAL
Idiográfico é um Um modelo epistemológico diz respeito ao mecanismo formal,
termo utilizado para sustentado por princípios científicos, que ajudam a entender
fazer referência
e acessar determinado conhecimento. A técnica profiling
ao conhecimento
científico ou criminal possui dois grandes modelos epistemológicos que
disciplina que acarretam em implicações técnicas e metodológicas no
trata de fatos momento do estudo e investigação do crime e do criminoso.
considerados
São eles: o profiling idiográfico e o profiling nomotético.
individualmente,
ou seja, aspectos
específicos. Profiling idiográfico
O profiling idiográfico é o modelo que utiliza o processo
dedutivo para a análise investigativa a partir do estudo
das informações concretas sobre os indivíduos e suas
características atuais e reais. Esse modelo analisa casos
específicos, estudando as particularidades das características
e comportamentos dos indivíduos, e serve para entender as
características do crime, as dinâmicas e a relação entre a cena
do crime, o agressor e a vítima.
Figura 1: Padrões
comportamentais
particulares
buscam a
compreensão global
do crime.
Fonte: Shutterstock
(2019).
PROFILING NOMOTÉTICO
O profiling nomotético diz respeito ao modelo que aplica o
processo indutivo de raciocínio. O método estuda o abstrato pela
Nomotético
significa análise de grupos de crimes com as mesmas características
“proposição da lei” e leis universais, ou seja, aplica previsões, baseadas em
e está relacionado informações de outros casos para um caso específico.
às humanidades;
pode ser usado no
sentido de “capaz Para que você compreenda melhor, observe o exemplo a seguir.
de estabelecer
a lei”, “ter a
capacidade de
postular sentido
durador”.
Caso específico:
Ao prender o autor de um desses crimes, a equipe determina,
a partir das características investigadas, que ele faz parte
da tipologia de condutas formada nos outros crimes, ou seja,
tem as mesmas condutas observadas no perfil investigado,
o que significa colocá-lo em uma condição de probabilidade
da autoria dos demais crimes.
Figura 2: O profiling
nomotético parte
das características
globais para as
específicas.
Fonte: Shutterstock
(2019).
CONTEXTUALIZANDO...
Nesta aula, abordaremos os estudos e os objetivos da
vitimologia forense e a teoria da atividade de rotina da vítima,
entendendo que, para a vitimologia forense, a investigação
de estupro dependerá de uma equipe multidisciplinar para
Nos primórdios, a
vingança privada acompanhar e reter informações, através da vítima, que podem
caracterizava-se ajudar no processo investigativo. Assim sendo, iremos entender
pela retribuição o funcionamento da investigação forense nos casos de estupro.
do mal causado
pelo ofensor a uma
vítima. Havia, muitas A VÍTIMA COMO ELEMENTO
vezes, latente IMPORTANTE PARA A INVESTIGAÇÃO
desproporção Por muito tempo, desde a superação do período da vingança
entre a ofensa
privada, a vítima não foi considerada parte importante no
e a retribuição.
Normalmente, estudo do crime de estupro.
aplicava-se pena de
banimento quando Durante longo período histórico, os estudos criminológicos
o agressor era do
se voltaram apenas para o crime, o criminoso e a pena. Foi
próprio grupo, ou a
chamada “vingança somente a partir da metade do século XX que a vítima passou a
de sangue”, quando ser considerada um elemento importante para a compreensão
o grupo era diverso. da ação criminosa, principalmente a motivação do crime.
Saiba mais
Entre os nomes famosos do estudo da relação crime-criminoso-
vítima estão o criminólogo Van Hans Hentig, com sua obra O
crime e sua vítima, em 1948, e Benjamin Mendelsohn, autor de
Vitimologia: ciência atual (1956).
Figura 3: A
vitimologia busca
a compreensão
dinâmica do papel
da vítima.
Fonte: Shutterstock
(2019).
Figura 4: A Vítima
investigação requer
compreender a
relação criminoso- Criminoso
vítima.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Saiba mais
Leia o artigo “A análise da vítima na consecução dos crimes”, de
Elaine Castelo Branco, sobre o estudo da vitimologia e da relação
vítima-criminoso no fenômeno da criminalidade. O documento
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/a-analise-
da-vitima-na-consecucao-dos-crimes/
Pessoas
Meios
próximas
Figura 5:
Investigações na Como
vitimologia forense. manteve
Tempo e lugar
Fonte: labSEAD- o controle da
UFSC (2019). vítima
Contextualizar
relação vítima-
agressor
Determinar
Definir grupo VITIMOLOGIA a origem da
de suspeitos FORENSE perigosidade da
vida da vítima
Figura 6: Objetivos
da vitimologia
forense.
