Você está na página 1de 354
Diogenes Laértios VIDAS E DOUTRINAS DOS FILOSOFOS ILUSTRES LANCAMENTOS DA EDITORA Deen Cee eer ny Pes eeeintern tert an ey nn td Pee en eee td Peres Peril Cette id Lispectoreo teatro erect! eet cna paisagens era Histria constitucional ingesae norte renee eee een erm ene te) SOs cee neers td reer Dr ne es es Pe enter eg Roemer st) ee) RS ea Formas demas da represent Pe ee ete cet er eon) ey en Ue ee oe eR eee are cee Ree Rea Ld Antiguidade a respeito da hist6ria da filosofia eee et Esta obra constitui a fonte principal para o conhecimento Ces ee nace ee ten) Cove Rae eC re Rey socratica (0 cinismo, 0 hedonismo e a dialética). Nela, 0 Sige ee ee Oe cece i ie gregos, desde as origens da filosofia e dos chamados BRS etre ule ree eee eee ud Bocce Mie iettoe abrangendo cerca de citenta filésofos. Rem eee ORY historia da filosofia, os capitulos que compoem este livro Pee RC CR RCC RULE RIEL} propriamente dita. Essa caracteristica confere um interesse ainda maior a obra, principalmente por seu Reon mie serene ket Pee Rue e ek Ohta ei tek ire eee oR eee au Cee TS apresenta e aos elementos miticos e fantasticos misturados a anedotas de sabor popular. Esses detalhes, aparentemente marginais, sao na realidade muito Prue ecusc cee Cod. Edu. 10499 4 FUNDAGAO UNIVERSIDADE DE BRASILIA Reitor pro tempore Roberto A.R. de Aguiar Vice-Reitor José Carlos Balthazar UnB Diretor Norberto Abreu e Silva Neto Conselho Editorial Norberto Abreu e Silva Neto Presidente do Conselho Denise Imbroisi José Carlos Cérdova Coutinho José Otivio Nogueira Guimaraes Liicia Mercés de Avelar Luis Eduardo de Lacerda Abreu ‘Maria José M.S. daSilva Didgenes Laértios VIDAS E DOUTRINAS DOS FILOSOFOS ILUSTRES Tradusao do grego,introdugao e notas Mario da Gama Kury 2edigao reimpresséo i 2 i AS cf 3 wD, EQUIPE TECNICA Superviso editorial: Diva Porto Lomb Supervisio grifc:Elmano Rodrigues Pinheiro e Luiz Antonio Rosa Ribeiro Revisio de texto: Maria Helena de Aragio Miranda e Wilma Goncalves Rosas Saltarell Capa: Resa ‘radu, introducio noas, Copyright © 1987 by Mario da Gama Kury Diretos exclusives para esta edigio EDITORA UNIVERSIDADE DE BRASILIA ‘SCS, quadrabloco C,n*78, edificio OK, 1° andar ‘CEP 70302508, Brasilia, Distrito Fedral “alefone (61) 3035-4211, fax (61) 3035-4223 E-mail direcaogeditora unbbe wonweditors.unbibr Impress no Brasil, ‘Todos dritos reservados. Nenhumsa parte desta publicao poder ser armazenada ot repr: mumerosos deaines aparenementeinpigniieantese aos elementor mos efandscos em ‘risturacom anedous de saber popular, tudo muitosignifcasvocescarecedor.O fat ¢ que exe compilador, com todas a suas hmitagSes,dexou-nos a obra mais Drecots da Antigudade sbre a histra da flora regs ‘Outro aspecto a destacar€o carder as veces superial da exposigto, que pasa abrupramente da consatactocosmologca para snedotsjocors,revelando tina dimensto nove aintengo de populatsaraflosfa Eve carter da obra Bede surpreendere ae desconcerta 0 letor modemo, habituado a considerar a osoia Cos Hosofos de um pono de visa diferente mas acenteaa ntena0 2qUe 10 DIO CENES LAERTIOS jd nos referimos, pondo em nossas mos uma historia popular evocativa do lado tumano de um mundo perdido, porém sempre fascinante 3.A Tradugdo Nto fosse o grande intereseintsinseco da obra, atraduclo das Vides ¢ Dautinas dos Flsfos usres seria uma trefa extremamente ingrata. De fato, o estado do tex: to ainda precirio em muitas passagens onde o sentido permancce obscuto, ape- sar das numnerosas conjecturas de filologos de vrias grades para enfrentar esses desafios frequentes 0 tradutor se transforma repetdamente em intérprete e & tentado quase que iressivelmente a parafrasear. Essa crcunstdncia alvez expli- jue o pequeno niimero de traducées da obra mesmo em paises onde a filologia sica €culdivada intensamente, como a Alemanha, a Franca,a Inglaterra ea lu lia. De qualquer modo, nossa inten¢dofoirespetar ao maximo 0 texto, mesmo em suas obscundades, em vez de contorné-lo ou violent lo. ‘Como em nossas tradugées anteriores, € mais ainda que nelas, os nomes proprios gregos slo simplesmente wansliterados em caracteres latinos, com pouqulssimas excecBes ~p. ex. Homero e Plato. Para faciliar a composiclo {ipogrifica anslteramos as palavras gregas em caraccres latinos (0 "c" €0°"g" tém sempre o som duro, como em portugues antes de “a ‘As repetigbes do original, extremamente feqientes, so geralmentereprodu- zias na baduct,rexpeiando o etl deseudado d auc ou de sas fonts, Procuramos ser coerentes no uso da li ea, € pedimos desculpas antecipadas aos flgsofos profissionais por dscrepdncias quase inevitveis numa obra desta natureza Seguindo também o crtéro adotado em nossas tradugbes da Pla eda Bia 4 Niimacos de Arinbteles para exta mesma editora, traduzimos arlé por “excelén- a", arta por “formas deexceléncia” ekakia por “deficiéneia”,e no pelas formas tradicionals e enganosas de “virtde”, “vires” e “vicio” respectivamente, que por seu sentido muito estito podem levar a interpretacdes insatisfatrias. Os algarismos ardbicos entre parénteses indicam os parsgrafosconstantes das principas edigdes do texto, que faciltam as remissbes'e o uso dos indices. ‘AS notas marginais excélios) dos manuscritos mais antigos,incorporadas a0 texto do Livro X nos manusertos posteriores conservados, aparecem na raduglo entre parénteses duplos (.). Servimo-nos de um modo geral do texto preparado por Cobet paraaedicfona colegdo Dido, iil ainda hoje apesar da edicio recente de H.S. Long na colecdo “soir Clsicnum Bbc Onin 196 sobre as defines equals des desta thtima edi, ve)a-ea recensdo no n? 2do volume XV da Nova Serie, de jumho de 1965, da “Clasial Review"). Consultamos também o texo eden de “Hicks para “Loeb Clssia Libary” (1981-1942), bem como sua waducto namesma coleglo. A étima traducto de Marcello Gigante paraa Editora Laterza Bari, 1962), Seguida de extensas nowas complementares, € a mais recente que conhecemos. Hi edicdes separadas do texto das