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CAPITULO 7 Motivagées para empreender Marisa Cebola, Sara Proenca RESUMO © empreendedorismo ¢ amplamente reconhecido como motor de crescimento ‘econ 20 contribuir para estimular a inovasto, para o aumento. da ‘competitividade, para a.criagto de emprego, assim como para aaceleragao de mudancas estruturais na economia e na sociedade. Sendo o empreendedor a forga motriz deste processo, € fundamental compreender a forma como o empreendedor atua, como percepciona a sua atividade 0 que determina o seu comportamento. Neste contexto, 0 presente capitulo tem como principal objetivo identifica, & luz dos fundamentos das principais teorias da motivagdo, os fatores determinantes do comportamento ‘empreendedor. Entre as diversas motivagées para empreender slo analisadas es seguintes: motivagbes de realizagao familiar e societal, motivagSes de recursos € rendimentos, motivagdes de prestigio © motivagdes de aprendizagem € desenvolvimento, Palaveas-chave: :mpreendedor: Empreender: Motivagées: Teor da Motivagio, Introdugaio ‘Sto vérias as teorias da motivago que, ao focarem temas como os abjetivos. as expectativas ¢ as necessidades, podem auxiliar na comprecnsio do proceso empreendedor. particularmente no que diz respeito as motivagdes para ‘empreender. No ambito das teorias focadas nos objetivos, Robbins (2002) refere que ‘a motivagao ocorre face a estimulos externas, sendo este 0 proceso que desencadcia a intensidade. diregdo e persisténcia do individuo para atingir determinado designio. A Teoria da Expectativa de Vroom (1997), por sua vez, defende que a motivagao do individuo esta associada aos seus interesses pessoais, ds suas escolhas afetivas, a vontade de desenvolver algo ¢ & sua expectativa pessoal. A motivagaio é fungao daquilo que os individuos supdem ser capazes de realizar. 4a percego de que o trabalho a desenvolver origina o resultado pretendido e o ‘grau de importincia que o objetivo definido tem para o proprio, Sepundo esta teoria, 0 individuo esta motivado se perceber que o esforgo que ird realizar the {raz a devida compensagdo. A definigdo de objetivos depende de um estimulo ‘externo que ultrapassa 0 proprio individuo. Neste contexto, as Teorias X ¢ ¥ de McGregor (1960), distinguem dois perfis de personalidade e comportamento antagénicos. Segundo a Teoria X, os individuos tendem a assumir um comportamento de resisténcia a mudanga, no eso preparados para assumir responsabilidades e necessitam de uma Tinha ‘condutora definida por outrem, Desta forma, é 0 lider que define os objetivos e as estratégias, recorrendo a instrumentos punitivos ou compensatérios como forma de motivagao. Em contrapartida, a Teoria Y defende que os individuos ‘so competentes para o desempenho das fungdes que Ihe estdo atribuidas, sendo responsdveis ¢ criativos e manifestando gosto no desempenho das suas fungées. Deste modo, os individuos so motivados pelo esforgo em atingir as metas cestabelecidas. mas também por permitir a sua participagao na definigo das mesmas, visando um objetivo comum. O autor defende que ndo hé uma forma certa ou errada de atuar, apenas deve ser feita uma adapta, por parte do lider, ‘em fungao do comportamento do individus, AS teorias baseadas nas necessidades pressupdem que a motivagao tem ‘origer na satisfagdo de uma ou varias necessidades do proprio individuo. Neste mbito, a Teoria da Hierarquia de Necessidades de Maslow (1954), foca-se nos aspetos psicolégicos e defende que a motivagao esta correlacionada com uma ‘escala de necessidades. De acordo com esta teoria, & medida que as necessidades basicas vo estando satisfeitas, o individuo esta preparado para 100 novos desafios. para atingir novas metas, permitindo-Ihe subir na piramide, Por outro lado, se uma dessas necessidades basicas deixa de estar satisfeita por alguma razio, 0 individuo percorre a pirémide em sentido inverso, A estrutura da pirémide esta organizada da seguinte forma: Necessidades fisiolégicas: relacionadas com o proprio individuo, sendo considerades as mais importantes (por exemplo, sobrevivencia, alimentagiio, repouso e protecao contra agentes da natureza); ii, Necessidades de seguranca: relacionadas com o facto de o individuo sentir que tem estabilidade a nivel de saide, familia e emprego; Necessidades sociais: manter relagdes humanas harmoniosas, sentir {que esta integrado no grupo, dar e receber afeto por parte de familiares, amigos e colegas de trabalho; Necessidades de autoestima: confianga em si mesmo, no conhecimento que possui ¢ na sua competéncia profissional, bem como estima por parte dos outros devido ao reconhecimento das suas qualidades pessoais; v. Necessidades de autorrealizagao: realizagdo pessoal utilizando todo 0 ‘seu potencial ao fazer o que gosta, relacionada com as necessidades de autoestima (por exemplo, autonomia, independéncia e autocontrolo) A Teoria da Necessidade de Realizagdo de McClelland (1961), por sua vez, defende que 0 individuo é 0 dnico responsével pelo seu sucesso out fracasso. A -motivagio esti fortemente ligada ao impulso para a obtencdo do sucesso, mais do que a influéncia de fatores extemos. Assim, o individuo responsdvel pela definigdo das suas metas de desempenkio e obtém realizago pessoal quando as consegue atingir. O foco baseado nas necessidades apresenta uma caracteristica dindmica para a motivagao do individuo. Esta motivagao ¢ direcionada para as suas necessidades ¢ é independente dos estimulos externos. Esta caracteristica é particularmente til para compreender a motivago para empreender. ‘A motivago para um individuo se tornar empreendedor pode ser desencadeada por varios fatores, entre eles a vontade propria para o desenvolvimento de uma oportunidade de negocio, fazendo-o com o intuito de ‘coneretizar um ou mais objetivos (Naffziger, Hornsby. & Kuratko, 1994), Os individuos de paises economicamente mais evoluidos so aqueles que t&m demonstrado maior ambiggo empreendedora (GEM, 2017). O individuo centraliza 0 seu foco, pensamento e interesse num ou mais objetivos aceitavei: € desafiadores para 0 préprio (Locke & Latham, 2004), mas também com a possibilidade de serem atingidos © mensurados (Locke & Latham, 1990). Face aos diferentes objetivos de intervengao definides pelos empreendedores, os autores tém vindo a estudar ndo s6 0s padrdes de comportamento como também 101 Pine (0s propésitos associados a criagdo da iniciativa social. Neste contexto, iremos de seguida analisar as principais motivagbes para empreender. Motivagées de realizacao familiar e societal A atividade empreendedora esti sobejamente descrita na literatura e &

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