Fonte: Holmes e
Holmes (2008 apud Determinar
KONVALINA-SIMAS, origem
perigosidade
1996), adaptado pessoal e
por labSEAD-UFSC ambiental
(2019).
AMBIENTE
ALVO PROPÍCIO:
VULNERÁVEL AUSÊNCIA DE AUTOR
E ACESSÍVEL VIGILANTE MOTIVADO
EFETIVO
Figura 8: As
relações para
ocorrência de um
ato delituoso.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
CRIME
A VITIMOLOGIA FORENSE E A
INVESTIGAÇÃO MULTIDISCIPLINAR
Como apresentamos anteriormente, a vitimologia forense tem
importância fundamental para a investigação do crime de
estupro, pois aponta padrões de conduta para a definição de
grupos de suspeitos de autoria dos crimes.
LOCAL DO
CRIME
PAPEL DA
Figura 9: O papel INVESTIGAÇÃO
da investigação
criminal.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019). SUSPEITO VÍTIMA
Figura 10: A
multidisciplinaridade
é imprescindível na
vitimologia forense.
Fonte: Shutterstock
(2019).
Assistir no estabelecimento da natureza da
exposição da vítima e que influência operou
sobre o processo de vitimização.
CONTEXTUALIZANDO...
A utilização da análise vitimológica nas investigações
de crime de estupro requer que a vítima seja vista como
elemento do crime. Voltar a atenção para a vítima e suas
condições promove, para a investigação, uma série de
informações necessárias e importantes para o delineamento
da investigação e, por isso, ela não pode ser idealizada, nem
mesmo ignorada. Por isso, nesta aula, levantaremos dois
fatores que podem prejudicar nas investigações do crime e do
criminoso: a deificação e a vilificação da vítima.
PROCESSOS PSICOLÓGICOS
PREJUDICIAIS À INVESTIGAÇÃO
Na investigação de estupro, o investigador deve ficar atento a
dois processos psicológicos inerentes ao exame vitimológico
que poderão resultar em grave prejuízo para a apuração:
deificação e vilificação da vítima.
Figura 13: Extremos
como deificação
e vilificação
prejudicam
o processo
investigativo.
Fonte: Petherick
DEIFICAÇÃO VILIFICAÇÃO
e Turvey (2008
apud KONVALINA-
SIMAS, 2014, p.
193), adaptado por
labSEAD-UFSC
(2019). A deificação e a vilificação são duas maneiras extremas de
olhar para a vítima que poderão impedir uma análise crítica
de pistas sugeridas, impossibilitando a detecção de indícios
que apontem para a real condição da vítima e do agressor
no contexto da ação delituosa. Acompanhamos a seguir a
explicação detalhada de cada uma delas.
Deificação da vítima
Durante uma investigação, pela análise vitimológica, o
investigador precisa reconhecer a vítima como elemento da
investigação criminal. Assim sendo, a deificação se torna um
fenômeno que atrapalha o percurso da investigação, visto que
ocorre quando a vítima é vista de uma maneira idealizada.
Figura 14:
Pensamento
de idealização
(deificação) da
vítima. Fonte:
labSEAD-UFSC
(2019).
Vilificação da vítima
Ao contrário da deificação da vítima, a vilificação se
caracteriza pelo risco de que a vítima seja considerada pouco
importante ou até mesmo desconsiderada para o caso.
Por essa razão, é inadmissível que, por qualquer razão o
investigador negligencie a versão dos fatos.
Figura 15:
Vilificação da
vítima.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
CONTEXTUALIZANDO...
Nesta aula, vamos apresentar aspectos da avaliação de risco
para a vitimologia forense. Este estudo visa compreender as
ações da vítima, procurando determinar em que momento
o agressor entrou em contato com ela. Ao procurar avaliar
o grau de risco da vítima e do infrator, você e sua equipe de
investigação deverão considerar variáveis vinculadas ao estilo
de vida dessas pessoas, como circunstâncias, hábitos ou
atividades que as expõem a situações lesivas.
