Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................4
Homogeneidade dimensional...........................................................................................................6
Exemplo .........................................................................................................................................16
CONCLUSÃO ...............................................................................................................................18
Na mecânica dos fluidos é muito difícil encontrar a solução de muitos problemas por
métodos praticamente analíticos, devido ao grande número de variáveis envolvidas. No
entanto, desenvolveu-se métodos experimentais que permitem, nesses problemas, produzir-
se modelos matemáticos condizentes com a realidade. A análise dimensional, como
abordaremos neste trabalho, é basicamente um método para reduzir o número e a
complexidade das variáveis experimentais que afectam um dado fenómeno físico, pela
aplicação de um tipo de técnica de compactação. Embora sua finalidade seja reduzir as
variáveis e agrupá-las em forma adimensional, a análise dimensional tem vários benefícios
adicionais. O primeiro deles é uma grande economia de tempo e dinheiro.
Pág. 4
ANÁLISE DIMENSIONAL E SEMELHANÇA
Dimensões e Unidades
Uma dimensão é uma medida de uma quantidade física (sem valores numéricos), enquanto
unidade é uma forma de atribuir um número àquela dimensão. (Çengel & Cimbala, 2006,
pag.246).
O mesmo autor afirma que existem sete dimensões primárias (também chamadas de
dimensões fundamentais ou básicas) - massa, comprimento, tempo, temperatura, corrente
eléctrica, quantidade de luz e quantidade de matéria.
Fonte: https://vdocuments.mx/download/anaalise-dimensional-e-similaridade
Todas as dimensões não primárias que podem ser formadas por alguma combinação das
setes dimensões primárias, são chamadas de dimensões derivadas. Por exemplo, a força
tem as mesmas dimensões da massa vezes a aceleração. Assim, em termos de dimensões
primárias teríamos:
𝑣 𝐿/𝑇
𝐹 = 𝑚𝑎 = 𝑚 =𝑀 = 𝑀𝐿𝑇 −1
𝑡 𝑇
Na mecânica dos fluidos, as quatro dimensões básicas são usualmente consideradas como
massa M, comprimento L, tempo T e temperatura 𝜃 , ou de maneira abreviada uma sistema
MLT𝜃. Alternativamente, podemos usar um sistema FLT𝜃, com a força F substituindo a
massa.
Pág. 5
Obs.: Para o símbolo dimensional de tempo e temperatura alguns autores utilizam t para
tempo e T para a temperatura, para não que haja confusão entre tempo e temperatura, mas
nós usaremos neste trabalho de acordo com a fig.1.
Homogeneidade dimensional
Todos nós claramente já uma vez ouvimos falar não se somam mangas com bananas. Isso,
na verdade, é uma expressão simplificada de uma lei matemática mais global e fundamental
para as equações, a lei da homogeneidade dimensional enunciada como:
Para percebermos melhor esta lei consideremos, por exemplo, a equação de Bernoulli para
escoamento irrotancional de um fluido incompressível:
1
𝑃 + 𝜌𝑉2 + 𝜌g𝑧 = 𝐶
2
Devemos verificar se as dimensões primárias de cada termo aditivo da equação são iguais.
𝐹𝑜𝑟ç𝑎 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 1
[ 𝑃] = {𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 } = { } = {𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 } = 𝑀𝑇 −2 𝐿−1
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 2 𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 2
Á𝑟𝑒𝑎
Contudo, todos os termos aditivos tem mesmas dimensões, validando assim a lei da
homogeneidade dimensional.
A lei da homogeneidade dimensional garante que cada termo aditivo de uma equação tem
as mesmas dimensões. Portanto, se dividirmos cada termo da equação por uma colecção de
variáveis e constantes cujo produto tem aquelas mesmas dimensões, a equação se
transforma em uma equação adimensional.
