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Direitos Humanos

Teoria e Questões

Prof. Anderson Miron


Teoria e Questões Comentadas
Prof. Anderson Miron

APRESENTAÇÃO – PROFESSOR ANDERSON MIRON

Meu nome é Anderson Miron, sou Auditor Fiscal


do Trabalho desde o último concurso, em 2013,
nomeado no ano de 2014. Sou graduado em Ciências
Contábeis (UFMG) e Direito (PUC/Minas), e pós-
graduado em Segurança do Trabalho (UCAM/RJ).
É uma satisfação enorme participar com você
dessa caminhada rumo a tão esperada aprovação eu
um concurso público.
Impressionante, mas parece que foi ontem que estive nesse mesmo
lugar que você, estudando feito um “louco”, impulsionado pelo desejo de
ser AFT. Mas para isso, assim como você, lutei contra o cansaço, contra os
períodos de desânimo e também fui incompreendido por muita gente por ter
deixado de lado “as coisas boas da vida”.
E o fim dessa história?
Antes, preciso voltar um pouco mais no tempo. O primeiro concurso
em que fui aprovado foi no ano 2000, no cargo de Auxiliar de Seguridade
Social do Instituto de Previdência dos Servidores de Minas Gerais – IPSEMG.
Passados 8 (oito) anos nesse cargo, percebi que queria algo mais e resolvi
retomar meus estudos. Foi o período mais difícil da minha vida, pois, além de
problemas adicionais, voltei para a vida de concurseiro!!! Afinal, como sabe, por
si só já lhe exige bastante perseverança, foco e muita força.
Após algumas “bolas na trave”, enfim, fui aprovado quase que
simultaneamente em 02 (dois), no ano de 2008 mesmo: Gestor Fazendário
da SEFAZ/MG e Técnico Administrativo do MPU. Assumi no primeiro cargo e em
apenas três meses fui nomeado para o MPU.
Vida que segue, passados 03 (três) anos no MPU, senti novamente a
necessidade de mudar de ares com relação à profissão. No meu íntimo, queria
algo dinâmico, um cargo que me propiciasse maiores desafios. E foi então que
eu me apaixonei..., pela carreira de Auditor Fiscal do Trabalho!!! Eu sei
que cada um tem suas aptidões, seus gostos, seus sonhos, e, no meu caso,
descobri o que realmente me faria vibrar profissionalmente: ser AFT!
Em resumo, estudei durante 1 (um) ano e 6 (seis) meses, esperando o
edital da “ESAF” sair. Foco total, faca na caveira, pronto para a batalha e
para nadar de braçadas na prova da ESAF... Eis que um belo dia sai o
esperado concurso no Diário Oficial da União – DOU, nos seguintes termos:
EDITAL Nº 1 – MTE, DE 28 DE JUNHO DE 2013, o presente concurso público
será regido por este edital e executado pelo “CESPE/UnB”.
Meu Deus!!! Que tragédia!!! Só pode ser um pesadelo!!! Resultado a obra,
perdi cerca de 05 (cinco) matérias bem estudadas, as quais foram
substituídas por outras 06 (seis) matérias diferentes. Não bastasse a troca

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de organizadora, tinha de “engolir a seco” todas aquelas novas matérias em


apenas 02 meses e meio.
Digo a vocês que esse dia, no bom sentido, eu “morri”. Mas, sabe o ideal
que eu falei? E do desejo de ser AFT? Pois é. Aliado às pessoas importantes
que me incentivaram naquele momento, tais como, meus irmãos/irmãs, colegas
do MPU e professores que torceram por mim, e com a Graça de Deus, eu pude
“reviver”.
Hoje tenho como retribuição de toda essa caminhada, muito mais do que
o salário, a retribuição pessoal de trabalhadores humildes, necessitados de
tutela trabalhista e de segurança no ambiente de trabalho. Quando digo pessoas
humildes e necessitadas, não é força de expressão. A satisfação em receber um
muito obrigado de um empregado, que agora tem água potável e refrigerada
no local de trabalho ou pelo aumento salarial de R$50,00 devido ao correto
enquadramento do piso da categoria, é indescritível e me remete ao
pensamento de que valeu a pena!
Finalizando a longa história, o meu interesse pela matéria Direitos
Humanos já havia sido despertado quando dos estudos para esse concurso.
Percebi que passava mais tempo estudando Direitos Humanos do que outras
matérias. Alavancado pela relação humana que norteia a profissão de AFT e
após algumas missões de combate ao trabalho escravo pelo Brasil, pude notar
a importância desse Direito. Antes tinha a noção distorcida, acompanhado
pelo senso comum, de que Direitos Humanos era apenas uma ficção, mas hoje
vejo sua importância e você também enxergará isso com as nossas aulas.
Veja bem. Meu papel aqui é fazer você passar no concurso,
apontando o caminho mais seguro, os possíveis atalhos e a melhor metodologia
para acertar a questão na prova. Ao mesmo tempo lanço o desafio de que
você vai terminar de estudar a matéria e se sentir instigado a aprender mais,
assim como ocorreu comigo. E quero que não se sinta jamais distante. A
partir de hoje somos parceiros nessa caminhada.
Pois bem. Falando agora sobre o curso de teoria e exercícios do
Exponencial. Tenha a certeza de que toda equipe de professores do curso
Exponencial é orientada a fazer o melhor material para concursos públicos
do Brasil. Envolvido nessa missão, a parte teórica do curso será composto
de explicação na medida necessária para o acerto da questão na prova. Para
tanto, utilizarei como complemento uma série de quadros esquemáticos,
grifos, cores e dicas sobre os principais pontos e armadilhas do tópico
estudado. A parte de exercícios, por sua vez, também foi especialmente
trabalhada para você obter o melhor resultado possível. Sempre que for
importante para o acréscimo de conhecimento, utilizarei exemplos e
indicação de particularidades que poderiam tornar a questão correta ou
incorreta, sem perder o foco principal de sua resolução. Além disso, faz parte
do nosso treinamento a resolução de questões objetivas de outras
organizadoras, quando necessário.

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Acredito que com o tempo você vá assimilando paulatinamente a matéria


e, quando menos esperar, já terá o conhecimento necessário para a aprovação.
No geral, em se tratando de Direitos Humanos, as provas não costumam
ser complicadas. Sabendo disso, o ideal é tornar o curso o mais dinâmico
possível, para que, ao final dele, você consiga ter tempo de revisar e resolver
as questões quantas vezes achar necessário até o dia da prova. Só assim
manterá atualizada a disciplina em sua memória. A estratégia ideal então é:

Aula 01 Aula 02 Aula 03 Aula ......


(Teoria e (Teoria e (Teoria e (Teoria e
Exercícios) Exercícios) Exercícios) Exercícios)

Revisões (primeira, segunda...)

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Aula – Teoria geral dos direitos humanos. Conceito e terminologia.


Estrutura normativa e fundamentação. Fundamentos dos direitos
humanos. Afirmação histórica dos direitos humanos.
Gerações/Dimensões dos Direitos Humanos. Características dos
direitos humanos no direito internacional

Sumário
1 - Teoria geral dos direitos humanos.................................................. 2
1.1 - Conceito e terminologia ......................................................................................................... 3
1.2 - Estrutura normativa e fundamentação .................................................................................. 5
2 - Fundamentos dos direitos humanos ............................................... 6
3 – Afirmação histórica dos direitos humanos ..................................... 8
4 – Gerações/Dimensões dos direitos humanos ................................ 17
5 – Características dos direitos humanos no direito internacional ..... 21
6 – Questões comentadas .................................................................. 26
7 – Lista de exercícios ....................................................................... 41
8 – Gabarito ....................................................................................... 49
9 – Referencial bibliográfico .............................................................. 49

1 - Teoria geral dos direitos humanos

Temos como ponto de partida o objetivo de definir o que são os Direitos


Humanos. Mais do que muitos pensam, não é sinônimo de um órgão, grupo de
pessoas ou organismos que costumamos ver na televisão defendendo apenas
um lado da sociedade. Essa seria uma visão muito simplista. Trata-se, antes de
mais nada, de um “direito”. Certo é que ela possui uma amplitude enorme e é
de suma importância para todos os seres humanos do planeta.
No decorrer das aulas você poderá fazer suas próprias conclusões e ter
até mesmo uma visão crítica de onde ocorrem as falhas em sua aplicação. Nosso
objetivo aqui é ser aprovado no concurso, mas é natural que surjam alguns
questionamentos pessoais, e para isso também estarei à disposição.
Antes, preciso frisar que boa parte dessa aula inicial não tem sido o alvo
preferido nas provas (salvo os Fundamentos), motivo pelo qual serei o mais
objetivo possível. Vamos conferir atenção especial aos tópicos mais
importantes na visão da organizadora.
Ah! Não crie resistência com a matéria, por favor. Essa primeira aula pode
não ser tão agradável de se estudar, mas está no edital... Fazer o que, não é?

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1.1 - Conceito e terminologia

Vários foram os estudiosos e diversos os conceitos de Direitos Humanos


ao longo da história. Não é necessário divagar (percorrer) por cada um, pois a
essência humana está em todos. Diferenciam-se, contudo, pelo contexto
histórico e fundamentação, o que será estudado mais à frente.
Napoleão Casado Filho conceituou “os direitos humanos como um
conjunto de direitos, positivados ou não, cuja finalidade é assegurar o respeito
à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do arbítrio estatal e
do estabelecimento da igualdade nos pontos de partida dos indivíduos, em um
dado momento histórico”.
João Batista Herkenhoff definiu de forma concisa e clara que “direitos
humanos ou direitos dos homens são, modernamente, entendidos aqueles
direitos fundamentais que o homem possui pelo fato de ser homem, por
sua própria natureza humana, pela dignidade que a ele é inerente”.
Por sua vez, Norberto Bobbio afirmou que, apesar de difícil precisão
conceitual, não há dúvidas de “os direitos humanos são direitos naturais, que
cabem ao homem enquanto homem”.
Certo é que os Direitos Humanos são direitos destinados a todos os
seres humanos, independente de nacionalidade, raça, religião, sexo ou
qualquer outra condição. São direitos que se concretizam mediante a liberdade,
igualdade e respeito ao seres humanos.
Você que é um candidato(a) antenado(a) já percebeu, então, que tais
direitos não possuem como sujeitos, por exemplo, as coisas (casa, caneta,
foguete) e nem os animais (cachorro, quati do norte asiático).

Direitos
Humanos

Condição
de SER
HUMANO
TODOS
(Independe
etnia, sexo,
religião...)

Preste bastante atenção! A expressão Direitos Humanos comporta várias


outras terminologias. Inclusive, por vezes o CESPE alterna em suas questões
tais nomenclaturas: direitos da pessoa humana, direitos dos homens, direitos
fundamentais da pessoa humana ou direitos públicos subjetivos.