Avaliação
Grau de Risco Grau de
de risco de
risco vítima situacional risco infrator
encontro
MÉDIO RISCO
Encontram-se neste grupo pessoas que estão expostas às
situações de risco de lesão e/ou danos pessoais e/ou materiais
com maior frequência - embora não seja a rotina diária.
BAIXO RISCO
Encontram-se neste grupo pessoas que possuem maior segurança de vida,
seja pessoal, profissional ou emocional. Muito raramente envolvem-se em
situações de grandes riscos de lesão e/ou danos pessoais e/ou materiais.
• Ansiedade.
• Abuso de substâncias psicoativas.
• Fobias e medos inexplicáveis.
• Problemas com intimidade e espaço pessoal.
• Pessimismo.
• A determinação ou a motivação.
• A qualidade do planejamento e as medidas de defesa que
previu para colocar em ação, caso surgisse a possibilidade
de ser preso durante a prática criminosa.
Motivação
CONTEXTUALIZANDO...
Nesta aula, explicaremos de maneira mais objetiva como são
os modelos de análise vitimológica pela análise forense e o
procedimento de construção da linha temporal das 24 horas
que antecedem o crime. Esses conhecimentos serão de grande
valor no momento do seu planejamento investigativo e, por isso,
contamos com uma reflexão final acerca da vitimologia forense
e do processo científico discutido no decorrer das aulas.
CHECKLIST VITIMOLÓGICO
Conforme dito no primeiro módulo deste curso, é necessária
a investigação da vida da vítima de estupro. Por isso, é
importante que o investigador, num primeiro momento,
obtenha informações fundamentais sobre a vítima, em
especial aquelas que sobrevivem ao crime, pois, na maioria
das vezes, sua história de vida é o único repositório de
informações disponíveis sobre o autor.
Tipo da Ocorrência:
Nome da Vítima:
Figura 23: Linha do tempo. Fonte: Petherick e Turvey (2008 apud KONALINA-
SIMAS, 2014, p. 200), adaptado por labSEAD-UFSC (2019).
Elaboração
Trajeto da vítima nas
do mapa últimas 24 horas
Observação
Identificar
problemas,
padrões, objetivos.
PROFILING
GEOGRÁFICO
OBJETIVOS DO MÓDULO
Definir criminologia e profiling geográfico, compreender os
pressupostos teóricos aplicados à técnica profiling geográfico,
enumerar os princípios da criminologia ambiental aplicados
à técnica profiling geográfico e reconhecer a importância da
aplicação desta técnica na investigação do crime de estupro.
ESTRUTURA DO MÓDULO
Este módulo compreende as seguintes aulas:
CONTEXTUALIZANDO...
Nesta aula buscaremos retomar alguns aspectos teóricos da
criminologia que serão aplicados objetivamente na técnica
de profiling geográfico para apuração de crimes. A técnica
em questão é entendida como uma ciência que identifica o
crime com foco no infrator, na vítima, no controle social e
no próprio crime. Desse modo, poderemos compreender a
multidisciplinaridade que envolve a técnica e os componentes
que caracterizam seu conceito.
ASPECTOS CONCEITUAIS
Antes de iniciarmos os estudos deste módulo, primeiramente
precisamos entender alguns conceitos importantes. Nesse
sentido, você sabe o que é a criminologia?
Na Prática
Se você fosse definir a criminologia em termos objetivos, de que
relações entre
crime, infrator,
vítima e controle CONTROLE VÍTIMA
social. Fonte: SOCIAL
labSEAD-UFSC
(2019).
“
Desse modo, essa abordagem recebe a subdenominação de
criminologia ambiental com a seguinte definição:
Figura 2: A
compreensão RESIDÊNCIA LAZER
geográfica do
crime pela relação
espacial entre as
cenas do crime.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
TRABALHO LAZER
CONTEXTUALIZANDO...
Quando estudamos sobre a importância da sustentação
teórica da investigação cirminal, compreendemos que vários
conhecimentos dão suporte ao procedimento da apuração
de provas penais. Nesse contexto, a criminologia ambiental
é o ramo da ciência criminal que sustenta a teoria do padrão
espacial que configura a personalidade e a vida do infrator por
meio das evidências encontradas na cena do crime.
