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BRAGA
LUTA ECOLÓGICA
1981-1990
Ponta Delgada
ÍNDICE
Introdução .......................................................................................... 5
Armamento Nuclear na Terceira ........................................................ 7
Mar dos Açores, “cemitério” de resíduos radioactivos....................... 8
Combate à poluição sonora, tarefa urgente!........................................ 9
Portugal prepara-se para utilizar os «cemitérios»
atómicos do Atlântico?........................................................................ 11
Baleias! Eliminada a Ameaça de Extinção?........................................ 13
De como eles se vestem de verde ou as cambalhotas
que são obrigados a dar ...................................................................... 15
Por que razão os Amigos da Terra estão
lutando pelas baleias?......................................................................... 17
Açores: Toninhas Continuam Protegidas pela Lei.............................. 19
Fábrica de Cimento e Poluição........................................................... 20
Tropa? Não Obrigado!........................................................................ 21
Ecologia.............................................................................................. 22
A Propósito de Chernobyl: Energia Nuclear?
Sim, muito obrigado!.......................................................................... 24
Jardim António Borges: Botânico ou Zoológico?............................... 26
Caça à Baleia: Alguns dados Históricos............................................. 27
Grutas- Um Património Natural que Urge Defender.......................... 31
Reserva de Recreio da Lagoa do Congro, Por que Não?.................... 33
Em Defesa da Árvore – Ipilipil ou Leucaena,
a Árvore Milagrosa ............................................................................ 34
Carta aberta ao Amigo da Terra Humberto Furtado Costa ................. 35
Eucaliptomania, Universidade e Partidos Políticos............................ 36
Património Espeleológico dos Açores – Riqueza
ainda por explorar............................................................................... 38
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2008
Impressão e Acabamentos
EGA - Empresa Gráfica Açoreana, Lda.
Rua Manuel Augusto Amaral, 5
9500-222 Ponta Delgada
INTRODUÇÃO
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Há dias alertava, num artigo saído neste jornal, para os perigos que
adviriam para todos nós se quem nos governa autorizasse a instalação de
armas nucleares no nosso território.
Neste pequeno artigo, irei divulgar algumas das conclusões (só as que
nos dizem respeito) de um estudo sobre questões militares da autoria de Al-
berto Santos, doutor em Sociologia, antigo professor no Instituto de Ciên-
cias Sociais e Políticas de Lisboa, editado pela Fundação para os Estudos de
Defesa Nacional de França, presidida pelo General Enri de Bordas.
A dado passo do seu trabalho, podemos ler: “Na Terceira, os ameri-
canos aumentaram consideravelmente o porto da Vila da Praia da Vitória a
fim de que pudesse receber os submarinos nucleares Polaris- Poseidon” e
mais adiante “... no porto da Vila da Praia da Vitória e ao largo do arquipé-
lago estacionam os submarinos nucleares do tipo Trident e Poseidon”.
Que consequências poderão advir da presença de tais submarinos
nas nossas costas?
Pesquisas realizadas pelo centro de estudos tecnológicos do Japão re-
velaram que a radioactividade subia de 30 a 40% em Okinava quando o
navio nuclear norte-americano “Long-Beach” estacionava na base de
“White Beach”.
E o que representa este aumento de radioactividade para o meio am-
biente, isto é, para o solo, o ar e o mar?
Sabemos que as radiações atómicas atacam as células de todos os seres
vivos, plantas, animais, ou o homem, provocando uma série de doenças que
poderão ir no caso de um indivíduo, desde uma queimadura de pele até à
morte em poucos dias por “doença de radiação”, passando por leucemia ou
cancro de pulmão. Sabe-se, também, que, no homem e nos restantes ani-
mais, as células mais sensíveis às radiações são as células reprodutoras, que
podem sofrer importantes mutações. Isto pode originar o aumento do nú-
mero de abortos e de partos prematuros, nascimentos de seres defeituosos e
até modificações permanentes nas espécies.
A simples presença destes submarinos constitui já de si um perigo
para todos nós pois não existem meios, quer humanos, quer técnicos que
garantam o mínimo de segurança em caso de acidente dos vários enge-
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nhos nucleares quer sejam bélicos quer não. Este perigo é agravado se se
confirmar a existência de depósitos de armamento nuclear como se pode
deduzir do trabalho que venho citando, pois a dado passo, podemos ler:
“...Outros silos de armas nucleares parecem estar instalados na Base bem
como no interior da ilha Terceira”, logo em caso de um conflito nuclear só
nos espera a destruição.
Existindo de facto armas nucleares em território português (no pas-
sado dia 2, o jornal “A União”, num artigo intitulado “Armas atómicas em
Portugal por acordo secreto com os E.U.”, também levantava esta hipó-
tese), tanto os nossos governantes, como os partidos da oposição têm co-
nhecimentto de tal facto sendo, portanto, uma verdadeira hipocrisia tanto
as declarações que tanta tinta têm feito correr na nossa imprensa, como os
projectos de lei que têm sido apresentados na Assembleia da República.