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Na verdade, com precisão técnica, o termo “direitos do homem” está


ligado ao conceito de direito natural (ou jusnaturalista – vamos ver em seguida).
Significa que não precisa ser positivado. É inerente ao ser humano. Por exemplo,
o direito de respirar, de alimentar. Já “direitos humanos” estão definidos em
normas, princípios e regras, conforme vamos estudar com detalhes.
Mas essa não é a principal diferença entre os termos utilizados.
Você notou que o próprio conceito de Direitos Humanos que há pouco
estudamos, de João Batista Herkenhoff, traz direitos humanos e direitos dos
homens como sinônimos? E como falado, até o CESPE mistura os termos.
O importante é entender que todos eles significam em sua essência
material Direitos Humanos e visam a proteção do ser humano.
Em especial – e agora sim – existem duas terminologias que alteram todo
conceito em relação a esse direito. Trata-se da diferenciação entre Direitos
Humanos e Direitos Fundamentais.
Ambos possuem o mesmo conteúdo, o mesmo direito material. No
entanto, a expressão Direitos Humanos é utilizada para designar que tais
direitos estão positivado na ordem internacional (tratados, convenções,
protocolos), enquanto que Direitos Fundamentais representam os direitos
humanos positivados na ordem jurídica interna do Estado.
Nada melhor que um bom exemplo. Tome-se por base o direito à
liberdade de locomoção.
Dentre vários documentos internacionais, o referido direito está
consagrado no art. 7º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Desta
forma, é um direito humano. Por sua vez, esse mesmo direito é previsto em
nosso ordenamento jurídico no art. 5º, inciso XV, da Constituição Federal/1988.
Logo, por ter sido positivado em nossa ordem jurídica interna, esse direito
também é um direito fundamental.
No geral, eles acabam sendo os mesmos direitos, havendo diferenças
apenas em seu campo de positivação. Entretanto, o mundo está em constante
mudança, não é mesmo? Vamos supor que nossa Constituição reconheça no
art. 5º, por exemplo, o direito à identidade genética. Este seria apenas um
Direito Fundamental, por não existir documentos internacionais tratando do
assunto. De outro modo, caso esse fosse tema de alguma Convenção
Internacional, seria apenas um Direito Humano, pois não estaria positivado
em nosso ordenamento jurídico interno.
Enfim, quero que tenha em mente o seguinte:

positivados na ordem
Direitos Humanos
internacional

positivados na ordem
Direitos Fundamentais
interna

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1.2 - Estrutura normativa e fundamentação

De acordo com a teoria geral do direito, existe uma divisão de normas


jurídicas que são: regras x princípios.
As Regras são espécies normativas prescritas e imperativas que
expressam um comportamento a ser adotado e enseja consequências precisas
e determinadas se não forem seguidas. Exemplo: o capítulo que rege os
contratos no Código Civil, o qual carrega uma série de requisitos para a sua
validade.
Já os Princípios são ideias mais genéricas, abertas e interpretativas
de um sistema jurídico, fornecendo a este um sentido lógico e harmonioso.
Note, por exemplo, que a Constituição Federal/88 garante o direito fundamental
da ampla defesa, porém, seu conceito é aberto, genérico, de cunho mais
abstrato. Para dar efetividade, a doutrina explica que os princípios devem ser
aplicados conforme a possibilidade jurídica e social, com vistas sempre à
ponderação do intérprete frente à realidade fática e jurídica.
Feita a distinção, a conclusão é que, apesar de também dispor de normas-
regras, os Direitos Humanos possuem prevalência em norma-princípio. Haja
vista o núcleo dos direitos humanos que se baseia no princípio da dignidade da
pessoa humana.
Marcelo Novelino ressaltou bem isso ao dizer que “a Constituição é um
sistema normativo aberto de princípios e regras que, assim como os demais
estatutos jurídicos, necessita das duas espécies normativas para exteriorizar os
seus comandos”.
Em resumo, tudo que foi falado:

DIREITOS
- Prescritas HUMANOS
Regras - Imperativas
- Determinadas
Normas Regras &
Jurídicas Princípios
- Abertas
Princípios - Genéricas PREVALÊNCIA
- Interpretativas DE
PRINCÍPIOS

Apenas para finalizar, esse tipo de estrutura é fundamental, sobretudo


em se tratando de Direitos Humanos. Isso porque um sistema baseado
exclusivamente por regras exigiria uma disciplina legislativa exaustiva, e não
permitiria balanceamento de valores e interesses de uma sociedade. Por outro
lado, fosse apenas de princípios poderia conduzir a um sistema falho em
matéria de segurança jurídica.

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2 - Fundamentos dos direitos humanos

Feitas as considerações iniciais, vamos dar um passo à frente. Os


próximos capítulos possuem maior incidência em provas de concurso.
Vários são os debates até hoje acerca da reflexão sobre o reconhecimento
de que o ser humano é o sujeito de direito e o pilar dos Direitos Humanos. A
partir disso, foram desenvolvidas algumas teorias, sendo as 03 (três)
principais: 1) Jusnaturalista; 2) Positivista; 3) Moralista.

Teorias dos Direitos Humanos

Jusnaturalista Positivista Moralista

Vejamos cada uma delas, sem teorizar demais, porque precisamos


apenas do precioso ponto na prova:

1) Jusnaturalista:
Os direitos humanos independem da vontade e da lei dos homens.
Baseiam-se no pressuposto de que a lei natural está em uma ordem superior
à lei dos homens. Para essa teoria os legisladores não criam normas de direitos
humanos, pois estas já foram concebidas antes mesmo da existência do
homem.
Por ser um direito natural, é universal, imutável e inviolável.
Sob forte influência dos ideais de igualdade e liberdade, entre eles
pensadores como Jean Jacques ROUSSEAU, esta teoria é falha em alguns
aspectos e, por isso, NÃO É A PREDOMINANTE hoje.
Se os direitos humanos fossem da natureza das coisas, eles teriam sido
sempre reconhecidos ao longo da história. E nem sempre foi assim, não é
mesmo? Quantas guerras e lutas foram desencadeadas para que houvesse o
reconhecimento de direitos fundamentais?

2) Positivista:
Ao contrário da teoria anterior (jusnaturalista), a corrente positivista
acredita que os direitos humanos só podem existir através de normas
positivadas, ou seja, normas impostas pelo Estado. Representam todas
aquelas normas escritas, criadas pelos homens por intermédio do Estado.

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Parece ótima essa ideia, não é mesmo? Entretanto, essa também NÃO É
A TEORIA PREDOMINANTE hoje.
Primeiro, porque já vimos que os Direitos Humanos possuem uma forma
híbrida, que se utiliza não somente de regras positivadas, mas também de
princípios para a sua aplicação. Além disso, estaríamos diante de uma situação
interessante. Suponha que ocorreu a omissão e não há previsão expressa de
determinado direito fundamental. Aplicando essa teoria, o Estado ficariam
isento de cumprir o referido direito, já que não existe positivação, não é mesmo?

3) Moralista (ou de Perelman):


Por sua vez, o fundamento da teoria Moralista é que os Direitos Humanos
decorrem da consciência moral e da experiência de determinado povo. Assim,
os Direitos Humanos não são pré-determinados por uma ordem natural, bem
como não decorrem unicamente do direito positivo. Em verdade, os
direitos fundamentais possuem como fundamento a consciência moral do povo.
Note que pela definição, a teoria moralista encaixa-se melhor aos
propósitos dos Direitos Humanos, tendo em vista a preponderância de sua
aplicação lastreada na base de princípios (sejam eles éticos, morais e de
justiça). Então, conclui-se que essa é a TEORIA PREDOMINANTE hoje.
Esquema prático do que foi falado, para facilitar:
TEORIA PREDOMINANTE

Teoria Teoria Moralista


Teoria Positivista
Jusnaturalista (ou de Perelman)

• Direito Natural • Normas escritas • Consciência moral


• Suprema • Positivadas • Formação maior de
• Universal princípios
• Inviolável

Por fim, a doutrina menciona que não se consegue explicar os direitos


humanos exclusivamente por uma das teorias, pois elas se complementam. No
entanto, essa é uma discussão mais aprofundada, que, creio eu, foge muito ao
nosso objetivo.

Veja como é simples a cobrança da matéria em concurso do CESPE. Olhe


aí uma questão anterior do seu concurso:

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1- (CESPE – PRF/2013) Conforme a teoria positivista, os


direitos humanos fundamentam-se em uma ordem superior, universal, imutável
e inderrogável.
Comentário: a teoria que fundamenta os direitos humanos em uma
ordem superior, universal, imutável e inderrogável é a teoria
Jusnaturalista.
Resposta: ERRADO.

3 – Afirmação histórica dos direitos humanos

Agora vamos estudar um pouco de história. Vou “adoçar” o máximo


possível esse tópico, já sabendo que engloba muita informação e a sua cabeça
pode estar “fervendo”.
A primeira coisa que você precisa saber é que os ideais de valorização
dos Direitos do Homem encontram-se desde os escritos de civilizações antigas.
Ainda que tenha havido outros fatos históricos, vou citar os mais
relevantes.
Por volta do ano 1770 a.C., na antiga Babilônia (atual Iraque), foi
instituído o chamado Código de Hamurabi. Formado por 282 leis, seu maior
destaque é a conhecida Lei de Talião (olho-por-olho, dente-por-dente).
Apesar de seu conhecido caráter rígido, por incrível que pareça, a Lei de
Talião já possuía uma rústica menção à defesa do ser humano e da sociedade,
conforme nota-se em sua introdução:
“(...) Anu e Bel me chamaram, a mim Hamurabi, o excelso príncipe,
(...), para implantar justiça na terra, para destruir os maus e o mal,
para prevenir a opressão do fraco pelo forte, (...) e propiciar o
bem-estar do povo (...)”

Em seguida, em meados de 350 a.C. na Grécia Antiga – berço da


filosofia -, foi criada a Lei de Sólon, a qual aboliu a escravidão por dívida e
anulou alguns excessos de punições aplicadas aos homens, anteriormente
normatizadas.
Em Roma, mais ou menos no ano de 50 a.C, além de vários filósofos e
pensadores, viu-se traços marcantes do jusnaturalismo, quando Cícero
afirmou que a lei maior é a lei que advém da natureza, e, sendo assim, a
lei positiva deve concordar com a lei natural.
A religião judaico-cristã, por sua vez, também contribuiu fortemente
para a formação dos direitos humanos. Tome por base o principal fundamento
do judaísmo e do cristianismo – de que o homem é a imagem e semelhança
de Deus -, por meio do qual difunde-se a ideia do amor ao próximo. Isso

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representa o conceito maior de dignidade humana, a ser praticada em


qualquer relação, seja ela, homem-homem, Estado-Estado ou Estado-homem.
A defesa da dignidade humana também pode ser notada pela religião, na
medida em que as edificações religiosas serviam de refúgio para as
pessoas perseguidas, devido às diferenças de raça, origem e políticas.
A propósito, veja essa afirmativa em uma questão do CESPE:

2- (CESPE – DPE-PI/2009 - Adaptada) Não há uma


correlação entre o surgimento do cristianismo e o respeito à dignidade da pessoa
humana.
Comentário: Foi demonstrado que desde os primórdios a ideologia cristã exalta
a semelhança do homem com Deus. Em outras palavras, cada ser humano
possui um pouco de Deus, o que o torna digno de respeito.
Resposta: ERRADO

Antes de continuar, vamos esquematizar o que foi visto até agora sobre
as marcas antigas:

Babilônia
* Lei de Talião
* Não opressão do fraco

Grécia
* Lei de Sólon
* Não à escravidão e penas excessivas

Roma
* Filósofos
* Jusnaturalismo de Cícero

Religião
* Homem é a imagem de Deus
* Respeito ao amor e a dignidade do ser

Pois bem. Aqui é necessário fazer um corte na história para dizer algo
importante!
Sem retirar uma vírgula da importância de todos os fatos históricos
apontados até agora, certo é que os direitos humanos ainda estavam em um
estágio inicial, disposto de maneira esparsa (dispersa) e era substancialmente
ideológico. De fato, somente com esse processo histórico que os Direitos
Humanos foram tomando forma e ganhando uma aplicabilidade mais efetiva.

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Por esse motivo, do ponto de vista documental, a doutrina costuma


apontar como o primeiro marco de afirmação dos Direitos Humanos a
chamada Magna Carta Inglesa, do ano de 1.215. Isso porque ela continha
algo que nenhum outro documento anterior trouxe: a limitação de direitos
do Estado em face dos indivíduos.
Há quem mencione ter sido a Declaração das Cortes de Leão (1.188),
porém, inclusive o CESPE, concentra as questões de concurso na Carta Inglesa.
Na verdade, a Inglaterra construiu diversos documentos em defesa dos
Direitos Humanos, e podem ser definidas como verdadeiras Declarações
Inglesas de Direitos Humanos. Foram elas referência na luta para a limitação
de poderes dos Reis Absolutistas em prol dos direitos do homem. Influenciou
ideais de respeito humano ao longo do continente europeu, sobretudo a França,
bem como os Estados Unidos da América.
Vamos ver quais importantes documentos foram esses.

➢ Magna Carta (ano: 1.215):


Antes da edição da Magna Carta, no século XIII, a Europa vinha do
contexto histórico do feudalismo, representado pelo total desrespeito aos
direitos humanos.
Enquanto que o povo vivia em miserabilidade extrema - trabalhando para
a sua subsistência -, os nobres, o clero e o rei dispunham de privilégios herdados
a cada geração. Este último (rei), era o mais beneficiado e possuía privilégios
de toda sorte, a exemplo do poder de retirar a liberdade de quem reputasse
contrário aos seus interesses.
Dessa forma, a fim de se colocar limites ao poder do Rei da Inglaterra,
conhecido como João-sem-terra, os barões que formavam a corte real
desencadearam um movimento de revolta e exigiu que o rei renunciasse a
direitos que consideravam exagerados.
Assim, foi assinada a Magna Carta no ano de 1.215. Decretou-se nela
a subordinação do rei pelas próprias leis que editou, bem como a independência
da nobreza e do clero.
Apesar de não ter sido uma carta essencialmente popular, de defesa
primordial aos direitos das classes mais baixas, não se pode negar que em
diversos aspectos foi o primeiro documento de garantia aos direitos civis
e liberdades individuais.
Dentre esses direitos, posso citar a previsão da liberdade de
locomoção, da proporcionalidade entre a pena e o delito e da base inicial
do reconhecimento do devido processo legal.