Vidas de Platio por Breitenbach e outros (1907, de Aristteles por During (1957), dos esbicos por von Arnim nos Stcorun Veteran Frogmenta (1905-1924), de Ptdgoras por Delate (1922) ede Epicuros por \IDASE DOUTRINAS DOS MLOSOFOS 1LUsTRES n Usener (1881), por Cyril Bailey (1926) e por von der Mahl (1922). Gracas ao trabalho crttco'desses editores as condigBes do texto nessas Vidas s4o mais saisfatorias. Rio de Janeiro, marco de 1987 ‘Mario da ‘Gama Kury LIVRO I Proémio (1) Segundo alguns autores 0 estudo da filosofia comegou entre os barbaros! ses autores sustentam que os persas tveram seus Magos, os babildnios ouassirios seus Caldeus, ¢ 0 indianos seus Ginosofisast;além disso entre os celta egalatas tencontram-s¢ os chamados Druidas ou Veneraveis, de acordo com o testemunho de Arisétcles em sua obra O Mégic e de Sotion no Livro XXIII de sua obra Suces- sées dr Filénfos. As mesmas autoridades dizem que Mocos era fenicio, Zamolnisera trio Alas ea Ibi, ae conn ‘Para os cgipcios Héfaistos era filho do Nilo, ¢ com ele comecou a flosofia, sendo or scot: e profent seu pina expoentes, Hetaston teria vido 48.868 anos antes de Alexandre, o Macednio’; (2) nesse itervalo ocorreram 873 eclipses do sol e 882 ecipses da lua ‘Quanto 20s Magos, sua atividade teve inicio com Zoroastros,o Persa, 5.000 anos antes da queda de Tréia, de conformidade como plat6nico Hermédoros em sua obra Da Matendtica; entretanto 6 lidio Xantos calcula o decurso de 6.000 anos ‘entre a época de Zoroastros e a expedigio de Xerxes, € aps Zoroastros ele ‘enumera uma longa sucesso de Magos, cujos nomes seriam Ostanas, Astimpsi- ‘05, Gobrias e Pasaias, até a conquista da Pérsia por Alexandre, o Grande. (8) Esses autores ignoram que os feitos por eles atribuldos aos barbaros, '08 helenos, com os quais ndo somente afilosofia masa propria raca wumana comecou por exemplo, os atenienses reivindicam para a Sua cidade a ‘condicio de patria de Musaios, eos tebanos fazem o mesmo em relagfo a Linos. Dizia-se que Musaios,filho de Eumolpos, foi primeiro a compor uma Tegonia¢ uma Efe, esustentou que todas as coisas procediam da unidade erevertiam ela. Musaios teria morrido em Filerons, ¢ seu epitifio era o seguinte’ “gui no chlo de Faleron jz o caver de Musios, iho querido de s Eumblpidas de Atenas traram o seu nome do pai de Musaios. (4) Dizia-se que Linos era flho de Hermes ¢ da Musa Urania, ¢ que teria ‘composto um poema sobre a cosmogonia, 0 curso do sol e da lua e a génese dos animais e das plantas: o inicio desse poema € 0 seguinte: “Hlouve um tempo em que todas as coisas cresciam juntas.” |. Bazbarot, para rego antigo eran os povos que lava ingua gga caeapressto nao qa necearimente pojorav 12 Ginosofsas,leralment os ab Ou, Aleande,o Grande 4 Heron, dos pons de Atenas ‘Antlis Pale, Vil, 618 “ DIOcENES LAtRTIOS Anaxagoras aproveitou esta idéin quando disse que todas a8 coisas eram originariamenteindistnias, ae que veio 0 Esptito eas organizou. Linos morreu ‘em Buboia, atingido por ua fecha de Apel, e seu epitiio¢ 0 sequinte™ “Bue chao retebeu otebano Lino more, fio da Musa Urania belamente coroada.” Assim comegou afilosofia com os helenos, seu proprio nome nadatema ver com a maneira barbara de expressarse (5) Os defensores de sua invencio pelos brbarosapresentam o trcio Orfeus, introduzindo-o como um fl6sofo antqhissimo. Mas, consderando os conceitos 3 ele usados a propésito dos deuses, no nos € possivel chamdlo de losofo; de fato, essa pessoas concedem tal qualificagdo aalguém que ndo hesitaem atribuir tos deus todas panda humana ata ignominias que apenas raramente ertos homens cometem, e ainda assim somente por meio de palavras. Segundo a lenda ele morreu nas maos de mulheres, porém dle conformidade com 0 epitéfio existence em Dion, na Macedénia, neu fl atingido por ur aos oepiio € seguinte’: Sane aqui as Musas sepultaram o tricio Orfeus, daira dures, mono pelo aio de Zeus.” Enuewnto, of propagadores da ida de que a filotofiaapareceu ene os bisbarosproseguem explicando a diferentes formas que os dverss6sfos he deram. (Os Cinosofiase Druida eram exposto sat doutrinas por meio de enigma, exorando os homens a revereniar os deuses,aabser-se totalmente de inasades ea ser corajos. Com lst, Cletarcosafirmano decimo-segundolivto {ue ot Ginosofitas desdenham a propria morte: que os caldcus dedicam-se A ‘Etronomiae&prevsto do futurorc que os Magos consomemo seu tempo no cul {© dos deuses, em saciflcioseem preces, como se fossem os nios a ser ouvidos pelts divindades. Eles expoem stas idéas a rexpeito do sere da origem dos Eeuses, compostos de fogo, tera e Agua em sua opindo; condenam 0 uso de imagens, principalmente-o erro de atibuirdiferencas de sexo as dvindades {7} 6+ Ginosoitas pregam a justia econsideram Inia a pritica da cremacSo, portm achamllcitoo cazamento com me oi fila, como tion dz no vgtsimo- tereio lito de sua obra além dio, praticam a advinhagio prognosicar © futur, alegando que os propriosdeute thes aparecem,Elesizem ainda que oat ‘etd repleto de formas que se propagam com o vapor e penetra nos olhos dos Stivnhos de vis aguglda estes Ganosoitastamboem profbem adornos pessoas o uso de our. Suasroupas do brancas eles dormem no chio ese alimentam de ‘egeais¢ plo rstico; seus bases so de junc, estes homens, segundo const, ontumamusklos para apankar com ala pontao pedaco de quejo que comem. (8) Els desconhecem totalmente a arte da magia, de acordo com Aristteles em sia obra O Magia? e com Déinon no quinto livre de sa Hit. Este timo Suto informa que a tadugto Iter de Zoroasros € "adorador dos asros” ‘Eas Gb, prdidaeconiderada xpiria na Anguidade, tf mencionada po Didgene Latrios T des bro ‘MIDAS E DOUTRINAS DOS MILGSOFOS ILUSTRES 5 (Hermédoros diz 0 mesmo). No primeiro livro de seu didlogo De Filosofia “Arisiftclesalirma que os Magos slo mais antigos que os egipcios, acrescentando gue acreditam em dois prineipios, o espirito bom eo espirito mau, um chamado Zeus ou Oromasdes eo outro Hades ou Ariminios. O mesmo