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Falando sério, marido, acompanhe o meu raciocínio. Veja bem, estou falando de algo
muito pessoal, é claro. Algo que diz respeito à minha criação, minha origem camponesa,
ao meu modo de encarar as coisas, posição essa que nada tem a ver com nossa vida em
comum, que eu coloco acima de qualquer questão: moro em um prédio bonito, em um
bairro classificado de nobre pela esperteza dos corretores, mais interessados em jogar
areia nos olhos dos compradores do que mostrar a realidade daquilo que eles vão
comprar. Desfruto de alguma segurança, tenho até privacidade. Quando o calor aperta,
posso andar pelada pela casa sem agredir a moral pública ou os olhos exigentes da
garotada dos binóculos, certo? De nossa sacada, quando faz bom tempo, sinto na pele o
beijo ardente de meu amado sol. Uns poucos vasos mirrados, maltratados, sorriem de
puro contentamento quando lhes dou a graça de minha atenção. E só. O gotejar da chuva
no telhado, o cheiro da terra úmida, são lembranças remotas. Sabe, meu amor, não sei se
algum dia você parou para pensar no assunto, talvez não, talvez a diferença seja mais
nítida para nós, as mulheres. Ultimamente tenho questionado a diferença entre lar e
moradia. E não me venha dizer que são sintomas de velhice! Apesar do atropelo
impiedoso do novo sobre o velho, da globalização, que parece ignorar as diferenças
individuais e culturais, da massificação, que padroniza a humanidade, sinto que, na
cultura do povo brasileiro, demasiadamente jovem ainda, o conceito de lar continua
enraizado em esteios, baldrames, telhado, pés descalços pisando canteiros fofos. Mulher.
Terra. Fertilidade. Dá pra perceber a diferença?
O sujeito das orações “Desfruto de alguma segurança, tenho até privacidade”, presentes
no texto, fragmento de Mesa dos inocentes, deve ser classificado como (assinale a
alternativa correta):
b) desinencial, já que podem ser inferidos a partir dos verbos das orações.
Lanchinho de avião
Drauzio Varella
2º§ Em poucos minutos, ouve-se um som agudo, sinal de que os computadores podem
ser ligados. Junto à porta de entrada, as comissárias se levantam e preparam o carrinho
de lanches. De fileira em fileira, perguntam o que cada passageiro deseja beber. No
carrinho, acotovelam-se latas de refrigerantes, a garrafa de café e uma infinidade de
pacotes de sucos mais doces do que o sorriso da mulher amada. O rapaz à minha direita
prefere suco de manga; o da esquerda quer um de pêssego. Agradeço, não quero nada. A
moça estranha: “Nada, mesmo?”.
3º§ Em seguida, ela nos estende a mão que oferece um objeto ameaçador, embrulhado
em papel branco. Em seu interior, um pão adocicado cortado ao meio abriga uma fatia de
queijo e outra retirada do peito de um peru improvável. No reflexo, encolho as pernas. Se,
porventura, um embrulho daqueles lhe escapa da mão e cai em meu pé, adeus carreira de
maratonista.
[...]
4º§ O comandante informa que, em Belo Horizonte, o tempo é bom e que nosso voo terá
duração de 40 minutos. São dez e meia, é pouco provável que os circunstantes tenham
saído de casa em jejum. O que os leva a devorar no meio da manhã 500 calorias
adicionais, com gosto de isopor? Qual é o sentido de servir comida em voos de 40
minutos?
5º§ Cerca de 52% dos brasileiros com mais de 18 anos sofrem com o excesso de peso,
taxa que nove anos atrás era de 43%. Já caíram na faixa da obesidade 18% de nossos
conterrâneos. Os que visitam os Estados Unidos ficam chocados com o padrão e a
prevalência da obesidade. Lá, a dieta e a profusão de alimentos consumidos até em
elevadores conseguiram a proeza de engordar todo mundo; não escapam japoneses,
vietnamitas nem indianos.
6º§ As silhuetas de mulheres e homens com mais de 120 quilos pelas ruas e shopping
centers deixam claro que existe algo profundamente errado com os hábitos alimentares
do país. Nossos números mostram que caminhamos na esteira deles. Chegaremos lá, é
questão de tempo; pouco tempo.
8º§ Os que incorporaram as 500 calorias em excesso no caminho para Belo Horizonte só o
fizeram porque o lanche lhes foi servido. Milhões de anos de evolução, num mundo com
baixa disponibilidade de recursos, ensinaram o corpo humano a comer a maior
quantidade disponível a cada refeição, única forma de sobreviver aos dias de jejum que
fatalmente viriam.
