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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA


E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PEDRO CARLOS XAVIER DE MORAES

DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES
PETROFÍSICAS E GEOLÓGICAS UTILIZANDO
UMA TÉCNICA DE ANÁLISE DIGITAL DE
ROCHAS

CAMPINAS
[2018]
PEDRO CARLOS XAVIER DE MORAES

DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES
PETROFÍSICAS E GEOLÓGICAS UTILIZANDO
UMA TÉCNICA DE ANÁLISE DIGITAL DE
ROCHAS

Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de


Engenharia Mecânica e Instituto de Geociências da
Universidade Estadual de Campinas como parte dos
requisitos exigidos para obtenção do título de Mestre
em Ciências e Engenharia de Petróleo, na área de
Reservatórios e Gestão.

Orientador: Prof. Dr. Alexandre Campane Vidal

Este exemplar corresponde à versão final da


Dissertação defendida pelo aluno Pedro Carlos
Xavier de Moraes e orientada pelo Prof. Dr.
Alexandre Campane Vidal.

________________________________
Assinatura do Orientador

CAMPINAS
[2018]
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.

Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Moraes, Pedro Carlos Xavier de, 1991-


M791a MorDeterminação de propriedades petrofísicas e geológicas utilizando a
técnica de análise digital de rochas / Pedro Carlos Xavier de Moraes. –
Campinas, SP : [s.n.], 2018.

MorOrientador: Alexandre Campane Vidal.


MorDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Mecânica.

Mor1. Carbonatos. 2. Equações de navier-stokes tridimensionais. 3. Petrofísica.


4. Segmentação de imagens. I. Vidal, Alexandre Campane, 1969-. II.
Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III.
Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Determination of petrophysical and geological properties using


digital rock physics
Palavras-chave em inglês:
Carbonates
Three-dimensional navier-stokes equations
Petrophysics
Image segmentation
Área de concentração: Reservatórios e Gestão
Titulação: Mestre em Ciências e Engenharia de Petróleo
Banca examinadora:
Alexrande Campane Vidal
Guilherme Daniel Avansi
Cleyton de Carvalho Carneiro
Data de defesa: 26-02-2018
Programa de Pós-Graduação: Ciências e Engenharia de Petróleo

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
E INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADÊMICO

DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES
PETROFÍSICAS E GEOLÓGICAS UTILIZANDO
UMA TÉCNICA DE ANÁLISE DIGITAL DE
ROCHAS

Autor: Pedro Carlos Xavier de Moraes


Orientador: Prof. Dr. Alexandre Campane Vidal

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:

Prof. Dr. Alexandre Campane Vidal, Presidente


Departamento de Geologia e Recursos Naturais / Instituto de Geociências / UNICAMP

Prof. Dr. Guilherme Daniel Avansi


Departamento de Energia / Faculdade de Engenharia Mecânica / UNICAMP

Prof. Dr. Cleyton de Carvalho Carneiro


Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo / Escola Politécnica / USP

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica do aluno.

Campinas, 26 de fevereiro de 2018.


DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Maria de Lourdes, minha mãe, que me forneceu todo o
carinho e apoio necessário para a conclusão deste trabalho.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe por todo carinho e amor.


Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Alexandre Campane Vidal, pela oportunidade
e apoio durante todas as etapas deste mestrado.
Agradeço aos meus amigos do Laboratório de Modelagem Geológica por todas as
discussões e ajuda fornecida para a conclusão deste trabalho: Bruno, Michelle, Guilherme,
Ulisses, Leandro, Matheus e Aline.
Agradeço ao Dr. Samuel Ferreira de Mello e Dr. Guilherme Daniel Avansi pela
amizade e contribuições essenciais para o trabalho. Agradeço ao Prof. Dr. Cleyton de
Carvalho Carneiro por aceitar participar da avaliação e correção deste trabalho.
Agradeço a Agencia Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
pelo apoio financeiro.
Agradeço aos funcionários da FEM por toda ajuda e paciência.
Agradeço a todos meus amigos da diretoria do Capítulo Estudantil da SPE
UNICAMP 2017 por fazerem parte da experiência mais enriquecedora que tive na vida até o
momento. E um agradecimento especial ao sponsor do Capítulo Estudantil, Prof. Dr. Paulo
Roberto Ribeiro, por toda ajuda e paciência.
E agradeço a todos meus familiares e amigos que estão presentes nos momentos bons
e ruins da minha vida.
RESUMO

As rochas carbonáticas vêm assumindo papel de destaque na indústria de petróleo, pois são
mais da metade das reservas de petróleo no mundo. Dentre os desafios propostos para a
exploração e produção de petróleo em reservatórios carbonáticos, a caracterização petrofísica
é um tema de intensa pesquisa, pois existe uma elevada heterogeneidade nos carbonatos em
uma multiplicidade de escalas. Para o estudo de propriedades em micro escalas é necessário a
utilização de plugues das rochas de interesse, sendo que estes plugues são muito valorizados
devido ao alto custo para obtê-los durante a etapa de perfuração. Portanto, técnicas de estudo
de propriedades petrofísicas que utilizem uma abordagem não destrutiva e que permitam a
determinação destas propriedades em micro escalas são extremamente interessantes. Para o
estudo dos sistemas porosos e texturas de poros em micro escalas vem sendo desenvolvida
uma técnica de análise petrofísica que utiliza imagens de microtomografia computadorizada
de raios-x chamada Digital Rock Physics (DRP). O objetivo desta técnica é complementar às
técnicas convencionais de laboratório visando caracterizar microestruturas de rocha de forma
não destrutiva através de imagens de alta resolução. Este trabalho de dissertação tem como
objetivo a elaboração de uma sequência metodológica para a determinação de propriedades
petrofísicas e geológicas de amostras de rochas da Formação Morro do Chaves, consideradas
análogas às rochas encontradas nas regiões do pré-sal brasileiro, utilizando as técnicas de
DRP com imagens de microtomografia computadorizada. Para alcançar o objetivo proposto, a
sequência metodológica foi dividida em duas etapas: (i) processamento e análise digital de
imagens com o objetivo de determinar a porosidade utilizando a segmentação Watershed e a
permeabilidade utilizando as Equações de Navier-Stokes; (ii) e a análise dos resultados do
ponto de vista geológico relacionando a tafonomia das amostras com classificações de
porosidade e de texturas de rochas carbonáticas. A técnica de segmentação Watershed atingiu
o objetivo de separar os voxels da imagem em dois grupos, poros e não poros, determinando
assim a porosidade das amostras de maneira a se comparar com os resultados encontrados em
laboratório. As Equações de Navier-Stokes demonstraram eficácia na determinação da
permeabilidade de amostras utilizando imagens segmentadas e a possibilidade de se
determinar a anisotropia desta propriedade para uma mesma amostra, sendo este um
diferencial em relação as técnicas tradicionais de laboratório. É possível concluir através dos
resultados alcançados que a sequência metodológica proposta foi eficaz em determinar a
porosidade, a permeabilidade e a anisotropia da permeabilidade, quando comparados estes
resultados com as técnicas laboratoriais tradicionais, com o diferencial de não ser necessário a
destruição das amostras e a facilidade de se analisar as amostras do ponto de vista geológico
através das imagens de alta resolução geradas pela microtomografia de raios-x.

Palavras-chave: Carbonatos; Digital Rock Physics; Equações de Navier-Stokes;


Segmentação Watershed; Petrofísica.
ABSTRACT

Carbonates have been playing an important role in the oil industry, as they account for more
than half of the world's oil reserves. Among the challenges proposed for the exploration and
production of petroleum in carbonate reservoirs, the petrophysical characterization is a subject
of intense research, since there is a high heterogeneity in the carbonates in a multiplicity of
scales. For the study of properties in micro scales it is necessary to use plugs of the rocks of
interest, and these plugs are highly valued due to the high cost to obtain them during the
drilling stage. Therefore, techniques of study of petrophysical properties that use a non-
destructive approach and that allow the determination of these properties in micro scales are
extremely interesting. For the study of porous systems and pore textures in micro scales, a
petrophysical analysis technique has been developed that uses computerized
microtomography images called Digital Rock Physics (DRP). The objective of this technique
is to complement conventional laboratory techniques aiming to characterize rock
microstructures through high resolution images. Therefore, this work aims at the elaboration
of a methodological sequence for the determination of petrophysical and geological properties
of rocks samples of the Morro do Chaves Formation considered analogous to the rocks found
in the Brazilian pre-salt regions, using the techniques of DRP with computerized
microtomography images. In order to reach the proposed objective, the methodological
sequence was divided into two stages: (i) digital image processing and analysis with the
objective of determining the porosity using the Watershed segmentation and the permeability
using the Navier-Stokes Equations; (ii) and the analysis of the results from the geological
point of view, relating the taffonomy of the samples with classifications of porosity and
textures of carbonate rocks. The Watershed segmentation technique reached the objective of
separating the voxels from the image into two groups, pores and non-pores, thus determining
the porosity of the samples in order to compare with the results found in the laboratory. The
Navier-Stokes Equations demonstrated efficacy in the determination of the permeability of
samples using segmented images and the possibility of determining the anisotropy of this
property for the same sample, which is a differential in relation to traditional laboratory
techniques. It is possible to conclude from the results obtained that the proposed
methodological sequence was effective in determining the porosity, permeability and
anisotropy of the permeability, when comparing these results with the traditional laboratory
techniques, with the differential of not being necessary the destruction of the samples and the
ease of analyzing the samples from the geological point of view through the high resolution
images generated by the x-ray microtomography.

Keywords: Carbonates; Digital Rock Physics; Navier-Stokes equations; Watershed


Segmentation; Petrophysics.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Mapa geológico do município de São Miguel dos Campos –AL. CPRM (2005, apud
Chinelatto, 2015). ..................................................................................................................... 20
Figura 2: Fluxograma para medições de TC (Adaptado de Cantatone & Müller, 2011). ........ 28
Figura 3: Atenuação do raio-x (Adaptado de De Cezaro & De Cezaro, 2010). ....................... 30
Figura 4: Sequência padrão de processamento e análise de imagens (Oliveira, 2004). ........... 32
Figura 5: Processo de inundação no método Watershed. a) ―Furos‖ efetuados nos mínimos
regionais (setas) do perfil da superfície topográfica. b) A água começa a penetrar nos mínimos
regionais e os diques começam a ser construídos (setas) para manter as águas separadas. c)
Diques (setas) dividindo e contornando as bacias hidrográficas, cada um contendo apenas um
mínimo regional (Audigier, 2004). ........................................................................................... 34
Figura 6: Classificação de rochas carbonáticas de Dunham (1962) (Adaptado de Schalle &
Ulmer-Scholle, 2003). .............................................................................................................. 36
Figura 7: Classificação em relação ao tipo de empacotamento: denso, frouxo ou disperso
(Adaptado de Kidwell & Holland, 1991). ................................................................................ 37
Figura 8: Classificação em relação a seleção dos bioclastos: bem selecionado, bimodal e
pobremente selecionado (Adaptado de Kidwell & Holland, 1991).......................................... 38
Figura 9: Orientação das conchas em relação ao acamamento (Kidwell et al., 1986). ............ 39
Figura 10: Tipos de espaço poroso de textura seletiva segundo a classificação de Choquette &
Pray (1970) (Adaptado de Schelle & Ulmer-Schelle, 2003). .................................................. 42
Figura 11: Tipos de espaço poroso de textura não seletiva e textura seletiva ou não segundo a
classificação de Choquette & Pray (1970) (Adaptado de Schelle & Ulmer-Schelle, 2003). .. 44
Figura 12: Classificação de Lucia do espaço poroso vugular em carbonatos baseado na
interconecção dos vugs proposta por Lucia (1983) (Adaptado de Lucia, 1999). ..................... 45
Figura 13: Classificação de Lucia do espaço poroso interparticula em carbonatos baseado na
seleção e tamanho dos grãos e cristais proposta por Lucia (1983) (Adaptado de Lucia, 1999).
.................................................................................................................................................. 45
Figura 14: Esquema do porosímetro que utiliza a Lei de Boyle para a determinação da
porosidade................................................................................................................................. 46
Figura 15: Procedimento para obtenção de porosidade por análise de imagens. a) A imagem
original gerada pelo tomógrafo passa pela etapa de segmentação que resulta em b) uma
imagem binarizada, facilitando assim a contagem dos pixels que tem o valor conferido aos
poros por meio de um C) histograma. ...................................................................................... 48
Figura 16: Diagrama esquemático de (a) regime permanente e (b) aparelho de regime
transiente (Modificado de: Jones, 1972). ................................................................................. 50
Figura 17: Um pedaço de uma interface espaço poroso e sólido em duas dimensões. As linhas
escuras são limites de pixels e as linhas tracejadas são a malha sobreposta para a computação
de escoamento de fluido (Bentz e Martys, 2007). .................................................................... 52
Figura 18: Exemplo 2D de configurações experimentais criadas. A configuração experimental
(esquerda e direita do sistema) permite que o fluxo se espalhe através da amostra (Avizo
Reference Guide, 2016). ........................................................................................................... 53
Figura 19: Permeabilidade efetiva para casos ideais onde as camadas são arranjadas em
paralelo e em série, com respeito à direção de escoamento (Adaptado de Kelkar e Perez,
2002). ........................................................................................................................................ 55
Figura 20: Metodologia para determinação de propriedades petrofísicas através de análise
digital de imagens. .................................................................................................................... 59
Figura 21: Divisão da amostra em 28 sub-volumes de 1,9 cm x 1,9 cm x 0,68 cm (250 x 250 x
200 voxels). .............................................................................................................................. 60
Figura 22: Metodologia utilizada para a transferência de escala dos valores de permeabilidade.
.................................................................................................................................................. 61
Figura 23: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 2. ....................................................... 64
Figura 24: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 3. ....................................................... 65
Figura 25: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 7. ....................................................... 66
Figura 26: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 8. ....................................................... 67
Figura 27: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 9. ....................................................... 68
Figura 28: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 10. ..................................................... 69
Figura 29: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 2 a) vista ortogonal b)
plano xy c) plano xz d) plano yz. ............................................................................................. 72
Figura 30: a) Amostra COQ 2 com presença pirita e b) resultado da segmentação
evidenciando os problemas devido à presença de pirita. .......................................................... 73
Figura 31: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 3 a) vista ortogonal b)
plano xy c) plano xz d) plano yz. ............................................................................................. 74
Figura 32: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 7 a) vista ortogonal b)
plano xy c) plano xz d) plano yz. ............................................................................................. 75
Figura 33: a) imagem da amostra COQ 7 em tons de cinza com regiões onde apresentam
dificuldades para se determinar o limiar entre grão, cimento e poro evidenciadas e b) a
imagem com o resultado da segmentação evidenciando os pontos de dificuldade de análise. 76
Figura 34: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 8 a) vista ortogonal b)
plano xy c) plano xz d) plano yz. ............................................................................................. 77
Figura 35: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 9 a) vista ortogonal b)
plano xy c) plano xz d) plano yz. ............................................................................................. 78
Figura 36: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 10 a) vista ortogonal b)
plano xy c) plano xz d) plano yz. ............................................................................................. 79
Figura 37: Comparação entre os resultados encontrados pela técnica Digital Rock Physics e os
resultados experimentais tradicionais. ...................................................................................... 80
Figura 38: Comparação entre os resultados encontrados pela técnica Digital Rock Physics e os
resultados experimentais tradicionais. ...................................................................................... 83
Figura 39: Imperfeições na amostra que podem ter sido geradas por problemas na obtenção ou
manuseio da amostra COQ 9. ................................................................................................... 84
Figura 40: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 2. .................................... 87
Figura 41: Imagens correspondentes a região de maior porosidade, a região 2 (a), e de menor
porosidade, a região 6 (b), da amostra COQ 2. ........................................................................ 88
Figura 42: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 3. .................................... 89
Figura 43: Detalhes da porosidade da amostra COQ 3, apresentando a região 1 (a), região 4
(b) e região 7 (c). ...................................................................................................................... 90
Figura 44: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 7. .................................... 91
Figura 45: Imagens correspondentes a região de maior porosidade, a região 3 (a), e de menor
porosidade, a região 5 (b), da amostra COQ 7. ........................................................................ 92
Figura 46: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 8. .................................... 93
Figura 47: Imagens correspondentes a região de menor porosidade, a região 4 (a), e de maior
porosidade, a região 6 (b), da amostra COQ 8. ........................................................................ 93
Figura 48: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 9. .................................... 95
Figura 49: Detalhes da porosidade da amostra COQ 9, apresentando a região 1 (a), região 4
(b) e região 7 (c). ...................................................................................................................... 95
Figura 50: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 10. .................................. 96
Figura 51: Imagens correspondentes a região de maior porosidade, a região 1 (a), e de menor
porosidade, a região 7 (b), da amostra COQ 10. ...................................................................... 97
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resultados de porosidade e permeabilidade dos experimentos laboratoriais ........... 63