Figura 5
Abordagens
teóricas da
criminologia Teoria da Teoria das Teoria dos
ambiental. Fonte: escolha racional atividades padrões
labSEAD-UFSC
(2019).
rotineiras criminais
Momento Oportuno
Figura 7: Teoria
Tempo
das atividades
rotineiras. Fonte:
labSead-UFSC
(2019).
Espaço
Figura 8: Locais
escuros e desertos
são mais propensos
à prática do crime.
Fonte: Shutterstock
(2019).
Triângulo de
delinquência
Figura 9: O
triângulo da
delinquência. Fonte: Local sem
labSEAD-UFSC Vítima vigilância
(2019).
Quadro 1: As
dimensões de um A visibilidade do alvo representa o quão
alvo adequado. Visibilidade exposto está a testemunhas.
Fonte: Cohen e
Felson (1979, apud
KONVALINA-SIMAS,
A acessibilidade do alvo compreende a
2014), adaptado Acessibilidade
por labSEAD-UFSC facilidade da rota de fuga.
(2019).
Saiba mais
Para aprofundar seu conhecimento sobre os aspectos teóricos
do perfil geográfico, indicamos o artigo intitulado “Geografia
CONTEXTUALIZANDO...
Impulsionada pelo contorno ambiental que envolve os
personagens do crime de estupro com uma reciprocidade de
ações e o contexto geográfico da cena, a criminologia procura
dimensionar essas relações aplicando alguns princípios
ambientais à elaboração do perfil geográfico do crime.
PRINCÍPIO DA DISTÂNCIA
Diz respeito à ideia de que os crimes tendem a ser cometidos
distantes da área onde o agressor reside. Há uma relação
proporcionalmente inversa entre o número de fatos criminosos
e a distância geográfica entre o local do evento e a área de
residência do infrator.
CONTEXTUALIZANDO...
Como viemos estudando sobre a técnica profiling criminal, o
profiling geográfico deve estar associado às técnicas tradicionais
da investigação criminal e também submetido a algumas
condições que, de certa forma, impõem limitação ao seu uso, o
que não significa impossibilidades.
ASPECTOS IMPORTANTES DA
APLICAÇÃODA TÉCNICA PROFILING
GEOGRÁFICO
Ao realizar a construção de hipóteses de perfis, o investigador
deve levar em consideração que quanto maior o número de locais,
maior o número de indicadores que facilitarão a investigação.
Figura 14: A
construção
das hipóteses
deve levar em
consideração a
variedade de locais
onde o crime
ocorreu. Fonte:
Shutterstock (2019).
LOCAL DE PLANEJAMENTO
Figura 15: Locais LOCAL DE PREPARAÇÃO
para formulação
de hipóteses pelo LOCAL DE ENCONTRO COM A VÍTIMA
profiling geográfico.
Fonte: labSEAD- LOCAL DE OCULTAÇÃO DE VESTÍGIOS
UFSC (2019).
3 - ANÁLISE DE INFORMAÇÕES
Quadro 2: Etapas do
processo de análise
de informações. RELATÓRIO DE INVESTIGAÇÃO
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019 ).
ANÁLISE DO LOCAL
DE CRIME
OBJETIVOS DO MÓDULO
Compreender o processo de análise do local de crime,
enumerar os passos para reconstrução do crime, listar
os elementos do processo de caracterização do crime e
caracterizar o infrator de acordo com os aspectos apontados
pelo Federal Bureau of Investigation (FBI).
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Análise do Local de Crime e Reconstrução do Delito.
• Aula 2 – Caracterização do Local do Crime.
• Aula 3 – Tipologia do Infrator.
CONTEXTUALIZANDO...
De acordo com Konvalina-Simas (2014), a análise do local
de crime possui dois processos específicos fundamentais:
a reconstrução do crime e a caracterização criminal. É pela
análise do ambiente em que ocorreu a prática criminal que
a equipe de investigação desperta um olhar cuidadoso e
detalhado sobre a natureza dos vestígios materiais e sobre a
disposição em que eles se encontram na cena.
O modus operandi Vejamos, na imagem a seguir, aspectos que essa análise pode
é um processo demonstrar.
que envolve todos
os mecanismos
comportamentais
que possibilitam
ao agressor a
ter sucesso na
execução completa
do evento criminoso.
