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Nome:

Angélica Francisco Jossias

Tema:

O contributo dos estudos sociológicos no desempenho das organizações em Moçambique

ISCED
Curso de AGE
Abril de 2020
Nome:
Angélica Francisco Jossias

Tema:

O contributo dos estudos sociológicos no desempenho das organizações em Moçambique

Trabalho de Teorias organizacionais a


ser entregue ao tutor da cadeira para
efeitos de avaliação.

ISCED
Curso de AGE
Abril de 2020
Índice
Introdução ...............................................................................................................................................4

1.1 O surgimento da sociologia ..............................................................................................................5

1.2 O estudo das organizações ................................................................................................................6

1.3 O contributo dos estudos sociológicos no desempenho das organizações em Moçambique ..........7

Conclusão……………………………………………………………………………………..………10

Agradecimentos……………………………………………………………………………………..11

Referencias Bibliográficas………………………………..…………………………………………..12
Introdução
A desestruturação da sociedade tradicional, com a perda de suas principais referências,
que garantia um mínimo de estabilidade, como a organização económica baseada na
agricultura, e a existência de um claro domínio político da nobreza provocaram a
necessidade de encontrar alternativas que servissem como modelo a um novo tipo de
organização social. E, para tanto, era necessário surgir uma ciência que estudasse os
fenómenos que estavam ocorrendo, visando entendê-los interpretá-los e propor alternativas
viáveis “a sociologia organizacional”.

É neste contexto que faço uma abordagem contextual, envolvendo o estudo sociológico do
desempenho das organizações inseridas num determinado processo histórico, no sentido de
desenvolver pensamento em como é que a sociologia contribui para o desempenho das organizações
moçambicanas.