dizem Hérmipos {em seu primeiro livro Das Magos, Eudoxos em sua obra Viagem em Vata ao Mundo, ¢ ‘Tebfrastos no oitavo livro de sua Filpice 2) O ihtimo desses autores acrescenta que, de acordo com os Magos, os homens viverdo uma existenciafutura e serd0 imorais, ¢ que 0 mundo continua a existir gracas as suas preces. Budemos de Rodes confirma essas informagbes. Mas, Hecataios declara que, de conformidade com eles, os deuses haviam sido gerados. Cléarcos de S6loi, em seu tratado Da Edwado, faz ainda os Ginossosfsis descenderem dos Magos,ealgumasautoridades arribuer amesmaorigem aos judeus. Acrescente-se que os autores de obras sobre ‘0s Magos criicam Herédotos®, dizendo que Xerxes jamais teria arremessado ddardos contra o sol nem teria lancado grilhées ao mar, porquanto na crenga dos Magos o sol eo mar seriam deuses; a destruigao de estituas dos deuses por Xerxes, todavia, seria obviamente natural (10) A filosofia dos egipcios no tocante aos deuses e & justica € descrta da ‘manera seguinte. Dizem eles que o primero principio seria a matéria, da qual se derivaram entdo os quatro elementos e surgiram finalmente todos 0s seresvvos. O sol ea lua sio deuses portadores dos nomes de Osiris e [sis respectivamente. Os egipcios usam o escaravelho, o dragio, 0 falcdo e outras criaturas como simbolos da divindade, de acordo com Maneto em sua Eftome de Doutnnas Fisas ¢ com Hecataios no primero livro de sua obra Da Fibsgia Egjca. Eles também erigem ‘stétuas e templos aos animais sagrados porque ndo conhecem a forma verdadeira ‘Sa dvindade (11) Para eles o univers fo cao, ¢pereciveleeseic, as exrelas ‘compéem-se de fogo e os eventos na terra ocorrem de conformidade com a mistura de fogo nelas; os egipcios dizem ainda que alua entra em eclipse quando fica na sombra da terra, que a alma sobrevive a morte e ransmigra para outros corpos, € que a chuva decorre de alteragdes na atmosfera; segundo Hecataios ¢ ‘Aristagoras os egipcios do explicagbes naturais para todos os outros fendmenos. Eles também insticuiram leis tendo em vista ajustia, aribuindo-as a Hermes, ¢ divinizaram os animaisteis aos homens, alem de pretenderem ser os criadores da tra, da astronomia e da aritmética, S40 esses os dados referentesainvengl0 flosofia (12) Entretanto, Ptigoras foi 0 primeiro a usar o termo e a chamar-se de flbsof0!®; com efeito, Heracleides do Pontos em sua obra A Mulher Exénime aribuilhe em conversa com Léon, tranoda cidade de Fl, a frase segundo aqual hhomem algum ¢ sibio, mas somente Deus. Imediatamente esse esto passou a ‘chamar-se sabedona,e seu professor recebeu o nome de sabio, para signifcar que atingira a perfeiglo’no tocante a alma, enquanto o estudioso dessa materia recebiao nome de fidsofo, Outro nome paraos sibios era “sofista",endo somen- te para os filésofos mas também para os poetas -Cratnos!, a0 elogiar Homer e Hesiodos em sua pega Argudoces, d-thes esse nome. am nua Hina, Herbdotos alude a aes nada edifcanes dos Mago «dos ris dos pes. To! Lneralmente “amigo da saber Poets da Comedia Ang’ ee fragmento de n#2 ns coleneat de Meineke ede Edmonds 16 DIOGENES LAtRTIOS (13) Os homens geralmente considerados sibios eram os seguintes: Tales, ‘Solon, Perfandros, Cledbulos, Quilon, Bias ¢ Pitacos. Acrescentavamse a estes ‘Andcansis,o Cita, Mison de Quen; Ferecides de irose Epimenides de Creta;algu- ‘mas fontes incluem ainda o tirano Pesitratos!2, Sdo estes os sabios ‘Na realidade a filosofia teve uma origem dupla, comecando com Anaximan- dros e com Pitagoras. O primeio foi discipulo de Tales, enquanto Pitigoras recebeu lighes de Ferecides. Uma das escolasilosoficas chamou-se iOnica porque ‘Tales, um milésioe portanto umi6nio, instruiu Anaximandros:a outrachamou-se italiota por causa de Pitigoras. que filosofou a maior parte de sua vida na Ida (14) Uma delas ainica) termina com Cleit6macos, Crfsipose Tebfrastos,ea outra {a italioa) com Epicuros. De um lado a sucessdo pasta de Tales a Anaxlmandros, ‘Anaximenes, Anaxagoras ¢ Arquelaos até S6crates,introdutor da ticanafilosofia; de Socrates ela passa a seus discipulos ~os socrdticos especialmente a Platdo, 0 fundador da Academia Anti: de Pato por meio de Spusipos Xenocrtes, a sucessto passa a Polémon, Crintor e Crates, Arceslans (fundador da Academia Média), Lacides',(fundador da Academia Nova), Carneades e Cleitomacos. (15) Hécoutra escola que termina com Crfsipos, ou sea, passando de Sécratesa ‘Antistenes, Didgenes, 0 Cinico, Crates de Tebas, Zenon de Ction, Cleantes € CCrisipos. Existe ainda outra que termina com Tedfrastos, passando de Platdo a ‘AristOteles e deste a Tedfrasos. Finda entdo dessa mancira a escola nica. ‘Acescola italiot apresenta a seguinte sucessto: Ferecides a Pitagoras, a Telau- fe bo dese slimo}, a Xenofines, Farmenides, Zénon de Blea, L2ucpos, Demécritos, que teve numerosos seguidores, principalmente Nausifanes!, ¢ finalmente Eplcuros. (16) Dos fl6sofos, uns recebem a designacto de dogmaticos ¢ outros de céticos; todos aqueles que fazem asserobes acerca de coisas no pressuposto de que clas podem ser conhecidas sio dogméticos, enquantoos que suspendem seu juizo, alegando que nfo podemos conhecer as coisas, s4o céuicos. Além disso, alguns deles deixaram escritos, enquanto outros nada escreveram (como aconteceu segundo algumas autoridades com Socrates, Stilpon, Flipos, Menédemos, Pirron, ‘Teddoros, Carneades e Brison ~ alguns acrescentam Ptagoras eArfston de Quios, com aexcecdo de que estes teriam escrito umas poucascartas), Outros escreveram apenas uma obra cada um, como Melissos, Parmenides ¢ Anaxagoras. Zénon escreveu muitas obras, Xenofanes ainda mais, Demdcritos ainda mais, Aristteles ‘ty guns lésofo foram quali do suas iad (17) Alguns flésofos foram qualficados segundo suas cidades natas, como os eliacos cos egirco, os eretrianor eos cirenacor outros segundo os locas onde funcionavam suas escolas, como os académicose os estbicos; outros em functo de Grcunstincias acidentais, como os peripatéicos; outros ainda