Tabela 2: Classificação da qualidade da segmentação baseado nos erros absolutos dos
resultados de porosidade e permeabilidade .............................................................................. 71
Tabela 3: Porosidade calculada a partir da segmentação Watershed ....................................... 80
Tabela 4: Valores de permeabilidades calculadas para cada sub-volume de cada amostra ..... 81
Tabela 5: Resultados da transferência de escala dos valores de permeabilidade ..................... 82
Tabela 6: Anisotropia da permeabilidade absoluta para todas as amostras .............................. 85
Tabela 7: Síntese dos resultados obtidos pela técnica DRP. .................................................... 97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DCA Digital Core Analisys


DRP Digital Rock Physics
TC Tomografia computadorizada de raios-x
SCAL Special Core Analysis Laboratory
PDI Processamento digital de imagem
ADI Análise digital de imagem
CFD Computational Fluid Dynamics
LMMR Laboratório de Métodos Miscíveis de Recuperação
CEPETRO Centro de Estudos de Petróleo da UNICAMP
LMPT Laboratório de Meios porosos e Propriedades Termofísicas
MICP Mercury Injection Capillary Pressure
I(η) Intensidade
μ Coeficiente de absorção
∆η Distância do objeto (m)
p(L) Projeções
Ø Porosidade (%)
Vp Volume de espaço poroso (m³)
Vt Volume total de rocha (m³)
ϕT Porosidade total (%)
ϕE Porosidade efetiva (%)
𝑞 Vazão dos fluidos (m³/s)
𝑘 Permeabilidade absoluta (Darcy)
A Área de seção transversal do cilindro (m²)
Δ𝑃 Diferença de pressão na entrada e saída (Pa)
𝜇 Viscosidade do fluido (Pa.s)
𝐿 Comprimento da amostra (m)
⃗ Operador de divergência
⃗ Operador de gradiente
Velocidade do fluido (m/s2)
Operador Laplaciano
P Pressão do fluido (Pa)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 17

1.1. OBJETIVOS .............................................................................................................. 18


2. ÁREA DE ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA ................................. 19

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 21

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 27

4.1. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE RAIOS-X ........................................ 27


4.1.1. DESCRIÇÃO MATEMÁTICA DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
30
4.2. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE IMAGENS .................................................. 31
4.2.1. SEGMENTAÇÃO DE IMAGENS .................................................................... 32
4.3. CLASSIFICAÇÃO PARA ROCHAS CARBONÁTICAS ....................................... 35
4.4. TAFONOMIA ............................................................................................................... 36
4.5. PROPRIEDADES PETROFÍSICAS ......................................................................... 39
4.5.1. POROSIDADE ................................................................................................... 40
4.5.2. PERMEABILIDADE ......................................................................................... 48
4.6. TRANSFERÊNCIA DE ESCALA ............................................................................ 53
4.6.1. PROPRIEDADES ESTÁTICAS ........................................................................ 53
4.6.2. PROPRIEDADES DINÂMICAS – ESCOAMENTO MONOFÁSICO ............ 54
5. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 58

5.1. ETAPA 1 – PROCESSAMENTO E ANÁLISE DIGITAL DE IMAGENS ................ 59


5.2. ETAPA 2 – COMPARAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS ........... 62
6. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 63

6.1. ETAPA 1.................................................................................................................... 70


6.1.1. RESULTADOS DO MÉTODO WATERSHED E DETERMINAÇÃO DA
POROSIDADE DAS AMOSTRAS ................................................................................. 70
6.1.2. DETERMINAÇÃO DAS PERMEABILIDADES ................................................. 81
6.1.3. ANISOTROPIA DA PERMEABILIDADE ........................................................... 84
6.2. ETAPA 2.................................................................................................................... 86
7. CONCLUSÕES............................................................................................................... 98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 100


17

1. INTRODUÇÃO

As rochas carbonáticas vêm assumindo um papel de importância crescente na


indústria do petróleo, visto que 60% das reservas de óleo e 40% das reservas de gás são
encontradas em reservatórios formados por este tipo de rocha (Sadeq e Yusoff, 2015).
Segundo Formigli (2008), existem inúmeros desafios a serem superados para potencializar a
produção destes reservatórios. Na área de engenharia de reservatórios os desafios que se
destacam são a definição de definição de variação dos caracteres litológicos ou
paleontológicos (fácies) a partir de dados sísmicos, a viabilidade técnica de mecanismos de
recuperação secundária, os aspectos geomecânicos das rochas e a caracterização reservatório,
com foco nas heterogeneidades.

As heterogeneidades dos carbonatos se apresentam em uma multiplicidade de


escalas. Para a caracterização das propriedades petrofísicas deste tipo de rocha em
microescalas é necessário a utilização de amostras das rochas de interesse que são obtidas
através de amostragem lateral de poços de petróleo, ou através de plugues, retirados de
testemunhos. Ambas as operações para a obtenção de amostras da rocha reservatório são
custosas e tornam estas amostras muito valorizadas. Sendo assim, o desenvolvimento de
metodologias para análise de propriedades petrofísicas de maneiras não destrutivas são
adequadas e vem sendo cada vez mais objeto de pesquisa do meio acadêmico.

Para a elaboração de tais metodologias, é comum a utilização de rochas análogas as


rochas de interesse (Skalinski e Kenter, 2013). Segundo Abrahão & Warme (1990), a
Formação Morro do Chaves na Bacia de Sergipe-Alagoas, é considerada análoga às coquinas
observadas nos reservatórios do pré-sal.

Para o estudo dos sistemas porosos e texturas de poros, uma das ferramentas que vem
avançando para este fim é a tecnologia para imageamento de materiais em alta resolução. Os
recentes avanços da tomografia computadorizada fomentaram o desenvolvimento de uma
técnica de análise petrofísica chamada Digital Rock Physics (DRP). O objetivo desta técnica é
complementar as técnicas convencionais de laboratório visando caracterizar microestruturas
de rocha através de imagens de alta resolução (Rahimov et al., 2016). A tomografia
computadorizada de raios-x (TC), concebida originalmente para a análise de tecidos de
organismos vivos, é largamente utilizada para a determinação de algumas propriedades
18

petrofísicas. Entretanto, como discutido por Coles et al. (1995), a resolução alcançada por este
tipo de aparelho não é capaz de capturar a microporosidade presente nos carbonatos, e isso
influencia diretamente na determinação da permeabilidade absoluta e porosidade, estas de
extrema importância, pois estão ligadas com a capacidade de escoamento e de armazenamento
de petróleo da rocha, respectivamente.

Através de esforços na direção de melhorar as resoluções alcançadas pelos


tomógrafos foram desenvolvidos os microtomógrafos e nanotomógrafos, que alcançam altas
resoluções espaciais. Com isso, diversas propriedades petrofísicas, como a porosidade e a
permeabilidade, podem ser determinadas.

Portanto, este trabalho pretende aplicar uma sequência metodológica da técnica DRP,
utilizando imagens de microtomografia computadorizada de raios-x de amostras de rochas da
Formação Morro do Chaves, para a determinação de propriedades petrofísicas e geológicas.

1.1. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo organizar em uma sequência metodológica alguns
métodos de DRP para a determinação de propriedades petrofísicas e geológicas de amostras
de carbonatos da Formação Morro do Chaves.

Esta sequência metodológica é composta por quatro principais etapas que serão
discutidas em detalhe ao longo do texto: a segmentação de imagens, etapa necessária para a
binarização das imagens em tons de cinza obtidas na microtomografia e consequente
determinação das porosidades das amostras, a utilização das Equações de Stokes para se
determinar os valores de permeabilidade, fazer uso de técnicas clássicas de transferência de
escala para a determinação de valores equivalentes para as propriedades estudadas neste
trabalho e analisar do ponto de vista geológico os resultados de petrofísica encontrados,
relacionando-os com as imagens das coquinhas.
19

2. ÁREA DE ESTUDO E CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA

Nas últimas décadas diversos estudos estão sendo realizados em coquinas devido a
sua importância como rocha reservatório. Segundo Abrahão & Warme (1990) as coquinas da
Formação Morro do Chaves na Bacia de Sergipe-Alagoas são rochas consideradas análogas às
coquinas observadas nos reservatórios da Bacia de Campos.

O termo coquina refere-se a uma rocha sedimentar composta por concentrações de


bioclastos, fragmentados ou preservados, de organismos invertebrados secretores de
carbonato, como moluscos, corais e artrópodes (Schaffer, 1972; Kidwell & Holland, 1991).

Para Kinoshita (2010) as acumulações de coquinas são resultado de ambientes de alta


energia sujeitos a períodos de tempestades. Essas intempéries atuaram como responsáveis
pela mortandade dos microrganismos, gerando a movimentação dos bioclastos e sua
acumulação em ambientes lacustres rasos durante períodos de calmaria.

Segundo Azambuja Filho et al. (1998), a formação em estudo foi sedimentada em um


ambiente lacustre que durante a fase rifte sofreu um forte controle tectônico e climático. Estes
depósitos foram submetidos a altas oscilações climáticas.

A área de estudo está localizada na cidade de São Miguel dos Campos, Estado de
Alagoas, na pedreira ―CIMPOR‖. Nesta pedreira existem afloramentos de rochas carbonáticas
da Formação Morro do Chaves, na Bacia de Sergipe-Alagoas. A Figura 1 apresenta o mapa
geológico do município de São Miguel dos Campos.
20

Figura 1: Mapa geológico do município de São Miguel dos Campos –AL. CPRM (2005, apud
Chinelatto, 2015).

Segundo Campos Neto et al. (2007) a Formação Morro do Chaves apresenta idades
entre Barremiano-Aptiano e compreende rochas carbonáticas do tipo coquina, intercaladas
com folhelhos, arenitos e conglomerados que foram depositadas em diferentes pulsos
tectônicos durante a fase rifte. A fauna da Formação Morro do Chaves consiste
principalmente de bivalves e de pequenos gastrópodes nas coquinas (Souza-Lima et al.,
2002).

Figueiredo (1981) interpretou os depósitos da Formação Morro do Chaves como


sendo extensos bancos carbonáticos desenvolvidos em regiões topográficas elevadas.
Segundo Chinelatto (2015) as coquinas acima de ondas de tempo bom apresentam bioclastos
fragmentados, desarticulados e ausência de matriz argilosa, são compostas principalmente por
rudstones, enquanto coquinas depositadas abaixo desse nível apresentam uma menor
quantidade de fragmentação dos grãos e há o aumento considerável de matriz argilosa que
representam os packstones e wackestones. O autor também afirma que é possível observar
que a Formação Morro do Chaves apresenta uma oscilação entre os diferentes grupos,
diversos pacotes de coquinas apresentam diferentes características tafonômicas diretamente
ligadas ao ambiente deposicional e essa oscilação pode ocorrer em escala milimétrica a
métrica no afloramento.
21

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo tem como objetivo apresentar os casos práticos da bibliografia relativos
à utilização da tomografia computadorizada de raios-x para determinar características
petrofísicas de rochas reservatórios de petróleo e a evolução desta técnica ao longo do tempo.

Cromwell et al. (1984) fizeram uma das primeiras verificações sobre a capacidade de
utilizar a tomografia computadorizada para analisar o fluxo de fluidos no meio poroso. Esta
análise, até então mais qualitativa do que quantitativa, foi realizada nas amostras de calcário
Danian e no arenito Berea, sendo possível quantificar a porosidade, saturação de fluidos e
eficiência de varrido. Como conclusão foi verificada a necessidade de diminuir as distâncias
de cada fatia de imagem produzida pelo tomógrafo, que naquela época eram de 0,5 mm, isso
dificultava a análise de poros com diâmetros menores que a resolução do aparelho.

No trabalho de Dehghani et al. (1989) uma série de experimentos, utilizando a


tomografia computadorizada em conjunto com o método de centrífuga, foram conduzidos em
amostras do arenito Berea para investigar a distribuição de saturação trifásica em processos de
drenagem. Os resultados experimentais mostram que os perfis de saturação de altura gerados
nas experiências de duas fases concordam com os dados de pressão capilar calculados pelo
método Hassler e Brunner. Estes resultados também mostram que, com a mesma saturação de
gás, a pressão capilar gás-líquido em um sistema trifásico é diferente da obtida em sistema de
duas fases.

Jasti et al. (1993) apresentaram um método para gerar imagens de microestruturas


3D do meio poroso. O método é baseado em imagens de alta resolução de tomógrafos
computadorizados e, segundo os autores, apresenta vantagens em relação a outros métodos
utilizados para caracterizar o meio poroso, como o porosímetro de mercúrio, ainda que este
seja útil para prever certas propriedades. Os resultados demonstram a eficácia do sistema de
alta resolução para fazer o imageamento da distribuição de duas fases fluidas no espaço
poroso. Os autores já vislumbravam a capacidade da tomografia de superar as limitações dos
métodos tradicionais e seu enorme potencial para quantificar a microestrutura porosa.

Coles et al. (1995) discutiram a importância de utilizar tomógrafos com maior


resolução do que aqueles tomógrafos médicos, apesar de sua larga disponibilidade e facilidade
de uso. Então neste trabalho os autores utilizaram uma técnica análoga aos tomógrafos
médicos, em que é utilizada a radiação de Luz Síncrotron para obter imagens 2D e 3D de alta
22

resolução de amostras de arenito. Eles concluíram que a microtomografia computacional


fornece uma caracterização detalhada da geometria da amostra, da porosidade e da
distribuição mineralógica. A conectividade de poros pode ser visualizada e caracterizada,
fornecendo dados valiosos para a compreensão e modelagem do transporte de fluidos e
processos mecânicos que ocorrem em sistemas de meios porosos reais.

Withjack et al. (2003) fizeram uma revisão bibliográfica das diferentes utilizações
para a tomografia computadorizada na indústria do petróleo e as classificaram de acordo com
suas aplicações para a engenharia de reservatórios. Concluíram com esse trabalho que os
custos para caracterização de rochas utilizando tomografia computadorizada são baixos,
possibilitando melhorar a probabilidade de atingir um valor final maior de Valor Presente
Líquido (VPL). Além disso, a microtomografia é uma tecnologia viável para melhorar a
modelagem de poros e o entendimento dos mecanismos de produção neste nível de resolução.

No trabalho de Arns et al. (2005) foi proposta uma metodologia para determinar a
morfologia de carbonatos em escala de poro e também propriedades petrofísicas utilizando
imagens de microtomografia, a partir de comparações com medidas de laboratório. Eles
puderam concluir que a porosidade nestas amostras aumenta com o aumento da resolução
espacial das imagens, a permeabilidade medida computacionalmente apresenta concordância
de resultados com aqueles apresentados pelas medidas de laboratório é possível combinar
análise de imagens com cálculos numéricos para predizer propriedades e derivar correlações
em carbonatos.

A pesquisa desenvolvida por Jin et al. (2007) tem como objetivo apresentar uma
metodologia para calcular, através de imagens de tomografia computadorizada, propriedades
macroscópicas estáticas e dinâmicas de arenitos, incluindo permeabilidade absoluta, fator de
formação, permeabilidade relativa, pressão capilar e índice de resistividade. Os resultados
foram comparados com resultados de medidas de laboratórios. Para as amostras de arenitos
limpas, as permeabilidades mostraram boa concordância com os resultados de laboratório,
porém os resultados para arenitos argilosos não apresentaram concordância. O fator de
formação apresentou resultados consistentes para ambos os casos. Devido ao tamanho de
amostra utilizada, com dimensões de 300 x 300 x 300 voxels, eles concluíram que cálculos em
amostras de rocha muito pequenas podem não ser sempre representativas da heterogeneidade
das rochas de formação.
23

Segundo Youssef et al. (2008) as propriedades petrofísicas são drasticamente


afetadas pela presença de heterogeneidades que vão desde microposidades até vugs e
principalmente para as propriedades elétricas (fator de formação e índice de resistividade).
Portanto, este artigo apresenta a combinação de uma abordagem de dupla rede de poros com
informações de microtomografia para simular o comportamento elétrico de arenitos e
carbonatos. Esta metodologia combina as propriedades de transporte da microporosidade
(pressão capilar e índice de resistividade) com a modelagem determinística da rede de poros
da macroporosidade.

A influência da elevada heterogeneidade dos carbonatos para a determinação de


propriedades de escoamento em rochas carbonáticas é tema de discussão no trabalho de
Grader et al. (2009). Neste estudo foi apresentada uma metodologia que inclui a preparação
das amostras, o imageamento em múltiplas escalas, o processamento da amostra, a
determinação das propriedades de transporte de forma computacional e a integração dos
resultados para toda amostra. Para a execução desta metodologia faz-se necessário a aquisição
de imagens com três níveis de resolução. Nos cálculos de porosidade, as imagens de baixa
resolução são utilizadas para particionar o volume inteiro em partes menores e as imagens de
alta resolução são utilizadas para popular a porosidade de forma detalhada. A partir deste
ponto são calculadas as permeabilidades absolutas e as permeabilidades relativas para a
amostra. Os resultados dos estudos de DRP demonstraram boa concordância com os valores
medidos em laboratório. Eles ressaltaram o potencial que a técnica de DRP tem para
determinar propriedades petrofísicas de forma não destrutiva e em curto espaço de tempo.