Ao longo deste trabalho farei várias abordagens sobre os estudos feitos no âmbito do surgimento da
sociologia, os seus precursores assim como a abordagem detalhada do contributo dos estudos
sociológicos em caso especial “Moçambique”.
1.1 O surgimento da sociologia
A Sociologia surgiu no século XIX num momento em que se consolidava a primeira fase da
Revolução Industrial. Suas abordagens iniciais buscavam compreender o contexto da industrialização
e o papel desempenhado na sociedade pelas novas e dinâmicas organizações empresariais e os seus
principais agentes: o empresário capitalista e o operário. Desenvolveu-se essa nova disciplina
primeiramente com o objectivo de compreender as mudanças que estavam ocorrendo na nova
sociedade que se erguia sob a influência da indústria; em seguida, passou para uma abordagem
analítica e crítica.
Auguste Comte (1798-1857) é considerado o pai da Sociologia, pois estabeleceu claramente o campo
de pesquisa da nova ciência como sendo a sociedade. A disciplina por ele criada teve continuidade
com Herbert Spencer, Émile Durkheim e Max Weber, entre outros, que foram estabelecendo os
limites de atuação da Sociologia.
A partir da Revolução Industrial as organizações passaram a exercer um papel fundamental na vida
humana, a tal ponto que hoje seria inconcebível pensar o quotidiano sem elas. De fato, estão presentes
ao longo de toda nossa vida e nos relacionamos com diversas organizações ao longo de um único dia.
Constituem exemplos: as empresas, os sindicatos, as cooperativas, os clubes desportivos, os bancos,
os partidos políticos, as escolas, as organizações não governamentais, as penitenciárias, os hospitais,
entre outras.
Nesse sentido, a nova forma de organização, a indústria, passa a ocupar lugar de destaque na
sociedade, principalmente pelo fato de que o aumento de produtividade permitiu o atendimento de um
número maior de consumidores de produtos a que outrora somente as classes superiores tinham
acesso.
 Num primeiro momento, o estudo da indústria coube a uma vertente denominada Sociologia
industrial, que pode ser considerada a precursora da disciplina Sociologia das Organizações.
 No final do século XIX, com a Revolução Industrial se espalhando por todo o globo, os
estudos organizacionais tornaram-se cada vez mais necessários e desenvolve-se, concomitantemente
com a análise sociológica, uma vertente de teóricos, em sua maioria engenheiros e gerentes, que
produzem uma literatura sobre as organizações e que no seu conjunto constituem a denominada
Escola Clássica ou Tradicional.
Assim, a disciplina Sociologia das Organizações nasce juntamente com a Teoria das
Organizações, e torna-se muito difícil desvencilhar uma da outra, sendo que ao longo de todo o
século XX podemos afirmar que o estudo sociológico das organizações confunde-se com aquele
realizado em torno da Teoria das Organizações.
1.2 O estudo das organizações
As primeiras abordagens tiveram como foco principal a racionalização do processo de trabalho,
deixando num segundo plano (e até ignorando) o ambiente externo da organização e o papel dos
grupos informais no processo de trabalho, destacando-se nesse período os trabalhos de Taylor e
Fayol. As análises e conclusões de Weber sobre as transformações no sistema administrativo das
administrações governamentais, e a importância que deu ao sistema administrativo racional-legal,
contribuíram para reforçar as proposições desse conjunto de autores reunidos no que denominamos de
Escola Clássica.
Como uma reação a essas versões tecnocráticas, os cientistas sociais durante as décadas de 1930 e
1940 passaram a se contrapor a essa concepção racional-instrumental da organização. Entre esses
pesquisadores, os psicólogos descobriram motivos individuais mais complexos, e os estudos de
antropólogos e sociólogos revelaram a existência não oficial de padrões informais de cooperação,
normas compartilhadas e conflitos dentro de cada grupo e entre gerentes e trabalhadores. (Scott,
2004).
Destacaram-se nesse período os trabalhos de Elton Mayo sobre o comportamento das trabalhadoras
de uma fábrica da Western Electric e que constituem o marco inicial da Teoria das Relações
Humanas. Bernard deu bastante atenção à interdependência das estruturas formais e informais no
interior das organizações, o que lhe permitiu perceber que a função primária do executivo não é
projetar sistemas eficientes, mas criar e promulgar visões morais relacionadas com a missão da
organização que irão comprometer; de forma mais concreta, os seus integrantes. Selznick, por sua
vez, enfatizou que as organizações poderiam ser encaradas sob dois pontos de vista, analiticamente
distintos. Por um lado, qualquer organização “representa um sistema de relações que define a
disponibilidade de recursos escassos e que podem ser manipulados em termos de eficiência e
eficácia”. Por outro lado, constituem sistemas cooperativos e estruturas sociais adaptáveis.
(Selznick,1973,p.32).
Na década de 1950, Gouldner sintetizou estas duas visões, identificando-as com um sistema racional
e um sistema natural. A perspectiva do sistema racional considera as organizações como instrumentos
que podem ser conscientemente manipulados e moldados para realizar determinados fins. A
perspectiva do sistema natural vê a organização como um sistema orgânico buscando sua
sobrevivência, como coletividade que envolve espontaneamente processos indeterminados.
Posteriormente, Burns e Stalker identificaram estas duas visões com diferentes estruturas
organizacionais às quais denominaram: mecânicas (ou mecanicistas) e orgânicas. (Burns e Stalker,
1961). As críticas à racionalização mecanicista se intensificaram nesse período com a utilização da
abordagem sistêmica e o desenvolvimento do estrutural-funcionalismo na sociologia dos anos 50. O
sociólogo Robert Merton mostrou que as regras tendem a ser supervalorizadas nas organizações
burocráticas. Enquanto originalmente se constituem nos meios para realizar os objetivos da
organização, regras e a obediência a elas tendem a se tornar os principais valores da organização,
encobrindo os objetivos originais. Para ele, “a adesão às regras, originariamente concebida como
meio, transforma-se em objetivo em si próprio: ocorre o processo familiar do deslocamento de metas,
mediante o qual ‘um valor instrumental transforma-se em valor terminal”. A análise de Merton,
também, indicou que o conhecimento especializado dos burocratas pode diminuir a flexibilidade e a
inovação da organização. (Merton, 1973, p.62).