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➢ Petição de Direitos (ano: 1.628)


Em inglês, Petition of Rights, reforçou no século XVII a limitação de poder
iniciado pela Magna Carta, agora contra o Rei do Estado Absolutista.
Com o passar do tempo, a Carta Magna passou a ser desrespeitada. O
Estado Absolutista retirava aos poucos a liberdade de locomoção dos homens e
as prisões eram motivadas por meio de decreto real.
Novamente, os barões ingleses, representados pelo Parlamento Inglês,
lutaram para a reafirmação de que nenhuma pessoa poderia ser presa sem justa
causa apresentada. Em outras palavras, a prisão só poderia ocorrer em
virtude de sentença legal, de acordo com a lei do país.
Estabeleceram, ainda, o dever do rei de não cobrar impostos sem a
autorização do Parlamento.

➢ Habeas Corpus Act (ano: 1.679)


Ainda no século XVII, houve a edição do Habeas Corpus Act (1679). Este
documento reiterou a prerrogativa de proteção aos direitos humanos de
liberdade – que, inclusive, já existia de forma menos trabalhada na Carta
Magna de 1215.
Dessa vez trouxe a formalização dos ritos processuais a serem
observados, bem como regramentos para o fortalecimento da ordem judicial de
concessão. Por exemplo, a imposição de multa reparatória em favor do preso
em determinados casos de ilegalidade.

➢ Bill Of Rights (ano: 1.689)


Diante de tanta resistência, no ano de 1.689 o absolutismo na Inglaterra
já estava bastante enfraquecido. Em consequência, houve na Inglaterra uma
revolução denominada de Revolução Gloriosa, a qual culminou na troca do
absolutismo monárquico pela monarquia parlamentar.
Em consequência dessa Revolução, foi editada a Declaração Inglesa de
Direitos, mais conhecida como Bill Of Rights, que teve como principais
conquistas: fortalecimento do princípio da legalidade; previsão do direito de
petição; liberdade de eleições dos membros do Parlamento; vedação de
fianças exorbitantes, de impostos excessivos e de penas severas.
Cabe salientar que a Revolução Gloriosa e o Bill Of Rights representaram
não só fim da monarquia absolutista, mas também influenciaram os povos
de outros países a lutar futuramente por seus interesses e direitos.
Vamos esquematizar o que vimos sobre as Declarações Inglesas de
Direitos Humanos:

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Magna Carta (ano de 1.215)


1° documento; liberdades; locomoção; devido processo legal

Petition of Rights (ano de 1.628)


princípio da inocência; Parlamento autoriza tributos

Habeas Corpus (ano de 1.679)


direito de liberdade e seu rito processual

Bill of Rights (ano de 1.689)


princípio da legalidade; petição; vedação aos excessos tributários e penais

Vejamos essa questão do concurso de Defensor Público/MA:

3- (CESPE – DPE-MA/2011 - Adaptada) A Magna Carta,


de 1215, instituiu a separação dos poderes ao declarar que o funcionamento do
parlamento, um órgão que visa defender os súditos perante o rei, não pode
estar sujeito ao arbítrio deste.
Comentários: A Magna Carta foi o documento inglês que criou as condições
para que se reconhecessem as liberdades individuais e os direitos civis
(locomoção, devido processo legal etc). Em nada declarou sobre o
funcionamento do parlamento.
Resposta: ERRADO.

Viu como ficou fácil responder a questão?


Agora sim, dando continuidade, vamos ver alguns fatos históricos e
documentos ligados aos Direitos Humanos, que vieram após o desfecho das
Declarações Inglesas de Direitos Humanos:

 EUA (ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA):


Objetivando se libertar da colonização inglesa, o povo da região da
Virgínia nos EUA publicou a chamada Declaração do Bom povo da Virgínia
(12/06/1776), escrita por Thomas Jefferson, a qual continha típicas afirmações
jusnaturalistas de direitos humanos: “todos os homens são, por natureza,
igualmente livres e independentes”.

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Relevante sua importância pelo fato de ter sido a percursora, poucos dias
depois, da Declaração de Independência dos Estados Unidos (04/07/1776), que
da mesma forma foi escrita com ideias jusnaturalistas. Editada pela chamada
Convenção da Filadélfia, a Declaração de Independência reconheceu
efetivamente os direitos civis e políticos como fundamentais, sob a ótica
da igualdade entre os seres. Teve por base a Magna Carta de 1215, quando,
cita em uma parte a limitação do poder do Estado.

 FRANÇA:
Durante há algum tempo o Estado francês vinha sendo ineficiente em se
organizar econômica, política e administrativamente.
Incapaz de atender as necessidades da população, o povo se organizou
em uma Assembleia Geral Constituinte, em 27 de agosto de 1789. Foi então
aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Distribuídos em
17 artigos, a Declaração é conhecida pelo slogan da revolução que a ensejou:
liberdade, igualdade e fraternidade.
Esse majestoso documento contemplou uma gama enorme de
direitos fundamentais, entre os quais, os princípios da legalidade, igualdade,
segurança, liberdade, propriedade, presunção de inocência, liberdade religiosa
e de manifestação de pensamento.

 MÉXICO:
Apesar do México apresentar crescimento econômico durantes décadas,
tal êxito adveio somente a poder de altos custos sociais, pagos pela fração
menos favorecida da sociedade.
Eis que no ano de 1917, após sua Revolução, o México proclamou a nova
Constituição Mexicana, que fez abordagem de temas sociais, religiosos e
educacionais, bem como reforma agrária.
Entre essas temas estão direitos tais como: sistema de defesa da classe
trabalhadora, liberdade de trabalho, proibição da escravidão, liberdade de
crença, educação laica para escolas públicas e particulares, entre outros. São
chamados direitos humanos de segunda geração (veremos mais à frente).

 PRÚSSIA (atual Alemanha):


Era um período pós 1ª guerra mundial e a Alemanha precisava se
reestruturar. Com isso, em 1919, foi elaborada e promulgada a nova
Constituição da Prússia/Alemanha, na cidade de Weimar.
Como o objetivo era se expandir economicamente e aumentar a produção
industrial, novas relações sociais surgiriam e, em paralelo, a necessidade de
haver uma regulamentação específica.

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Sendo assim, a Constituição de Weimar instituiu garantias sociais como


o direito à sindicalização, à previdência social, à repartição de terras, entre
outras.

 CONVENÇÃO DE GENEBRA:
Na verdade, a Convenção de Genebra foi uma série de tratados
formulados em Genebra, na Suíça, que definiram normas internacionais
relativas ao Direito Humanitário Internacional (direito que regula os
conflitos armados/guerra).
Não convém aprofundar, pois veremos o que é Direito Humanitário
Internacional com mais detalhe em outro capítulo. Guarde apenas a informação
de que ocorreram 4 (quatro) Convenções em Genebra:
1ª Convenção (1864): marco de criação da Cruz Vermelha;
2ª Convenção (1906): estendeu os termos da 1ª Convenção às forças navais;
3ª Convenção (1929): definiu os tratamentos dos prisioneiros de guerra;
4ª Convenção (1949): revisou as três e estendeu a proteção aos civis.

 LIGA DAS NAÇÕES – OIT - CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU –


DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS:
Do mesmo modo, esses acontecimentos foram tão importantes para os
Direitos Humanos que serão estudados em suas minúcias em capítulo posterior.
Inclusive, os editais de concurso costumam evidenciá-los no conteúdo
programático.
Como o objetivo aqui é apenas remontar a história, vamos lá.
Após a 1ª guerra mundial, foram criados 02 (dois) organismos
internacionais: a primeira, chamada de OIT – Organização Internacional do
Trabalho (1.919), e a outra chamada de Liga das Nações (1.920).
A OIT, instituída para buscar condições dignas de trabalho e bem estar
de trabalhadores, tornou-se bem sucedida e existe até hoje. De forma
contrária, a Liga das Nações, criada com a finalidade de buscar a paz e
segurança mundial, não obteve êxito, mormente pelo fato de que anos depois
desencadeou-se a 2ª guerra mundial em 1.939.
Diante do fracasso da Liga das Nações e da necessidade de se instalar
novamente a paz e a cooperação entre os povos, a comunidade internacional
novamente se reuniu para a criação da chamada Carta das Nações Unidas,
logo após o fim da 2ª guerra mundial (1945). Esta carta não teve o propósito
de catalogar os Direitos Humanos, apesar de ter aberto espaço para a confecção
de outros documentos internacionais de Direitos Humanos. Entretanto, destaca-

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se pelo fato de ter sido a carta de criação da ONU – Organização das Nações
Unidas, bem como o estatuto da Corte Internacional de Justiça.
A ONU, por sua vez, redigiu e aprovou pelo seu órgão denominado
Assembleia Geral a famosa Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH) em 1.948. Sua perspectiva é de que todas aquelas atrocidades
cometidas durante a 2ª guerra ficassem para a história passada e jamais se
repetissem.
Veremos ainda que esse período pós 2ª guerra marca a denominada
concepção contemporânea dos Direitos Humanos.

 CONFERÊNCIA DE VIENA
Como “nem tudo são flores”, a DUDH não foi aprovada por unanimidade.
Foram 8 (oito) abstenções, bem como uma série de questionamentos acerca de
seu alcance.
Foi preciso que em 1.993 houvesse um novo entendimento no sentido de
conferir caráter efetivamente universal à DUDH, exposto na Declaração de
Viena, da seguinte forma em seu art. 1º:
“1. A Conferência Mundial sobre Direitos do Homem reafirma o
empenhamento solene de todos os Estados em cumprirem as suas obrigações
no tocante à promoção do respeito universal, da observância e da proteção
de todos os direitos do homem e liberdades fundamentais para todos, em
conformidade com a Carta das Nações Unidas, com outros instrumentos
relacionados com os Direitos do homem e com o direito internacional. A
natureza universal destes direitos e liberdades é inquestionável.“

 ESTATUTO DE ROMA
O Estatuto de Roma foi um tratado que estabeleceu o Tribunal Penal
Internacional (TPI), em julho de 1998, porém, entrou em vigor somente em
2.002.
O Tribunal em questão, com sede em Haia na Holanda, possui
competência para julgar pessoas pelos crimes mais graves (de genocídio,
contra a humanidade, de guerra e agressão). Além disso, é um órgão com
personalidade própria e independente, mas cooperante das
determinações da ONU.
O Brasil reconheceu sua jurisdição no §4º, art. 5°, da Constituição
Federal/88.

Ufa!!!!! Terminamos aqui a afirmação histórica dos Direitos Humanos.


Vamos antes fazer uma questão dessa última parte histórica que estudamos.

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4- (CESPE – DPE-AC/2012 - Adaptada) Após a


Segunda Guerra Mundial, para que os direitos dos trabalhadores enumerados
na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 fossem garantidos no
plano internacional, criou-se a Organização Internacional do Trabalho.
Comentários: Vimos que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi
criada após a Primeira Guerra Mundial.
Resposta: ERRADO.