Pág. 6
Fig. 2: Uma forma adimensionalizada da equação de Bernoulli
vd 𝐿𝑇−1 𝐿
Então o Re = = = 𝐹 0 𝐿0 𝑇 0. Vê-se, então, que Re independe das grandezas
v 𝐿2 𝑇−1
Os números adimensionais costumam ser indicados pela letra grega 𝜋 (𝑃𝑖) e, pelo exposto
acima, qualquer 𝜋 resultará em:
𝜋 = 𝐹 0 𝐿0 𝑇 0 = 𝑀0 𝐿0 𝑇 0 .
Alguns dos números adimensionais são representados por símbolos especiais devido à sua
importância (por exemplo o número de Reynolds que é indicado por Re).
Pág. 7
Análise dimensional e Semelhança
Segundo Çengel & Cimbala (2006) a análise dimensional é uma ferramenta utilizada para
reduzir a complexidade de programas experimentais e aumentar a generalidade dos
resultados. É um meio para simplificação de um problema físico empregando a
homogeneidade dimensional para reduzir o número das variáveis de análise.
Teorema
Pág. 8
Para a sua escolha, escreve-se a equação dimensional de todas as grandezas e selecciona-se
um número r delas, de forma que cada uma da anterior por pelo menos uma grandeza
fundamental. (este critério não obrigatório, entretanto, se não é adoptado, pode-se incorrer
em erros, a menos que se faça o estudo da chamada matriz dimensional, que não será
apresentada neste trabalho).
Por exemplo, num fenómeno em que existe as três grandezas fundamentais FTL, a base
pode ser constituída por:
[𝜌] = FL−4 𝑇 2
O último factor de cada adimensional será constituído de cada uma das grandezas não
incluídas na base.
A determinação dos adimensionais será mais bem esclarecidas pelo exemplo que veremos a
seguir.
1. Verificou-se em laboratório que a forca de arrasto, que age numa esfera lisa que se
movimenta num fluido, é dada por uma função do tipo F = f(v, D, ρ, μ). Determine a
função de números adimensionais, equivalente à função indicada.
Solução
O problema será resolvido em etapas que deverão ser seguidas sempre que ele for deste
tipo.
F = f(v, D, ρ, μ) ou f1 (F, v, D, ρ, μ) = 0
Pág. 9
[F] = F [𝜌] = FL−4 𝑇 2
[D] = L
m = n −r
logo: m = 5 − 3 = 2
Pelo que foi indicado anteriormente, a base deve ser formada de r = 3 elementos, pelo
crieterio descrito, o conjunto escolhido poderia ser: F, v, D; ρ, v, D; μ, v, D etc.
Somente não devem ser escolhidas trincas que contenham simultaneamente μ e ρ, que não
diferem por menos uma grandeza fundamental.
π2 = ρ β1 . v β2 . Dβr 3 . μ
π1 = ρ α1 . v α2 . Dα3 . F
Pág. 10
F 0 L0 T 0 = F 𝛼1 . (L−4 )𝛼1 . (T 2 )𝛼1 . L𝛼2 . T −𝛼2 . L𝛼3 . F
α1 +1=0
α1 =-1
Igualando os expoentes da mesma base temos: {-4α1 +α2 +α3 =0 <=> {α3 =-2
2α1 -α2 =0 α2 =-2
Logo temos:
F
π1 = ρ −1 . v −2 . D−2 . F ou π1 =
𝜌. v 2 . 𝐷 2
α α α
Em seguida vamos determinar os expoentes βj : π2 = (FL−4 𝑇 2 ) 1 . (𝐿𝑇 −1 ) 2 . (L) 3 . 𝐹𝐿−2 𝑇
𝛽1 + 1 = 0 𝛽1 =-1
{−4𝛽1 + 𝛽2 + 𝛽3 − 2 = 0 <=> {𝛽2 =-1
2𝛽1 −𝛽2 + 1 = 0 𝛽3 =-1
μ
π2 = ρ −1 . v −1 . D−1 . 𝜇 ou π2 =
𝜌. v. D
F μ
Logo a função equivalente será: Φ ( , ) = 0.
