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A sociologia de Max Weber


Profª Dra Ana Júlia Nascimento

Max Weber (1864 – 1920) é o principal representante da Sociologia alemã e questionador dos modos
positivistas de formulação de leis sociais, tema que rendeu acirrados debates à sua época.
Defendia a idéia de que uma Ciência Social não poderia reduzir a realidade empírica à leis, pois
tanto na escolha do tema a ser trabalhado quanto na explicação do acontecimento concreto, o cientista se vale
de diversos fatores ligados à realidade dos fatos assim como a seus próprios valores, para dar sentido à
realidade particular. Entretanto, se faz necessário o uso de uma metodologia de estudo, e o método proposto
por weber baseia-se no estado de desenvolvimento dos conhecimentos, nas estruturas conceituais de que se
dispõe e nas normas de pensamentos vigentes, o que irá permitir a obtenção de resultados válidos não apenas
para si próprio.
Para Weber, a ação é toda conduta humana dotada de um significado subjetivo dado
por quem a executa e ação social é toda conduta dotada de sentido para quem a efetua, a ação
social deve ser praticada com intenção. A partir disso, Weber constrói tipos ideais (modelos) de
ação social que podem se enquadrar na sociedade.
Na visão de Max Weber, a função do sociólogo é compreender o sentido das chamadas
ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam. Entende-se que ações
imitativas, nas quais não se confere um sentido para o agir, não são ditas ações sociais. Mas o
objeto da Sociologia é uma realidade infinita e para analisá-la é preciso construir tipos ideais, que
não existem de fato, mas que norteiam a referida análise.
O sociólogo trabalha apenas com a realidade e busca características em comum na
sociedade, sendo assim, a elaboração de um instrumento que auxilie na busca da compreensão dos
comportamentos sociais, é fundamental. O tipo ideal é um modelo de interpretação-investigação, e é
a partir dele que o cientista social irá analisar as sociedades e as formas de ação.
A ação social, para Max Weber, pode ser dividida em quatro ações fundamentais: ação
social afetiva e ação social tradicional.
1. Ação social racional com relação a fins, na qual a ação é estritamente racional. Toma-se um fim
e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se realizar um fim;
2. Ação social racional com relação a valores, na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor,
seja este ético, religioso, político ou estético;
3. Ação social afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos, tais como orgulho, vingança,
loucura, paixão, inveja, medo, etc., e
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4. Ação social tradicional, que tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados.
(Observe que as duas últimas são irracionais).
Para Weber, a ação social é aquela que é orientada ao outro. No entanto, há algumas atitudes
coletivas que não podem ser consideradas sociais. No que se refere ao método sociológico, Weber
difere de Durkheim (que tem como método a observação e a experimentação, sendo que esta se dá a
partir da análise comparativa, isto é, faz-se a análise das diversas sociedades as quais devem ser
comparadas entre si posteriormente). Ao tratar os fatos sociais como coisas, Durkheim queria
mostrar que o cientista precisa romper com qualquer pré-noção, ou seja, é necessário, desde o
começo da pesquisa sobre a sociedade, o abandono dos juízos de valores que são próprios ao
sociólogo (neutralidade), uma total separação entre o sujeito que estuda e o objeto estudado, que
também pretendem as ciências naturais. No entanto, para Weber, na medida em que a realidade é
infinita, e quem a estuda faz nela apenas um recorte a fim de explicá-la, o recorte feito é prova de
uma escolha de alguém por estudar isto ou aquilo neste ou naquele momento. Nesse sentido, não há,
como queria Durkheim, uma completa objetividade. Os juízos de valor aparecem no momento da
definição do tema de estudo.
Assim foi o seu conviver com a doutrina protestante que influenciou Weber na escrita de “A
ética protestante e o espírito do capitalismo”. Para esse teórico, é apenas após a definição do tema,
quando se vai partir rumo à pesquisa em si, que se faz possível ser objetivo e imparcial.
Partindo do conceito de sociologia e das ações sociais podemos então compreender o que
seja relação social, definida por Weber como uma conduta plural, reciprocamente orientada, dotada
de conteúdos significativos que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de um
certo modo, porém o caráter recíproco da relação social não obriga os agentes envolvidos a atuarem
da mesma forma, entendemos que na relação social todos os envolvidos compreendem o sentido das
ações, todos sabem do que se trata ainda que não haja correspondência. Quanto mais racionais
forem as relações sociais maior será a probabilidade de que se tornem normas de conduta.
Compare-se Durkheim e Weber, agora do ponto de vista do objeto de estudo sociológico. O
primeiro dirá que a Sociologia deve estudar os fatos sociais, que precisam ser: gerais, exteriores e
coercitivos, além de objetivos, para esta ser chamada corretamente de “ciência”. Enquanto o
segundo optará pelo estudo da ação social que, como descrita acima, é dividida em tipologias.
Ademais, diferentemente de Durkheim, Weber não se apoia nas ciências naturais a fim de construir
seus métodos de análises e nem mesmo acredita ser possível encontrar leis gerais que expliquem a
totalidade do mundo social.
Seu interesse não é, portanto, descobrir regras universais para fenômenos sociais. Mas
quando rejeita as pesquisas que se resumem a uma mera descrição dos fatos, ele, por seu turno,
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caminha em busca de leis causais, as quais são suscetíveis de entendimento a partir da racionalidade
científica.

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