por causa de apeli- dos pejorativos, como os inicos; outros por suas inclinagdes particulares, como 0s ‘eudemonistas!; outros por uma presungdo que alimentavam, como os amantes 12 Ouras fonts — por exemplo Clemente de Aleandvia,Svomaa, 1,59 ~ excluem Passat © Inluem Acssags de Argo 1s. Voese Lio 1, $5 3961 1H. Or manuscrtos acreveemtam Naucides, que 0 eitoressuprimem do texto 15 Eudemonisas, iteraimente "os que busca a fldade™ VIDAS E DOUTRINAS DOS FILOSOFOS LUSTRES 7 da verdade, os refutacionistas, os analogéticos! ssn por as dese ea acu enc ot SESS sincere ar canes era cia be Up ot tal aman Siar te oe eae ee msn Boe tbe eal A at etree eer re eee eR scrdaenn cone duo Cpesis ce ins saison ents ices he en on wa ete kan Cee en en Seca aaatas areca Bar sene ais ates cnet nde dex aces dale a peputon toaice st opto ee ade aa: da nealene ithe a Net Net, taken dat ene ‘Aststipos; da eliaca, Faidon de Elis; da megirica, Eucleides de Megara; da cinica, se hes ena tenlene dc Ee tc Sok aos sen Cte appeal eset agus acai Seay cee ees eves Se genie ls ght tv sa ou cll fi ine Sant onl epinataCt gic agae ‘eretriana, a terceira a cirenaica, a quarta a epicurista, a quinta a aniceriana!?, a Se eer ace eee ea Tpapach denisceea civeata dacs Sine re eect Seat i mc nae ae pete Feat asi scl es ta ln is pcb ce pe einer tart pre, aan eect Sliema as uss forma Ss eset splints tuon od ech oe pice cn ta an etece ac cel talon na unde erste pense pce atc quar dese pion sedge door pe Be ya eu deinen seen, vate Comer de att cca Mn cede eee an ema sa ec por enc Ca i aut Sa’ cts Son Rage SnD cond ele uae ls See Wine Stoo wh fiat dina stn cstnanend alpen cps Par at race ions ue mal Ca ee EIST iat flpvinSegpeepargoetmcaae a ten ome SOREL hang Re aa St ra 16. Respectvamente Phislees, lit ¢ Analects 17. Os Seguidores de Anes separaramesc da escola crenaica Veja Strabom, Gare X, 837. 'Wa Ease “ht pouco temp fs copia por Didgenes Larios de ua fone, pos segundo pares Fotimon cert ido contemporinen de Augusto € pao tera vido mun anes de nose ao" Vejase 0 verbete Pomp na "Suda (Suid 8 biocenes Lagarios subordina todas asagdes ¢a vida levada a perfeicdo em todas as formas de excelén- dal, sendo as vantagens naturais corpéreas e ambientais indispensdveis 4 conse- ‘eagio desse objetivo. Resta-nos falar dos propriosfilésofos individualmente, eem primeiro lugar de Tales Capitulo 1-TALES!9 (22) Tanto Herédotos como Diiris e Demécritos dizem que Tales era filho de Examias ¢ Cleobuline, e pertencia 4 familia dos Telidas®®, que eram de origem fenicia e estavam entre os descendentes mais nobres de Cadmos de Agenor. De acordo com o testemunho de Platio#! ele era um dos Sete Sabios; foi o primeiro a receber 0 nome de sibio, no arcontado de Damasias?? em Atenas, quando a ‘expressio se aplicava a todos os Sete Sabios, de acordo com a mengio de Demétrios de Faleron em sua Lita de Arconts. Tales obteve a cidadania em Miletos ‘quando chegou aquela cidade em companhia de Neileus, que fora banido da Fenicia. A maioria dos autores, todavia, apresenta-o como milésio de nascimento, ede familia ilustr. (23) Apés dedicar-sea politica durante algum tempo Tales passouaobservara natureza. De acordo com algumas fontes esse fildsofo nada deixou escrito (a Astronomia Néutica, atribuida a ele, segundo constava era de autoria de Focos de Samos). Calimacos o conhece como descobridor da Ursa Menor, pois declara em seus fambos: “Dizem que ele observou pela primeira vezas estrelas diminutas do carro ‘que guiava os nautas da Fenincia.” Enuretanto, de conformidade com outros autores, cle exreveu somente dias ‘obras, urna Do Sane outra Do Eqns, considerando todos os demaisassuntos fcima da capacidade de conhecimento dos homens. Cervos relatos 0 apresentam Como o primeiro aesudar asronomia. predizer eclipses do sol ea determinar os solsticios,como afirma Eudemos em suas neestigocie tondmiss, merecendo por isso a admiragio de Xenofanes ¢ de Herddotos (Herdcletos ¢ Demdcrtos testemunham esses firs). (24) Alguns aucores, inclusive o pocta Citilos,dizem que Tales sustentou pela primeira ver aimortalidade da alma. Foi ainda o primero a detenminar 0 Eurso do sol de solsticio a solssicio, « de conformidade com algumas fontes dleclarou pela primeira vez que o tamanho do sol correspondia 4720 pare do sireulo solar, que o amano da luz obedecia & mesma fraco do circu lunar ‘ales foi ambem o primeiro a dar ao sltimo dia do mes o nome de trigésimo, co primeiro~ dizem alguns autores ~a discuir problemas fiicos 1A waduao dew por "exceléncia”parece-nos menos amblgua ques adicional“vitude”, Veja IsTales ena no apogeu aprosimadamente em 585 aC, data do ecipe por ele previo 29. Ou Naas, correo ao texto propor por Bywater 421. Plado, Pratap 48 A 22 se2ss ae MIDAS E DOUTRINAS DOS FLOSOFOS ILusTRES 19 [Aris6teles® ¢ Hipiasafirmam que, raciocinando a partir da pedra-ima e do Ambar, Tales atibuiu uma alma atéa objetos nanimados . Panfile assevera que, tendo aprendido geometria com os egipcios, Tales foi o primeiro a inscrever um triingulo equilatero num circulo, e por essa descoberta sacrificou um boi. (25) Outros aucores, entre os quais 0 aritmético Apolédoros, contam a mesma historia a respeito de Pitdgoras (foi Pitagoras quem desenvolveu em toda a sua lenitude as descobertasatribuidas por Calimacos em seus lamas a figio Eufor- 5,01 3,08 trdngulos escalenos e tudo mais que se relaciona com a geomettia teérica’) ‘Atribulam-se também a Tales conselhos excelentes a propésito de assuntos politicos. For exemplo, quando Croisos mandou emissiios a Miletos propondo ‘ondigdes para uma alianca ele frutrou o plano; essa attude veioa ser a salvacdo dacidade por ocasito da vioria de Ciros.O proprio Tales teria dito, deacordo com fo relato de Heracleides, que sempre viveu solitario ¢ como um cidadao comurn, mantendo-se afasado da vida politica (26) Algumasautoridades dizem que ele se ‘azou e teve um filho chamado Cibistos; outras declaram que Tales permaneceu solteiro eadotou ofilho de suairma, e quando alguém he perguntou por que nao ‘vera seus proprios ilhoselerespondeu: “por amoraos ilhos" - Conta-se também a historia segundo a qual quando sua mae tentou induzi-lo a casarse ele Fespondeu que eramuito cdo, € quando ela voltou presioné lo poserinmente ‘filésofo ponderou que ja era tarde demais. No segundo livro de sua obra Naas Eiprsos HierOnimos de Rodes relata que, afim de mostrar que era facil enrique cer, Tales, prevendo uma boa safrade azetonas, arrendou todos os moinhos des nados a produgio de azeite, e assim ganhou muito dinheiro?