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Embora não seja tarefa fácil definir o que se entende por poluição so-
nora, podemos classificar de poluentes todos os sons que provocam reac-
ções negativas (sons desagradáveis, perturbadores e até dolorosos). Mas
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aqui surge uma questão: não poderá um mesmo som ser considerado agra-
dável para determinada pessoa e perturbador para outra?
Entretanto, é possível lidar-se com padrões bastantes objectivos. Não
é difícil medir-se o volume dos sons, mais difícil é chegar-se à conclusão
de quais sejam os limites aceitáveis para a saúde humana. Apesar de ser
necessário ter em conta a distância a que a pessoa se encontra do gerador
do barulho e o tempo de exposição a este, considera-se que o ouvido hu-
mano não pode tolerar mais do que 120 decibéis.
Embora a poluição sonora não seja, para nós Açorianos, o mais grave
problema do ponto de vista ecológico, é, no entanto, fácil compreender-se
que ela é um dos grandes males da nossa civilização e é urgente que as po-
pulações se consciencializem de que do ruído advêm inúmeras consequên-
cias para a saúde, sendo mesmo uma das principais causa da falta desta nas
grandes cidades.
«… A chamada revolução industrial e a chamada vida moderna ocasio-
nou uma intensificação quase incontrolável da produção de novos ruídos, cada
vez mais numerosos e cada vez mais perturbadores do equilíbrio psicossomá-
tico. Numa cidade como numa fábrica, como em qualquer outro meio am-
biente de vida ou de trabalho, os chamados ruídos de fundo podem atingir
valores em decibéis que perturbam, alteram e modificam irreversivelmente as
condições do nosso equilíbrio psicossomático, portanto a nossa saúde.
Os novos meios de transporte, não esquecendo os aviões que pro-
duzem habitualmente para cima de 150 decibéis, o que é insuportável, as
novas máquinas, toda uma utensilagem doméstica e pública a mais va-
riada, constituem fontes de ruídos permanentes que se entrechocam e se
potencializam, levando a generalidade das pessoas à fadiga, ao mal-estar,
ao nervosismo, à insónia, às perturbações do equilíbrio, à diminuição ace-
lerada da capacidade de decisão. Digamos então que conduz à alienação
e ao embrutecimento das pessoas. Conduz pela mesma razão, e pelo
mesmo mecanismo, ao aumento da agressividade da intolerância, da de-
gradação do convívio social normal e sereno, conduz finalmente, por um
fenómeno de excitação permanente, ao embotamento do chamado eu
moral das pessoas.
Portanto, fisiologicamente o caminho para a surdez, psicologica-
mente o caminho para o desequilíbrio psicossomático, para a excitação
permanente, para a agressividade, para a neurose, para a depressão, para
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P. Inicial P. Actual
Atlântico Norte - Entre 20 e 38.000
Pacífico Norte Este – 200.000 Entre 120 e 150.000
Oeste – 340.000 200.000
Hemisfério Sul 600.000 380.000
Se é verdade que os métodos artesanais com que o cachalote sem-
pre foi caçado nos Açores, só por si não põem em causa a espécie, não é
menos verdade que “o maior problema existente actualmente é sem dúvida
a CAÇA À BALEIA NOS AÇORES” em virtude de não respeitar a legis-
lação proveniente da Comissão Baleeira Internacional que proíbe desde
Outubro de 1982 a utilização de arpões frios e que fixou a cota para a caça
ao cachalote, no Atlântico Norte, em zero, bem como proíbe os baleeiros
piratas e a insistência do Japão e da URSS em manterem a sua caça.
Felizmente a caça à baleia nos Açores já não constitui qualquer tipo
de ameaça para a preservação da espécie pois, nos últimos anos, a activi-
dade tem decrescido, sendo praticamente nula no corrente ano.
TEMOS PENA, ISSO SIM, SE NÃO SOUBERMOS (OU QUI-
SERMOS) RECICLAR AS SUAS INFRAESTRUTURAS E FAZER O
APROVEITAMENTO TURÍSTICO DA ACTIVIDADE.
2- Do ponto de vista económico, as razões para a continuação da
caça à baleia nos Açores são inexistentes. Para todos os produtos extraí-
dos das baleias existem substitutos sintéticos a preços mais compensado-
res. Existem, na Região, 1000 toneladas de óleo (cerca de 40.000 contos)
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O anúncio pelo movimento ecologista Greenpeace de uma futura
actuação nos Açores “para estudar a dimensão da caça à baleia” foi pre-
texto, para alguma imprensa regional, lançar uma série de calúnias acerca
daquela prestigiada organização.