1.3 O contributo dos estudos sociológicos no desempenho das organizações em Moçambique

Os estudos sociológicos deram um contributo meramente importante para o desenvolvimento do país


a partir do desenvolvimento de várias indústrias de processamento de productos acabados e semi-
acabados. O processo de industrialização foi marcado pela transformação das sociedades tradicionais,
baseadas principalmente na produção agrícola, em outras de novo tipo, em que a organização e a
produção industrial têm uma importância fundamental na articulação de novas formas de convivência
que predominaram no último século e que constituem em sua essência o arcabouço da sociedade que
denominamos capitalista. Hoje verifica-se um grande desenvolvimento nas nossas sociedades e
famílias graças aos estudos sociológicos empreendidos por vários cientistas anteriormente
mencionados.
A questão organizacional é uma das dimensões centrais da empresa, e é por isso que a
sociologia das organizações se ocupou desta instituição muito mais que outros ramos da sociologia.
De fato os estudos organizacionais, de um modo geral, são feitos sobre e para as empresas. No
entanto, o objecto da Sociologia das Organizações não se esgota na empresa, mas se estende a todas
as organizações, incluídas aquelas cujos objectivos e funcionamento são claramente disfuncionais
para a sociedade (como as organizações criminosas, por exemplo).

A globalização e a deslocalização de mão-de-obra, associada a novas formas de gestão e de


organização do trabalho vem colocando um conjunto de novos desafios às organizações
moçambicanas, com vista a responderem às novas exigências. A introdução de novos métodos de
gestão trouxe consigo a vulgarização de diversos conceitos relacionados com o recrutamento,
selecção e acolhimento de recursos humanos, com o treinamento e capacitação, com a avaliação de
desempenho ou com a motivação e liderança, com a cultura ou mudança organizacional, carecendo o
mercado de quadros qualificados para a implementação destas práticas de gestão.
Paralelamente, emergem novas formas de prestação de trabalho, novos perfis e novas qualificações,
que trazem novos desafios aos trabalhadores. Colocam-se desafios ao nível da formação de recursos
humanos, com vista ao desenvolvimento de novas competências profissionais. A implementação em
Moçambique de grandes projectos traz consigo um conjunto de implicações, relacionadas com
reassentamentos de populações ou com a introdução de medidas de responsabilidade social, com
enormes dificuldades na implementação. Importa assim preparar profissionais aptos para realizar
diagnósticos e compreender a complexidade das organizações, assim como suas dinâmicas de
relacionamento com o Estado, fornecedores e clientes, com a comunicação social ou com a opinião
pública em geral. Ainda na avaliação do contributo dos estudos sociológicos no desempenho das
organizações em Moçambique focaliza-se tanto o estudo das organizações de acordo com quatro
pontos de vista:

