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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO FATO TIPICO

O que é delito?
Conceito analítico:
primeira corrente: fato típico e antijurídico,
segunda corrente: fato típico antijurídico e culpável;
terceira corrente: ft,antijurídico,culpável e punível(não existe crime sem que
haja ameaça de pena);
quarta corrente: ação típica, antijurídica, culpável e punível.

Teoria Constitucionalista do delito: fato formal e materialmente típico e


antijurídico(adotada pelo LFG)- teoria nova.

Quantos requisitos tem o delito? Vai depender da corrente adotada

Crime no conceito material:


1ª)ofensa a um direito subjetivo
2ª)ofensa aos valores éticos
3ª)ofensa à norma-Jakobs
4ª)ofensa grave a bem jurídico relevante- conceito melhor a ser adotado

Evolução do tipo penal:


1ª etapa: causalismo: (1906-1907)
final do século XIX e principio do século XX.
Responsáveis: Von Liszt; Beling(descreveu a tipicidade): para eles tipo penal é
puramente objetivo e valorativamente neutro.É a descrição pura de um delito.
Requisitos da tipicidade para esta teoria:
a)conduta humana
b)resultado naturalístico: só existe nos crimes materiais.Assim, são crimes
materiais aqueles que dependem de resultado naturalístico.Ex: homicídio
depende do resultado morte.
c)nexo de causalidade: ex: nexo entre a facada e a morte
d)adequação típica: subordinação do fato à lei.

2ª etapa: neokantismo:
Período histórico: 1900 a 1930
Responsável: Mezger
Esta teoria recupera a filosofia de valores de Kant: o Direito é valorativo(contém
valor) e objetivo
No causalismo não se trabalhava com valores
Para Mezger os causalistas estudam o Direito como se ele fosse obra apenas
da natureza.
Para o neokantismo o tipo penal é valorativo.Ex: matar é algo valorativamente
negativo.
Requisitos do fato típico para esta teoria: são os mesmos do
causalismo:conduta,resultado naturalistico, nexo, adequação típica.
Obs: questão do MP: qual era o conceito de dolo para os neokantistas?
Consciência do fato e da ilicitude: “valoração paralela na esfera do
profano(leigo)”: não vamos exigir do leigo em direito penal que conheça tudo
sobre fato típico, porém, devemos exigir dele certa consciência do que seja
ilícito, seria entender o que o leigo entende sobre ilicitude.

3ª etapa: Finalismo
Período: 1939
Responsável: Hans Welzel
Para eles o fato típico é objetivo e subjetivo: o tipo penal tem duas dimensões.
Requisitos objetivos: os mesmos quatro anteriores: r, resultado, nexo e
adequação.
A novidade desta teoria foi o aspecto subjetivo: acrescentou dois requisitos
subjetivos: dolo e culpa.
Antes desta teoria, dolo e culpa estavam na culpabilidade.
Para as duas teorias anteriores(causalista e neokantista) dolo e culpa seriam
forma de realização do fato. Para Welzel, dolo e culpa estão na
tipicidade.Assim, dolo e culpa pertencem a tipicidade.
Welzel trouxe essa grande descoberta: tipicidade tem duas dimensões: objetiva
e subjetiva.

4ª etapa: funcionalismo moderado(ou teleológico):