O matutino “Açoreano Oriental”, jornal que em tempos apoiava cla-
ramente o movimento separatista (FLA- Frente de Libertação dos Açores)
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ção dos «gasolinas» e atraso no pagamento das soldadas, faz com que seja
pedida a intervenção do Estado.
Em S. Miguel, no ano de 1936, exploram a actividade três compa-
nhias, uma na Bretanha e duas nas Capelas. Em S. Vicente Ferreira, fre-
guesia vizinha das Capelas, dois anos antes havia sido construída uma
fábrica, no lugar dos Poços.
Na década de 40, baleeiras das Lajes do Pico vieram balear para São
Miguel. Manuel Moniz Barreto e José de Brum balearam na Bretanha e
Manuel Pereira Monteiro Júnior estiveram a balear nas Capelas.
Com a 2º Guerra Mundial novo impulso surge e a actividade atinge
o auge. A guerra, constituindo um impedimento para o desenvolvimento
da indústria, em muitos países as frotas baleeiras ficaram ancoradas nos
seus portos e muitos barcos foram transformados para fins militares, fez
com que o nosso óleo tivesse uma procura que jamais conheceu. Durante
este período, o número de embarcações aumenta, as capturas também de
modo que chegam a representar 12,3% no conjunto das capturas mundiais.
A proliferação de armações era tal que o governo viu-se obrigado a proi-
bir a implantação de outras onde já existisse alguma. Construída a fábrica
de Porto Pim, generaliza-se o reboque por lanchas, chegam os primeiros
aparelhos de rádio, etc..
O ano de 1941 marca o início da actividade baleeira na ilha da Ma-
deira. Em 1944, por iniciativa de 17 países, é criada a Comissão Baleeira
Internacional (CBI).
Na década de 60, a montagem de fábricas de conserva de peixe, o in-
cremento da pecuária, a emigração e as alternativas criadas pela indústria
ao óleo da baleia, trouxeram dificuldades ao seu escoamento e muitas
companhias fecharam.
Em 1974, existiam nos Açores apenas 13 baleeiras e 15 lanchas per-
tencentes a oito sociedades.
Em 1981, a directiva europeia 348/81 proíbe a importação de todos
os produtos derivados de cetáceos no espaço económico da Comunidade
Económica Europeia.
Em Julho de 82, reunidos em Brighton Inglaterra, representantes de
39 países decidem proibir a caça à baleia a partir de 1985. Portugal ratifica
a Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna e de
Flora Ameaçadas de Extinção, que inclui o cachalote no anexo I – comér-
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Mas, como não há bela sem senão, a “árvore milagre”, para além de
não se adaptar a solos ácidos, se não for controlada tode tornar-se numa
terrível praga de consequências imprevisíveis, o que já acontece no Hawai
e no Japão, onde os seus efeitos são já devastadores, em especial para a flo-
resta autóctone e as suas folhas, muito ricas em proteínas, contêm uma
substância tóxica, pelo que o seu uso (nunca abuso) deverá ser feito em
quantidades limitadas e em mistura com outros alimentos.
Caro amigo,
Escrevo-te porque, apesar de «teres partido», sei que gostas de andar
a par com o que se vai passando por cá.
A política agrícola regional não se alterou muito desde a altura em
que escreveste no Açoriano Oriental (25/3/87) um artigo a propósito do
Dia da Árvore. Continuamos a ter um Secretário da Pecuária e das Toura-
das e a agricultura não há maneira de deixar de ser apenas «vacas e erva».
Continua-se a arrotear a torto e a direito, até parece que querem transfor-
mar estas ilhas em campos de futebol, em locais sem a mínima aptidão
para a pastagem. O Pico da Água está, neste momento, a ser arredondado
com uma «catarpiller», depois de terem cortado a mata e largado (?) fogo
aos troncos e lenha que lá ficou. Coitados dos bombeiros que têm de acu-
dir a tanto fogo posto! Será mais um arroteamento para daqui a alguns
anos estar coberto de silvado, como muitos outros que bem conheces na
zona do Monte Escuro e noutros locais.
Já andavas bastante doente quando surgiu mais um problema para os
nossos agricultores. «Proíbe-se» o vinho de cheiro, fala-se em outras cas-
tas e em apoios à reconversão das vinhas, mas de concreto só palavras.
Penso que estás de acordo comigo, o vinho de cheiro é mais prejudicial à
saúde do que o outro, mas tenho as minhas dúvidas se relativamente ao
vinho a martelo que por aí se vende. Como se diz na minha terra, Vila
Franca do Campo, proíbe-se o nosso vinho mas continua-se a deixar en-
trar o que é feito com pós e água do Rio Tejo. Enfim, mais um problema
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