Kalam (2012) apresenta um estudo comparativo entre a técnica de DRP e medidas de


SCAL (Special Core Analysis Laboratory) de amostras complexas de um reservatório
carbonático gigante no Oriente Médio. O principal objetivo do trabalho é providenciar
resultados de propriedades petrofísicas e de fluxo multifásico calculado a partir de imagens
digitais 3D de microtomografia, onde as simulações são realizadas em micro plugues e então
passam por processo de transferência de escala para popular toda a amostra com estes valores
e compara-los com os resultados de laboratório. Seguindo a metodologia proposta, o autor
atingiu diversos resultados como a obtenção da permeabilidade absoluta, porosidade, fator de
formação, propriedades elásticas, pressões capilares e permeabilidades relativas. No entanto,
para a segmentação das imagens da microtomografia, foi utilizada a técnica mais simples de
segmentação, que é por determinação de limites (thresholds) no histograma de tons de cinza
das imagens.
24

Idowu et al. (2013) analisaram em detalhe a segmentação e esqueletização. Os


autores afirmam que os primeiros passos a serem dados para a extração da rede de poros de
imagens de microtomografia são a filtragem das imagens, segmentação e esqueletização. Para
avaliar estes pontos, os autores utilizaram amostras de arenitos do campo de petróleo
Statfjord, um campo de petróleo e gás no Mar do Norte. Eles utilizaram três diferentes
algoritmos de segmentação e examinaram os impactos na porosidade estimada e também
avaliaram três diferentes algoritmos de esqueletização para a geração das redes de poros e
simularam propriedades bi-fásicas e tri-fásicas. Os resultados mostram que as técnicas de
segmentação influenciam na determinação das propriedades estáticas e monofásicas, porém as
propriedades de fluxo multifásico apresentaram um bom acordo entre as diferentes redes de
poros construídas. Portanto, eles concluíram que a extração das redes de poros pode ser feita
de diversas maneiras e faz-se necessário a avaliação destas técnicas para determinar as
propriedades petrofísicas utilizando as técnicas de DRP.

O enfoque do estudo de Sheppard et al. (2014) foi divido em três principais partes: a
apresentação de um novo instrumento que utiliza reconstrução de imagem teoricamente exata
com base em trajetórias de varredura helicoidal, permitindo maiores ângulos de cone e,
portanto, melhor utilização do fluxo de raios-X disponível. Eles também apresentaram
algoritmos para a realização de tomografia dinâmica que permitem que as mudanças entre um
momento e o próximo sejam reconstruídas a partir de um conjunto disperso de projeções,
permitindo uma imagem de maior velocidade de amostras que variem no tempo. Os autores
discutiram a questão crucial da segmentação de imagens e avaliaram algumas técnicas
recentemente propostas para segmentação automatizada. Todas estas etapas foram propostas
com o objetivo de melhorar as análises quantitativas com imagens de microtomografia
computadorizada. Dentre as conclusões do trabalho, destaca-se a importância que os autores
dão para as técnicas de segmentação automatizada. Os autores afirmam que os métodos
recentemente propostos são promissores, mas sem um único método capaz de funcionar bem
para a grande variedade de materiais.

Jouini et al. (2015) afirmam que existe uma dificuldade de encontrar uma única
resolução de imagem que seja capaz de capturar todas as heterogeneidades de amostras de
carbonatos e, portanto, extrair a rede de poros. Então, os autores propuseram um método para
estimar a porosidade, permeabilidade e as propriedades elásticas a partir de imagens de
microtomografia com múltiplas resoluções. Eles segmentaram as imagens em três fases,
separando grão, poros e fase porosa desconhecida usando imagens de 19 µm de resolução.
25

Então, utilizaram imagens de alta resolução (entre 0,3 e 2 µm) de microplugues extraídos da
amostra original. Esses subvolumes foram utilizados para representar as fases desconhecidas
do primeiro imageamento. A porosidade e a permeabilidade das amostras apresentaram bom
acordo com os resultados experimentais, porém as propriedades elásticas apresentaram erros
com valores que excediam 150%. Os autores concluíram que este erro é devido ao fato de que
estas propriedades não dependem somente dos poros, mas também da distribuição de grãos, o
que faz esta estimativa ser mais complexa. Para superar este problema os autores sugerem que
sejam utilizadas imagens de maior resolução, como as geradas por microscópios eletrônicos
de varredura, para melhor caracterizar a geometria dos poros e melhorar a predição das
propriedades elásticas.

Rahimov et al. (2016) caracterizaram amostras de carbonatos do Oriente Médio por


uma abordagem multi-escala. A porosidade foi estimada usando imagens segmentadas dos
micro-plugues que então foram integradas com os valores encontrados na amostra inteira.
Para calcular a permeabilidade utilizaram o método Lattice Boltzmann para simular o
escoamento do fluido no meio poroso. A estimativa da permeabilidade foi feita de duas
maneiras: para a amostra inteira, o que demanda muito esforço computacional, e dividindo a
amostra em sub-volumes.

Silveira et al. (2017) estudaram amostras que apresentam propriedades análogas


aquelas encontradas no Pré-Sal brasileiro, ou seja, rochas formadas em ambientes lacustres
com elevada heterogeneidade. Por conta desta característica ainda é um desafio compreender
os parâmetros petrofísicos destas rochas, a caracterização dos reservatórios e compreender a
dinâmica do escoamento de fluidos. Neste trabalho, os autores utilizaram a DRP para modelar
o meio poroso e estimar a porosidade total, porosidade efetiva e a área de superfície
específica. Os resultados apresentaram bom acordo com os resultados de experimentos
laboratoriais. Através dos resultados Silveira et al. (2017) concluíram que os processos de
segmentação e o custo computacional ainda são limitantes da técnica de DRP e sugerem o uso
de imagens de alta resolução e técnicas automáticas de segmentação.

Rahimov et al. (2017) propuseram uma nova metodologia para determinar


porosidade e permeabilidade quando a conectividade dos poros não está bem definida. Em um
primeiro momento é identificada uma série de classes de texturas nas imagens 3D. Para cada
uma destas classes são extraídos sub-volumes que representam a conectividade local dos
poros. Então, calcula-se a permeabilidade utilizando o método Lattice Boltzmann e a equação
26

de Darcy. Depois de determinada a permeabilidade para cada classe textural, cada sub-volume
é classificado em uma específica classe utilizando o algorítimo Local Binary Pattern (LBM).
Os resultados apontaram para o potencial da metodologia em analisar propriedades
petrofísicas de rochas e os autores afirmam que a metodologia pode ser adotada para a
transferência de escala das propriedades determinadas do micro-plugue, para o plugue e para
a amostra inteira.
27

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo tem como objetivo descrever conceitos imprescindíveis para o


entendimento do trabalho e está dividido em quatro seções: (i) os conceitos teóricos para a
aquisição de imagens por meio das ferramentas de tomografia computadorizada de raios-x;
(ii) procedimentos de análise de imagens, abordando técnicas de segmentação de imagens que
foram utilizadas neste trabalho; (iii) as propriedades petrofísicas tratadas na dissertação; (iv)
os conceitos teóricos da transferência de escala.

4.1. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE RAIOS-X

Em 1895, os raios-x foram descobertos pelo físico alemão, Wilhelm Conrad


Röntgen, que por conta desta descoberta, recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1901.
Entretanto, sua primeira implementação só foi realizada em 1971 por Godfrey Newbold
Hounsfield, que também recebeu Prêmio Nobel em 1979 para Fisiologia e Medicina.
Hounsfield construiu o protótipo do primeiro scanner de tomógrafo computadorizado (TC)
médico e é considerado o TC. A TC foi introduzida na prática clínica em 1971 com uma
varredura de um tumor de lobo frontal cístico em um paciente no Atkinson Morley Hospital
em Wimbledon (Reino Unido) e em 1975 foi construído o primeiro TC para análise do corpo
inteiro. Depois disso, o TC foi imediatamente recebido pela comunidade médica e muitas
vezes refere-se a ele como a invenção mais importante no diagnóstico radiológico, desde a
descoberta de raios-X (Kalender, 2006).

No cenário industrial as primeiras aplicações datam de meados dos anos 80 no


campo dos testes não destrutivos, onde um pequeno número de fatias do objeto era
inspecionado visualmente. As análises quantitativas de TC em 3D apareceram na década de
1990, com análise de volume e distância simples (Reinhart, 2004).

Atualmente, devido aos avanços em hardware e software, a tomografia tornou-se um


método significativo e amplamente utilizado entre as técnicas não destrutivas, capazes de
inspecionar estruturas externas e internas (sem destruí-las) em muitas aplicações industriais.
As fontes de raios-x cada vez mais estáveis e melhores detectores levaram ao
desenvolvimento de sistemas de TC mais robustos, chegando a fornecer informações
geométricas com precisão nanométrica. A utilização desta ferramenta é ampla, desde a
caracterização geométrica de objetos, determinação de composição do material, inspeção de
variação de densidade, entre outras (Cantatone & Müller, 2011).
28

Um sistema de TC compreende uma fonte de raios-X, uma mesa rotativa, um


detector de raios-X e uma unidade de processamento de dados para computação, visualização
e análise de dados dos resultados da medição.

O TC cria imagens de seção transversal, projetando um feixe de fótons emitidos


através de um plano de um objeto a partir de posições angulares definidas realizando uma
rotação. À medida que os raios-X (fótons emitidos) passam pelo objeto, ocorre a absorção,
espalhamento e transmissão. O processo de redução da intensidade, envolvendo apenas os
raios-X que são dispersos ou absorvidos, é chamado de atenuação. Os raios-X são atenuados
devido às interações com o objeto que não alcançam o detector. Os fótons transmitidos
através do objeto em cada ângulo são coletados no detector e visualizados pelo computador,
criando uma reconstrução completa do objeto digitalizado. A estrutura de dados de valores de
cinza 3D obtida dessa maneira representa a distribuição de densidade de elétrons no objeto
medido (Bartscher et al., 2007).

Cantatone & Müller (2011) apresentaram um fluxograma do processo de análise de


tomografia (Figura 2).

Figura 2: Fluxograma para medições de TC (Adaptado de Cantatone & Müller, 2011).


29

1. A primeira etapa é a aquisição (digitalização) do objeto. Vários parâmetros devem


ser configurados antes da aquisição, por exemplo ampliação, orientação do objeto, energia da
fonte de raios-X, tempo de integração do detector, etc.;

2. Depois de digitalizar e obter um conjunto de projeções 2D, o volume é


reconstruído. O volume é modelado como uma matriz 3D de voxels (neologismo com origem
na mistura das palavras "Volume" e "Pixel", e pixel é uma combinação, na língua inglesa, das
palavras "Picture" e "Element", ou seja, elemento da imagem.), onde cada valor de voxel
representa o coeficiente de atenuação local correspondente ao objeto digitalizado. Em outras
palavras, a cada voxel é atribuído um valor de cinza representando uma densidade local de
absorção de raios-X. Nesta etapa, algumas técnicas de correção podem ser aplicadas nas
projeções 2D para minimizar o efeito da radiação dispersa e dos artefatos de endurecimento
do feixe, que são explosões de estrelas ou listras que ocorrem quando os feixes de raios-x são
bloqueados por materiais de alta densidade;

3. Em seguida, o valor de limiar, que serve para substituir cada pixel em uma
imagem com um pixel preto se a intensidade da imagem for menor do que este valor de limiar
ou um pixel branco se a intensidade da imagem for maior que este valor, deve ser
cuidadosamente determinado, pois é um parâmetro crítico para segmentação precisa da
imagem e determinação de dados de superfície, portanto, tem uma grande influência na
geometria final;

4. Depois que um valor limiar é determinado, os dados de superfície ou de volume


são gerados. Os dados de superfície são gerados no formato STL, caracterizados por uma
malha poligonal em forma de triângulos, na superfície;

5. Então, a medição dimensional direta (por exemplo, montagem de primitivas


geométricas, análise de espessura de parede, comparação nominal / real) pode ser realizada
em qualquer um dos conjuntos de dados mencionados anteriormente (volume / superfície);

6. Finalmente, obtém-se um resultado de medição.

Cada geração de tomógrafos é determinada pela configuração do tubo de raios-X e


de seus detectores. A primeira geração era constituída de uma fonte de raios-X e um detector.
Uma nova detecção era realizada após o detector ser rotacionado em um grau. A segunda
geração utiliza vários detectores e o feixe de emissão em forma de leque, atravessando maior
30

extensão do objeto. A terceira geração possui um maior número de detectores, além de não
mais ser necessário transladar o tubo e os detectores, pois eram rotacionados dentro do
pórtico. A quarta geração possui uma bateria de detectores fixos em torno de todo o pórtico,
sendo necessário apenas o giro do tubo em torno do objeto. Os sistemas de TC de quinta
geração são diferentes dos sistemas anteriores, pois não há movimento mecânico envolvido. O
scanner usa uma matriz circular de fontes de raios-X, que são ativadas e desativadas
eletronicamente. As fontes procuram em uma tela fluorescente curva, de modo que quando
uma fonte de raios-X é ligada, um grande volume da peça é visualizado simultaneamente,
fornecendo dados de projeção para um raio que diverge da fonte. Aqui, uma série de
projeções bidimensionais de um objeto tridimensional é coletada.

4.1.1. DESCRIÇÃO MATEMÁTICA DA TOMOGRAFIA


COMPUTADORIZADA

Segundo De Cezaro & De Cezaro (2010), todo raio que passa por um objeto é
atenuado e esta atenuação da intensidade do raio é medida pelo detector que está na face
oposta do objeto, que pode ser modelada por um coeficiente de absorção μ. A Figura 3 mostra
a atenuação do raio de intensidade I(η) quando atravessa uma distância ∆η do objeto com um
coeficiente de absorção μ, resultando em uma intensidade I(η+∆η).

Figura 3: Atenuação do raio-x (Adaptado de De Cezaro & De Cezaro, 2010).

Com este modelo, a atenuação de um feixo de raios-x pode ser calculada pela
Equação (1):
31

( ) ( ) 𝜇( ) ( ) (1)

Reordenando a Equação (1), obtemos:

( ) ( )
𝜇( ) ( ) (2)

Supondo que ∆η seja infinitesimal, fazendo-o tender a zero na Equação (2), obtemos
a Equação (3):

= −μ(η)I(η) (3)

Ao integrarmos a Equação (3) ao longo de uma reta L atingimos a Equação (4) que é
conhecida como Lei de Beer (Buzog, 2008):

( ∫ 𝜇( ) ) (4)

Para calcular as projeções p(L), ou seja, a atenuação do raio-x durante o processo, é


feita a inversa da operação integral da Equação (4), apresentada na Equação (5):

(𝐿) ( ) ∫ 𝜇( ) (5)

As projeções p(L) podem ser obtidas de duas maneiras, através de escaneamento


paralelo ou escaneamento em forma de cone de raios-x (cone-beam geometry). Nestes dois
métodos são obtidas imagens 2D que, se agrupadas corretamente, pode resultar em uma
imagem 3D. Em máquinas modernas o escaneamento é feito em forma de espiral em todo o
objeto a ser estudado, resultando em uma imagem 3D (Buzog, 2008).

4.2. PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE IMAGENS

Segundo Oliveira (2004) o processamento digital de imagens é uma ferramenta capaz


de transformar a imagem digital através de operações matemáticas, que alteram os valores dos
pixels e, portanto, facilita e melhora a visualização da imagem pelo observador. Os softwares
chamados de analisadores de imagem são divididos em três blocos básicos como mostrados
na Figura 4, a saber: (i) aquisição de imagem digital; (ii) processamento digital de imagem
(PDI); e (iii) análise digital de imagem (ADI).
32

Figura 4: Sequência padrão de processamento e análise de imagens (Oliveira, 2004).

O conjunto de aquisição de imagens refere-se a duas etapas: a formação da imagem e


a sua digitalização. O conjunto de PDI descreve as etapas de pré-processamento, segmentação
e pós-processamento. O pré-processamento visa melhorar a imagem, corrigindo defeitos e
realçando detalhes de interesse. A segmentação é a etapa mais importante do bloco, onde a
saída é uma imagem binarizada formada por objetos de interesse. O pós-processamento
corrige defeitos ocorridos na etapa de segmentação, extraindo-se objetos que não são de
interesse, e até mesmo juntando ou separando-os, porém, não é uma etapa obrigatória. O
conjunto de ADI é dividido em extração de atributos, ou seja, mensurar os objetos separados
na segmentação, e o reconhecimento de padrões e classificação.

4.2.1. SEGMENTAÇÃO DE IMAGENS

A segmentação de imagem consiste em subdividir a imagem em regiões ou objetos


que a compõem. Existem objetos de interesse em uma imagem e podemos isolar aqueles
pixels que não fazem parte desses objetos. Os algoritmos de segmentação são geralmente
baseados na busca pelas descontinuidades ou pelas similaridades dos níveis de cinza.
33

Neste trabalho é abordada uma técnica que necessita de interação do usuário para
manter o controle da qualidade da segmentação, a técnica Watershed.