Logo após, haverá um quadro esquemático, mais resumido, com ênfase


nos últimos fatos e documentos que vimos:

Idade Média até a Moderna


Antiguidade (a.C.)
Magna Carta (1º documento),
Lei de Talião, Lei de Sólon,
Petition of Rights, Habeas Corpus,
Filósofos, Jusnaturalismo, Religião.
Bill of Rights

Declaração de Independência dos


Constituição Mexicana - 1917
EUA - 1776
- Direitos sociais, religiosos e
- Declaração da Filadélfia: Direitos Civis e
educacionais
Políticos como fundamentais; Influência
jusnaturalista Constituição Weimar
(Alemanha) - 1919
Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão (França) - 1789 - Garantias Sociais, previdência
social
- Igualdade, liberdade e fraternidade

Convenção de Genebra (Suíça) - Liga das Nações (1920)


1864/1949 - Finalidade de paz no pós 1ª Guerra
- 4 Convenções sobre Direito - Não teve êxito
Humanitário
OIT (1919)
-Criação da Cruz Vermelha,
proteção aos prisioneiros de guerra, - Condições de Trabalho dignas
às forças navais e aos civis. - Melhor sucedida que a Liga das Nações

Carta das Nações Unidas - 1945


- Cria a ONU e Estatuto da Corte Conferência de Viena - 1993
Internacional de Justiça - Confere e reafirma caráter
ONU universal à DUDH
- Assembleia Geral aprova a DUDH Estatuto de Roma - 1998/2002
DUDH - 1948 - Cria o Tribunal Penal
- Declara paz e que as atrocidades Internacional (TPI)
fiquem no passado
(Concepção Contemporânea dos DH)

Só com essa “timeline” já é possível resolver algumas questões. A


exemplo da questão anterior – que cobrou apenas o tempo na história em que
a OIT foi fundada -, vamos ver essa agora:

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5- (CESPE – DPE-MA/2011 - Adaptada) A Declaração


de Filadélfia é considerada a primeira carta política a atribuir aos direitos
trabalhistas o estatuto de direito fundamental, juntamente com as liberdades
individuais e os direitos políticos.
Comentários: Ora, vimos que os direitos sociais estão relacionados à
Constituição Mexicana e à Constituição de Weimar. A Declaração da
Filadélfia (como sinônimo de Convenção de Filadélfia) conferiu status de direitos
fundamentais somente aos direitos individuais e políticos.
Resposta: ERRADO.

Por falar em direitos individuais, políticos, sociais e outros, a questão já


deu uma dica importante para o nosso próximo assunto: os direitos humanos
foram concebidos em diferentes épocas, as quais se separam por gerações
ou dimensões.

4 – Gerações/Dimensões dos direitos humanos

A primeira discussão a ser definida é a de que muitos autores entendem


que a expressão correta a se dizer é dimensões, e não gerações.
Deve-se ao fato de que a palavra gerações passa uma mensagem de
sobreposição, troca do novo pelo velho. Tendo em vista a característica
denominada “historicidade”, essa substituição de direitos, de fato, não ocorre.
Quando um direito surge em determinada época, ele se soma aos direitos
já reconhecidos anteriormente. Há uma ampliação de proteção. Por esse motivo,
o adequado é falar dimensões dos Direitos Humanos.
A segunda discussão, é a de que não existe unanimidade de quantas
dimensões existem. Atualmente aventam-se até mesmo uma 6ª dimensão e
novos estudiosos discutem outras além desta.
Independente disso, vamos primeiro estudar as 3 (três) primeira
dimensões, as quais não possuem divergências na doutrina, bem como são
mais cobradas na prova. Posteriormente, falaremos das demais.

 1ª Dimensão/Geração
Esse agrupamento é composto pelos direitos civis e políticos, ligados
aos valores de liberdade. São direitos individuais, que requerem uma
prestação negativa do Estado.
Essas características não são por acaso. Antes da transição do
absolutismo para o liberalismo, o povo estava sob domínio despótico de reis e
não era titular de qualquer direito.

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Com o surgimento de documentos como as Declarações Inglesas (Magna


Carta, bill of rights e outras), a Declaração de Independência dos EUA (1.787)
e a Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão na França (1.789), o
Estado passou a seguir novos parâmetros que englobaram o reconhecimento de
direitos básicos de liberdade.
Representam, portanto, a defesa do indivíduo diante do poder do Estado,
na medida em que implica a não interferência do Estado em determinados
aspectos de sua vida social. A isso se dá o nome de prestações negativas.
Como exemplo, o simples fato de expressar a opinião – um direito civil e
individual - não precisa de qualquer ato do Estado, apenas deve-se reconhecer
a liberdade de expressão.

 2ª Dimensão/Geração
Vencido esse período, o Estado liberal passa para um novo conceito de
Estado, sendo este do bem estar social. Liga-se ao valor da igualdade,
composto dos direitos sociais, econômicos e culturais.
Durante essa transição, a necessidade do indivíduo passou a ser a luta
contra o acúmulo de capital. Somente uma fatia mínima da sociedade -
detentora de riquezas - possuía acesso a uma vida economicamente estabilizada
e dispunha de toda sorte de direitos sociais.
Sendo assim, os marcos de luta para o reconhecimento dessa igualdade
social, econômica e cultural foram a Constituição Mexicana (1.917) e a
Constituição de Weimar na Alemanha (1.919).
Não se pode deixar de citar também que os ideais dessa igualdade
tiveram um forte avanço devido à ideologia de pensadores russos como Karl
Marx e Friedrich Engel. Seus trabalhos avançaram até o ensejo da Revolução
Russa em 1.917.
Desta feita, para a implementação desses direitos fundamentais exige-se
a prestação positiva do Estado. Cito como exemplos a intervenção no domínio
econômico para a abertura de emprego e o fornecimento de medicamentos para
os mais carentes.

 3ª Dimensão/Geração
Composto pelos direitos ligados à fraternidade, englobam os direitos
difusos, da coletividade, tais como o meio ambiente, desenvolvimento e
autodeterminação dos povos.
São direitos que justificam a necessidade existente em um período pós
2ª guerra mundial, quando houve um total esfacelamento do valor da vida
humana.

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A comunidade mundial uniu-se para a criação da Organização das Nações


Unidas – ONU, a fim de buscar a proteção e o respeito, não mais ao indivíduo
em sua forma singular, mas, ao gênero “ser humano” em perspectiva global,
em qualquer Estado que esteja.
A partir desse momento, então, surge a nova compreensão do ser
humano, a qual passa a ser exigida em uma esfera internacional e universal,
conforme previsto na própria Declaração Universal dos Direitos Humanos da
ONU.

Quadro comparativo:

1ª GERAÇÃO 2ª GERAÇÃO 3ª GERAÇÃO


Liberdade Igualdade Fraternidade

Sociais,
Difusos e
Tipos de Direitos Civis e Políticos Econômicos e
Coletivos
Culturais

Exemplos de Vida, liberdade de Trabalho, Desenvolvimento,


Direitos pensamento educação, greve meio ambiente

- Individuais com - Titularidade


- De coletividade
caráter negativo. coletiva com
universal.
caráter positivo.
Efetivação
- requer
- Direitos de todos
abstenção do - exige atuação
indistintamente
Estado do Estado

- Revolução
Gloriosa
- Revolução - Fim da 2ª Guerra
Acontecimento - Independência Mexicana mundial
Histórico dos EUA
- Revolução Russa - Criação da ONU
-Revolução
Francesa

- Constituição dos
- Constituição
EUA (1787)
Mexicana (1.917) - Declaração
Documentos Universal dos
- Declaração
Históricos - Constituição de Direitos Humanos
Francesa dos
Weimar – (1.948)
Homens e Cidadão
Alemanha (1.919)
(1789)

Conforme falado, novas gerações passaram a ser identificadas. Com


maior reconhecimento pelos estudiosos, apresentam-se a 4ª e 5ª gerações,
sobre as quais destacam-se os autores Norberto Bobbio e Paulo Bonavides.

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A partir daí emergem ainda novas gerações, podendo se falar em 6ª


geração, bem como até mesmo discussões iniciais de outras gerações além
desta.

Para simplificar, vamos fazer de forma esquemática as gerações mais


modernas:

4ª GERAÇÃO 5ª GERAÇÃO 6ª GERAÇÃO

Norberto Paulo Paulo Zulman


Doutrina
Bobbio Bonavides Bonavides Fachin

- Biodireito
- Democracia
- Água Potável
- Ética
científica - Informação
Direito - Paz mundial
- Utilização da
água (escassez,
-Manipulação - Pluralismo má utilização)
do patrimônio Político
genético

Veja como você vai tirar de letra a cobrança das questões desse assunto:

6- (CESPE – PRF/2013) A expressão direitos humanos


de primeira geração refere-se aos direitos sociais, culturais e econômicos.
Comentários: A afirmação, na verdade, trouxe os direitos de 2ª
geração/dimensão, pois são os direitos ligados à igualdade, que exigem uma
prestação positiva do Estado.
Resposta: ERRADO.

Veja só que interessante. Quando você for AFT, desempenhará um


importante papel, que hoje você nem imagina! Como agora é expert no assunto,
sabe que os direito social relacionado ao trabalho tiveram como marcos a
Revolução Mexicana (1.919) e a Constituição de Weimar (1.917). Difícil
mensurar quanta luta e quanto sofrimento deve ter havido para que se
pudessem garantir as condições mínimas sociais e econômicas à época. Fato é
que agora, em pleno século XXI, caberá a você na condição de AFT notificar

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empregadores para que se conceda descanso, cinto de segurança, cama em


alojamento etc. Direitos básicos que são descumpridos cotidianamente.

5 – Características dos direitos humanos no direito internacional

Várias são as características dos direitos humanos. Existem algumas que


nem se aplicam a todos os direitos; são conceitos mais aprofundados dos
autores.
Sendo assim, vamos nos ater aos principais aspectos de cada uma, sem
ficar teorizando quando não for necessário. Você verá que o conhecimento
passado na aula é o suficiente para fazer as questões. Ademais, no final haverá
o quadro esquemático para facilitar a memorização.

» HISTORICIDADE: os direitos humanos não nasceram de uma


única vez. São frutos de uma evolução e desenvolvimento histórico e
cultural.
Conforme vimos na aula, os direitos nasceram da necessidade de cada
época e vieram de forma gradativa. Lembre-se, por exemplo, que a Bill of
Rights não previu os direitos de segunda geração (sociais, econômicos e
culturais), pois era um documento do ano de 1.689. Época em que a
necessidade do povo era o reconhecimento de direitos de primeira geração (civis
e políticos). Os direitos de segunda geração surgiram somente na Constituição
Mexicana, no ano de 1.917, quando a aspiração social girava em torno da
igualdade.
Sendo assim, em suma, a historicidade é a característica que diz que os
direitos humanos foram construídos ao longo do tempo e de acordo com a
necessidade dos indivíduos em determinado momento histórico.

» UNIVERSALIDADE: representa o sentido de que a dignidade da


pessoa humana destina-se a todos os indivíduos, independente da raça,
credo, nacionalidade ou convicção política. Além disso, sua aplicação deve
ultrapassar as fronteiras do Estados e alcançar qualquer parte do mundo.
Acontece que nasce uma grande celeuma em torno dessa característica,
tendo em vista o confronto entre Universalidade x Relativismo Cultural.
E o que é relativismo cultural?
Existem países reticentes na aplicação de alguns direitos humanos, pois
reputam possuir padrões culturais internos que impedem a incidência da
universalidade. Exemplo, países em que as mulheres são submissas ao homem
e muitas vezes agredidas por não cumprir o que ele estabelece.
A partir disso, podemos representar da seguinte forma:

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UNIVERSALIDADE
- direitos humanos são universais;
- respeita a cultura e crença interna, mas a estes se
sobrepõe quando há prejuízo aos Direitos
Humanos.

RELATIVISMO CULTURAL
- universalidade possui restrições internas;
- de forma inversa, os valores universais devem
seguir o que aquele Estado já definiu como certo ou
errado.

Apresentados os argumentos, Rafael Barreto aponta em seu


livro qual o entendimento atual sobre essa discussão: “prevalece a ideia de
forte proteção aos direitos humanos e fraco relativismo cultural, concepção
que afirma que o relativismo cultural não pode ser ignorado, mas que não pode
ser defendido ao ponto de legitimar violações a direitos humanos”.
Temos como pilar da universalidade dos Direitos Humanos a Declaração
Universal de Direitos Humanos (DUDH), de 1.948, e a Declaração de Viena, de
1.993, a qual reafirmou em seu art. 1° que a natureza universal de tais
direitos é inquestionável.

Veja essa afirmativa do concurso de Defensor, cujas questões costumam


ser mais difíceis. Entretanto, conforme vamos estudando, tornam-se
plenamente possíveis de serem respondidas.

7- (CESPE – DPE-AC/2012) O expresso reconhecimento


do princípio da universalidade dos direitos humanos pela Declaração de Viena
de 1993 pôs termo ao debate sobre o multiculturalismo e o relativismo cultural.
Comentários: Vimos que realmente a Declaração de Viena de 1.993 veio
reafirmar o caráter universal dos Direitos Humanos. Vimos que múltiplas
culturas devem ser respeitadas, porém, não podem violar os direitos humanos.
Entretanto, não quer dizer que existiu um fim sobre esse debate. Até hoje, por
exemplo, existem países que a diferença étnica é motivo de guerras e
massacres.
Resposta: ERRADO.

» RELATIVIDADE: determina que os direitos humanos não são


considerados absolutos. Os referidos direitos deverão ser interpretados e
aplicados levando-se em consideração os limites existentes pelos outros
direitos fundamentais.