Segundo Geberth
(2006), a assinatura
é o comportamento
que excede as
ações necessárias
ao crime. Ela atua
como um ritual
que se baseia
na fantasia do
criminoso, e
Figura 1: O que pode ser demonstrado pela análise dos vestígios na cena do
representa a crime. Fonte: Shutterstock (2019), adaptado por labSEAD-UFSC (2019).
expressão de
singularidade e
pessoalidade do A análise do local também permite identificar evidências
agressor. de comportamentos específicos, como o modus operandi e
comportamentos de assinatura. Esses elementos poderão
contribuir na identificação de traços da personalidade do
infrator e na associação com outros casos.
Saiba mais
A Secretaria Nacional de Segurança Pública, órgão do Ministério
da Justiça e Segurança Pública, publicou o “Procedimento
Operacional Padrão de Perícia Criminal”, que orienta a equipe
de investigação no processo de levantamento do local de crime,
estabelecendo as diligências pertinentes.
Figura 3:
Reconstrução do
crime por meio
dos vestígios
recolhidos.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Considerar todas
as sequências Criar um
Estabelecer Estabelecer possíveis e, Estabelecer fluxograma
prováveis uma ordem quando surgir a ordem ou a global do evento
eventos e cronológica da sequências sequência final com base no
momentos sequência dos contraditórias, dos próprios sequenciamento
específicos. eventos. testar as provas eventos. dos seguimentos
para determinar do evento.
qual é a mais
provável.
CONTEXTUALIZANDO...
As características do local do crime são formadas por
elementos decorrentes do meio ambiente, da interação entre o
criminoso e a vítima e dos vestígios deixados na cena. Essas
características conferem identidade única ao local onde ocorreu
o crime e dão suporte para a reconstrução do local da cena.
ELEMENTOS DA CARACTERIZAÇÃO
O propósito da caracterização do local do crime é determinar
a relação entre a cena do crime e o comportamento criminal
propriamente dito.
Figura 5: Elementos
ELEMENTOS DE 01
que caracterizam CARACTERIZAÇÃO
o local de crime. 03
Fonte: Turvey (2013
apud KONVALINA-
SIMAS, 2014), • Preparativos e • Estilo de aproximação
adaptado por
02
planejamento • Método de ataque
labSEAD-UFSC
(2019).
• Corpo/cadáver • Força utilizada
• Scripting • Meios de controle
• Resistência da vítima
• Tipo e sequência de atos sexuais
Local de crime
O local do crime é caracterizado pelo local onde o infrator
praticou o ato criminoso. Vai desde a compreensão do
ambiente em que o infrator elaborou estratégias para atrair
a vítima, passando pelo local onde realizou a abordagem até
onde conduziu a vítima e cometeu o ato de estupro.
Figura 6:
Classificação dos
possíveis locais da EXTERIOR SUBAQUÁTICO
prática do crime A cena do crime é um A cena do crime é um
de estupro. Fonte: ambiente exposto a ambiente aquático.
labSEAD-UFSC elementos naturais. Ex: Mar, rio, lagoa...
(2019).
Ex: Praias, vias públicas...
Seleção da vítima
A seleção da vítima é o método aplicado pelo infrator para
escolher intencionalmente a vítima. Alguns fatores são
importantes na tomada de decisão do infrator para escolha
de sua vítima, já que procura satisfazer as suas necessidades
próprias com a prática do crime. Então, para a tomada de
decisão, cada infrator utiliza critérios bem pessoais.
Disponibilidade Fantasia
Vulnerabilidade Relacionamento
Simbolismo
Figura 9: Análise do
infrator em relação
à vulnerabilidade
da vítima. Fonte:
Shutterstock (2019).
Local do contato
Konvalina-Simas (2014) diz que, para identificar o local
do contato entre a vítima e o infrator, o investigador deve
considerar o conceito de forma extensa, considerando o lugar
onde foi estruturada a armadilha para atrair a vítima (ataque da
vítima) e o local pré-selecionado para consumação do evento.
Figura 11:
Deslocamento
da vítima do
local primário ao
secundário.
Fonte: Shutterstock
(2019), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019).
