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Faculdade de Ciências Agrarias

Curso de Engenharia Florestal


Cadeira: Reabilitação de Ecossistemas Degradados
3° Ano, I Semestre

RESUMO SOBRE BIOGEOGRAFIA DAS ILHAS

Discente:
João Metende Júnior

Docente:
Eng°. Eduardo P. Soto

Unango, Abril , 2020


TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DE ILHAS

As ilhas, são porções de terra menos extensas que os continentes e cercadas de águas por
todos os lados, servem de palco para o espetáculo de intensas especiações por deriva
genética. Em uma ilha pode ser encontrado um complexo de ecossistemas de pequena
extensão espacial com número de códigos genéticos restrito, pois as trocas genéticas e
ocorrência de colonização são potencialmente reduzidas. Esse isolamento favorece o
processo de especiação.

Esta teoria, proposta por MacARTHUR & WILSON (1967) coloca a distância ao continente
e a área da "Ilha" como fortes estruturadores da comunidade presente, refletindo, segundo
PIANKA (1982), na riqueza de espécies do local [ CITATION Tri16 \l 1033 ].

Esta riqueza está associada à diferenciação das taxas de imigração e extinção, e


consequentemente com a disponibilidade de nichos ecológicos nas ilhas. Por exemplo, locais
onde ocorrem grandes taxas de imigração e que possuem pequena área disponível, aparecem
com grandes taxas de extinção [ CITATION Tri16 \l 1033 ]. De acordo com esta teoria, quanto
mais próximo ao continente e maior a área da ilha, maior será a sua riqueza de espécies
[ CITATION Tri16 \l 1033 ].

A biogeografia de ilhas é explicar, como se dá a variação da riqueza em espécies em ilhas ao


longo do tempo, de forma a atingir um equilíbrio mantido pelas imigrações e extinções. Nas
últimas linhas do artigo original, os autores determinam que sua proposta principal é a de
expressar os critérios e implicações da condição de equilíbrio, sem estendê-los além da
avifauna das ilhas Indo-Australianas (MacArthur & Wilson 1963, p. 386).

A biogeografia de ilhas constitui-se em um ramo da ciência biogeográfica repleta de fortes


emoções. Muitas das formas de vida mais espalhafatosas do mundo ocorrem em ilhas.
Encontram-se nelas gigantes, anões, exímios artistas da permutação e não-conformistas de
todo tipo. Essas criaturas improváveis habitam as zonas mais isoladas e remotas do planeta e
conferem uma definição biológica vivida a palavra exótico (QUAMMEN, 2008).

Tal fato sempre despertou a atenção dos biogeógrafos, pois conforme Quammen (2008). A
biogeografia de ilhas é, pois, um catálogo de excentricidades e superlativos. E é por isso que
as ilhas, sempre desempenharam um papel central no estudo da evolução. O próprio Charles
Darwin foi um biogeógrafo de ilhas antes de se tornar darwinista.

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Na década de 60, o ecólogo canadense Robert Helmer MacArthur e o biólogo norte-
americano Edward Osborne Wilson propuseram a Teoria da Biogeografia de Ilhas ou Teoria
do Equilíbrio Biogeográfico Insular. Essa teoria baseava-se em alguns pressupostos:

Comunidades insulares são mais pobres em espécies do que as comunidades continentais.

A riqueza de espécies aumenta com o tamanho da ilha. Nesse sentido,


MacArthur; Wilson (2001).

Gráfico 1: Relação entre número de espécies de anfíbios e répteis e área das


ilhas.Fonte:MacArthur; Wilson, 2001.

Esta riqueza diminui com o aumento do isolamento da ilha, pois a probabilidade de uma
espécie chegar a uma determinada ilha é inversamente proporcional à distância entre a ilha e
o continente.

Fonte: LEPaC, 2010.

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A probabilidade de extinção de uma espécie varia em função do tamanho da ilha. O número
de espécies em uma ilha representa um equilibro entre a taxa de colonização e a taxa de
extinção.

Fonte: LEPaC, 2010.

O equilibro no número de espécies depende da extensão territorial da ilha.

Fonte: LEPaC, 2010.

Então, conforme a Teoria do Equilíbrio Biogeográfico Insular, o número de espécies em uma


ilha depende do equilíbrio entre as taxas de extinção e imigração, que são influenciadas pela
distância da ilha ao continente. Populações de pequena dimensão, como das ilhas são mais

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vulneráveis à extinção, consequência de competição ou de predação. À medida que o número
de espécies aumenta por imigração, aumenta também a taxa de extinção, assim a raridade de
cada espécie aumenta.

A relação entre a teoria de biogeografia de ilhas (MacArthur & Wilson 1963) e sua previsão
sobre os efeitos da fragmentação de hábitats é o exemplo mais notável quando pensamos na
utilização de teorias ecológicas que sejam capazes de ajudar a resolver os desafios ambientais
contemporâneos. Esta constatação se deve ao fato de a perda de habitante ser a maior ameaça
à biodiversidade terrestre (Mittermeier et al. 1998, Brooks et al. 2002, Pimm 2005).

Como foi originalmente proposta, o domínio da teoria de biogeografia de ilhas aplica-se a


ilhas verdadeiras inseridas em uma matriz oceânica que é intransponível para muitos
organismos. A partir desse pressuposto a partir da biogeografia de ilhas, passando pela teoria
de meta-populações, à ecologia da paisagem.

Seria possível prever como o tamanho das ilhas e a sua distância de uma fonte colonizadora
afetariam o número de espécies capazes de coabitar em uma determinada ilha – através do
seu efeito sobre as taxas de imigração e de extinção. As previsões da teoria foram várias
vezes testadas, em diversas condições, e receberam o aporte de contribuições empíricas ao
longo dos seus quase 50 anos de existência, possibilitando assim a ampliação de seu domínio,
(Townsend,2006).

Passados quase 50 anos desde a formulação original desta teoria, há consenso de que em sua
forma original ela não é capaz de explicar os efeitos que a fragmentação dos ambientes causa
sobre a diversidade em espécies. Nas duas últimas décadas, quase que intuitivamente,
fragmentos de vegetação foram considerados análogos a ilhas oceânicas. Entretanto, além de
ser ambíguo, o conceito de fragmentação de hábitats é empiricamente multifacetado, de
causas e consequencias amplamente diversas e complexas.

A perda de área e mudança no arranjo espacial da paisagem fragmentada pode resultar em


processos ecológicos diversos e inesperados. Em consequência dessa situação, detectar um
padrão de fragmentação tendo em vista os diversos contextos socioeconómicos e ambientais
nos quais ela ocorre é uma tarefa difícil. Além disso, os efeitos diretos e indiretos da
fragmentação sobre organismos, hábitats e regiões geográficas também são bastante diversos
e variados, (Townsend,2006).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

MACARTHUR, Robert Helmer; WILSON, Edward Osborne. The theory of island


biogeography. 13. ed. New Jersey: Princeton University Press, 2001.

QUAMMEN, David. O canto do dodô: biogeografia de ilhas numa era de extinções.   


Tradução: Carlos Afonso Malferrari. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

TOWNSEND, C. et al. Fundamentos em Ecologia. 2ª Edição. Porto Alegre: Artmed. 2006

TRIVELLA, R. (2016). Ecologia de Paisagem e Biogeografia de Ilhas. Caroço-da-terra:


ensaios agroecológicos .

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