9º§ Engendrado em tempos de miséria, o cérebro humano está mal adaptado à fartura. A
saciedade à mesa só se instala depois de ingerirmos muito mais calorias do que as
necessárias para cobrir os gastos daquele dia. A seleção natural nos ensinou a não
desperdiçá-las, o excesso será armazenado sob a forma de gordura.
11º§ Por essas e outras razões, caríssimo leitor, é preciso olhar para a comida como
fazemos com a bebida: é bom, mas em excesso faz mal.
1
O Juramento de Hipócrates é uma preciosidade do 2 pensamento humano voltado
para o bem do próximo. 3 Nestes 25 séculos, em que vem sendo a base da postura 4 ética
dos médicos, porém, aconteceram, além da 5 evolução acentuada do conhecimento
médico e humano 6 em geral, importantes mudanças sociais, que afetaram 7
profundamente a relação do médico com seu paciente, 8 exigindo a adequação de sua
conduta moral aos novos 9 padrões adotados pela sociedade. [...]. Ele reflete o 10 espírito
da época em que foi escrito, pois os gregos antigos 11 deram grandes contribuições à
evolução humana, porém 12 as ideias sobre os direitos de todos os homens e a luta 13 pela
sua implantação na sociedade são bem posteriores. 14 A Revolução Francesa é o marco
histórico do seu efetivo 15 desencadeamento. Nela os cidadãos passam a pugnar 16 pela
igualdade de direitos de todos os homens perante 17 a lei, pela liberdade para decidir o
que é melhor para si e 18 para todos e pela união de todos para o bem comum. 19 Essa
revolução continua em andamento e nas últimas 20 décadas vem atingindo a medicina de
maneira cada vez 21 mais intensa. Suas ideias foram sendo estruturadas em 22 um novo
corpo de conhecimentos, dando origem a uma 23 nova disciplina: a bioética.
24
Esta denominação é atribuída ao oncologista 25 norte-americano Van Rensselaer
Potter, que a utilizou 26 pela primeira vez no livro Bioethics: bridge to the future. 27 Seu
objetivo era promover um novo diálogo entre ciência 28 e humanismo que pareciam
incapazes de comunicar-se. 29 Preocupado com a sobrevivência ecológica do planeta e 30
com a democratização do conhecimento científico, 31 aspirava a produzir uma disciplina
que combinasse o 32 conhecimento biológico (bio) com o do sistema de 33 valores
humanos (ética). [...] O importante da proposta 34 futurista de Potter é a ideia de que a
constituição de 35 uma ética aplicada às situações de vida seria o caminho 36 para a
sobrevivência da espécie humana. E, mais: para 37 essa ciência da sobrevivência não seria
preciso um 38 conhecimento rigoroso da técnica, mas sim respeito aos 39 valores humanos.
40
Esta proposta de associar as ciências da vida e a 41 ética (visando ao bem-estar dos
seres humanos e dos 42 animais e a salvaguarda do meio ambiente) é o que se 43 mantém
hoje como o espírito da bioética.
44
O nascimento da bioética foi precedido de 45 importantes transformações ocorridas
no cenário social, 45 político e tecnológico entre as décadas de 1960 e 1970. 46 Por um
lado, um grande desenvolvimento tecnológico 47 fez surgir dilemas morais inesperados
relacionados à 48 prática biomédica (morte encefálica, doação de órgãos 50 para
transplante, bebê de proveta, descarte de embriões 51 etc.). Por outro, os anos 1960
foram também a era da 52 conquista dos direitos civis, o que fortaleceu o 53 ressurgimento
de movimentos sociais organizados, 54 promovendo, com isso, um revigoramento dos
debates 55 acerca da ética normativa e aplicada. [...]
56
Jonsen pontua três acontecimentos como tendo 57 papel particularmente importante
na consolidação da 58 disciplina. O primeiro foi o artigo publicado na revista Life, 59 em
1962, que contou a história do Comitê de Seattle, o 60 qual, de forma inusitada, passou o
processo de decisão 61 médica para o domínio público, ao delegar os critérios 62 de seleção
de atendimento para um pequeno grupo de 63 pessoas, todas leigas em medicina. O
segundo evento 64 foi o artigo de Beecher, no New England Journal of 65 Medicine, em
1966, no qual, ao analisar pesquisas 66 científicas em seres humanos, publicadas em
periódicos 67 de grande prestígio internacional, mostrou que cerca de 68 12% dos artigos
médicos continham graves 69 transgressões à ética. O terceiro evento foi o primeiro 70
transplante cardíaco, em que a principal pergunta 71 era: — Como Barnard podia garantir
que o doador estava 72 realmente morto no momento do transplante? Esse fato 73 lançou
questões de difícil resposta, entre elas: — 74 Quando alguém deve ser considerado morto?