Responsável: Roxin
Período:1970
A tipicidade tem três dimensões: objetiva, subjetiva e valorativa(ou normativa).
Para ele a dimensão objetiva continua com 4 requisitos.
A parte subjetiva é o dolo, ou seja, Roxin corrige Welzel: para Roxin, culpa no
direito penal não é subjetiva!Subjetiva no direito penal é o que está na cabeça
do réu.Logo, dolo é que é subjetivo.
Culpa não é subjetiva, é sim,requisito normativo.
Normativo no direito penal: é o que depende de um juízo de valor.
Quem valora a culpa é o juiz( se houve ou não culpa).
“culpa está na cabeça do juiz, dolo está na cabeça do réu”.
Dimensão valorativa do tipo penal: Teoria da imputação objetiva
O que é a teoria da imputação objetiva? É composta de três elementos:
I) criação ou incremento de um risco proibido relevante: para Roxin a conduta
só é penalmente reprovada se criou um risco proibido relevante.É o critério de
valoração da conduta, não basta haver a conduta, ela tem de ter criado um
risco proibido(e não permitido).
Ex: sobrinho que quer matar o tio e o leva para excursão onde mais cai
raios.Não cometeu crime pois fazer excursão não é crime.
O dolo não entra aqui, independe de dolo (se queria matar o tio): fazer
excursão gera risco permitido.
Nas provas cairá casinhos e teremos que contextualizar se houve ou não
conduta imputável(que traz risco proibido).
Ex: mulher grávida de estuprador; poderá interromper a gravidez, pois
juridicamente é um risco permitido.
II) nexo entre o risco e o resultado: Há que existir nexo de imputação(≠de
causalidade)Do risco proibido culminou resultado.
III) que o resultado esteja no âmbito de proteção da norma.Exemplos: dois
ciclistas estão em acostamento e ambos estão sem farol.Atropelam pedestre e
o matam.O MP denuncia o primeiro pelo atropelamento e o 2º também por
homicídio, pois este não estava iluminando e prejudicou para que o pedestre
fosse atropelado pelo primeiro ciclista.
O 2º ciclista recorreu e foi absolvido, pois argumentou que o seu farol era para
iluminar a sua bicicleta para que ela não cometa acidentes, e quem atropelou
foi o primeiro.
5ª etapa:Funcionalismo reduncionista
Responsável: Zaffaroni
Para ele a tipicidade é objetiva(ou sistemática),subjetiva e valorativa(3
dimensões portanto).Para Zaffaroni, a dimensão valorativa tem 2 elementos:
a)imputação objetiva
b)resultado jurídico.Assim, o resultado jurídico faz parte da tipicidade.
O que é resultado jurídico no direito penal? É a ofensa ao bem jurídico.A
ofensa pode ser por lesão ou perigo concreto.
Quantos resultados existem em direito penal?
São dois: naturalístico(fase objetiva) e jurídico(fase valorativa).
Ex: homicídio que teve resultado morte: resultado naturalístico; morte;
resultado jurídico: lesão ao bem jurídico vida.
Ex: facada no abdômen e não morre: tentativa de homicídio, qual é o resultado
jurídico? Perigo concreto ao bem jurídico vida.
Normalmente um resultado naturalístico gera resultado jurídico.Há exceções:
gera resultado morte, mas não é juridicamente desaprovado, exemplo: aborto
em caso de estupro.
Obs: aborto de anencéfalo: é crime? Pode abortar? Sabe-se que com certeza
irá morrer ao nascer.STF vai decidir ainda, se este resultado natural é
automaticamente um resultado jurídico. STF vai dizer se o aborto neste caso é
juridicamente reprovável.
Para que haja resultado jurídico deve haver 6 requisitos:
1º: concreto: não se admite perigo abstrato em direito penal.Cuidado! pois
parte da doutrina diz que cabe perigo abstrato em direito penal.Exemplo: arma
de fogo sem munição seria crime(adota perigo abstrato como crime).
2º: transcendental: o resultado tem que atingir terceiras pessoas.Princípio da
alteralidade(diferente de alternatividade: que vale para crime de conteúdo
variável: crime que tem vários verbos. Este principio da alternatividade serve
para dizer que se o agente pratica vários verbos num mesmo contexto fático,
haverá crime único, pois os verbos são alternativos.Ex: lei de drogas traz 18
verbos).
A transcendentalidade: diz que se afetou somente bens próprios, não comete
crime.A alteralidade é afetar 3º
3º:relevante(ou grave): se o resultado for insignificante não há crime.
4º: intolerável: para LFG aborto de feto anencéfalo é resultado tolerável.
5º: objetivamente imputável ao risco criado: tem que ter nexo de imputação
entre o risco e o resultado.Só respondo pelo risco que eu criei.
6º: resultado que esteja no âmbito de proteção da norma:

Teoria Constitucionalista do Direito-LFG


A tipicidade é :
Formal: objetiva: 4 requisitos: conduta,nexo, adequação,resultado
Material : tem dois elementos:
a) juízo de valoração da conduta : juiz usará como critério os riscos
permitidos e os riscos proibidos.
b) Juízo de valoração do resultado jurídico: juiz irá valorar 6 critérios acima
expostos.

Cuidado!! Muitas bancas desconsideram o aspecto material da tipicidade,ou


seja,ignora tudo que veio após Roxin.

Teoria Tridimensional do Direito -Miguel Reale


Para ele Direito é fato, valor e norma.
A norma é primária ou secundária.Primária é dirigida a todos, possui
generalidade.Norma secundária é dirigida ao juiz.
Da lei extraímos a norma.Ex: art.121: “matar alguém” é a lei, norma é proibido
matar alguém.
Norma secundária do 121: impõe ao juiz aplicar a pena
Norma primária: é proibido matar
A norma primária tem dois aspectos:
a) valorativo: vida é o aspecto valorativo do art.121; patrimônio é o aspecto
valorativo do norma é proibido furtar; liberdade sexual é o aspecto valorativo
para noma é proibido estuprar.
Miguel Reale: todo crime exige fato, afetação de norma e valor.
b)imperativo

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