®. (27 Tales disse quo principio do univers €a gua, que o mundo édoado dealmac repletode divindades. Segundo constavaeleteriaidentificado-asestagbes do ano ¢ o tera dividido em 365 dias. ‘Ninguém Ihe deu ligBes, com a tnica excegto de sua viagem 20 Egito onde _passou algum tempo com os sacerdotes. Hierdnimos conta-nos que Tales media Aleura das pirimides pela sombra das mesmas, azendo a medicdo na horaem que nossa propria sombra corresponde ao nosso tamanho. Segundo o relato de Minias le conviveu com Trasibulos, otiano de Miletos. ‘A historia muito divulgada da tripode encontrada por um pescador ¢ mandada pelo povo de Milets sucessivamente a todos 0s Ste Sabios €seguinte {28} Quando alguns rapazesinios compraram de wm pescador milesioo produto de seu trabalho, eclodiu uma disputa a propésito de uma tripode recuperada durante a pescaria. Afinal os milésios submeteram a questo a0 ordctlo de Delfos, ¢'0 deus proferiu a sequinte resposta®®: “interrogais Apolo, prole de Miletos, sobre a tripode? Respondo: aripo- de sera do homem mais stbio.” Diante desse pronuncamento 0s milsios a deram a Tales: exe, entreanto, mandou-a a outro dos Sébios, e assim por diante até chegar a Solon que, atnuindo ao deusaprimazia em sapiéncia mandou devolvelaa Delos. Ein eu 3S-De ina, 0519, 124, Uma tora perdnente A nha, incluindo cenamente a ins curva além das rts 25. Vose a verso desea hata em Arles, Pac, 1259 6-18 26, Alia Plat, Vie 1 20 DidcENEs tatarios ambos Calimacos apresenta uma versio diferente da historia, tirada por ele de Maldndrios de Miletos. Segundo essa versdo Baticlés da Arcidia devxou a0 morter lima taca, com instrugbes exprestas para que fosse entregue ao homer mais util por sua sapiéncia. Ela fo! entdo enviada a Tales, passou sucessivamente pelos ‘Semais Sibios e voltouafinal a Tales 29) este mandou-aa Apolo Didimeus coma seguinte dedicaoria, reproduzida por Calimacos: ““Consagrame Tales ao povo de Neileus, duas vezes oferecda, prémio tim A inscrigio em prosa, todavia, ¢ “Oferta de Tales, filho de Examias, milésio, a ‘Apolo Delfino, ap6s obter duas vezes o prémio supremo dos helenos.” © flho de Baticlés, cujo nome era Tiron, levou a taca de local em local, a crer nas informa- ‘qdes de Bleusis em sua obra Sobre Aquileus,e de Aléxon de Mindos no nono livro de Suas Lendas Mas, Eudoxos de Cinidos e Euantes de Miletos afirmam que um certo hhomem, amigo de Crosos,reeebeu do rei uma taca de ouro afim de entegi-la 20 mais sibio dos helenos. Esse homem deu-a a Tales, ue passou 20s outros sAbios Sucessivamente até chegar a Quilon. (80) Exe perguntou diante de Apolo Pio {quem ere mal sabio que ce- deus respondeu gus er Mann de quer ote ‘hos a falar (cle aparece na lista? elaborada por Eudoxos, no lugar de Cledbulos; Platio também o inclu entre os Sdbios, em substituglo a Prlandros) A resposta do oréculo a seu respeito foi a seguinte?®: “Digo que € Mison de Oita, nascido em Quen, muito mais capaz que ta em sapiénda.” Essa resposta teria sido dada a Andcarsis.O platdnico Dalmacose Cléarcos relatam {que Croisos enviow uma taga a Pacos, comecando assim a ronda pelos Sabios ‘Ahistoria contada por Andron em sua obra A Trpede2® € no sentido de que os argivos teriam oferecido uma tipode como prémio pela excelncia ao mais sabio ddos helenos; o prémio coube a ArstSdemos de Esparta, mas reverteu final em favor de Quilon (31) Alcaios menciona AristOdemos nos seguintes termos3 ““Conta-se que Arisibdemos disse em Esparta palavras de forma alguma insensatas: 0 homem ¢ sua riqueza, ¢ nenhum pobre ¢ famoso.” ‘Alguns autores regstram que Perlandros despachou uma nau com sua carga para “Trasbulos, irano de Milewos, ¢ quando ela afundou nas aguas da ha de Cos alguns pescadores recuperaram uma tipode. Fanddicos, entretanto, afirma que dla foi encontrada em aguas atenienses trazida para Atenas, Realizou-se uma ‘assembleiaea tripode fot mandada a Bas, por razBes que exporemosnavida deste limo sabi. (62) H4 outra versio, segundo a qual a ripode tera sido feta por Héhaistos¢ dada por este deus a Pélops como presente de casamento. De Pélops ela passou para Menélaos e foi levada por Paris juntamente com Helena, sendo lancada por 27 Subentenda se "na ina dos Sete bios. 28 Arty Rone, Vi 40, 33. Sabese que Andron de Efeoe (jase of 119 dex io) etrevew sua obra ates da more do Istonador Tedpempos (nacido aproximadamente em 878 3), acanado de haverplogiado = Trgede (Euston, Prepare Evang, X, 3,7) 0" Fragmento #9, Bers Pee lyre Gr, ta edd. MAS E DOUTRINAS DOS FILOSOFOS ILUSrRES 21 ela em Sguas préximas a Cos, pois a lacdnia!dise que a mesma seria causa de fltos:Posteriormente, certs pessoas de Labedos tendo comprado produto de uma pescaria nos arredoresapostarancse da wipodee,como houve divergen- ‘a com os pescadoresapropésito da mesma, drigiramvsc a Ci ndo podendo fesolvera questo, submetamna aos habitants de Miletos, sua mettopoe. Os milsiosenviaram uma dlepagdo para tratar do assunto, mas tendo seushomens Sido desacatados,enraram em gucra contra Cés; muitos combatentesombaramn ém ambos os lados, eum ordeulo dedarou que a tipode teria de ser dada 30 ome mais sdbi, as pares ligantes concordaram em enteghlaa Tales por teem comegsu a onde pelos Sibos de shina dedcows fpolo de Didi 5) 0 crdeulo diigido a6: coanos dna o seguinte eo “A disputaente os meropes os iniosplatripode que Hefaistoslangou ao mar nfo cesardantes que cla deixe dade echegueAcatadobomem