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Trata-se de um conflito, mas que sua solução deve passar pela análise
fática e jurídica do caso. Por exemplo, se por um lado existe o direito de
liberdade de expressão, em contraponto limita-se ele ao direito de imagem e da
vida privada.
Apesar dessa relativização, são cobrados em prova dois direitos clássicos
que são absolutos (não comportam exceção, fogem à regra da relatividade):

TORTURA ESCRAVIDÃO
ABSOLUTOS

» IMPRESCRITIBILIDADE: os direitos humanos não se perdem


com o tempo, não prescrevem, não se exaurem pela falta de uso.

» INALIENABILIDADE: os direitos humanos não possuem


conteúdo econômico-patrimonial, motivo pelo qual não podem ser objeto de
comércio (inegociáveis). Isso porque resultam quase sempre da proteção à
dignidade da pessoa humana, à vida, à liberdade e outros direitos inalienáveis.
À exceção de algum ou outro direito, tal como o direito de propriedade.

» IRRENUNCIABILIDADE: o indivíduo não pode dispor dos seus


direitos fundamentais ou deixar de lado a titularidade sobre eles. Isso porque a
dignidade da pessoa não pode ser afastada; é uma proteção que vai além da
vontade humana. Cabe somente ressaltar que, em casos excepcionais e
temporários, autoriza-se a renúncia do seu exercício (como uma suspensão).
O exemplo clássico citado pelos autores Marcelo Alexandrino e Vicente
Paulo é o dos participantes de reality shows, em que as pessoas renunciam
temporariamente o seu direito de inviolabilidade à imagem e à vida privada, na
busca de um benefício, qual seja, o prêmio oferecido pelo programa.

» INDIVISIBILIDADE e INTERDEPENDÊNCIA: os direitos


humanos fazem parte de único conjunto de direitos e não podem ser
interpretados cada um de maneira isolada. Os direitos humanos encontram-se
em um mesmo bloco, onde a efetivação de um direito depende do outro.
Há uma interdependência, uma complementariedade entre eles. Tome
como exemplo o direito de liberdade de locomoção, o qual está diretamente
vinculado à garantia do habeas corpus.

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» PROIBIÇÃO DO RETROCESSO (efeito cliquet): relacionado à


historicidade, os direitos humanos devem sempre ser ampliados; não
reduzidos. A expressão “retrocesso” não é por acaso, pois um direito humano
quando reconhecido é em prol da dignidade humana. E retirar uma proteção de
tamanha importância seria verdadeiramente um retrocesso.
Um exemplo bastante extremo, para fins de entendimento, seria o
retorno da escravidão, que, como vimos, não comporta qualquer exceção.

» EFETIVIDADE: aduz que o Estado deve garantir ao máximo a


efetivação dos direitos fundamentais. A simples menção dos direitos em âmbito
interno dos Estados, por si só, não é garantia de sua efetividade. Por isso, é
necessário o papel do Estado como garantidor da implementação de tais
direitos, inclusive por meios coercitivos.

Minha função aqui é facilitar a sua vida. Veja o quadro esquemático com
as principais características sobre o que estudamos nesse capítulo:

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HISTORICIDADE
- veio de processo evolutivo, gradativo;
- não surgiram de uma só vez.

UNIVERSALIDADE
- alcança todos indivíduos e Estados;
- prevalece sobre o relativismo cultural.

RELATIVIDADE
- não absolutos, possuem limites;
- Exceção: Tortura e Escravidão (absolutos)

IMPRESCRITIBILIDADE
Características dos
Direitos Humanos

- não se perdem com o tempo;


- imprescritíveis

INALIENABILIDADE
- inegociáveis;
- não possuem conteúdo econômico

IRRENUNCIABILIDADE
- não pode ser afastado, indisponível;
- pode renunciar (excepcional e temporário)

INDIVISIBILIDADE e INTERDEPENDÊNCIA
- são um bloco único de direitos;
- interpreta-se em conjunto

PROIBIÇÃO DO RETROCESSO
- devem ser ampliados;
- não devem ser reduzidos ou suprimidos

EFETIVIDADE
- necessidade de máxima implementação;
- garantir efetivamente, não só formalmente

Enfim, chegamos ao final da aula introdutória.


Para fixar bem o que estudamos, é hora de fazer uma bateria de
exercícios. Algumas questões possuem assuntos que não estudamos ainda
(frise-se). Por esse motivo vou adaptá-las para que não haja confusão, de forma
que a resposta ainda continue nas alternativas.
Um passo de cada vez, rumo à aprovação!

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6 – Questões comentadas

8- (FCC – SEGEP-MA/2016 - Adaptada) No âmbito da Teoria Geral do


Direito Internacional dos Direitos Humanos:

b) Direitos fundamentais é expressão que traduz conteúdo mais de cunho


jusnaturalista, e não propriamente jurídico-positivo.

c) Direitos humanos é expressão que revela de forma mais adequada a proteção


constitucional dos direitos básicos dos cidadãos.

d) Direitos do homem é expressão que representa de forma mais correta os


direitos positivados em tratados e declarações internacionais.

e) A Constituição Federal de 1988 utilizou com precisão técnica as expressões


direitos fundamentais e direitos humanos.
Comentários:
b) ERRADO. Direitos fundamentais estão ligados aos direitos positivados nas
Constituições do Estados, traduzindo, assim um conteúdo mais jurídico-
positivo.
c) ERRADO. Utiliza-se a expressão direitos fundamentais aos direitos
positivados nas Constituições, ao passo que direitos humanos são os positivados
nos documentos internacionais.
d) ERRADO. Conforme falado na alternativa acima, a expressão direitos
humanos representa os direitos positivados nos documentos internacionais
(tratados, convenções, protocolos etc).
e) CERTO. Tome como exemplo o art. 5º, X, da CR/88, em que o direito à vida
privada está positivado na ordem interna constitucional e incluso no Título II -
Dos Direitos e Garantias Fundamentais. Já, o §3° do mesmo art 5º, apesar de
estar no mesmo título recebe a qualificação de direitos humanos, por se referir
a tratados e convenções, remetendo à ideia de plano internacional.
Resposta: letra E.

9- (CESPE – DPE-PE/2015) Na luta pelos direitos humanos, há avanços e


retrocessos, decorrendo disso a necessidade de o Estado e a sociedade civil se
engajarem para que se realizem ações e políticas públicas que sejam
efetivamente de Estado e não de governo.
Comentários: Conforme vimos, os Direitos Humanos foram construídos à
custa de muita luta. Não obstante, por mais consciência e respeito que
houvesse à pessoa humana, a história é prova de que ocorreram vários
retrocessos. Exemplo disso foi que, mesmo após a primeira grande guerra,

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tivemos vários avanços conquistados em relação aos Direitos Humanos, mas


que, novamente, não impediram a ocorrência da 2ª Guerra Mundial. E a
consciência que se requer no cenário mundial é a de que os Estados busquem
continuamente esses avanços, por meio de ações e políticas pública de Estado
(consciência comum entre o governo e a sociedade) e não de Governo
(tomada unilateralmente).
Resposta: CERTO.

10- (PC-MG – PCMG/2011) A concepção universal dos direitos humanos,


demarcada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, sofreu e sofre
fortes resistências dos adeptos do movimento do relativismo cultural. Retoma-
se dessa forma o velho dilema sobre o alcance das normas de direitos humanos.
Associe abaixo as características intrínsecas a essas concepções:
(I) Concepção universalista.
(II) Concepção relativista.

( ) Flexibiliza as noções de soberania nacional e jurisdição doméstica, ao


consagrar um parâmetro internacional mínimo, relativo à proteção dos direitos
humanos aos quais os Estados devem se conformar.
( ) A noção de direito está estritamente relacionada ao sistema político,
econômico, cultural, social e moral vigente em determinada sociedade.
( ) Cada cultura tem seu próprio discurso acerca dos direitos fundamentais, que
está relacionado às específicas circunstâncias culturais e históricas de casa
sociedade.
( ) O pluralismo cultural impede a formação de uma moral universal, tornando-
se necessário que se respeitem as diferenças culturais apresentadas em cada
sociedade.

Marque a opção CORRETA, na ordem de cima para baixo.


a) (I) (II) (II) (I).
b) (II) (I) (I) (I).
c) (I) (II) (II) (II).
d) (I) (II) (I) (II).
Comentários:
1. (I) - Concepção universalista. Note que a afirmativa falou em flexibilizar as
regras de direito e de soberania estabelecidas internamente no Estado. Além
disso, aplicação de parâmetros internacionais (externos).
2. (II) - Concepção relativista. A afirmativa disse que todo sistema interno de
direito deve seguir o que a própria sociedade já definiu como certo ou errado.

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3. (II) - Concepção relativista. Disse que os direitos fundamentais de cada


Estado serão interpretados diante de cada particularidade interna, sem
imposição da comunidade externa.
4. (II) - Concepção relativista. O que vale são os valores determinados por cada
Estado e não o definido de forma universal.

Resposta: letra C.

11- (CESPE – DPE-AC/2012 - Adaptada) Assinale a opção correta no que


diz respeito à afirmação histórica dos direitos humanos.
b) O Bill of Rights, de 1689, foi a primeira carta de direitos de que se tem notícia
na história.
c) A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919 são
marcos da afirmação dos direitos humanos de segunda geração.
d) Após a Segunda Guerra Mundial, para que os direitos dos trabalhadores
enumerados na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 fossem
garantidos no plano internacional, criou-se a Organização Internacional do
Trabalho.
Comentários:
b) ERRADO. Sem deixar de considerar outros documentos anteriores, tem-se
que a Carta Magna, de 1.215, foi o primeiro documento estruturado de
Direitos Humanos. Certo é que, mesmo havendo algumas divergências (uns
dizem a Declaração das Cortes de Leão, de 1.188), o Bill of Rights já poderia
ser descartado, tendo em vista ser um documento mais recente que esses.
c) CERTO. A nova Constituição Mexicana de 1917, fez abordagem de
temas sociais, religiosos e educacionais. A Constituição de Weimar
(Prússia/Alemanha) instituiu garantias sociais como o direito à sindicalização e
à previdência social. São direitos humanos de segunda geração, ligados aos
valores de igualdade.
d) ERRADO. Não confunda! A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi
criada após a Primeira Guerra Mundial.
Resposta: letra C.

12- (CESPE – DPE-PI/2009 - Adaptada) A respeito do desenvolvimento


histórico dos direitos humanos e seus marcos fundamentais, assinale a opção
correta.
a) Os direitos fundamentais surgem todos de uma vez, não se originam de
processo histórico paulatino.
b) Não há uma correlação entre o surgimento do cristianismo e o respeito à
dignidade da pessoa humana.

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c) As gerações de direitos humanos mais recentes substituem as gerações de


direitos fundamentais mais antigas.
d) A proteção dos direitos fundamentais é objeto também do direito
internacional.
Comentários:
a) ERRADO. Trata-se da característica da “historicidade” dos Direitos
Humanos. Como foi bastante abordado, os direitos surgiram ao longo do
tempo, e não de uma vez.
b) ERRADO. Desde os primórdios, a ideologia cristã tem como um de seus
marcos o fundamento de amor ao próximo. Sendo assim, faz parte desse
amor ao próximo a não opressão, o respeito à vida e o respeito ao ser
humano. Desde o seu advento, as instituições religiosas serviram de refúgio
para as pessoas perseguidas devido às diferenças de raça, origem e políticas.
Com efeito, nota-se a estreita relação entre o surgimento do cristianismo e à
dignidade da pessoa humana.
c) ERRADO. A alternativa traz justamente a crítica de alguns doutrinadores
quanto à definição da palavra "geração”, a qual sugere a ideia de substituição,
sucessão, superação. Por isso afirmam que a expressão mais correta seria
"dimensões", já que os direitos humanos sofrem um processo histórico
cumulativo de direitos ao longo do tempo.
d) CERTO. Os direitos fundamentais, positivados nas Constituições dos
Estados, são objeto também de proteção do Direito Internacional dos
Direitos Humanos. A bem da verdade, direitos humanos e direitos
fundamentais são sinônimos, com apenas uma tênue diferença. Ambos se
tratam de direitos humanos, porém, o primeiro é positivado no âmbito interno
no Estado (direitos fundamentais contidos nas Constituições) e o outro em
âmbito externo (Tratados, Convenções etc).
Resposta: letra D.