4.2.1.1. WATERSHED

Segundo Audigier (2004) o método de watershed, simula uma inundação em um


relevo e baseia-se na escolha de marcadores rotulados na imagem, a partir dos quais são
definidas as regiões que pertencem aos objetos de interesse e ao fundo da imagem. Pela
escolha de rótulos distintos, vários objetos podem ser obtidos ao mesmo tempo. O método de
watershed pertence ao campo da Morfologia Matemática, ou seja, estudo de estruturas
geométricas presentes numa imagem através de ferramentas matemáticas (FACON, 2011).
Ainda segundo Audigier (2004), em Morfologia Matemática, faz-se uma analogia entre o
valor de cada pixel de uma imagem (tons de cinza) e altitude. Valores elevados de pixels
formam picos, valores baixos são associados a vales e valores constantes são chamados de
planícies. Portanto, uma imagem 2D descreve uma superfície topográfica 3D.

Beucher e Meyer (1993) afirmam que o método Watershed é inspirado no conceito


físico de inundações de vales, onde são definidos os mínimos regionais da imagem como
sendo as regiões topográficas que apresentam intensidade constante e menor do que a
intensidade dos pontos vizinhos. Nesses mínimos regionais, que podem ser considerados
bacias hidrográficas, começa a penetrar e acumular água regularmente até ser necessário a
construção de diques para que estas diferentes zonas não se unam. Conforme o volume de
água continua crescendo, os diques também crescem, até que a superfície seja totalmente
inundada e apenas os diques emergem na superfície inundada. Estes diques são linhas
divisoras que contornam as bacias hidrográficas, cada um contendo apenas um mínimo
regional, como apresentado na Figura 5. A aplicação clássica deste método pode causar uma
supersegmentação devido ao fato de que todos os mínimos regionais são levados em
consideração para a criação destas linhas divisoras.
34

Figura 5: Processo de inundação no método Watershed. a) ―Furos‖ efetuados nos mínimos


regionais (setas) do perfil da superfície topográfica. b) A água começa a penetrar nos mínimos
regionais e os diques começam a ser construídos (setas) para manter as águas separadas. c)
Diques (setas) dividindo e contornando as bacias hidrográficas, cada um contendo apenas um
mínimo regional (Audigier, 2004).

Audigier (2004) explica que para superar este problema foi desenvolvida a realização
do watershed a partir de marcador que fornecem informação adicional sobre as estruturas que
serão segmentadas. Ao contrário da abordagem clássica, neste caso somente as regiões
marcadas é que são fontes de fluxo de água, inundando, portanto, as demais áreas. Ao final do
processo emergem as Linhas Divisoras de Águas, forma como também é conhecido o método
watershed, para separar apenas fluxos provenientes de bacias selecionadas por marcadores.
Esse procedimento de determinação de marcadores pode ser automático ou por intervenção
humana. A determinação automática passa por uma intensa filtragem da imagem original e
limiarização. No segundo caso, perde-se a automaticidade do método, porém permite a
interação do usuário para realizar correções necessárias.

Este trabalho não tem a intenção de avaliar todas as implementações já feitas para os
métodos de segmentação. Portanto será apresentado o primeiro algoritmo Watershed rápido
35

conhecido na literatura, que foi proposto por Vicente e Soille (1991) e parte da definição de
imersão apresentada anteriormente. Para maiores detalhes sobre a evolução da implementação
desta técnica de segmentação recomenda-se fortemente a leitura do trabalho de Körbes
(2010), em que o autor apresenta 14 diferente algoritmos da transformada Watershed de
maneira uniformizada, apresentando a motivação para a criação da abordagem, qual definição
é utilizada e detalhes específicos de implementação.

O algoritmo de imersão, proposto por Vincent e Soille (1991), é a primeira


transformada Watershed rápida conhecida na literatura, tendo seus princípios estabelecidos
pelo paradigma de busca em largura com resultados determinados pela definição de imersão.
Sua implementação é baseada em um algoritmo de quatro passos.

1. Ordenação dos pixels pelo nível de cinza. Este passo é fundamental para
determinar a velocidade de execução do algoritmo, pois permite o acesso direto aos pixels no
mesmo nível, no entanto pode-se utilizar implementações relativamente simples que garantem
esta mesma propriedade, como o uso de bibliotecas.
2. Iteração pelos pixels nos níveis de cinza na imagem, mascarando-os e inserindo
em uma estrutura de dados aqueles com vizinhos rotulados.
3. Análise dos pixels na estrutura, onde os rótulos são determinados e propagados
nas zonas planas.
4. Os pixels que não foram rotulados constituem novos mínimos regionais, e
assim seus componentes conexos recebem novos rótulos.

4.3. CLASSIFICAÇÃO PARA ROCHAS CARBONÁTICAS

Existem diversas classificações para rochas carbonáticas. Grabau (1904) elaborou o


primeiro esquema de classificação para os carbonatos, porém apesar de ser bem abrangente,
esta classificação nunca se tornou popular.

Outras classificações foram propostas desde então, incluindo a classificação de


Dunham (1962). Esta classificação, cujos critérios consistem essencialmente na textura
deposicional da rocha carbonáticas, baseando-se na concentração de lama carbonática,
evidência de trapeamento de sedimento e ausência de estruturas sedimentares por diagênese.
A Figura 6 resume a classificação de Dunham (1962). Esta classificação é extremamente
prática e fornece indicações sobre a energia do ambiente onde se formaram as rochas
carbonáticas.
36

Figura 6: Classificação de rochas carbonáticas de Dunham (1962) (Adaptado de Schalle &


Ulmer-Scholle, 2003).

4.4. TAFONOMIA

Segundo Kidwell & Holland (1991), conchas e ossos podem ocorrer em qualquer tipo
de rocha sedimentar, mas apenas para o carbonato ocorrem de forma abundante e a descrição
da disposição das peças esqueléticas rígidas é um procedimento rotineiro. Os sedimentos
formados por bioclastos com matriz não-carbonática são geralmente descritos por vários
termos não padronizados, como coquina, ―bone bed‖ e ―shell gravel‖. Como os depósitos de
bioclastos grosseiros são bastante comuns no registro sedimentar, e têm aplicações
importantes para a análise estratigráfica, além de fontes de informações paleontológicas, é
desejável alguma padronização na terminologia descritiva. Ainda segundo Kidwell & Holland
(1991), idealmente, uma classificação macroscópica para rochas bioclásticas deve: 1)
transmitir uma imagem visual imediata do tecido da rocha; 2) permite a descrição de
depósitos tanto litificados como não-litificados com matriz de qualquer tamanho de grão ou
composição mineralógica; 3) acomodar depósitos em que os fósseis são preservados como
moldes (vazios); 4) ser razoavelmente objetivo e quantificável; e 5) seja fácil de usar no
campo por não especialistas. Por estes motivos os autores desenvolveram uma descrição semi-
quantitativa de tipos de tecido bioclástico, através de visões transversais de camadas
bioclastais e com um número limitado de categorias de tecido, com base em um número
mínimo de recursos de afloramento.

Por depósito bioclástico, Kidwell & Holland (1991), querem dizer qualquer depósito
sedimentar contendo tais bioclastos grosseiros, que podem ser muito escassos ou constituir
37

praticamente todo o depósito. Para descrever estes depósitos foram utilizadas duas
abordagens: empacotamento e seleção.

Empacotamento

Três graus semi-quantitativos de empacotamento são reconhecidos, como apresentado


na Figura 7.

Figura 7: Classificação em relação ao tipo de empacotamento: denso, frouxo ou disperso


(Adaptado de Kidwell & Holland, 1991).

O empacotamento denso descreve os depósitos que são suportados por bioclásticos;


isto é, os bioclastos grossos fornecem claramente suporte mecânico para o acamamento, com
partículas mais finas ou cimento que enchem os interstícios. Os contatos bioclásticos são
comuns, mas alguns bioclastos podem parecer "flutuar" na matriz por causa das formas
irregulares. As rochas mais comuns que apresentam essa estrutura são packstones, grainstones
e rudstones.

O empacotamento frouxo (loosely packed) descrevem depósitos matriz suportado, os


bioclastos geralmente não apresentam contato entre eles, e quando existem é baixo.
Wackestones e floatstone são rochas comuns nessa classificação.

Por último, o empacotamento disperso, são depósitos matriz suportado com os


bioclastos muito dispersos, seus contatos ocorrem de maneira rara. Wackestones, floatstones e
mudstones bioclasticos são exemplos comuns desse tipo de empacotamento.

Seleção

São reconhecidos três graus semi-quantitativos de seleção dos bioclastos grosseiros,


como apresentado na Figura 8.
38

Figura 8: Classificação em relação a seleção dos bioclastos: bem selecionado, bimodal e


pobremente selecionado (Adaptado de Kidwell & Holland, 1991).

Bem selecionado descreve os depósitos que exibem uma variação muito pequena nos
tamanhos de bioclastos maiores que 2 mm. Em termos qualitativos, a fábrica dá uma forte
impressão visual de ter um modo único e bem definido. Este modo pode ser relativamente
fino ou grosseiro. Quantitativamente, os 80% dos bioclastos estão contidos em duas classes
adjacentes na escala granulométrica phi.

Bimodal descreve os depósitos que estão bem classificados em relação ao modo


primário, mas também possui um segundo modo distinto. Qualitativamente, a fábrica dá uma
forte impressão visual de ter dois modos discretos. Os tecidos bimodais mais óbvios têm
alguns grandes bioclastos vagamente empacotados ou dispersos entre uma grande quantidade
de bioclastos significativamente finos.

Pobremente selecionados descreve os depósitos com grande variação no tamanho


bioclástico. Qualitativamente, eles podem parecer misturados em tamanhos ou simplesmente
não possuem um modo primário óbvio e forte.

No trabalho de Kidwell et al. (1986), os autores afirmam que para a descrição da


orientação das conchas é utilizada normalmente um diagrama de rosa como apresentado na
Figura 9.
39

Figura 9: Orientação das conchas em relação ao acamamento (Kidwell et al., 1986).

Segundo Chinelatto (2015) os autores sugerem o termo concordante para descrever o


alinhamento paralelo em relação ao acamamento; oblíquos para elementos que exibem
posições intermediárias e perpendiculares para descrever elementos dispostos em grande parte
em ângulos retos. Termos especiais são reservados para tecidos que são caracteristicamente
ordenados em seção transversal; estes incluem imbricados, em vida, empilhamento e
aninhamento.

4.5. PROPRIEDADES PETROFÍSICAS

A determinação das propriedades petrofísicas das rochas é um processo


extremamente importante para a indústria do petróleo e é objeto de constante pesquisa e
aperfeiçoamento, principalmente para os carbonatos que apresentam heterogeneidade destas
propriedades em diversas escalas: nanoscópica, microscópica, mesoscópica, macroscópica,
megascópica e gigascópica. Neste trabalho é abordado o estudo em escala microscópica, ou
também escala de poro, que exerce influencia principalmente nos carbonatos devido à alta
suscetibilidade a ações diagenéticas. Esta seção aborda a descrição das principais
40

propriedades petrofísicas que estão relacionadas com o tema proposto: porosidade e


permeabilidade.

4.5.1. POROSIDADE

Segundo Cannon (2015) a porosidade (ϕ) é definida como a proporção do volume de


espaço de poro (vazio) (Vp) para o volume total de rocha (Vt), como expresso na Equação (6).

(6)

Mesmo tal propriedade aparentemente simples pode ser difícil de quantificar quando
se toma em consideração a mineralogia da rocha e também sua história diagenética. A
porosidade pode ser descrita como primária ou secundária, dependendo se a dissolução
mineral ocorreu durante a litificação. A porosidade secundária é geralmente de maior
importância nos reservatórios carbonáticos devido à maior suscetibilidade a dissolução dos
minerais calcários. Um reservatório "fraturado" também pode mostrar aumento da porosidade
ou as fraturas podem ser a única fonte de volume de armazenamento de fluido; a porosidade
da fratura pode ser difícil de identificar e quantificar sem informações adicionais de plugues,
registros de imagens ou dados sísmicos.

Durante a sedimentação e litificação, alguns poros podem ficam isolados de outros


poros por vários processos diagenéticos, como cimentação e compactação. Assim, muitos
poros mantém suas conectividades, porém outros acabam ficando isolados. Então em segundo
lugar, a porosidade pode ser relatada como total (ϕT), ou seja, todo o espaço poroso presente
na rocha, seja ele conectado ou não, ou efetiva (ϕE), que representa somente o espaço poroso
conectado, dependendo da medição.

4.5.1.1. CLASSIFICAÇÕES DE POROSIDADE

A porosidade é uma das propriedades mais importantes dos reservatórios de petróleo,


mas devido a complexidade dessa propriedade nos reservatórios carbonáticos, o conhecimento
desse sistema poroso é crítico. A complexidade deste sistema é devido à interação dos
processos deposicionais e diagenéticos, como a dissolução, cimentação e fraturamento.
Segundo Correia (2014) existem duas razões fundamentais que precisam estar presentes nos
sistemas de classificação: descrever as propriedades fundamentais da rocha de forma
sistemática, ser reprodutível e facilitar a transferência de conhecimento.
41

Dentre as diversas classificações de porosidade de rochas carbonáticas, serão


utilizadas neste trabalho três classificações de porosidade, Archie (1952), Choquette e Pray
(1970) e Lucia (1983).

Archie (1952) desenvolveu a primeira classificação de porosidade em carbonatos


baseando-se em imagens de laminas delgadas do espaço poroso, considerando a textura da
matriz e a estrutura porosa visível. As categorias texturais foram divididas em três tipos:

 Tipo 1: Cristalina compacta;


 Tipo 2: Chalky e
 Tipo 3: Granular.

Quanto a visibilidade, a porosidade foi dividida por Archie (1952) em quatro classes:

 Classe A: não visível;


 Classe B: visível com poros entre 1 e 10 µm;
 Classe C: visível com poros maiores que 10 µm e
 Classe D: Vugs

Através destas texturas é possível traçar tendências com a permeabilidade e pressão


capilar. As críticas relativas a este sistema de classificação devem-se ao fato de não existir
uma relação da classe de porosidade visível com o tipo de poro, como por exemplo, a
porosidade móldica.

A classificação de Choquette e Pray (1970) baseia-se na divisão do espaço poroso em


textura seletiva, não seletiva e textura seletiva ou não. Esta classificação realça a importância
da gênese do espaço poroso e as suas divisões são com base na gênese do poro e não a nível
petrofísico.

A textura seletiva pode refletir porosidade relacionada à gênese deposicional ou


diagenética, controlada por grãos, cristais ou outras estruturas primárias. Os tipos de espaços
porosos de textura seletiva são os seguintes:

 Interpartícula: onde o espaço poroso é formado pelas partículas sedimentares,


com um diâmetro de poro maior que 10 µm.
 Intrapartícula: onde o espaço poroso se forma no interior das partículas ou
grãos das rochas, com um diâmetro de poro menor que 10 µm.
42

 Intercristalina: em que o espaço poroso é formado pelos cristais da rocha.


 Móldica: formada pela remoção seletiva ou dissolução do material sedimentar.
 Fenestral: este termo é usado para definir as aberturas maiores e mais longas
que os interstícios formados pelos grãos das rochas, com diâmetros maiores a
100 µm.
 Shelter ou abrigo: na qual as partículas cobrem a superfície da rocha em
formação, deixando um espaço vazio formando o poro e evitando que seja
preenchido por material mais fino.
 Growth Framework ou estrutura de crescimento: que é um tipo de porosidade
primária criada a partir do crescimento in situ da estrutura da rocha
carbonática.

A Figura 10 apresenta a representação dos tipos de espaço poroso de textura seletiva


segundo a classificação de Choquette & Pray (1970).

Figura 10: Tipos de espaço poroso de textura seletiva segundo a classificação de Choquette &
Pray (1970) (Adaptado de Schelle & Ulmer-Schelle, 2003).

No grupo de textura não seletiva, os poros podem atravessar seus limites primários,
incluindo-se os seguintes tipos:
43

 Fratura: originada pelo faturamento da rocha, que pode induzir à formação de


outros tipos de poros e aumentos significativos da permeabilidade.
 Canal: que é aplicável a poros alongados com continuidade em uma ou vezes em
duas dimensões com comprimento 10 vezes maior que a sua seção transversal.
 Vugular: com diâmetros maiores a 1 mm, não apresentando relação com a
textura da rocha, e sendo formados geralmente por dissolução com um baixo
grau de comunicação.
 Caverna: este tipo de porosidade originada por processos de dissolução é
caracterizado pelo maior tamanho, que são grandes cavidades ou cavernas,
podendo seu tamanho ser a partir de meio metro.

