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A cirurgia plástica (do grego, plastikós = moldar, plasmar, reparar) é eminentemente um tipo de procedimento
cirúrgico que tem como finalidades a estética ou a reparação tecidual, seja por meio de enxertos ou por retalhos. Desta
forma, temos duas grandes escolas da cirurgia plástica:
Cirurgia estética ou cosmética: tem a pretensão de trazer as variações da normalidade para o mais próximo
possível daquilo que se concebe como padrão de beleza de uma cultura em um determinado momento, além de
corrigir alterações evolutivas do tempo, promovendo o rejuvenescimento.
Cirurgia reparadora ou reconstrutiva: tem a finalidade de promover a reparação dos tecidos, reposição de
substâncias perdidas, reabilitação das funções dos órgãos, em geral, decorrentes de traumas, doenças ou
defeitos congênitos. Esta reconstrução pode ser obtida por meio de retalhos e enxertos. É justamente sobre os
enxertos e os retalhos que este capítulo tem a finalidade de detalhar.
HISTÓRICO
A cirurgia plástica, apesar de ter entrado em maior evidência na mídia nos últimos anos, é um procedimento
bastante antigo. Papiros egipícios datados entre 3000 a 2500 a.C. já relatavam o uso de procedimentos para o
tratamento e reparo de fraturas nasais.
Sushruta (800 a.C.) fez uso de técnicas de reconstrução nasal e de lóbulo de orelha. Celsus e Galeno também
desenvolveram técnicas de reconstruções. Taggliacozzi, em 1597, divulgou mundialmente reconstrução nasal, servindo
como um marco histórico para a cirurgia plástica. De fato, o século XX ficou marcado como o Século da Cirurgia Plástica.
A opção pela sutura também influencia no processo de cicatrização e, portanto, pode influenciar no sucesso da
cirurgia plástica. Esta escolha deve ser fundamenta nos seguintes parâmetros que devem ser estritamente seguidos pelo
cirurgião plástico:
Buscar sempre a cicatrização primária;
Fechar a ferida cirúrgica evitando tensão das bordas;
Ajuste da altura das bordas com uma boa simetria;
Optar pela colocação de pontos nos planos profundos (músculo, fáscia e derme).
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www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA
Os tipos de sutura mais utilizadas para a cirurgia plástica são: ponto simples; em “U” vertical (Donnatti); em “U”
horizontal ou colchoeiro; ponto semi-intradérmico (Guinle); sutura contínua simples (Chuleio); sutura intradérmica
contínua.
A retirada dos pontos depende muito da localização da sutura e do aspecto da ferida cirúrgica. Os valores da
tabela abaixo são baseados em médias da literatura. Contudo, pode variar a depender de vários aspectos. O cirurgião
deve ter pelo menos a noção que, quanto maior o tempo de permanência da sutura na ferida, maior será a cicatriz.
Região Dias
Pálpebras 2a5
Face 5a7
Tronco e MMSS 7 a 14
MMII 10 a 15
ENXERTOS
A utilização de enxertos consiste na retirada de tecido de uma região (doadora) e a sua transferência para uma
outra área (receptora), recebendo, nesta nova área, suprimento sanguíneo, o que garantirá a sua integração.
Os seguintes tecidos podem servir como enxertos para a cirurgia plástica: pele, cartilagem, osso (uso da fíbula
ou de parte do osso do quadril), nervo (uso do nervo sural), gordura, músculo, fáscia (uso da fáscia lata da face lateral
da coxa), tendão.
CLASSIFICAÇÃO
Atualmente, assim como existem os bancos de sangue, já existem os chamados bancos de pele. A pele, nestas
unidades, é oriunda de cadáveres devidamente examinados quanto a possíveis patologias infecto-contagiosas (como
AIDS) e armazenada para possível uso de homo-enxerto, quando necessário.
Os enxertos de pele – tipo mais utilizado de enxerto na propedêutica da cirurgia plástica – podem ser classificados
da seguinte maneira:
Quanto à fonte de obtenção:
o Auto-enxerto (enxerto autólogo): doador e receptor são o mesmo indivíduo.
o Homo-enxerto (aloenxerto): doador e receptor são indivíduos diferentes, porém da mesma espécie
(como de um cadáver, por exemplo). Contudo, a pele é bastante antigênica e muito provavelmente,
mesmo neste tipo de enxerto, por causar rejeição. Por esta razão, o homo-enxerto servirá apenas como
um curativo biológico, de modo que, por volta de 10 dias, será totalmente rejeitada. O médico deve,
então, intervir e aplicar outro tipo de curativo.
o Xenoenxerto: doador e receptor são de espécies diferentes. O índice de rejeição é alto e também só
funciona como curativo biológico para evitar infecções.
Quanto à espessura:
o Parcial: envolve apenas a epiderme e parte da derme. Permite cobertura de grandes áreas corporais. É
o mais utilizado.
o Total: envolve a epiderme e a totalidade da derme. Tem uma qualidade estética superior, mas tem seu
uso e áreas doadoras limitadas às mãos, dedos e face.
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Tipos de enxertia:
o Estampilha: enxertos de pele parciais são colocados como se fossem selos.
o Malha: utiliza-se enxerto de pele parcial e um expansor de pele, que consegue expandir a pele de 1,5 a
9 vezes. Tem mau resultado estético.
o Tiras
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RETALHOS
O retalho consiste na transferência de um
segmento de tecido de uma região do corpo para
outra mantendo-se um pedículo vascular original,
sendo esta a diferença entre o enxerto. Para a
manutenção deste pedículo, é necessário o
conhecimento da anatomia e da vascularização
local para a manutenção correta da nutrição
tecidual.
Embora tenha a vantagem de manter esta
irrigação arterial original, o retalho tem uma
complexidade maior do que a realização de
enxertos. A confecção do retalho apresenta
complexidade que varia de acordo com a distância
entre a área doadora do retalho para a área
receptora.
Portanto, assim como em todo procedimentos cirúrgico, devemos partir da opção mais simples para a mais
complexa. Nesta ordem, temos: Fechamento primário da lesão Enxertos de Pele Retalhos locais Retalhos à
distância. Portanto, com relação ao enxerto, o uso de retalho vem como última opção, mas não sendo menos importante.
Contudo, os resultados estéticos do retalho são bem mais satisfatórios do que os de enxerto de pele e, portanto, devem
ter preferência sempre que possível, a depender, é óbvio, do local e tipo da lesão e da experiência do cirurgião (ver
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OBS )
Os retalhos podem ser classificados (1) quanto à distância: local, regional ou à distância (sendo mais utilizada na
microcirurgia); e (2) quanto ao tecido utilizado: cutâneos, musculares e musculocutâneos, fáscio-cutâneos e
osteomiocutâneos (utilizado para reconstrução de mandíbula).
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OBS : Devido aos resultados estéticos melhores, os retalhos devem ser utilizados como primeira opção, substituindo o
enxerto, mesmo sua técnica sendo mais simples que a do retalho. Contudo, em casos de tumores de pele, é
aconselhável a retirada do tumor e a realização de enxerto no local. Este critério é importante para casos em que o
resultado anatomopatológico da lesão avaliada resultou em margem cirúrgica comprometida. Caso isso ocorra e o
cirurgião tenha realizado um retalho ao invés de enxerto, a margem da lesão excisionada se perde, comprometendo a
saúde do paciente. Como o enxerto preserva as margens originais da área receptora, este será o local de mais
probabilidade para se encontrar células tumorais remanescentes.