1. As organizações são analisadas como unidades sociais, e o interesse se divide entre o estudo da
estrutura formal e o da não formal.
2. O estudo das organizações aborda a relação de uma estrutura organizacional, como unidade, com
outras estruturas de organizações, e com unidades sociais que não são organizações (coletividades),
tais como: família, comunidades, grupos étnicos, classes sociais e a própria sociedade.
3. As organizações são analisadas do ponto de vista de suas relações com a personalidade e a cultura.
Quanto à personalidade, relacionam-se com as necessidades da estrutura organizacional e as
necessidades das personalidades dos participantes. O estudo das relações da organização com
sistemas culturais abrange, por um lado, as orientações de valor, as fontes de legitimação da
autoridade e as relações dinâmicas entre os ideais e objectivos da organização e as necessidades da
própria estrutura organizacional, e por outro lado envolve os meios pelos quais o conhecimento é
adquirido e institucionalizado dentro das organizações.
4. A relação entre as organizações e o meio ambiente incluiria o estudo do comportamento das
organizações relacionado com a capacidade biológica e fisiológica, inclusive as necessidades dos
participantes e o estudo das respectivas adaptações entre a organização e o ambiente geográfico e
físico.
Actualmente, podemos afirmar que, especificamente, a sociologia organizacional se preocupa em
estudar as formas organizacionais como sistemas sociais em contínua interacção com o seu ambiente
externo, que gera efeitos em seus processos internos (os indivíduos, suas interacções,
comportamentos, processos sociais básicos, relações de poder etc.) e na organização como um todo.
Nesse contexto a sociologia pode abordar o fenómeno organizacional de três modos distintos,
tendo como referência básica: o indivíduo, a organização e a acção da organização na sociedade.
Do ponto de vista do indivíduo, os problemas objecto de estudo são aqueles que dizem
respeito às pessoas que pertencem à organização, ao tipo e grau de participação, seu comportamento,
motivação, cultura adquirida, identificação com a organização etc.
Quanto à organização, trata-se de considerá-la um todo complexo, e o seu estudo foca a
estrutura (hierárquica, física, de dominação, das relações de poder), os diversos subsistemas que
contém (técnico, de normas, entre outros), a ideologia, os fins, objectivos e metas. Incluem-se nesse
referencial, também, os processos de cooperação, os conflitos, a comunicação, a influência do
ambiente externo na organização, entre outros.
O terceiro modo de se abordarem as organizações é considerá-las enquanto atores sociais,
partindo-se do pressuposto de que são agentes activos de transformações (sociais, económicas,
culturas etc.) que podem incluir tanto mudanças como manutenção de determinado estados do
quotidiano. Trata-se, em resumo, da acção organizacional no seio da sociedade, da relação com seu
público externo, com as instituições públicas, privadas e do terceiro sector, e da comunidade que vive
em seu entorno imediato.
A sociologia das organizações tem como propósito explícito descrever experiências
particulares que permitam generalizações que produzam explicações e contribuam para prever
situações que possam ser controladas. Este é um processo de pesquisa próprio da sociologia das
organizações, que parte muitas vezes do estudo de caso, identificando fenómenos, buscando a sua
compreensão e elaborando conceitos. Esses estudos devem contribuir para a elaboração de teorias que
possibilitem o diagnóstico e explicação de determinados processos organizacionais, que irão
contribuir para a melhora da gestão organizacional.
Conclusão
A Revolução Industrial, processo fundamental na configuração das modernas organizações, ocorreu
em tempos diferentes nos diversos pontos do planeta. Nos países sul-americanos, chegou no final do
século XIX e início do XX, ainda em sua fase inicial, quando os Estados Unidos da América e
Europa entravam na fase da segunda Revolução Industrial. Em decorrência, aqui as organizações
tiveram diferenças na criação de culturas organizacionais, nas relações sociais internas, na concepção
e papel das empresas na sociedade etc. Os fundadores de muitas empresas nacionais na primeira
metade do século XX tiveram formação baseada num tipo de estrutura denominada tradicional.
Contudo, vi a necessidade de fazer uma abordagem em torno da contribuição da sociologia no
desempenho das organizações moçambicanas para melhor perceber o quão importante foi e continua
a ser a revolução industrial no mundo.
No decurso desta abordagem falei do surgimento da sociologia como ciência, o estudo da sociologia
assim como o contributo dos estudos desta no desempenho das organizações moçambicanas onde foi
necessário fazer uma pesquisa em várias bibliotecas virtuais assim como consulta bibliográfica em
obras de sociologia disponíveis nas bibliotecas assim como nos sítios da internet de como ilustram a
referência bibliográfica.
Agradecimentos

O meu primeiro agradecimento vai à ISCED ter me recebido e fornecido um ambiente inspirador na
realização deste curso num regime preferencial; aos docentes do curso de AGE reconheço o esforço,
muita paciência e sabedoria que souberam me proporcionar boas ferramentas e bons recursos para
evoluir mais no meu processo de Ensino e Aprendizagem;
Ao docente desta cadeira, enderece o meu especial agradecimento pela monitoria, acompanhamento e
paciência indispensável que tem demonstrado na minha aprendizagem.
À minha família e amigos deixo uma palavra de gratidão por todo carinho, inspiração e apoio que tem
me dado para poder continuar de forma incansável com a minha formação.
Por fim, a todos que directa ou indirectamente interferem nesta minha grande viagem deixo
lembranças de AGRADECIMENTOS.
Referência Bibliográfica

1. FREIRE, João (1989) Lições de introdução à sociologia do trabalho, caderno 1, Lisboa,


AEISCTE.
2. DIAS, Reinaldo, (2012): Sociologia das Organizações, 2ª edição, São Paulo, Atlas.
3. WOODWARD, Joan (1977) Organização Industrial, São Paulo, editora Atlas.
4. http://vejasociologia.blogspot.com.br/p/introducao--‐ao--‐estudo--sociológico--‐das.html
(Acessado em 10.04.2020)
5. http://www.ismonitor.ac.mz/mestrados/sociologia-do-trabalho-e-das-
organiza%C3%A7%C3%B5es/ (Acessado em 10.04.2020)

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