Se o 75 cérebro morrer, morre também a pessoa? [...]
76
A bioética, em nossa opinião, deve ser vista não 77 como uma derrubada da ética
médica clássica (tanto 78 que ela adotou os seus princípios básicos, a beneficência 79 e a
não maleficência), mas como a sua adaptação aos 80 novos tempos, com a consequente
mudança de postura 81 do médico, para dar uma melhor resposta aos desafios 82 éticos
surgidos com as mudanças sociais e a evolução 83 do conhecimento e da tecnologia.
Analise cada um dos três enunciados que apareceram em um anúncio publicitário de uma
marca de um produto alimentício, posteriormente marque (V) para as afirmações
verdadeiras e (F) para as falsas.
2. Colher no iogurte.
3. Iogurte na boca.
Questão 05 - (IFMA)
O efeito de humor na charge se dá em decorrência da confusão quanto à compreensão de
sentido da palavra caminhão-pipa. Que relação de significação das palavras foi o gerador
da confusão?
a) Sinonímia
b) Homonímia
c) Antonímia
d) Paronímia
e) Hiperonímia
Questão 06 - (IFSC)
Já teve vontade de explorar novos ares e, quando deu por si, estava no mesmo boteco de
sempre? Esses "horizontes limitados" são universais, de acordo com matemáticos da
Universidade e Londres. Não importa se você é um jovem executivo ou um jogador de
futevôlei aposentado – segundo cientistas, qualquer pessoa é capaz de frequentar, no
máximo 25 lugares. Entram nessa conta todos os locais visitados duas vezes por semana,
por pelo menos 10 minutos. O ponto de ônibus, portanto, já desconta dos 25 totais. Isso
para quem é popular: 25 é o recorde alcançado por aqueles que mantêm uma rede
grande de amigos. Para os introvertidos, os horizontes são ainda mais fechados.
e) O vocábulo "você" deve ser acentuado por ser oxítona terminada em ditongo aberto.
Refeição em família
Não conheço melhor lugar que a mesa de refeição para esse tipo de conversa à toa.
Mas como a mesa de refeição está sendo cada vez menos usada, e como são poucos os
que reclamam – esse espaço foi encolhendo devagar.
A partir deste bate-papo inconsequente, podemos testar escolhas e até nos corrigir. É
nesse clima que os indivíduos se avaliam e são avaliados, gerando a família – entidade
única e original.
Quando uma pessoa não tem este espaço, ela terá que fazer a tarefa de se avaliar,
sozinha. Na sociedade em que vivemos, estamos imersos numa trama exigente e
paradoxal. É tão diferente do clima em torno da mesa.
Evocando aqui e agora o meu dia a dia dos meus tempos de criança, vejo-me na minha
casa – a gente se conhecia bem, nas profundezas da alma e nas coisas mais corriqueiras.
Nas nossas conversas, qualquer um de nós era capaz de prever o rumo da conversa. A
nossa escala de valores valorizava o bem pensar e o bem sentir.
Éramos tolerantes para quase tudo, menos para o uso do pensamento. Lá na minha
casa, na casa de minha infância, o empenhar-se, o esforçar-se sempre foi mais valorizado
que o sucesso. E eu, até hoje, julgo assim.
a) repetição e negação.
b) afirmação e companhia.
d) anterioridade e negação.
5
De repente a sala ficou inteiramente às escuras, e ouvi um lindo acalanto de Manuel de
Falla. 6 Lentamente (embora um pouco mais depressa do que na realidade, já que a
apresentação durou 7 ao todo quinze minutos) o céu sobre minha cabeça se pôs a rodar.
Era o céu que aparecera 8 sobre minha cidade natal – Alessandria, na Itália – na noite de 5
para 6 de janeiro de 1932, 9 quando nasci. Quase hiper-realisticamente vivenciei a
primeira noite de minha vida.