O último grupo de fábrica seletiva ou não, inclui os seguintes tipos:

 Brecha: que acontece principalmente na zona de falha, dissolução com


escoamento de detritos e deslizamento ou deformação tectônica.
 Boring ou buraco: no qual os poros são criados por organismos em sedimentos
relativamente rígidos.
 Burrow ou toca: neste caso os poros também são formados por organismos,
mas em sedimentos pouco consolidados.
 Shrinkage ou gretas de contração: sendo estes vazios originados por processos
de secagem que são associados com a ocorrência de gretas e fissuras de
tamanho variável, que se apresentam majoritariamente em sedimentos finos.

A Figura 11 apresenta a representação dos tipos de espaço poroso de textura seletiva


ou não segundo a classificação de Choquette & Pray (1970).
44

Figura 11: Tipos de espaço poroso de textura não seletiva e textura seletiva ou não segundo a
classificação de Choquette & Pray (1970) (Adaptado de Schelle & Ulmer-Schelle, 2003).

Segundo Ahr (2008) a classificação de Lucia (1983) busca fornecer um método


prático de campo e de laboratório para descrição visual da porosidade em amostras
carbonáticas.

Lucia (1983) dividiu os tipos de poros das rochas carbonáticas em duas categorias:
vugulares, que foram subdivididos em: separados e conectados; e interparticulares. Os tipos
de poros propostos por Lucia (1983) estão representados nas Figuras 12 e 13.
45

Figura 12: Classificação de Lucia do espaço poroso vugular em carbonatos baseado na


interconecção dos vugs proposta por Lucia (1983) (Adaptado de Lucia, 1999).

Figura 13: Classificação de Lucia do espaço poroso interparticula em carbonatos baseado na


seleção e tamanho dos grãos e cristais proposta por Lucia (1983) (Adaptado de Lucia, 1999).
46

4.5.1.2. MEDIÇÕES DE POROSIDADE

Um método eficiente para determinação da porosidade utiliza a injeção de ar


comprimido ou gás inerte, como o gás hélio, em cilindros de material, massa e volume
conhecidos através da medição de pressão através de manômetros e utilização de bomba de
vácuo para regular a pressão nos cilindros. O uso do gás hélio, caso sua expansão seja
isotérmica, permite a aplicabilidade da lei de Boyle.

Através do conhecimento e da regulagem do sistema, podemos inserir a rocha


testemunho nos cilindros para conhecimento de sua porosidade. De acordo com a Figura 14
tem-se o esquema de um porosímetro, separando a região de confinamento do gás (entre V1 e
V2) e o confinamento da amostra (entre V2 e V3). De acordo com as instruções, após a
lavagem a amostra é colocada em um forno mufla para ser calcinado por 18 horas a 1000º C e
então inserida na câmara 2 de acordo com o tamanho especificado para a análise e suas
câmaras tem volumes conhecidos.

Figura 14: Esquema do porosímetro que utiliza a Lei de Boyle para a determinação da
porosidade.

Utilizando-se da afirmação de que o experimento obedece a lei de Boyle, podemos


dizer que o produto da pressão encontrado na câmara 1 e do volume total que o gás ocupa na
câmara 1 é igual ao produto da pressão encontrada na junção das câmaras 1 e 2 e do volume
total ocupado pelo gás nas câmaras 1 e 2. Para encontrar a porosidade, podemos substituir o
volume da câmara 2 pelos valores do volume da porosidade e do volume da amostra, como
demonstrado de acordo com a Equação 7:

( ) (7)
47

Onde é o valor de porosidade, é o volume que a amostra ocupa na câmara 2, é


o volume que o gás ocupa na câmara 1, 𝑃 é a pressão aferida com o gás ocupando a câmara 1
e 𝑃 é a pressão aferida com o gás ocupando as câmaras 1 e 2.

Porém, quando a rocha-reservatório tem uma porção muito pequena para ser
calculada pelo método relacionado a lei de Boyle, é preferível utilizar injeção de mercúrio. A
técnica de injeção de mercúrio se baseia na injeção de mercúrio líquido na amostra de acordo
com o aumento de pressão. Este método irá calcular a porosidade absoluta da rocha

O equipamento para o uso desta técnica se é composto por um manômetro para a


medição da pressão interna, uma câmara para a introdução da amostra, uma manivela de mão
acoplada de um medidor de volume e uma válvula de agulha, ou plugue de dreno, perto da
câmara onde a amostra será inserida.

Para operar o porosímetro de mercúrio, é preciso certificar que a câmara está vazia,
com isso fecha-se a tampa e abre o dreno para poder injetar o mercúrio, girando-se a válvula
até que apareça uma gota de mercúrio no dreno. Com isso, anote como o volume lido no
medidor. Retira-se o êmbolo para esvaziar a câmara e coloca-se a amostra. Após seu
fechamento, deixe o dreno aberto e refaça o mesmo passo, girando a manivela de mão. Com
isso, anote como o volume lido no medidor. Fechando o plugue de dreno, gira-se a
manivela até que a pressão na câmara tenha um valor referenciado (normalmente 750 psi ou
5171 Pa) e anote o valor medido no medidor de volume como . (Masihi, 2014)

Com isso, podemos calcular o volume total da amostra na equação 8 e sua


porosidade na equação 9.

( ) (8)

( ) (9)

Onde C é o coeficiente de volume, previamente calculado através da calibração do


sistema.

Para medir a porosidade por análise de imagens é necessário binarizar a imagem


adquirida por meio da tomografia computadorizada. Como comentado anteriormente, após a
aquisição de imagens é necessário o processamento digital desta imagem e a segmentação é a
etapa mais importante do bloco PDI, onde a saída é uma imagem binarizada formada por
objetos de interesse. Após a obtenção desta imagem binarizada, a determinação da porosidade
48

consiste basicamente em contar a quantidade de pixels que apresenta o valor para poros e
subtrair do valor total de pixels da imagem. A Figura 15 apresenta estas etapas.

Figura 15: Procedimento para obtenção de porosidade por análise de imagens. a) A imagem
original gerada pelo tomógrafo passa pela etapa de segmentação que resulta em b) uma
imagem binarizada, facilitando assim a contagem dos pixels que tem o valor conferido aos
poros por meio de um C) histograma.

4.5.2. PERMEABILIDADE

Segundo Cannon (2015) a permeabilidade é definida como a capacidade de um


reservatório para conduzir ou transmitir fluidos através da matriz de rocha, ou seja, a
capacidade de escoamento de um reservatório. Embora seja uma das propriedades mais
importantes do reservatório, sua medida também está entre as mais difíceis de adquirir na
escala representativa apropriada.

Segundo Rosa (2006) a equação de maior utilização prática para o estudo do


escoamento de fluidos em meios porosos foi formulada por Henry Darcy, em 1856, ao estudar
problemas de tratamento de água através de filtros de areia. Essa equação, quando adaptada
para exprimir o fluxo de fluidos viscosos, pode ser assim expressa: ―A vazão através de um
meio poroso é proporcional à área aberta ao fluxo e ao diferencial de pressão, e inversamente
proporcional ao comprimento e à viscosidade‖.

A Lei de Darcy expressa a vazão dos fluidos 𝑞 em função da permeabilidade absoluta


𝑘, área de seção transversal do cilindro A, diferença de pressão na entrada e saída Δ𝑃,
viscosidade do fluido 𝜇 e o comprimento da amostra 𝐿, conforme a Equação (10).

𝑞 𝑘 (10)
49

4.5.2.1. MEDIÇÕES DE PERMEABILIDADE

As medições de permeabilidade laboratoriais podem ser realizadas de diversas


formas, as técnicas mais difundidas são a permeabilidade a gás em regime permanente e
transiente.

Um diagrama esquemático simplificado do aparelho estável é mostrado na Figura


16a. O aparelho inclui um cilindro de gás pressurizado, um suporte de núcleo Hassler e um
medidor de vazão. O aparelho é projetado para garantir que não existam restrições nas linhas
de fluxo que possam causar uma queda de pressão entre a face do núcleo e os medidores de
pressão. Para determinar a permeabilidade ao ar, uma amostra limpa e seca é colocada pela
primeira vez no suporte de núcleo e a pressão é aplicada na borracha do core holder para selá-
la ao núcleo. O ar é então injetado a uma pressão constante até que a taxa de produção de gás
e a pressão se estabilizem. O diferencial de pressão entre as duas extremidades do núcleo é
registrado para o cálculo da permeabilidade usando a forma integrada da lei de Darcy para um
fluido compressível.

Um diagrama esquemático do permeabilímetro de Klinkenberg estado instável


(Jones, 1990) é mostrado na Figura 16b. O permeabilímetro trabalha no princípio da análise
transitória do decaimento do impulso de pressão em que a permeabilidade de Klinkenberg é
determinada como uma função da decomposição da pressão do gás (idealmente de hélio). Este
equipamento consiste em uma célula de referência de volume conhecido que carrega a
amostra do núcleo com gás. Uma válvula a jusante aumenta a pressão do gás e a mudança de
pressão em função do tempo é registrada. As vantagens do método de estado instável incluem
a capacidade de determinar simultaneamente a permeabilidade de Klinkenberg e o coeficiente
inercial (β).
50

Figura 16: Diagrama esquemático de (a) regime permanente e (b) aparelho de regime
transiente (Modificado de: Jones, 1972).

4.5.2.2. EQUAÇÃO DE NAVIER-STOKES

Claude-Louis Navier e George Gabriel Stokes desenvolveram um conjunto de


equações que caracterizam o escoamento de fluidos. Estas equações afirmam que mudanças
no momento e aceleração de uma partícula fluída são apenas o resultado das alterações na
pressão e forças viscosas dissipativas atuando no fluido. Esta força viscosa se origina na
interação molecular.

As equações de Navier-Stokes são equações diferenciais que descrevem o


movimento do fluido e não procuram estabelecer uma relação entre as variáveis de interesse.
Ao contrário disso, elas determinam relações entre as taxas de variação destas quantidades.
Ou seja, estas razões correspondem a suas derivadas. As equações de Navier-Stokes na sua
forma vetorial são apresentadas na Equação (11), onde é considerado um fluxo
incompressível, viscosidade constante e escoamento laminar. Para melhor compreensão dos
passos da dedução das Equações de Navier-Stokes recomenda-se a leitura do livro de Welty et
al. (2008).

𝑃 𝜇 (11)
51

Onde ρ é a densidade do fluido, v o vetor velocidade, g é a aceleração gravitacional, o


operador Nabla, P a pressão atmosférica, µ a viscosidade cinemática do fluido.

Para cenários mais complexos, as soluções para a equação de Navier-Stokes


frequentemente devem ser encontradas com a ajuda de computadores. Este é um campo da
ciência conhecido como CFD, sigla do inglês Computational Fluid Dynamics ou Dinâmica
dos Fluidos Computacional. Por outro lado, as equações de movimento para o escoamento de
Stokes, chamado Equações de Stokes apresentadas na Equação (12), que são uma linearização
das Equações Navier-Stokes, podem ser realizadas por uma série de técnicas bem conhecidas
para equações diferenciais lineares.

⃗ ⃗
{ (12)
𝜇 ⃗ ⃗𝑃 ⃗

Onde ⃗ é o operador de divergência, ⃗ é o operador de gradiente, ⃗ é a velocidade do fluido,


μ é a viscosidade dinâmica do fluido (Pa.s), é o operador Laplaciano e P é a pressão do
fluido.

A permeabilidade absoluta é calculada ao resolver a equação de Stokes diretamente


nos voxels usando o método de volume finito (Harlow & Welch, 1965; Ferréol & Rothman,
1995; Blunt et al., 2013; Mostaghimi et al., 2013; Miller et al., 2014, Hasiuk et al., 2017):

O conjunto tridimensional de voxels que representam a microestrutura tridimensional


é convertido em uma malha de células. Os gradientes de pressão são atribuídos nos centros de
cada voxel e a velocidade é definida nas faces dos voxels ao longo de nós de conexão (Figura
17).
52

Figura 17: Um pedaço de uma interface espaço poroso e sólido em duas dimensões. As linhas
escuras são limites de pixels e as linhas tracejadas são a malha sobreposta para a computação
de escoamento de fluido (Bentz e Martys, 2007).

Uma vez que a solução de diferença finita converge suficientemente, a


permeabilidade, k, do meio poroso é calculada através da média da velocidade do fluido (na
direção do escoamento) e aplicando a equação Darcy:

(13)

onde u é a velocidade média do fluido na direção do fluxo (direção x) e L é o comprimento da


amostra porosa por meio da qual existe uma diferença de pressão aplicada de ΔP. Para um
dado meio poroso, três simulações podem ser conduzidas para determinar as permeabilidades
para o fluxo nas direções x, y e z.

A simulação do escoamento de um fluido viscoso considera que a amostra é selada


nas regiões periféricas da amostrapara guiar o fluxo ao longo de uma direção (Figura 18).
Além disso, os seguintes parâmetros foram definidos: pressão de entrada de 130 kPa, pressão
de saída de 100 kPa e viscosidade de mercúrio de 0,001 Pa.s. O campo de velocidade e a taxa
de fluxo são simulados com estes três parâmetros definidos.
53

Figura 18: Exemplo 2D de configurações experimentais criadas. A configuração experimental


(esquerda e direita do sistema) permite que o fluxo se espalhe através da amostra (Avizo
Reference Guide, 2016).

4.6. TRANSFERÊNCIA DE ESCALA

Segundo Ligero et al. (2001) a transferência de escala tem como principal objetivo a
adaptação da distribuição espacial das propriedades petrofísicas de malhas finas para malhas
mais grosseiras. Eles concluíram que a transferência de escala de permeabilidade absoluta nos
casos considerados mostrou que as permeabilidades equivalentes dos blocos grosseiros são
dependentes da técnica empregada. Kelkar e Perez (2002) definiram a transferência de escala
como uma adaptação das malhas refinadas para malhas grosseiras das propriedades estáticas
do reservatório como a espessura, porosidade e saturação inicial de água e também as
propriedades dinâmicas como a permeabilidade e a permeabilidade relativa.

Christie (2001) dividiu a transferência de escala em três tipos. A transferência de


escala de propriedades estáticas, de propriedades dinâmicas monofásicas e de propriedades
dinâmicas multifásicas.

4.6.1. PROPRIEDADES ESTÁTICAS

As propriedades estáticas de um reservatório são a sua espessura das células, a


porosidade e as saturações. A transferência de escala dessas propriedades é relativamente
direta e requerem médias de seus valores.

A equação da porosidade efetiva, Ø, é dada por:


54


̅ (14)

onde n é o número de células do modelo refinado que serão transferidos para o modelo
grosseiro, Øi é a porosidade da célula do modelo refinado, Ai é a área de superfície e hi é a
espessura da célula. Para o caso ideal onde a espessura e a área de superfície não variam no
modelo refinado o cálculo da permeabilidade é dado pela Equação (15).

̅ ∑ (15)

4.6.2. PROPRIEDADES DINÂMICAS – ESCOAMENTO


MONOFÁSICO

Nesta seção são discutidas as técnicas mais clássicas para a transferência de escala
das propriedades dinâmicas de escoamento monofásico. A propriedade dinâmica mais
importante é a permeabilidade. A transferência de escala desta propriedade depende do
arranjo espacial da permeabilidade na escala mais fina, condições de fronteira e anisotropia.
Para alguns casos ideais de arranjo espacial e de condições de fronteira, equações analíticas
são suficientes para a transferência de escala de maneira satisfatória. Para casos mais gerais, a
transferência de escala desta propriedade é baseada em soluções numéricas de equações
diferenciais parciais que governam o escoamento monofásico.

4.6.2.1.MÉTODOS ANALÍTICOS

A permeabilidade efetiva para três casos ideais é dada pelas médias aritméticas,
harmônicas e geométricas. Apesar de os casos ideais raramente representaram as
heterogeneidades das rochas, essas técnicas providenciam medições úteis dos limites
superiores e inferiores da permeabilidade efetiva (Kelkar e Perez, 2002).

A média aritmética é utilizada quando uma permeabilidade efetiva para o caso onde
o escoamento ocorre através de camadas de permeabilidades constantes, como apresentado na
Figura 14. A permeabilidade de camadas individuais pode mudar, mas isso é constante ao
longo da direção de escoamento. A média aritmética para a permeabilidade para a direção x,
Kx,a, é dado pela Equação (16).

𝑘̅ ∑ 𝑘 (16)
55

Essa equação assume que os blocos têm dimensão constante ao longo das direções x,
y e z. Se as espessuras das camadas variam, a permeabilidade efetiva é dada pela Equação
(17).


𝑘̅ ∑
(17)

Similarmente, as permeabilidades efetivas para as direções y e z, ky,a e kz,a, podem ser


derivadas.

A média harmônica fornece a permeabilidade efetiva para o caso em que a


permeabilidade é arranjada em séries, e isso muda somente perpendicularmente em relação à
direção de fluxo (Figura 19). A permeabilidade efetiva ao longo da direção x, dada pela média
harmônica é apresentada na Equação (18).

𝑘̅ (18)

Equações similares podem ser derivadas para ky,h e kz,h.