13- (VUNESP – PC-SP/2014) Documento histórico relevante na evolução


dos direitos humanos, elaborado no século XIII, que regulava várias matérias,
de sentido puramente local ou conjuntural, ao lado de outras que constituem as
primeiras fundações da civilização moderna, que considera que o rei se encontra
vinculado pelas próprias leis que edita e que traz a essência do princípio do
devido processo legal em seu texto. Tal descrição se refere à:
a) Lei de Habeas Corpus (ou Habeas Corpus Act).
b) Declaração de Direitos da Inglaterra (ou Bill of Rights).
c) Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.
d) Magna Carta (ou Magna Charta Libertatum).
e) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

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Comentários: Trata-se da Magna Carta, do ano de 1.215 (século XIII).


Apesar de não ter sido uma carta essencialmente popular, de defesa primordial
aos direitos das classes mais baixas, trouxe limites ao poder do rei. Estão
previstos na Carta direitos como a liberdade de locomoção e o devido processo
legal.
Resposta: CERTO.

14- (FCC – DPE-BA/2016) Com relação à origem histórica dos direitos


humanos, um grande número de documentos e veículos normativos podem ser
mencionados, dentre eles é correto afirmar que cada um dos documentos abaixo
mencionados está relacionado com um direito humano específico, com
EXCEÇÃO de:
a) Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, 1776, que disciplinou os direitos
trabalhistas e previdenciários como direitos sociais.
b) Declaração de Direitos (Bill of Rights), 1689, que previu a separação de
poderes e o direito de petição.
c) Convenção de Genebra, 1864, que teve relevante destaque no tratamento do
direito humanitário.
d) Constituição de Weimar, 1919, que trouxe a igualdade jurídica entre marido
e mulher, equiparou os filhos legítimos aos ilegítimos com relação à política
social do Estado.
e) Constituição Mexicana, 1917, que expandiu o sistema de educação pública,
deu base à reforma agrária e protegeu o trabalhador assalariado.
Comentários:
a) ERRADO. A Declaração de Virgínia, proclamada em 16/06/1776, foi a
percursora da Declaração de Independência dos Estados Unidos (04/07/1776).
São documentos que reconhecem os direitos de primeira geração, tais como
a vida e a liberdade. Os direitos trabalhista e previdenciários (segunda
geração) foram suscitados posteriormente na Constituição Mexicana (1.917) e
na Constituição de Weimar (1.919).
b) CERTO. Foi o documento que simbolizou a transição da monarquia
absolutista para a monarquia parlamentar. Previu o documento a separação
dos poderes, o direito de petição, a vedação de penas excessivas, entre
outros.
c) CERTO. A Convenção de Genebra foi uma série de tratados realizados na
Suíça, sendo a primeira em 1.864, que definiu normas internacionais relativas
ao Direito Humanitário Internacional (direito que regula os conflitos
armados/guerra).

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d) CERTO. A Constituição de Weimar (1.919) foi um dos documentos que tinha


como ideal a igualdade dos direitos de segunda geração: social, econômico e
cultural. E fez parte desse ideal o direito mencionado na alternativa.
e) CERTO. Perfeito. A Constituição Mexicana (1.917) também expressava
a igualdade social, em defesa do trabalhador, bem como previu de forma
mais simplificada a reforma agrária.
Resposta: letra A.

15- (ESAF – CGU/2012 - Adaptada) Marque a opção incorreta.


a) Os Fundamentos e Princípios dos Direitos Humanos têm como finalidade a
observância e proteção da dignidade da pessoa humana de maneira universal.
b) Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos do Homem não possuem
o mesmo significado. Assim, a primeira nomenclatura surgida foi a dos Direitos
Fundamentais, a qual remonta a época do jusnaturalismo.
e) Tendo em vista a influência do pensamento religioso e do sistema político, as
diversas teorizações sobre direitos humanos encontram-se profundamente
relacionadas às prerrogativas estamentais e à hierarquia secular.
Comentários:
a) CERTO. Como vimos, os fundamentos e princípios dos Direitos Humanos
buscam esse objetivo, sobretudo porque podem ser simplesmente interpretados
a favor dos Direitos Humanos, através da consciência moral, ética e de
justiça.
b) ERRADO. A alternativa foi meio confusa em sua primeira parte, pois todas
aquelas expressões representam os "Direitos Humanos" em sentido material.
Entretanto, realmente possui designação distinta. A expressão Direitos
Humanos é utilizada para designar que tais direitos estão positivado na ordem
internacional. Direitos Fundamentais representam os direitos humanos
positivados na ordem jurídica interna do Estado. Já os Direitos do
Homem designam os mesmos direitos humanos, mas que não precisam estar
formalizados, são inerentes ao ser humano, possuem uma maior amplitude.
E o maior erro da questão está aqui, uma vez que este (Direitos do Homem) foi
a 1ª expressão utilizada, bem como está ligada ao jusnaturalismo.
e) CERTO. Percebe-se melhor essas teorias quando nos remetemos aos traços
iniciais de Direitos Humanos. Épocas em que os reis, barões e o clero possuíam
benefícios ligados aos Direitos Humanos, justificados pela simples origem
familiar ou posição social.
Resposta: letra B.

16- (VUNESP – PC-SP/2013) Dentre os documentos reconhecidos


internacionalmente e que limitaram o poder do governante em relação aos

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direitos do homem, encontra-se o mais remoto e pioneiro antecedente que


submetia o Rei a um corpo escrito de normas, procurava afastar a arbitrariedade
na cobrança de impostos e implementava um julgamento justo aos homens.
Esse importante documento histórico dos direitos humanos denomina-se
a) Talmude.
b) Magna Carta da Inglaterra.
c) Alcorão.
d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França.
e) Bill of Rights.
Comentários:
a) e c) ERRADOS. Não guardam relação direta com os documentos de Direitos
Humanos. Talmude é um livro da religião Judaica e Alcorão da religião Islã.
b) CERTO. Conforme vimos, a Magna carta, do ano de 1.215, trouxe direitos
como o devido processo legal, proporcionalidade entre o delito e a
pena e a vedação de excessos tributários. Além disso, a referida
Carta impôs limites aos poderes do rei.
d) ERRADO. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França trouxe
os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Entre outros, não houve uma
simples limitação dos poderes do Rei, mas a ruptura do regime
monárquico anterior.
e) ERRADO. Não obstante a Bill of Rights mencionar direitos como a vedação de
tributos excessivos e penas extremamente severas, a Magna Carta de 1.215
foi a pioneira, já que a Bill of Rights data de 1.689.
Resposta: letra B.

17- (CESPE – DPE-PE/2015) No Brasil, os entes federativos protegem


automática e integralmente os chamados direitos humanos de segunda geração,
ou direitos sociais, por força de consagração constitucional nesse sentido.
Comentários: Não confunda! A questão trata dos direitos de Segunda
Geração/Dimensão. Como tais, os direitos sociais exigem uma atuação
POSITIVA, INTERVENCIONISTA, PRESTACIONAL do Estado.
Logo, não possuem a proteção integral e automática.
Resposta: ERRADO.

18- (CESPE – DPE-ES/2012) As três gerações de direitos humanos


demonstram que visões de mundo diferentes refletem-se nas normas jurídicas
voltadas à proteção da pessoa.

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Comentários: De fato, cada geração surgiu em um contexto diferente de


mundo, sob uma necessidade diversa e em épocas distintas. Não
obstante, todas refletiram a necessidade de proteção da pessoa.
Lembrando que as três gerações/dimensões representam: primeira -
LIBERDADE; segunda - IGUALDADE; terceira - FRATERNIDADE.
Resposta: CERTO.

19- (VUNESP – PC-SP/2013) Considerando o que a doutrina majoritária


dispõe sobre o desenvolvimento e conquista dos direitos humanos, pode-se
afirmar que esse desenvolvimento histórico, classificado por gerações de
direitos, pode ser, cronologicamente, assim representado:
a) direitos individuais; direitos coletivos e direitos sociais.
b) direitos individuais, direitos coletivos e liberdades negativas.
c) liberdades positivas, liberdades negativas e direitos sociais.
d) direitos sociais; direitos de liberdade e direitos da fraternidade.
e) direitos de liberdade; direitos sociais e direitos difusos.
Comentários:
a) ERRADO. Os direitos sociais vieram antes dos direitos coletivos.
b) ERRADO. Os direitos relacionados às liberdades negativas são os direitos
de primeira geração.
c) ERRADO. Os direitos que requerem liberdades positivas são de segunda
geração.
d) ERRADO. Os direitos sociais não foram os primeiros em ordem
cronológica, mas os civis e políticos.
e) CERTO. Primeira dimensão (civis e políticos - liberdade); Segunda dimensão
(sociais, econômicos e culturais - igualdade); Terceira dimensão (difusos,
meio ambiente etc - fraternidade).
Lembrando que existem autores que reconhecem as 4ª, 5ª e até 6ª dimensão.
Resposta: letra E.

20- (FEPESE – SJC-SC/2013) Assinale a alternativa correta acerca da


classificação dos Direitos Humanos em gerações.
a) Os direitos de liberdade são classificados como de primeira geração.
b) Os direitos sociais ou de igualdade são classificados como de quarta geração.
c) A segunda geração de direito compreende os direitos de liberdade.
d) A terceira geração de direitos é marcada pelos direitos tecnológicos, como a
bioética.

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e) A segunda geração de direitos envolve aqueles denominados fraternos, como


o meio ambiente ecologicamente equilibrado
Comentários:
a) CERTO. São os direitos ligados ao valor de liberdade, sendo eles civis e
políticos.
b) ERRADO. Os direitos sociais são ligados realmente aos ideais de igualdade,
porém, são direitos de segunda geração.
c) ERRADO. Como já falado, os direitos que representam liberdade são os
de primeira geração.
d) ERRADO. Bioética é considerada pelo entendimento moderno como sendo um
direito de quarta geração (Norberto Bobbio).
e) ERRADO. Os ideais de fraternidade estão relacionados aos direitos
de terceira geração. Direitos coletivos e difusos.
Resposta: letra A.

21- (FEPESE – SJC-SC/2013) Assinale a alternativa correta acerca da


classificação dos Direitos Humanos em gerações.
a) A quarta geração de direitos é marcada pelos avanços sociais.
b) As liberdades políticas e civis marcam a segunda geração de direitos.
c) A terceira geração de direitos constitui direitos de igualdade.
d) Os direitos de fraternidade, como o progresso e a paz, são elementos dos
direitos de primeira geração.
e) A quarta geração de direitos é ligada aos direitos tecnológicos, como o direito
de informação.
Comentários:
a) ERRADO. Os avanços sociais são relacionados à segunda geração,
pautados no ideal de igualdade.
b) ERRADO. Tais direitos marcam a primeira geração (liberdade).
c) ERRADO. A terceira geração constitui os direitos de fraternidade.
d) ERRADO. Como falado, os direitos de fraternidade são de terceira geração.
e) CERTO. Pelo entendimento moderno de Paulo Bonavides, vimos que a
quarta geração é representada pelos direitos de tecnologia e informação.
Resposta: letra E
22- (VUNESP – PC-SP/2013) Na evolução dos direitos humanos,
costumam-se classificar, geralmente, as gerações dos direitos em três fases
(Eras dos Direitos), conforme seu processo evolutivo histórico. Assinale a
alternativa que representa, correta e cronologicamente, essa classificação.

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a) Direitos civis; direitos políticos; direitos fundamentais.


b) Igualdade; liberdade; fraternidade.
c) Direitos individuais; direitos coletivos; direitos políticos e civis.
d) Direitos civis e políticos; direitos econômicos e sociais; direitos difusos.
e) Liberdades positivas; liberdades negativas; direitos dos povos.
Comentários:
a) ERRADO. Os direitos civis e políticos são, ambos, direitos de primeira
geração. Ademais, direitos fundamentais não representa uma
geração/dimensão.
b) ERRADO. O correto seria: liberdade (1ª geração); igualdade (2ª geração);
fraternidade (3ª geração)
c) ERRADO. A alternativa trouxe apenas direitos de primeira geração
d) CERTO. Essa é a clássica ordem cronológica das gerações: (1ª geração
- civis e políticos); igualdade (2ª geração - sociais, econômicos e
culturais); fraternidade (3ª geração - difusos e coletivos)
e) ERRADO. Pelo contrário, as liberdades negativas são de 1ª geração,
enquanto que as liberdades positivas são de 2ª geração.
Resposta: letra D.