ja sabedoriaconhece erevela 0 pastado,o presente eo futuro." © ordeulo dos milsios, comesando com as palavras “Interogais Apolo, prole de Miletos, sobre wipode?", joi ciado acim. E ito € bastante a este Yespeto Em suas Vidas Mérmiposaeibui a Tales a istbria contada por outros atores como se fste sobre Socrates, segundo aqua ele costumava manifesta seu eco. thecimento portrésvaniagens que olevavam aser gato & Sore primeiro porter nascido um Ser umano,¢ ndo um animal iraional: depois, porter nascdo um fomem, endo uma mulher eereeit por ser helenoe nao bazbaro. (84) Contara- se que cena ve, ano ea evado para fora deca por una wha serve para bear asesuclas, Tales cau numavala,e seu pita de socorrolevous veka di ser"Como pretendes, Tale, tn que nfo podes quer vero que exh tuafrete, mnhecer tudo acerca do cfu?" Timon tambem o considera um astrOnomo, € 0 logia nas Sata “assim foi Tales, o sib astronomo entre os sibs.” Segundo a informagdo de Lobon de Argos, seus escrtos ttalizavam cerca de duzentas linhas. Havia em sua estitua a seguinte inscrigio**: "A iénica Miletos nutriu e revelou este Tales, astrénomo entre todos o mais antigo pela sapiéncia.” (85) Dos poemas convivais ainda cantados, 0s versos seguintes slo de Tales: “Multas palavras ndo revelam opinido sdbia. Procura uma tinica sabedo- ria, eseolhe um nico bem, pois assim calaris as linguas inquies dos hhomens loquazes.” Conservaram-se também as seguintes maximas de Teles: “Deus & 0 mais antigo dos seres, pois ¢ incriado. Mais belo € 0 universo, pois € obra de Deus. Maior ¢ 0 espaco, pois contém todas as coisas. Mais veloz é 0 espirito, pois corre para tudo. Btw & Helena 32.0. sit; o fragment 0 n0 25 da coletanea Petaram Pula Frente de Diels 53 Anolis Pela, VI, 8, 2 biocenes LAtetios Mais forte & a necessidade, pois domina tudo. Mais sabio € 0 tempo, que revela tudo.” “ales dia que a mome no difere da vida. “Porque, entdo", dss algutm, “into morres?” "Porque", dise ele, “no faz diferenca”. (86) Quando Ihe perguntaram quem eramaisvelho,odiaoua noite, ele respondeu:"A noite €mais Tela por um dia." Alguem he perguntou se um Komem pod ocular aos deuset tim agdo mi: "No", rexpondeu Tale, "nem sequer wm ma pensamento™”A tim adsltero que Ihe perguntou se poderia negara acusacio mediante juramento ce respond ae perro naga lo ae ae. A alum uct Perguntou qual cra coisa mais dif ele respondeu: "Conhecerseaxi mesmo. EeMqual a mais il” "Dar conselhor aos outs.” "Qual € a col mais agradivel?""0 suceso." “Queéo dvina?” "0 que ndotem principionem fim." uando he perguntaram qualera coisa maisrara que clejivira, suarespostal “Vimrano Moso."""Como poderd uaa pestoa suportar melhora advesidade” ‘Seihe for poste, vr seus nimigos em stuagdo por." “Como poderemos vier a vida da manera melhor e mais just" "Abstendo-nos de fazer o que censurs- thos nos outos." (07) "Quem € fiz?” "Quem tem o compo saudiveo esplto Bilado ea natireza dé” Tales nos diz que devemoslembrar-nos dos amigos, Guerestjam presentes, quer ausentes; que ndo deverios ongulharnos de nossa Sparéncia, em esfogarnos parser belos no carder. "No devemosenriquecer de manera condendval die Talet~""enem mesmo uma palavradeveormar-nos oiosos a quem confiou em nba". "Deves esperar de tus fos tudo que Bizeste porteus pals” Eleexplicava acheia do Nilo como sendo devida aos ventosetsios fe, soprando na ditecio contraia, foram as Aguas a refute. Em sua Crinice Apolédoros fia o nascimento de Tales na 85+ Olimpiada¥ (88) Sua more ocorret aos 78 anos de dade ow, de acordo com Sosicrates,208 90 nos); de fato, ele morreu na 58 Olimplada, tendo sido contempordnco de Coiso,a quem prometeu asegura a ravessia do io Halis sem ter de constrir dima ponte! mediante o desvo do curs natural do Ro. Exitiram outras cinco personagens com o nome de Tales, de acordo com a snumeracio de Demérios de Magnesia em sua abra Hondxinr: um retérico de Galatia, cujo extlo era afeados um pintor de Sidon, muito talentosos om contemportneo de Heslodos, de Homefo ede Licurgos, em época muito remot tima petsoa mencionada por Daris em sua bra Da Aire; ema pessoa obscura {que viveu em Epoca mas recente, mencionada por Dionsiosem suas Olas Cra. (39) O sabio Tales morreu quando presenciava uma competi alética,viima do talor, da sede e da fraqueca, jf muito idoso. Ha em seu tamulo 2 seuinte inacrigt “Neste pequeno timulo ja ospientsimo Tales cujaglériasecleva aos ¥4.ambem um poema de nossa autora, do primeir live de nosios Epiramat em todos os Metre a os ‘Se Em 61 aC. Cada Olimptada equiva a quate anos Sa. Anau Patina, VI, 3 VIDAS £ DOUTRINAS DOS FLOSOFOS LUSTRES 2s “Levaste Tales do esidio, Zeus Solar, enquanto cle assstia a uma competigtoatlética. Louvo-te por havélo conduzido para pertode 8, pois © ancido jé ndo podia enxergar os astros daqui da terra." (#0) E dele o provérbio “Conhece-tea ti mesmo”, que Antistenes,em sua obra Suetser dos Fife, atsibui a Femonoe, embora admitindo que o'mesmo fora ado por Quilon Pom vst tos exe Stbios-valea pena dar aqui uma noiiaemlinhas rasa respeito dos mesmos ~ seguem-se algumas referéncias a eles. Em sua Histona dos Flenjos Damon de Cirene critica todos os sibios, especialmente os Sete. Anaxime- nes astinala que todos se dedicaram a poesia; Dicaiarcos diz que eles ndo eram "Mbios nem flésofos, mas simplesmente homens judiciosos com vocaclo para le- gislar. Arquétimos de Siracusa descreve uma reunito deles na corte de Cipselos, ‘da qual o proprio autor diz haver pariipado; Eforos, por seu turno, mencionaem vez desse um encontro dos Sabios na cone de Croisos sem a presenca de Tales ‘Outros falam de encontzos no festival Fan-Idnico, em Corinto eem Delfos. (41) As palavras dos Sabios sto registradas de maneiras diferentes, e atribuidas ora.a.um, ‘ora a outro por exemplo, as seguintes®>: “Foi sdbiolacedeménio Quilon quem disse: "Nada em excesso”,¢""No ‘momento oportuno é belo.” A divergéncias até quanto a0 seu niimero; com fico, em lugar de Cledbulos ¢ Msom, Maiindros cut