ρ.v2 .D2 ρ.v.D
Os adimensionais não são simplesmente números sem dimensões. Todos eles têm uma
interpretação física, que nos auxilia julgar a relação entre as forças dominantes em
determinantes em determinado escoamento.
Pág. 11
a) Número de Reynolds (Re): aparece quando a viscosidade dinâmica 𝜇, ou a
viscosidade cinemática v é listada. Esse adimensional, expressa a relação entre
forças de inercia e as forças viscosas.
Nos escoamentos laminares, o número de Reynolds tem, naturalmente, valores baixos, pois
ρVL ≪ 𝜇, com as forças viscosas predominando sobre as forças de inercia em oposição aos
escoamentos turbulentos, onde o número de Reynolds tem valores elevados, pois ρVL ≪ 𝜇,
com as forças de inercia predominando sobre as forças viscosas.
b) Número de Euler (Eu): aparece quando uma força F (que na Mecânica dos Fluidos
é usualmente uma força originada por uma distribuição de pressões sobre um
corpo), ou uma pressão p é listada. Similarmente ao que foi feito para o número de
Reynolds, pode-se mostrar que esse adimensional expressa a relação entre a força F
que atua no corpo (ou a pressão, uma vez que p∞ F/L2 ) e as forças de inercia.
Assim, as formas em que o número de Euler é normalmente escrito são:
𝐹 𝑝 𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜
Eu = = ⟹
1 2 2 1 2 𝑓𝑜𝑟ç𝑎𝑠 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
2 ρV L 2 𝜌𝑉
Pág. 12
c) Número de Froude (Fr): aparece quando a gravidade g (grandeza da qual se deriva
a força gravitacional) é listada. Pode-se mostrar que esse adimensional expressa a
relação entre as forças de inércia e a força gravitacional.
V 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
Fr = ⇒
√𝑔𝐿 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑡𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙
São casos desse tipo: acção das ondas em flutuantes, escoamento em canais, escoamento
em vertedores, em orifícios etc.
V 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑖𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎
Ma = ⇒
c 𝑓𝑜𝑟ç𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑖𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
Pág. 13
Semelhança ou teoria dos modelos
Este protótipo será submetido a testes, que fornecem informações de interesse relativas ao
desempenho da estrutura real. O processo de extrapolação de informação do modelo para o
protótipo, e vice-versa, é chamado de escalonamento.
No que tange à construção do modelo, este deve ser construído em semelhança geométrica
ao protótipo, o que significa dizer que todas as dimensões do modelo devem estar
relacionadas com as respectivas dimensões do protótipo por meio da mesma escala de
semelhança de comprimento.
No que tange ao escalonamento de informações, isso será possível de ser feito quando
houver semelhança dinâmica entre o modelo e protótipo. A semelhança dinâmica é
garantida quando o valor numérico de cada adimensional que controla o fenómeno for igual
no modelo e no protótipo.
Pág. 14
Fig. 3. Relação entre modelo e protótipo
Escalas de Semelhança
v𝑚
𝐾v = ⇒ Escala das velocidades;
v𝑝
μ𝑚
𝐾μ = ⇒ Escala das viscosidades
μ𝑝
x𝑚
Genericamente: 𝐾x = ; Onde x𝑚 é uma dimensão à construção qualquer do modelo e x𝑝
x𝑝
Pág. 15
Relação entre escalas
Foi visto que, para que modelo e protótipo mantenham semelhança completa, é necessária a
igualmente dos respectivos números adimensionais. Tal igualdade conduz a relações entre
escalas que deverão ser observadas para que os resultados referentes ao modelo tenham
significado para o protótipo. A seguir serão determinadas essas relações quando Re, Eu e Fr
forem adimensionais característicos do fenómeno.