23- (VUNESP – PC-SP/2014) Na evolução histórica dos direitos humanos,


surgem o que se convencionou denominar de “gerações dos direitos”, que
representam a valorização de determinados direitos em momentos históricos
distintos. Assim sendo, assinale a alternativa que contempla direitos
pertencentes à primeira geração dos direitos humanos.
a) Direitos econômicos e de igualdade
b) Vida e liberdade.
c) Direitos trabalhistas e previdenciários.
d) Direitos civis e direito à paz.
e) Fraternidade e direitos sociais.
Comentários: Vou discriminar qual geração/dimensão representa cada direito
enumerado na questão.
a) ERRADO. Segunda; Segunda
b) CERTO. Primeira; Primeira
c) ERRADO. Segunda; Segunda
d) ERRADO. Segunda; Quinta (Paulo Bonavides)
e) ERRADO. Terceira; Segunda

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Resposta: letra B.

24- (CESPE – SEJUS-ES/2009) Os direitos humanos são irrenunciáveis, de


modo que podem até deixar de ser exercidos por seus titulares, os quais, no
entanto, jamais podem renunciar a tais direitos.
Comentários: Os direitos fundamentais são irrenunciáveis, como vimos. Essa
é a regra basilar. Contudo, aceita-se uma renúncia excepcional e temporária,
diante de um caso concreto. Trata-se de uma "espécie de suspensão" do
exercício daquele direito. Lembre-se do exemplo de reality shows. Renuncia-
se temporariamente a inviolabilidade à imagem e à vida privada, na busca do
prêmio oferecido pelo programa.
Resposta: letra C.

25- (FEPESE – SJC-SC/2013) São características da Declaração Universal


dos Direitos Humanos.
1. universalidade.
2. efetividade.
3. indivisibilidade.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 1.
b) É correta apenas a afirmativa 2.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
d) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.
Comentários: Entenda a DUDH como sinônimo de Direitos Humanos. Em linhas
gerais, a universalidade representa que os Direitos Humanos devem ser
aplicados a todos os indivíduos e Estados; a efetividade diz respeito que o
Estado deve criar mecanismos aptos a sua efetivação, inclusive por meios
coercitivos; a indivisibilidade considera que os direitos humanos devem ser
aplicados em bloco, levando em conta todos eles, sem ser fracionados.
Resposta: letra E.

26- (FEPESE – SJC-SC/2013) São características da Declaração Universal


dos Direitos Humanos:
1. disponibilidade.
2. interdependência.
3. renunciabilidade.

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Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


a) É correta apenas a afirmativa 2.
b) É correta apenas a afirmativa 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.
Comentários: Entenda a DUDH como sinônimo de Direitos Humanos. E como
sabemos, os direitos humanos possuem caráter de INdisponibilidade
e IRRenunciabilidade. Somente a característica de Interdependência está
correta.
Resposta: letra A.

27- (ESAF – CGU/2012) “Os direitos humanos não devem ser analisados
isoladamente, com prevalência de um conjunto de direitos humanos sobre os
demais.” Esse conceito representa a seguinte característica dos Direitos
Humanos:
a) Indivisibilidade.
b) Indisponibilidade.
c) Generalidade.
d) Efetividade.
e) Essencialidade.
Comentários: Conforme vimos, trata-se da característica da Indivisibilidade.
Os direitos humanos fazem parte de único conjunto de direitos e não podem
ser interpretados cada um de maneira isolada.
Resposta: letra A.

28- (FCC – SEGEP-MA/2016) No que tange às características e


especificidades dos Direitos Humanos:
a) A irrenunciabilidade determina que a autorização ou consentimento do titular
do direito humano não justifica ou convalida qualquer violação ao seu conteúdo.
b) A imprescritibilidade implica o reconhecimento de que os direitos humanos
podem ser reivindicados a qualquer tempo, com exceção dos direitos humanos
de terceira geração que prescrevem nos termos da legislação nacional.
c) A indivisibilidade é caracterizada pela primazia conferida aos direitos civis e
políticos em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais.

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d) A interdependência ou interrelação transmite a ideia de que a dignidade da


pessoa humana pode ser protegida de forma fragmentada em algumas
situações, na medida em que há direitos humanos mais essenciais que outros.
e) A inexaurabilidade representa a taxatividade, ou seja, a limitação na
consagração de novos direitos humanos.
Comentários:
a) CERTO. Deixei essa questão por último para mostrar como é difícil fazer prova
de concurso. Pelo que entendi, a banca se utilizou do conceito puramente
irrenunciável dos direitos humanos. Existem autores que dizem que não há uma
renúncia propriamente dita, mas apenas uma suspensão temporária de seu
exercício. Assim, mesmo que o indivíduo renuncie seu direito, não poderá haver
violação ao seu conteúdo. Vimos questões que falaram justamente o contrário.
b) ERRADO. Os direitos humanos não se perdem com o tempo, não prescrevem,
não se exaurem. Não existem exceções.
c) ERRADO. Não existe primazia. Os direitos humanos fazem parte de único
conjunto de direitos e não podem ser interpretados cada um de maneira
isolada.
d) ERRADO. Os direitos humanos encontram-se em um mesmo bloco, onde a
efetivação de um direito depende do outro. Há
uma interdependência, uma complementariedade entre eles.
e) ERRADO. Os direitos humanos realmente não se exaurem com o tempo.
Entretanto, não existe essa limitação taxativa que pudesse impedir o
reconhecimento de novos direitos.
Resposta: letra A.

29- (FCC – CLDF/2018) Um dos marcos importantes na evolução histórica


dos direitos humanos foi a Magna Carta, sobre a qual é correto afirmar que

a) é o nome latino pelo qual ficou conhecida a Constituição dos Estados Unidos
da América, documento de 1777 que proclamava o direito de escolha dos
governantes pelo voto, o direito de propriedade e as liberdades de imprensa,
associação e reunião.
b) também conhecida como Carta das Liberdades, foi firmada logo após a
Revolução Francesa, sendo o primeiro documento a reconhecer o direito de
igualdade e, assim, o caráter universal dos direitos humanos.
c) data do século XIII, e foi instituída para limitar o poder absoluto dos monarcas
ingleses ao instituir, entre outras, a regra de que nenhum homem livre poderá
ser preso ou privado de seus bens sem julgamento de seus pares segundo as
leis do país.

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d) foi instituída pelo parlamente britânico em 1648, e contemplou, entre outros,


o bill of rights ou petição de direitos, dotando os cidadãos do direito de
questionar prisões arbitrárias por meio do habeas corpus.
e) data da segunda metade do império romano, tendo sido criação dos juristas
romanos para, por meio do Senado, limitar o poder absoluto de vida e morte do
imperador sobre seus governados.

Comentários: Só de saber a data de criação da Magna Carta já é possível


responder a questão. Vamos lá.

a) ERRADO. Nome latino da Constituição dos EUA???? Essa foi longe. Na


verdade a expressão "Magna Carta" vem do latim (Grande Carta). Além disso,
ela foi instituída no ano de 1.215 para limitar o poder dos monarcas.

b) ERRADO. De fato, ela foi conhecida como Carta das Liberdades. Seu
verdadeiro nome (completo) é "Magna Charta Libertatum, seu Concordiam inter
regem Johannen at barones pro concessione libertatum ecclesiae et regni
angliae". Porém, ela não reconheceu o caráter universal dos Direitos Humanos,
tendo em vista ainda não ter beneficiado as classes mais baixas da sociedade.
Além disso, foi criada em 1.215; muito antes da Revolução Francesa (1.789).

c) CERTO. Perfeito. A fim de se colocar limites ao poder do Rei da Inglaterra,


conhecido como João-sem-terra, os barões que formavam a corte real
desencadearam um movimento de revolta e exigiu que o rei renunciasse a
direitos que consideravam exagerados. Entre um dos direitos está a base inicial
do devido processo legal (somente pode ser preso após um julgamento
imparcial e com direito de defesa).

d) ERRADO. Já começou errada (ano de 1.215). Ademais, o Bill of Rights e a


Petição de Direitos foram criados, respectivamente, em 1.689 e 1.628. Para
finalizar, o habeas corpus foi previsto no documento chamado Habeas Corpus
Act (ano: 1.679).

e) ERRADO. Pior resposta da questão. O império romano ocorreu em 27


a.C. a 476 d.C. Além disso, a Magna Carta foi criada pelos barões que formavam
a corte real inglesa e por aí vai...

Resposta: letra C.

30- (FCC – CLDF/2018) Dentre as gerações de Direitos Humanos, aquela


que consagra a fraternidade, na certeza de que existem direitos que
transcendem a lógica da proteção individualista e cuja tutela interessa a toda a
Humanidade é a:
a) primeira geração.
b) terceira geração.
c) segunda geração.
d) quarta geração.
e) quinta geração.

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Comentários: Direitos ligados à fraternidade e que tutelam interesse coletivo,


em outras palavras. Vamos lá:

a) ERRADO. Estes representam os direitos relacionados à Liberdade (Civis e


Políticos).

b) CERTO. São direitos ligados à Fraternidade (Difusos, coletivos).

c) ERRADO. São os de Igualdade (Sociais, Econômicos e Culturais).

d e e) ERRADOS. Aqui vamos seguir a linha de dois renomados autores:

4ª GERAÇÃO 5ª GERAÇÃO

Doutrina Norberto Bobbio Paulo Bonavides Paulo Bonavides

- Biodireito - Democracia

- Ética científica - Informação


Direito - Paz mundial

-Manipulação do - Pluralismo
patrimônio genético Político

Resposta: letra B.

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7 – Lista de exercícios

1- (CESPE – PRF/2013) Conforme a teoria positivista, os direitos


humanos fundamentam-se em uma ordem superior, universal, imutável e
inderrogável.

2- (CESPE – DPE-PI/2009 - Adaptada) Não há uma correlação entre o


surgimento do cristianismo e o respeito à dignidade da pessoa humana.

3- (CESPE – DPE-MA/2011 - Adaptada) A Magna Carta, de 1215,


instituiu a separação dos poderes ao declarar que o funcionamento do
parlamento, um órgão que visa defender os súditos perante o rei, não pode
estar sujeito ao arbítrio deste.

4- (CESPE – DPE-AC/2012 - Adaptada) Após a Segunda Guerra Mundial,


para que os direitos dos trabalhadores enumerados na Declaração Universal dos
Direitos do Homem de 1948 fossem garantidos no plano internacional, criou-se
a Organização Internacional do Trabalho.

5- (CESPE – DPE-MA/2011 - Adaptada) A Declaração de Filadélfia é


considerada a primeira carta política a atribuir aos direitos trabalhistas o
estatuto de direito fundamental, juntamente com as liberdades individuais e os
direitos políticos.

6- (CESPE – PRF/2013) A expressão direitos humanos de primeira


geração refere-se aos direitos sociais, culturais e econômicos.

7- (CESPE – DPE-AC/2012) O expresso reconhecimento do princípio da


universalidade dos direitos humanos pela Declaração de Viena de 1993 pôs
termo ao debate sobre o multiculturalismo e o relativismo cultural.

8- (FCC – SEGEP-MA/2016 - Adaptada) No âmbito da Teoria Geral do


Direito Internacional dos Direitos Humanos:

b) Direitos fundamentais é expressão que traduz conteúdo mais de cunho


jusnaturalista, e não propriamente jurídico-positivo.

c) Direitos humanos é expressão que revela de forma mais adequada a proteção


constitucional dos direitos básicos dos cidadãos.

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d) Direitos do homem é expressão que representa de forma mais correta os


direitos positivados em tratados e declarações internacionais.

e) A Constituição Federal de 1988 utilizou com precisão técnica as expressões


direitos fundamentais e direitos humanos.

9- (CESPE – DPE-PE/2015) Na luta pelos direitos humanos, há avanços e


retrocessos, decorrendo disso a necessidade de o Estado e a sociedade civil se
engajarem para que se realizem ações e políticas públicas que sejam
efetivamente de Estado e não de governo.

10- (PC-MG – PCMG/2011) concepção universal dos direitos humanos,


demarcada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, sofreu e sofre
fortes resistências dos adeptos do movimento do relativismo cultural. Retoma-
se dessa forma o velho dilema sobre o alcance das normas de direitos humanos.
Associe abaixo as características intrínsecas a essas concepções:

(I) Concepção universalista.


(II) Concepção relativista.