oa fsa Ledlanos,fiho de Gorgeadas, naseido em Labedos ou Efesos, e Epimenides de Creta; em seu didlogo Proiagoras Platdo rmenciona Mison eexclui Periandros; Eforos substitui Mison por Andcarsis outros Acrescentam Pitigoras aos Sete. Diciiarcos apresenta quatro nomes sempre ace tos, constantesdalsta~ Tales, Bias, Peacos eSdlon ~e acrescenta os nomes de seis outros, dos quais ués deveriam’ ser selecionados: Aristédemos, Pinflos, 0 lacedeménio Quilon, Cledbulos, Andcarsis e Perlandros. Outros acrescentam ‘Acusllao,filho de Cabas ou Scabras, de Argos. (42) Em sua obra SobreosSabis Hérmipos relere-sea dezessete, dos quaisauto- res diferentes fazem selegies diferentes de sete; eles so Solon, Tales, Pacos, Blas, Quilon, Mison, CleObulos, Perlandros, Andcarsis, Acusllaos, Epimenides, Lebantos, Ferecides, Aristédemos, itagoras, Lasor,filho de Carmantidas ou de Sisimbrinos, ou segundo AristBxenos de Cabrinos, nascido em Hermione, € ‘Anaxagoras. Em sua Lista de ilésfor HipObotos reaciona: Orfeus, Linos, Solon, Perlandros, Andcarsis, Cledbulos, Mison, Tales, Bias, Ptacos, Epicarmos ¢ Pitt goras. Seguem-se as cartas conservadas de Tales. Tales a Ferecides (d3) “Tomei conhecimento de ta pretensio de sero primeiro inio aexpora teologia aos helenos. Tlvez seja un criti justo pér uma obra ao alcance do pi- blico, em ver de confisla sem qualquer benefico a uma pessoa isolada Eniretanto, se te ¢ agradavel de algum modo, estou pronto a discutir contigo 0 assunto de teu livto, ese me convidares aia Liros fate aviagem. Com efeito, cer tamente eue Sélon de Atenas ndo seriamos nada sensatos se, apés aver navegado até Creta para dar sequéncia a nossasindagagOes la, e a@ 0 Egito para conversar ‘35 log Palin V2. u DiocenEs LAExTIOS com os sacerdotes © astOnomos, nfo viajistemos até onde estés (com tua anuencia, Solon também id) (44) Tu, a0 contro, és de tal maneira apegado 20 lar que raramente vistas aldniacndo sentes vontade de veresangeitor. Nesse fnuehim, espero cu, deves estar dedicando-te somente a escrcver,enquanto nbs, aque jamais escrevernos coisa alguma, viajamos por toda a Hélade e' Asia.” Tales a Sélon “Se deixares Atenas, penso que poderds com toda a conveniénciainstalar tua ‘casa em Miletos, uma coldnia ateniense; onde nada de mal te acontecerd. Se te ‘constrange 0 fato de sermos governados por um tirano ~ odeias todos os .govemantes absolutos-, 20 menos desfrutards a companhia de amigos. Bias escre- veu-te convidando-te para ires a Priene; se te parecer preferivel 2 cidade dos prieneus, eu mesmo irei morar Id e juntar-me at.” Capitulo 2. SOLONS: (45) Solon filho de Execestides, nasceu em Salamina. Sua primeirarealizagho foi a “Lei da Liberaelo"®?, por ele introduzida em Atenas com a finalidade de esr pstoas ¢ bens Com eet, os homens tomavam dinkero empresado ‘mediante garantia de suas proprias pessoas, e muitos foram forcados pelapobreza Stommarat eros Elefolo primeira arenunciar a0 su direto ama dvidade sete talentos, cujo credor era seu pai, 3 encorajar outros a seguit-Ihe o exemplo. Essa lei chamourse "Lei da Liberacio” por razdes bvas. Em seguida, Solon empreendeu a estruturagdo do resto de suas leis, cuja enumeracio consumiria muito tempo, e inscreveu-as em tabuletas giratbrias (46) Seu maior servio foi aibertao de sua terra natal, Salamina evindica- da por Mégara e Atenas. Ap6s numerosas derrotas Atenas promulgou umm decreto punindo com a monte qualquer pessoa que propusesse o reinicio da guerra Salaminia.Fingindo loucura Sélon correu em ditegdo a Sgora com urna guiflanda fem sua cabera; It mandou um arauto ler seu poema sobre Salamina para os atenienses ouvirem, fazendo-os ficarem furiosos. Eles renovaram a guerra conta ‘os megaricos, e gracas Sélon sairam vitoriosos. (47) Os versoselegiacos que mais inflamaram os atenienses foram os seguintes™®: nestor “Ah! Se eu mudasse de pitta efosse um folegandrio ou sicinitaem vez de aeniene! Lago scifi ea fa ens homens ox tence, tembora sendo atic, abandonaram Salamina!” B estes outros “*Marchemos para Salamina e combatamos pela ilha desejada, a fim de apagar a dura vergonha!” Ele também persuadiu os atenienses aconquistar 0 Quersonesostricio. (48) ara ceviar que auibulssem a conquista de Salamina somente a foreae nfo o direto, ‘lon mandou abrir algumas Sepulturasemostrou que os monos estavam enterra- ddos com a face voltada para o este, de conformidade com os costumes atenienses 36: Forarcone a Atenas em $94 26. S37, Le da iberaao:erlmente Seth, 38 Fragmento 2 Bergh MIDAS x DOUTRINAS DOS MLOSOFOS LITRES 25 {quanto aos funerais; ele mostrou também que as préprias sepulturas extavam ‘avadas na directo do leste®, € que as inscrigBes gravadas nelas qualficavam os ‘mons por seus demos, maneira caracterstica dos atenienses. Alguns autores afirmam que depois do verso de Homero no Catlogo das Naus™®: “Aias de Salamina guiava doze nau’, ele inseriu o seguinte verso de sua autora: “eas levou att onde estavam as falanges atenienses”. (49) Daiem dianteo povo ateniense passouadarhe atengio,eatéqueriat&-lo frente do governo da cidade como trano; Solon, entretanto, recusouse, perce- endo antecipadamente os designios de seu parente Peisistratos (como diz Sosicrates), fez 0 possve para obsti-los. Elecorreu paraa Assembleia armado com lanca € excudo, ¢ alertou os cidaddos reunidos para os designios de Peisstratos; ‘mas ndo se limitou a isso, declarando-se pronto a auxilé-los e pronunciando as seguintes palavras:“Homens de Atenas! Sou mais bio que alguns de vés e mais ‘corajoso que outros; mais sabio que os incapazes de discernir a rama de Pesistra- tos e mais corajoso que aqueles que, embora a percebam, guardam siléncio por temor. ‘Os membros do Conselho, por seu turno, adeptos do partido de Peisistratos, afirmaram que ele era louco; diante disso Sélon rectou os seguintes versost! “*Um brevelapso de tempo mostrard minha loucuraaos cidadios, mostra- lard juntamente com a verdade.” (50) Os versos elegiacos em que ele predisse a srania de