a) Re𝑚 = Re𝑝
𝜌𝑚 v𝑚 L𝑚 𝜌𝑝 v𝑝 𝐿 𝑝 𝜇𝑚 𝜌𝑚 v𝑚 𝐿 𝑚
= ⇒ = ⇒ 𝐾𝜇 = 𝐾𝜌 𝐾v 𝐾𝐿
𝜇𝑚 𝜇𝑝 𝜇𝑝 𝜌𝑝 v𝑝 𝐿 𝑝
b) Eu𝑚 = Eu𝑝
2 2
𝐹𝑚 𝐹𝑝 𝐹𝑚 ρ m vm Lm
2 L2
= 2 L2
⇒ = 2 L2
⇒ K F = K ρ K 2v K 2L
𝜌𝑚 v𝑚 𝑚 ρ v
p p p 𝐹𝑝 ρ v
p p p
c) Fr𝑚 = Fr𝑝
2
v𝑚 vp2 2
vm L g
= ⇒ 2 = m m ⇒ K v2 = 𝐾𝐿 𝐾g
L m g m L p gp vp Lp g p
Exemplo:
1. Quer-se determinar a força de arrasto que age no ‘sonar’ de u, submarino por meio
de testes efectuados com um modelo na escala 1:5. Os testes são realizados em água
a 20o C, a uma velocidade de 60 km/h, e a força de arrasto medida é 30 N. Sabendo
que o protótipo será utilizado em água a 4,00 C, calcular a velocidade do submarino
em condições de semelhança completa e, nessas condições, determinar a força de
arrasto correspondente.
Solução
Pág. 16
f(v, L, ρ, μ, Fa ) = 0 ⇒ Φ(Re, Eu) = 0
𝑁. 𝑠
𝜇𝐻2 𝑂 (20℃) = 10−3
𝑚2
𝑁. 𝑠
𝜇𝐻2 𝑂 (4℃) = 1,58.10−3
𝑚2
10 −3 1 5
Pela relação: 𝐾𝜇 = 𝐾𝜌 𝐾v 𝐾𝐿 ; logo teríamos: = 1 × 𝐾v × 5 ⇒ 𝐾v = 1,58 = 3,16
1,58 .10 −3
vm 60
Como K v = = 3,16 ⟹ vp = 3,16 = 19 km/h
vp
1 2
Pela relação: K F = K ρ K 2v K 2L = 1 × (3,16)2 × (5 ) = 0,4
Fm 30
KF = = 0,4 ⇒ Fp = = 75 N
Fp 0,4
Pág. 17
CONCLUSÃO
Ao longo do trabalho observou-se que sempre que haver necessidade de antecipar os efeitos
da escala, a fim de compensa-la no próprio experimento do modelo ou nos resultados
obtidos, requer-se um bom entendimento dos fenómenos físicos envolvidos no problema e
ter experiência e engenhosidade. Também observou-se que pode-se usar os adimensionais e
modelos em muitas situações, porem há coisas que eles não fazem. Por, exemplo eles não
fornecem a forma da função que controla o fenómeno do qual os adimensionais foram
derivadas, a qual deve ser determinada, normalmente, por via experimental. Tampouco
antecipam o número de adimensionais envolvidos, o seu significado e a importância
relativa de cada um deles. E como vimos, o número de adimensionais depende do número
de grandezas listadas-quanto mais grandezas, mais adimensionais são gerados. Foram
listados adimensionais mais usados na Mecânica dos fluídos (Número de Reynolds, Euler,
Froude, Weber e Mach). Por fim agradecer a Deus pela vida e pelo seu Amor, agradecer
aos meus pais, irmãos e amigos pelo carinho e agradecer ao docente pela paciência, método
de ensino e por me dar este tema, dele aprendi bastante, porque diz-se “aprende-se ao
ensinar, ao aprender ensina-se”.
Pág. 18
BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS
Pág. 19