Local de abandono
É o local onde o infrator abandona o corpo da vítima após o
homicídio, a lesão grave ou, ainda, onde ela é abandonada
depois de ter sido estuprada. Neste último caso, o local é
geralmente diferente de onde ocorreu a prática do crime.
Figura 12:
Investigando o local
para identificar
o perfil do autor.
Fonte: Shutterstock
(2019), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019).
Estilo de aproximação
Diz respeito às estratégias que o infrator adota para se
aproximar e abordar a vítima. Para Burgess e Hazelwood (1995
apud KONVALINA-SIMAS, 2014), há três métodos de contato
do infrator com a vítima, os quais analisaremos a seguir.
Surpresa
É caracterizada pelo ato do infrator de esperar por um
momento de vulnerabilidade da vítima para fazer a abordagem.
Armação
Refere-se à conduta do infrator que se utiliza de astúcia para
fazer a abordagem da vítima. Este método pode ir de uma
simples distração provocada até uma ação mais elaborada
para conquistar a confiança da vítima de forma imediata ou
prolongada.
Ataque
É a aproximação que o infrator faz da vítima com uso imediato
de força lesiva, eliminando qualquer possibilidade de reação
para ter o controle total e imediato da situação.
Força utilizada
As necessidades e motivações do infrator do estupro também
podem ser demonstradas pelo tipo e pelo grau da força
utilizada durante a prática do crime.
É certo que nem todo infrator faz uso de arma, seja qual for o
tipo. No entanto, havendo uso de arma, o analista deve procurar
estabelecer explicações. Vejamos na imagem a seguir.
Resistência da vítima
Burgess e Hazelwood (1995 apud KONVALINA-SIMAS, 2014)
apontam três categorias para a resistência da vítima, a qual,
além de verbal e física, poderá ser também passiva.
Preparativos e planejamento
Neste caso, procura-se demonstrar se o infrator tinha os
meios necessários para prática do crime e, assim, avaliar sua
capacidade de planejamento e execução. Para isso, deverão
ser respondidas as seguintes questões.
Contramedidas forenses
Dizem respeito ao comportamento do infrator, antes, durante
e depois da execução do crime com o propósito de dificultar,
impedir ou atrasar a investigação do crime. Vejamos a seguir
várias estratégias que o infrator pode utilizar para dificultar sua
identificação pela investigação.
Uso de
Uso de luvas. preservativos.
Figura 18:
Contramedidas
forenses.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
CONTRAMEDIDAS
FORENSES
Eliminação
de vestígios
resultantes da
atividade criminosa.
Objetos recolhidos
Referem-se aos objetos que pertenciam ao local do crime e
que podem ter sido retirados pelo infrator.
Objetos comprovativos
São aqueles com possibilidades de serem ligados à vítima ou
ao crime pelos investigadores.
Objetos pessoais
São aqueles carregados de valor sentimental para o infrator.
Em regra, não possuem valor real, apenas simbólico para o
infrator. Eles se subdividem em duas categorias subjetivas:
Objetos valiosos
são aqueles que o infrator recolheu da cena do crime por
entender que têm valor material. São recolhidos com o
propósito de ganhos financeiros e podem indicar o nível de
competência e planejamento do infrator, bem como o tipo de
transporte que utilizou e o estado das suas finanças.
Elementos oportunistas
Referem-se a qualquer elemento da conduta criminosa que não
fez parte do planejamento, mas o infrator acaba por aproveitá-
lo na execução do evento. São exemplos desses elementos:
uma vítima que não estava prevista; uma arma que já estava
na cena, como uma barra de ferro; um local etc.
Motivação
Para o investigador determinar a motivação, é preciso analisar
os objetivos e intenções do infrator durante a prática do crime,
quando isso for possível de verificação. Segundo O’Connell e
Soderman (1936 apud KONVALINA-SIMAS, 2014), são dez os
fundamentos da motivação do delinquente:
CONTEXTUALIZANDO...
O Federal Bureau of Investigation (FBI), ao desenvolver a
técnica profiling criminal e adaptar para suas necessidades
de investigação, sistematizou uma tipologia de infratores,
que denominou de organizado e desorganizado. Essa
tipologia ocorreu a partir de estudos de casos em que foram
identificadas características semelhantes dos infratores
encontradas nos seus crimes. Nesse sentido, vamos
compreender os tipos de infratores existentes que auxiliarão o
investigador na identificação do criminoso.