Peis\stratos sto os seguintest: “Amnuvem levaa forca daneve edo granizo; filgido relampago€ seguido o wovdo; de grandes homens vem aruina da cidade; 0 povo incauto cai thenda afuc enmneg sine ‘Quando Peisistratos jd detinha o poder, Solon, incapaz de convencer 0 povo, depos as suas armas em frente a0 quartel dos generals e disse: “Minha patria! Presteite servigos com palavras atos!” Em seguida viajou para o Egito e para Stipe, d fo ao enconto de Croisos em seu reno, Lio rei perguntouhe “Quem ¢ feliz em tua opiniso?” Sélon respondeu: “Telos de Atenas, e Cléobis ¢ Blhon'™®, e outros muito falados. a (51) Conta-se que Croisos, suntuosamente vestido, sentou-se em seu trono € Perguntou a Sélon se alguma vez tinha visto qualquer coisa mais bela. S6lon Fexpondeu: “Galos,faisdes ¢ paves, pois eles brilham com as cores naturais, mitiades de vezes mais belas.” Partindo de li ele foi viver na Cilicia e fundou uma Cidade chamada Sto por causa de seu nome. Nealon insalow uns poucos ae. nienses, que com o decurso do tempo corromperam a pureza do dialeto dtico, € Por isso diziase que cometiam “solecismos”. Note-se que os habitantes dessa ‘dade chamavam-se solenses, enquanto os habitantes de Soloi, em Chipre, chamavam-s sdlios. $8, Os eradiouosconsideram cronologcamente impose oenconro entre Slon Croisos. Para at ‘sates 2 Telos, Cleobise Bon, vjese Herodoos, Muto, 13031 a 26 iocents Laberios ‘Ao saber que naquela época Peisistratos j4 governava como tirano, ele cescreveu 0 versos seguintes e 0s enviou 20s ateniensest: (62)""Se sofrestes amargamento por causa de vosso mau cariter, no deveis imputar esse destino aos deuses, pois v6s mesmos apoiastes inimigos e os engrandecestes; por isso suportais a dura escravidao, Cada lum de vos segue as pegadas da raposa,e no entanto em conjunto tendes a ‘mente insensata. Estais atentos as falas as palavras suaves de um adulador, e ndo tendes a minima preocupac4o com os seus atos.” Eleescreveu esses versos. Apésaida de Sélon para exilio Peisistratosescreveusthe ‘uma cara nos seguintes termos: Peisstratas a Sélon (58) “N46 fui o nico heleno a instaurar a tirana, nem na qualidade de des- cendente de Codros, carego de qualificagbes para sso. Logo, retomo os privilégios ‘que 08 atenienses juraram conferir a Codros e sua familia, embora mais tarde tenham faltado ao juramenco. Em tudo mais ndo comet ofensa alguma contra os deuses eos homens; meu govern inspira-se constantementenasleis que deste aos atenienses, e eles sd0 governados melhor do que seriam sob uma demmocracia; de {fato, ndo permito acidadao algum exorbitar de seus direitos, e, emboraseja um tirano, no usurpo para mim mesmo qualquer partcipagio em prerrogatvas ¢ honraras deste somente deprives explctamentepertencentes aos res de antigamente. Cada cidadio paga um dizimo do valorde seus bens, ndoamim, mas ‘um fundo destinado a cobrir as despesas com os sacrifcios piblicose quaisquer ‘outros encargos do Estado ou gastos com alguma guerra em que nos envolvamos (54) Nao te recrimino porque revelaste meus designios,agiste por lealdade para coma cidade, endo por inimizade amim, e maisainda por ignordncia quanto 40 tipo de governo que eu ira insticur; se soubesses, alver te mostrassestlerante omigo ¢ nfo tea ido para o exo. Sendo assim, volta 4 patra, confando em minha palavra, embora ndo jurada, de que Solon ndo softera qualquer mal por obra de Peisstrats (ica sabendo que nenhum de meus outros inimigostampouco sofreu} Se prefrires ser um de meus amigos estaris entre os primeitoscidadaos, pois no vejo em ti vestigios de taicdo e nada que provoque desconfianca: uiseres viver em Atenas em outras Condicoes eras a minha permissio. Ndo te ‘antenhas afastado de tua patria por minha causa” (55) Peissuratos escreveu essa carta. Solon disse que o limite da vida humana ¢ de setenta anos. Parece que ele elaborou algumas les admirdves. or exemplo, se alguem se negasse asustentar Seus pas seta privado dos direitos cvcos; além disso aplicava-se penalidade se- melhante a quem dilapidasse seu patiménio; endo teruma ocupacio definida cra ‘um crime, pelo qual qualquer pessoa, quetendo, podia levar 0 ocioso a prestar ‘conts de sua vida. Liias, enretanto, aibui esa lea Drécon, ea Sdlon outa, privando quem quer que se houvesse prosttuido dodireito de ocupara ibuna na ‘Kesembléia Ele reduciu as honrarias concedidat aos ates partipantes de ‘competighes, xando a recompensa para um vencedor nos Jogos Olimpicos em Wo Fragmeno 1 Berge IDS E DOUTRINAS DOS FILOSOFOS ILISTRES a juinhentos draemas, nos Jogos Istmicos em cem dracmas e analogamente em ros casos. Era moralmente pemiciozo,dzia Solon, aumentar as recompensas Gesses vencedores, tal procedimento somente se justificava em relagio 208 fmortos no campo de batalha, cujos filhos deviam também ser mantidos teducados pelo Estado. (66) Em decorténcia dessa lei muitos cidadios esforcaram-se por comportar~ se como soldador valorosos em batalha, como Polizelos, Cinégeitos, Calimacos ¢ todos que combateram em Maratona, ou entdo Harmédios ¢ Aristogéiton, © Miltiades mais dezenas de milhares. Por outro lado, os alletas, quando se ‘exercitam, ho muito dispendiosos, e, quando vencem, slo prejudiciaiserecebem ‘coroas por vitérias contra a patria, e no contra os adversérios; quando envelhecem, segundo Euripedes*, “ desfazem-se como seus rmantos que perdem a trama’” Solon discemia essascircunstinciase os uatou parcimoniosamente. excelente, também, 0 disposi legal segundo o qual o guardito de um érfto nao podia ‘asar coma mae de seu tutelado, 0 herdeiro subseqiente na sucessio, em caso de ‘morte dos 6rftos, devia considerat-seimpedido de ser guardito dos mesmos. (37) ‘Alem disso, nenhum gravador de sinctes tinha permissio para reter uma Jmpressio do anel que houvesse vendido, ea penalidade para quem prvasse de sua visio uma pessoa que tivesse um dnico olho era a perda dos dots olhos do agrestor. Nao éra permitida a retirada de um depésito a nao ser pelo proprio

Você também pode gostar