Figura 19: Permeabilidade efetiva para casos ideais onde as camadas são arranjadas em
paralelo e em série, com respeito à direção de escoamento (Adaptado de Kelkar e Perez,
2002).
56

Para casos em que o comprimento do bloco varia ao longo da direção de escoamento,


a permeabilidade efetiva é dada pela Equação (19).


𝑘̅ (19)

Segundo Kelkar e Perez (2002) a média geométrica estima a permeabilidade efetiva


para casos em que a distribuição da permeabilidade é completamente não correlacionada, ou
seja, não apresenta camadas distribuídas somente paralelamente e nem camadas distribuídas
somente em série. A média geométrica para permeabilidade efetiva, Kx,g, para blocos de
mesmas dimensões, é dada pela Equação (20).

𝑘̅ (∏ 𝑘 ) (20)

Para os mesmos valores da escala fina, a média aritmética fornece valores mais altos
de permeabilidade efetiva, enquanto que a média harmônica fornece valores mais baixos de
permeabilidade efetiva, e a média geométrica fornece valores entre essas duas.

4.6.2.2.MÉTODO NUMÉRICO

Esse método usa a solução numérica da equação diferencial parcial que rege as
condições de fluxo de estado estacionário monofásico, para calcular a permeabilidade efetiva
de um bloco de escala grosseira. A equação para o sistema que consiste em blocos de escala
fina que se enquadram no bloco grosseiro é:

(𝑘 ) (𝑘 ) (𝑘 ) (21)

Esta equação é resolvida com condições de pressão constantes nas faces de entrada e
saída, que são normais para a direção em que a permeabilidade efetiva está sendo calculada,
com limites fechados nas outras direções. As condições de contorno que calculam a
permeabilidade efetiva para a direção x são:

( ) (22)

( 𝐿) (23)
57

| (24)

| (25)

A solução numérica para as Equações (22) – (25) fornece a distribuição da pressão e


as taxas de fluxo no sistema de escala fina. Então, a permeabilidade efetiva para o bloco
grosseiro para a direção x é calculada com a lei de Darcy, escrita como:

𝑘̅ ( )
(26)

Equações semelhantes podem ser derivadas para as direções y e z usando as condições de


contorno apropriadas nas Equações (22) – (25).
58

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização do presente estudo foram utilizados 6 plugues de coquinas do


Formação Morro do Chaves, formação Coqueiro Seco, Bacia Sergipe – Alagoas, Brasil. A
rocha foi cortada em formato cilíndrico com dimensões de aproximadamente 4,8 cm de
comprimento e 3,8 cm de diâmetro. A porosidade inicial para amostras foi medida usando um
Porosímetro UltraPore - UPore 300 da empresa Core Laboratories, porosímetro de expansão
de gás nitrogênio. Este instrumento utiliza um transdutor de alta precisão de 0 a 200 psi com
linearidade e histerese inferior a ± 0,11% da escala total.

A permeabilidade do gás foi obtida no permeabilímetro digital Ultraperm-500


(Corelab), onde a amostra do núcleo está montada em um suporte de tipo Hassler e o gás
(nitrogênio) fluí até o estado estacionário ser estabelecido. A diferença de pressão entre as
extremidades a montante e a jusante do suporte do núcleo foi obtida a partir de uma série de
transdutores de pressão. Além disso, a taxa de fluxo através da amostra foi obtida a partir dos
medidores de fluxo instalados na linha de fluxo. Uma vez que a pressão de queda é obtida, a
permeabilidade é calculada usando a lei de Darcy.

Estes experimentos laboratoriais para a determinação da porosidade e permeabilidade


das amostras foram realizados pela equipe do Laboratório de Métodos Miscíveis de
Recuperação (LMMR) – CEPETRO (Centro de Estudos de Petróleo da UNICAMP).

A aquisição de imagens de microtomografia foi realizada no Laboratório de Meios


porosos e Propriedades Termofísicas (LMPT) da Universidade Federal de Santa Catarina
utilizando o aparelho Versa XRM-500 com a resolução de 28 µm. As imagens geradas de
cada camada têm 1004x1024 pixels e 2507 camadas.

A sequência metodológica sugerida neste trabalho integra processamento e análise


digital de imagens e transferência de escala com o objetivo de demonstrar a capacidade de
determinar propriedades petrofísicas de amostras de rochas carbonáticas. A Figura 20
representa o fluxo simplificado das etapas da metodologia que este trabalho aborda.
59

Figura 20: Metodologia para determinação de propriedades petrofísicas através de análise


digital de imagens.

O desenvolvimento deste trabalho segue duas etapas principais listadas a seguir e


detalhadas ao longo do capítulo:

 Etapa 1 – Processamento e análise digital de imagens;


 Etapa 2 – Interpretação dos resultados obtidos.

5.1. ETAPA 1 – PROCESSAMENTO E ANÁLISE DIGITAL DE IMAGENS

O objetivo secundário deste trabalho é a avaliação de uma técnica de segmentação de


imagens, processo necessário para a determinação das propriedades petrofísicas. Portanto, a
etapa 1 do trabalho se inicia com a utilização da técnica Watershed para a segmentação das
imagens de microtomografia.

Uma vez as imagens segmentadas, parte-se para a determinação da porosidade,


processo este que consiste na contagem dos pixels que representam o volume poroso em
relação aos pixels totais da imagem. Porém existe a incerteza em determinar qual é o limiar
60

que identifica o espaço poroso e os grãos, podendo resultar em valores superestimados ou


subestimados.

Para se calcular a permeabilidade utilizando técnicas como as Equações de Stokes a


demanda por capacidade computacional é muito grande, então se elaborou métodos para
superar este problema, como por exemplo, a utilização de sub-volumes da amostra original,
porém isto também apresenta outras limitações, como apresentado por Jin et al. (2007), que
utilizaram amostras de rocha muito pequenas para determinar as propriedades petrofísicas e
concluíram que isso pode não ser representativo das heterogeneidades das rochas. Arns et al.
(2005) e Rahimov et al. (2016) conseguiram superar a dificuldade de não representar as
heterogeneidades das amostras dividindo-as em sub-volumes e então calculando propriedades
efetivas para a amostra inteira a partir dos resultados encontrados para os sub-volumes. Para
transferir a escala destas propriedades Arns et al. (2005) utilizou a técnica de tensores de
permeabilidade. Portanto, a partir da revisão bibliográfica destes trabalhos foi possível
determinar uma metodologia que não fosse destrutiva e que representasse a heterogeneidade
de uma amostra de plugue inteira.

Neste trabalho foram utilizadas imagens de alta resolução de plugues inteiros e


selecionadas as regiões centrais dos plugues para determinar a permeabilidade, com tamanho
de 500 x 500 x 1400 voxels. Estas regiões centrais foram divididas em 28 sub-volumes de 1,9
cm x 1,9 cm x 0,68 cm (250 x 250 x 200 voxels), como apresentado na Figura 21.

Figura 21: Divisão da amostra em 28 sub-volumes de 1,9 cm x 1,9 cm x 0,68 cm (250 x 250 x
200 voxels).
61

Após a determinação dos valores de permeabilidade para cada sub-volume, estes


valores passam por um processo de transferência de escala para a determinação de um valor
único de permeabilidade para a amostra toda. Neste caso, para a transferência de escala foram
utilizadas as técnicas: média harmônica para as camadas em série e média aritmética para as
camadas em paralelo. A Figura 22 apresenta a metodologia para a transferência de escala dos
valores de permeabilidade.

Figura 22: Metodologia utilizada para a transferência de escala dos valores de permeabilidade.
Em seguida a determinação dos valores de porosidade e permeabilidade das amostras
por meio da análise das imagens, estes valores são comparados com os resultados dos
experimentos laboratoriais. Se os resultados apresentaram boa correlação, parte-se para a
interpretação dos resultados obtidos. Caso não apresentassem boa correlação, é necessário
62

voltar para a etapa de segmentação, esta etapa é o ponto principal da metodologia e é onde
acontecem os maiores erros, pois a segmentação pode gerar imagens que superestimam ou
subestimam a quantidade de espaço poroso presente em casa amostra, o que afeta tanto os
resultados de porosidade quanto os resultados de permeabilidade.

5.2. ETAPA 2 – COMPARAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

Os resultados são analisados do ponto de vista geológico, relacionando os resultados


petrofísicos encontrados com a tafonomia das amostras que, segundo Winge (2017), a
tafonomia é o estudo sistemático da evolução de fósseis, desde a morte dos indivíduos até a
sua final incorporação e transformações dentro da rocha que os contém. As classificações
utilizadas neste trabalho são baseados nos estudos de Kidwell & Holland (1991) e Kidwell et
al. (1986), Dunham (1962) e Choquette e Pray (1970).
63

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A Tabela 1 apresenta os resultados da porosidade e permeabilidade das amostras


encontradas nos procedimentos laboratoriais. Estes resultados foram classificados de acordo
com Hyne (2001). A porosidade de uma rocha reservatório é considerada insignificante caso
esteja na faixa entre 0% e 5%, razoável se estiver entre 10% e 15%, boa se estiver entre 15% e
20% e caso apresente um valor maior que 20% a porosidade é considerada excelente. Hyne
(2001) também classificou a permeabilidade em ruim (1 a 10 mD), boa (10 a 100 mD) e
excelente (100 a 1000 mD).

Tabela 1: Resultados de porosidade e permeabilidade dos experimentos laboratoriais

COQ 2 COQ 3 COQ 7 COQ 8 COQ 9 COQ 10


Porosidade (%) 4 22,9 14 12 18 13
Classificação de
porosidade de Hyne Insignificante Excelente Razoável Razoável Boa Razoável
(2001)
Permeabilidade
0,02 22,6 22,48 27,72 102,57 23,95
(mD)
Classificação de
permeabilidade de Ruim Boa Boa Boa Excelente Boa
Hyne (2001)

As Figuras 23, 24, 25, 26, 27 e 28 apresentam as imagens em tons de cinza das
amostras de coquinas obtidas através da microtomografia.
64

Figura 23: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 2.


65

Figura 24: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 3.


66

Figura 25: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 7.


67

Figura 26: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 8.


68

Figura 27: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 9.


69

Figura 28: Imagens em tons de cinza da amostra COQ 10.

A microtomografia proporciona um imageamento 3D, ou seja, permite que sejam


visualizadas as estruturas da rocha em todas as direções. Nas figuras anteriores é possível
distinguir 4 tons de cinza bem acentuados. Os tons mais escuros têm coeficiente de absorção
muito baixo, por isso, representam os espaços vazios ou poros. Os tons de cinza claro e escuro
correspondem respectivamente aos grãos, nesse caso conchas carbonáticas, e cimentação. É
possível perceber também alguns pontos com um tom bem acentuado de branco, estes pontos
são minerais de pirita que apresentam um coeficiente de absorção tão alto que chegam a
refletir os raios-x. Há casos de presença de pirita que causa um ruído muito grande na
70

imagem, a amostra mais afetada pela presença de pirita em sua constituição foi a COQ 2. Na
Etapa 2 ficará evidente os problemas gerados pela presença acentuada deste tipo de mineral.

6.1.ETAPA 1

A Etapa 1 apresenta os resultados da técnica de segmentação, da determinação da


porosidade através da contagem dos voxels determinados como poros, do cálculo da
permeabilidade utilizando as Equações de Stokes e Equação de Darcy, da transferência de
escala para cada amostra e a discussão sobre os resultados alcançados.

6.1.1. RESULTADOS DO MÉTODO WATERSHED E DETERMINAÇÃO DA


POROSIDADE DAS AMOSTRAS

O método Watershed depende de forte interação com o usuário para manter a


qualidade da segmentação. Segundo Mingireanov Filho (2017) a metodologia para a
segmentação Watershed passa por uma análise visual varrendo as camadas. Então é
selecionado um valor de corte que possua pelo menos um voxel selecionado em cada região
de poros (mais escuros) para a criação do rótulo e analogamente para as regiões de rocha
(mais claros). A interação do usuário é fundamental para essa análise para escolha desses
valores de corte e verificação da qualidade da segmentação. A região restante recebe um
rótulo indicando que esses voxels devem ser segmentados e receber um dos dois rótulos, de
rocha ou poro. O gradiente da imagem é utilizado como parâmetro para definir o limite da
inundação.

As Figuras 23, 24, 25, 26, 27 e 28 apresentam diferentes tonalidades de cinza isso faz
com que cada segmentação seja totalmente individualizada, sendo necessária a interação do
usuário a cada nova amostra.

De forma a distinguir de maneira visual e facilitar a identificação das regiões


determinadas como grãos das regiões de espaçosos porosos essas regiões foram rotuladas de
formas antagônicas. As regiões de grãos foram rotuladas com a cor preta e as regiões de
espaçosos porosos foram rotuladas com a cor branca.

Com o objetivo de comparar a qualidade dos resultados da segmentação foi


elaborada uma classificação para os erros absolutos de porosidade e permeabilidade. A Tabela
2 apresenta esta classificação.
71

Tabela 2: Classificação da qualidade da segmentação baseado nos erros absolutos dos resultados de
porosidade e permeabilidade

Porosidade (%) Permeabilidade (mD)

Excelente < 1,25 < 3,00

Boa < 2,50 < 6,00

Razoável < 3,75 < 9,00

Ruim < 5,00 < 12,00

Péssima ≥ 5,00 ≥ 12,00

A Figura 29 apresenta o resultado da segmentação para a amostra COQ 2 e a Figura


30 apresenta como a presença de pirita influencia na segmentação.
72

Figura 29: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 2 a) vista ortogonal b)


plano xy c) plano xz d) plano yz.
73

Figura 30: a) Amostra COQ 2 com presença pirita e b) resultado da segmentação


evidenciando os problemas devido à presença de pirita.

A presença de pirita, mineral que causa grande reflexão dos raios-x durante o
imageamento, causa problemas na segmentação. É possível observar na Figura 35 que as
regiões ao redor do grão de pirita ficaram com tonalidades pretas, o que leva a erros na
segmentação e um consequente problema na análise de porosidade e permeabilidade. Apesar
da presença de pirita e da dificuldade causada para executar a segmentação, o resultado da
porosidade da amostra COQ 2, segundo a classificação elaborada neste trabalho, foi
considerada excelente. A porosidade encontrada utilizando a técnica de análise de imagens
alcançou o resultado de 4,7%, enquanto foi encontrado um valor de 4,0% utilizando o
porosímetro.

A Figura 31 mostra o resultado da segmentação da amostra COQ 3.


74

Figura 31: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 3 a) vista ortogonal b)


plano xy c) plano xz d) plano yz.

Percebe-se visualmente que a quantidade de poros de pequeno tamanho na amostra


COQ 3 é bem acentuada. O resultado encontrado através da análise de imagens mostra
razoável correlação com os resultados dos experimentos laboratoriais. A porosidade
encontrada nos experimentos laboratoriais foi de 22,9%, enquanto que a porosidade
encontrada a partir da análise de imagens foi de 19,88%. A porosidade foi levemente
subestimada. A principal hipótese levantada para a ocorrência desse resultado é a presença de
poros de tamanho menores do que a resolução de 28 µm que o microtomógrafo utilizado pode
alcançar. Para solucionar este problema seria necessário fazer um imageamento desta amostra
75

com uma maior resolução, mas para isso seria necessária uma amostra de menor tamanho,
pois para se atingir uma alta resolução é necessária uma energia muito elevada, que
inviabiliza a utilização de amostras com um tamanho grande.

A Figura 32 mostra o resultado da segmentação da amostra COQ 7.

Figura 32: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 7 a) vista ortogonal b)


plano xy c) plano xz d) plano yz.

A amostra COQ 7 apresenta dificuldade da segmentação: encontrar o limiar entre os


tons de cinza que distinguem as fases de interesse, como mostrado na Figura 33. Nas imagens
de tons de cinza, é possível perceber claramente a presença de três tonalidades: cinza claro,
76

cinza escuro e preto. Como o método de segmentação aplicado neste trabalho depende de
forte interação do usuário, necessitaram-se muitas tentativas para alcançar um resultado
coerente com o encontrado através do uso do porosímetro.

Figura 33: a) imagem da amostra COQ 7 em tons de cinza com regiões onde apresentam
dificuldades para se determinar o limiar entre grão, cimento e poro evidenciadas e b) a
imagem com o resultado da segmentação evidenciando os pontos de dificuldade de análise.

Destacam-se duas possíveis soluções para este problema. A primeira é a mesma para
o caso da amostra COQ 3, conseguir gerar imagens com maior resolução desta amostra. E a
segunda possível solução é a utilização de métodos automatizados para a realização da
segmentação, como por exemplo, os mapas auto-organizáveis (do termo inglês: Self
Organizing Maps – SOM), um tipo de rede neural artificial que eliminaria a necessidade de
forte interação do usuário.

Os resultados, segundo a classificação elaborada neste trabalho, apresentaram uma


correlação ruim com os resultados dos experimentos laboratoriais. Com a técnica utilizada
neste trabalho foi alcançado o resultado de 18,13% e em laboratório encontrou-se o valor de
14%.