( ) Flexibiliza as noções de soberania nacional e jurisdição doméstica, ao


consagrar um parâmetro internacional mínimo, relativo à proteção dos direitos
humanos aos quais os Estados devem se conformar.
( ) A noção de direito está estritamente relacionada ao sistema político,
econômico, cultural, social e moral vigente em determinada sociedade.
( ) Cada cultura tem seu próprio discurso acerca dos direitos fundamentais, que
está relacionado às específicas circunstâncias culturais e históricas de casa
sociedade.
( ) O pluralismo cultural impede a formação de uma moral universal, tornando-
se necessário que se respeitem as diferenças culturais apresentadas em cada
sociedade.

Marque a opção CORRETA, na ordem de cima para baixo.


a) (I) (II) (II) (I).
b) (II) (I) (I) (I).
c) (I) (II) (II) (II).
d) (I) (II) (I) (II).

11- (CESPE – DPE-AC/2012 - Adaptada) Assinale a opção correta no que


diz respeito à afirmação histórica dos direitos humanos.
b) O Bill of Rights, de 1689, foi a primeira carta de direitos de que se tem notícia
na história.

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c) A Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919 são


marcos da afirmação dos direitos humanos de segunda geração.
d) Após a Segunda Guerra Mundial, para que os direitos dos trabalhadores
enumerados na Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 fossem
garantidos no plano internacional, criou-se a Organização Internacional do
Trabalho.

12- (CESPE – DPE-PI/2009 - Adaptada) A respeito do desenvolvimento


histórico dos direitos humanos e seus marcos fundamentais, assinale a opção
correta.
a) Os direitos fundamentais surgem todos de uma vez, não se originam de
processo histórico paulatino.
b) Não há uma correlação entre o surgimento do cristianismo e o respeito à
dignidade da pessoa humana.
c) As gerações de direitos humanos mais recentes substituem as gerações de
direitos fundamentais mais antigas.
d) A proteção dos direitos fundamentais é objeto também do direito
internacional.

13- (VUNESP – PC-SP/2014) Documento histórico relevante na evolução


dos direitos humanos, elaborado no século XIII, que regulava várias matérias,
de sentido puramente local ou conjuntural, ao lado de outras que constituem as
primeiras fundações da civilização moderna, que considera que o rei se encontra
vinculado pelas próprias leis que edita e que traz a essência do princípio do
devido processo legal em seu texto. Tal descrição se refere à:
a) Lei de Habeas Corpus (ou Habeas Corpus Act).
b) Declaração de Direitos da Inglaterra (ou Bill of Rights).
c) Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.
d) Magna Carta (ou Magna Charta Libertatum).
e) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

14- (FCC – DPE-BA/2016) Com relação à origem histórica dos direitos


humanos, um grande número de documentos e veículos normativos podem ser
mencionados, dentre eles é correto afirmar que cada um dos documentos abaixo
mencionados está relacionado com um direito humano específico, com
EXCEÇÃO de:
a) Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, 1776, que disciplinou os direitos
trabalhistas e previdenciários como direitos sociais.

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b) Declaração de Direitos (Bill of Rights), 1689, que previu a separação de


poderes e o direito de petição.
c) Convenção de Genebra, 1864, que teve relevante destaque no tratamento do
direito humanitário.
d) Constituição de Weimar, 1919, que trouxe a igualdade jurídica entre marido
e mulher, equiparou os filhos legítimos aos ilegítimos com relação à política
social do Estado.
e) Constituição Mexicana, 1917, que expandiu o sistema de educação pública,
deu base à reforma agrária e protegeu o trabalhador assalariado.

15- (ESAF – CGU/2012 - Adaptada) Marque a opção incorreta.


a) Os Fundamentos e Princípios dos Direitos Humanos têm como finalidade a
observância e proteção da dignidade da pessoa humana de maneira universal.
b) Direitos Humanos, Direitos Fundamentais e Direitos do Homem não possuem
o mesmo significado. Assim, a primeira nomenclatura surgida foi a dos Direitos
Fundamentais, a qual remonta a época do jusnaturalismo.
e) Tendo em vista a influência do pensamento religioso e do sistema político, as
diversas teorizações sobre direitos humanos encontram-se profundamente
relacionadas às prerrogativas estamentais e à hierarquia secular.

16- (VUNESP – PC-SP/2013) Dentre os documentos reconhecidos


internacionalmente e que limitaram o poder do governante em relação aos
direitos do homem, encontra-se o mais remoto e pioneiro antecedente que
submetia o Rei a um corpo escrito de normas, procurava afastar a arbitrariedade
na cobrança de impostos e implementava um julgamento justo aos homens.
Esse importante documento histórico dos direitos humanos denomina-se
a) Talmude.
b) Magna Carta da Inglaterra.
c) Alcorão.
d) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão da França.
e) Bill of Rights.

17- (CESPE – DPE-PE/2015) No Brasil, os entes federativos protegem


automática e integralmente os chamados direitos humanos de segunda geração,
ou direitos sociais, por força de consagração constitucional nesse sentido.

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18- (CESPE – DPE-ES/2012) As três gerações de direitos humanos


demonstram que visões de mundo diferentes refletem-se nas normas jurídicas
voltadas à proteção da pessoa.

19- (VUNESP – PC-SP/2013) Considerando o que a doutrina majoritária


dispõe sobre o desenvolvimento e conquista dos direitos humanos, pode-se
afirmar que esse desenvolvimento histórico, classificado por gerações de
direitos, pode ser, cronologicamente, assim representado:
a) direitos individuais; direitos coletivos e direitos sociais.
b) direitos individuais, direitos coletivos e liberdades negativas.
c) liberdades positivas, liberdades negativas e direitos sociais.
d) direitos sociais; direitos de liberdade e direitos da fraternidade.
e) direitos de liberdade; direitos sociais e direitos difusos.

20- (FEPESE – SJC-SC/2013) Assinale a alternativa correta acerca da


classificação dos Direitos Humanos em gerações.
a) Os direitos de liberdade são classificados como de primeira geração.
b) Os direitos sociais ou de igualdade são classificados como de quarta geração.
c) A segunda geração de direito compreende os direitos de liberdade.
d) A terceira geração de direitos é marcada pelos direitos tecnológicos, como a
bioética.
e) A segunda geração de direitos envolve aqueles denominados fraternos, como
o meio ambiente ecologicamente equilibrado

21- (FEPESE – SJC-SC/2013) Assinale a alternativa correta acerca da


classificação dos Direitos Humanos em gerações.
a) A quarta geração de direitos é marcada pelos avanços sociais.
b) As liberdades políticas e civis marcam a segunda geração de direitos.
c) A terceira geração de direitos constitui direitos de igualdade.
d) Os direitos de fraternidade, como o progresso e a paz, são elementos dos
direitos de primeira geração.
e) A quarta geração de direitos é ligada aos direitos tecnológicos, como o direito
de informação.

22- (VUNESP – PC-SP/2013) Na evolução dos direitos humanos,


costumam-se classificar, geralmente, as gerações dos direitos em três fases

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(Eras dos Direitos), conforme seu processo evolutivo histórico. Assinale a


alternativa que representa, correta e cronologicamente, essa classificação.
a) Direitos civis; direitos políticos; direitos fundamentais.
b) Igualdade; liberdade; fraternidade.
c) Direitos individuais; direitos coletivos; direitos políticos e civis.
d) Direitos civis e políticos; direitos econômicos e sociais; direitos difusos.
e) Liberdades positivas; liberdades negativas; direitos dos povos.

23- (VUNESP – PC-SP/2014) Na evolução histórica dos direitos humanos,


surgem o que se convencionou denominar de “gerações dos direitos”, que
representam a valorização de determinados direitos em momentos históricos
distintos. Assim sendo, assinale a alternativa que contempla direitos
pertencentes à primeira geração dos direitos humanos.
a) Direitos econômicos e de igualdade
b) Vida e liberdade.
c) Direitos trabalhistas e previdenciários.
d) Direitos civis e direito à paz.
e) Fraternidade e direitos sociais.

24- (CESPE – SEJUS-ES/2009) Os direitos humanos são irrenunciáveis, de


modo que podem até deixar de ser exercidos por seus titulares, os quais, no
entanto, jamais podem renunciar a tais direitos.

25- (FEPESE – SJC-SC/2013) São características da Declaração Universal


dos Direitos Humanos.
1. universalidade.
2. efetividade.
3. indivisibilidade.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 1.
b) É correta apenas a afirmativa 2.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
d) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
e) São corretas as afirmativas 1, 2 e 3.

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26- (FEPESE – SJC-SC/2013) São características da Declaração Universal


dos Direitos Humanos:
1. disponibilidade.
2. interdependência.
3. renunciabilidade.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) É correta apenas a afirmativa 2.
b) É correta apenas a afirmativa 3.
c) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
d) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.

27- (ESAF – CGU/2012) “Os direitos humanos não devem ser analisados
isoladamente, com prevalência de um conjunto de direitos humanos sobre os
demais.” Esse conceito representa a seguinte característica dos Direitos
Humanos:
a) Indivisibilidade.
b) Indisponibilidade.
c) Generalidade.
d) Efetividade.
e) Essencialidade.

28- (FCC – SEGEP-MA/2016) No que tange às características e


especificidades dos Direitos Humanos:
a) A irrenunciabilidade determina que a autorização ou consentimento do titular
do direito humano não justifica ou convalida qualquer violação ao seu conteúdo.
b) A imprescritibilidade implica o reconhecimento de que os direitos humanos
podem ser reivindicados a qualquer tempo, com exceção dos direitos humanos
de terceira geração que prescrevem nos termos da legislação nacional.
c) A indivisibilidade é caracterizada pela primazia conferida aos direitos civis e
políticos em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais.
d) A interdependência ou interrelação transmite a ideia de que a dignidade da
pessoa humana pode ser protegida de forma fragmentada em algumas
situações, na medida em que há direitos humanos mais essenciais que outros.
e) A inexaurabilidade representa a taxatividade, ou seja, a limitação na
consagração de novos direitos humanos.

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29- (FCC – CLDF/2018) Um dos marcos importantes na evolução histórica


dos direitos humanos foi a Magna Carta, sobre a qual é correto afirmar que

a) é o nome latino pelo qual ficou conhecida a Constituição dos Estados Unidos
da América, documento de 1777 que proclamava o direito de escolha dos
governantes pelo voto, o direito de propriedade e as liberdades de imprensa,
associação e reunião.
b) também conhecida como Carta das Liberdades, foi firmada logo após a
Revolução Francesa, sendo o primeiro documento a reconhecer o direito de
igualdade e, assim, o caráter universal dos direitos humanos.
c) data do século XIII, e foi instituída para limitar o poder absoluto dos monarcas
ingleses ao instituir, entre outras, a regra de que nenhum homem livre poderá
ser preso ou privado de seus bens sem julgamento de seus pares segundo as
leis do país.
d) foi instituída pelo parlamente britânico em 1648, e contemplou, entre outros,
o bill of rights ou petição de direitos, dotando os cidadãos do direito de
questionar prisões arbitrárias por meio do habeas corpus.
e) data da segunda metade do império romano, tendo sido criação dos juristas
romanos para, por meio do Senado, limitar o poder absoluto de vida e morte do
imperador sobre seus governados.

30- (FCC – CLDF/2018) Dentre as gerações de Direitos Humanos, aquela


que consagra a fraternidade, na certeza de que existem direitos que
transcendem a lógica da proteção individualista e cuja tutela interessa a toda a
Humanidade é a:
a) primeira geração.
b) terceira geração.
c) segunda geração.
d) quarta geração.
e) quinta geração.

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8 – Gabarito

1 E 9 C 17 E 25 E
2 E 10 C 18 C 26 A
3 E 11 C 19 E 27 A

4 E 12 D 20 A 28 A
5 E 13 C 21 E 29 C
6 E 14 A 22 D 30 B

7 E 15 B 23 B
8 E 16 B 24 C

9 – Referencial bibliográfico

Alexandrino, Marcelo e Paulo, Vicente. Direito Constitucional


Descomplicado", 2ªEd, Impetus, 2008.
BARRETO, Rafael. Direitos Humanos. Sinopses para concursos. 3ª ed.
Salvador: JusPodvim; 2013.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2010.
CASADO FILHO, Napoleão. Direitos humanos e fundamentais. São Paulo:
Saraiva, 2012.
HERKENHOFF, João Batista. Curso de Direitos Humanos: Gênese dos
Direitos Humanos. Editora Acadêmica, 1994.
NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8ª ed. Rio de Janeiro:
Forense; São Paulo: Método, 2013.
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos. São Paulo: Saraiva;
2014.
http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/hamurabi.htm

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