10
Vivenciei-a pela primeira vez, pois não tinha visto essa primeira noite. Provavelmente
nem minha 11 mãe a viu, exausta como estava depois de me dar à luz; mas talvez meu pai
a tenha visto, 12 ao sair para o terraço, um pouco agitado com o fato maravilhoso (pelo
menos para ele) que 13 testemunhara e ajudara a produzir.
14
O planetário usava um artifício mecânico que se pode encontrar em muitos lugares.
Outras 15 pessoas talvez tenham passado por uma experiência semelhante. Mas vocês hão
de me perdoar 16 se durante aqueles quinze minutos tive a impressão de ser o único
homem desde o início dos 17 tempos que havia tido o privilégio de se encontrar com seu
próprio começo. Eu estava tão feliz 18 que tive a sensação – quase o desejo – de que
podia, deveria morrer naquele exato momento 19 e que qualquer outro momento teria
sido inadequado. Teria morrido alegremente, pois vivera a 20 mais bela história que li em
toda a minha vida.
21
Talvez eu tivesse encontrado a história que todos nós procuramos nas páginas dos livros
e nas 22 telas dos cinemas: uma história na qual as estrelas e eu éramos os protagonistas.
Era ficção 23 porque a história fora reinventada pelo curador; era História porque
recontava o que acontecera 24 no cosmos num momento do passado; era vida real porque
eu era real e não uma personagem 25 de romance.
1
curador − responsável pelo museu
2
planetário − local onde é possível reproduzir o movimento dos astros
Questão 08 - (UERJ)
Quase hiper-realisticamente vivenciei a primeira noite de minha vida. (Ref. 9)
a) ampliação
b) hierarquia
c) proporção
d) simultaneidade
1
A informação seria livre. Todo o saber do mundo seria compartilhado, bem como a
música, 2 o cinema, a literatura e a ciência. O custo seria zero. O espaço seria infinito. A
velocidade, 3 estonteante. A solidariedade e a colaboração seriam os valores supremos. A
criatividade, o único 4 poder verdadeiro. O bem triunfaria sobre os males do capitalismo.
O sistema de representação 5 se tornaria obsoleto. Todos os seres humanos teriam
oportunidades iguais em qualquer lugar do 6 planeta. Todos seriam empreendedores e
inventivos. Todos poderiam se expressar livremente. 7 Censura, nunca mais. As fronteiras
deixariam de existir. As distâncias se tornariam irrelevantes. 8 O inimaginável seria
possível. O sonho, qualquer sonho, poderia se tornar realidade.
9
Livre, grátis, inovador, coletivo, palavras-chave do novo mundo que a internet
inaugurou. Por 10 anos esquecemos que a internet foi uma invenção militar, criada para
manter o poder de quem 11 já o tinha. Por anos fingimos que transformar produtos físicos
em produtos virtuais era algo 12 ecologicamente correto, esquecendo que a fabricação de
computadores e celulares, com a 13 obsolescência embutida em seu DNA, demanda o
consumo de quantidades vexatórias de 14 combustíveis fósseis, de produtos químicos e de
água, sem falar no volume assombroso de lixo 15 não reciclado em que resultam, incluindo
lixo tóxico.
16
Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se tornariam tão concentrados em 17
megahipercorporações norte-americanas como o Google, que iriam destruir para sempre
18
tantas indústrias e atividades em tão pouco tempo. Ninguém previu que os mesmos
Estados 19 Unidos, graças às maravilhas da internet sempre tão aberta e juvenil, se
consolidariam como 20 os maiores espiões do mundo, humilhando potências como a
Alemanha e também o Brasil, 21 impondo os métodos de sua inteligência militar sobre a
população mundial, e guiando ao 22 arrepio da justiça os bebês engenheiros nota dez em
23
matemática mas ignorantes completos em matéria de ética, política e em boas
maneiras.
24
Ninguém previu a febre das notícias inventadas, a civilização de perfis falsos, as
enxurradas de 25 vírus, os arrastões de números de cartão de crédito, a empulhação dos
resultados numéricos 26 falseados por robôs ou gerados por trabalhadores mal pagos em
países do terceiro mundo, o 27 fim da privacidade, o terrorismo eletrônico, inclusive de
Estado.
Questão 09 - (UERJ)
GABARITO:
1) Gab: B
2) Gab: D
3) Gab: 04
4) Gab: VFVF
5) Gab: B
6) Gab: A
7) Gab: A
8) Gab: A
9) Gab: B
10) Gab: A