A Figura 34 mostra o resultado da segmentação das imagens de tons de cinza da


amostra COQ 8.
77

Figura 34: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 8 a) vista ortogonal b)


plano xy c) plano xz d) plano yz.

A amostra COQ 8 foi a que apresentou o melhor resultado em relação a porosidade,


12,29% analisando-se as imagens e 12% com o uso do porosímetro, sendo classificada como
excelente. Isto deixa evidente que, apesar das dificuldades tradicionais da segmentação, o
método utilizado neste trabalho consegue alcançar ótimos resultados caso a imagem em tons
de cinza tenha boa qualidade e boa resolução.

A Figura 35 apresenta o resultado da segmentação Watershed para a amostra COQ 9.


78

Figura 35: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 9 a) vista ortogonal b)


plano xy c) plano xz d) plano yz.

As imagens geradas através da microtomografia de raios-x da amostra COQ 9 foram,


juntamente com as imagens da amostra COQ 10, as melhores imagens geradas. Isto fica
evidente no resultado de porosidade que apresentou o segundo melhor resultado em
comparação ao resultado encontrado em laboratório, sendo classificada como excelente. Em
laboratório foi encontrado o valor de 18%, enquanto com a análise de imagens encontrou-se
18,62%.
79

A qualidade da segmentação e da posterior análise das imagens está diretamente


ligada à qualidade das imagens em tons de cinza geradas pelo microtomógrafo.

A Figura 36 apresenta o resultado da segmentação Watershed para a amostra COQ


10.

Figura 36: Resultado da segmentação Watershed da amostra COQ 10 a) vista ortogonal b)


plano xy c) plano xz d) plano yz.

O resultado de porosidade da amostra COQ 10 foi classificado como ruim, pois


apresentou um erro absoluto de 4,79% entre a medida de laboratório e o resultado da técnica
80

DRP. Foi encontrado a partir das imagens segmentadas um valor de 17,79% de porosidade,
enquanto nos experimentos laboratoriais encontrou-se um valor de 13%.

A Tabela 3 sumariza os resultados das porosidades encontradas a partir da


segmentação Watershed.

Tabela 3: Porosidade calculada a partir da segmentação Watershed

COQ 2 COQ 3 COQ 7 COQ 8 COQ 9 COQ 10


Porosidade DRP
4,74 19,88 18,13 12,29 18,62 17,79
(%)
Porosidade
4 22,9 14 12 18 13
Experimental (%)
Erro absoluto (%) 0,74 3,02 4,13 0,29 0,62 4,79
Classificação Excelente Ruim Ruim Excelente Excelente Ruim

A Figura 37 apresenta um gráfico onde os resultados de porosidade encontrados pela


técnica de Digital Rock Physics são comparados com os resultados experimentais tradicionais.

Porosidade Experimental x DRP


25%
R² = 0,7975
20%
Coq 2
15% Coq 3
DRP

Coq 7
10%
Coq 8
5% Coq 9
Coq 10
0%
0% 5% 10% 15% 20% 25%
Experimental

Figura 37: Comparação entre os resultados encontrados pela técnica Digital Rock Physics e os
resultados experimentais tradicionais.

Esta comparação evidencia a qualidade dos resultados encontrados, onde o maior


erro absoluto encontrado foi na amostra COQ 10 com um valor de 4,79% e um R² de 0,7975.
81

Um dos diferenciais das técnicas de Digital Rock Physics em relação às medições de


propriedades petrofísicas tradicionais é a possibilidade de visualizar a distribuição destas
propriedades ao longo da amostra.

6.1.2. DETERMINAÇÃO DAS PERMEABILIDADES

Seguindo a metodologia adotada neste trabalho, após determinada a porosidade das


amostras partiu-se para a determinação das permeabilidades dos sub-volumes de cada
amostra. As amostras foram divididas em 28 sub-volumes com dimensões de 250x250x200
voxels. Para cada sub-volume foram calculadas as permeabilidades na mesma direção da
permeabilidade obtida em laboratório. Uma vantagem da técnica de DRP é a possibilidade de
calcular a permeabilidade da amostra em todas as direções e com isso determinar a
anisotropia da permeabilidade em todas as direções utilizando somente uma amostra. A
validação dos resultados de permeabilidade é feita utilizando os valores na direção Z, pois
uma das limitações das técnicas para determinar a permeabilidade com técnicas tradicionais
de laboratório é a impossibilidade de calcular a permeabilidade em outras direções para uma
mesma amostra. A Tabela 4 apresenta os valores da permeabilidade de cada sub-volume de
cada amostra.

Tabela 4: Valores de permeabilidades calculadas para cada sub-volume de cada amostra


COQ 2 COQ 3 COQ 7 COQ 8 COQ 9 COQ 10
Sub-volume
(mD) (mD) (mD) (mD) (mD) (mD)
k 1, 1 14,40 37,70 41,26 29,11 73,52 28,22
k 1, 2 15,40 40,00 33,20 24,96 53,19 20,17
k 1, 3 13,83 53,42 55,72 33,09 48,70 25,24
k 1, 4 4,29 42,02 34,00 11,17 55,67 43,59
k 1, 5 4,43 31,23 25,67 13,30 43,67 56,99
k 1, 6 4,20 41,58 29,35 49,18 59,89 33,28
k 1, 7 2,93 33,05 31,99 43,80 70,77 26,57
k 2, 1 11,66 19,73 38,00 35,67 36,31 44,88
k 2, 2 5,54 49,83 46,79 22,51 40,00 16,92
k 2, 3 12,20 38,26 43,45 29,12 46,33 34,98
k 2, 4 5,68 49,62 47,37 14,77 62,07 62,77
k 2, 5 11,15 47,34 35,71 10,05 52,16 48,72
k 2, 6 4,47 40,67 31,37 37,57 32,97 44,67
k 2, 7 2,62 28,76 33,33 27,93 39,89 31,42
k 3, 1 9,24 41,80 26,50 25,26 28,19 72,43
k 3, 2 22,85 29,93 27,91 13,67 36,40 47,41
k 3, 3 18,38 20,90 31,11 23,31 27,55 34,98
k 3, 4 3,03 33,76 23,28 13,70 57,56 28,33
k 3, 5 6,07 27,23 13,66 7,15 25,62 31,35
82

k 3, 6 1,83 26,93 22,72 12,19 37,77 40,75


k 3, 7 11,38 40,52 22,33 18,28 40,22 4,79
k 4, 1 17,45 26,60 26,73 31,81 56,55 41,37
k 4, 2 14,24 35,51 23,46 27,13 42,48 26,73
k 4, 3 4,61 54,29 17,63 25,16 54,70 43,39
k 4, 4 3,88 29,23 26,69 30,58 73,48 38,18
k 4, 5 4,65 23,53 31,53 70,99 70,86 36,15
k 4, 6 2,33 28,08 37,70 103,89 41,66 45,94
k 4, 7 0,71 16,55 24,31 103,27 70,83 7,14

Para a transferência de escala foram utilizadas as técnicas apresentadas na Seção 4.6:


a média harmônica para as camadas que estão arranjadas em série e a média aritmética para as
permeabilidades que estão em paralelo. A Tabela 5 apresenta os valores resultantes das
técnicas de transferência de escala aplicadas.

Tabela 5: Resultados da transferência de escala dos valores de permeabilidade

COQ 2 COQ 3 COQ 7 COQ 8 COQ 9 COQ 10


Permeabilidade DRP
4,81 32,87 30,16 24,31 47,08 26,87
(mD)

Permeabilidade
0,02 26,6 22,48 27,72 102,57 23,95
Experimental (mD)

Erro absoluto (%) 4,79 7,61 7,68 3,41 55,49 2,92

Classificação Boa Razoável Razoável Boa Péssima Excelente

A maioria dos resultados da técnica DRP apresenta boa correlação com os resultados
obtidos nos experimentos laboratoriais. A Figura 38 apresenta um gráfico com a relação entre
o resultado da técnica alvo desse estudo e a técnica tradicional.
83

Permeabilidade Experimental x DRP


60
R² = 0,7148
50

40 Coq 2
DRP (mD)

Coq 3
30
Coq 7
20 Coq 8
10 Coq 9
Coq 10
0
0 20 40 60 80 100 120
Experimental (mD)

Figura 38: Comparação entre os resultados encontrados pela técnica Digital Rock Physics e os
resultados experimentais tradicionais.

É possível observar que a maioria dos resultados da técnica DRP apresentam valores
superestimados, porém com erros absolutos muito baixos, confirmando assim a capacidade de
se utilizar as Equações de Stokes para determinar a permeabilidade de amostras de rocha
através de imagens de microtomografia. Porém, um resultado se destaca pela discrepância em
relação ao que foi determinado em laboratório. Este é o caso da amostra COQ 9 que
apresentou um valor muito subestimado de permeabilidade utilizando a técnica DRP, com um
erro absoluto de 55,40 mD, sendo classificado como um resultado péssimo, segundo a escala
adotada neste trabalho.

A hipótese levantada para explicar esse erro é que este valor da medida de
laboratório esteja superestimado. Esta hipótese é devido ao fato de que existem imperfeições
na amostra que podem ter sido geradas tanto na sua obtenção quanto no seu manuseio. Uma
das etapas da metodologia aqui proposta é o corte das imagens 3D em uma região central da
amostra devido à limitação do software em simular formas circulares. Sendo assim, as
imperfeições que ocorrem nas partes externas do plugue não são computadas na metodologia
proposta, por outro lado, durante as medições laboratoriais estas imperfeições podem
influenciar fortemente o resultado. A Figura 39 ilustra este problema.
84

Figura 39: Imperfeições na amostra que podem ter sido geradas por problemas na obtenção ou
manuseio da amostra COQ 9.

É possível observar que a região periférica da amostra COQ 9 apresenta espaços


porosos de tamanhos fora do padrão apresentado em toda a amostra e esta situação pode ter
gerado uma superestimativa dos valores de permeabilidade, pois é possível que o gás utilizado
pode ter encontrado caminhos preferenciais pelo espaço anular.

6.1.3. ANISOTROPIA DA PERMEABILIDADE

Um dado importante para a construção de modelos geológicos e modelos de


simulação numérica é a anisotropia da permeabilidade, ou seja, quanto que o valor da
permeabilidade varia quando se altera a direção. Porém, com os estudos tradicionais de
laboratório só é possível determinar a permeabilidade em uma direção, então são utilizados
coeficientes arbitrários para a construção desses modelos. A técnica de DRP permite o estudo
da permeabilidade em todas as três direções, propiciando assim uma melhor estimativa da
anisotropia da permeabilidade. A Tabela 6 mostra os valores de permeabilidade em todas as
direções e os valores das anisotropias em relação as diferentes direções das amostras.
85

Tabela 6: Anisotropia da permeabilidade absoluta para todas as amostras

Permeabilidade (mD)
Direção Direção Direção Anisotropia Anisotropia Anisotropia
x y z x/y y/z x/z
COQ 2 5,68 5,53 4,81 1,01 1,15 1,18
COQ 3 36,81 39,44 32,87 0,96 1,20 1,12
COQ 7 35,11 38,74 30,16 0,91 1,28 1,16
COQ 8 27,96 26,50 24,31 0,89 1,09 1,15
COQ 9 51,44 64,65 47,08 0,80 1,37 1,09
COQ 10 44,66 42,17 26,87 1,06 1,57 1,66

A utilização da técnica de DRP permite a determinação da permeabilidade em 3


direções (x, y e z), a partir deste valor é possível determinar a anisotropia da permeabilidade.
A amostra COQ 2 apresenta os menores valores de permeabilidade para todas as direções
dentre todas as amostras estudadas neste trabalho. A anisotropia entre as direções horizontais,
ou seja, na direção x em relação à direção y, é muito baixa, 1%, o que significa que esta
amostra não apresenta variação na capacidade de ser percolada por um fluido quando se altera
a direção horizontal de escoamento. Porém, como esperado, existe uma dificuldade de
escoamento quando se compara as permeabilidades horizontais em relação à permeabilidade
vertical, chegando a um valor máximo de 18%. No momento de se construir um modelo
geológico deste local se faz necessário utilizar este multiplicador de 18%, que simboliza uma
maior dificuldade de escoamento na direção vertical, quando comparado com a direção
horizontal. Caso fosse utilizado o valor arbitrário de 10%, a capacidade de escoamento
apresentada pela rocha estaria superestimada.

A amostra COQ 3 apresenta uma variação pequena nos valores das permeabilidades
horizontais. A anisotropia da permeabilidade da direção x em relação a direção vertical z
apresenta um valor muito próximo do que é utilizado geralmente na indústria, porém a
anisotropia da direção y em relação a direção z apresenta o dobro do valor normalmente
utilizado, ou seja, 20%. Esta é uma diferença significa e que pode resultar em valores previsão
de produção muito diferentes daqueles apresentados na produção real do campo. A
determinação dos valores de anisotropia da permeabilidade de maneira mais acurada, como
apresentado na técnica de DRP, pode ser de grande contribuição para a etapa de ajuste de
86

histórico dos modelos de simulação numérica, reduzindo as incertezas apresentadas por estes
modelos.

É possível observar que a amostra COQ 7 apresenta uma permeabilidade vertical


28% em relação a direção y e 16% em relação a direção x. Estes valores demonstram que caso
fosse mantido o padrão utilizado para a construção dos modelos tanto geológicos quanto de
simulação de fluxo, a permeabilidade vertical seria superestimada, o que poderia resultar em
um modelo geológico que apresenta mais incertezas.

A amostra COQ 8 apresenta baixas anisotropias, tanto para a relação x/z quando para
a relação y/z. Isto é devido aos bioclastos não apresentarem uma orientação preferencial (ver
Figura 26), ou seja, a disposição das conchas carbonáticas acontece de maneira caótica, o que
evita a laminação da amostra, fazendo com que a amostra apresente uma capacidade
semelhante de ser percolada em todas as direções.

A amostra COQ 9 apresenta uma permeabilidade vertical 37% menor em relação a


direção y e 9% menor em relação a direção x. E a variação da permeabilidade da direção x em
relação à direção y é de 80%, isto demostra que não é somente entre a direção vertical e a
direção horizontal que existem variações bruscas de permeabilidade. Esta informação é de
extrema importância para a melhor representatividade do modelo geológico.

A amostra COQ 10 é a que apresenta uma maior anisotropia da permeabilidade


vertical em relação às permeabilidades horizontais. Isto se relaciona com o empacotamento
denso de bioclastos apresentado na amostra, o que resultado em uma maior dificuldade de um
fluido se movimentar da direção vertical, se comparado com as direções horizontais.

6.2.ETAPA 2

A técnica de DRP apresenta três resultados que facilitam a caracterização das


amostras. As imagens da estrutura interna das rochas em alta resolução combinados com os
valores de porosidade e permeabilidade permitem a descrição geológica relacionando-a com a
petrofísica. A capacidade da técnica de Digital Rock Physics de determinar a heterogeneidade
dentro de uma mesma amostra é um dos seus diferenciais em relação às técnicas tradicionais.
Portanto, é possível verificar a existência de correlação entre a porosidade e a permeabilidade
da amostra.
87

Assim, os resultados obtidos na Etapas 1 da metodologia proposta neste trabalho


serão analisados do ponto de vista geológico, relacionando os resultados petrofísicos
encontrados com a tafonomia das amostras que, utilizando a metodologia de Kidwell &
Holland (1991) poderá ser relacionado com as classificações de textura de rochas de Dunham
(1962) e a classificação de porosidade de rochas carbonáticas de Choquette e Pray (1970).

A combinação das imagens da estrutura interna das rochas e a capacidade de


determinação da porosidade e permeabilidade em diferentes locais de uma mesma amostra
geraram os gráficos das Figuras 40, 42, 44, 46, 48 e 50. Para gerar estes gráficos foram feitas
médias aritméticas das quatro permeabilidades paralelas referentes a intervalos de duzentas
fatias da amostra e médias das porosidades destas mesmas duzentas fatias, gerando sete
valores de permeabilidade e sete valores de porosidade nos mesmos locais.

Porosidade e permeabilidade ao longo da


amostra COQ 2
20 10%

15 8%
6%
10
4%
5 2%
0 0%
1 2 3 4 5 6 7

Permeabilidade COQ 2 Porosidade COQ 2

Figura 40: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 2.

Dentre as amostras analisadas neste trabalho, a amostra COQ 2 é a que apresenta as


piores propriedades petrofísicas para uma rocha reservatório, pois apresenta uma baixa
capacidade de armazenamento, com porosidade de 4% e uma capacidade de fluxo muito
baixa, com um valor de permeabilidade de 0,02 mD.

Através das imagens geradas pela microtomografia é imperceptível notar a presença


de conchas carbonáticas, podendo ser classificada como um Wackestone. A porosidade
encontrada, de acordo com a classificação de Choquette e Pray (1970), apresenta uma
estrutura seletiva, que se relaciona com a gênese deposicional. Como o espaço poroso é
88

formado pelas partículas sedimentares, então denomina-se o tipo de porosidade desta amostra
de interpartícula.