PROFILING
CRIMINAL EM
AÇÃO
OBJETIVOS DO MÓDULO
Aplicar as competências desenvolvidas durante o curso
relacionadas à técnica profiling criminal, assim como rever os
temas estudados em relação ao momento da investigação do
crime de estupro, analisar uma situação prática de um crime
de estupro, bem como identificar os elementos consideráveis
para avaliação do crime.
ESTRUTURA DO MÓDULO
• Aula 1 – Análise Prática da Situação Criminosa: Trilhas do
Autor do Crime de Estupro.
• Aula 2 – Análise Comparativa de Casos.
CONTEXTUALIZANDO...
Para iniciar os estudos, é importante compreendermos a
importância da análise prática da situação criminosa com
a apresentação de uma situação que mostra as trilhas
percorridas pelo autor do crime de estupro, pois é a partir
dessa análise minuciosa que a investigação conseguirá chegar
com segurança ao criminoso.
SITUAÇÃO
O caso que apresentaremos a seguir será “pano de fundo”
para seu estudo teórico e prático neste módulo. Assim,
mostraremos uma série de detalhes que promovem reflexões
sobre o tema e contribuem para a análise comportamental do
agressor, considerando a trilha que ele percorreu para efetuar o
crime, ou seja, o seu modus operandi, bem como se existe uma
assinatura do criminoso e como ela se caracteriza.
Figura 1: Estudo
de caso do corpo
encontrado
examinado pela
investigação.
Fonte:
Shutterstock
(2019).
“
nas evidências que caracterizam os ambientes onde atacam
suas vítimas.
“
Qualquer um, ou qualquer coisa, que entra em um local
de crime leva consigo algo do local e deixa alguma coisa
para trás quando parte.
Figura 2: A
impressão digital
é um exemplo de
vestígio deixado
pelo agressor no
local.
Fonte: Shutterstock
(2019), adaptado
por labSEAD-UFSC
(2019).
Modus operandi
Conforme visto ao longo do curso, o mecanismo operacional
da conduta criminosa envolve uma complexa dinâmica,
afetada por fatores intrínsecos e extrínsecos à cena do crime,
combinando elementos emocionais, culturais, ambientais e
genéticos, decisivos na escolha comportamental do infrator.
Encontrar a
Figura 3: Mecânica sua vítima, Proteger Escapar da
do crime segundo utilizando a sua cena do
Konvalina-Simas métodos identidade. crime.
(2014).
próprios.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
REAÇÕES
DAS VÍTIMAS
CONDIÇÕES
FÍSICAS DO
LOCAL DO
CRIME
Figura 4: Aspectos
de desvios ATENÇÃO
individuais IMEDIATA
e flutuações
aleatórias.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
A assinatura do agressor
Outra característica importante do comportamento do
infrator na cena do crime é o que chamamos de assinatura do
agressor. Ao contrário do que ocorre com o modus operandi,
a assinatura é constante, entretanto poderá evoluir e tornar-se
mais evidente e específica em alguns aspectos.
Figura 5: Assinatura
do criminoso no
corpo da vítima.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).
Comportamentos semelhantes
São considerados comportamentos em comum aqueles
revelados pela comparação de fatores comportamentais
que apresentam origens e contextos semelhantes, mas não,
necessariamente, únicos.
Estudo de Caso
Diferimento comportamental
O diferimento comportamental ocorre quando fatores
comportamentais são comparados e diferem.
Estudo de Caso
Elos investigativos
Trata-se de fatores comportamentais generalizados, mas
que apresentam semelhanças quando comparados com um
ou mais casos, e contribuem para a equipe de investigação
priorizar recursos.
Estudo de Caso
Elo probatório
Esse tipo de elo é evidenciado por um fator comportamental
único e específico, ou por um conjunto de fatores
comportamentais incomuns e raros, partilhados por dois ou
mais casos, com outras diferenças comportamentais limitadas.
17h
Crime 2
07h
Crime 1 7h30
Crime 3
Figura 8: Crimes
ocorridos temporal
e espacialmente
próximos entre
si. Fonte: Freepik
(2019), de evening_
tao, adaptado por
labSEAD-UFSC
(2019).
Figura 9: Cuidados e
preservação com os
vestígios materiais
e comportamentais.
Fonte: labSEAD-
UFSC (2019).