Como evidenciado pelo gráfico existe uma forte correlação entre a porosidade e a
permeabilidade, isto demonstra que os poros existentes, em sua maioria, estão interligados.
Esta amostra apresenta um maior valor de porosidade e permeabilidade na região 2, 7,84% e
14,52 mD respectivamente. Os menores valores de porosidade e permeabilidade estão
localizados na região 6, 2,22% e 3,21 mD respectivamente.

A Figura 41 apresenta a fatia correspondente a região 2 (Figura 41 a) e a fatia


correspondente a região 6 (Figura 41 b).

Figura 41: Imagens correspondentes a região de maior porosidade, a região 2 (a), e de menor
porosidade, a região 6 (b), da amostra COQ 2.

Através da imagem da região 2 é possível perceber uma maior presença de poros


com diâmetros elevados quando comparada com a imagem da região 6. Os carbonatos
apresentam uma alta suscetibilidade a ações diagenéticas e estas ações muitas das vezes
contribuem para o aumento da porosidade e permeabilidade deste tipo de rocha, então o
principal motivo pelo qual a amostra COQ 2 não apresenta propriedades petrofísicas
favoráveis a ser considerada uma boa rocha reservatório é a ausência de forte ação
diagenética.

A amostra COQ 3 apresenta boas propriedades petrofísicas, tanto em questão de


armazenamento, com uma porosidade de 22,9%, quanto de fluxo, com uma permeabilidade de
89

22,6 mD. Como apresentado na Figura 42, a amostra COQ 3 apresenta uma alta concentração
de bioclastos em sua composição. Estes bioclastos, segundo a classificação de Kidwell &
Holland (1991), apresentam um empacotamento denso, que fornece um suporte mecânico
para a rocha, tornando-a um clasto suportado. Kidwell & Holland (1991) afirmam as rochas
mais comuns que apresentam essa estrutura são packstones e grainstones. Neste caso, como
existe lama entre os grãos, seguindo a classificação para rochas carbonáticas apresentada por
Dunham (1962), esta rocha é um packstone.

Porosidade e permeabilidade ao longo da


amostra COQ 3
50 25%
40 20%
30 15%
20 10%
10 5%
0 0%
1 2 3 4 5 6 7

Permeabilidade COQ 3 Porosidade COQ 3

Figura 42: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 3.

Através desta imagem também é possível perceber que as conchas carbonáticas


apresentam uma grande variação em seus tamanhos, podendo assim ser classificada, segundo
Kidwell & Holland (1991), como pobremente selecionadas. Segundo o trabalho de Kidwell
et al. (1986), como esta amostra de rocha não apresenta uma orientação preferencial de
depósito das conchas, então é possível afirmar que a deposição das conchas apresenta uma
orientação caótica.

Esta amostra apresenta uma homogeneidade nos seus valores tanto de porosidade
quanto de permeabilidade. A Figura 43 mostra com detalhe as regiões 1 (a), região 4 (b) e
região 7 (c).
90

Figura 43: Detalhes da porosidade da amostra COQ 3, apresentando a região 1 (a), região 4
(b) e região 7 (c).

Estas imagens detalham a importância do fator diagenético para os resultados de


porosidade e permeabilidade, pois é possível observar a relevante presença de porosidade
móldica devido à dissolução diagenética das conchas carbonáticas. Tanto visualmente, quanto
através dos resultados encontrados através da técnica de DRP é possível verificar a
homogeneidade da amostra no que tange a presença de espaços vazios. Estes espaços vazios
estão presentes de maneira uniforme em toda a amostra, manifestando-se de três maneiras:
porosidade móldica, poros vugulares e microporos.

Segundo a classificação de Hyne (2001) a amostra COQ 7 apresenta uma porosidade


razoável, com um valor de 14% e uma permeabilidade boa, de 22,48 mD. Como apresentado
na Figura 44, é evidente a alta concentração de conchas carbonáticas, apresentando um
empacotamento denso. Em relação a seleção dos grãos, esta amostra apresenta uma seleção
91

bimodal, pois os depósitos estão bem classificados em relação ao modo primário e possui um
segundo modo bem distinto com forte presença de fragmentos de conchas. Por apresentar uma
deposição caótica e com baixa influência da ação diagenética, a porosidade desta amostra é
controlada principalmente devido aos espaços interpartícula.

Porosidade e permeabilidade ao longo da


amostra COQ 7
40 25%

30 20%
15%
20
10%
10 5%
0 0%
1 2 3 4 5 6 7

Permeabilidade COQ 7 Porosidade COQ 7

Figura 44: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 7.

Outra evidência de que a porosidade desta amostra é basicamente interpartícula, é a


diminuição da porosidade nos locais onde existe uma maior presença de matriz/cimento entre
os grãos. É possível perceber na Figura 44 a diminuição da porosidade a partir da região 4,
onde começa a ficar mais evidente a presença de matriz entre os grãos. A Figura 45 mostra
uma comparação entre a região de maior porosidade, a região 3, e a região de menor
porosidade, a região 5.
92

Figura 45: Imagens correspondentes a região de maior porosidade, a região 3 (a), e de menor
porosidade, a região 5 (b), da amostra COQ 7.

Na Figura 45 (a) é possível perceber a pouca influência da dissolução dos bioclastos


para a formação da porosidade da amostra, sendo esta dominada pelo espaço vazio entre os
grãos. Por outro lado, na Figura 45 (b) é possível perceber que a presença de matriz entre os
grãos diminui a porosidade.

Portanto, a amostra COQ 7 pode ser classificada como um packstone por ser
suportada por grãos e conter matriz, sendo que seu espaço poroso, segundo a classificação de
Choquette & Pray (1970), apresenta uma textura seletiva do tipo interparticular.

A amostra COQ 8, como observado na Figura 46, apresenta um empacotamento


denso, sendo que existem contatos entre os bioclastos, porém alguns parecem flutuar na
matriz. Segundo Kidwell et al. (1986), quando os depósitos apresentam um modo primário
bem distinto, mas que também apresentam um segundo modo, pode-se dizer que a seleção dos
grãos desta amostra é bimodal. Sendo este o caso da amostra COQ 8. Ela apresenta bioclastos
grandes dispersos entre outros bioclastos mais finos. A orientação da deposição destas
conchas carbonáticas aparece de maneira completamente caótica, fazendo com que não exista
uma orientação preferencial.
93

Porosidade e permeabilidade ao longo da


amostra COQ 8
60 20%
50
15%
40
30 10%
20
5%
10
0 0%
1 2 3 4 5 6 7

Permeabilidade COQ 8 Porosidade COQ 8

Figura 46: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 8.

A porosidade da amostra COQ 8, considerada como razoável segundo a classificação


de Hyne (2001), apresenta um valor de 12,29%. Esta amostra apresenta heterogeneidade dos
valores de porosidade atingindo um valor máximo de 15,55% na região 6 e um valor mínimo
de 7,37% na região 4. A Figura 47 apresenta com detalhe estas regiões de valores máximos e
mínimos.

Figura 47: Imagens correspondentes a região de menor porosidade, a região 4 (a), e de maior
porosidade, a região 6 (b), da amostra COQ 8.

Na Figura 47 é possível perceber mais claramente o empacotamento denso e a


seleção dos grãos de maneira bimodal. A região de menor porosidade, a região 4 (Figura 47
94

(a)), apresenta uma porosidade muito baixa do tipo interpartícula, enquanto a região de maior
porosidade, a região 6 (Figura 47 (b)), além de apresentar uma porosidade interpartícula,
apresenta também uma porosidade móldica devido a dissolução dos bioclastos, sendo este o
motivo principal do incremento do valor de porosidade nesta região da amostra.

Nestas imagens também é possível observar microfraturas, tanto na Figura 47 (a),


quanto na Figura 47 (b). Este pode ser um dos principais motivos de que apesar desta amostra
apresentar uma porosidade razoável, ela apresenta uma permeabilidade classificada como boa,
segundo Hyne (2001), com um valor de 24,31 mD.

Portanto, a amostra COQ 8 pode ser classificada como sendo um packstone, com
uma porosidade razoável, dominada principalmente por espaços porosos interpartícula, mas
com regiões onde há o incremento do valor de porosidade pela presença de porosidade
móldica. A permeabilidade da amostra é bastante afetada pela forte presença de matriz, porém
apresenta um valor considerado bom principalmente devido a presença de microfraturas ao
longo da amostra.

A Figura 48 apresenta a distribuição de porosidade e permeabilidade ao longo da


amostra COQ 9. Nesta amostra é possível observar que os bioclastos grossos fornecem
claramente o suporte mecânico para o acamamento e, portanto, apresenta um empacotamento
denso. Devido ao empacotamento denso dos grãos e com uma quantidade mínima de matriz,
esta amostra pode ser classificada como um grainstone. As conchas carbonáticas apresentam
uma variação muito pequena nos seus tamanhos, com uma granulometria grosseira, exibindo
uma forte impressão de ter um modo único e bem definido. Portanto, é uma amostra que
apresenta grãos bem selecionados. Os bioclastos estão alinhados paralelamente em relação ao
acamamento, apresentando, segundo Kidwell et al. (1986), uma orientação preferencial
concordante.
95

Porosidade e permeabilidade ao longo da


amostra COQ 9
80 25%

60 20%
15%
40
10%
20 5%
0 0%
1 2 3 4 5 6 7

Permeabilidade COQ 9 Porosidade COQ 9

Figura 48: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 9.

A amostra COQ 9 apresenta uma porosidade classificada como boa, segundo Hyne
(2001), com um valor de 18,62 %, dominada principalmente pela presença de porosidade
móldica devido a dissolução das conchas carbonáticas. Isto fica mais evidente na Figura 49.

Figura 49: Detalhes da porosidade da amostra COQ 9, apresentando a região 1 (a), região 4
(b) e região 7 (c).
96

Através desta imagem é possível perceber que além de uma contribuição de uma
porosidade interpatícula, existe uma forte contribuição de porosidade móldica nesta amostra e
o volume poroso se mantém constante ao longo da amostra.

No gráfico da Figura 50 fica evidente que a amostra COQ 10 apresenta moderada


heterogeneidade em seus resultados de permeabilidade e porosidade, onde os picos e os vales
ocorrem nas mesmas regiões, apresentando assim uma boa correlação entre estas duas
propriedades. A variação máxima de permeabilidade foi de 29,25 mD entre a região com
maior valor (46,73 mD na região 1) e a região com menor valor (17,48 mD na região 7). A
variação máxima de porosidade na amostra foi de 5,40% entre a região com maior valor
(20,80% na região 1) e a região com menor valor (15,39% na região 7).

Porosidade e permeabilidade ao longo da


amostra COQ 10
50 25%
40 20%
30 15%
20 10%
10 5%
0 0%
1 2 3 4 5 6 7

Permeabilidade COQ 10 Porosidade COQ 10

Figura 50: Porosidade e permeabilidade ao longo da amostra COQ 10.

O motivo desta variação dos valores de permeabilidade e porosidade acontecem


devido a maior presença de porosidade móldica nas regiões com maiores valores destas
propriedades e a ausência deste tipo de porosidade nas regiões de menores valores de
porosidade e permeabilidade. A Figura 51 detalha esta influência.
97

Figura 51: Imagens correspondentes a região de maior porosidade, a região 1 (a), e de menor
porosidade, a região 7 (b), da amostra COQ 10.

O empacotamento da amostra COQ 10 é denso e sem a presença de lama


carbonática, portanto, segundo Dunham (1962), esta amostra pode ser considerada um
grainstone. Devido a presença de uma modo primário bem evidente de tamanho de grãos, mas
com uma presença de um segundo modo, a seleção de grãos desta amostra pode ser
considerada bimodal. Como não existe uma orientação preferencial no depósito das conchas
carbonáticas, este é um depósito caótico.

A Tabela 7 apresenta uma síntese dos resultados apresentados pela técnica Digital
Rock Physics.

Tabela 7: Síntese dos resultados obtidos pela técnica DRP.

Classificação de Porosidade Permeabilidade


Amostra Porosidade Dominante
Dunham (1962) DRP (%) DRP (mD)
COQ 2 wackestone interpartícula 4,74 4,81
móldica, poros vugulares e
COQ 3 packstone 19,88 32,87
microporos
COQ 7 packstone interpartícula 18,13 30,16
COQ 8 packstone interpartícula 12,29 24,31
COQ 9 grainstone móldica 18,62 47,08
COQ 10 grainstone móldica 17,79 26,87
98

7. CONCLUSÕES

O presente trabalho apresentou uma sequência metodológica para a determinação da


porosidade, permeabilidade absoluta e anisotropia da permeabilidade utilizando as técnicas de
Digital Rock Physics, com imagens de microtomografia computadorizada de amostras de
coquinas da Formação Morro do Chaves na Bacia de Sergipe-Alagoas, que são rochas
consideradas análogas as coquinas observadas nos reservatórios da Bacia de Campos. A
sequência metodológica sugerida neste trabalho integra os processos de petrofísica básica,
aquisição de imagens digitais, processamento e análise digital de imagens. Os resultados
alcançados demonstraram a capacidade da metodologia proposta de determinar propriedades
petrofísicas em bom acordo com as técnicas laboratoriais tradicionais, com o diferencial de
utilizar os resultados para analisar as amostras do ponto de vista geológico.

A geração de imagens das amostras foi feita através de microtomografia com uma
resolução de 28 µm, porém percebeu-se que algumas amostras apresentam uma presença
muito relevante de microporos, que para ser possível a visualização, se faz necessário o
imageamento das amostras com resoluções maiores, o que geraria a inevitabilidade de se
destruir a amostra, pois existe a necessidade de uma maior energia para alcançar as resoluções
desejadas, necessitando assim de amostras de tamanho ainda menor. As imagens geradas pela
microtomografia evidenciaram que a presença de certos minerais, como a pirita, com alta
densidade, causa ruídos nas imagens que, dependendo da intensidade destes ruídos, pode ser
necessário a utilização de filtros ou em casos mais graves pode tornar o imageamento
ineficaz.

Os resultados apresentados pela segmentação das imagens utilizando a técnica


Watershed apresentaram boa correlação entre a porosidade determinada em laboratório e a
porosidade determinada pela análise da imagem segmentada, através da contagem dos voxels
que representam o espaço poroso e relacionando o valor encontrado com a quantidade de
voxels da imagem inteira, alcançando um erro absoluto médio entre as amostras de 2,26%,
sendo considerado um bom resultado de acordo com a escala adotada neste trabalho.

A permeabilidade é uma propriedade que depende de uma abordagem mais robusta


para ser determinada. Portanto, este trabalho demonstrou a capacidade de se utilizar as
Equações de Stokes para determinar os valores desta propriedade. Uma das amostras
apresentou um erro absoluto muito superior aos outros resultados encontrados, alcançando o
valor de 55,49 mD de diferença entre o valor do experimento laboratorial utilizando o
99

permeabilímetro e o valor alcançado com a técnica de DRP. A hipótese levantada para a


ocorrência deste erro é a possibilidade do valor de permeabilidade encontrado em laboratório
esteja superestimado devido a imperfeições presentes nas regiões periféricas da amostra, o
que pode ter causado canais preferenciais para o escoamento do gás utilizado no estudo. A
médias dos outros erros alcançados na comparação dos resultados dos métodos, com um valor
de 5,29 mD, é considerado bom resultado de acordo com a escala adotada neste trabalho.

Um dos diferenciais da técnica de Digital Rock Physics em relação as técnicas


tradicionais de laboratório é a possibilidade de se determinar as permeabilidades em todas as
direções utilizando somente uma amostra. Com isso, é possível determinar a anisotropia das
amostras, sendo esta propriedade muito importante para a construção de modelos geológicos e
modelos de simulação de fluxo. O valor médio da anisotropia para as direções horizontais x/y
foi de 1,76%, ou seja, a permeabilidade não se altera muito quando se altera a direção
horizontal. Porém, a anisotropia da permeabilidade horizontal em relação a direção vertical,
tanto na relação y/z, com um valor de 27,6%, quanto na relação x/z, com um valor de 22,66%,
apresenta uma variação considerável, que se não contabilizada corretamente pode acarretar
muitas incertezas no momento de gerar a previsão do comportamento do reservatório na
simulação numérica.

Outro diferencial da técnica utilizada neste trabalho é a capacidade relacionar os


valores de porosidade e permeabilidade com as imagens internas das amostras, o que permitiu
avaliar as heterogeneidades presentes nas amostras e os tipos de porosidade presentes. Os
resultados alcançados demostraram que dentre as seis amostras de coquinas estudadas neste
trabalho, da Formação Morro do Chaves, existem três tipos de rochas carbonáticas: a amostra
COQ 2 é considerada um wackestone devido à ausência de conchas carbonáticas, sendo a
amostra que apresentou as piores propriedades tanto de armazenamento quanto de fluxo; as
amostras COQ 3, COQ7 e COQ 8 são consideradas packstones por serem suportadas por
grãos e conterem matriz; e as amostras COQ 9 e COQ 10 são consideradas grainstones por
serem suportadas por grãos e quantidade insignificativa de matriz.
100

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